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Curso Profissional de Técnico de

Processamento e Controlo da
Qualidade Alimentar

GUIÃO DE ORIENTAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS CIENTÍFICOS


O relatório é a forma utilizada, quer para registar as diversas fases de um trabalho laboratorial ou experimental, quer para permitir a
comunicação organizada do saber.

Nunca devemos esquecer que o objetivo de um relatório é relatar algo a alguém; não é suficiente que só nós o compreendamos, é
necessário expressarmo-nos de forma muito clara para que qualquer pessoa que o leia possa compreender cada pormenor do nosso
trabalho e, eventualmente, repeti-lo e referenciá-lo.

Existem normas para a elaboração de relatórios. No entanto, essas normas não são totalmente rígidas, mas adaptáveis de uma forma útil
às características próprias de cada trabalho. No entanto, não nos devemos afastar muito dessas normas.

É importante que durante todo o trabalho prático, se anote imediatamente, com cuidado e rigor todas as informações e observações
(mesmo que pareçam insignificantes). Se estas anotações forem corretas e estiverem completas e estruturadas serão uma base
fundamental para a elaboração do relatório.

Uma norma comum é a estrutura para a elaboração de um relatório científico que inclui:

Título
Folha de rosto
Identificação (autor ou autores)
1. Objetivos e Introdução
2. Protocolo experimental (método)
2.1. Material utilizado
2.2. Descrição da experiência (procedimento)
3. Observações / Resultados (registo)
4. Discussão e Conclusão (caso existam cálculos, devem ser inseridos previamente num capítulo de análise e tratamento de dados).
5. Crítica
6. Anexo(s)
7. Bibliografia
8. Índice (ou antes dos Objetivos)

Vejamos o que deve ser incluído em cada uma destas partes, nunca esquecendo que todos os trabalhos são únicos e que
portanto, o conteúdo de cada uma delas pode variar de trabalho para trabalho.

No caso deste curso profissional, torna-se imperativo que as páginas do documento contenham os logotipos que também estão presentes
nos cabeçalhos e rodapés deste guião.

Título

Deve ser simples, preciso e coerente com o conteúdo do trabalho, de tal modo que quem o leia compreenda imediatamente qual é o
assunto.

Deve ser destacado (letras maiúsculas, sublinhado…) e não deve incluir o método experimental utilizado.

Ex.: OBSERVAÇÃO DE PARAMÉCIAS AO MOC.

mas, por exemplo:

BIPARTIÇÃO EM PARAMÉCIAS 
A palavra “título” não deve aparecer no relatório.

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Ano Letivo: 2012/2013
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Identificação
Deve incluir os dados:
- autor ou autores, ano, turma e número;
- local em que se realizou o trabalho (ex.: nome da escola) e a data da sua realização;
Nota: a palavra “identificação” não deve aparecer no relatório.
Ex.:
Francisco Silva
10.º D, n.º 31
15 de fevereiro de 2013
1. Objetivos
O que se pretende atingir.
Os objetivos devem ser claros e concretos.
Cada objetivo só pode conter um verbo.
A forma verbal a utilizar é o infinitivo – “Compreender”, “Interpretar”…
Podem ser apresentados na forma de lista para facilitar a leitura.

Introdução / Fundamentação teórica


Deve indicar os conhecimentos teóricos ou princípios em que se baseou e implicitamente o método utilizado e uma apresentação geral do
que se irá ler no relatório, usando para tal uma linguagem impessoal e os tempos verbais no futuro.

2. Protocolo Experimental
2.1. Material utilizado
Deve referir-se a lista de material (microscópio, material de vidro…) e de substâncias químicas (corantes, ácidos…) utilizados.

O material biológico deve ser referido no início, fim da lista, ao lado ou ainda:

2.1. Material utilizado


a) Biológico b) Não biológico

Não deve ser referida a quantidade de alguns materiais utilizados:


- 2 lâminas - lâminas - 2 gr de…
- 2 lamelas - lamelas -…
- 1 MOC - MOC

2.2. Descrição da experiência – procedimento experimental


A descrição da experiência deve ser apresentada de forma clara e objetiva (preferencialmente, por frases curtas).
Consiste na descrição detalhada e explícita da metodologia para a execução do trabalho, de forma a permitir a repetição correta dos
ensaios por quem se vier a interessar por eles.
A forma verbal e a pessoa utilizadas podem ser várias, mas uma vez escolhidas devem ser mantidas ao longo do Protocolo. Como a
ação já ocorreu, a forma mais correta a utilizar deve ser a terceira pessoa do pretérito perfeito “Colocou-se”, “Verificou-se”…

3. Observações / Resultados
Aqui são apresentados todos os resultados e observações experimentais. Devem ser registados, com clareza, sob a forma de: descrições
escritas, esquemas, tabela (em que se regista um pequeno número de dados), quadros (em que se regista um grande número de dados),
gráficos (que facilitam a interpretação dos dados), … Qualquer uma destas representações deve limitar-se aos resultados que, de facto,
se obtiveram – sempre a lápis.

Os esquemas, se necessário, a lápis de cor. Os traços devem apontar para as estruturas a legendar – através de uma seta ou não – e
devem ser horizontais. Na outra extremidade deve escrever-se o nome da estrutura que apontam ou um número (a identificar numa
legenda à parte).

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As legendas podem sempre ser feitas fora do esquema ou, se o número de estruturas a identificar for igual ou inferior a três, no próprio
esquema.

IMPORTANTE: Um esquema deve representar apenas o que foi observado, mesmo que tal não coincida com o que era esperado.
Nas observações é muito importante a indicação do tipo de observação efetuada (lupa binocular, MOC, macroscópica), assim como, de
escala utilizada nas observações a “olho nu” e as ampliações do registo quando usamos lupa binocular e/ou MOC.
No caso de resultados, cujos valores são expressos em unidades, estas devem ser sempre escritas. O rigor matemático é fundamental.

Os cálculos efetuados a partir dos dados obtidos, só devem figurar numa parte destinada a análise e
tratamento de dados e a interpretação das observações e dos resultados na Discussão /Conclusão.

4. Discussão e Conclusão
É na discussão que o relatório perde o carácter impessoal, podendo refletir a opinião do autor. Deve considerar-se o problema que esteve
na base do trabalho e/ou o(s) objetivo(s) que nos propusemos a alcançar.
Com base nisso, analisam-se os resultados obtidos (referência a ilustrações) e discute-se se tais resultados nos permitiram
alcançar o(s) objetivo(s). Nesta análise, podem ser feitas comparações com dados obtidos noutras investigações e formular hipóteses
para futuros trabalhos.
Alguns trabalhos são realizados com o objetivo de chegar a uma conclusão. Neste caso, se o trabalho permitiu chegar a essa conclusão,
ela deve ser referida.
A conclusão é uma síntese da discussão dos resultados obtidos, em relação aos objetivos propostos.
Deve considerar-se se o problema ficou ou não esclarecido. Se não foi possível chegar a uma conclusão, deve explicar-se porquê.

5. Crítica
É nesta parte que pode ser feita (se tal for necessária) uma crítica ao trabalho, onde podem ser referidos aspetos menos corretos,
ou mesmo erros, que possam ter influenciado, contra a vontade do autor, os resultados.

6. Anexo(s)
Nesta secção inserem-se os instrumentos não elaborados pelo autor, que serviram de base ao estudo ou facilitaram o processo de
compreensão dos objetivos da pesquisa. Devem ser referidas as fontes.

7. Bibliografia / Referências Bibliográficas


Esta secção consiste na enumeração da lista de todo o material consultado (trabalhos, artigos, livros, sites…) que deve ser de boa
qualidade. Numerosas e fastidiosas regras regem a elaboração de uma lista bibliográfica. Neste momento, basta referir que a lista pode
seguir uma ordem alfabética dos apelidos dos autores das obras, podendo ser utilizadas as seguintes regras para a escrita de referências
de livros e de revistas.

Livros:
Autor(es) – último apelido (letra maiúscula), separado uma vírgula do primeiro nome ou da sua inicial (a)
Título (sublinhado ou em itálico)
Nome do editor
Número da edição (se não for a primeira)
Página (b)
Local e data de publicação

Exemplo:
SILVA, António, SOUSA, Zulmira, “O Ensino em Portugal”, in Revista da Educação, 55: 1 – 7, Lisboa, 17 de Março de 1963.

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Sites:
Autor, data. Online: www.geopor.pt, data de consulta

Nota: Motores de busca, como por exemplo o google, não vêm aqui mencionado, mas sim os sites específicos de onde se
retirou informação.

Todas as obras, revistas e sites mencionados na bibliografia, têm, obrigatoriamente, de vir referidos ao longo do
trabalho – fazer referências bibliográficas.

As partes de texto extraídas das obras consultadas, mesmo sofrendo alterações na linguagem, devem ser identificadas,
colocando na sua sequência, e entre parêntesis, o apelido do autor da obra e, separada por uma vírgula, a data de publicação.
Exemplo: (SILVA, 1963)
(a) Quando uma obra tem mais de três autores, pode indicar-se o nome do primeiro autor e utilizar a convenção “et al” (e outros), sem repetir o
ponto como separador do nome e do título; se se optou pela vírgula, deve-se utilizá-la.
Exemplo: ALTIZER, Thomas J., et al, …

(b) Páginas – “p.” ou “pp.”, devem ser utilizados se for necessário referenciar páginas em particular, neste caso ocorrendo entre parêntesis.
Exemplo: … 3ª edição, 55 – 97, Lisboa…
… 2ª edição, 81 – 96, (p. 82), Porto…
… 2ª edição, 24 – 38, (pp. 25 – 30), Lisboa…

8. Índice
Só se justifica num relatório relativamente extenso, cujo número de páginas torne difícil a sua consulta. Se for incluído deve indicar-se a
página em que se inicia cada uma das partes constituintes do relatório. Na página do índice não consta número de página.

NA ELABORAÇÃO DE UM RELATÓRIO DEVEM AINDA CONSIDERAR-SE OS SEGUINTES ASPECTOS:

Folha de Rosto – Tal como o índice, não é contabilizada para efeitos de paginação.

Nome do curso

Francisco Silva
10.ºD, n.º 31
Fevereiro de 2013

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Apresentação
O relatório deve ter uma apresentação cuidada: folhas lisas, limpas e agrafadas, margens regulares (não necessariamente desenhadas),
título destacado, partes bem individualizadas, páginas numeradas e letra minimamente cuidada.
Com exceção dos resultados e observações obtidos, o relatório deve ser escrito a tinta (azul ou preta).
Preferencialmente, o relatório também pode ser dactilografado ou escrito a computador.

Linguagem
Deve ser originária do próprio; o autor não deve limitar-se a transcrever textos consultados.
Na redação de um relatório deve ter-se cuidado na escolha do vocabulário e no cumprimento das regras gramaticais.
A linguagem deve ser objetiva, precisa e isenta de ambiguidade. A escolha de vocabulário, tanto comum como técnico e a construção das
frases, são feitas no sentido de se obter clareza e precisão. As frases devem ser simples. Elas traduzem um desenvolvimento lógico do
pensamento; convém que cada uma delas contenha apenas uma ideia. Períodos longos, que se estendem por muitas linhas, dificultam a
compreensão e tornam a linguagem pesada.

EM SUMA, AS CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM CIENTÍFICA SÃO A CLAREZA, A OBJECTIVIDADE, A


PRECISÃO E A SIMPLICIDADE.

Rigor científico
Deve haver uma sequência lógica na apresentação de todas as ideias. É importante que não se misturem as diferentes partes do
relatório.
Os dados apresentados devem ser completos e cientificamente rigorosos (unidades expressas, uniformidade de algarismos significativos
utilizados, …).
Se forem utilizados microscópios ou lupas, as ampliações devem ser referidas. Nas observações macroscópicas, também pode ser
importante a indicação de uma escala.

Ilustrações
Devem ser escolhidas de acordo com o que se pretende mostrar. O bom senso é suficiente para decidir qual o número e tipo de
ilustrações a utilizar.
Por exemplo, se o valor exato dos resultados é importante, eles poderão ser apresentados num quadro ou numa tabela, se é mais
importante obter uma panorâmica global e comparativa dos valores, será preferível optar por um gráfico.
As ilustrações devem ser legendadas e numeradas (mesmo que só exista uma) e devem ser mencionadas ao longo do texto (Discussão /
Conclusão).
Por vezes, também é aconselhável a indicação da escala usada nos esquemas para além da referência obrigatória da ampliação usada
na observação.

Criatividade
Deve tentar-se ser original e criativo na forma de apresentar o relatório (não deixando de respeitar as normas), de forma a torná-lo
atrativo.

O estudo e o domínio das matérias que vão ser abordadas, também são muito importantes para a apresentação de
um BOM RELATÓRIO.

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