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Direito Processual Penal I - Prova de 7 PDF
Direito Processual Penal I - Prova de 7 PDF
ARGUMENTOS FAVORÁVEIS
a. MP COMO PARTE DA AÇÃO PENAL
Esse argumento é bastante relevante, visto que por esse motivo, a parte tem o ônus de provar suas informações,
confirmando suas teses acusatórias, se desdobrando no Princípio do Devido Processo Legal, onde a parte tem o
direito de provar em juízo o que se alega.
b. TEORIA PODERES IMPLÍCITOS (Implied Powers)
Essa teoria é oriunda do direito comparado (EUA), criado pelo fato de a CF/EUA ser sintética, devendo criar esses
direitos para ampliar a interpretação. Significa dizer que quando a Constituição institui, implicitamente, uma fun-
ção a determinado órgão, ela (CF) está instituindo os instrumentos necessários para viabilizar sua função.
Nesse sentido, a função principal do MP é ingressar com a Ação Penal, e assim, fica implícito que para isso, o MP
terá o poder implícito de poder adquirir provas para viabilizar sua atividade.
Esse argumento justifica a possibilidade de o MP editar a resolução para materializar sua atividade.
c. PODERES REQUISITÓRIOS / NOTIFICAÇÃO
Esses poderes são instituídos pela CF, onde o MP pode requisitar documentos ou abertura de inquéritos, e noti-
ficar autoridades, para que possa construir o conteúdo probatório, desde que não descumpra a lei.
Assim, se ele pode fazer tudo isso, o objetivo final é agrupar informações que irão viabilizar a propositura da Ação
Penal, e assim, tem-se uma investigação do MP.
d. CONTROLE EXTERNO ATIVIDADE POLICIAL
Essa é uma incumbência do MP, que é responsável pelo controle externo da atividade policial (porque o interno é
feito pelas corregedorias da própria polícia).
Se o MP tem essa incumbência, ele a fará mediante investigação, para, inclusive, suprir a ineficiência da polícia.
e. DISPENSABILIDADE DO INQUÉRITO
Por esse motivo é que o inquérito não é o único caminho, visto que se até um particular pode investigar, haveria
total legalidade na atividade investigatória do MP.
f. MP RESOLUTIVO (Gregório Assagra de Almeida)
Esse é o perfil dado ao MP pelo fato de investigar, ou seja, é o MP que atua de maneira extrajudicial, sem depender
do Judiciário, de forma menos burocráticas, submetendo-se apenas às leis e às resoluções, visando a resolução do
conflito.
g. INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL
O MP não se subordina à uma chefia política.
h. INQUÉRITO CIVIL
O MP pode investigar no âmbito civil, onde não haveria razoabilidade de não poder investigar crime, sendo ple-
namente possível a investigação criminal.
ARGUMENTOS CONTRÁRIOS
a. CF ANALÍTICA
É aquela CF que fala muito, e isso justifica que o silêncio da CF não é descaso, mas falta de direitos para que o
MP investigue, sendo uma superfetação (acréscimo inútil) do Poder Constituinte Originário.
Raphael Vilela
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b. AUSENCIA DE LEI
A inexistência de um texto expresso declarando esse poder ao MP, o que geraria uma insegurança jurídica.
c. ISONOMIA PROCESSUAL
Quando se associa a Polícia ao MP para investigar, estaria criando uma superinvestigação, acabando com o Prin-
cípio da Paridade de Armas, deixando o acusado em posição totalmente desfavorável.
d. SISTEMA ACUSATÓRIO
Esse sistema seria posto em risco se o MP juntasse as funções de investigação e a propositura da Ação.
e. DEVIDO PROCESSO SUBSTANCIAL
Seria violado, pois seria um excesso do poder investigatório.
f. MP DEMANDISTA
O MP não pode ser resolutista, e sim, demandista, sendo o MP clássico, que depende do Judiciário para impulsionar
a Ação Penal.
g. Art. 144, §1, IV, CF
A utilização da palavra exclusivamente para definir as funções da Polícia Judiciária, dentre as quais investigar
crimes.
É o caso da PEC n.º 37, que queria vedar o poder investigatório do MP, que acabou não dando certo.
h. PROVA ILÍCITA
A falta de legislação para fundamentar o poder investigatório, e assim, a prova colhida se torna ilícita.
TERMO CIRCUNSTANCIADO
LEI 9.099/95 – SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS
Utiliza-se a nomenclatura sistema, pelo fato de haver toda uma estrutura própria. O que torna esse juizado especial é a
relevância que são tratadas, que são de menor relevância/importância, seja econômica ou criminal.
Por ter menor relevância, elas ocorrem em maior quantidade na sociedade, e por esse motivo é que o sistema especial
surge com a intenção de dar maior vazão e celeridade à essas causas, para que não abarrotem o Sistema Comum do
Judiciário.
INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (art. 61, Lei 9.099/951)
Esse artigo traz o conceito dessas infrações penais de menor potencial ofensivo, que são aquelas em que a pena máxima
cominada em abstrato para o crime é de até 2 anos, envolvendo também as contravenções penais.
Quando essas infrações ocorrerem, será o rito do JECRIM em conjunto com todos seus institutos jurídicos, excluindo-se
a necessidade de inquérito policial, que é substituído pelo termo circunstanciado.
PRINCÍPIOS
1. CONSENSUALIDADE
Considera-se a autonomia da vontade do cidadão, dando-lhe maior importância e significado nesse sistema, ou
seja, é possível que haja a realização de transações e acordos, para que possa dirimir conflitos.
Quando se fala em consensualidade, há uma relativização de 2 dogmas do Processo Penal:
a. Obrigatoriedade da ação penal, pois nem sempre haverá ação penal;
b. Presunção de inocência, pois o indivíduo aceita o crime para não responder por crime.
1 Art. 61 - “Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”.
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2. ORALIDADE
Existe um protagonismo do diálogo, que passa a ser mais importante do que o ato processual escrito, visando
humanizar a relação processual, diminuindo a quantidade de atos escritos, e desburocratizando o processo.
3. INFORMALIDADE
O rito do JECRIM é flexível, ou seja, é informal, isso se visualiza no ponto de que não há a necessidade de se
respeitar um formalismo muito rígido, o que acaba dificultando as hipóteses de nulidade do processo.
Esse princípio só existe, pois, as penas dos atos aqui envolvidos são muito pequenas.
4. ECONOMIA PROCESSUAL
Há a proposta de mais resultados com menos atos processuais a serem praticados, visando um maior aproveita-
mento do processo.
5. CELERIDADE
Esse princípio visa uma rápida solução dos conflitos.
2 Art. 69 - “A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários”.
3 Art. 88 – “Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas”.
4 Art. 74 - “A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil
competente”.
5 Art. 76 – “Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal)”.
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FASE JUDICIAL DA PERSECUÇÃO PENAL
AÇÃO PENAL
1. CONCEITO
É o mecanismo/instrumento utilizado para judicializar a lide penal, ou seja, para que esta lide seja levada até o Poder
Judiciário, para que ela possa ser dirimida.
Dá-se como conceito da Ação Penal como “direito público subjetivo de caráter processual, que visa provocar a prestação
jurisdicional do Estado para fazer aplicar o direito penal ao caso concreto”.
Deve ficar claro que a proposição de ação é o exercício de um direito de movimentar a prestação jurisdicional, onde
o Estado-juiz exerce o dever de dar uma resposta jurisdicional à ação ajuizada. Isso não significa que o conteúdo dessa
resposta jurisdicional deve ser o que o autor quer, mas o que ele deverá analisar o direito material que o autor tem.
2. ELEMENTOS
2.1. Direito
A propositura da ação é um direito que pode ser exercido por qualquer pessoa.
2.2. Público
Essa relação jurídica processual é de direito público, porque é oponível ao Estado, que é devedor da obrigação de
responder a ação.
A ação se submete à um regime jurídico de direito público, e isso não se dá apenas pelo fato de o Estado fazer
parte da ação, mas pelo fato de se tratar de exercício de uma função republicana, e, por esse motivo, para dar a
resposta, ele não pode se pautar em suas vontades e anseios particulares, outrossim, deve se pautar na estrita lega-
lidade e nos princípios e garantias constitucionais.
2.3. Subjetivo
É subjetivo pois é possível que se identifique de forma clara quem é o sujeito que irá exercê-lo (ofendido ou MP).
2.4. Autônomo
Também chamado de Direito Potestativo, o qual é definido por Chiovenda como “direito que se exercita e atua
mediante uma simples declaração de vontade, tendendo à produção de um efeito jurídico a favor de um sujeito e
a cargo de outro que nada deve fazer e nem pode esquivar-se ao referido direito”.
Pode ocorrer que a lei mitigue essa autonomia, como é o caso de Ação Penal Pública Incondicionada.
2.5. Abstrato
Significa dizer que o direito de ação não se vincula/depende da resolução do caso concreto, ou seja, o resultado do
direito de ação não se confunde com o direito material, visto que pode ocorre de o direito de ação ser reconhecido,
porém, o direito material negado.
Sobre o assunto destacam-se algumas teorias:
Teoria Imanentista
Para essa teoria o direito de ação era nada mais era do que o direito material em debate (“pé de guerra”),
tanto era que não havia nenhuma teoria que trouxesse independência científica.
Teoria Concretista (Chiovenda)
Surgiu após a Teoria Imanentista, e para essa teoria o direito de ação tem vida própria, independentemente
do direito material, mas, o direito de ação só existe se houver a análise do caso concreto favorável ao autor,
ou seja, só haverá direito de ação se o autor tiver direito material, e assim, o direito de ação está
condicionado ao resultado do processo.
Teoria Abstrata
Defende-se que o direito de ação não se confunde com o direito material, assim, não importa a natureza
do julgamento, se o autor tem ou não o direito material.
Nessa teoria, as condições da ação são requisitos de validade.
Teoria Eclética (Liebman)
Entre as teorias concreta e abstrata, existe a Teoria Eclética de Liebman, onde o direito de ação só é exercido
quando o juiz analisa o mérito da ação, ou seja, aplicar o direito material no caso concreto.
Teoria da Asserção ou da Prospecção
Teoria surgida na Itália, que visa transpor todos os obstáculos processuais para se enfrentar o mérito. Por
essa teoria, todas as condições da ação se convertem em mérito.
7 Art. 5º, inc. XXXV, CF - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
8 Art. 129, CF - São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
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5. CLASSIFICAÇÃO
5.1. QUANTO AO SUJEITO LEGITIMADO
O direito de ação é sempre público em sua essência, porém, a denominação de ação penal pública ou privada, não leva
em consideração a natureza da ação, outrossim, analisa-se a sua titularidade.
É a lei quem diz se determinados crimes serão de Ação Penal Pública ou Privada (Art. 100, CP). Se a lei nada dizer, a
regra é que o crime seja de Ação Penal Pública Incondicionada.
5.1.1. AÇÃO PÚBLICA
Na Ação Pública, o Estado que é titular, e assim o é por ser um direito-dever ou direito-função, porque o
MP não tem opção, ele é obrigado a propor a ação por força da lei, lhe é indisponível (Princípio da Indis-
ponibilidade).
5.1.2. AÇÃO PRIVADA
Essa ação é privada, porque o particular é o titular, e prevalece a autonomia da vontade do titular, onde este
tem a opção de litigar, ou de permanecer litigando, havendo regimes jurídicos absolutamente distintos, e
assim, não se aplicam a este os Princípios da Obrigatoriedade e da Indisponibilidade, mas possui princípios
próprios, que serão vistos mais além.
6. CONDIÇÕES DA AÇÃO
São categorias/institutos jurídicos processuais que visam preparar o julgamento de mérito. São pressupostos que devem ser
satisfeitos, para que o processo venha ter seu mérito analisado.
6.1. LEGITIMIDADE “AD CAUSAM”
Serve para definir quem é o titular do direito de ação (ativa), e em face de quem este direito pode ser exercido
(passiva).
Liebman chamava essa condição como pertinência subjetiva da causa, significa que o titular do direito de ação é
titular do direito material.
No processo criminal, é a lei penal que irá dizer quem tem legitimidade para a ação.
6.2. INTERESSE DE AGIR
É uma categoria quase inútil no processo criminal, que é a demonstração de que a ação é um direito útil, necessário
e adequado à obtenção do direito material. Demonstrar o direito de agir, é dizer que o direito de ação é necessário
para que a pessoa goze de seus direitos.
Deve se basear no trinômio necessidade, utilidade e adequação.
A ação penal sempre será necessária, pois não há como se aplicar o direito material que não seja pela via
processual.
6.3. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
Quando se promove Ação Penal o juiz deve analisar o pedido imediato, ou seja, a potencial probabilidade de
condenar o réu, e isso é feito mediante análise dos fundamentos legais.
Para isso, deve haver uma delimitação jurídica do pedido, adequando-o ao tipo penal requerido.
O NCPC aderiu a crítica estabelecida pela doutrina, e deixou de ter a possibilidade jurídica do pedido como con-
dição da ação, e por esse motivo, a sentença que, à luz da CPC/73 (revogado) seria de carência da ação, à luz do
NCPC é de improcedência, resolvendo definitivamente a controvérsia no âmbito civil.
Discussão essa que também se mantém no âmbito penal, porém, ainda sem pacificação legal.
9 Art. 100 – “A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”.
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PEÇA INICIAL
Quando o crime for de ação penal pública, pouco importando se condicionada ou incondicionada, sempre será o MP que irá
propor, onde a peça inicial se chama denúncia.
DENÚNCIA
1. FIXAÇÃO DOS LIMITES
Essa é a peça inicial acusatório do MP, onde são fixados os limites da lide penal, ou seja, estabelece um campo de
debate, que são responsáveis me limitação da atividade jurisdicional, onde o réu só irá se defender do que está escrito
na denúncia, e o juiz só poderá julgar sobre o que está em debate.
Assim, a limitação do poder decisório é importante, porque irá determinar os limites da coisa julgada, em obediência ao
Princípio da Correlação entre o que foi pedido na denúncia e a sentença.
Esses limites podem ser:
a. Objetivos: estabelecimento dos fatos criminosos imputados;
b. Subjetivos: sujeitos ativos do crime.
2. DESCRITIVA
A denúncia é uma peça descritiva, devendo ser narrada de forma detalhada e pormenorizada, visto que uma denúncia
genérica, lacunosa e omissa é inepta, não tendo aptidão para apontar uma acusação, em razão de uma falha estrutural em
sua narrativa, o que não permite a confrontação pontual por parte da defesa.
Para isso, a denúncia deve conter:
2.1. Tempo (quando – ubi);
2.2. Lugar (quando);
2.3. Modo de prática (quomodo);
2.4. Autores/vítimas;
2.5. Bem jurídico lesado.
Não obstante, a necessidade de fundamentação se dá pelo fato de o MP ser um órgão republicano.
a. Rejeição
Diferentemente da inépcia, a denúncia é rejeitada quando o inquérito não tiver justa causa, que já era para ter
sido trancado na fase de inquérito, e aqui o promotor irá rejeitar a denúncia por falta de justa causa (falta de
elemento probatório, atipicidade, excludente de ilicitude), fazendo coisa julgada material.
b. Inepta
Nesse caso, haverá coisa julgada formal, visto que o vício contido na denúncia poderá ser sanado, ocasionando
a propositura de uma nova denúncia.
PRINCÍPIOS
Os princípios a seguir orientam a ação penal pública, pouco importando se incondicionada ou condicionada.
1. OBRIGATORIEDADE ou LEGALIDADE
É um princípio que impõe um dever republicano de promoção da ação penal ao MP como órgão de acusação, cumprindo
um dever imposto por lei, uma determinação legal, justificando a nomenclatura de “legalidade”.
A lei criou alguns espaços discricionários, com reduzida liberdade ao promotor, que é chamado de Princípio da Discri-
cionariedade Regrada, como os seguintes casos a seguir, em que o promotor terá possibilidade de propor:
Transação Penal (art. 76, Lei 9.099/95);
Acordos de Colaboração Premiada (art. 4º, Lei 12.850/14)
Uma vez homologado o acordo, o MP está dispensado de propor a denúncia.
2. INDISPONIBILIDADE
Esse princípio impõe ao MP o dever de prosseguir litigando, não podendo desistir da ação em curso, devendo conduzi-la
até o final.
Para esse caso também há a exceção do Sursis Processual, ou Suspensão Condicional do Processo, prevista no art. 89 da
Lei 9.099/95.
3. INTRANSCENDÊNCIA
A ação penal não pode ir além das pessoas envolvidas no crime que foram investigas, se pautando pela Teoria Monista,
motivando a impossibilidade de se admitir intervenção de terceiros.
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2. NATUREZA JURÍDICA DA REPRESENTAÇÃO
Pelo prisma processual, a representação é uma condição de procedibilidade, ou seja, só será possível o ajuizamento da ação
penal, mediante a representação.
Na sua essência, a representação é um ato jurídico livre (qualquer documento de forma escrita) de manifestação da vontade
pelo cidadão que foi ofendido.
4. DECADÊNCIA
A decadência é a perda do direito de representar, pela inércia do ofendido, por um prazo superior a 6 (seis) meses, contados a
partir da data do conhecimento da autoria até a data da representação, gerando extinção da punibilidade.
Por ser um ato de vontade do particular, contra este corre o prazo decadencial, que poderá atingir:
a. Direito de representar;
b. Direito de queixa.
O fato de o MP propor a ação litigar (mesmo sem representação) não supre a falta dessa representação. Diferente da prescrição,
a decadência não se interrompe com a propositura da ação.
6. RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO
Por se tratar de um ato jurídico de vontade, é possível que o indivíduo venha se retratar da representação, porém, só é possível
que produza efeitos na persecução penal se ela ocorrer antes do oferecimento da denúncia (art. 25, CPP11). Isso porque, se o MP já
ofereceu a denúncia, ele esgotou o exercício do direito de ação, onde o direito de retratação precluiu.
7. RETRATAÇÃO DA RETRATAÇÃO
É caso de uma “nova representação” da representação que a pessoa havia desistido, o que é plenamente possível, desde que
não tenha transcorrido os prazos da decadência.
Facilitando, é o caso da pessoa que representa, porém, desiste, e posteriormente ‘desiste de desistir’ e volta a representar.
Art. 16, Lei Maria da Penha – 11.340/0612
Espécie de Ação Afirmativa, onde o Estado, deliberadamente tenta compensar uma dívida histórica de direitos,
resultado de um histórico de discriminação feminina, baseado em uma cultura machista, sobretudo, no tocante ao
âmbito doméstico.
Essa lei inovou, trazendo na redação do art. 16 a criação de uma audiência, onde a mulher poderia se retratar sobre
a representação na presença do juiz (que irá homologar) e do MP, podendo renunciar até o momento do recebi-
mento da denúncia.
A ocorrência dessa audiência se justificava pelo pensamento de que na frente do juiz elas teriam mais coragem do
que na delegacia.
ADI 4424
Em 2013, foi julgada a ADI 4424, que visava a inconstitucionalidade dos artigos:
10 Súmula 594, STF - Direito de queixa e representação. Independência. Ofendido e representante legal. CPP, arts. 34, 38, 50 e 52.
“Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal”.
11 Art. 25, CPP - “A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia”.
12 Art. 16 – “Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público”.
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Art. 12, inc. I – dizia que a representação deve ser feita na presença do delegado. Fica ainda
mais intimidada;
Art. 16 – continuavam com medo, oprimidas, no contexto de violência e não conseguiam repre-
sentar;
Art. 41 – lei 9.099/95 era inaplicável nos casos da Lei Maria da Penha, os benefícios do JECRIM
não poderiam ser estendidos ao marido agressor
O STF invocou o Princípio do Devido Processo Substancial na vertente da vedação à Infra-proteção ou da
proteção deficiente, como parâmetro para o controle de constitucionalidade, afirmando que esses dispositivos são
insuficientes para proteger a dignidade da mulher violentada no lar, visto que mesmo com o art. 16, a criminalidade
continuava crescendo.
Foi utilizado também como parâmetro a o Princípio da Isonomia Substancial.
O resultado da ADI não trouxe supressão do texto, observado que a redação dos artigos se mantém, contudo, houve
modificação quanto as técnicas de interpretação, devendo ser interpretados de acordo com esses princípios, con-
forme a Constituição (interpretação conforme).
Efeito prático: Esse acórdão (com caráter vinculante) passou a considerar que as lesões corporais leves (e só
esses crimes) passam a ser crimes de Ação Penal Pública Incondicionada, mesmo que a Lei Penal não tenha
dito isso, demonstrando o nível de Ativismo Judicial, que pela primeira vez foi utilizado no âmbito do Direito
Penal.
O art. 41 diz que é inaplicável a lei 9.099 para essa lei, ou seja o art. 88 que transformou a lesão leve em condici-
onada a representação, só que seria inaplicável apenas a partir de 2006. O Supremo racionalizou dizendo que o
Art. 88 da Lei 9.099/9513 é inaplicável à mulher que é violentada dentro de casa desde 1995. É como se o art. 88
nunca fosse aplicável na violência doméstica. Sempre foi crime então de ação penal pública incondicionada.
2. CABIMENTO
Seu cabimento ocorrerá quando a Lei Penal disser.
Ex. 1: crime contra a honra do Presidente da República ou de Chefe de Estado (art. 141, I e 145, CP)
Ex. 2: crime de estrangeiro contra um brasileiro praticado fora do Brasil (art. 7º, III, CP)
4. RETRATABILIDADE
A maioria da doutrina entende que sim, visto que todo ato público administrativo é revogável, e a requisição pode ser revogada,
desde que não tenha ocorrido o oferecimento da denúncia.
5. POSSIBILIDADE DE DECADÊNCIA?
A decadência só corre com ente privado, não corre para órgão público. Assim, o Ministro da Justiça se limitará a representação
até que o crime não se prescreva.
FUNDAMENTO
A grande razão de a Lei Penal abrir essa exceção é oriunda de uma questão de política criminal, visto que na maioria dos casos,
trata-se de direitos privados não públicos, e assim, caberá a vítima escolher se haverá Ação Penal ou não.
13Art. 88 – “Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culpo-
sas”.
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O fundamento mais importante para o estabelecimento dessa política criminal é o Escândalo do Processo (“Streptus Iudicis”),
ocasião em que a propositura da ação poderá trazer vergonha ainda maior à vítima do que a ocorrência do próprio crime.
Haveria um outro fundamento, mesmo que menos utilizado, que se trata de crime com predominante deslocamento patrimonial,
como é o caso de crime de dano.
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
Trata-se de uma técnica adotada pelo legislador, que também é chamada como “Legitimação Extraordinária”.
Para isso, é necessário entender que “Legitimação Ordinária” é quando o Estado detém o poder de punir e o direito de ação.
Recebe esse nome porque o Estado litiga em nome próprio para atender o seu próprio interesse, e essa é a regra do Processo Penal.
Diante disso, a Substituição Processual ou “Legitimidade Extraordinária”, onde a Lei Penal estabelece uma cisão/divisão de
interesses, ou seja, a Lei Penal irá transferir o direito de ação para o particular (“Ius Perseguendi in Juditio”), porém, irá manter
o poder de punir com o Estado.
Assim, o ofendido litiga em nome próprio para defender o interesse material do Estado (a aplicação do direito material –
Jus Puniendi).
CABIMENTO
É cabível quando a Lei Penal disser que o crime é de Ação Penal Privada, como é o caso de Crimes Contra a Honra, dano, dentre
outros, onde o ofendido é que irá decidir se irá ou não ingressar com a ação.
Peça Inicial (Queixa-Crime)
A queixa-crime é a peça inicial que deflagra a Ação Penal Privada, aplicando-se todos os requisitos destinados à
denúncia, inclusive, as hipóteses de rejeição e de inépcia.
A diferença entre a queixa-crime e a denúncia se encontra no profissional que elabora a queixa-crime, que é o advo-
gado, que é um agente que atua em prol do particular, que não tem poder legal para acusar ninguém de algum crime.
Diante disso, há a imposição de algumas exigências formais, dentre elas a procuração, que deve ser outorgada pela
vítima, devendo conter a narrativa do mesmo fato criminoso contido na queixa-crime, dando poderes especiais para que
o advogado ingresse com a queixa-crime.
Isso serve para que o advogado restrinja sua atividade apenas no caso narrado, sob pena de o advogado incorrer em
denunciação caluniosa.
Não se aplica ao promotor em sua propositura da denúncia, visto que ele não precisa da outorga de ninguém, visto que é
o seu direito.
14 Art. 38, CP - Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis
meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
15 Art. 34, CPP - Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
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Se fosse possível que a parte fragmentasse a ação penal, esse instrumento perderia sua característica republicana, do qual,
o MP, mediante suas manifestações, exerce sua função de fiscal da lei, e, além disso, ele fiscalizará o caráter republicano
da persecução penal (custos legis), que por sua vez será fiscalizado em sua obrigatoriedade.
MODALIDADE
Existem 3 (três) modalidades de ação penal privada, que existem para representar o âmbito do exercício do direito de ação de
acordo com sua abrangência.
1. AÇÃO PENAL PRIVADA PROPRIAMENTE DITA
Essa é a regra geral, e tem como característica a transferibilidade do direito de ação, podendo também, ser repartido
com outras pessoas, onde o direito de queixa não é exclusivo da vítima, podendo ser exercido pelo seu representante
legal, sucessores em caso de morte, ou ainda, por uma PJ.
1.1. Transferibilidade do direito de queixa
É a principal característica dessa modalidade de ação, podendo ocorrer por:
1.1.1. Co-Titularidade
Assunto que já foi tratado de maneira pormenorizada anteriormente.
1.1.2. Sucessão
Ocorre em caso de falecimento do titular de ação, onde os sucessores (CADI - cônjuge, as-
cendente, descendente e irmão) herdarão o direito de ação.
Se não houver nenhum herdeiro, fatalmente ocorrerá a impunidade, visto que o MP é parte
ilegítima para propor essa ação.
16 Súmula 594, STF – “Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal”.
17 Art. 5º, inc. LIX, CF - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
18 Art. 29, CPP – “Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal”.
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Em suma, ocorre uma oscilação da legitimidade, ou seja, a priori ocorrerá uma expansão da legitimidade,
havendo uma legitimidade concorrente, que durará 6 meses (decadência), e, após isso, somente o MP é que
poderá continuar com o direito de entrar com a ação até que o crime não prescreva, isso ocorre porque a deca-
dência só ocorre em face do particular, e nunca em face do Estado.
Por fim, deve-se ater que a expansão da legitimidade ativa é proporcional à inércia do que não foi obser-
vado pelo MP.
3.3. Queixa-Subsidiária
Nesse caso, a peça inaugural/inicial será a queixa-subsidiária, que poderá sofrer toda e qualquer análise e
reparo por parte do MP, onde poderá complementar a queixa, emendando-a, colocando mais um réu ou mais
um fato criminoso.
Assim, conclui-se que a queixa-subsidiária admite modificações por parte do MP, restabelecendo os limites da
acusação.
Deve ser destacado que nessa ação o MP não atuará como “custos legis”, porque ele é litisconsorte ativo.
Pode acontecer de a queixa-subsidiária servir apenas para aditar a denúncia em pontos que o MP não obser-
vou, como é o que ocorre nos casos de arquivamento implícito.
3.4. Denúncia Substitutiva
É possível que o MP rejeite integralmente a queixa, e apresente uma denúncia substitutiva, o que não exclui
o particular como litisconsorte.
3.5. Decadência do direito de queixa
Reafirmando, a decadência é um fenômeno que só irá fulminar os direitos persecutórios do particular (queixa
e representação).
Deve ser observado que a decadência do direito de queixa tem como termo a quo (inicial) o momento em que
o MP ficou inerte, desde que recebeu o inquérito e não se manifestou, podendo ser de 5 ou 15 dias (réu preso
e solto, respectivamente).
19 Súmula 608, STF – “No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada”.
20 Art. 101, CP – “Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde
que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público”.
21 Art. 225, CP – Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável
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A ausência dessa norma de transição por parte da lei 12.015/09, demonstra atecnia (falta de precisão técnica),
que poderá acarretar em decadência.
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NCPC , como também na ação civil de conhecimento (ação para ressarcimento do dano), em que se pleiteia reparação dos danos
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PREJUDICIALIDADE EXTERNA
A prejudicialidade externa nada mais é do que o reconhecimento do efeito de uma decisão transposta de um processo para o
outro, que é a dinâmica que ocorre no caso da ação civil “ex delicto”, quando um juiz penal declara a existência de um fato na esfera
penal, que por sua vez terá força para interferir na esfera cível.
Ponto, segundo Carnelutti, é toda afirmação/assertiva do processo.
Sendo assim, quando um ponto encontra um contraponto, formada está uma questão.
Por outra banda, um ponto que não tem um contraponto é denominado ponto pacífico. No processo penal, não há como com-
pactuar com pontos pacíficos, pois a lide penal é indisponível.
Quando a questão envolve pontos fáticos, ela é chamada de questão de fato, que só será solucionada mediante instrução de
atividade probatória. E, quando essa questão fática é decidida por um juiz criminal, e essa sentença transita em julgado, a declaração do
fato fará coisa julgado na esfera cível, e isso é a chamada de prejudicialidade externa, visto que houve um pré-julgamento de uma
questão de fato, que tornou-se indiscutível na esfera cível, servindo, inclusive, de título executivo judicial.
Não obstante, a questão de direito não depende de prova, visto que o juiz conhece o direito (iura novit cúria).
Quando se tratar de questões jurídicas processuais que discutem a própria validade do processo, denomina-se como questão
preliminar.
22 Art. 515, NCPC - São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
23 Art. 64, CPP - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra
o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
24 Art. 63, CPP – “Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu repre-
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A alteração do art. 387 do CPP permitiu ao juiz criminal a arbitrar o início de condenação, abrindo um capítulo na sentença penal
condenatória, para liquidar parte da condenação, garantindo uma efetividade do processo.
ABSOLVIÇÃO
A depender da categoria a ser adotada na sentença, esta terá ou não eficácia na esfera cível, podendo ser:
1. DUBIDATIVA
Trata-se em absolvição baseada em juízo de dúvida quanto a culpa e/ou a ocorrência do fato, diante na insuficiência do
conteúdo probatório formado nos autos, onde o juiz não consegue dirimir uma questão de fato.
Essa sentença é vazia de conteúdo fático comprovado (“sentença oca”), que também é um “non liquet” em seu mais alto
grau, sendo incapaz de gerar coisa julgada material, e, desta forma, não produzirá efeitos na esfera cível.
A decisão de arquivamento de inquérito, e a extinção da punibilidade não geram coisa julgada material.
2. CATEGÓRICA
Nesse caso o juiz declara peremptoriamente a inocência, que é evidenciada por um lastro probatório suficiente, para
que o juiz se convença da inocência.
Ela existe quando o juiz reconhece e declara que o autor não participou do crime, ou que sua conduta não é crime, ou
ainda que não aconteceu nenhum fato criminoso.
Deste modo, essa sentença faz coisa julgada na esfera cível.
JURISDIÇÃO
CONCEITO
Por jurisdição compreende-se o poder atribuído com exclusividade ao Judiciário para decidir um determinado litígio segundo as
regras legais existentes (Norberto Avena).
Jurisdição é o poder-dever do Estado em aplicar o direito ao caso concreto (Nestor Távora).
Em suma, jurisdição é o poder de julgar (que é inerente a todos os juízes). É a possibilidade de aplicar a lei abstrata aos casos
concretos que lhe forem apresentados, o poder de solucionar lides. Todos os membros do Poder Judiciário têm jurisdição.
≠ COMPETÊNCIA
São institutos correlatos, visto que não há jurisdição sem competência, e vice-versa.
Desta forma, todo juiz é investido de jurisdição, que é delimitada pelos casos em que cada juiz poderá exercer a atividade
jurisdicional.
PRINCÍPIOS
Inafastabilidade (art. 5º, XXXV, CF)
A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Significa dizer que o Estado não tem a
faculdade de exercer a atividade jurisdicional.
Não confunde com a indeclinabilidade, quando o juiz se declara incompetente, o que não viola esse princípio, isso por 2
motivos:
1. As regras de competência são previstas em lei, e assim, quando o juiz se declara incompetente, é porque há
uma regra jurídica;
2. A inafastabilidade prevê que o Judiciário não pode deixar de exercer jurisdição sobre o caso concreto, e assim,
quando o juiz se declarar incompetente, haverá remessa dos autos para o juízo competente.
Juiz Natural (art. 5º, XXXVII e LIII CF)
Significa que ninguém pode ser processado ou julgado senão pelo juiz competente, de acordo com normas preestabele-
cidas (art. 5º, LIII, CF28). São vedados, da mesma forma, juízos e tribunais de exceção, ou seja, aqueles que são criados
para julgar um caso específico (art. 5º, XXXVII, CF29).
26 Art. 68, CPP – “Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público”.
27 Art. 134, CF – “A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma
integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal”.
28 LIII – “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
29 XXXVII – “não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
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Indelegabilidade
Nenhum juiz poderá delegar sua jurisdição a outro, pois, se isso ocorrer, estar sendo desrespeitado o princípio do juiz
natural. A expedição de carta precatória ou carta de ordem não fere este princípio, porque a delegação é apenas para a
realização de determinado ato processual (oitiva de testemunhas, por exemplo), sem a transferência do poder decisório
ao juiz deprecado.
É por essa razão que o juízo não pode, via de regra, homologar proposta de suspensão condicional do processo proveniente
do juízo deprecante. Assim, caso a proposta seja aceita pelo réu, a precatória deverá ser devolvida para homologação do
juiz da causa.
Investidura
A jurisdição só pode ser exercida por quem foi aprovado em concurso público da magistratura, nomeado, empossado e
que está no exercício de suas atividades. Nesse sentido, todo agente público pertencente aos quadros da magistratura é
investido de jurisdição.
Irrecusabilidade
As partes que integram o conflito não pode se recusar a cumprir a decisão proferida em atividade jurisdicional.
Correlação
Esse princípio nasce da necessidade de delimitação do objeto da ação penal, não podendo julgar coisas estranhas ao
processo.
Devido Processo Legal
Existem diversas peculiaridades que devem ser cumpridas para que o processo seja válido
CARACTERÍSTICAS
Inércia
O juiz não pode dar início à Ação Penal.
Significa dizer que o Estado só exercerá a jurisdição quando ele for provocado, que no processo penal ocorre mediante
denúncia ou queixa-crime.
Substitutividade
Nasce da substituição da autotutela, onde o Estado passou a substituir as partes, se responsabilizando para a resolução
dos conflitos existentes.
Atuação do Direito
Funda-se na ideia de aplicação da lei no caso concreto.
Quando há a prática de um crime, existe uma violação do ordenamento, e assim, haverá desestabilização do ordenamento
jurídico, e a atividade jurisdicional irá reafirmar a estabilidade do ordenamento jurídico.
Imutabilidade
Tem a finalidade de trazer segurança jurídica, ou seja, até determinado momento processual as decisões são mutáveis,
porém, a partir do transito em julgado, ela é abarcada pelo instituto da coisa julgada, impedindo sua rediscussão.
Lide
Esse conflito de interesses é um pressuposto inerente ao exercício jurisdicional. Para a ação penal, não é necessário um
conflito de interesses, porque a partir de 88 o MP passou a ter uma atuação com “custos legis”, não atuando de modo a
objetivar a aplicação de pena, mas, ele atua objetivando a correta e justa aplicação da lei, seja para condenar ou para
absolver.
Não há pretensão resistida, porque ambas as partes objetivam a aplicação da lei.
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COMPETÊNCIA COM CPP (Critérios Legais – art. 69 ao 92, CPP)
Os critérios legais estão contidos nos incisos do artigo 69 do CPP, que serão tratados de forma pormenorizada a seguir:
I. Lugar da Infração;
II. Domicílio ou residência do réu;
As competências estabelecidas nos incisos I e II tem a finalidade de estabelecer o foro (a comarca) onde se dará o
julgamento.
III. Natureza da infração
Uma vez fixada a comarca, é o critério de natureza da infração que apontará a Justiça competente (Comum,
Eleitoral ou Militar). Dentro da mesma justiça, a natureza da infração pode ainda levar o julgamento a varas espe-
cializadas, como, por exemplo, ao júri, ao Jecrim para as infrações de menor potencial ofensivo.
IV. Distribuição
Se não houver nenhum juiz prevento (inc. IV), deverá ser feita a distribuição, uma espécie de sorteio, para que os
autos sejam direcionados a um juiz determinado (aquele a quem foi feita a distribuição).
V. Conexão e Continência
São institutos que determinam a alteração ou prorrogação da competência em situações específicas.
Ex.: João, armado, subtrai um carro em SP e vende a Lucas em Campinas. Os crimes são conexos e por isso deve
haver um só processo para a apuração de ambos. O CPP, então, estabelece regras para que ambos sejam julgados
em uma mesma comarca, embora tenham ocorrido em locais diversos. Pelo fato do crime de roubo ser mais grave
que o de receptação, ambos serão julgados em SP (art. 78, II, a, CPP30).
Se houver conexão entre duas competências constitucionais, as regras de conexão não suportam essas circunstan-
cias, e assim, haverá cisão, e o caso não se “curvará” às regras de conexão, visto que essas são regras infraconsti-
tucionais, passando, inclusive, sobre a Teoria Monista.
VI. Prevenção
Fixados o foro e a Justiça, será possível que coexistam vários juízes igualmente competentes. Assim, caso algum
deles tenha se adiantado aos demais na prática de algum ato relevante, ainda que antes do início da ação, estará ele
prevento e será o competente.
VII. Prerrogativa de função
Verifica-se essa regra quando o legislador, levando em consideração a relevância do cargo ou função ocupados
pelo autor da infração, estabelece órgãos específicos do Judiciário que julgarão o detentor daquele cargo caso ele
cometa infração penal. Essas hipóteses estão previstas na CF, e, residualmente, nas Constituições Estaduais.
COMPETÊNCIA EM ABSTRATO
São as regras previstas na legislação, ou seja, o próprio arcabouço normativo que prevê a possibilidade de um juiz atuar numa
causa, sendo uma competência em potencial, uma jurisdição aberta a receber o caso.
COMPETENCIA EM CONCRETO
É a competência em que existe um determinado caso que é submetido à jurisdição de um determinado juiz.
Diante disso, destacam-se dois momentos distintos: o momento em que juiz poderá estar (competência em abstrato) e no mo-
mento em que ele está no processo (competência em concreto).
Portanto, só poderá haver modificação de competência sobre aquilo que já se concretizou, visto que não se pode modificar o
que ainda está em abstrato.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA
É a competência que não pode ser modificada/prorrogada pela vontade das partes, mas só poderá ser instituída e modificada por
vontade da lei. Essas regras atendem ao interesse da justiça, e não ao interesse das partes.
Têm-se por interesse da justiça como o interesse voltado para uma boa formação e prestação jurisdicional, sendo rápida, e muitas
vezes especializada, podendo ser aperfeiçoável/aprimorável.
Essas regras seriam aquelas que estabelecem, por exemplo, a hierarquização da competência recursal, permitindo que haja um
controle sobre o exercício jurisdicional.
As competências em razão da pessoa e da matéria são absolutas, pois é de interesse público, e não apenas das partes, o seu
estrito cumprimento, e o desrespeito à essas regras traz nulidade absoluta.
Do mesmo modo, trata-se sobre os critérios de especialização da justiça, para que o juiz se aprimore sobre determinado tema do
direito.
COMPETÊNCIA RELATIVA
São regras processuais que atendem interesses das partes, sobretudo, no que diz respeito ao seu deslocamento, visando contenção
de gastos, para que não seja necessário o deslocamento.
A competência territorial é relativa, de modo que, se não for alegada pela parte interessada até o momento oportuno da ação
penal, considera-se prorrogada, sendo válido o julgamento pelo juízo que, em princípio, não tinha competência territorial, visando
atender a vontade das partes.
Diante disso, se essa regra for violada, não haverá invalidade do processo, visto que essa violação se convalida, e o ato jurisdi-
cional é plenamente válido (“Perpetuatio Jurisdicitionis”).
A prevenção31 tem efeito semelhante às regras de competência relativa, visto que se não houver fixação da competência por
regras territoriais, a competência será do juiz prevento (que primeiro teve contato com o processo).
30 Art. 78, CPP – Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
31 É o juízo prevento, ou seja, o juízo que primeiro teve acesso aos autos.
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COMPETÊNCIA MATERIAL
Trata-se de regras competência que leva em conta os elementos de uma relação jurídica penal material (partes, tipo de crime e
onde aconteceu).
Em razão da pessoa (Ratione Personae)
Considera-se a pessoa que praticou o delito (réu) e assim, ocupa o polo passivo da ação penal.
Essa competência é Foro por Prerrogativa de Função (ratione muneris vel personae) quando a pessoa ocupa cargo
público.
Para essa competência, pode ser utilizado para a fixação da competência a vítima do crime, como é o caso de crimes
contra a União Federal. Importante destacar que não modificará a competência quando a vítima for qualquer outra pessoa
que não seja a União.
Em razão da matéria (Ratione Materiae)
Deve ser levado em consideração a natureza da infração. É o caso do crime de homicídio, que é julgado pelo Tribunal do
Júri, ou ainda, a competência do Jecrim, que é determinado em razão da natureza da matéria.
Em razão do território (Ratione Loci)
É a única hipótese de competência relativa no processo penal, considerando o local onde houve a ocorrência da conduta.
COMPETÊNCIA FUNCIONAL
São regras voltadas para atender o interesse da justiça ao exercer sua função jurisdicional, e por isso, são regras de caráter
absolutas.|
Objeto do juízo ou Capítulos Decisórios
São aplicadas em sentenças subjetivamente complexas ou Plúrimas, que são decisões construídas por mais de uma pessoa,
como é o caso da Sentença do Júri, em que há um capítulo decidido pelo juiz togado e outro pelo juízo popular.
Fases do processo
Cada juiz tem poder jurisdicional para decidir sobre uma determinada fase do processo.
São regras que delimitam as etapas de atuação dos juízes nas fases do processo.
Grau de jurisdição
Competência para definir as competências:
a. Originárias
Se faz quando uma ação é distribuída para ter o seu primeiro pronunciamento.
b. Recursal
Competência para reanalisar uma decisão já prolatada, que ainda pode ser:
I. Ordinária: matéria de fato;
II. Extraordinária: matéria de direito.
PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Trata-se da possibilidade de modificação do poder jurisdicional de um juízo por outro, ou melhor, dos limites dos poderes
jurisdicionais de dois ou mais juízes, onde um juiz amplia, ao passo que o outro tem sua competência reduzida.
A prorrogação pode ser:
Voluntária ou Convencional
Está adstrita à vontade particular das partes, portanto, essa prorrogação só incidirá em competência relativa.
Só existe um tipo de competência relativa no Processo Penal: a territorial.
Essa prorrogação se subdivide em:
a. Expressa
Se dá por ato de vontade manifestado pela parte, que é o ajuizamento da ação penal privada, unicamente,
que também é chamado de Foro Optativo na Ação Penal Privada, onde, mediante um ato de vontade mani-
festo, a ação é ajuizada perante um juiz, onde a ação poderá seguir.
b. Implícita ou Por Omissão
Acontece pela inércia da parte interessada, onde ocorre a “Perpetuatio Jurisdictionis”.
Ex.: furto realizado em Prudente, e a vítima faz o B.O. em São Paulo, e o promotor ingressa com a Ação
Penal de furto lá. Porém, o réu não ajuíza “excptio fori” (exceção de foro), requerendo a remessa dos
autos para o lugar da infração, e com essa atitude, o réu, implicitamente anuiu com o foro de ajuiza-
mento.
Necessária, Obrigatória ou Legal
É aquela modificação dos limites do poder jurisdicional que acontece por maneira imperativa, onde a lei determina
que se modifique.
Essa prorrogação poderá modificar, inclusive, a competência absoluta, visto que se trata de determinação normativa,
visando atender o interesse da justiça.
Porém, essa prorrogação não modifica a competência constitucional, quando a norma que prevê a prorrogação tiver status
infraconstitucional, por questões de hierarquia entre as normas (Ex.: conexão e continência, previsto no CPP, modifica a
competência absoluta prevista na CF – Art. 76 e 77, CPP).
Ex.: IDC (federalização da persecução penal), é um instrumento de prorrogação necessária constitucional, que
modifica a competência absoluta prevista no próprio texto da CF.
Ex.: conexão e continência, instrumento de prorrogação necessária infraconstitucional, aplica-se supletiva-
mente.
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DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA
É a transferência de poder jurisdicional de um juízo para o outro com base na lei, e nunca por um ato de vontade do juiz, visto
que o poder é do Estado.
Interna
Quando ocorre dentro de um mesmo órgão jurisdicional.
Ex.: sai o juiz titular e entra um substituto na mesma vara, ou, constituição do Tribunal do Júri, onde há a transferência
de poder jurisdicional aos jurados.
Externa
Transferência de poder jurisdicional entre órgãos jurisdicionais diversos.
Ex.: carta precatória.
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR DA INFRAÇÃO (Ratione Loci)
Deve se saber o “locus commissi delicti”, ou seja, onde o crime foi praticado.
Trata-se de competência relativa, portanto, prorrogável, o que nos leva a termos várias regras e várias exceções.
Regra Teria do Resultado (art. 70, CPP32)
Teoria adotada pelo processo penal, onde o lugar do crime é o local onde ocorreu a consumação do crime
o Exceção
A jurisprudência destacou algumas exceções:
a. Crimes dolosos contra a vida (art. 121 a 126, CP)
São crimes que vão a júri, onde a regra é que seja no lugar da conduta, para que os presentes no ato
participem.
b. Crimes qualificados pelo resultado
Não será onde ocorreu o resultado, mas competente será onde ocorreu a conduta.
Ex.: estupro com resultado morte, será onde ocorreu o estupro; latrocínio.
Ex.: falso testemunho praticado por carta precatória. Processo que corre em Prudente, e há pre-
catória em Pirapó em que a testemunha comete o crime de falso testemunho. Nesse caso, o juiz
competente para julgar essa ação, será o juízo deprecado (Pirapó).
Ex.: estelionato com falsificação de folha de cheque. O crime será apurado no local da conduta
(SP), e não onde o dinheiro sumiu (Prudente).
o Tentativa
Competência firmada último local da prática do ato de execução.
Crimes a Distância
Possui dois tipos:
o Crimes de Espaço máximo (art. 70, CPP)
Nesse caso a conduta começa em um país, e o resultado é em outro. Sendo assim, o agente responde no lugar
onde foi praticado o último ato de execução.
Ex.: carta com gás tóxico é enviado do Brasil para uma pessoa na Argentina. Nesse caso, ele responde no
Brasil, onde ocorreu o último ato de execução.
Se ocorre o contrário, o crime é praticado em outro país, mas o resultado ocorre no Brasil, o foro competência
será onde o resultado ocorrerá.
o Crimes Plurilocais
A conduta começa em uma comarca e termina em outra, dentro do mesmo território nacional (exemplos da
exceção da Teoria do Resultado).
JURISDIÇÕES INCERTAS (art. 71, CPP33)
Essa regra visa dirimir dúvidas que existem entre jurisdições de comarcas distintas, ou porque não se sabe ao certo as linhas
divisórias, ou porque não se sabe ao certo onde o crime foi consumado.
Quando houver esse tipo de dúvida, utilizar-se-á o critério de prevenção, ou seja, será competente a comarca do juiz que pri-
meiro tomou conhecimento da ocorrência do crime, e não o que primeiro receber a Ação Penal (ATENÇÃO).
A prevenção é um critério de competência relativa para desempatar a competência territorial.
CRIMES PERMAMENTES E CONTINUADOS
São crimes cuja consumação se arrasta pelo tempo:
a. Permanentes
Crime de tráfico, onde o traficante varia entre comarcas cometendo o crime.
b. Crime Continuado
Ladrão de toca fitas em vários lugares diferentes.
32 Art. 70, CPP - A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último
ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia
produzir seu resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
33 Art. 71, CPP - Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
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COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU – Foro Subsidiário
Quando não tiver conhecimento de nenhuma informação do lugar da infração, então, o critério a ser adotado é do art. 72, porém,
só será adotado se não souber o lugar da infração. Esse foro é chamado de Foro Subsidiário ou Secundário.
Mais de um domicílio
Nesse caso, o foro competente será o prevento.
Ausência de domicílio
A competência será do primeiro juiz que tomar conhecimento do caso.
Foro optativo da ação penal privada
É optativo apenas para o autor/querelante.
Ex.: crime de difamação cometido em SP, mas o ofendido é de Prudente. Ele poderá escolher onde irá ingressar com a
ação.
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COMPETÊNCIA DO JECRIM
Pode ocorrer de o réu, na Sala Secreta ter o crime desclassificado do júri para o JECRIM, sendo duas competências constituci-
onais, motivo que enseja a vedação de decisão sobre essa competência na Sala Secreta.
Nesse caso, nem os jurados e nem o juiz togado poderão julgar. Assim, o juiz deverá esperar o trânsito em julgado da decisão
dos julgados, para remeter ao JECRIM.
Se ocorre de haver uma vara especializada para violência doméstica, o crime que inicialmente foi submetido ao rito do júri, os
jurados poderão julgar o crime de violência doméstica, e não será remetido a vara especializada, visto que não se trata de competência
constitucional.
Pode acontecer de o juiz se julgar incompetente para julgar, e nesse caso, o juiz remeterá o processo para a instância superior,
para que se decida acerca do conflito de competência negativo, hipótese que Tourinho chama de “competência da competência”.
COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO (Art. 75, CPP34)
Quando há mais de um juiz na Comarca, igualmente competente para julga matéria criminal, sem haver qualquer distinção em
razão da natureza da infração, atinge-se o critério da fixação da competência por distribuição. Assim, através de um processo seletivo
casual, determinado pela sorte, escolhe-se o magistrado competente.
Em outras palavras, significa dizer que esse critério de fixação de competência ocorre dentro do mesmo foro/comarca, sendo que
o critério por distribuição é absoluto, pois visa atender o interesse da justiça, visando equilibrar o número de processos entre os juízes
da mesma comarca.
No processo penal, essa distribuição é feita, normalmente, pré-processualmente, ou seja, quando houver a necessidade de decisão
do magistrado a respeito de qualquer matéria atinente ao inquérito (que ainda não é processo), e para se decidir sobre essa questão do
inquérito, ele deverá ser distribuído no fórum. Essa distribuição previne o juízo (o torna prevento).
COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO (Art. 83 e Súmula 706, STF)
Ocorre quando a infração se espalhar por mais de um local, não se encontrando o domicílio do réu, inexistindo o critério da
natureza do delito, nem tampouco houver condições de se distribuir o feito, visto que magistrados estão em Comarcas diferentes, além
de não estar presente a conexão e a continência.
A distribuição pode gerar a prevenção, porém, enquanto a distribuição é intracomarca, o critério de prevenção é extraforo, visto
que a fixação pela prevenção se dá para desempatar o conflito de competência entre foros distintos;
Essa competência é relativa, visto que tem o fulcro de desempatar competência de cunho territorial, que é a única hipótese no
processo de penal de competência relativa.
CONEXÃO e CONTINÊNCIA
CONCEITO e FINALIDADE
Tratam-se de institutos que visam, como regra, à modificação da competência e não sua fixação inicial. Deste modo, tem-se
que a finalidade dos institutos, são, sobretudo:
Facilitar a colheita de provas;
Fomentar a economia processual, ou seja, que haja a prática de menos atos processuais com mais resultados deci-
sórios, bem como para;
Evitar decisões contraditórias.
São hipóteses em que a lei permite que a competência seja modificada.
Nesse sentido, os feitos conexos ou continentes serão julgados por apenas um juiz (in simultaneus processus).
34 Art. 75, CPP - A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa
prevenirá a da ação penal.
35 Art. 76, CPP - A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo
e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
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ii. Por Concurso de agentes
Vários agentes cometem crimes em momentos distintos e locais diversos, porém, existe um planejamento
e um liame subjetivo entre os agentes.
Ex.: dois sujeitos que se unem para prestação de auxílio mútuo: um furta um documento, o outro falsifica para, futura-
mente, tornar-se viável o estelionato por um terceiro.
iii. Por Reciprocidade
Os sujeitos ativos e passivos se confundem, ou seja, agentes que comentem crimes uns contra os outros.
Ex.: A desfere tiro em B, com a finalidade de mata-lo, possuindo B a mesma intenção no revide, onde nenhum dos dois
poderá falar em legítima defesa.
CONTINÊNCIA
Apenas um crime é cometido, onde está contida mais de uma pessoa, ou mais de um resultado lesivo, significa a hipótese de
um fato criminoso conter outros, tornando todos uma unidade indivisível.
Quer dizer que a continência é fundamental para a avaliação unificada dos fatos criminosos gerados por um ou mais autores.
Não teria, de fato, cabimento julgar os coautores em processos distintos, visto que cometem o mesmo delito. O mesmo se diga doo
concurso formal, quando uma pessoa através de uma única ação, atinge mais de um resultado criminoso.
A continência poderá ser:
a. Por Cumulação Subjetiva (em razão do concurso de pessoas)
Crime praticado em concurso de agentes, onde vários agentes cometem vários fatos criminosos, desde que fique com-
provado que eles estavam em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser apurado.
Ex.: um segurou e o outro matou, ambos respondem em um só processo por continência subjetiva.
36§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária.
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III) Jurisdição Categorias Distintas
A jurisdição superior se sobrepõe à jurisdição inferior (critério de hierarquia), ou seja, foro por prerroga-
tiva de função absorve a primeira instância.
Ex.: o prefeito e seu assessor praticam crime eleitoral em continência, ambos serão julgados pelo TRE
(Súmula 704, STF37).
IV) Jurisdição Comum x Especial
A jurisdição especial sempre irá se sobrepor.
Existe exceção à essa regra, onde o STJ diz que a justiça federal se sobrepõe à justiça estadual (Súmula
122, STJ38). É exceção porque a justiça federal é justiça comum, porém, um pouco mais específica que a
justiça estadual.
2. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
Esse foro só pode ser criado por normas constitucionais (federal ou estadual). Lei infraconstitucional não pode constituir foro,
nem inovar, ampliando ou reduzindo foro.
37 Súmula 704, STF – “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro
por prerrogativa de função de um dos denunciados”.
38 Súmula 122, STJ – “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78,
II «a», do CPP”.
39 Art. 79, CPP - A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação”.
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O foro de prerrogativa é um desdobramento do Princípio da Hierarquia Administrativa do Estado, porque a hierarquia confere
uma possibilidade de se aprimorar as decisões, visando manter uma consonância desse princípio com a jurisdição.
Ainda visa preservar a isonomia, porque é destinado a quem está na função, e não para ex-ocupante de cargo, visto não se tratar
de herança política, como era na época da ditadura militar.
Quando se aplica esse foro, não se aplicar a fixação de competência em razão do local da infração porque tem um interesse
particular, ou seja, não importa onde o crime ocorreu, e sim a função exercida pela pessoa.
Só se aplica na seara criminal, não existindo foro cível, nem para improbidade ou infrações administrativas, sendo exclusiva-
mente criminal.
A súmula 451 do STF41 argumenta posicionando o instituto como violador da separação dos poderes.
O STF ainda determinou que o foro não poderá ser modificado nem mesmo por emenda.
Esse foro sofre uma interferência constitucional da especialização da jurisdição, que seria:
a. Justiça Eleitoral;
b. Justiça Federal;
c. Justiça Comum Estadual.
Nesses casos, teoricamente é possível IDC para federalizar foro por prerrogativa, desde que o prefeito, por exemplo, prati-
que crime que viole tratado internacional e o Estado se mantenha inerte, onde o PGR poderá requerer que o processo passe a tramitar
na Justiça Federal, e não na Justiça Estadual.
41 Súmula 451, STF – “A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional”.
42 Súmula 721, STF –“A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição
estadual”.
43 Art. 85, CPP – “Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade”.
44 Súmula 714, STF – “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por
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