Você está na página 1de 2

Mecanismo Fisiológico do Ciclo Respiratório

O   centro   respiratório   dorsal   do   bulbo   envia   o   estímulo   inspiratório   através   da   via 


parassimpática para os músculos inspiratórios contraírem: o diafragma, responsável por 
cerca de 60 a 75% da inspiração, abaixa a sua cúpula e inicia o movimento de “alça de 
balde” das costelas inferiores que aumenta o diâmetro látero­lateral da caixa torácica; e os 
músculos intercostais externos atuam sobre as costelas superiores realizando o movimento 
de   “bomba   de   ar”,   que   aumenta   o   diâmetro   ântero­posterior   da   caixa   torácica.   Esse 
movimento   inspiratório   diminui   a   pressão   pleural   (Ppl),   alterando   o   gradiente 
transpulmonar. O alvéolo se expande, diminuindo a pressão alveolar (Palv – Lei de Boyle) e 
alterando o gradiente transrespiratório. O ar é deslocado da atmosfera (maior pressão) em 
direção   aos   alvéolos   (menor   pressão),   passando   pelas   vias   aéreas   superiores,   onde   é 
umidificado, aquecido e filtrado. O ar passa pela laringe e traquéia onde estão localizadas 
as   células   caliciformes   (produtoras   de   muco)   e   as   células   ciliares   (responsáveis   pela 
depuração deste muco, enviando­o para vias aéreas mais superiores onde é deglutido ou 
excretado). O ar passa por brônquios e bronquíolos até chegar aos alvéolos. As vias aéreas 
superiores são denominadas “espaço morto anatômico”, pois é uma região onde não há 
troca gasosa devido à não perfusão.

O ar chega aos alvéolos com uma PaO 2 de 100 mmHg e PaCO2 de 40 mmHg. Então, o O2 
precisa ultrapassar a barreira da camada de surfactante (responsável por diminuir a tensão 
superficial   do   líquido   presente   no   alvéolo,   permitindo   sua   expansão   no   momento   da 
inspiração),   da   membrana   alveolar,   do  interstício  pulmonar,   da   membrana   do   capilar 
sanguíneo e, finalmente, da membrana da hemácia (Lei de Fick). Na hemácia, cerca de 98% 
do O2 liga­se à hemoglobina (que possui quatro sítios de ligação) e aproximadamente 2% 
do O2 fica dissolvido no plasma sanguíneo. Nesse momento, existe uma alta afinidade Hb­
O2.   O   O2  é   então   carreado   até   a   célula,   passando   através   das   veias   pulmonares,   átrio 
esquerdo, válvula mitral, ventrículo esquerdo, válvula semilunar, aorta, cerca de 20% do 
débito cardíaco vai para as coronárias e o restante segue para a circulação sistêmica até 
chegar à célula­alvo. Na célula, inicia­se então a respiração celular. A célula está rica em 
CO2 (PaCO2 = 46 mmHg) e pobre em O2 (PaO2 = 40 mmHg). Reduz­se a afinidade Hb­O2, 
liberando o O2  do sangue para a célula. O sangue então capta o CO 2  liberado pela célula 
(respiração  celular),  em   que  7%  se  dissolve   no   plasma   sanguíneo   e  o   restante   entra   na 
hemácia. Na hemácia, 23% liga­se à hemoglobina e o restante é convertido em HCO3­ + H+ 
(através   da   anidrase   carbônica:   CO2  +   H2O   ↔   HCO3­  +   H+).   O   H+  se   liga   também   à 
hemoglobina e o HCO3­ será dissolvido no plasma, sendo substituído dentro da hemácia 
pelo Cl­. O sangue então rico em CO2 convertido e pobre em O2 retorna através das veias, 
veia   cava,   átrio   direito,   válvula   tricúspide,   ventrículo   direito,   artérias   pulmonares, 
chegando próximo ao alvéolo novamente. Ainda no capilar sanguíneo, o HCO3­ retorna à 
hemácia   pela   troca   com   o   Cl­  e   se   une   com   o   H+  liberado   pela  hemoglobina,   sendo 
convertido   em   H2CO3  e   depois   em   CO2  +   H2O   novamente.   O   CO2  é   difundido   pelo 
interstício  até o alvéolo (chegando com PaCO2  = 46 mmHg e PaO2  = 40 mmHg). Inicia 
então a expiração, que é um movimento passivo realizado pelo retorno das fibras elásticas 
dos  alvéolos.  Caso   exista   uma   demanda   aumentada  (por   exemplo,   o  exercício  físico),  o 
centro   respiratório  ventral   do  bulbo  envia   um  estímulo   de  contração  para   os   músculos 
expiratórios (intercostais internos e abdominais) e também para os músculos inspiratórios 
acessórios (ECOM, escalenos) para auxiliar na ventilação. Na expiração, a pressão pleural 
aumenta e é o gradiente transtorácico que está sendo alterado.

Numa respiração normal calma, cerca de 500 ml de ar entra e sai pelas vias aéreas: esse é o 
volume corrente (Vt = 8 ml/Kg). Com uma freqüência respiratória de 12 IR/min, cerca de 
6.000 ml de ar é deslocado, sendo que 1/3 desse volume não é utilizado para troca gasosa 
(espaço   morto   anatômico).   Uma   inspiração   profunda   máxima   é   o   volume   de   reserva 
inspiratório, deslocando cerca de 3.100 ml. Uma expiração forçada máxima é o volume de 
reserva expiratório (± 1.200 ml). O volume residual é o volume de ar que permanece no 
pulmão após uma expiração forçada (± 1.200 ml). 

Fontes:
SILVERTHORN, D.U.  Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 2a. ed. São Paulo: Manole, 2003
SCANLAN, CL et al. Fundamentos da Terapia Respiratória de Egan. 7a. ed. São Paulo: Manole, 2000
WEST, JB. Fisiologia Respiratória. São Paulo: Manole, 1996.

Você também pode gostar