1 – No caso concreto apresentado, temos de um lado os dogmas da religião
Testemunhas de Jeová, particularmente a proibição de transfusão de sangue, e do outro uma criança de 13 anos com uma doença grave e necessitando do sangue para sobreviver. Desta dualidade surge o choque entre os dois direitos fundamentais: o direito a vida e o direito à liberdade religiosa. Apesar de não haver direito fundamental superior axiologicamente a outro, no caso apresentado deve haver prevalência do direito à vida. E ainda, segundo o Código Civil o menor de 16 anos é absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil, cabendo aos pais decidirem por ele, no exercício do poder familiar, usando para isso o critério de “maior benefício” ou de “melhor interesse”, princípios consagrados no Estatuto da Criança e do Adolescente. Quando a religião dos pais interfere nos cuidados de saúde dos filhos a preocupação dos médicos deve ser com a criança. Daí, neste caso, o médico deveria desrespeitar a vontade dos pais e utilizar de todos os meios médicos para salva a criança.
2 – Sim, um dos princípios da bioética, a autonomia, consagra o direito do adulto capaz
de decidir sobre o seu corpo e que o médico deve obter um consentimento livre e esclarecido do paciente antes de praticar qualquer ato. Logo, caso o paciente fosse maior e capaz e não quisesse a transfusão de sangue era possível a omissão médica desde que devidamente esclarecido dos riscos.
3 - Sim, dentre os direitos e garantias fundamentais protegidos constitucionalmente
está a vida. Sem ela não há como se realizarem os demais direitos. Ela é, desta forma, um suporte indisponível para a realização e efetivação das demais garantias protegidas pelo Estado. Por isso para muitos doutrinadores, por ser o primeiro direito do homem, é condicionador de todos os demais, é o mais fundamental de todos os direitos, já que se constitui em pré-requisito à existência e exercício de todos os demais direitos. 1 4 - Sim, como se trata de menor incapaz, pelo nosso código civil, ela não pode decidir sobre a transfusão de sangue ou não. Caso fosse, pelo menos relativamente capaz, ou seja, maior de 16 anos, teria mais consciência e maturidade para decidir, mas, mesmo assim, pelo nosso ordenamento jurídico teria que ser assistida.