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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO


AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2006.01.00.037565-7/DF
Processo na Origem: 200634000210390
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL ALOISIO PALMEIRA LIMA
RELATORA CONVOCADA : JUÍZA FEDERAL MÔNICA NEVES AGUIAR DA SILVA
AGRAVANTE : NEYDJA MARIA DIAS DE MORAES
ADVOGADO : GUSTAVO RABAY GUERRA
AGRAVADA : UNIÃO FEDERAL
PROCURADORA : HÉLIA MARIA DE OLIVEIRA BETTERO

DECISÃO

1. Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo,


interposto contra decisão que indeferiu pedido de antecipação de tutela formulado em ação
ordinária proposta para garantir o restabelecimento de parcela remuneratória referente à
incorporação de quintos/décimos e ao adicional de tempo de serviço aos vencimentos da
autora.
2. Sustenta que restaram demonstrados os requisitos que autorizam a
concessão da medida.
3. Alega que é Procuradora da Fazenda Nacional e que, por força da Medida
Provisória nº 305/2006, foram suprimidas de sua remuneração “verbas já incorporadas ao
seu patrimônio pessoal, tais quais, quintos incorporados e adicional por tempo de serviço”.
4. Assevera que “não existe nenhum regra, dispositivo ou norma na Emenda
Constitucional nº 19, de 1998, ou na Emenda Constitucional nº 41, de 2003, determinando
a supressão das vantagens pessoais, legal e moralmente adquiridas, na transição para o
regime de subsídios por parte dos servidores em atividade”.
É o relatório. Decido.
5. Entendo presentes os requisitos que autorizam o deferimento do efeito
suspensivo.
6. Esclareço, inicialmente, que ao caso não se aplica a proibição de que trata o
art. 1º da Lei nº 9.494/97, uma vez que não diz respeito à reclassificação ou equiparação
de servidores públicos, ou à concessão de aumento ou extensão de vantagens. A
propósito, decidiu esta Corte que a “vedação legal das Leis nº 9.494/97, nº 8.437/92, nº
5.021/96 e nº 4.348/64 (ADC-MC-004/DF/STF) não abrange a forma de cálculo de
gratificações, restabelecimento de remuneração da forma que vinha sendo paga pela
própria Administração ou atendimento à garantia constitucional de irredutibilidade de
vencimentos.” (AG nº 2005.01.00.013828-7/DF, Rel. Juiz Federal Convocado Itelmar
Raydan Evangelista, Primeira Turma, D.J.U 29/05/2006, p. 66).
7. Consoante o disposto no art. 273 do Código de Processo Civil, a
antecipação de tutela será concedida, a requerimento da parte, desde que exista prova
inequívoca e o juiz se convença da verossimilhança da alegação.

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2006.01.00.037565-7/DF

8. O entendimento desta Corte e do egrégio Superior Tribunal de Justiça, ao


apreciar casos semelhantes, nos quais os autores, ao exercerem nova carreira no Poder
Público, requereram a manutenção das vantagens pessoais incorporadas, está
consolidada da seguinte forma:

“ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL - "QUINTOS" E "DÉCIMOS"


INCORPORADOS - VANTAGEM DE NATUREZA PESSOAL - EXCLUSÃO DO
TETO DE REMUNERAÇÃO - ART. 37, XI, DA CF/88 (REDAÇÃO ANTERIOR À
E.C. Nº 19/98) - PRECEDENTES DO STF - MAGISTRATURA -
INCORPORAÇÃO DE "QUINTOS" E "DÉCIMOS".
I - Consoante jurisprudência do STF e do STJ, os "quintos" e "décimos"
incorporados constituem vantagem pessoal, excluída do teto remuneratório
previsto no art. 37, XI, da CF/88, na redação anterior à E.C. nº 19/98, dependendo
a aplicabilidade da nova redação dada ao aludido art. 37, XI, pela E.C. nº 19/98 -
que inclui, no teto, as vantagens pessoais ou de qualquer natureza -, de fixação do
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF, após o que se aplicará o art.
29 da mencionada E.C. nº 19/98.
II - "Se os quintos já foram incorporados aos proventos do impetrante quando
membro do Ministério Público, não pode tal parcela ser negada em razão da
nomeação para a magistratura, pois, trata-se de vantagem pessoal, cuja
supressão implica em ofensa ao instituto do direito adquirido." (REsp nº
254.709/DF, Rel. Ministro Fontes de Alencar, 6ª T. do STJ, unânime, in DJU de
09/04/01, pág. 392).
III - Apelação provida.” (AC nº 2000.34.00.020958-5/DF, Rel. Des. Federal
Assusete Magalhães, 2ª Turma, D.J.U 20/01/2005, p.50).

“ADMINISTRATIVO. ANTIGO SERVIDOR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS - TJDFT.VANTAGEM PESSOAL
NOMINALMENTE IDENTIFICADA - VPNI. DÉCIMOS/QUINTOS
INCORPORADOS. TRANSPOSIÇÃO DOS VALORES PARA O CARGO DE
PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL. POSSIBILIDADE. DIREITO
ADQUIRIDO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
I - Este Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência no sentido de que
os servidores têm direito adquirido à manutenção das vantagens pessoais
adquiridas em um determinado cargo público e transpostas para outro cargo,
também, público, ainda que afeto à outra Unidade da Federação. Precedentes.
II - Agravo interno desprovido.” (AgRg no RMS nº 20.891/DF, Rel. Ministro
Gilson Dipp, Quinta Turma, D.J.U 21.08.2006, p. 266).

9. Todavia, há que se observado o disposto no art. 37, inc. XI, da Constituição,


com redação dada pela EC 41/03, consoante decisão proferida recentemente pelo
Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos:
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
TETO REMUNERATÓRIO. EC 41/03. VANTAGENS PESSOAIS. INCLUSÃO. 1.
As vantagens pessoais incluem-se no cálculo do teto remuneratório, como dispõe
o artigo 37, XI, da Constituição do Brasil, com a redação que lhe foi conferida pela
EC 41/03. 2. Agravo regimental a que se nega provimento”(RE-AgR 477447/MG,
Rel. Min. Eros Grau

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2006.01.00.037565-7/DF

10. Diante do exposto, defiro o pedido de atribuição de efeito


suspensivo ao agravo e determino que seja ouvida a agravada no prazo legal (art.
527, inc. V, do CPC).
Intimem-se. Comunique-se ao Juízo de origem.
Brasília, de fevereiro de 2007.

Juíza Federal MÔNICA NEVES AGUIAR DA SILVA


Relatora Convocada

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