Você está na página 1de 8

Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

Serviço Público Federal


Universidade Federal do Pará
Campus Universitário de Tucuruí
Faculdade de Engenharia Elétrica

Monitores:
André Bezerra de Araújo
Vanessa Menezes Ramos
Aluno: ________________________________________

Elementos de comando e Álgebra de Boole

1. Introdução
Um sistema de medida existe para dar informação acerca do valor físico de uma grandeza. O
conhecimento desse valor, o mais exato possível, é componente essencial na qualidade do sistema
de controle de um processo industrial. A grandeza que se pretende medir é geralmente denominada
variável do processo. Os diversos módulos que constituem uma implementação típica de um
sistema de controle são representada na Figura 1.

Figura 1 – Sistema de controlo industrial típico.

Os sistemas de medida e de controle tanto podem ser analógicos como digitais. Com a
utilização crescente dos microprocessadores a utilização de sistemas digitais é cada vez maior.
Existem diversos tipos de sensores, desde químicos a mecânicos passando pelos elétricos. É normal
um sistema de automação industrial ter um grande número de sistemas de medição. Os mais
comuns, por grau de utilização, estão representados na Figura 2, e os menos comuns estão
representados na Figura 3.

Figura 2 – Grandezas mais requeridas. Figura 3 – Grandezas menos requeridas.

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 1


Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

Existe também um conjunto de grandezas, que pela sua natureza, exige um processamento
analítico mais elaborado. A redução dos custos associados aos sistemas de processamento de sinal
faz com que estas grandezas sejam cada vez mais utilizadas nos processos industriais.

2. Terminologia
Os seguintes termos são definidos a compreensão:
 Analógico/contínuo – Estes termos sinônimos são usados para descrever informação que é
continua entre valores limites de um intervalo de tensões, correntes ou resistências. O valor
é não inteiro (real) com uma resolução (número de dígitos significativos) limitada apenas
pela tecnologia usada.
 Digital/discreto Estes termos sinônimos são utilizados para descrever informação que tem
um valor representativo de qualquer estado. Valores típicos são: „on/off‟, „Ok/Ko‟, „1/0‟,
„alto/baixo‟, etc.
 Input O termo input é usado para definir a entrada de fluxo de informação num sistema.
 Output O termo output é usado para definir a saída de fluxo de informação num sistema.

3. Dispositivos de Entrada e Sensores


São aqueles que emitem informações (sinais elétricos) ao sistema por meio de uma ação
muscular, mecânica, elétrica, eletrônica ou uma combinação entre elas.
Entre esses elementos, podemos citar: botoeiras, chaves fim de curso, sensores de
proximidade, sensores potenciométricos, pressostatos, termopares, termostatos, chaves de nível,
entre outros.
Sensores são dispositivos amplamente utilizados na automação industrial que transformam
variáveis físicas, como posição, velocidade, temperatura, nível, pH etc., em variáveis convenientes.
Se estas são elétricas, a informação propriamente dita pode estar associada a tensão ou a corrente; o
segundo caso é mais usual, porque implica um receptor de impedância baixa e, portanto, maior
imunidade a captação de ruídos eletromagnéticos.
Há sensores em que a amplitude do sinal elétrico de saída reproduz a amplitude do sinal de
entrada; são sensores de medição ou transdutores, fundamentais no campo do controle dinâmico
dos processos (realimentação ou alimentação avante). Sua saída pode ser analógica ou digital.
Para automação o principal objetivo é comandar eventos, por exemplo, a chegada de um
objeto numa posição, um nível de um liquido a um valor etc. Suas saídas são binárias e é a esses
sensores que conferimos o nome de Sensores Discretos.
Entre os sensores discretos há duas grandes classes: de contato mecânico (entre o processo
e o processo) e sem contato, também denominados sensores de proximidade. Esta ultima classe é
mais importante, tanto pela flexibilidade na solução de problemas de instalação quanto pelo menor
desgaste de uso, o que significa maior confiabilidade.

3.1 Sensores Discretos

3.1.1 Sensores de contato mecânico


Nesses sensores, uma força entre o sensor e o objeto é necessária para efetuar a detecção do
objeto. Estes dispositivos tem um corpo reforçado, para suportar forças mecânicas decorrentes do
contato físico do contato com os objetos.
Chaves eletromagnéticas
Chaves eletromagnéticas são dispositivos primários para comunicar uma detecção de
eventos, seja uma intervenção do operador, seja um aviso de que um certo estado foi atingido por
alguma variável física do processo.

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 2


Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

Chaves manipuladas pelo Operador do processo


Botoeiras são chaves acionadas manualmente, constituídas por um botão, contato NA
(normal aberto) ou NF (normal fechado). Quando seu botão é pressionado, invertem seus contatos,
e quando este for solto, devido à ação de uma mola seus contatos voltam à posição inicial se for do
tipo pulsante e, do tipo permanente os contatos permanecem na posição acionada.
Chaves seletoras são as que incorporam uma operação e um mecanismo de chaveamento que
apresentam varias posições.
Chaves-limite ou de Fim de Curso
São usadas para detectar a posição de objetos ou materiais. São chaves acionadas
mecanicamente, por meio de um rolete mecânico, ou gatilho (rolete escamoteável), fazendo com
que seus contatos sejam invertidos ao serem acionadas. Geralmente são posicionadas no decorrer do
percurso de cabeçotes de máquinas, ou hastes de cilindros.

Também são sensores de contato mecânicos muito usados:


 Chaves de nível;
 Chaves de fluxo;
 Chaves de pressão;
 Chaves de temperatura.

3.1.2 Sensores de proximidade


Operam com vários princípios físicos e podem detectar a proximidade, a presença ou a
passagem de corpos sólidos, líquidos ou gasosos. São geralmente eletroeletrônicos e, por
conseguinte, pouco sensíveis a vibrações mecânicas. Os principais são:
Sensores indutivos
Usam correntes indutivas por campos magnéticos com o objetivo de detectar objetos
metálicos por perto. Os sensores indutivos utilizam uma bobina (indutância) para gerar um campo
magnético de alta frequência.

Figura 4 - Sensor indutivo e simbologia.


Sensores capacitivos
São similares aos sensores indutivos. Sua principal diferença é que o sensor capacitivo
produz um campo eletrostático, em lugar do campo magnético. Os sensores discretos capacitivos
podem detectar objetos metálicos e não metálicos, como papel, vidro, líquidos e tecidos, a
distâncias de ate alguns centímetros.
Sensores óticos
São sensores que funcionam segundo o princípio de emissão e irradiação infravermelha.
 Ótico por barreira
Sensor no qual possui um elemento emissor de irradiação infravermelha, montado em frente
a um receptor em uma distância pré-determinada. É acionado quando ocorre uma interrupção da
irradiação por qualquer objeto, pois esta deixará de atingir o elemento receptor.

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 3


Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

Figura 5 - Sensor ótico por barreira e simbologia.


 Ótico por difusão
Sensor no qual o emissor e o receptor estão montados em um mesmo conjunto. É acionado
quando os raios infravermelhos emitidos refletem sobre a superfície do objeto e retornam ao
receptor.
 Ótico por reflexão
Sensor parecido com o ótico por difusão, diferindo apenas no sistema ótico. Os raios
infravermelhos emitidos refletem em um espelho instalado frontalmente, e retornam ao receptor. É
acionado quando um objeto interrompe a reflexão de raios entre o espelho e o receptor.

Há ainda sensores:
 Reed;
 Com fibra ótica;
 Ultrassônicos;
 Hall; entre outros.

4. Dispositivos de saída e Atuadores


Recebem as informações (sinais elétricos) enviadas pelo sistema, com a finalidade de
auxiliar ou até mesmo realizar diretamente um trabalho elétrico, mecânico, pneumático ou
hidráulico em uma máquina ou processo industrial, ou apenas a fim de realizar sinalização visual ou
sonora aos operadores.
Entre esses elementos, podemos citar: relés, contatores, solenóides de válvulas, cilindros,
válvulas de controle proporcional, inversores de frequência, motores, entre outros.
Cilindros
Também conhecidos como atuadores pneumáticos ou hidráulicos, podem ser do tipo linear,
rotativo ou oscilante. Os mais comuns são os do tipo linear, que transformam a pressão do ar
comprimido ou do óleo, em movimento linear e força. Os tipos de cilindros lineares mais utilizados
são o de simples ação e o de dupla-ação.

Figura 6 - Cilindro e simbologia.


Válvulas direcionais
Para os cilindros pneumáticos e hidráulicos trabalharem, efetuando seu avanço e recuo, é
necessária a utilização de válvulas que permitam direcionar o fluxo de ar comprimido ou óleo para
dentro ou para fora do cilindro.
As válvulas direcionais são descritas pelo número de vias e posições que ele possui. As vias
são conexões de entrada, saída e escape de ar ou óleo, e as posições são a quantidade de manobras

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 4


Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

que a válvula permite realizar, como por exemplo, uma válvula de 2 vias e 2 posições, permite ora a
passagem de ar ora o bloqueio de ar da entrada para a saída.
As válvulas podem ser acionadas por comando manual, elétrico, pneumático ou mecânico.
Normalmente são utilizadas solenoides (bobinas eletromagnéticas) para a mudança de
posição da válvula, pois tem a vantagem de ser acionada a distância e com bastante segurança e
precisão.

Figura 7 - Válvulas direcionais e simbologia.


Motores elétricos
São equipamentos que, quando energizados, realizam movimentos giratórios de seu eixo,
que podem ser medidos em Rotações por minuto (Rpm).
Existem motores de diversos tipos e finalidades, variando de acordo com sua forma
construtiva e tipo de alimentação (tensão contínua ou alternada), consumo de corrente, etc.
São utilizados para inúmeras aplicações: movimentar e acionar esteiras, elevadores, bombas,
compressores, partes móveis de máquinas, robôs, misturadores, ventiladores, furadeiras, bem como
sua utilização já bastante difundida na área de eletrodomésticos, automóveis, aviões, etc.

Relés e Contatores
Relés são chaves composta de vários contatos, acionadas por bobinas eletromagnéticas. São
utilizados para comando, sinalização e intertravamento de circuitos elétricos.
Quando a bobina é energizada, os contatos NA (normal aberto) fecham e os contatos NF
(normal fechado) abrem, permitindo ou interrompendo a passagem de corrente elétrica por eles.
Quando a bobina é desenergizada, uma mola retorna os contatos à posição original.
Os contatores apresentam as mesmas características dos relés, porém seus contatos são
dimensionados para suportarem correntes mais elevadas, permitindo assim sua utilização no
acionamento direto de motores.

Disjuntores
Os disjuntores também estão presentes em algumas instalações residenciais, embora sejam
menos comuns do que os fusíveis. Sua aplicação determinadas vezes interfere com a aplicação dos
fusíveis, pois são elementos que também se destinam a proteção do circuito contra correntes de
curto-circuito. Em alguns casos, quando há o elemento térmico os disjuntores também podem se
destinar a proteção contra correntes de sobrecarga.
A corrente de sobrecarga pode ser causada por uma súbita elevação na carga mecânica, ou
mesmo pela operação do motor em determinados ambientes fabris, onde a temperatura é elevada.
A vantagem dos disjuntores é que permitem a re-ligação do sistema após a ocorrência da
elevação da corrente, enquanto os fusíveis devem ser substituídos antes de uma nova operação.
Para a proteção contra a sobrecarga existe um elemento térmico (bi-metálico). Para a
proteção contra curto-circuito existe um elemento magnético.

Relé Térmico ou de Sobrecarga


Antigamente a proteção contra corrente de sobrecarga era feita por um elemento separado
denominado de relé térmico. Este elemento é composto por uma junta bimetálica que se dilatava na
presença de uma corrente acima da nominal por um período de tempo longo. Atualmente os
disjuntores englobam esta função e sendo assim os relés de sobrecarga caíram em desuso.

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 5


Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

Relés Temporizador
Os Relés temporizadores são dispositivos eletrônicos que permitem, em função de tempos
ajustados, comutar um sinal de saída de acordo com a sua função. Muito utilizados em automação
de máquinas e processos industriais como partidas de motores, quadros de comando, fornos
industriais, injetoras, entre outros. Possui eletrônica digital que proporciona elevada precisão,
repetibilidade e imunidade a ruídos.

5. Simbologia gráfica
Símbolo Descrição Símbolo Descrição

6. Álgebra de Boole

6.1 Função lógica

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 6


Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

George Boole (1814-1864) foi um matemático e filósofo britânico que desenvolveu no


século XIX a álgebra necessária à investigação das leis fundamentais das operações da mente
humana ligadas ao raciocínio, base da atual aritmética computacional.
A álgebra de Boole utiliza-se de dois estados lógicos, que são 0 (zero) e 1(um), os quais,
como se vê, mantém relação íntima com o sistema binário de numeração. As variáveis booleanas,
representadas por letras, só poderão assumir estes dois estados: 0 ou 1, que aqui não significam
quantidades.
O estado lógico “0” representa um contato aberto, uma bobina desenergizada, uma transistor
que não está em condução, etc.; ao passo que o estado lógico 1 representa um contato fechado, uma
bobina energizada, um transistor em condução, etc.

6.2 Postulados e Teoremas


Toda a teoria de Boole está fundamentada nos postulados e teoremas representados a seguir:

6.3 Portas Lógicas

Operador “AND”
Equação Algébrica Tabela Verdade

F=A.B

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 7


Tópico II: Elementos de comando e Álgebra de Boole

Operador “OR”
Equação Algébrica Tabela Verdade

F=A+B

Operador “NOT”
Equação Algébrica Tabela Verdade

F=

Operador “NAND”
Equação Algébrica Tabela Verdade

F=

Operador “NOR”
Equação Algébrica Tabela Verdade

F=

Operador “XOR”
Equação Algébrica Tabela Verdade

Semana de Engenharia 2011 – Minicurso de Automação Industrial 8

Você também pode gostar