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Direito Processual Civil

Dia 04/02/2016
Questão 1 – Por que se diz que o homem é um animal político?
R: O ser humano necessariamente vive em sociedade, ou seja, é um ser gregário por natureza
e, por via de consequência, surgirão conflitos de interesses entre eles.

Questão 2 – Quais as formas de solução de conflitos de interesses?


R: Há três formas: a) autocomposição, na qual as partes, de comum acordo, solucionam um
conflito de interesses. OBS: o artigo 398, CC expressamente recomenda a autocomposição,
tanto é verdade que em caso de ato ilícito os juros de mora de 1% correrão a partir do dia do
fato, e não da propositura da ação.
b) autotutela, na qual uma das partes impõe à outra a solução de conflitos. OBS: a regra geral é
que a autotutela é proibida no ordenamento pátrio, tanto que é considerada crime de exercício
arbitrário das próprias razões (artigo 345, CP). Excepcionalmente, nos casos expressos em Lei,
será permitida a autotutela, assim como ocorre no artigo 1.210 § 1º, artigo 1.283 e artigo 1.313
do Código Civil.
c) heterocomposição, na qual o conflito de interesses será solucionado por uma terceira pessoa,
mais precisamente por integrantes do Poder Judiciário. OBS: o termo “conflito de interesses”
somente deverá ser utilizado antes da propositura da ação judicial. A partir do ajuizamento da
ação, o termo a ser utilizado será lide. Por isso se diz que o conflito de interesses é terminologia
extraprocessual e o termo lide configura termo endoprocessual. Por isso se diz também que lide
é o conflito de interesses judicializado.

Dia 05/02/2016
Questão 1 – Conflitando uma norma constitucional e a Lei Federal 13.105 (NCPC), qual
prevalece?
R: Em relação à legislação infraconstitucional, há a LINDB, que em seu artigo 2º soluciona
expressamente o conflito de normas ou antinomias, mas tão somente entre leis, ou seja, não
soluciona o conflito com a Constituição Federal. Igualmente, a Lei 9.868 que regula o
procedimento da ADIN nada diz sobre a prevalência ou superioridade da norma constitucional.
O NCPC em seu artigo 1º inova ao declarar a superioridade da norma constitucional ao assegurar
que “o processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado de acordo com as normas e
valores da Constituição Federal”. OBS: O artigo 1º NCPC conflita expressamente com o inciso I
do artigo 109 da Constituição Federal, uma vez que inclui na competência da Justiça Federal as
ações que tenham como parte as Fundações Públicas, ou seja, incluiu ente na Justiça Federal
que a Constituição excluiu. Portanto, num primeiro momento peca pela inconstitucionalidade.
Questão 2 – O Juiz pode iniciar um processo de ofício?
R: De acordo com a primeira parte do artigo 2º, vigora o princípio da inércia do dispositivo/da
demanda, segundo o qual o processo cível começa por iniciativa da parte, e, portanto, não cabe
ao Magistrado inicia-lo de ofício ou sem pedido de uma das partes. OBS 1: O ato concreto que
autoriza ao Magistrado o início do processo é o protocolo da Petição Inicial, nos termos dos
artigos 312 e 319. OBS 2: A razão de ser do princípio da inércia é para que o Magistrado
mantenha sua imparcialidade. OBS 3: Excepcionalmente, nos casos expressos em Lei, nos
termos da segunda parte do artigo 2º, o Juiz poderá iniciar de ofício o processo, assim como
permite no início do inventário, nos termos do artigo 989 do antigo CPC.

Questão 3 – O que significa tutela inibitória?


R: É rotineiro na prática jurídica a propositura da ação após a ocorrência da lesão ou do dano, p.
ex. propositura da ação indenizatória por publicação de imagem do autor sem autorização e,
portanto, com violação do artigo 20 do Código Civil. No entanto, o artigo 3º e o inciso XXXV do
artigo 5º da Constituição Federal, autorizam a propositura da ação antes da ocorrência do dano,
ações estas denominadas como inibitórias, p. ex. propositura de ação para impedir que a
imagem do autor seja publicada, uma vez que não autorizada. OBS: há várias ações nominadas
na Lei que expressamente permitem sua utilização de forma inibitória, tais como Habeas Corpus
Preventivo, inciso LXVIII do artigo 5º da CF, Mandado de Segurança Preventivo, artigo 1º da Lei
12.016, e o interdito proibitório do artigo 567 do NCPC.

Questão 4 – O § 1º viola o livre acesso ao judiciário/a inafastabilidade da atividade jurisdicional


do caput do artigo 3º do CPC e do inciso XXXV da Constituição?
R: NÃO. Isso porque o § 1º faculta às partes a instituição de arbitragem, ou seja, ele não exclui
o judiciário. Tanto é verdade que a arbitragem (artigo 1º da Lei 9.307) será escolhida dentro de
um contrato e todo contrato pressupõe livre manifestação da vontade.

Dia 11/02/2016
Questão 1 – O artigo 4º do CPC, o inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal e o artigo
8º da Convenção Americana de Direitos Humanos estabelecem o princípio da duração razoável
do processo. Pergunta-se: Qual a consequência para o Magistrado que extrapola tal prazo
razoável para julgar?
R: Pela alínea e do artigo 93 da Constituição Federal, o Magistrado que extrapolar o prazo
razoável perderá o direito à promoção. A consequência prática do Magistrado que extrapola é
que autoriza a parte prejudicada a formalizar reclamação perante à Ouvidoria do Tribunal na
qual está vinculado o Magistrado, e, se a reclamação for acolhida, o processo passa a ter
prioridade de julgamento, assim como as pessoas elencadas no artigo 1.068, tais como idosos,
portadores de necessidades graves e processos regidos pelo ECA. OBS: O artigo 4º do CPC não
estabelece o lapso temporal que considera como prazo razoável e o CNJ, que fiscaliza os
julgamentos do Judiciário, ainda não estabeleceu um prazo que entende como razoável, no
entanto parece correto pensar que prazo razoável para julgamento seja de 3 a 6 meses a contar
da conclusão. OBS 2: Artigo 6º do CPC corrobora a celeridade processual, no entanto, assegura
a segurança jurídica ao impor uma decisão de mérito justa e efetiva.

Questão 2 – O artigo 5º do CPC impõe aos participantes do processo que ajam dentro da boa-fé.
Pergunta-se: Quando ocorrerá a má-fé processual?
R: O legislador no artigo 80 estabeleceu várias condutas que considera de má-fé processual, p.
ex. alterar a verdade dos fatos, impor resistência injustificada no processo, interpor recursos
protelatórios, etc. OBS: Quem estiver na má-fé processual ficará sujeito ao pagamento de multa
superior a 1% e inferior 10% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 81 do CPC.
OBS 2: Se o valor da causa for irrisório ou de pouca monta, a multa poderá ser fixada ao
correspondente até dez vezes o valor do salário mínimo. OBS 3: A multa por má-fé processual
não pode ser aplicada ao advogado. Nesta hipótese, o Magistrado deverá enviar cópia do
processo à OAB para que ela tome as providências administrativas de acordo com o seu Código
de Ética em face do advogado que pratica a conduta considerada de má-fé processual.

Dia 12/02/2016 – SIMULADO


(V) O NCPC adotou o “modelo constitucional do processo civil” ao estabelecer que o processo
civil será ordenado, disciplinado e interpretado de acordo com a Constituição Federal.
(V) A Constituição Federal estabelece no inciso I do artigo 109 que é de competência da Justiça
Federal as ações que tenham como parte a União, suas autarquias (FUNAIS, p. ex.) e Empresas
Públicas. O artigo caput do artigo 45 do NCPC inova ao atribuir competência da Justiça Federal
às fundações públicas.
(V) O Juiz não poderá iniciar processo de ofício, mas sim por iniciativa das partes em protocolar
uma petição inicial (por interpretação do artigo 2º e artigo 312 do CPC). Esta norma é
denominada como princípio da inércia/do dispositivo.
(V) O CPC de 1973 permitia que o Magistrado iniciasse ação de inventário de ofício. (Artigo 989)
(V) O NCPC não trouxe a regra de que o Juiz poderá iniciar de ofício a ação de inventário.
(V) Há desdobramento do princípio da inércia, que consiste na proibição do Magistrado em
conceder pedido de ofício/não trazido pela parte. Esta norma é denominada como princípio da
correspondência/correlação/adstrição.
(V) A parte pediu danos materiais em razão de acidente de trânsito. O Juiz, sem pedido da parte
autora, também concedeu indenização por danos morais, por entender cabível na hipótese. O
Juiz violou o princípio da correspondência.
(V) Nos casos de matéria de ordem pública e quando a Lei expressamente permitir, poderá o
Magistrado conceder pedido de ofício sem que se fale em violar o princípio da
correspondência/correlação/adstrição.
(V) O réu não alegou na contestação que a ação está prescrita, mas o Juiz, de ofício, extinguiu o
processo por reconhecer a prescrição da pretensão do autor. Neste caso, não há violação ao
princípio da correspondência por se tratar de matéria de ordem pública pelo artigo 193 do
Código Civil. (O CPC também permite em seu artigo 487, inciso II)
(V) A decadência PODE ser levantada de ofício pelo Juiz com base no artigo 210 do Código Civil.
(O CPC também permite em seu artigo 487, inciso II)
(F) A parte pediu dez mil reais de indenização por danos morais. O Juiz concedeu os dez mil que
foram pedidos e acrescentou na condenação juros de mora de 1% ao mês, a contar do dia do
dano (artigo 398, Código Civil) e correção monetária pelo IGPM. Neste caso, não se fala em
violação ao princípio da correspondência/correlação/adstrição, uma vez que o Juiz PODERÁ
(errado, DEVERÁ) aplicá-los de ofício por permissão do § 1º do artigo 322 do CPC.
(V) A parte pediu dez mil reais de indenização por dano moral. O Juiz concedeu os dez mil que
foram pedidos e acrescentou na condenação o pagamento pelo réu dos honorários
sucumbenciais do advogado da parte vencedora. Neste caso, não se fala em violação ao
princípio da correspondência/correlação/adstrição, uma vez que o Juiz deverá aplicá-lo de ofício
por permissão do § 1º, artigo 322, CPC.
(V) O autor pediu que o Juiz condenasse a parte a pagar os alugueis dos três meses anteriores à
propositura da ação de cobrança. O Juiz sentencia o pagamento das três anteriores à propositura
da ação e mais todas aquelas prestações que se venceram no curso do processo. Neste caso,
não se fala em violação ao princípio da correspondência ou da correlação ou adstrição, uma vez
que as prestações de trato sucessivo que se venceram no curso do processo permitem que o
Juiz as inclua na condenação de ofício, pela regra do artigo 323, CPC.
(V) O autor pleiteou que o Juiz condenasse o réu a pagar três meses de pensão alimentícia em
atraso. O Juiz, na sentença, determinou o pagamento das três anteriores à propositura da ação
e mais todas aquelas prestações que se venceram no curso do processo. Neste caso, não se fala
em violação ao princípio da correspondência ou da correlação ou da adstrição, uma vez que as
prestações de trato sucessivo que se venceram no curso do processo permitem que o Juiz as
inclua na condenação, de ofício, pela regra permissiva do artigo 323, CPC.

Dia 18/02/2016
Questão 1 – O Juiz tem liberdade para decidir de acordo com a sua livre convicção?
R: O artigo 8º do NCPC, numa primeira leitura, libera cada Juiz para que decida de acordo com
sua livre convicção, ou seja, parece permitir tal discricionariedade judicial (cada Juiz decide de
forma livre). Uma vez que o artigo 8º dispõe que cabe ao magistrado, “ao aplicar o ordenamento
jurídico, atender os fins sociais e as exigências do bem comum, promovendo: a dignidade
humana; a proporcionalidade; a razoabilidade; a legalidade; a publicidade; e a eficiência”. O
artigo 8º é corroborado com o artigo 371 que permite ao Juiz julgar por seu livre convencimento
desde que de acordo com os elementos dos autos. OBS 1: Os artigos 8º e 371 devem ser
interpretados em conjunto com os dispositivos que refletem a ideologia do NCPC, ou seja, ele
busca preservar a segurança jurídica, que as decisões sejam uniformes a respeito de uma mesma
questão. P. ex., o artigo 926 assevera “que os Tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e
mantê-la estável, íntegra e coerente” e isso ocorrerá com a edição de súmulas que vincularão
todos os Juízes de tal Tribunal. Igualmente, o artigo 927 impõe que o Juízes e Tribunais locais
obedeçam às jurisprudências do STF e do STJ. OBS 2: Assim sendo da interpretação conjunta ou
sistemática do artigo 8º, do artigo 371, do artigo 926 e do artigo 927, podemos concluir que o
Juiz poderá julgar por seu livre convencimento desde que a questão não esteja pacificada pelos
Tribunais. OBS 3: O CPC trouxe instituto inovador voltado ao julgamento das ações em massa,
denominado “incidente de resolução de demandas repetitivas”, que vem disciplinado nos
artigos 976 e seguintes. Por esse instituto, havendo repetição de processos de uma mesma
questão (inciso I, artigo 976), qualquer pessoa legitimada no artigo 977 poderá requerer ao
Presidente do Tribunal para que inicie o procedimento nos termos do artigo 978, para que haja
suspensão de todas as ações que tenham a mesma questão até que o Tribunal publique a
decisão a ser adotada pelos demais Magistrados em relação a todas as ações.

Dia 19/02/2016
Questão 1 – O que mudou em relação à garantia constitucional do contraditório do inciso LV do
art. 5º da CF em relação ao NCPC?
R: O CPC de 1973 pelo § 3º do art. 267 e pelo § 4º do art. 301 permite que o Juiz, quando das
matérias de ordem pública, as declare de ofício (sem pedido das partes) e de pronto as declara
sem intimar previamente as partes para se manifestarem sobre elas. P. ex.: O Juiz, ao proferir a
sentença, apesar de o réu não trazido esse pedido na Contestação, reconhece que a pretensão
do autor está fulminada pela prescrição, o que autoriza ao Juiz extinguir o processo de imediato.
Pelo NCPC, o art. 9º proíbe que “o Juiz profira decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida” e pelo art. 10, ainda que se trate de matérias de ordem pública, ou seja,
de decisão a ser tomada pelo Juiz imposta em Lei. P. ex.: havendo incompetência absoluta, o §
1º do art. 64 impõe que o Juiz remeta o processo ao juízo competente. OBS 1: Em relação à
mitigação ou não dos artigos 9º e 10 do NCPC, há um verdadeiro dissenso entre os juristas. Isso
porque parte deles, em sua maioria composta pelos magistrados, entende pela não aplicação
desses artigos quando a oitiva da parte não puder influenciar a solução da causa, como ocorre
com as matérias de ordem pública, cujas definições são definidas por Lei, que não poderão ser
revogadas por simples argumentação da parte, mas sim e tão somente por outra Lei, nos termos
do art. 2º da LINDB. Este entendimento dos magistrados está materializado nos Enunciados 3 e
4 do Fórum Nacional de Aperfeiçoamento dos Magistrados. Já a outra corrente dos juristas
defende que os artigos 9º e 10 não poderão ser mitigados e deverão ser aplicados ainda que se
trate de matéria de ordem pública. Este entendimento está materializado nos Enunciados 108,
109 e 235 do Fórum Permanente de Processualistas Cíveis. OBS 2: O parágrafo único do art. 9º
do NCPC traz hipóteses que autorizam legalmente ao Juiz profira decisão sem a prévia oitiva da
parte prejudicada. Uma das hipóteses, logicamente, refere-se à concessão de liminares.

Questão 2 – O Juiz pode restringir a publicidade de uma audiência?


R: A REGRA GERAL pelos artigos 11 e 189 do NCPC e inciso IX do art. 63 da CF é que as audiências
são públicas, de forma que o magistrado não pode impedir que sejam assistidas. Por isso que se
diz que as audiências devem ser feitas às portas abertas. EXCEÇÃO: Há situações expressamente
previstas em Lei (incisos I, II, III e IV, art. 189, CPC) que se tratam de segredo de justiça, ou seja,
só poderão estar presentes na audiência e somente poderão consultar os autos as partes e os
advogados. Como o segredo de justiça é exceção da regra geral, o Juiz somente deverá
determina-lo nos seus casos expressos em Lei, p. ex.: se na vara criminal de violência doméstica
o fato disser somente respeito ao casal, este fato não autoriza por si só o segredo de justiça. Por
outro lado, se o fato envolver também os filhos do casal, é caso de se declarar o segredo pelo
inciso II, art. 189.

Questão 3 – Em relação à garantia constitucional de que as decisões sejam fundamentadas (inc.


IX, art. 93), qual a inovação trazida pelo NCPC?
R: A parte final do art. 11 e o inc. II do art. 489 repetem a regra constitucional de que as decisões
devem ser fundamentadas. A inovação fica por conta do § 1º do art. 489, que traz várias
hipóteses consideradas como não fundamentadas, p. ex.: a que se limita indicar ato normativo;
que utiliza conceitos jurídicos indeterminados; que se limita a indicar súmula, jurisprudência e
precedentes; que deixa de seguir súmula e precedentes.

Questão 4 – O Juiz pode decidir aleatoriamente?


R: NÃO. Isso porque o caput do art. 12 impõe que o Juiz profira a sentença e os
Desembargadores e Ministros profiram acórdãos de acordo com a ordem cronológica de
conclusão, ou seja, dos mais antigos para os mais novos. OBS 1: A redação original do art. 12
trazido pela Lei 13.105 é que “deverão obedecer” a ordem cronológica de conclusão. Foi
aprovada a Lei 13.256 modificando a redação do art. 12 e fazendo constar que “atenderão
preferencialmente” tal ordem. OBS 2: As modificações de palavras trazidas pela Lei 13.256 não
mudam a substância do instituto, uma vez que os §§ 1º e 3º do art. 12 impõem a publicidade da
ordem cronológica de conclusões de forma que as partes e os advogados possam fiscalizar se o
Juiz está ou não furando fila fora das hipóteses permissivas § 2º, art.12, NCPC. OBS 3: o § 2º do
art. 12 traz as hipóteses legais que permitem ao magistrado “furar fila”, como p. ex.: quando em
uma audiência e, portanto, antes mesmo da conclusão o Juiz poderá proferir decisão (dentro da
audiência); não obedece também a fila a homologação de acordo entre as partes; para o
julgamento em blocos de ações repetidas que tenham uma mesma ação a ser discutida. OBS 4:
Se o processo é retirado da lista para realização de providências (como por exemplo, tentativa
de conciliação em audiência pelo § 4º do art. 12), quando retornar à lista deverá integrar a
mesma posição em que se encontrava. OBS 5: Se o pedido de providências for para produção
de provas (por exemplo: após a conclusão, o autor insiste na produção de prova pericial), nesta
hipótese, após a realização da perícia, o processo retornará ao final da fila. OBS 6: O § 6º do art.
12 é a prioridade das prioridades: se uma decisão for anulada pelo Tribunal, retornando ao Juiz
para nova decisão, esta entrará em 1º lugar na fila.

Dia 25/02/2016
Questão 1 – O art. 652 do Código Civil permite a prisão civil do depositário infiel. O art. 7º da
Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) e o art. 11 do
Tratado Internacional de Direitos Civis e Políticos permitem a prisão civil somente do devedor de
alimentos. Pergunta-se: a prisão do depositário infiel é ilegal no Brasil?
R: Pelo art. 13 do NCPC, o Tratado Internacional prevalece sobre a Lei Federal Brasileira. E mais:
a prisão do depositário infiel é ilegal nos termos da Súmula Vinculante do STF que revogou a
Súmula 619 do mesmo Tribunal. OBS 1: O art. 13 do NCPC positivou entendimento do STF de
que os Tratados Internacionais de Direitos Humanos aprovados pelo Brasil, sem que sejam pelo
quórum qualificado do § 3º do art. 5º da CF, têm status de lei supralegal, ou seja, está acima das
leis brasileiras e abaixo da Constituição Federal. Este entendimento pode ser visto em: RE
466343, HC 95967 – STF. OBS 2: Se o Tratado Internacional de Direitos Humanos for aprovado
pelo quórum qualificado do § 3º do art. 5º da CF, ele terá hierarquia equiparada à emenda
constitucional (norma constitucional). Não temos nenhum tratado aprovado nesta última
hipótese. OBS 3: O Tratado Internacional que não seja de Direitos Humanos terá hierarquia de
Lei Ordinária. Em conflito com outra Lei Ordinária, prevalecerá o Trato Internacional em razão
de sua especialidade, ou seja, a norma especial derroga a norma geral nos termos do § 2º do
art. 2º da LINDB. Por esta razão a redação do art. 98 do Código Tributário Nacional afirma
expressamente que os tratados internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna.

Dia 26/02/2016
Questão 1 – O NPCP, no art. 1.015, somente permite a interposição do Recurso de Agravo de
Instrumento nas hipóteses taxativas ali enumeradas. Com a entrada em vigor do NCPC, os
Agravos de Instrumento já interpostos que não se enquadrem nessas hipóteses do art. 1.015
deverão ser rejeitados pelo Tribunal?
R: Pelo art. 14, o NCPC não poderá retroagir e deverá respeitar os atos processuais já praticados,
ou seja, para os Agravos de Instrumento interpostos antes da entrada em vigor do NCPC, o seu
julgamento deverá observar as regras do CPC revogado. OBS 1: A afirmação de que o CPC de 73
será revogado não é absoluta, uma vez que ele continuará a ser aplicado em determinadas
situações, p. ex.: pelo § 1º do art. 1.046, o CPC de 73 continuará gerando efeitos para as ações
de rito sumário e as de rito especial propostas na vigência deste código e ainda não sentenciadas
quando da entrada em vigor do NCPC; pelo art. 1.047 e 1.052.

Questão 2 – O que significa princípio da especialidade?


R: A legislação especial/extravagante rege-se por suas próprias disposições, ou seja, se a Lei
Especial trata da matéria, é ela que deverá ser aplicada e não o CPC, que é Lei Geral. OBS 1: No
entanto, se a Legislação Especial for omissa em relação a algum ato processual, esta lacuna
deverá ser preenchida pelo CPC. Por isso que se diz que o CPC somente se aplica à Legislação
Especial de forma supletiva ou subsidiária. OBS 2: P. ex., a maioria das leis especiais falam em
petição inicial, mas não enumera os seus requisitos. Esta omissão significa dizer que a lacuna
será preenchida pelos requisitos da petição inicial do artigo 319 do CPC. Outro exemplo: Se a lei
especial fala em citação, mas não traz as modalidades, é porque a citação poderá ser feita pelas
modalidades do artigo 246 do CPC (correios, oficial de justiça, edital, e-mail).

Dia 03/03/2016 – FUNÇÃO JURISDICIONAL: JURISDIÇÃO EM AÇÃO


Questão 1 – O que significa princípio da investidura?
R: Este princípio está positivado no artigo 16 ao dispor que “a jurisdição civil será exercida pelos
Juízes e Tribunais em todo o território nacional”. Em outros termos, se uma decisão for proferida
por quem não seja Magistrado (Juízes, Desembargadores e Ministros), a decisão não produzirá
efeitos. OBS 1: Nos Juizados Especiais (artigo 7º da Lei 9.099/95), as sentenças são proferidas
pelo Juiz Leigo, que é um advogado, com no mínimo 3 anos de inscrição na OAB, nomeado pelo
Juiz de Direito do Juizado e com nome aprovado pelo Conselho Superior da Magistratura. No
entanto, a sentença proferida por este advogado/Juiz Leigo, será homologada pelo Juiz de
Direito e, portanto, por ficção jurídica, a decisão passa a ser judicial, tanto é verdade que a
sentença é publicada no Diário Oficial com o nome do Juiz de Direito. OBS 2: O princípio da
investidura anda de mãos dadas com o princípio do Juiz natural, ou seja, não basta que a decisão
seja proferida por um Juiz de Direito (investidura), mas também que o Juiz seja competente.
Tanto é verdade que, se um Juiz Federal proferir decisão em ação que seja da Justiça Estadual,
esta decisão será nula. OBS 3: Com base na observação anterior, podemos afirmar que todo Juiz
tem jurisdição (poder para julgar uma lide), mas nem todos terão competência.

Dia 04/03/2016
Questão 1 – O artigo 17 traz os institutos da legitimidade e do interesse processual que integram
as condições da ação. O inciso VI do artigo 485 impõe ao Juiz a extinção do processo sem
resolução do mérito quando faltar quaisquer das condições da ação (legitimidade e interesse).
Pergunta-se: O artigo 485 é inconstitucional por violar o princípio do livre acesso ao judiciário?
R: NÃO. O livre acesso ao judiciário ou o direito de ação do inciso XXXV do artigo 5º da
Constituição Federal deve ser visto em dois planos, quais sejam plano constitucional e plano
processual. No plano constitucional, ele é incondicionado, ou seja, pode ser exercido sem
qualquer limite. No entanto, no plano processual, o direito de ação é condicionado às normas
processuais e decorre da garantia constitucional do devido processo legal. Em outros termos,
após a propositura de uma ação, não se fala mais em direito de ação incondicionado, mas sim
direito de ação que deve obedecer às restrições processuais.

Questão 2 – O que significa interesse processual?


R: O interesse processual é composto pelo binômio utilidade e adequação. OBS 1: Toda vez que
o autor já tiver o que ele pede pela tutela jurisdicional, faltará utilidade consistente na ausência
de interesse processual. P. ex., após a propositura da ação de cobrança, o réu voluntariamente
quita a obrigação; após a propositura da ação de investigação de paternidade, o réu
voluntariamente reconhece a filiação em cartório; após a propositura da ação de despejo, o
locatário voluntariamente desocupa o imóvel; o autor da ação de usucapião é proprietário do
objeto usucapiendo. OBS 2: O CPC traz duas modalidades de processo: processo de
conhecimento e o processo de execução. A utilização destes processos está prefixada pelo CPC.
Em outros termos, o autor não pode escolher o processo a ser interposto uma vez que as
hipóteses que levam a sua propositura já estão delimitadas na norma processual. Se o autor erra
o processo a ser interposto (propõe uma execução quando o correto seria um processo de
conhecimento – e vice-versa), o processo deverá ser extinto sem resolução de mérito por
carência da ação consistente na inadequação. Em outros termos, adequação significa a
propositura do processo adequado ou reservado.
Questão 3 – Sabido que a simples propositura da ação pelo autor me confere a qualidade de
parte. No entanto, para que haja continuidade dessa relação processual é imprescindível que
seja parte legítima, uma vez que a legitimidade integra as condições para a ação. Pergunta-se:
Quando haverá parte legítima?
R: Diz-se que a titularidade do direito processual (partes legítimas) decorre da titularidade do
direito material, ou seja, serão partes legítimas os participantes diretos do fato que levou à
propositura da ação. P. ex.: numa ação indenizatória por acidente de trânsito serão partes
legítimas a vítima do acidente e o seu causador; serão partes legítimas numa ação indenizatória
de dano moral o ofendido e o ofensor; na ação de revisão de contrato serão partes legítimas os
contratantes; numa ação de alimentos, são partes legítimas o alimentando e o alimentante. OBS
1: Há situações, nos casos expressos em Lei, nas quais a parte será legítima ainda que não tenha
participado diretamente do fato que levou à propositura da ação. Isso ocorre nas hipóteses de
responsabilidade solidária (artigos 265 e 275, CC), p. ex. o artigo 932 do Código Civil que
enumera hipóteses de responsabilidade solidária e no inciso I traz a responsabilidade solidária
dos pais pelos atos ilícitos praticados por filhos menores de idade e, portanto, ainda que o
acidente de trânsito tenha sido causado pelo filho menor à revelia de seus pais, eles serão partes
legítimas no polo passivo da indenização. OBS 2: Além da responsabilidade solidária, pessoas
totalmente estranhas ao fato que levou à propositura da ação terão legitimidade para propô-la
quando a Lei expressamente assim permitir. Isso ocorre nos casos de legitimidade extraordinária
que consiste na defesa em nome próprio de direito alheio, p. ex.: pela Lei 8.560 o Ministério
Público poderá propor ação de investigação de paternidade em benefício de um menor de
idade; o Ministério Público, pelo artigo 98 do CPP pode propor ação indenizatória para as vítimas
de um crime; a Lei 7.347 permite que o Ministério Público proponha ação para a defesa de
interesses de consumidores, idosos, portadores de deficiência, etc.; o artigo 8º da Constituição
Federal dá legitimidade extraordinária aos Sindicatos para defesa dos interesses de seus
sindicalizados.

Dia 10/03/2016
Questão 1 – O autor propôs ação com pedido de que o Juiz declare que o réu emprestou dinheiro
do autor e não pagou, ou seja, que simplesmente declare a existência de um crédito. O Juiz
extinguiu o processo por ausência de utilidade. O Juiz está correto?
R: Apesar da ausência de utilidade no mundo fático de uma pura e tão somente declaração da
existência ou inexistência de uma relação jurídica, os artigos 19 e 20 do CPC permitem a
propositura dessa ação sem que se fale em ausência de utilidade. Em outros termos, o CPC não
exige que o autor cumule o seu pedido declaratório com o condenatório. P. ex., pode o autor
propor ação para que o Juiz declare que o réu é o culpado pelo acidente de trânsito sem precisar
cumular o pedido de indenização pelos danos sofridos. OBS: Este entendimento pode ser visto
pelo conteúdo da Súmula 181 do STJ.

LIMITES DA FUNÇÃO JURISDICIONAL


Questão 1 – Qual o conteúdo trazido no capítulo do CPC denominado como Limites da Função
Jurisdicional?
R: Há fatos que podem gerar efeitos perante autoridade judiciária brasileira e também
autoridade judiciária estrangeira. P. ex., criança brasileira que reside no Brasil com pretensão a
alimentos em face de genitor estrangeiro residente em seu país de origem. OBS: Desta feita, o
CPC traz as hipóteses de jurisdição exclusiva nas quais somente a autoridade judiciária brasileira
poderá decidir sobre a questão e as hipóteses de jurisdição concorrente nas quais ações poderão
ser propostas tanto no Brasil quanto no país estrangeiro.

Questão 2 – Quais são as hipóteses de jurisdição exclusiva?


R: São as que estão enumeradas nos incisos I, II e II do artigo 23 do CPC, estabelecidas em relação
a bens imóveis situados no país. OBS: A sentença estrangeira somente produz efeitos no Brasil
depois que for homologada pelo STJ nos termos da alínea i do inciso I do artigo 105 da CF e do
artigo 961 do CPC. P. ex., se um estrangeiro propõe em seu país de origem uma ação de
usucapião de imóvel situado no Brasil, a sentença proferida nesta ação não será homologada
pelo STJ por violação ao artigo 23. Logo, somente Magistrado brasileiro poderá julgar ações
afetas a bens imóveis situados no Brasil. Outro exemplo, um estrangeiro falece no seu país de
origem e tem uma casa de praia no Brasil. Na ação de inventário proposta no estrangeiro, o filho
Brasileiro do de cujus que reside no Brasil foi excluído da herança por ser filho fora do casamento
e, exclusão esta, ditada pela legislação estrangeira. Esta sentença não será homologada pelo STJ
por violação ao inciso III do artigo 23 do CPC.

Dia 11/03/2016
Questão 1 – Quais as hipóteses de jurisdição concorrente?
R: As hipóteses estão previstas nos artigos 21 e 22 do CPC e, em sua maioria, referem-se a
pessoas envolvidas no fato residentes ou domiciliadas no Brasil. P. ex., pelo inciso I do artigo 21,
o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, se domiciliado no Brasil, a ação poderá tramitar no
território nacional ou no estrangeiro. Outro exemplo, pela alínea a do inciso I do artigo 22, a
ação de alimentos em que o credor tenha domicílio no Brasil é de jurisdição concorrente. Outro
exemplo, pelo inciso II do artigo 22, é de jurisdição concorrente a ação em relação a uma relação
de consumo em que o consumidor tenha residência no Brasil. OBS 1: Ainda que o credor de
alimentos resida no estrangeiro, será hipótese de jurisdição concorrente se o réu manter
vínculos no Brasil, nos termos da alínea b do inciso I do artigo 22. OBS 2: Ainda que nenhuma
das partes tenha residência no Brasil, permite-se pelo inciso II do artigo 21 que a ação tramite
no Brasil desde que o fato tenha ocorrido no território nacional.

Questão 2 – É sabido que pelo artigo 24 do CPC, em caso de jurisdição concorrente a ação pode
ser proposta tanto no Brasil quanto no país estrangeiro. Pensando na hipótese do estrangeiro de
férias no Brasil que teve relacionamento com uma brasileira, nascendo um filho desta relação.
O estrangeiro propôs ação em seu país de origem ação declaratória negativa de paternidade que
foi julgada procedente. O filho brasileiro propôs ação de investigação de paternidade no Brasil
que foi julgada procedente. Pensando em outra hipótese, na qual um brasileiro comprou produto
eletrônico em Miami. Ao chegar no Brasil, constatou que dentro da embalagem foram colocados
jornais ao invés do produto comprado. O consumidor, no Brasil, cancelou a compra pelo cartão
de crédito e, para evitar que seu nome fosse negativado, propôs ação declaratória de
inexistência de débitos que foi julgada procedente. A loja que vendeu o produto no país
estrangeiro propôs em seu país de origem ação de cobrança que foi julgada procedente.
Pergunta-se: qual das decisões prevalecem no Brasil?
R: É entendimento pacificado do STJ que prevalecerá a decisão judicial que primeiro transitar
em julgado. OBS: A sentença estrangeira, com base na alínea i do inciso I do artigo 105 do
Constituição Federal e no artigo 961 do CPC, somente transitará em julgado no Brasil após
homologação pelo STJ.

Dia 11/03/2016 – SIMULADO 2


(V) O Tratado Internacional de Direitos Humanos – TIDH foi aprovado por quórum qualificado
como de Emenda Constitucional. A hierarquia deste Tratado perante o ordenamento brasileiro
é de norma constitucional.
(V) O Tratado Internacional de Direitos Humanos – TIDH não foi aprovado por quórum
qualificado como de Emenda Constitucional. A hierarquia deste Tratado perante o ordenamento
brasileiro é de norma supralegal.
(V) Tratado Internacional que não é de Direitos Humanos devidamente ratificado pelo Brasil. A
hierarquia deste Tratado perante o ordenamento brasileiro é de lei ordinária.
(V) Tratado Internacional determina isenção de imposto a pessoa em determinada situação que
ele enumera. O Código Tributário Nacional não isenta de imposto à pessoa indicada no Tratado
Internacional. Prevalece o Tratado Internacional. (O Tratado é especial em relação à lei
brasileira)
(V) A Convenção de Varsóvia (Tratado Internacional que não é de direitos humanos) limita a
indenização por extravio de bagagem (por exemplo). O Código de Defesa do Consumidor não
traz esta limitação de indenização. Pelo entendimento do STJ prevalece o Código de Defesa do
Consumidor – CDC.
(V) O art. 652 do Código Civil e o §1º e §2º do art. 4º da Lei do Depositário Infiel (Lei n. 8.866/94)
permitem prisão civil do depositário infiel. A Convenção Americana de Direitos Humanos (art.
7º, 7) e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 11) somente permitem a prisão
civil do devedor de alimentos. Com base neste fato podemos afirmar que a prisão civil do
depositário infiel no Brasil é ilegal, e não, inconstitucional.
(V) Foi interposto recurso um dia antes da entrada em vigor do NCPC, ou seja, dia 17 de março
de 2016. Isto significa dizer que ele será julgado de acordo com o CPC de 1973 (revogado).
(V) Uma lei especial diz sim. Uma lei geral diz não. Prevalece o sim.
(V) Uma lei especial fala em petição inicial e não menciona quais os requisitos da inicial perante
aquela ação especial. Esta omissão significa pela aplicação dos requisitos da inicial do CPC para
a ação especial.
(V) As decisões judiciais devem ser proferidas pelos magistrados. Esta afirmação trata-se do
princípio da investidura.
(V) Cada juiz somente poderá julgar de acordo com sua competência. Trata-se do princípio do
juiz natural.
(V) No ordenamento jurídico brasileiro há hipótese de julgamento por um advogado sem que se
fale em violação ao princípio da investidura.
(V) A Constituição Federal garante o livre acesso ao judiciário. O CPC determina que o processo
deve ser extinto sem resolução de mérito pelo inciso VI do art. 485 em caso de carência da ação.
Este dispositivo do CPC não viola o livre acesso judiciário.
(V) Após a propositura da ação de investigação de paternidade o requerido reconheceu
voluntariamente a filiação em cartório. O juiz deverá extinguir o processo por carência da ação
por ausência de interesse processual, mais precisamente, por ausência de utilidade.
(V) Após a propositura da ação de cobrança o devedor quitou o débito. O juiz deverá extinguir
o processo por carência da ação por ausência de interesse processual, mais precisamente, por
ausência de utilidade.
(V) Após a propositura da ação de despejo, o locatário o desocupou voluntariamente. O juiz
deverá extinguir o processo por carência da ação por ausência de interesse processual, mais
precisamente, por ausência de utilidade.
(V) O autor propôs erroneamente processo de execução ao invés do processo de conhecimento.
Há carência da ação por ausência de interesse processual, mais precisamente, por ausência de
adequação.
(V) O juiz não poderá iniciar processo de ofício. Trata-se do princípio da inércia.
(V) Há exceções à regra de que o juiz não poderá iniciar o processo de ofício.
(V) Foi proposta ação com valor da causa de cem reais. O juiz aplicou multa por má fé processual
no valor de um salário mínimo. A parte se insurgiu em relação ao valor da multa, alegando que
a lei determina a aplicação do valor máximo por multa de má fé em nove por cento sobre o valor
da causa e, portanto, de nove reais, no máximo. O juiz manteve a multa por entender que em
caso de valores irrisórios, o CPC permite a fixação de multa em até dez vezes o valor do salário
mínimo. O juiz acertou.
(V) O magistrado extrapolou o prazo razoável de julgamento de forma injustificável. A punição
dada pela Constituição Federal é a perda do direito à promoção do magistrado.
(F) O perito judicial está atrasando a entrega da perícia. O autor pediu a aplicação da multa de
má fé processual. O juiz negou a aplicação por entender que somente se aplica a multa por má
fé as partes do processo e, não, aos meros participantes. O juiz errou. (Perito não é litigante)
(V) O juiz aplicou a multa por má fé processual ao advogado da parte por estar alterando a
verdade dos fatos. O juiz errou. (Deveria comunicar a OAB)
(V) A parte pediu a aplicação da multa de má fé processual em 10% sobre o valor da causa. O
juiz negou aplicar no percentual pleiteado, uma vez que o máximo de multa é de 9%. O juiz
acertou. (Superior a 1% e inferior a 10%)

Dia 08/04/2016
No Brasil, a divisão de competências é trinitária:

 Jurisdicional (Constituição Federal):


a) Trabalhista (artigo 114, CF – inciso I, ADIN 3395; inciso VI, dano moral);
b) Eleitoral (artigo 121, CF – processo eleitoral: da inscrição ou abertura a diplomação ou
fechamento);
c) Militar (artigos 124 e 125, CF);
d) Federal (artigo 109, CF – matéria cível: incisos I, II e XI e matéria penal: incisos III e V-A);
e) Estadual (residual).

 Territorial/de Foro – corresponde a qual comarca deve ser direcionada a ação. OBS: A
competência territorial é ditada por Lei Federal. (Código de Processo Civil; Código de Defesa do
Consumidor - art. 6º e 101; e Estatuto do Idoso - art. 80):
a) Artigo 46 – Direitos reais móveis e direito pessoal (domicílio do réu; é residual/regra geral);
b) Artigo 47 – Direitos reais imóveis (onde está registrado o imóvel; se o imóvel está localizado em
mais de uma comarca, deve possuir registro em todas e a ação poderá ser proposta em qualquer
uma delas);
c) Artigo 48 – Herança (no último domicílio do de cujus, se for do réu);
d) Artigo 49 – Ausente (no foro de seu último domicílio, se for réu);
e) Artigo 50 – Incapaz (foro do representante ou assistente, se for réu);
f) Artigo 53 – I - Casamento/União Estável e II – Alimentos (foro do alimentando);
g) Artigo 63 – Foro de eleição.
Critérios: Competência absoluta (artigo 47, direitos reais imóveis; Estatuto do Idoso, idosos; e
CDC, consumidores) e competência relativa (todas as outras).
OBS: Em caso de conflito entre competências relativas, ganha a que estiver elencada no maior
artigo do CPC. Em caso de conflito entre competências absolutas, depende da interpretação do
Juiz.

 Juízo/Vara – corresponde a qual vara deve ser direcionada a ação. OBS: A competência do juízo
é ditada por ato administrativo (resolução dos Tribunais). Em Mato Grosso do Sul (Resolução
221 do TJMS):
a) Direito Privado – Varas:
o De família (casamento, divórcio, etc.) – 04 varas;
o De sucessões – 01 vara;
o De infância e juventude (guarda, tutela, desconstituição do poder familiar, adoção – ECA; e
Estatuto do Idoso) – 02 varas;
o De falência, recuperação e insolvência (Lei 11.101/05) – 01 vara;
o Especial (nos contratos bancários, exceto seguro e facturing) – 04 varas;
o Residual (todo o resto) – 16 varas.
b) Direito Público – Varas:
o De execução fiscal (questões tributárias) – 02 varas, uma para lides com o município e outra com
o estado;
o De direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (ação civil pública, ação popular, ação
de improbidade administrativa, mandado de segurança coletivo) - 02 varas;
o De fazenda pública e registros públicos (assemelha-se à residual; mandado de injunção, habeas
data, mandado de segurança individual) – 04 varas.

Competência Jurisdicional
Questão 1 – Como pode ser dividida a competência?
R: A divisão é trinitária, ou seja, fatiada em:
a) JURISDICIONAL: responde a qual órgão jurisdicional/justiça deve ser direcionada a ação, quais
sejam Trabalhista, Eleitoral, Militar, Federal ou Estadual. OBS: A competência pode ser especial
(Trabalhista, Eleitoral ou Militar) ou comum (Estadual ou Federal). OBS 2: A competência
jurisdicional é ditada pela Constituição Federal (art. 44, CPC).
b) TERRITORIAL OU DE FORO: responde, dentro do órgão jurisdicional, a qual comarca deve ser
direcionada a ação. OBS: A competência territorial é ditada por Lei Federal.
c) JUÍZO OU VARA: responde, dentro do órgão jurisdicional de uma determinada comarca, a qual
vara deve ser direcionada a ação. OBS: A competência de juízo é ditada por ato administrativo
(Resolução dos Tribunais).

Questão 2 – Por que se diz que a competência da Justiça Estadual é subsidiária ou residual?
R: Pois as competências da Jurisdição Especial (art. 114, art. 121 e art. 124, CF/88) e Federal (art.
109 da CF/88) estão previstas expressamente na Constituição Federal. O que não se enquadrar
nestas hipóteses constitucionais será de competência da Justiça Estadual.

Questão 3 – Em relação à Justiça Trabalhista, pelo inciso I do art. 114 da Constituição Federal,
servidor público deve buscar seu adicional de função que foi cortado pelo Estado, por exemplo,
perante a Justiça do Trabalho?
R: De acordo com o inciso I a resposta é positiva. No entanto, foi proposta ação declaratória de
inconstitucionalidade, na qual foi deferida a liminar para afastar os seus efeitos, ou seja, os
servidores públicos devem demandar na Justiça Comum e não na Justiça do Trabalho. Eis o
acórdão do STF: “O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas
instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-
estatutária (STF, Tribunal Pleno, ADI 3395 MC/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 05/04/2006, p. DJ
10/11/2006)”.

Questão 4 – Em relação à Justiça Trabalhista, ação de indenização por dano moral de empregado
em face do empregador tendo por fundamento o assédio moral será demandada em qual
Justiça? E a ação de indenização por acidente de trabalho?
R: Antes da Emenda Constitucional 45/2004, estas ações eram de competência da Justiça
Estadual, porque nada tinham a ver com verbas trabalhistas (13º, férias, horas extras, CTPS,
etc.), tanto que se pede indenização fundada na teoria do ato ilícito do Código Civil (art. 186 e
art. 927) e não em regras de conduta da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (adicional, 13º
salário, férias, insalubridade, etc.). Com a referida Emenda Constitucional, houve modificação
da competência para a Justiça Laboral (inciso VI do art. 114 da CF/88), de forma que estas ações
são, desde então, de competência da Justiça do Trabalho.

Questão 5 – Em relação à Justiça Eleitoral: Após a eleição municipal, foi modificada a


Constituição Federal para aumentar o número de Vereadores. Ação proposta por candidatos a
vereador não eleitos requerendo vagas remanescentes foi proposta perante a Justiça Eleitoral.
Está correto?
R: Não está correto. Isso porque a Justiça Eleitoral tem prazo de validade para sua competência,
uma vez que ela trata do “processo eleitoral”, que se inicia com a inscrição do candidato e se
encerra com a diplomação. Após isso, a competência é da Justiça Comum. É o que ocorre com o
caso posto à apreciação, onde os requerentes sequer foram eleitos; sequer houve processo
eleitoral para justificar a competência da Justiça Eleitoral. P. ex., se um Prefeito é cassado pela
Câmara de Vereadores no transcorrer do mandato, a ação deve ser proposta perante a Justiça
Estadual.

Questão 6 – Em relação à Justiça Eleitoral, um Mandado de Segurança proposto por Prefeito


cassado pela Câmara de Vereadores deverá ser demandando na Justiça Eleitoral ou Estadual?
R: O STJ possui orientação de que se finda a competência da Justiça Eleitoral com a diplomação
dos eleitos, ressalvada a hipótese de ajuizamento de ação de impugnação de mandato, prevista
no § 10 do art. 14 da CF/1988. Consequentemente, é de competência da Justiça Estadual o
julgamento de demanda na qual os autores, não eleitos em determinado pleito eleitoral, visam
à diplomação para o cargo de vereador. Note-se que não está em discussão a competência
genérica da Justiça Eleitoral para decidir sobre quocientes eleitoral e partidário, ou questões
correlatas, mas sim a competência para processar e julgar demandas ajuizadas após a
diplomação dos candidatos vencedores no processo eleitoral, e nas quais os temas acima
descritos constituem causa petendi (Justiça Comum).

Questão 7 – Levando em conta a competência jurisdicional, qual a competência da Justiça


Estadual Militar - Vara da Auditoria Militar?
R: Julga os crimes militares cometidos por militares em serviço. OBS: são requisitos cumulativos
e que se ausentes afastam a competência da Justiça Militar Estadual (Vara da Auditoria Militar).
P. ex., ainda que seja crime militar praticado por militar, mas este está de folga, não será julgado
pela vara da Auditoria Militar, mas sim, perante a vara criminal comum. Outro exemplo, a
conduta de abuso de autoridade não é crime militar (não é tipificada como crime no Código
Penal Militar - CPM), portanto será julgado perante a vara criminal comum. OBS 2: ainda que
seja crime militar cometido por militar em serviço, se o crime for contra a vida, ela sai da Vara
da Auditoria Militar e vai a Júri Popular por regra expressa no §5º do art. 125 da CF/88. OBS 3:
decisão da vara da auditoria militar pode ser colegiada.

Questão 8 – Como se divide a competência da Justiça Federal do art. 109 da CF/88?


R: O art. 109 da CF/88 pode ser dividida em razão: a) da pessoa: incisos I1-2, II e XI e; b) da
matéria: inciso III e V-A.

Questão 9 – Ação possessória proposta por um particular em face do outro em terreno da União.
Qual justiça será competente para apreciar a ação?
R: Se, embora pertencendo o imóvel à União Federal, a ação de reintegração de posse é travada
entre partes sem prerrogativa de foro na Justiça Federal, sem que participe da relação
processual qualquer ente que desafie a incidência do artigo 109, inciso I da Constituição
brasileira, competente para julgar a causa é a Justiça Estadual (Superior Tribunal de Justiça.
Conflito de Competência n° 20.918/RJ. Ministro Relator Sálvio de Figueiredo)3.

Questão 10 – Ação de usucapião proposta por um particular contra outro particular em face de
terreno particular que faz fronteira com terreno da União. Qual justiça é competente?
R: A Justiça Federal é competente para o processo e julgamento da ação de usucapião, desde
que o bem usucapiendo confronte com imóvel da União autarquias ou empresas públicas
federais (Súmula n° 13 do extinto Tribunal Federal de Recursos). Isto ocorre porque, na ação de
usucapião serão intimados a participar do processo todos os confrontantes (vizinhos) da área
objeto de usucapião (art. 246, §3º do Código de Processo Civil). Assim, se a União é parte no
processo, a justiça competente para conhecer de matérias cujo processo contenha a União é a
federal, por força expressa do artigo 109, inciso I da CF/88.

Questão 11 – Adoção de criança indígena. Qual a jurisdição? Federal (inciso XI) ou Estadual?
R: Somente abre competência da Justiça Federal a discussão a respeito de “direitos” indígenas,
ou seja, que estejam ligados à existência de sua cultura e demais direitos assegurados na
Constituição Federal. Neste caso, não há direitos indígenas em jogo, de forma que não leva à
incidência do inciso XI do art. 109. Não sendo da Justiça Federal, então, será competência da
justiça subsidiária, que é a Estadual.

Questão 12 – É possível que haja competência da Justiça Federal em relação ao mandado de


segurança impetrada em face de uma empresa – pessoa jurídica de direito privado?
R: O mandado de segurança deve ser impetrado em face da autoridade coatora federal.
Considera-se como tal a empresa particular, que exerce função federal delegada. Assim, se for
impetrado em face de dirigentes de empresa particular que preste serviço público por delegação
da União, deverá ser impetrado perante a Justiça Federal. OBS: Isso será somente em relação

1
Alguns exemplos de autarquias no governo federal são o Banco Central (BC), as agências reguladoras,
o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e órgãos como o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
(CNPq) e também as universidades federais
2
Alguns exemplos de empresas públicas da União: Embrapa, BNDS, Furnas, Petrobras, ECT, Infraero.
3
No mesmo sentido a Súmula n° 14 do extinto Tribunal Federal de Recursos.
ao mandado de segurança. Assim, uma ação de indenização em face da Petrobrás (sociedade de
economia mista) deve ser proposta em face da Justiça Estadual.

Questão 12 – Quem julga mandado de segurança impetrado em face de reitor de universidade


particular?
R: O Tribunal Regional Federal editou a Súmula 15 no seguinte teor: “compete à Justiça Federal
julgar mandado de segurança contra ato que diga respeito ao ensino superior, praticado por
dirigente de estabelecimento particular”. Isso porque tem o mesmo fundamento da questão
anterior, ou seja, empresa particular que exerce função delegada da União (ensino superior -
MEC). OBS: As empresas particulares de ensino médio submetem à fiscalização do Estado, e,
portanto, de competência da Justiça Estadual.

Questão 13 – Toda discussão a respeito de Universidade em mandado de segurança será de


competência da Justiça Estadual?
R: Súmula 34 do Superior Tribunal de Justiça: “compete à Justiça Estadual processar e julgar
causa relativa a mensalidade escolar, cobrada por estabelecimento particular de ensino”.

Questão 14 – Quando um Juiz Estadual poderá julgar ações de competência da Justiça Federal?
R: O §3º do art. 109 da CF/88 permite mediante dois requisitos cumulativos: na comarca não há
Justiça Federal + Lei autorizando. É o que ocorre com os direitos previdenciários e com a
execução fiscal da União. OBS: Pelo §4º do art. 109 da CF/88, se a ação tramita na Justiça
Estadual por delegação da Justiça Federal, na hipótese do §3º do art. 109 da CF/88, o recurso
em face da decisão do Juiz Estadual não será julgado pelo Tribunal de Justiça - TJ (órgão de 2º
grau da Justiça Estadual), mas sim pelo Tribunal Regional Federal - TRF (órgão de 2º grau da
Justiça Federal).

Competência Territorial/Foro
Questão 1 – Como chegar à Comarca competente (competência territorial)?
R: O critério é de exclusão. Isso porque o CPC atrela pessoas e situações à determinada
comarcas. Por exemplo, art. 63 (foro de eleição – domicílio do réu), art. 53, I (casamento e união
estável – domicílio de quem tem a guarda de filhos menores – se não tiver filhos menores, o
último domicílio do casal; se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal, no foro
domicílio do réu), art. 53, II (alimentos – domicílio do alimentado), art. 48 (inventário, a partilha,
a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de
partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu no foro do domicílio do
autor da herança), art. 49 (ação em que o ausente for réu no foro do último domicílio), art. 50
(incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente), art. 47
(direitos reais sobre imóveis, será na comarca da situação da coisa, ou seja, onde o imóvel esteja
registrado); art. 46 (direito pessoal e direitos reais sobre móveis, proposta no domicílio do réu).
OBS: O art. 46 é subsidiário, ou seja, se o fato não se enquadrar nas hipóteses legais, é porque
a comarca será a do domicílio do réu (art. 46, CPC). OBS 2: Em relação à Justiça Federal (União
como autora ou ré), o §1º do art. 109 da CF/88 traz a competência territorial (exceção da regra
de que a competência legiferante sobre foro é de Lei Federal). Esta regra foi repetida no art. 51,
CPC. OBS: O CPC não se aplica à competência territorial de legislações especiais, uma vez que o
especial derroga o geral do art. 2º da LINDB, por exemplo, em relação ao consumidor (Lei n.
8078/90, art. 6º, VIII c/c art. 101, I) e idoso (Lei n. 10.741/2003, art. 80)4.

Questão 2 – Cite três particularidades da competência territorial do CPC (art. 46 até o art. 63)?
R: a) foro especificado somente se as pessoas forem rés (polo passivo), p. ex., art. 45, art. 49 e
art. 50 somente se aplicam se as pessoas ali descritas forem rés (v.g. se o incapaz propõe ação
de rescisão de contrato, o foro é o domicilio do réu, art. 46 e, não, o art. 50); b) o direito real
pode ser o art. 46 - bem móvel - e art. 47 - bem imóvel; c) ausente do art. 50 não se confunde
com a pessoa com domicílio ignorado (§2º do art. 46).

Questão 3 – Como solucionar a hipótese onde numa mesma ação haja dois dispositivos legais a
serem aplicados a respeito da comarca competente?
R: Há divisão da competência entre absoluta e relativa. Uma das consequências práticas é para
a solução do conflito da questão trazida para apreciação. Assim, se numa mesma ação, a ação
comportar a incidência de dois artigos a respeito da competência, a competência absoluta
prevalece sobre a relativa. OBS: São competências absolutas: art. 47 do CPC; b) consumidor
(domicílio do consumidor – lei n. 8.078/90, art. 6º, VIII e inciso I do art. 101) e, idoso (Lei 10.741,
art. 80). Os demais artigos do CPC são marcados por competência relativa. P. ex., ação de
reintegração de posse de uma fazenda (art. 47) invadida por um Incapaz (art. 50). Outro
exemplo: ação de revisão de contrato com foro de eleição (art. 63) com um consumidor (art. 6º,
VIII c/c art. 101, I do CDC). OBS 2: Já em caso de dois artigos de competência relativa, apesar
deste critério não resolver com de forma absoluta todas as hipóteses, os artigos maiores
prevalecem sobre os menores. P. ex., ação proposta por “A” em face de ausente (art. 49) e face
de um incapaz (art. 50). Prevalece o foro do art. 50, CPC.

Questão 4 – Ação de reintegração de posse de um ar condicionado. Qual a comarca?


R: Visto que a ação de direitos reais de bens móveis é do art. 46 (domicílio do réu) e, a de bens
imóveis é regulada pelo art. 47 do CPC (situação da coisa), então a comarca para este caso posto
à apreciação será o local onde a coisa está situada (art. 47). Isso porque, apesar de o ar
condicionado ser considerado bem móvel por natureza, em caso de estar incorporado a um bem
imóvel, ele passa a ser considerado como bem imóvel por acessão intelectual (art. 79, 2ª parte
do CC/02 e art. 43, III do CC/16).

Questão 5 – Ação de reintegração de posse de um imóvel rural situado em três comarcas. Qual
comarca competente?

4
“As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá
competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a
competência originária dos Tribunais Superiores”.
R: Nesta hipótese, pela Lei de Registros Públicos, o registro deverá ser feito em todas as
Comarcas. Portanto, como não pode haver várias ações iguais (proíbe-se a litispendência – art.
337, §1º, §2º e §3º, CPC), o autor poderá escolher quaisquer delas.

Competência de Vara/Juízo

Questão 1 – Qual a divisão de competência de vara ou juízo no ‘âmbito cível’ das varas de Campo
Grande, trazida no art. 2º da Resolução n. 221?
R: Há divisão em direito privado e direito público. OBS: São varas de direito privado: família –
sucessões – infância e juventude – falência, recuperação e insolvência – competência especial e
cível residual. OBS 2: São varas de direito público: execução fiscal – difuso, coletivo e individual
homogêneo - fazenda pública e registros públicos.

Questão 2 – Como identificar as varas em relação à competência de suas matérias no direito


privado?
R: As matérias das varas seguem o conteúdo da lei de regência. P. ex., a vara de família julga as
ações em relação aos temas do Livro IV do Código Civil (art. 1.511 e seguintes). Outo exemplo, a
vara de sucessões tem competência para as matérias do Livro V do Código Civil (art. 1.784 e
seguintes). Outro exemplo, as matérias previstas no Estatuto da Criança e Adolescente da Lei n.
8.069/90 (art. 2º). Outro exemplo, vara de falência, recuperação e insolvência nas matérias da
Lei n. 11.101/05. Outro exemplo, a vara de competência especial tem competência para os
contratos bancários, leasing e de arrendamento mercantil. OBS: A ação de guarda de menor
enquadra-se na vara de família e da infância e juventude. O diferencial é que somente abre
competência para a vara de infância de a criança ou adolescente estiver em situação de risco.
OBS 2: A adoção se encontra na vara de infância e juventude e família e na vara de família (art.
1.618 e art. 1.619, CC). O diferencial é que a adoção de maior de idade será vara de família e de
criança e adolescente será vara de família. OBS 3: Estão excluídos da vara de competência
especial os contratos com empresas de factoring e de seguro. OBS 4: A vara cível residual tem
competência para toda e qualquer ação de direito privado que não seja específica. P. ex.,
contrato de prestação de serviço, direito possessório, locações, indenizatória etc.

Questão 3 – Como identificar as varas em relação à competência de suas matérias no direito


público?
R: A vara da execução fiscal se atrela ao crédito tributário do Estado e Município (cobrança de
tributos). A vara de direitos difusos coletivos e individuais homogêneos se atrela às ações
coletivas (ação popular, ação civil pública, ação de improbidade administrativa, mandado de
segurança coletivo). A vara da fazenda púbica e registros públicos; todas as demais ações de
interesse do poder público municipal e estadual, que não seja execução fiscal e difusos e
coletivos e individuais homogêneos (residual), bem como, mandado de segurança, habeas data
e mandado de injunção. OBS: Na fazenda pública não se atrela somente e tão somente ao poder
público estadual ou municipal no polo ativo (credor de tributo), mas também, no polo passivo,
p. ex., na ação anulatória de crédito tributário. OBS 2: O mandado de segurança coletivo é de
competência da vara de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos e o mandado de
segurança individual da fazenda pública.

Competência Interna – 05/05/2016


Questão 1 – Qual é a diferença entre jurisdição e competência?
R: O artigo 42 estabelece que “as causas cíveis serão processadas e decididas pelo Juiz nos
limites de sua competência”. Da redação do dispositivo legal podemos concluir que jurisdição é
o poder de decidir de todo e qualquer magistrado, seja Juiz, Desembargador ou Ministro. Já a
competência significa que o magistrado tem poder de decisão tão somente na sua área de
atuação. OBS: Por isso que se diz que todo magistrado possui jurisdição, mas nem todos
possuem competência, p. ex., o Juiz da 1ª Vara Cível da capital, apesar de ter jurisdição, não tem
competência para decisão dos processos da 2ª Vara Cível da capital. OBS 2: Por isso que se diz
também que competência é a medida/parcela/porção da jurisdição. OBS 3: O §3º do artigo 109
da Constituição Federal traz delegação de competência ao permitir que um Juiz Estadual
processe e decida uma ação da Justiça Federal. Isso ocorre nas ações previdenciárias e desde
que na comarca do interior não haja fórum da Justiça Federal. OBS 4: A delegação de
competências da observação anterior é para tão somente o processamento das ações
previdenciárias perante o 1º grau de jurisdição, nos termos do §4º do artigo 109 da Constituição
Federal. Em outros termos, os recursos contra as decisões do Juiz Estadual que age por
delegação de competência deverão ser direcionados e julgados pelo TRF, que é o órgão de 2º
grau da Justiça Federal. OBS 5: Em relação à observação anterior, se o recorrente
equivocadamente direcionar seu recurso para o Tribunal de Justiça, que é o órgão de 2º grau da
Justiça Estadual, o relator, de ofício, por ser competência absoluta o §1º do artigo 64, remeterá
ao Tribunal Regional Federal.

2 – A parte final do artigo 42, ao remeter as partes à arbitragem, fere o princípio do livre acesso
ao judiciário ou princípio da inafastabilidade jurisdicional?
R: Este princípio vem positivado no artigo 3º do CPC e no inciso XXV do artigo 5º da Constituição
Federal, e prescreve que “Lei não poderá excluir de apreciação do poder judiciário lesão ou
ameaça à direito”. O referido princípio não foi violado pelo artigo 42, uma vez que não impõe
arbitragem, mas somente faculta sua utilização pelas partes. Tanto é verdade que o artigo 1º da
Lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem) estabelece que a Convenção de Arbitragem será trazida dentro
de um contrato e todo contrato pressupõe manifestação de vontade livre e consciente. Assim
sendo, não há violação ao princípio uma vez que as partes não são excluídas do judiciário, mas
sim as partes que, de comum acordo, excluem a solução do conflito entre elas do judiciário.

3 – Foi proposta ação de alimentos na comarca em que reside o alimentando. No curso do


processo, o alimentando mudou seu domicílio para outro Estado da Federação. Pergunta-se:
haverá modificação da competência? Ou seja, o processo será transferido para a nova comarca?
R: Pelo artigo 43, “determina-se a competência no momento do registro (comarca de vara única)
ou distribuição (comarca com pluralidade de varas) da petição inicial, sendo irrelevantes as
modificações do estado de fato”. Mudança de domicílio é fato e, portanto, não gera modificação
de competência. OBS: Essa regra é denominada de “perpetuação da jurisdição”. OBS 2: Apesar
de o artigo 43 perpetuar a competência somente quando do registro/distribuição, parece
correto pensar que ela já existe desde o protocolo da petição inicial, nos termos do artigo 312
do CPC.

Questão 4 – Foi aprovada uma nova Lei que determina que as ações indenizatórias somente
poderão ser protocoladas na comarca onde ocorreu o dano. Com a entrada em vigor dessa Lei,
todas as ações indenizatórias deverão ser transferidas para a comarca em que ocorreu o fato?
R: Não modifica a competência, uma vez que o mesmo artigo 43 declara a irrelevância das
modificações de direito e o direito é a Lei.

Questão 5 – Quais as exceções do artigo 43 que permitem a modificação de competência?


R: Há duas exceções: a) haverá modificação de competência quando houver supressão do órgão
judiciário, p. ex., se a nova Constituição excluir a Justiça do Trabalho, todas as ações laborais
deverão ser transferidas para a nova jurisdição. Se houver a exclusão da comarca (cidade que
tem fórum), todas as ações serão transferidas para a comarca mais próxima. b) haverá
modificação de competência em caso de alteração de competência absoluta, p. ex., são regidas
por competência absoluta a competência de jurisdição e a competência de vara/juízo.

06/05/2016
Questão 6 – Qual o entendimento do STJ em relação às exceções da perpetuação da jurisdição
ou estabilização da competência?
R: Conforme pode ser visto no RESP 1533268, o rol de exceções da estabilização da competência
é taxativo. OBS: O fato do rol ser taxativo não impede que haja outras hipóteses venham de
previsão legal. Em outros termos, se a Lei não diz, não será exceção. OBS 2: A consequência
prática do rol taxativo é que não se admite aplicação analógica.

Questão 7 – Quais as outras exceções além daquelas do artigo 43 do CPC que permitem a
modificação da competência?
R: O artigo 54 do CPC também permite a modificação de competência quando houver conexão
ou continência. OBS: Pelo CPC de 1973, o artigo 105 permitia expressamente que o Juiz prevento
declarasse a conexão e a continência de ofício. O CPC de 2015 não trouxe essa permissão
expressamente. Ocorre que o Juiz só poderá agir de ofício quando a Lei expressamente permitir
e, portanto, diante do novo CPC, a conexão e a continência deixaram de ser consideradas
matérias de ordem pública. OBS 2: A conexão ocorre quando duas ou mais ações tenham o
mesmo pedido ou mesma causa de pedir (mesmo fato ou mesma relação jurídica), p. ex., ação
de despejo por falta de pagamento e outra ação de consignação em pagamento de aluguéis.
Outro exemplo, várias ações propostas em razão de um mesmo acidente aéreo. Outro exemplo,
várias ações propostas em face de uma mesma cláusula de um mesmo contrato em massa. OBS
3: Pelo artigo 56 do CPC, continência ocorre quando há duas ou mais ações que tenham as
mesmas partes e causa de pedir, sendo o pedido de uma parte mais amplo que o outro. Ou seja,
há pluralidade de ações quando o pedido de uma ação também está contido em outra ação, p.
ex., numa ação se pede a nulidade do contrato e na outra ação se pede a nulidade de uma
cláusula desse mesmo contrato. OBS 4: A razão de ser da conexão e continência, com base no
§3º do artigo 55, é para evitar que existam decisões conflitantes ou contraditórias. E por essa
razão todas devem ser julgadas num mesmo juízo nos termos do artigo 58. OBS 5: O mesmo
juízo que julgará todas as ações é denominado como prevento e, pelo artigo 59, será prevento
o juízo da ação em que primeiro foi registrada ou distribuída. OBS 6: Se a razão de ser da conexão
e continência é para evitar decisões contraditórias, com razão o §1º do artigo 55 afasta os seus
efeitos se entre duas ações uma já foi julgada. OBS 7: Só há conexão e continência nos termos
do caput do artigo 54 se a competência for relativa. Em outros termos, não há modificação de
competência na competência absoluta e, portanto, não haverá aplicação do instituto se as ações
conexas tramitam em justiças diversas ou em varas diversas. OBS 8: Nos casos de competência
absoluta em que não se admite modificação de competência, para se evitar decisões
contraditórias, deve ser pedido ao magistrado de uma das ações a aplicação do artigo 313, V, a,
do CPC. Ou seja, pedir a suspensão de um dos processos até que o outro seja julgado.

12/05/2016
Questão 8 – Quais as exceções jurisprudenciais do STJ, não previstas em Lei, de modificações de
competência?
R: O STJ tem entendimento pacificado de modificação de competência em hipóteses outras além
daquelas dos artigos 43 e 54, tais como: a) conforme pode ser visto no STJ através do acórdão
proferido no conflito de competência (CC 114782), se em uma ação houver interesse de crianças
e adolescentes, como p. ex., ação de alimentos ou ação de guarda, se o menor, no curso do
processo, mudar de domicílio para outra comarca, o processo deverá ser transferido para esta
nova comarca por interpretação do artigo 1º que trata do princípio da proteção integral da
criança e do adolescente e do artigo 147 da Lei 8.069/90 – ECA; b) pelo inciso II do artigo 516, a
execução de alimentos deve ser proposta perante a mesma vara em que tramitou a ação de
alimentos. Contudo, o STJ entende que se, quando da execução, o alimentando menor mudar
seu domicílio para outra comarca, a execução poderá ser proposta nesta nova comarca.

Questão 9 – Qual é a competência legislativa das competências (jurisdição, território e vara)?


R: Cabe saber quem pode legislar sobre competência de jurisdição, competência territorial e a
competência de vara/juízo. A reposta é dada de forma lacônica pelo artigo 44 que pode ser
resumido da seguinte forma: a) a legislação sobre competência de jurisdição é da Constituição
Federal e, portanto, somente poderá ser alterada pelo Poder Constituinte. OBS: Se uma Lei
Federal/Estadual modificar a competência da Justiça Federal, pecará pela inconstitucionalidade,
uma vez que quem dita a competência da Justiça Federal é a Constituição Federal, em seu artigo
109. Igualmente, a competência da Justiça do Trabalho, no artigo 114, a competência da Justiça
Eleitoral, no artigo 121, e a competência da Justiça Estadual Militar, nos artigos 124 e 125, todos
da Constituição Federal. OBS 2: Se um particular propõe ação possessória contra outro particular
em terreno da União, esta ação deve tramitar na Justiça Comum Estadual, uma vez que a União
não é parte neste processo e não há incidência do inciso I do artigo 109 da Constituição Federal.
OBS 3: Em relação à observação anterior, se a União ingressar neste processo como interessada
com base no caput do artigo 45 do CPC, o Juiz Estadual deverá remeter o processo para a Justiça
Federal, uma vez que agora há enquadramento no inciso I do artigo 109 da Constituição Federal.
OBS 4: Em relação à observação anterior, se o Juiz Federal indeferir o pedido de intervenção da
União, deverá remeter o processo ao Juízo Estadual de origem, com base no §3º do artigo 45 do
CPC e por não enquadramento no inciso I do artigo 109 da Constituição Federal. OBS 5: A
Constituição Federal é também quem dita/impõe a competência das ações de competência
originária, ou seja, das ações que são propostas diretamente no STJ e no STF, p. ex., mandado
de segurança que tenha como autoridade coatora o Presidente da República, pela alínea do
inciso I do artigo 102 da Constituição Federal, deve ser impetrado diretamente no STF. Outro
exemplo, mandado de segurança que tenha como autoridade coatora Ministro de Estado, pela
alínea b do inciso I do artigo 105 da Constituição Federal, deverá ser impetrado diretamente no
STJ. b) a competência para legislar sobre competência territorial/de foro é de Lei Federal e o
CPC, do artigo 46 ao 53, estabelece as comarcas para as proposituras das ações. OBS: Há Leis
Especiais que trazem foro específico para a propositura da ação, tais como o foro do consumidor
nas ações em que se discute relação de consumo, pelo artigo 6º, inciso VIII, c/c inciso I do artigo
101, ambos do CDC (Lei 8.078/90). Outra hipótese de Lei Especial é o foro do idoso, pelo artigo
80 do Estatuto do Idoso (Lei 10.751). Outra hipótese de Lei Especial é para propositura de ação
civil pública no local onde ocorreu o dano ambiental, pelo inciso I do artigo 2º c/c artigo 21,
ambos da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347). Nestas três hipóteses (idoso, consumidor e
ambiental) a competência é absoluta e, por aplicação do artigo 2º da LINDB, não se aplica a elas
a competência territorial do CPC. OBS 2: Excepcionalmente, há competência territorial prevista
na Constituição Federal, mais precisamente nos §§ 1º e 2º do artigo 109 da Constituição Federal.
Este dispositivo estabelece a Seção para propositura de ações perante a Justiça Federal. E esta
regra foi copiada no artigo 51 do CPC. c) a competência para legislar sobre competência de
vara/juízo cabe à cada Tribunal, através de suas leis de organização judiciária e, portanto, são
estabelecidas por ato administrativo que, na Justiça Estadual de nosso estado, é a resolução
221/94. d) cabe à Constituição Estadual estabelecer a competência das ações de competência
originária de seu Tribunal de Justiça. A Constituição Estadual do Mato Grosso do Sul trouxe essa
competência no inciso II do artigo 114, p. ex., ali está estabelecido que mandado de segurança
que tenha como autoridade coatora Governador do Estado, Secretários de Estado, juízes de
Direito (que não sejam do juizado especial), etc., deve ser impetrado diretamente no TJ. OBS:
Para fins de mandado se segurança, o prefeito e seu secretariado, pela nossa Constituição
Estadual, não têm foro privilegiado e, portanto, deve se impetrado no Fórum e direcionado para
a Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos.

Modificação de Competência – 19/05/2016


Questão 1 – Um imóvel encontra-se situado em mais de uma comarca. O artigo 47 do CPC
determina que a ação que discuta direitos reais sobre imóveis seja proposta no foro da situação
da coisa. Pergunta-se: qual é a comarca competente?
R: Pelo inciso II do artigo 169 da Lei 6.015/73, conhecida como Lei dos Registros Públicos, se um
imóvel está situado em mais de uma comarca, ele deverá ser registrado em todas elas. De
acordo com esta regra, o CPC, em seu artigo 60, estabelece que “se um imóvel se achar situado
em mais de um estado ou comarca, determina-se o foro pela prevenção, estabelecendo a
competência sobre a totalidade do imóvel”. Assim sendo, se ambas as comarcas possuem
competência, cabe ao autor a escolha de quaisquer delas. OBS: Foi proposta ação na comarca
“A”, mas os invasores ocupam a sede da fazenda, que está situada na comarca “B”. O Juiz do
processo concedeu a liminar e expediu mandado de reintegração de posse. Nesta hipótese, não
será necessário a expedição de carta precatória do inciso III do artigo 237 do CPC, uma vez que
a parte final do artigo 60 do CPC, por uma ficção jurídica, estende a competência do Juiz do
processo para a outra comarca em que também está situado o imóvel. OBS 2: O STJ tem
entendimento firmado que também se aplica o artigo 60 em caso de dúvidas a respeito do limite
territorial de unidades jurisdicionais, como pode ser visto no CC 9981 e CC 39766.

Questão 2 – Nos termos do artigo 61, a ação acessória será proposta no juízo competente da
ação principal. Pergunta-se: o que é ação acessória?
R: A ação acessória é a ação que decorre, necessariamente, de uma ação principal. Em outros
termos, se não houvesse ação principal, não nasceria a ação acessória. P. ex., somente nasce
uma ação de exoneração ou modificação de alimentos se há uma ação de alimentos e, portanto,
ação principal. Assim sendo, a ação acessória de exoneração ou modificação de alimentos
deverá ser proposta perante o mesmo juízo no qual tramitou a ação de alimentos. Outro
exemplo, numa determinada ação que tramita na 1ª Vara Cível da Capital, foi homologado
acordo pelo Juiz, por sentença. Uma das partes propôs ação anulatória para desconstituir o
acordo judicial sob o fundamento de que somente assinou por coação. Como essa ação
anulatória do § 4º do artigo 966 do CPC decorre da ação na qual o acordo foi homologado, então
é ação acessória que deverá tramitar perante o mesmo juízo da ação principal. Outro exemplo,
se em um processo de execução foi penhorado um bem de um terceiro, ou seja, a penhora
recaiu sobre bem que não é de propriedade do devedor executado. Nesta hipótese, a forma
processual para livrar da penhora um bem de terceiro é chamada de embargos de terceiro,
prevista no artigo 674 do CPC, e, com base no artigo 676 do CPC e por ser ação acessória, será
distribuída por dependência ao juízo da execução. Em poucas palavras, no juízo em que tramitou
a ação principal, deverá tramitar a ação acessória.

Questão 3 – Podem as partes de comum acordo modificar a competência?


R: Depende. Isso porque o artigo 63 do CPC somente permite que as partes modifiquem a
competência relativa. Isso é o que ocorre nos contratos que têm foro de eleição, ou seja, as
partes estabelecem por comum acordo que, se houver litígio entre elas, a ação deverá ser
proposta na comarca “X”. Em outros termos, é permitida a modificação em caso de competência
territorial ou de foro (exceto nos casos de idoso, consumidor ou bem imóvel). Em se tratando
de competência absoluta, como ocorre com as competências de jurisdição e de vara e com as
ações de competência originária, o artigo 62 do CPC proíbe a modificação, ainda que exista
acordo entre as partes.
Sujeito Processual/Capacidade Processual – 02/06/2016
Questão 1 – O que significa a redação do artigo 70 ao dispor que “toda pessoa que se encontre
em exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo”?
R: Aqui surge a diferença entre capacidade de aquisição (capacidade de ser parte) e de exercício
judicial do direito (capacidade de estar em juízo – legitimatio ad processum). Todos, ao
nascerem com vida (artigo 2º do CC), adquirem direitos (artigo 1º do CC), ainda que sejam
incapazes (artigos 3º e 4º do CC). P. ex., se no parto falece a genitora, o recém-nascido, apesar
de absolutamente incapaz pelo caput do artigo 3º do CC, adquire direito na aquisição de
propriedade de sua genitora pelo instituto da herança do artigo 1.784 do CC. No entanto, para
exercer estes direitos, ou seja, para propor ação ou estar em juízo ‘sozinho’ – desacompanhado
– tem que ter capacidade para o exercício do direito em juízo, como exige o artigo 70 do CPC.
Somente os maiores e capazes a tem. OBS: Caso seja incapaz, somente poderá propor ação em
juízo se estiver representada ou assistida por seus pais, tutor ou curador (artigo 71 do CPC). OBS
2: O representante legal cuida dos interesses dos filhos que ainda não atingiram a maioridade
(artigo 5º do CC). A tutela (artigo 1.728 do CC) defende interesses de menor que não tenha
representante legal (falecimento, ausência ou destituição do poder familiar). A curatela (artigo
1.767 do CC) defende os interesses da pessoa maior incapaz, em regra. Então, o menor pode ter
representante legal ou tutor. O diferencial entre eles é que a tutela depende de decisão judicial,
mas a representação é automática e decorre do poder familiar. OBS 3: Será representada, se a
incapacidade for absoluta. Sendo relativa, será assistida. OBS 4: Esta representação se
concretiza com o representante assinando sozinho a procuração da ação proposta pelo incapaz.
A assistência se concretiza com a assinatura conjunta na procuração do incapaz e de seu
representante. OBS 5: A ação deve ser proposta pelo incapaz, ou seja, deve constar o nome e a
qualificação dele, uma vez que não se permite defender direito alheio em nome próprio (artigo
18 do CPC). Em outros termos: O exercício do direito deve ser de quem o adquiriu (artigo 18 do
CPC). Ainda, deve haver exata correspondência entre a capacidade de estar em juízo com a
capacidade de ser parte (artigo 18 do CPC). Se a ação for proposta pelo representante, haverá
ilegitimidade e, se o vício não for sanado após a intimação do artigo 321 do CPC, levará à
extinção do processo pelo inciso VI do artigo 485 do CPC. P. ex., numa ação de alimentos deve
o menor/alimentando propor ação em seu nome, no polo ativo, uma vez que o direito a
alimentos é do alimentando e não de sua genitora. Assim, deve constar o nome do alimentando
como parte ativa e, logo depois de sua qualificação, virá a frase: “devidamente representando
por sua genitora, Fulana de Tal.”
Questão 2 – O incapaz tem representante legal, que é sua genitora. Seu genitor já é falecido. Ele
tem interesse em propor ação de indenização por dano moral em face da genitora. Como propor
ação se seus interesses colidem com o de sua representante?
R: Nesta hipótese, permite-se que o incapaz proponha ação sem representação e com pedido
de nomeação de curador especial, pelo inciso I do artigo 72 do CPC. OBS: Outra hipótese que
chama a atuação do curador especial é de réu preso que, apesar de citado, deixou de apresentar
defesa (revel). OBS 2: Outra hipótese que chama a atuação do curador especial é de réu citado
por edital ou por hora certa. OBS 3: A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública
(artigo 4º, inciso XVI, da Lei Complementar nº. 80/94 e artigos 185 a 187 do CPC).
Questão 3 – Caso a ação a ser proposta tenha por objeto direitos reais sobre imóveis, p. ex., ação
de usucapião, ação reivindicatória, etc. Pergunta-se: Qual a consequência prática se as partes
são casadas?
R: Depende. Se a parte autora for casada, pelo caput do artigo 73 do CPC, prescindirá de
consentimento do cônjuge para propor a ação. Se a parte ré for casada, pelo §1º do artigo 73
do CPC, eles serão litisconsortes necessários, ou seja, o cônjuge também deverá ser citado para
integrar o polo passivo. Ambos serão partes. OBS: O diferencial entre o caput e o §1º é que para
o polo ativo somente se aplica para “ação que verse sobre direito real imobiliário”. No polo
passivo, exige-se a citação do cônjuge por este motivo e por mais três motivos descritos nos
incisos II, III5 e IV do artigo 73 do CPC. OBS 2: Não andou bem o legislador ao afastar do artigo
73 no caso de os cônjuges serem casados no regime da separação absoluta de bens. Certo que
a razão de ser da intimação do cônjuge do devedor é que, por regra geral, o casamento se realiza
no regime da comunhão parcial de bens, de forma que pode ser meeiro e, portanto, visa dar
informação ao cônjuge que sua meação pode ter sido atingida por uma constrição de dívida de
terceiro (seu cônjuge). Levando em conta esta interpretação teleológica, não prescindiria de
intimação do cônjuge do devedor se casados no regime da separação de bens, porque não seria
meeiro (artigo 1.648 do CC). Contudo, não podemos nos esquecer de que, ainda que seja o
regime da separação legal, pode haver divisão do patrimônio, se ele foi adquirido pelo esforço
comum dos cônjuges, ou seja, podem haver os aquestos e eles devem ser meados conforme
Súmula 377 do STF. OBS 3: E mais, ainda que o regime seja pela separação de bens, é importante
que o cônjuge participe do processo porque poderá ser meeiro deste bem em razão de evento
incerto e futuro. Isso decorre do entendimento do STJ (Resp 12940/RS)6 de que a morte extingue

5
A razão de ser da citação de cônjuge por dívidas do outros é que a responsabilidade entre os cônjuges
em relação às despesas familiares é ‘solidária’, por regra expressa do art. 1.643 e art. 1.644 do Código
Civil. Portanto, se um cônjuge realiza empréstimo de grande vulto, a dívida também é do outro (cônjuge
inocente), ainda que não saiba ou não tenha concordado com o empréstimo. Observação: a forma de o
cônjuge inocente ser afastado da responsabilidade pelo débito realizado pelo outro é dele provar que os
valores não reverteram em benefício da família.

6
Cinge-se a controvérsia a saber se o regime de separação total dos bens, estabelecido em pacto
antenupcial, retira do cônjuge sobrevivente a condição de herdeiro necessário, prevista nos artigos 1.829,
III, 1.838 e 1.845 do Código Civil, ou seja, quando não há concorrência com descendentes ou ascendentes
do autor da herança. 2. Na hipótese do art. 1.829, III, do Código Civil de 2002, o cônjuge sobrevivente é
considerado herdeiro necessário independentemente do regime de bens de seu casamento com o
falecido. 3. O cônjuge herdeiro necessário é aquele que, quando da morte do autor da herança, mantinha
o vínculo de casamento, não estava separado judicialmente ou não estava separado de fato há mais de 2
(dois) anos, salvo, nesta última hipótese, se comprovar que a separação de fato se deu por impossibilidade
de convivência, sem culpa do cônjuge sobrevivente. 4. O pacto antenupcial que estabelece o regime de
separação total somente dispõe acerca da incomunicabilidade de bens e o seu modo de administração no
curso do casamento, não produzindo efeitos após a morte por inexistir no ordenamento pátrio previsão
de ultra-atividade do regime patrimonial apta a emprestar eficácia póstuma ao regime matrimonial. 5. O
fato gerador no direito sucessório é a morte de um dos cônjuges e não, como cediço no direito de família,
a vida em comum. As situações, porquanto distintas, não comportam tratamento homogêneo, à luz do
princípio da especificidade, motivo pelo qual a intransmissibilidade patrimonial não se perpetua post
o casamento e deixa de existir o pacto antenupcial que somente regula a divisão de bens entre
os cônjuges vivos, ou seja, com o fim do casamento pelo divórcio. Portanto, com a morte de um
deles, o cônjuge sobrevivente passa a ser herdeiro necessário e o caso se rege pelo direito
sucessório, por interpretação do inciso III do artigo 1.829 e do artigo 1.838 do CC. O que se está
a dizer é que o cônjuge, ainda que sob o regime da separação absoluta de bens, é
potencial/possível meeiro do bem discutido nos autos ocorrendo o evento morte da parte. OBS
4: Se o cônjuge, sem justo motivo, negar o consentimento do caput do artigo 73, pelo artigo 74
do CPC ele poderá ser suprido judicialmente, ou seja, a decisão do juiz valerá como
consentimento. Em outros termos: Nesta hipótese, o consentimento depende de ação judicial.

Questão 4 – É certo que há pessoas que, naturalmente, não têm personalidade jurídica. No
entanto, a Lei lhes dá capacidade de serem partes que defendam interesses de quem eles
representam. Pergunta-se: Qual a exigência processual destas pessoas sem personalidade
jurídica demandarem em juízo?
R: Apesar da inexistência de personalidade jurídica, o CPC permite que elas estejam em juízo,
desde que representadas. Eis o artigo 75 do CPC: “Serão representados em juízo, ativa e
passivamente: I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão
vinculado; II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; III - o Município, por seu
prefeito ou procurador; IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a Lei do ente
federado designar; V - a massa falida, pelo administrador judicial; VI - a herança jacente ou
vacante, por seu curador; VII - o espólio7, pelo inventariante; VIII - a pessoa jurídica, por quem
os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus
diretores; IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem
personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; X - a pessoa
jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou
sucursal aberta ou instalada no Brasil; XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico”. OBS:
Em relação ao inciso I, II e III, o diferencial na representação da pessoa jurídica de direito público
interno é que, em relação ao Município, o Chefe do Executivo (Prefeito) pode representar o ente
federativo. Portanto, poderá receber citações das ações propostas em face do ente municipal.
Igualmente, poderá propor ação em nome do Município, desde que tenha capacidade
postulatória. O Governador e Presidente da República, se forem citados pessoalmente de ações
propostas em face do Estado ou União, as citações serão nulas, por violação ao artigo 73, I e II,
uma vez que representados tão somente por seus procuradores jurídicos. OBS 2: Na hipótese
do inciso I, II, III e VI, “os representantes não prescindem de juntada de procuração, uma vez

mortem (REsp 1294404/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
20/10/2015, DJe 29/10/2015).

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No que tange ao conceito de espólio ou herança, vale conferir a melhor doutrina: “o espolio, também
chamado herança, é o conjunto de bens, direitos e obrigações, de uma pessoa após a sua morte, e
enquanto não distribuídos a seus herdeiros e sucessores. Como simples universalidade de bens que é, o
espólio não tem personalidade jurídica, segundo o nosso direito. Mas o Código lhe dá capacidade de ser
parte, e apenas mudando o nome de herança para espólio (Bernardo Pimentel Souza. Execuções,
cautelares e embargos no processo de execução. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 46).
que a posse para o cargo de procurador jurídico lhe atribui por força de Lei a capacidade
postulatória”. Corrobora o Enunciado 644 do STF. OBS 3: Em relação ao inciso VII: para o
processo de conhecimento, a legitimidade para a defesa dos bens da herança não é somente do
inventariante, mas também, de todos os herdeiros. Portanto, sendo invadida a fazenda que
compõe o acervo patrimonial do espólio, qualquer um deles tem legitimidade para propor ação
para proteger a posse. Isso porque adquirem a propriedade em regime de condomínio no
momento da morte (artigo 1.784 e parágrafo único do artigo 1.791, ambos do CC). Em outros
termos: A representação somente do espólio ocorre apenas para o processo de execução, por
interpretação o inciso II do artigo 794 do CPC. P. ex., se há condenação de indenização do autor
antes da execução da sentença indenizatória e ele vem a falecer. A execução somente poderá
ser proposta pelo espólio mediante a representação do inventariante. OBS 4: Em relação ao
inciso XI, o condomínio será representado pelo síndico ou pelo administrador e, portanto,
documento indispensável para provar a representação é a juntada com a inicial da ata da
assembleia na qual houve a eleição. OBS 5: Em relação ao inciso XI, se houve lapso de tempo
entre o fim do mandato do síndico e a nova eleição, o síndico originário continua com
representação do condomínio, apesar do fim do mandato. OBS 6: Novidade do novo CPC foi o
§4º8.

Questão 5 - O juiz constatou incapacidade processual. P. ex., que a ação de alimento está
proposta por relativamente incapaz sem assinatura do representante do artigo 71 do CPC ou de
ação com discussão sobre direitos reais sobre imóvel proposta por autor casado sem
consentimento do cônjuge do caput do artigo 73 do CPC. Pergunta-se: qual providencia a ser
adotada pelo magistrado?
R: É direito público subjetivo de as partes serem previamente intimadas para sanar o vício. Se o
juiz tomar as providências do §1º e do §2º do artigo 76 sem prévia intimação, a decisão contém
erro de forma do artigo 76 do CPC e violação à garantia constitucional do devido processo legal
do inciso LVII do artigo 5º da CF. Portanto, passível de reforma pela via recursal. OBS: Se o vício
não for sanado no prazo dado pelo juiz, então a consequência processual depende das situações
trazidas no artigo 76 do CPC. Depende se está em 1º grau de jurisdição (§1º) ou em 2º grau de
jurisdição (§2º). Em 1º grau de jurisdição depende se a omissão é do autor (inciso I) ou do réu
(inciso II). Em 2º grau de jurisdição se trata do recorrente/quem propôs o recurso (inciso I) ou
recorrido/contra quem o recurso foi interposto (inciso II). OBS 2: O prazo mencionado no artigo
76 é dilatório, ou seja, se o autor o praticar além do prazo entabulado pelo juiz e, ainda não
tomou as medidas do §1º e §2º, deverá ser aceita a correção além do prazo. Se fosse prazo
peremptório, caso praticado além do interregno previsto na Lei, isso importaria na extinção do
processo, porque o prazo peremptório não admite prorrogação. O prazo para defesa e para
recurso é peremptório.

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Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato processual
por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas respectivas
procuradorias
Sucessão das Partes e dos Procuradores – 03/06/2016
Questão 1 – Foi proposta ação. No curso do processo o autor peticionou ao magistrado
pleiteando a substituição da parte. Isto é possível?
R: A regra geral pela primeira parte do artigo 108 do CPC (‘no curso do processo, somente é lícita
a sucessão voluntária das partes nos casos expressos em lei’) é que não se admite a substituição
das partes, no curso do processo. OBS: A segunda parte do artigo 108 do CPC traz a exceção,
consistente nos ‘casos expressos em lei’.

Questão 2 – Quais os casos expressos em lei que permitem a substituição das partes no curso do
processo?
R: Há duas exceções: a) artigo 110 do CPC – havendo morte de qualquer das partes dar-se-á a
sucessão. Isso porque deixa de ter personalidade jurídica e, portanto, devem ser substituídas
pelo espólio, que é quem, pelo inciso VII do artigo 75, defende os interesses da massa
patrimonial deixada pelo de cujus (herança). OBS: Quem representa o espólio pelo inciso VII do
artigo 75 é o inventariante. Assim sendo, quando do pedido de substituição da parte do processo
em razão de seu falecimento, deve ser juntado o termo de nomeação do peticionante como
inventariante ocorrido no processo de inventário e partilha. Esse documento é essencial para
comprovação da representação do inciso VII do artigo 75 do CPC. OBS 2: Pelo inciso I do artigo
313 do CPC, automaticamente e no exato momento da morte da parte ocorrerá a suspensão do
processo, até que haja a substituição, e os atos processuais ocorridos do momento do
falecimento até a substituição, em regra, serão nulos. OBS 3: Somente serão anulados os atos
praticados durante o prazo da suspensão se houver prejuízo ao espólio, pela regra do §1º do
artigo 282, do parágrafo único do artigo 283 do CPC e da aplicação do princípio da
instrumentalidade das formas dos artigos 188 e 277 do CPC. P. ex., se quando da sentença a
parte autora estava falecida, não se anulará a sentença se foi de procedência, ou seja, saiu
vencedora no processo. OBS 4: Há hipótese na qual a morte da parte não gerará a suspensão do
processo, mas sim a extinção do processo pelo inciso IX do artigo 485 do CPC (ação considerada
intransmissível). P. ex., se a parte pede medicamento por estar doente, a sua morte não gera a
continuidade da ação, mas sim a extinção, uma vez que o pedido de fármaco perdeu o objeto
(inutilidade). OBS 5: Aplica-se o artigo 110 do CPC no caso de extinção da pessoa jurídica, que
gerará a substituição pelos sócios. b) artigo 338 do CPC – se o réu, quando da contestação, alegar
que é parte ilegítima, será facultado ao autor a substituição do polo passivo.

Questão 3 – Foi proposta ação de usucapião em face de “A”. No curso do processo e, antevendo
que a sentença seria de procedência, alienou o bem usucapiendo para “B”. Nesta hipótese de
alienação de coisa litigiosa, poderá ser alterada a legitimidade de parte, ou seja, sairá o “A” e
entrará o “B”, no polo passivo?
R: A regra geral do caput do artigo 109 do CPC é que não haverá substituição da parte. OBS: O
dispositivo tem sua ontologia voltada para a efetividade e celeridade processual. Imagine que o
bem objeto do processo fosse alvo de sucessivas alienações. Se em todas elas fosse necessária
a alteração da parte do processo pelo novo comprador, com a abertura de instrução probatória,
haveria atraso interminável do processo. Inclusive, haveria estímulo para procrastinar o feito
mediante sucessivas vendas simuladas. OBS 2: Por este sistema processual, há irrelevância da
alienação do bem litigioso, porque o alienante será considerado substituto processual ou
legitimidade extraordinária (artigo 18, ‘in fine’). Ou seja, o alienante defenderá em nome próprio
o direito alheio (o do adquirente). OBS 3: Com base no §1º do artigo 109 do CPC, será permitida
a substituição, mas para que ela ocorra é necessário que o adquirente de coisa litigiosa (coisa
passa a ser litigiosa com a citação do réu) requeira a substituição, que depende de aceitação do
autor. Em outros termos: A substituição não é automática, mas sim, condicionada. OBS 4: Em
relação à forma do consentimento: Não precisa ser escrito e expresso. O silêncio pode ser
considerado como aceitação. Assim, se a parte é intimada para se manifestar sobre o pedido de
sucessão e nada diz é porque aceitou tacitamente. Inclusive, esta recusa deve ser justificada sob
pena de presumir a aceitação tácita. OBS 5: Se o autor não concordar com a substituição, então
o adquirente poderá intervir na qualidade de assistente litisconsorcial do alienante, nos termos
do §2º do artigo 109 do CPC. OBS 6: Pelo §3º do artigo 109, se o adquirente não pedir a sucessão
e não ingressar como assistente litisconsorcial, ainda assim será atingido pelos efeitos da decisão
e, portanto, ainda que não tenha sido parte perderá a propriedade pelo instituto da usucapião.
OBS 7: O que restará para o adquirente que perdeu a propriedade por decisão judicial é buscar
indenização por perdas e danos em ação de regresso em face do alienante, pelo instituto da
evicção.

Questão 4 – Quais as hipóteses de sucessão do procurador?


R: Há duas hipóteses, tais como: a) Desinteresse da parte pelo artigo 111 do CPC – poderá a
parte revogar o mandato. OBS: Deve nomear outro dentro do prazo de 15 dias (parágrafo único
do artigo 111 do CPC). OBS 2: Não nomeando outro no prazo de 15 dias, observar-se-á o disposto
no artigo 76. Ou seja, estando no polo ativo, o processo será extinto sem resolução do mérito.
Estando no polo passivo, será considerado revel e, portanto, com presunção de veracidade dos
fatos constitutivos do autor. OBS 3: Além da revogação expressa do artigo 111, há a revogação
tácita, que ocorre quando da juntada da procuração sem reserva de poderes para outro
advogado. OBS 4: A revogação tácita pode configurar impedimento moral pelo artigo 11 do
Código de Ética da OAB. b) Desinteresse do advogado pelo artigo 112 do CPC – poderá renunciar
ao mandato. OBS: Só terá efeito se houver comprovação de comunicação à parte. OBS 2: A
forma de comunicação é livre e, portanto, pode ser feito por notificação judicial, extrajudicial,
correio com aviso de recebimento, e-mail enviado e respondido pela parte, etc. OBS 3: Ainda
que, em havendo a comunicação, não exista nomeação de novo advogado pela parte, o
renunciante continua nos 10 dias seguintes a representar o mandante. Portanto, se dentro deste
prazo expirar o prazo do recurso, deverá interpô-lo, sob pena de responder por eventual falta
funcional perante o Conselho de Ética da OAB.
SIMULADOS

QUESTÕES EXTRASSALA
Questão extrassala – Qual a diferença entre heterocomposição e arbitragem? (Respondida pela
aluna Renata Daniele de Almeida em 03/03/2016)
R:
Questão extrassala – Por que se diz que a heterocomposição é subsidiária? (Respondida pelo
aluno Laerson Almeida Pereira em 11/03/2016)
R:
Questão extrassala – Quais normas constitucionais foram inseridas explicitamente no NCPC?
(Respondida pela aluna Neide Heloísa dos Santos Sampaio Rocha em 03/03/2016)
R:
Questão extrassala – Pelo princípio da inércia, dentro de um processo, o Juiz pode, de ofício,
conceder algum pedido? (Respondida pelo aluno Lincoln Augusto R. Fernandes em 03/03/2016)
R:
Questão extrassala – Em qual situação o STJ, de forma excepcional, tem determinado a
prevalência do Código de Defesa do Consumidor sobre Tratado Internacional? (Respondida pela
aluna Neide Heloísa dos Santos Sampaio Rocha em 08/04/2016)
R: RESP 1289629, Convenção de Varsóvia
Questão extrassala – Consumidor teve financiamento bancário negado por alegação
desfavorável do Gerente do banco em relação a sua nota de risco de crédito baseada em
informações repassadas de empresa prestadora de serviços “Credit Scoring”. Pergunta-se: a
ação de danos morais a ser proposta pelo autor será contra o banco que negou crédito ou contra
a empresa que emitiu informações errôneas em relação a sua nota de crédito?
R: RESP 1419697
Questão extrassala – A negativa de cirurgia pelo SUS gera responsabilidade de qual ente
federativo?
R: AGRG no RESP 1104353
Questão extrassala – Sabido que o artigo 134 do Código de Trânsito Brasileiro traz a
responsabilidade solidária entre o alienante do veículo e o adquirente pelas multas de trânsito,
se não houver a comunicação ao órgão competente (DETRAN) da transferência. Pergunta-se: em
face dessa responsabilidade solidária, o Estado tem legitimidade para cobrar também o IPVA?
(Respondida pela aluna Renata Daniele de Almeida em 11/03/2016)
R: AGRG no RESP 1528438
Questão extrassala – Vazamento de gasolina em posto de combustível em razão de tanque
defeituoso. Pergunta-se: quem é responsável por este dano ambiental?
R: RESP 1363107
Questão extrassala – Ação de indenização por acidente de trânsito proposta somente em face
do proprietário do veículo causador do acidente que não é quem estava dirigindo no dia do fato.
Pergunta-se: há ilegitimidade?
R: AGRG no ARESP 787941
Questão extrassala – Se a criança tem os pais no exercício do poder familiar e a Defensoria
Pública Estadual está estruturada, haverá legitimidade do MP na propositura de ação de
alimentos em favor da criança?
R: RESP 1327471
Questão extrassala – Brasileiro residente no país assinou contrato internacional com foro de
eleição de jurisdição exclusiva em comarca de país estrangeiro. Pergunta-se: Havendo litígio
entre os contratantes, a ação poderá ser proposta no Brasil?
R: Artigo 25, §§ 1º e 2º, CPC.
Questão extrassala – Apesar de a sentença estrangeira tratar de bens imóveis situados no Brasil,
a titularidade desses bens decorre de ato de vontades dos interessados, ou seja, não há litígio
entre as partes a respeito desses bens. Neste caso, o STJ poderá homologar a sentença
estrangeira?
R: SEC 7072; SEC 9531
Questão extrassala – Na mesma hipótese da questão anterior, se a titularidade dos bens imóveis
não é alvo de litígio na sentença estrangeira, no entanto, restam dúvidas quanto a sua
consonância com a legislação pátria, é caso de o STJ recusar a homologação?
R: SEC 5528
Questão extrassala – Pode o STJ homologar PARTE da sentença estrangeira?
R: SEC 4913
Questão extrassala – Servidor público estadual pleiteando horas extras e adicional de
insalubridade em face do Estado, irá propor sua ação em qual jurisdição? Justiça Estadual ou
Justiça Trabalhista?
R:
Questão extrassala – Ação de indenização por danos morais de empregado em face de
empregador, tendo por fundamento o assédio moral, será proposta na Justiça Estadual ou na
Justiça Trabalhista? (Respondida pela aluna Natália Alves da Cunha em 08/04/2016)
R:
Questão extrassala – As ações previdenciárias em comarcas do interior tramitam na Justiça
Estadual por delegação do §3º do artigo 109 da Constituição Federal. No entanto, foi criada uma
Seção Judiciária naquela comarca. Pergunta-se: haverá modificação de competência? Ou seja,
as ações previdenciárias que tramitam na Justiça Estadual serão remetidas à Justiça Federal?
R: RESP 1373132
Questão extrassala – A conexão de ações torna obrigatória a reunião de todas elas perante o
juízo prevento? (Respondida pela aluna Neide Heloísa dos Santos Sampaio Rocha em
19/05/2016)
R: RESP 1226016
Questão extrassala – A Emenda Constitucional 45/04 retirou a competência da Justiça Estadual
em atribuindo à Justiça do Trabalho em relação às ações de dano moral decorrente da relação
de emprego. Pergunta-se: modificou-se a competência, com a remessa à Justiça do Trabalho, em
qualquer fase que estivesse o processo? (Respondida pelo aluno Lincoln Augusto R. Fernandes
em 19/05/2016)
R: Súmula 367, STJ
Questão extrassala – Quais as diferenças entre modificação de competência do artigo 54 do CPC
e o instituto da incompetência relativa?
R:
Questão extrassala – Qual a relevância prática da curatela especial do artigo 72 do CPC ser
instituto de direito material?
R: A consequência prática de ser instituto de direito material é que não precisa ter capacidade
postulatória, ou seja, pode ser nomeado qualquer pessoa, ainda que não seja advogado (em
caso de ausência de Defensoria Pública na Comarca do interior ou do Estado). Na prática, a
nomeação recai sobre quem tenha capacidade postulatória para evitar que ao curador especial
tenha que contratar advogado.
Questão extrassala – Qualquer regime de prisão legitima a curadoria especial do art. 72 do CPC?
R: Como a lei não distingue, qualquer dos regimes de prisão é fato gerador para a nomeação de
curador especial. Caso esteja preso domiciliar ou aberto, p. ex., e deseje contratar advogado,
então se mostra desnecessária a nomeação da curadoria especial. OBS: Pode ocorrer que réu
preso em regime domiciliar tenha duas peças de defesa apresentadas. P. ex., a Defensoria
Pública, como tem prazo dobrado – artigo 186 –, apresenta defesa no último dia do prazo. No
entanto, o réu preso contratou advogado particular que já tinha apresentado no seu prazo
simples de defesa.
Questão extrassala – Qual a diferença da ação de direitos reais sobre imóveis proposta em face
de réu casado ou que viva em união estável?
R: O diferencial é que, para chamar o litisconsórcio passivo, basta a certidão de casamento. Para
o caso de união estável, somente se permite a aplicação do litisconsórcio passivo se houver
prova nos autos da união estável, pela regra do §3º do artigo 73 do CPC.
Questão extrassala – Foi proposta ação possessória (reintegração de posse ou manutenção de
posse ou interdito proibitório) em face de réu casado. Prescinde de citação de seu cônjuge?
R: O legislador tratou o direito possessório diferente das ações de direito real (em que se discute
a propriedade). Isso porque somente aplica-se o artigo 73 em caso de ato praticado por ambos.
P. ex., se a invasão foi feita somente por um deles, então o outro não precisa ser citado. De outro
lado, se ambos invadiram a propriedade, então aplica-se a regra do artigo 73 do CPC.

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