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Dia 04/02/2016
Questão 1 – Por que se diz que o homem é um animal político?
R: O ser humano necessariamente vive em sociedade, ou seja, é um ser gregário por natureza
e, por via de consequência, surgirão conflitos de interesses entre eles.
Dia 05/02/2016
Questão 1 – Conflitando uma norma constitucional e a Lei Federal 13.105 (NCPC), qual
prevalece?
R: Em relação à legislação infraconstitucional, há a LINDB, que em seu artigo 2º soluciona
expressamente o conflito de normas ou antinomias, mas tão somente entre leis, ou seja, não
soluciona o conflito com a Constituição Federal. Igualmente, a Lei 9.868 que regula o
procedimento da ADIN nada diz sobre a prevalência ou superioridade da norma constitucional.
O NCPC em seu artigo 1º inova ao declarar a superioridade da norma constitucional ao assegurar
que “o processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado de acordo com as normas e
valores da Constituição Federal”. OBS: O artigo 1º NCPC conflita expressamente com o inciso I
do artigo 109 da Constituição Federal, uma vez que inclui na competência da Justiça Federal as
ações que tenham como parte as Fundações Públicas, ou seja, incluiu ente na Justiça Federal
que a Constituição excluiu. Portanto, num primeiro momento peca pela inconstitucionalidade.
Questão 2 – O Juiz pode iniciar um processo de ofício?
R: De acordo com a primeira parte do artigo 2º, vigora o princípio da inércia do dispositivo/da
demanda, segundo o qual o processo cível começa por iniciativa da parte, e, portanto, não cabe
ao Magistrado inicia-lo de ofício ou sem pedido de uma das partes. OBS 1: O ato concreto que
autoriza ao Magistrado o início do processo é o protocolo da Petição Inicial, nos termos dos
artigos 312 e 319. OBS 2: A razão de ser do princípio da inércia é para que o Magistrado
mantenha sua imparcialidade. OBS 3: Excepcionalmente, nos casos expressos em Lei, nos
termos da segunda parte do artigo 2º, o Juiz poderá iniciar de ofício o processo, assim como
permite no início do inventário, nos termos do artigo 989 do antigo CPC.
Dia 11/02/2016
Questão 1 – O artigo 4º do CPC, o inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal e o artigo
8º da Convenção Americana de Direitos Humanos estabelecem o princípio da duração razoável
do processo. Pergunta-se: Qual a consequência para o Magistrado que extrapola tal prazo
razoável para julgar?
R: Pela alínea e do artigo 93 da Constituição Federal, o Magistrado que extrapolar o prazo
razoável perderá o direito à promoção. A consequência prática do Magistrado que extrapola é
que autoriza a parte prejudicada a formalizar reclamação perante à Ouvidoria do Tribunal na
qual está vinculado o Magistrado, e, se a reclamação for acolhida, o processo passa a ter
prioridade de julgamento, assim como as pessoas elencadas no artigo 1.068, tais como idosos,
portadores de necessidades graves e processos regidos pelo ECA. OBS: O artigo 4º do CPC não
estabelece o lapso temporal que considera como prazo razoável e o CNJ, que fiscaliza os
julgamentos do Judiciário, ainda não estabeleceu um prazo que entende como razoável, no
entanto parece correto pensar que prazo razoável para julgamento seja de 3 a 6 meses a contar
da conclusão. OBS 2: Artigo 6º do CPC corrobora a celeridade processual, no entanto, assegura
a segurança jurídica ao impor uma decisão de mérito justa e efetiva.
Questão 2 – O artigo 5º do CPC impõe aos participantes do processo que ajam dentro da boa-fé.
Pergunta-se: Quando ocorrerá a má-fé processual?
R: O legislador no artigo 80 estabeleceu várias condutas que considera de má-fé processual, p.
ex. alterar a verdade dos fatos, impor resistência injustificada no processo, interpor recursos
protelatórios, etc. OBS: Quem estiver na má-fé processual ficará sujeito ao pagamento de multa
superior a 1% e inferior 10% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 81 do CPC.
OBS 2: Se o valor da causa for irrisório ou de pouca monta, a multa poderá ser fixada ao
correspondente até dez vezes o valor do salário mínimo. OBS 3: A multa por má-fé processual
não pode ser aplicada ao advogado. Nesta hipótese, o Magistrado deverá enviar cópia do
processo à OAB para que ela tome as providências administrativas de acordo com o seu Código
de Ética em face do advogado que pratica a conduta considerada de má-fé processual.
Dia 18/02/2016
Questão 1 – O Juiz tem liberdade para decidir de acordo com a sua livre convicção?
R: O artigo 8º do NCPC, numa primeira leitura, libera cada Juiz para que decida de acordo com
sua livre convicção, ou seja, parece permitir tal discricionariedade judicial (cada Juiz decide de
forma livre). Uma vez que o artigo 8º dispõe que cabe ao magistrado, “ao aplicar o ordenamento
jurídico, atender os fins sociais e as exigências do bem comum, promovendo: a dignidade
humana; a proporcionalidade; a razoabilidade; a legalidade; a publicidade; e a eficiência”. O
artigo 8º é corroborado com o artigo 371 que permite ao Juiz julgar por seu livre convencimento
desde que de acordo com os elementos dos autos. OBS 1: Os artigos 8º e 371 devem ser
interpretados em conjunto com os dispositivos que refletem a ideologia do NCPC, ou seja, ele
busca preservar a segurança jurídica, que as decisões sejam uniformes a respeito de uma mesma
questão. P. ex., o artigo 926 assevera “que os Tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e
mantê-la estável, íntegra e coerente” e isso ocorrerá com a edição de súmulas que vincularão
todos os Juízes de tal Tribunal. Igualmente, o artigo 927 impõe que o Juízes e Tribunais locais
obedeçam às jurisprudências do STF e do STJ. OBS 2: Assim sendo da interpretação conjunta ou
sistemática do artigo 8º, do artigo 371, do artigo 926 e do artigo 927, podemos concluir que o
Juiz poderá julgar por seu livre convencimento desde que a questão não esteja pacificada pelos
Tribunais. OBS 3: O CPC trouxe instituto inovador voltado ao julgamento das ações em massa,
denominado “incidente de resolução de demandas repetitivas”, que vem disciplinado nos
artigos 976 e seguintes. Por esse instituto, havendo repetição de processos de uma mesma
questão (inciso I, artigo 976), qualquer pessoa legitimada no artigo 977 poderá requerer ao
Presidente do Tribunal para que inicie o procedimento nos termos do artigo 978, para que haja
suspensão de todas as ações que tenham a mesma questão até que o Tribunal publique a
decisão a ser adotada pelos demais Magistrados em relação a todas as ações.
Dia 19/02/2016
Questão 1 – O que mudou em relação à garantia constitucional do contraditório do inciso LV do
art. 5º da CF em relação ao NCPC?
R: O CPC de 1973 pelo § 3º do art. 267 e pelo § 4º do art. 301 permite que o Juiz, quando das
matérias de ordem pública, as declare de ofício (sem pedido das partes) e de pronto as declara
sem intimar previamente as partes para se manifestarem sobre elas. P. ex.: O Juiz, ao proferir a
sentença, apesar de o réu não trazido esse pedido na Contestação, reconhece que a pretensão
do autor está fulminada pela prescrição, o que autoriza ao Juiz extinguir o processo de imediato.
Pelo NCPC, o art. 9º proíbe que “o Juiz profira decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida” e pelo art. 10, ainda que se trate de matérias de ordem pública, ou seja,
de decisão a ser tomada pelo Juiz imposta em Lei. P. ex.: havendo incompetência absoluta, o §
1º do art. 64 impõe que o Juiz remeta o processo ao juízo competente. OBS 1: Em relação à
mitigação ou não dos artigos 9º e 10 do NCPC, há um verdadeiro dissenso entre os juristas. Isso
porque parte deles, em sua maioria composta pelos magistrados, entende pela não aplicação
desses artigos quando a oitiva da parte não puder influenciar a solução da causa, como ocorre
com as matérias de ordem pública, cujas definições são definidas por Lei, que não poderão ser
revogadas por simples argumentação da parte, mas sim e tão somente por outra Lei, nos termos
do art. 2º da LINDB. Este entendimento dos magistrados está materializado nos Enunciados 3 e
4 do Fórum Nacional de Aperfeiçoamento dos Magistrados. Já a outra corrente dos juristas
defende que os artigos 9º e 10 não poderão ser mitigados e deverão ser aplicados ainda que se
trate de matéria de ordem pública. Este entendimento está materializado nos Enunciados 108,
109 e 235 do Fórum Permanente de Processualistas Cíveis. OBS 2: O parágrafo único do art. 9º
do NCPC traz hipóteses que autorizam legalmente ao Juiz profira decisão sem a prévia oitiva da
parte prejudicada. Uma das hipóteses, logicamente, refere-se à concessão de liminares.
Dia 25/02/2016
Questão 1 – O art. 652 do Código Civil permite a prisão civil do depositário infiel. O art. 7º da
Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) e o art. 11 do
Tratado Internacional de Direitos Civis e Políticos permitem a prisão civil somente do devedor de
alimentos. Pergunta-se: a prisão do depositário infiel é ilegal no Brasil?
R: Pelo art. 13 do NCPC, o Tratado Internacional prevalece sobre a Lei Federal Brasileira. E mais:
a prisão do depositário infiel é ilegal nos termos da Súmula Vinculante do STF que revogou a
Súmula 619 do mesmo Tribunal. OBS 1: O art. 13 do NCPC positivou entendimento do STF de
que os Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados pelo Brasil, sem que sejam pelo
quórum qualificado do § 3º do art. 5º da CF, têm status de lei supralegal, ou seja, está acima das
leis brasileiras e abaixo da Constituição Federal. Este entendimento pode ser visto em: RE
466343, HC 95967 – STF. OBS 2: Se o Tratado Internacional de Direitos Humanos for aprovado
pelo quórum qualificado do § 3º do art. 5º da CF, ele terá hierarquia equiparada à emenda
constitucional (norma constitucional). Não temos nenhum tratado aprovado nesta última
hipótese. OBS 3: O Tratado Internacional que não seja de Direitos Humanos terá hierarquia de
Lei Ordinária. Em conflito com outra Lei Ordinária, prevalecerá o Trato Internacional em razão
de sua especialidade, ou seja, a norma especial derroga a norma geral nos termos do § 2º do
art. 2º da LINDB. Por esta razão a redação do art. 98 do Código Tributário Nacional afirma
expressamente que os tratados internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna.
Dia 26/02/2016
Questão 1 – O NPCP, no art. 1.015, somente permite a interposição do Recurso de Agravo de
Instrumento nas hipóteses taxativas ali enumeradas. Com a entrada em vigor do NCPC, os
Agravos de Instrumento já interpostos que não se enquadrem nessas hipóteses do art. 1.015
deverão ser rejeitados pelo Tribunal?
R: Pelo art. 14, o NCPC não poderá retroagir e deverá respeitar os atos processuais já praticados,
ou seja, para os Agravos de Instrumento interpostos antes da entrada em vigor do NCPC, o seu
julgamento deverá observar as regras do CPC revogado. OBS 1: A afirmação de que o CPC de 73
será revogado não é absoluta, uma vez que ele continuará a ser aplicado em determinadas
situações, p. ex.: pelo § 1º do art. 1.046, o CPC de 73 continuará gerando efeitos para as ações
de rito sumário e as de rito especial propostas na vigência deste código e ainda não sentenciadas
quando da entrada em vigor do NCPC; pelo art. 1.047 e 1.052.
Dia 04/03/2016
Questão 1 – O artigo 17 traz os institutos da legitimidade e do interesse processual que integram
as condições da ação. O inciso VI do artigo 485 impõe ao Juiz a extinção do processo sem
resolução do mérito quando faltar quaisquer das condições da ação (legitimidade e interesse).
Pergunta-se: O artigo 485 é inconstitucional por violar o princípio do livre acesso ao judiciário?
R: NÃO. O livre acesso ao judiciário ou o direito de ação do inciso XXXV do artigo 5º da
Constituição Federal deve ser visto em dois planos, quais sejam plano constitucional e plano
processual. No plano constitucional, ele é incondicionado, ou seja, pode ser exercido sem
qualquer limite. No entanto, no plano processual, o direito de ação é condicionado às normas
processuais e decorre da garantia constitucional do devido processo legal. Em outros termos,
após a propositura de uma ação, não se fala mais em direito de ação incondicionado, mas sim
direito de ação que deve obedecer às restrições processuais.
Dia 10/03/2016
Questão 1 – O autor propôs ação com pedido de que o Juiz declare que o réu emprestou dinheiro
do autor e não pagou, ou seja, que simplesmente declare a existência de um crédito. O Juiz
extinguiu o processo por ausência de utilidade. O Juiz está correto?
R: Apesar da ausência de utilidade no mundo fático de uma pura e tão somente declaração da
existência ou inexistência de uma relação jurídica, os artigos 19 e 20 do CPC permitem a
propositura dessa ação sem que se fale em ausência de utilidade. Em outros termos, o CPC não
exige que o autor cumule o seu pedido declaratório com o condenatório. P. ex., pode o autor
propor ação para que o Juiz declare que o réu é o culpado pelo acidente de trânsito sem precisar
cumular o pedido de indenização pelos danos sofridos. OBS: Este entendimento pode ser visto
pelo conteúdo da Súmula 181 do STJ.
Dia 11/03/2016
Questão 1 – Quais as hipóteses de jurisdição concorrente?
R: As hipóteses estão previstas nos artigos 21 e 22 do CPC e, em sua maioria, referem-se a
pessoas envolvidas no fato residentes ou domiciliadas no Brasil. P. ex., pelo inciso I do artigo 21,
o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, se domiciliado no Brasil, a ação poderá tramitar no
território nacional ou no estrangeiro. Outro exemplo, pela alínea a do inciso I do artigo 22, a
ação de alimentos em que o credor tenha domicílio no Brasil é de jurisdição concorrente. Outro
exemplo, pelo inciso II do artigo 22, é de jurisdição concorrente a ação em relação a uma relação
de consumo em que o consumidor tenha residência no Brasil. OBS 1: Ainda que o credor de
alimentos resida no estrangeiro, será hipótese de jurisdição concorrente se o réu manter
vínculos no Brasil, nos termos da alínea b do inciso I do artigo 22. OBS 2: Ainda que nenhuma
das partes tenha residência no Brasil, permite-se pelo inciso II do artigo 21 que a ação tramite
no Brasil desde que o fato tenha ocorrido no território nacional.
Questão 2 – É sabido que pelo artigo 24 do CPC, em caso de jurisdição concorrente a ação pode
ser proposta tanto no Brasil quanto no país estrangeiro. Pensando na hipótese do estrangeiro de
férias no Brasil que teve relacionamento com uma brasileira, nascendo um filho desta relação.
O estrangeiro propôs ação em seu país de origem ação declaratória negativa de paternidade que
foi julgada procedente. O filho brasileiro propôs ação de investigação de paternidade no Brasil
que foi julgada procedente. Pensando em outra hipótese, na qual um brasileiro comprou produto
eletrônico em Miami. Ao chegar no Brasil, constatou que dentro da embalagem foram colocados
jornais ao invés do produto comprado. O consumidor, no Brasil, cancelou a compra pelo cartão
de crédito e, para evitar que seu nome fosse negativado, propôs ação declaratória de
inexistência de débitos que foi julgada procedente. A loja que vendeu o produto no país
estrangeiro propôs em seu país de origem ação de cobrança que foi julgada procedente.
Pergunta-se: qual das decisões prevalecem no Brasil?
R: É entendimento pacificado do STJ que prevalecerá a decisão judicial que primeiro transitar
em julgado. OBS: A sentença estrangeira, com base na alínea i do inciso I do artigo 105 do
Constituição Federal e no artigo 961 do CPC, somente transitará em julgado no Brasil após
homologação pelo STJ.
Dia 08/04/2016
No Brasil, a divisão de competências é trinitária:
Territorial/de Foro – corresponde a qual comarca deve ser direcionada a ação. OBS: A
competência territorial é ditada por Lei Federal. (Código de Processo Civil; Código de Defesa do
Consumidor - art. 6º e 101; e Estatuto do Idoso - art. 80):
a) Artigo 46 – Direitos reais móveis e direito pessoal (domicílio do réu; é residual/regra geral);
b) Artigo 47 – Direitos reais imóveis (onde está registrado o imóvel; se o imóvel está localizado em
mais de uma comarca, deve possuir registro em todas e a ação poderá ser proposta em qualquer
uma delas);
c) Artigo 48 – Herança (no último domicílio do de cujus, se for do réu);
d) Artigo 49 – Ausente (no foro de seu último domicílio, se for réu);
e) Artigo 50 – Incapaz (foro do representante ou assistente, se for réu);
f) Artigo 53 – I - Casamento/União Estável e II – Alimentos (foro do alimentando);
g) Artigo 63 – Foro de eleição.
Critérios: Competência absoluta (artigo 47, direitos reais imóveis; Estatuto do Idoso, idosos; e
CDC, consumidores) e competência relativa (todas as outras).
OBS: Em caso de conflito entre competências relativas, ganha a que estiver elencada no maior
artigo do CPC. Em caso de conflito entre competências absolutas, depende da interpretação do
Juiz.
Juízo/Vara – corresponde a qual vara deve ser direcionada a ação. OBS: A competência do juízo
é ditada por ato administrativo (resolução dos Tribunais). Em Mato Grosso do Sul (Resolução
221 do TJMS):
a) Direito Privado – Varas:
o De família (casamento, divórcio, etc.) – 04 varas;
o De sucessões – 01 vara;
o De infância e juventude (guarda, tutela, desconstituição do poder familiar, adoção – ECA; e
Estatuto do Idoso) – 02 varas;
o De falência, recuperação e insolvência (Lei 11.101/05) – 01 vara;
o Especial (nos contratos bancários, exceto seguro e facturing) – 04 varas;
o Residual (todo o resto) – 16 varas.
b) Direito Público – Varas:
o De execução fiscal (questões tributárias) – 02 varas, uma para lides com o município e outra com
o estado;
o De direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (ação civil pública, ação popular, ação
de improbidade administrativa, mandado de segurança coletivo) - 02 varas;
o De fazenda pública e registros públicos (assemelha-se à residual; mandado de injunção, habeas
data, mandado de segurança individual) – 04 varas.
Competência Jurisdicional
Questão 1 – Como pode ser dividida a competência?
R: A divisão é trinitária, ou seja, fatiada em:
a) JURISDICIONAL: responde a qual órgão jurisdicional/justiça deve ser direcionada a ação, quais
sejam Trabalhista, Eleitoral, Militar, Federal ou Estadual. OBS: A competência pode ser especial
(Trabalhista, Eleitoral ou Militar) ou comum (Estadual ou Federal). OBS 2: A competência
jurisdicional é ditada pela Constituição Federal (art. 44, CPC).
b) TERRITORIAL OU DE FORO: responde, dentro do órgão jurisdicional, a qual comarca deve ser
direcionada a ação. OBS: A competência territorial é ditada por Lei Federal.
c) JUÍZO OU VARA: responde, dentro do órgão jurisdicional de uma determinada comarca, a qual
vara deve ser direcionada a ação. OBS: A competência de juízo é ditada por ato administrativo
(Resolução dos Tribunais).
Questão 2 – Por que se diz que a competência da Justiça Estadual é subsidiária ou residual?
R: Pois as competências da Jurisdição Especial (art. 114, art. 121 e art. 124, CF/88) e Federal (art.
109 da CF/88) estão previstas expressamente na Constituição Federal. O que não se enquadrar
nestas hipóteses constitucionais será de competência da Justiça Estadual.
Questão 3 – Em relação à Justiça Trabalhista, pelo inciso I do art. 114 da Constituição Federal,
servidor público deve buscar seu adicional de função que foi cortado pelo Estado, por exemplo,
perante a Justiça do Trabalho?
R: De acordo com o inciso I a resposta é positiva. No entanto, foi proposta ação declaratória de
inconstitucionalidade, na qual foi deferida a liminar para afastar os seus efeitos, ou seja, os
servidores públicos devem demandar na Justiça Comum e não na Justiça do Trabalho. Eis o
acórdão do STF: “O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas
instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-
estatutária (STF, Tribunal Pleno, ADI 3395 MC/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 05/04/2006, p. DJ
10/11/2006)”.
Questão 4 – Em relação à Justiça Trabalhista, ação de indenização por dano moral de empregado
em face do empregador tendo por fundamento o assédio moral será demandada em qual
Justiça? E a ação de indenização por acidente de trabalho?
R: Antes da Emenda Constitucional 45/2004, estas ações eram de competência da Justiça
Estadual, porque nada tinham a ver com verbas trabalhistas (13º, férias, horas extras, CTPS,
etc.), tanto que se pede indenização fundada na teoria do ato ilícito do Código Civil (art. 186 e
art. 927) e não em regras de conduta da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (adicional, 13º
salário, férias, insalubridade, etc.). Com a referida Emenda Constitucional, houve modificação
da competência para a Justiça Laboral (inciso VI do art. 114 da CF/88), de forma que estas ações
são, desde então, de competência da Justiça do Trabalho.
Questão 9 – Ação possessória proposta por um particular em face do outro em terreno da União.
Qual justiça será competente para apreciar a ação?
R: Se, embora pertencendo o imóvel à União Federal, a ação de reintegração de posse é travada
entre partes sem prerrogativa de foro na Justiça Federal, sem que participe da relação
processual qualquer ente que desafie a incidência do artigo 109, inciso I da Constituição
brasileira, competente para julgar a causa é a Justiça Estadual (Superior Tribunal de Justiça.
Conflito de Competência n° 20.918/RJ. Ministro Relator Sálvio de Figueiredo)3.
Questão 10 – Ação de usucapião proposta por um particular contra outro particular em face de
terreno particular que faz fronteira com terreno da União. Qual justiça é competente?
R: A Justiça Federal é competente para o processo e julgamento da ação de usucapião, desde
que o bem usucapiendo confronte com imóvel da União autarquias ou empresas públicas
federais (Súmula n° 13 do extinto Tribunal Federal de Recursos). Isto ocorre porque, na ação de
usucapião serão intimados a participar do processo todos os confrontantes (vizinhos) da área
objeto de usucapião (art. 246, §3º do Código de Processo Civil). Assim, se a União é parte no
processo, a justiça competente para conhecer de matérias cujo processo contenha a União é a
federal, por força expressa do artigo 109, inciso I da CF/88.
Questão 11 – Adoção de criança indígena. Qual a jurisdição? Federal (inciso XI) ou Estadual?
R: Somente abre competência da Justiça Federal a discussão a respeito de “direitos” indígenas,
ou seja, que estejam ligados à existência de sua cultura e demais direitos assegurados na
Constituição Federal. Neste caso, não há direitos indígenas em jogo, de forma que não leva à
incidência do inciso XI do art. 109. Não sendo da Justiça Federal, então, será competência da
justiça subsidiária, que é a Estadual.
1
Alguns exemplos de autarquias no governo federal são o Banco Central (BC), as agências reguladoras,
o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e órgãos como o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
(CNPq) e também as universidades federais
2
Alguns exemplos de empresas públicas da União: Embrapa, BNDS, Furnas, Petrobras, ECT, Infraero.
3
No mesmo sentido a Súmula n° 14 do extinto Tribunal Federal de Recursos.
ao mandado de segurança. Assim, uma ação de indenização em face da Petrobrás (sociedade de
economia mista) deve ser proposta em face da Justiça Estadual.
Questão 14 – Quando um Juiz Estadual poderá julgar ações de competência da Justiça Federal?
R: O §3º do art. 109 da CF/88 permite mediante dois requisitos cumulativos: na comarca não há
Justiça Federal + Lei autorizando. É o que ocorre com os direitos previdenciários e com a
execução fiscal da União. OBS: Pelo §4º do art. 109 da CF/88, se a ação tramita na Justiça
Estadual por delegação da Justiça Federal, na hipótese do §3º do art. 109 da CF/88, o recurso
em face da decisão do Juiz Estadual não será julgado pelo Tribunal de Justiça - TJ (órgão de 2º
grau da Justiça Estadual), mas sim pelo Tribunal Regional Federal - TRF (órgão de 2º grau da
Justiça Federal).
Competência Territorial/Foro
Questão 1 – Como chegar à Comarca competente (competência territorial)?
R: O critério é de exclusão. Isso porque o CPC atrela pessoas e situações à determinada
comarcas. Por exemplo, art. 63 (foro de eleição – domicílio do réu), art. 53, I (casamento e união
estável – domicílio de quem tem a guarda de filhos menores – se não tiver filhos menores, o
último domicílio do casal; se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal, no foro
domicílio do réu), art. 53, II (alimentos – domicílio do alimentado), art. 48 (inventário, a partilha,
a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de
partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu no foro do domicílio do
autor da herança), art. 49 (ação em que o ausente for réu no foro do último domicílio), art. 50
(incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente), art. 47
(direitos reais sobre imóveis, será na comarca da situação da coisa, ou seja, onde o imóvel esteja
registrado); art. 46 (direito pessoal e direitos reais sobre móveis, proposta no domicílio do réu).
OBS: O art. 46 é subsidiário, ou seja, se o fato não se enquadrar nas hipóteses legais, é porque
a comarca será a do domicílio do réu (art. 46, CPC). OBS 2: Em relação à Justiça Federal (União
como autora ou ré), o §1º do art. 109 da CF/88 traz a competência territorial (exceção da regra
de que a competência legiferante sobre foro é de Lei Federal). Esta regra foi repetida no art. 51,
CPC. OBS: O CPC não se aplica à competência territorial de legislações especiais, uma vez que o
especial derroga o geral do art. 2º da LINDB, por exemplo, em relação ao consumidor (Lei n.
8078/90, art. 6º, VIII c/c art. 101, I) e idoso (Lei n. 10.741/2003, art. 80)4.
Questão 2 – Cite três particularidades da competência territorial do CPC (art. 46 até o art. 63)?
R: a) foro especificado somente se as pessoas forem rés (polo passivo), p. ex., art. 45, art. 49 e
art. 50 somente se aplicam se as pessoas ali descritas forem rés (v.g. se o incapaz propõe ação
de rescisão de contrato, o foro é o domicilio do réu, art. 46 e, não, o art. 50); b) o direito real
pode ser o art. 46 - bem móvel - e art. 47 - bem imóvel; c) ausente do art. 50 não se confunde
com a pessoa com domicílio ignorado (§2º do art. 46).
Questão 3 – Como solucionar a hipótese onde numa mesma ação haja dois dispositivos legais a
serem aplicados a respeito da comarca competente?
R: Há divisão da competência entre absoluta e relativa. Uma das consequências práticas é para
a solução do conflito da questão trazida para apreciação. Assim, se numa mesma ação, a ação
comportar a incidência de dois artigos a respeito da competência, a competência absoluta
prevalece sobre a relativa. OBS: São competências absolutas: art. 47 do CPC; b) consumidor
(domicílio do consumidor – lei n. 8.078/90, art. 6º, VIII e inciso I do art. 101) e, idoso (Lei 10.741,
art. 80). Os demais artigos do CPC são marcados por competência relativa. P. ex., ação de
reintegração de posse de uma fazenda (art. 47) invadida por um Incapaz (art. 50). Outro
exemplo: ação de revisão de contrato com foro de eleição (art. 63) com um consumidor (art. 6º,
VIII c/c art. 101, I do CDC). OBS 2: Já em caso de dois artigos de competência relativa, apesar
deste critério não resolver com de forma absoluta todas as hipóteses, os artigos maiores
prevalecem sobre os menores. P. ex., ação proposta por “A” em face de ausente (art. 49) e face
de um incapaz (art. 50). Prevalece o foro do art. 50, CPC.
Questão 5 – Ação de reintegração de posse de um imóvel rural situado em três comarcas. Qual
comarca competente?
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“As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá
competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a
competência originária dos Tribunais Superiores”.
R: Nesta hipótese, pela Lei de Registros Públicos, o registro deverá ser feito em todas as
Comarcas. Portanto, como não pode haver várias ações iguais (proíbe-se a litispendência – art.
337, §1º, §2º e §3º, CPC), o autor poderá escolher quaisquer delas.
Competência de Vara/Juízo
Questão 1 – Qual a divisão de competência de vara ou juízo no ‘âmbito cível’ das varas de Campo
Grande, trazida no art. 2º da Resolução n. 221?
R: Há divisão em direito privado e direito público. OBS: São varas de direito privado: família –
sucessões – infância e juventude – falência, recuperação e insolvência – competência especial e
cível residual. OBS 2: São varas de direito público: execução fiscal – difuso, coletivo e individual
homogêneo - fazenda pública e registros públicos.
2 – A parte final do artigo 42, ao remeter as partes à arbitragem, fere o princípio do livre acesso
ao judiciário ou princípio da inafastabilidade jurisdicional?
R: Este princípio vem positivado no artigo 3º do CPC e no inciso XXV do artigo 5º da Constituição
Federal, e prescreve que “Lei não poderá excluir de apreciação do poder judiciário lesão ou
ameaça à direito”. O referido princípio não foi violado pelo artigo 42, uma vez que não impõe
arbitragem, mas somente faculta sua utilização pelas partes. Tanto é verdade que o artigo 1º da
Lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem) estabelece que a Convenção de Arbitragem será trazida dentro
de um contrato e todo contrato pressupõe manifestação de vontade livre e consciente. Assim
sendo, não há violação ao princípio uma vez que as partes não são excluídas do judiciário, mas
sim as partes que, de comum acordo, excluem a solução do conflito entre elas do judiciário.
Questão 4 – Foi aprovada uma nova Lei que determina que as ações indenizatórias somente
poderão ser protocoladas na comarca onde ocorreu o dano. Com a entrada em vigor dessa Lei,
todas as ações indenizatórias deverão ser transferidas para a comarca em que ocorreu o fato?
R: Não modifica a competência, uma vez que o mesmo artigo 43 declara a irrelevância das
modificações de direito e o direito é a Lei.
06/05/2016
Questão 6 – Qual o entendimento do STJ em relação às exceções da perpetuação da jurisdição
ou estabilização da competência?
R: Conforme pode ser visto no RESP 1533268, o rol de exceções da estabilização da competência
é taxativo. OBS: O fato do rol ser taxativo não impede que haja outras hipóteses venham de
previsão legal. Em outros termos, se a Lei não diz, não será exceção. OBS 2: A consequência
prática do rol taxativo é que não se admite aplicação analógica.
Questão 7 – Quais as outras exceções além daquelas do artigo 43 do CPC que permitem a
modificação da competência?
R: O artigo 54 do CPC também permite a modificação de competência quando houver conexão
ou continência. OBS: Pelo CPC de 1973, o artigo 105 permitia expressamente que o Juiz prevento
declarasse a conexão e a continência de ofício. O CPC de 2015 não trouxe essa permissão
expressamente. Ocorre que o Juiz só poderá agir de ofício quando a Lei expressamente permitir
e, portanto, diante do novo CPC, a conexão e a continência deixaram de ser consideradas
matérias de ordem pública. OBS 2: A conexão ocorre quando duas ou mais ações tenham o
mesmo pedido ou mesma causa de pedir (mesmo fato ou mesma relação jurídica), p. ex., ação
de despejo por falta de pagamento e outra ação de consignação em pagamento de aluguéis.
Outro exemplo, várias ações propostas em razão de um mesmo acidente aéreo. Outro exemplo,
várias ações propostas em face de uma mesma cláusula de um mesmo contrato em massa. OBS
3: Pelo artigo 56 do CPC, continência ocorre quando há duas ou mais ações que tenham as
mesmas partes e causa de pedir, sendo o pedido de uma parte mais amplo que o outro. Ou seja,
há pluralidade de ações quando o pedido de uma ação também está contido em outra ação, p.
ex., numa ação se pede a nulidade do contrato e na outra ação se pede a nulidade de uma
cláusula desse mesmo contrato. OBS 4: A razão de ser da conexão e continência, com base no
§3º do artigo 55, é para evitar que existam decisões conflitantes ou contraditórias. E por essa
razão todas devem ser julgadas num mesmo juízo nos termos do artigo 58. OBS 5: O mesmo
juízo que julgará todas as ações é denominado como prevento e, pelo artigo 59, será prevento
o juízo da ação em que primeiro foi registrada ou distribuída. OBS 6: Se a razão de ser da conexão
e continência é para evitar decisões contraditórias, com razão o §1º do artigo 55 afasta os seus
efeitos se entre duas ações uma já foi julgada. OBS 7: Só há conexão e continência nos termos
do caput do artigo 54 se a competência for relativa. Em outros termos, não há modificação de
competência na competência absoluta e, portanto, não haverá aplicação do instituto se as ações
conexas tramitam em justiças diversas ou em varas diversas. OBS 8: Nos casos de competência
absoluta em que não se admite modificação de competência, para se evitar decisões
contraditórias, deve ser pedido ao magistrado de uma das ações a aplicação do artigo 313, V, a,
do CPC. Ou seja, pedir a suspensão de um dos processos até que o outro seja julgado.
12/05/2016
Questão 8 – Quais as exceções jurisprudenciais do STJ, não previstas em Lei, de modificações de
competência?
R: O STJ tem entendimento pacificado de modificação de competência em hipóteses outras além
daquelas dos artigos 43 e 54, tais como: a) conforme pode ser visto no STJ através do acórdão
proferido no conflito de competência (CC 114782), se em uma ação houver interesse de crianças
e adolescentes, como p. ex., ação de alimentos ou ação de guarda, se o menor, no curso do
processo, mudar de domicílio para outra comarca, o processo deverá ser transferido para esta
nova comarca por interpretação do artigo 1º que trata do princípio da proteção integral da
criança e do adolescente e do artigo 147 da Lei 8.069/90 – ECA; b) pelo inciso II do artigo 516, a
execução de alimentos deve ser proposta perante a mesma vara em que tramitou a ação de
alimentos. Contudo, o STJ entende que se, quando da execução, o alimentando menor mudar
seu domicílio para outra comarca, a execução poderá ser proposta nesta nova comarca.
Questão 2 – Nos termos do artigo 61, a ação acessória será proposta no juízo competente da
ação principal. Pergunta-se: o que é ação acessória?
R: A ação acessória é a ação que decorre, necessariamente, de uma ação principal. Em outros
termos, se não houvesse ação principal, não nasceria a ação acessória. P. ex., somente nasce
uma ação de exoneração ou modificação de alimentos se há uma ação de alimentos e, portanto,
ação principal. Assim sendo, a ação acessória de exoneração ou modificação de alimentos
deverá ser proposta perante o mesmo juízo no qual tramitou a ação de alimentos. Outro
exemplo, numa determinada ação que tramita na 1ª Vara Cível da Capital, foi homologado
acordo pelo Juiz, por sentença. Uma das partes propôs ação anulatória para desconstituir o
acordo judicial sob o fundamento de que somente assinou por coação. Como essa ação
anulatória do § 4º do artigo 966 do CPC decorre da ação na qual o acordo foi homologado, então
é ação acessória que deverá tramitar perante o mesmo juízo da ação principal. Outro exemplo,
se em um processo de execução foi penhorado um bem de um terceiro, ou seja, a penhora
recaiu sobre bem que não é de propriedade do devedor executado. Nesta hipótese, a forma
processual para livrar da penhora um bem de terceiro é chamada de embargos de terceiro,
prevista no artigo 674 do CPC, e, com base no artigo 676 do CPC e por ser ação acessória, será
distribuída por dependência ao juízo da execução. Em poucas palavras, no juízo em que tramitou
a ação principal, deverá tramitar a ação acessória.
5
A razão de ser da citação de cônjuge por dívidas do outros é que a responsabilidade entre os cônjuges
em relação às despesas familiares é ‘solidária’, por regra expressa do art. 1.643 e art. 1.644 do Código
Civil. Portanto, se um cônjuge realiza empréstimo de grande vulto, a dívida também é do outro (cônjuge
inocente), ainda que não saiba ou não tenha concordado com o empréstimo. Observação: a forma de o
cônjuge inocente ser afastado da responsabilidade pelo débito realizado pelo outro é dele provar que os
valores não reverteram em benefício da família.
6
Cinge-se a controvérsia a saber se o regime de separação total dos bens, estabelecido em pacto
antenupcial, retira do cônjuge sobrevivente a condição de herdeiro necessário, prevista nos artigos 1.829,
III, 1.838 e 1.845 do Código Civil, ou seja, quando não há concorrência com descendentes ou ascendentes
do autor da herança. 2. Na hipótese do art. 1.829, III, do Código Civil de 2002, o cônjuge sobrevivente é
considerado herdeiro necessário independentemente do regime de bens de seu casamento com o
falecido. 3. O cônjuge herdeiro necessário é aquele que, quando da morte do autor da herança, mantinha
o vínculo de casamento, não estava separado judicialmente ou não estava separado de fato há mais de 2
(dois) anos, salvo, nesta última hipótese, se comprovar que a separação de fato se deu por impossibilidade
de convivência, sem culpa do cônjuge sobrevivente. 4. O pacto antenupcial que estabelece o regime de
separação total somente dispõe acerca da incomunicabilidade de bens e o seu modo de administração no
curso do casamento, não produzindo efeitos após a morte por inexistir no ordenamento pátrio previsão
de ultra-atividade do regime patrimonial apta a emprestar eficácia póstuma ao regime matrimonial. 5. O
fato gerador no direito sucessório é a morte de um dos cônjuges e não, como cediço no direito de família,
a vida em comum. As situações, porquanto distintas, não comportam tratamento homogêneo, à luz do
princípio da especificidade, motivo pelo qual a intransmissibilidade patrimonial não se perpetua post
o casamento e deixa de existir o pacto antenupcial que somente regula a divisão de bens entre
os cônjuges vivos, ou seja, com o fim do casamento pelo divórcio. Portanto, com a morte de um
deles, o cônjuge sobrevivente passa a ser herdeiro necessário e o caso se rege pelo direito
sucessório, por interpretação do inciso III do artigo 1.829 e do artigo 1.838 do CC. O que se está
a dizer é que o cônjuge, ainda que sob o regime da separação absoluta de bens, é
potencial/possível meeiro do bem discutido nos autos ocorrendo o evento morte da parte. OBS
4: Se o cônjuge, sem justo motivo, negar o consentimento do caput do artigo 73, pelo artigo 74
do CPC ele poderá ser suprido judicialmente, ou seja, a decisão do juiz valerá como
consentimento. Em outros termos: Nesta hipótese, o consentimento depende de ação judicial.
Questão 4 – É certo que há pessoas que, naturalmente, não têm personalidade jurídica. No
entanto, a Lei lhes dá capacidade de serem partes que defendam interesses de quem eles
representam. Pergunta-se: Qual a exigência processual destas pessoas sem personalidade
jurídica demandarem em juízo?
R: Apesar da inexistência de personalidade jurídica, o CPC permite que elas estejam em juízo,
desde que representadas. Eis o artigo 75 do CPC: “Serão representados em juízo, ativa e
passivamente: I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão
vinculado; II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; III - o Município, por seu
prefeito ou procurador; IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a Lei do ente
federado designar; V - a massa falida, pelo administrador judicial; VI - a herança jacente ou
vacante, por seu curador; VII - o espólio7, pelo inventariante; VIII - a pessoa jurídica, por quem
os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus
diretores; IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem
personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; X - a pessoa
jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou
sucursal aberta ou instalada no Brasil; XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico”. OBS:
Em relação ao inciso I, II e III, o diferencial na representação da pessoa jurídica de direito público
interno é que, em relação ao Município, o Chefe do Executivo (Prefeito) pode representar o ente
federativo. Portanto, poderá receber citações das ações propostas em face do ente municipal.
Igualmente, poderá propor ação em nome do Município, desde que tenha capacidade
postulatória. O Governador e Presidente da República, se forem citados pessoalmente de ações
propostas em face do Estado ou União, as citações serão nulas, por violação ao artigo 73, I e II,
uma vez que representados tão somente por seus procuradores jurídicos. OBS 2: Na hipótese
do inciso I, II, III e VI, “os representantes não prescindem de juntada de procuração, uma vez
mortem (REsp 1294404/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
20/10/2015, DJe 29/10/2015).
7
No que tange ao conceito de espólio ou herança, vale conferir a melhor doutrina: “o espolio, também
chamado herança, é o conjunto de bens, direitos e obrigações, de uma pessoa após a sua morte, e
enquanto não distribuídos a seus herdeiros e sucessores. Como simples universalidade de bens que é, o
espólio não tem personalidade jurídica, segundo o nosso direito. Mas o Código lhe dá capacidade de ser
parte, e apenas mudando o nome de herança para espólio (Bernardo Pimentel Souza. Execuções,
cautelares e embargos no processo de execução. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 46).
que a posse para o cargo de procurador jurídico lhe atribui por força de Lei a capacidade
postulatória”. Corrobora o Enunciado 644 do STF. OBS 3: Em relação ao inciso VII: para o
processo de conhecimento, a legitimidade para a defesa dos bens da herança não é somente do
inventariante, mas também, de todos os herdeiros. Portanto, sendo invadida a fazenda que
compõe o acervo patrimonial do espólio, qualquer um deles tem legitimidade para propor ação
para proteger a posse. Isso porque adquirem a propriedade em regime de condomínio no
momento da morte (artigo 1.784 e parágrafo único do artigo 1.791, ambos do CC). Em outros
termos: A representação somente do espólio ocorre apenas para o processo de execução, por
interpretação o inciso II do artigo 794 do CPC. P. ex., se há condenação de indenização do autor
antes da execução da sentença indenizatória e ele vem a falecer. A execução somente poderá
ser proposta pelo espólio mediante a representação do inventariante. OBS 4: Em relação ao
inciso XI, o condomínio será representado pelo síndico ou pelo administrador e, portanto,
documento indispensável para provar a representação é a juntada com a inicial da ata da
assembleia na qual houve a eleição. OBS 5: Em relação ao inciso XI, se houve lapso de tempo
entre o fim do mandato do síndico e a nova eleição, o síndico originário continua com
representação do condomínio, apesar do fim do mandato. OBS 6: Novidade do novo CPC foi o
§4º8.
Questão 5 - O juiz constatou incapacidade processual. P. ex., que a ação de alimento está
proposta por relativamente incapaz sem assinatura do representante do artigo 71 do CPC ou de
ação com discussão sobre direitos reais sobre imóvel proposta por autor casado sem
consentimento do cônjuge do caput do artigo 73 do CPC. Pergunta-se: qual providencia a ser
adotada pelo magistrado?
R: É direito público subjetivo de as partes serem previamente intimadas para sanar o vício. Se o
juiz tomar as providências do §1º e do §2º do artigo 76 sem prévia intimação, a decisão contém
erro de forma do artigo 76 do CPC e violação à garantia constitucional do devido processo legal
do inciso LVII do artigo 5º da CF. Portanto, passível de reforma pela via recursal. OBS: Se o vício
não for sanado no prazo dado pelo juiz, então a consequência processual depende das situações
trazidas no artigo 76 do CPC. Depende se está em 1º grau de jurisdição (§1º) ou em 2º grau de
jurisdição (§2º). Em 1º grau de jurisdição depende se a omissão é do autor (inciso I) ou do réu
(inciso II). Em 2º grau de jurisdição se trata do recorrente/quem propôs o recurso (inciso I) ou
recorrido/contra quem o recurso foi interposto (inciso II). OBS 2: O prazo mencionado no artigo
76 é dilatório, ou seja, se o autor o praticar além do prazo entabulado pelo juiz e, ainda não
tomou as medidas do §1º e §2º, deverá ser aceita a correção além do prazo. Se fosse prazo
peremptório, caso praticado além do interregno previsto na Lei, isso importaria na extinção do
processo, porque o prazo peremptório não admite prorrogação. O prazo para defesa e para
recurso é peremptório.
8
Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato processual
por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas respectivas
procuradorias
Sucessão das Partes e dos Procuradores – 03/06/2016
Questão 1 – Foi proposta ação. No curso do processo o autor peticionou ao magistrado
pleiteando a substituição da parte. Isto é possível?
R: A regra geral pela primeira parte do artigo 108 do CPC (‘no curso do processo, somente é lícita
a sucessão voluntária das partes nos casos expressos em lei’) é que não se admite a substituição
das partes, no curso do processo. OBS: A segunda parte do artigo 108 do CPC traz a exceção,
consistente nos ‘casos expressos em lei’.
Questão 2 – Quais os casos expressos em lei que permitem a substituição das partes no curso do
processo?
R: Há duas exceções: a) artigo 110 do CPC – havendo morte de qualquer das partes dar-se-á a
sucessão. Isso porque deixa de ter personalidade jurídica e, portanto, devem ser substituídas
pelo espólio, que é quem, pelo inciso VII do artigo 75, defende os interesses da massa
patrimonial deixada pelo de cujus (herança). OBS: Quem representa o espólio pelo inciso VII do
artigo 75 é o inventariante. Assim sendo, quando do pedido de substituição da parte do processo
em razão de seu falecimento, deve ser juntado o termo de nomeação do peticionante como
inventariante ocorrido no processo de inventário e partilha. Esse documento é essencial para
comprovação da representação do inciso VII do artigo 75 do CPC. OBS 2: Pelo inciso I do artigo
313 do CPC, automaticamente e no exato momento da morte da parte ocorrerá a suspensão do
processo, até que haja a substituição, e os atos processuais ocorridos do momento do
falecimento até a substituição, em regra, serão nulos. OBS 3: Somente serão anulados os atos
praticados durante o prazo da suspensão se houver prejuízo ao espólio, pela regra do §1º do
artigo 282, do parágrafo único do artigo 283 do CPC e da aplicação do princípio da
instrumentalidade das formas dos artigos 188 e 277 do CPC. P. ex., se quando da sentença a
parte autora estava falecida, não se anulará a sentença se foi de procedência, ou seja, saiu
vencedora no processo. OBS 4: Há hipótese na qual a morte da parte não gerará a suspensão do
processo, mas sim a extinção do processo pelo inciso IX do artigo 485 do CPC (ação considerada
intransmissível). P. ex., se a parte pede medicamento por estar doente, a sua morte não gera a
continuidade da ação, mas sim a extinção, uma vez que o pedido de fármaco perdeu o objeto
(inutilidade). OBS 5: Aplica-se o artigo 110 do CPC no caso de extinção da pessoa jurídica, que
gerará a substituição pelos sócios. b) artigo 338 do CPC – se o réu, quando da contestação, alegar
que é parte ilegítima, será facultado ao autor a substituição do polo passivo.
Questão 3 – Foi proposta ação de usucapião em face de “A”. No curso do processo e, antevendo
que a sentença seria de procedência, alienou o bem usucapiendo para “B”. Nesta hipótese de
alienação de coisa litigiosa, poderá ser alterada a legitimidade de parte, ou seja, sairá o “A” e
entrará o “B”, no polo passivo?
R: A regra geral do caput do artigo 109 do CPC é que não haverá substituição da parte. OBS: O
dispositivo tem sua ontologia voltada para a efetividade e celeridade processual. Imagine que o
bem objeto do processo fosse alvo de sucessivas alienações. Se em todas elas fosse necessária
a alteração da parte do processo pelo novo comprador, com a abertura de instrução probatória,
haveria atraso interminável do processo. Inclusive, haveria estímulo para procrastinar o feito
mediante sucessivas vendas simuladas. OBS 2: Por este sistema processual, há irrelevância da
alienação do bem litigioso, porque o alienante será considerado substituto processual ou
legitimidade extraordinária (artigo 18, ‘in fine’). Ou seja, o alienante defenderá em nome próprio
o direito alheio (o do adquirente). OBS 3: Com base no §1º do artigo 109 do CPC, será permitida
a substituição, mas para que ela ocorra é necessário que o adquirente de coisa litigiosa (coisa
passa a ser litigiosa com a citação do réu) requeira a substituição, que depende de aceitação do
autor. Em outros termos: A substituição não é automática, mas sim, condicionada. OBS 4: Em
relação à forma do consentimento: Não precisa ser escrito e expresso. O silêncio pode ser
considerado como aceitação. Assim, se a parte é intimada para se manifestar sobre o pedido de
sucessão e nada diz é porque aceitou tacitamente. Inclusive, esta recusa deve ser justificada sob
pena de presumir a aceitação tácita. OBS 5: Se o autor não concordar com a substituição, então
o adquirente poderá intervir na qualidade de assistente litisconsorcial do alienante, nos termos
do §2º do artigo 109 do CPC. OBS 6: Pelo §3º do artigo 109, se o adquirente não pedir a sucessão
e não ingressar como assistente litisconsorcial, ainda assim será atingido pelos efeitos da decisão
e, portanto, ainda que não tenha sido parte perderá a propriedade pelo instituto da usucapião.
OBS 7: O que restará para o adquirente que perdeu a propriedade por decisão judicial é buscar
indenização por perdas e danos em ação de regresso em face do alienante, pelo instituto da
evicção.
QUESTÕES EXTRASSALA
Questão extrassala – Qual a diferença entre heterocomposição e arbitragem? (Respondida pela
aluna Renata Daniele de Almeida em 03/03/2016)
R:
Questão extrassala – Por que se diz que a heterocomposição é subsidiária? (Respondida pelo
aluno Laerson Almeida Pereira em 11/03/2016)
R:
Questão extrassala – Quais normas constitucionais foram inseridas explicitamente no NCPC?
(Respondida pela aluna Neide Heloísa dos Santos Sampaio Rocha em 03/03/2016)
R:
Questão extrassala – Pelo princípio da inércia, dentro de um processo, o Juiz pode, de ofício,
conceder algum pedido? (Respondida pelo aluno Lincoln Augusto R. Fernandes em 03/03/2016)
R:
Questão extrassala – Em qual situação o STJ, de forma excepcional, tem determinado a
prevalência do Código de Defesa do Consumidor sobre Tratado Internacional? (Respondida pela
aluna Neide Heloísa dos Santos Sampaio Rocha em 08/04/2016)
R: RESP 1289629, Convenção de Varsóvia
Questão extrassala – Consumidor teve financiamento bancário negado por alegação
desfavorável do Gerente do banco em relação a sua nota de risco de crédito baseada em
informações repassadas de empresa prestadora de serviços “Credit Scoring”. Pergunta-se: a
ação de danos morais a ser proposta pelo autor será contra o banco que negou crédito ou contra
a empresa que emitiu informações errôneas em relação a sua nota de crédito?
R: RESP 1419697
Questão extrassala – A negativa de cirurgia pelo SUS gera responsabilidade de qual ente
federativo?
R: AGRG no RESP 1104353
Questão extrassala – Sabido que o artigo 134 do Código de Trânsito Brasileiro traz a
responsabilidade solidária entre o alienante do veículo e o adquirente pelas multas de trânsito,
se não houver a comunicação ao órgão competente (DETRAN) da transferência. Pergunta-se: em
face dessa responsabilidade solidária, o Estado tem legitimidade para cobrar também o IPVA?
(Respondida pela aluna Renata Daniele de Almeida em 11/03/2016)
R: AGRG no RESP 1528438
Questão extrassala – Vazamento de gasolina em posto de combustível em razão de tanque
defeituoso. Pergunta-se: quem é responsável por este dano ambiental?
R: RESP 1363107
Questão extrassala – Ação de indenização por acidente de trânsito proposta somente em face
do proprietário do veículo causador do acidente que não é quem estava dirigindo no dia do fato.
Pergunta-se: há ilegitimidade?
R: AGRG no ARESP 787941
Questão extrassala – Se a criança tem os pais no exercício do poder familiar e a Defensoria
Pública Estadual está estruturada, haverá legitimidade do MP na propositura de ação de
alimentos em favor da criança?
R: RESP 1327471
Questão extrassala – Brasileiro residente no país assinou contrato internacional com foro de
eleição de jurisdição exclusiva em comarca de país estrangeiro. Pergunta-se: Havendo litígio
entre os contratantes, a ação poderá ser proposta no Brasil?
R: Artigo 25, §§ 1º e 2º, CPC.
Questão extrassala – Apesar de a sentença estrangeira tratar de bens imóveis situados no Brasil,
a titularidade desses bens decorre de ato de vontades dos interessados, ou seja, não há litígio
entre as partes a respeito desses bens. Neste caso, o STJ poderá homologar a sentença
estrangeira?
R: SEC 7072; SEC 9531
Questão extrassala – Na mesma hipótese da questão anterior, se a titularidade dos bens imóveis
não é alvo de litígio na sentença estrangeira, no entanto, restam dúvidas quanto a sua
consonância com a legislação pátria, é caso de o STJ recusar a homologação?
R: SEC 5528
Questão extrassala – Pode o STJ homologar PARTE da sentença estrangeira?
R: SEC 4913
Questão extrassala – Servidor público estadual pleiteando horas extras e adicional de
insalubridade em face do Estado, irá propor sua ação em qual jurisdição? Justiça Estadual ou
Justiça Trabalhista?
R:
Questão extrassala – Ação de indenização por danos morais de empregado em face de
empregador, tendo por fundamento o assédio moral, será proposta na Justiça Estadual ou na
Justiça Trabalhista? (Respondida pela aluna Natália Alves da Cunha em 08/04/2016)
R:
Questão extrassala – As ações previdenciárias em comarcas do interior tramitam na Justiça
Estadual por delegação do §3º do artigo 109 da Constituição Federal. No entanto, foi criada uma
Seção Judiciária naquela comarca. Pergunta-se: haverá modificação de competência? Ou seja,
as ações previdenciárias que tramitam na Justiça Estadual serão remetidas à Justiça Federal?
R: RESP 1373132
Questão extrassala – A conexão de ações torna obrigatória a reunião de todas elas perante o
juízo prevento? (Respondida pela aluna Neide Heloísa dos Santos Sampaio Rocha em
19/05/2016)
R: RESP 1226016
Questão extrassala – A Emenda Constitucional 45/04 retirou a competência da Justiça Estadual
em atribuindo à Justiça do Trabalho em relação às ações de dano moral decorrente da relação
de emprego. Pergunta-se: modificou-se a competência, com a remessa à Justiça do Trabalho, em
qualquer fase que estivesse o processo? (Respondida pelo aluno Lincoln Augusto R. Fernandes
em 19/05/2016)
R: Súmula 367, STJ
Questão extrassala – Quais as diferenças entre modificação de competência do artigo 54 do CPC
e o instituto da incompetência relativa?
R:
Questão extrassala – Qual a relevância prática da curatela especial do artigo 72 do CPC ser
instituto de direito material?
R: A consequência prática de ser instituto de direito material é que não precisa ter capacidade
postulatória, ou seja, pode ser nomeado qualquer pessoa, ainda que não seja advogado (em
caso de ausência de Defensoria Pública na Comarca do interior ou do Estado). Na prática, a
nomeação recai sobre quem tenha capacidade postulatória para evitar que ao curador especial
tenha que contratar advogado.
Questão extrassala – Qualquer regime de prisão legitima a curadoria especial do art. 72 do CPC?
R: Como a lei não distingue, qualquer dos regimes de prisão é fato gerador para a nomeação de
curador especial. Caso esteja preso domiciliar ou aberto, p. ex., e deseje contratar advogado,
então se mostra desnecessária a nomeação da curadoria especial. OBS: Pode ocorrer que réu
preso em regime domiciliar tenha duas peças de defesa apresentadas. P. ex., a Defensoria
Pública, como tem prazo dobrado – artigo 186 –, apresenta defesa no último dia do prazo. No
entanto, o réu preso contratou advogado particular que já tinha apresentado no seu prazo
simples de defesa.
Questão extrassala – Qual a diferença da ação de direitos reais sobre imóveis proposta em face
de réu casado ou que viva em união estável?
R: O diferencial é que, para chamar o litisconsórcio passivo, basta a certidão de casamento. Para
o caso de união estável, somente se permite a aplicação do litisconsórcio passivo se houver
prova nos autos da união estável, pela regra do §3º do artigo 73 do CPC.
Questão extrassala – Foi proposta ação possessória (reintegração de posse ou manutenção de
posse ou interdito proibitório) em face de réu casado. Prescinde de citação de seu cônjuge?
R: O legislador tratou o direito possessório diferente das ações de direito real (em que se discute
a propriedade). Isso porque somente aplica-se o artigo 73 em caso de ato praticado por ambos.
P. ex., se a invasão foi feita somente por um deles, então o outro não precisa ser citado. De outro
lado, se ambos invadiram a propriedade, então aplica-se a regra do artigo 73 do CPC.