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Slow Design e os Requisitos para o Design Sustentável

Slow Design and the requirements for Sustainable Design

Priscila Voronovicz [Graduanda Tecnologia em Design de Móveis], Cláudia Regina


Hasegawa Zacar [Mestre em Design]

Departamento Acadêmico de Desenho Industrial


Campus Curitiba
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
Avenida Sete de Setembro, 3165 0 - Curitiba/PR, Brasil - CEP 80230-901

priscila.vcz@gmail.com, claudiazacar@yahoo.com.br

Resumo – Este artigo objetiva apresentar um estudo comparativo entre os requisitos do


design para a sustentabilidade e as categorias propostas pelo movimento Slow design. O
estudo consistiu em uma pesquisa exploratória voltada para a caracterização dos requisitos e
categorias citadas, incluindo revisão bibliográfica e pesquisa de mercado para a identificação
de exemplos de soluções e projetos alinhados ao design para sustentabilidade e ao Slow
design. A partir disto, constata-se que o Slow design apresenta-se como uma nova proposta
para a desaceleração dos processos produtivos atuais, pois privilegia maneiras que
contemplem formas conscientes e democráticas de produção e consumo de produtos. Resgata
a valorização dos processos artesanais e tradicionais com foco no desenvolvimento
sustentável, na preservação do meio, das culturas locais e destaca também o papel do
consumidor, que se eleva a um nível colaborativo, tornando-se indispensável para a melhoria
continua dos processos que se refletem em benefícios e bem-estar individual e coletivo.

Palavras-chave slow design, sustentabilidade, consumo, design colaborativo.

Abstract – This paper presents a comparative study of the design requirements for
sustainability and the categories proposed by the slow design movement. The study
consisted of an exploratory research focused on the characterization of the requirements and
categories, including literature review and market research to identify examples of solutions
and projects aligned to design for sustainability and slow design. From this, it appears
that the slow design presents itself as a new proposal for the slowdown in current production
processes, as it focuses on ways that include conscious and democratic forms of production
and consumption of products. It also rescues the appreciation of craft processes with a focus
on sustainable development, preservation of the environment, local cultures and also
highlights the role of the consumers, which amounts to a collaborative level, making them
essential for the continuous improvement of processes that are reflected in individual and
collective well-being and benefits.

Keywords slow design, sustainable, consumption, collaborative design.

1. INTRODUÇÃO

Observa-se hoje um crescente questionamento acerca do consumismo e de fatores


que envolvem a exploração insustentável de reservas energéticas. O desenvolvimento
sustentável direciona o foco do conceito dos produtos para a desmaterialização, propondo
uma mudança cultural e comportamental dos usuários. (MANZINI & VEZZOLI, 2002)
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Esta atual ênfase no tema Sustentabilidade ocorre em decorrência dos problemas


sociais, culturais e ambientais ocasionados a partir da adoção de um sistema de produção
industrial focado na produção em série e na exploração de reservas naturais não renováveis.
Diante da aceleração frenética de uma sociedade consumista, dos avanços
tecnológicos, do acesso à diversidade de produtos e da efemeridade de moda e tendências, a
vida útil dos produtos e dos bens de consumo os tornam obsoletos rapidamente. Esta aparente
aceleração expande-se ao cotidiano das pessoas, o que leva à percepção de que atualmente o
tempo vem se tornando escasso. Surge neste contexto o Slow design, ou Design lento,
propondo o melhor aproveitamento do tempo, não de forma quantitativa mais qualitativa.
A teoria do Slow design, criada pelo designer e pesquisador inglês Alastair Fuad-
Luke, se baseia na valorização de processos artesanais e locais, na reciclagem e extensão da
vida útil do produto, assim como na utilização de matérias primas regionais no
desenvolvimento de novos produtos. (SLOW DESIGN, 2011).
A filosofia deste movimento alinha-se, portanto ao conceito de desenvolvimento
sustentável que, segundo Silva (2006), caracteriza-se como uma transformação harmoniosa
entre os diversos setores da sociedade tendo em vista a qualidade de vida entre povos.
Completando esta definição conceitua-se a sustentabilidade ambiental como:
(...) condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e planetário, as
atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o
que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu
capital natural, que será transmitido às gerações futuras. (Manzini & Vezzoli, 2002,
pag.27)

Portanto, desenvolver produtos e serviços sustentáveis, tornando-os mais “leves” e


menos impactantes ao meio ambiente, torna-se imprescindível. Neste contexto, o design deve
embasar soluções na análise do ciclo de vida do produto, reduzindo os recursos energéticos
aplicados a cada etapa e, ao mesmo tempo desenvolver produtos e serviços satisfatórios aos
consumidores. O design desta forma torna-se integrador na concepção de produtos aliados a
critérios sustentáveis. (KAZAZIAN, 2005).

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A partir da constatação inicial da afinidade entre a proposta geral do Slow design e o


conceito de sustentabilidade, realizou-se uma pesquisa exploratória para verificar e analisar
esta relação com mais profundidade. Para tanto, foi feita revisão bibliográfica visando
caracterizar o movimento Slow design e os requisitos do design para a sustentabilidade,
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seguida de uma pesquisa de mercado para levantamento de exemplos de soluções que


materializam estes requisitos e características do Slow design.

3. REQUISITOS DO DESIGN PARA A SUSTENTABILIDADE

As sociedades contemporâneas enfrentam os efeitos de uma globalização política,


ambiental e econômica, afirma Fuad-Luke (2009), apontando diversos problemas nessas
áreas. Segundo o autor, o design encontra-se atualmente em um contexto muito mais amplo e
complexo, no qual o desenvolvimento de novos produtos deve ser pensado de forma holística.
O incentivo à produção voltada para a sustentabilidade sugere mudanças drásticas
para a prática do design. Isto proque seu papel potencialmente estratégico, no que tange a
definição de novas idéias e maneiras de como concretizá-las, permite a promoção de
mudanças nos estilos de vida e nos modelos produtivos, tendo como base a redução do
impacto ambiental e a regeneração do tecido social.
O design assume uma abordagem sistêmica quando parte da análise do ciclo de vida
do produto, e para isso adota estratégias que irão nortear o projeto. Segundo Manzini e
Vezzoli (2002) estas estratégias adotadas permitem a minimização no consumo de recursos
naturais empregados, viabilizando uma redução da pegada ecológica.
A primeira estratégia, que diz respeito à minimização dos recursos empregados
define-se pela diminuição de materiais e energias a serem utilizados em todo o ciclo de vida
do produto. Essas reduções refleten-se diretamente na economia, e implicam na minimização
da transformação, do transporte e do descarte dos produtos.
A segunda estratégia apresenta a escolha de recursos e processos de baixo impacto
ambiental. O conhecimento de seus índices de impacto deve ser observado, porém este dado
não deve ser analisado isoladamente, pois seu impacto pode mudar segundo o contexto, por
isso devem ser avaliadas todas as etapas em que o material é envolvido.
A terceira estratégia é quanto à otimização da vida dos produtos, que diz respeito à
medida do tempo que esta prevista ou estabelecida para a duração do produto, mantendo sua
serventia e rendimento em condições normais de uso.
O design pode atuar no sentido de aperfeiçoar a vida dos produtos e propor
alternativas mais abrangentes que intensifiquem a sua vida útil. Esta intensificação pode se
dar por meio de soluções que promovam o uso compartilhado e coletivo, produtos
multifuncionais ou com funções integradas.
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A quarta estratégia está orientada para a extensão da vida dos materiais. Isso pode
ocorrer através de dois processos, pelo processamento de materiais tornando-os matérias-
primas secundárias, ou pelo processo de incineração. Na primeira situação, o processo recebe
o nome de reciclagem, e pode ser classificado como reciclados reciclagem de pré-consumo e
de pós-consumo.
A quinta estratégia trata da facilitação da desmontagem, do desmembramento das
partes componentes e da separação dos materiais. A separação das partes facilita a
manutenção, o reparo, a atualização e a remanufatura, promovendo então a extensão da vida
dos produtos.
Estes processos e estratégias voltadas para o design sustentável, conforme proposto
por Manzini e Vezzoli (2002), se propõem, em resumo, a minimizar a utilização de recursos,
tornando mais eficientes os sistemas de produção e consumo. Trata-se, em suma, de alinhar a
sustentabilidade e o design para a promoção do bem-estar. O Slow design alinha-se a esses
requisitos para um design sustentável, centrando-se também na idéia de bem-estar, visando
atender a necessidades reais.

4. SLOW DESIGN (DESIGN LENTO)

O movimento prega que as definições de projeto estejam enraizadas em práticas


sustentáveis. Promover o design dentro desta perspectiva geram oportunidades, segundo
Fuad-Luke (2009), idealizador do movimento Slow design. Desta forma o Slow design,
caminha em direção a um novo modelo de sociedade, valorizando o bem estar individual e
global, incentivando o design com foco na sustentabilidade e estimulando os consumidores a
serem indivíduos conscientes e críticos nas suas escolhas - isso se apresenta como a primeira
premissa do movimento.
As premissas apresentadas pelo movimento são relevantes para um debate em torno
do design, e do desenvolvimento do design sustentável. Ainda de acordo com Fuad-Luke
(2009), a politização do Slow se faz necessária para promover um re-acendimento da
imaginação individual sócio-cultural.
Na segunda premissa, o movimento considera a dissociação dos pensamentos
econômico, tecnológico e político atuais, e prevê que estes devem seguir modelos que
contemplem os pressupostos do Slow design.
Enquanto movimento, o Slow design adota como um de seus princípios o
abrandamento do metabolismo social, conceito que segundo Marx (1985) é o processo por
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meio do qual a sociedade humana transforma a natureza externa e, ao fazê-la, transforma sua
natureza interna. Reduzir os fluxos das transformações humanas, econômicas e industriais,
corresponde à terceira premissa para a evolução e desenvolvimento dos resultados dos
projetos Slow design.
A quarta e última premissa do movimento considera que a dissociação dos modelos
atuais de consumo representa uma oportunidade para explorar a durabilidade do design. Esta
refere-se à capacidade de permanência projetada de objetos, espaços e imagens que tenham
relevância de longo prazo, e perdurem física, mental e emocionalmente. Em suma, a filosofia
do movimento se baseia na trindade das esferas do bem-estar onde o equilíbrio individual,
sócio-cultural e as necessidades ambientais se interligam.
Os processos do Slow design se manifestam em produtos, espaços, em ambientes,
sejam eles reais ou virtuais, e nas experiências sócio-culturais. Essas manifestações podem ser
divididas em oito temas. (FUAD-LUKE, 2009). Analisando-os torna-se possível compreender
os potenciais benefícios que envolvem os resultados propostos pelo movimento.

4.1 Tradição
Envolve a produção de artefatos e construções artesanais. Estes itens muitas vezes se
caracterizam como parte integrante da localidade, pois surgem com o intuito de servir a
própria comunidade ou sociedade local. Conforme afirma Krucken (2009, pag.17) “os
produtos locais são manifestações culturais fortemente relacionadas com o território e a
comunidade que os gerou”.

4.2 Ritual
Artefatos e construções para fins rituais estão amplamente registrados na história
arqueológica. Hoje, parece que esse foco da área social se transportou para a de consumo,
onde o ato de consumir induz a hábitos ritualizados. Mas em muitas culturas ainda estão
presentes os rituais que celebram a espiritualidade e a religiosidade local, para os quais está
envolvida a produção de artefatos que serão usados nestas celebrações. Os artefatos neste
contexto se caracterizam de forma efêmera, mas seus rituais são social e culturalmente
duráveis e contribuem para o bem-estar do indivíduo e da comunidade. (SLOW DESIGN,
2011).
4.3 Experiência
Objetos, espaços ou construções experimentais permitem que os usuários interajam
com o objeto do projeto, podendo alterar os resultados finais do processo. O designer cria
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oportunidades de design para que o usuário assuma o papel de re-configurador, criando a


partir de sua interferência, novas experiências. O design modular, por exemplo, oferece aos
usuários a possibilidade de controlar a experiência do projeto. Este tipo de solução pode
estimular os sentidos, a mente e as emoções, podendo ainda favorecer atos sociais de
alteração e interação no ambiente em que estão inseridos. (SLOW DESIGN, 2011).

4.4 Envolvimento
Os bens de consumo, os produtos de massa e até as habitações, tendem a ter sua vida
útil condicionada aos interesses da economia de mercado. O design para o envolvimento
atende aos prazos da natureza como delimitadores na produção de bens e serviços, alinham-
se, portanto, ao conceito de sustentabilidade para o gerenciamento da obsolescência e
aumento na duração de vida dos produtos. Objetiva-se, neste contexto, criar uma interação
entre o homem e a natureza, buscando uma conexão ambiental. (SLOW DESIGN, 2011).

4.5 Lentidão
A lentidão encontra atualmente poucas expressões comerciais, devido à própria
natureza de economia de mercado, que prevê a maximização da produção, economia de
escala, fabricação de produtos de qualidade mediana e vida curta, acelerando o ciclo de
depreciação e rápida substituição de bens, e a conseqüente crescente demanda dos
consumidores por novos produtos e serviços. A lentidão pode, entretanto, ser vista como algo
positivo. A partir desta concepção, ao design é atribuída a tarefa de criação e estímulo à
lentidão. Desta forma o design assume também uma dimensão política, tornando-se um
agente na mudança comportamental e atua como um contrapeso aos paradigmas atuais.
(SLOW DESIGN, 2011).

4.6 Eco-Eficiência
O Slow design alinha-se aos princípios do design para a sustentabilidade, eco-design
e design ecológico. Propõe a adoção de práticas que reduzam o consumo de recursos e
prolonguem a vida dos produtos, como a reciclagem e a reutilização. Conforme afirma
Kazazian (2005) prever ações posteriores as aquisições dos produtos é definindo como
“manutenção preventiva”. Nesta abordagem desenvolve-se o produto visando à sua melhoria
ao longo do tempo, na forma de remanufatura, ou seja, recolhendo este produto para melhorá-
lo, recondicioná-lo e adaptá-lo de maneira a torna-lo mais eficiente e durável.
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4.7 Conhecimento Compartilhado


Uma premissa fundamental do Slow Design é que se consiga produzir resultados que
atendam às necessidades reais. Neste sentido o conhecimento comum, em oposição ao
conhecimento de propriedade, pode ser uma poderosa ferramenta para explorar novos
paradigmas. O conhecimento compartilhado alarga as práticas de trabalho colaborativo e
ajuda a originar novas idéias, resultando em uma cultura de design democrático. (SLOW
DESIGN, 2011).

4.8 Tecnologia
Existe uma percepção implícita de que a tecnologia, ou a expressão comercial da
tecnologia, está acelerando o ritmo de vida. No entanto, aplicações interessantes estão
emergindo, para diminuir o ritmo das atividades humanas, criando novas experiências. Estas
aplicações estão focando na natureza interativa da tecnologia e questionando como isso pode
proporcionar momentos de reflexão e descanso. A tecnologia incorpora interfaces digitais
permitindo uma nova interação entre o usuário e o objeto. (SLOW DESIGN, 2011).

5. SOLUÇOES E PROJETOS SLOW DESIGN

Alguns designers tem se destacado por sua criatividade e inovação, propondo novos
conceitos no desenvolvimento de produtos alinhados aos do Slow design e aos requisitos do
design para a sustentabilidade. Para ilustrar estas iniciativas, foi realizada uma pesquisa de
mercado, sendo parte dos resultados apresentado abaixo. Procurou-se analisar, em relação a
cada exemplo identificando, as categorias do Slow design e os requisitos para a
sustentabilidade (design dor sustainability, ou D4S) presentes nestas soluções.
TEJO REMY REG CHAIR
MATERIAIS REQUISITOS D4S
Reuso de materiais Minimização dos recursos
descartados. utilizados. Extensão da
Tiras de metal. vida dos materiais pelo
CATEGORIAS SLOW
reuso. Facilidade de
desmontagem
Experiencial: interação
usuário e produto;
Eco-eficiência: reuso.

Quadro 1: Análise de produto. Reg Chair, designer Tejo Remy.


Fonte: A autora, 2011.

A poltrona Reg Chair (Quadro 1) faz reuso de materiais de descarte minimizando os


recursos empregados, e estendendo a vida dos itens utilizados, enquadra-se na categoria eco-
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eficiência. Assim como na categoria experiencial, pois proporciona a reconfiguração do


produto pelo usuário.
IRMÃOS CAMPANA POLTRONA FAVELA
MATERIAIS REQUISITOS D4S
Reuso de madeira de Extensão da vida dos
sobras e descarte. materiais, adoção da
CATEGORIAS SLOW reciclagem reutilização.
Eco-eficiência: reuso.
Envolvimento: ação da
natureza nos materiais.
Experiencial: forma.

Quadro 2: Análise de produto. Poltrona Favela, designers Irmãos Campana.


Fonte: A autora, 2011.

A Poltrona Favela dos Campana, caracteriza-se como eco-eficiente e experimental,


utiliza restos e sobras de madeira, estendendo a vidas dos materiais empregados, e direciona o
produto para a produção artesanal.
5.5 DESIGNERS REANIM
MATERIAIS REQUISITOS D4S
Peças de assentos, pés e Reuso de produtos.
encosto. Extensão da vida do produ-
to..Minimização dos
CATEGORIAS SLOW
recursos usados.
Eco-eficiência: reuso do
produto.

Quadro 3: Análise de produto. Reanim, 5.5 designers.


Fonte: A autora, 2011.

O projeto, o Reanim (Quadro 3), ou Medicina dos Objetos do estúdio 5.5 designers
apresenta uma proposta conceitual e impactante. Não está centrada na restauração, mas sim na
reeducação através da intervenção. O objeto a ser descartado assume novamente sua função.
Identifica-se a categoria da eco-efiência, pela reutilização de materiais e extensão da vida do
produto.
DROOG DESIGN DESIGN FOR DOWNLOAD
MATERIAIS REQUISITOS D4S
Projetos digitais, para uso Minimização dos recursos
aberto, não restrito de serviços, fornecimento
de informações ao usuário.
Uso compartilhado.
CATEGORIAS SLOW
Conhecimento compar-
tilhado: oferecer acesso
ao projeto para o usuário.

Quadro 4: Análise de produto. Design For Download, Droog Design.


Fonte: A autora, 2011.
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A parceria entre os designers da Droog apresentado na última mostra do Salão do


Móvel de Milão 2011 novas propostas de design democrático. O projeto Design for
Download (Quadro 4) em parceria com a EventArchitectuur e a Minale-Maeda, sugere que o
design assuma um modelo digital, que permita ao consumidor levar o projeto para um
fabricante local, sob uma demanda personalizada. Desta forma minimizam-se os recursos e
promove-se o acesso compartilhado à informação.

6. CONCLUSÃO

Os debates que tangenciam as questões ambientais evolvem inevitavelmente novas


maneiras de se produzir e consumir, visto que a produção atual tem deixado de lado a
preservação e a parceria com o meio ambiente em benefício aos fluxos econômicos.
O tema sustentabilidade vem tomando cada vez mais espaço, adotado por empresas,
governos e sociedades que desejam trabalhar e cooperar uns com os outros, abraçando
políticas mais justas e voltadas para um aumento do bem estar coletivo e individual. Desta
forma, o Slow design alinha-se a esses interesses, valorizando a parceria entre indústria e
designer, embasada em requisitos sustentáveis e propagando os novos conceitos e propostas.
Porém será necessário passar por uma mudança significativa para se produzir e
consumir de maneira sustentável e consciente, solidificada através de atitudes e desejos que
expressem efetivamente uma busca por bem estar e qualidade de vida. Para que isso aconteça,
é necessário que se repensem as atitudes, que se resgatem os valores da vida prazerosa e
simples, e que se promovam oportunidades para essas melhorias.
O design tem esse papel consolidador, de propor melhorias e benefícios, considerando
não só a situação local, mas levando em conta que o que se produz, se consome e se descarta,
afetará outras pessoas, outros lugares em tempos diferentes. É nesse paradigma que o Slow
design se encontra, e propõe uma nova maneira de projetar e desenvolver novos produtos.
Ressalta-se que se trata de uma proposta complexa, pois algumas situações sugeridas
pelo movimento são pouco praticáveis em curto prazo, uma vez que dependem de uma
mudança cultural significativa.
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REFERÊNCIAS

DESIGN, Slow. About slow design, 2010. Disponível em: http://www.slowdesign.org/.


Acesso 21 em maio de 2011.

FOLADORI, Guilherme. UNICAMP. Artigos. Crítica Marxista: O metabolismo com a


natureza, 2005. Disponível em: http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/05folad.pdf

HONORÉ, Carl. Devagar: como um movimento mundial está desafiando o culto da


velociade. Rio de Janeiro, Brasil. Editora Record, 2011.

KAZAZIAN, Thierry. (Org.). Design e desenvolvimento sustentável: Haverá a idade das


coisas leves. São Paulo, Brasil: Senac São Paulo, 2005.

KRUCKEN, Lia. Design e Terrítorio: valorização de identidades e produtos locais. São Paulo,
Brasil: Sebrae, 2009.

LUKE, Alastair Fuad. Co-design Services for Sustainability Transition. 2009. Disponível em:
<http://www.fuad-luke.com/>. Acesso em 5 de maio de 2011.

MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carl. O desenvolvimento de Produtos Sustentáveis. São Paulo,


Brasil: Editora da Universidade de São Paul, 2002.

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<http://www.cinqcinqdesigners.com/gb/index.php?centreloca=http://www.cinqcinqdesigners.
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< http://www.droog.com/projects/events/design-for-download/>. Acesso em 10 de maio de


2011.

<http://www.remyveenhuizen.nl/ >. Acesso em 15 de maio de 2011.

<http://www.campanas.com.br/>. Acesso em 15 de maio de 2011.

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