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Sobre revistas e livros

A avaliação das publicações na área de arquitetura e urbanismo

Abilio Guerra
Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.211/6865


Crianças brincando em espaço público de Medellín, Colômbia
Foto Abilio Guerra

As revistas em geral e as de arquitetura em particular podem ser vistas, observadas


e comentadas das mais variadas formas. Do ponto de vista de sua natureza conceitual,
de seus objetivos, do seu público, da sua relação com o meio de produção, com o
público especializado ou leigo. São tantas as nuances que seria mais oportuno
abordarmos a questão de forma sistemática, mas para isso até uma conferência
conteria tempo insuficiente; um curso talvez fosse mais adequado, o que nos leva à
simples constatação que uma comunicação de vinte minutos nos permite apenas alguns
comentários rápidos para questões fundamentais (1).

Uma revista pode ser comparada a um envelope ou pacote: é um receptáculo que guarda
conteúdos diversos e os transporta de um lugar a outro. Alguém selecionou os objetos
e os acondicionou segundo suas possibilidades e critérios; outro a receberá a
encomenda, abrirá o recipiente e se deparará com seu conteúdo, usufruindo de suas
qualidades conforme suas próprias capacidades de absorção.

O ato de embrulhar segue rituais do armazenamento, onde a coleção realizada obedece


critérios e objetivos os mais diversos. Contudo, não se trata de guardar coisas
para uso futuro, uma precaução diante da escassez, mas uma disposição de
compartilhamento, de consumo imediato por outro. Estamos diante de uma ambivalência
estrutural, onde alguém reúne coisas para que outra pessoa a consuma. Para que
funcione, precisamos de ao menos duas entidades: alguém que se disponha a reunir;
outro a consumir. O que chamamos de difusão é justamente essa interação específica
entre guardar, compartilhar e consumir.

Assim, as revistas podem ser entendidas e classificadas segundo diversos critérios,


que combinam justamente estes dois aspectos: como se faz a coleção e como ela é
disponibilizada para consumo. São muitos os dilemas que devem ser enfrentados pelos
editores de periódicos: faço uma revista de tendência ou uma revista de variedade?
Opto por uma de caráter acadêmico-científico ou de divulgação? É melhor um enfoque
mais crítico e contemporâneo, uma perspectiva histórica, uma aproximação técnica
ao objeto, uma ponderação mais social sobre as motivações de sua existência, ou um
mix de duas ou mais possibilidades? Ou quem sabe uma revista pluralista e
multifacetada?

Diante da combinação da presente mesa – onde estou sentado ao lado de dois dos mais
importantes editores de arquitetura e urbanismo da América Latina, Fernando Diez,
editor da argentina Summa+, e Miquel Adrià, editor da mexicana Arquine, ambos à
frente de revistas ditas “comerciais” e voltadas para público de arquitetos
praticantes – me parece adequado assumir o ponto de vista do editor acadêmico, que
embrulha artigos que se originam de teses, dissertações, pesquisas individuais,
grupos de pesquisa, aulas etc.

Detalhe da capa do jornal Folha de S.Paulo, de 21 de fevereiro de 1988, com chamada da


matéria sobre os improdutivos da USP
Imagem divulgação [Acervo Folha]
Há um fator determinante na produção de textos acadêmicos atuais: a voga neoliberal
da “produtividade”, cujo marco simbólico pode ser considerado a divulgação, há três
décadas, da lista de “intelectuais improdutivos” pelo jornal Folha de S.Paulo. Na
edição de 21 de fevereiro de 1988, um domingo, o jornal paulista, naquele momento
o maior e mais importante periódico diário do Brasil, divulgou os nomes de
professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo – USP que não teriam
escrito ou publicado no período de 1985 a 1986. A lista é acompanhada de artigos
do jornalista Paulo Francis e de três professores da própria USP – José Goldemberg,
Paul Singer, Rogério Cezar de Cerqueira Leite –, todos defendendo a avaliação
individual dos professores. Em edições seguintes a Folha apresenta uma série de
textos de outros professores da instituição, que se posicionam contrários à
divulgação da lista – Marilena Chaui, Francisco Weffort, Modesto Carvalhosa,
Nicolau Sevcenko, Carlos Guilherme Mota, Antonio Candido, José Arthur Giannotti,
Florestan Fernandes e Nestor Goulart Reis Filho –, mas que aceitam de forma passiva
a avaliação em si.
Quando eu trouxe esse tema à debate há poucos anos atrás, fiz o seguinte balanço
sobre tais pronunciamentos públicos: “mesmo com visões e propostas diferentes, a
maioria absoluta das manifestações aceitava a ideologia da avaliação, o que acabará
implicando em consequências inesperadas tanto no futuro imediato como a médio e
longo prazo: privilégio do quantitativo, a avaliação como fim em si, distanciamento
da sociedade, o desprestígio das pesquisas nas áreas das humanidades etc.“ (2).
Alinhava-me assim à voz solitária e vigorosa de Maria Sylvia de Carvalho Franco,
que recusa o próprio sistema de avaliação em seu artigo “Invectiva contra bárbaros
– 2” (3), onde aponta para a “rapidez, superficialidade, falta de estudo, ânsia de
êxito”. Sua pergunta final – “quem avalia o avaliador?” – ecoa como um prognóstico
oracular até os dias atuais. Assim, mesmo sendo um aspecto externo ao processo de
elaboração intelectual, aos poucos os mecanismos de avaliação se tornaram
normativos e determinantes pela pressão que exercem sobre o coletivo, onde não se
destaca o residual estímulo positivo, mas a preponderante ameaça punitiva (afinal,
que quer ser publicamente classificado de “improdutivo”?). O resultado não poderia
ser outro: ao longo do tempo foram se tornando cada vez mais raros os trabalhos de
fôlego, que necessitam de anos ou décadas de pesquisa, reflexão, desenvolvimento,
elaboração e redação.
Em anos mais recentes, a tão propalada “internacionalização” entra dentro deste
pacote como uma das exigências do sistema de avaliação. Um valor que surge a partir
de uma perspectiva aparentemente neutra, “científica”, onde a colaboração entre
pesquisadores de países diferentes redundaria em trocas e aperfeiçoamentos, que
por sua vez impulsionariam o desenvolvimento de uma dada área de saber. Contudo,
subjacente ao processo, se estabelece uma diferença fundamental: os países mais
ricos e desenvolvidos entram com tecnologia e infraestrutura infinitamente mais
desenvolvidas, enquanto os países mais pobres e subdesenvolvidos entram com seus
pesquisadores mais brilhantes e promissores. A tendência da absorção desses
talentos nos coloca diante da assimetria do arranjo, pois a simples permanência do
pesquisador do país pobre no centro de pesquisa do país mais desenvolvido coloca a
perder os benefícios do acordo para o lado mais fraco. Assim, se justifica a
preocupação de órgãos brasileiros de fomento em exigir o retorno do pesquisador ao
país de origem após o término do período de pesquisa, estancando ao menos pelo
período acordado em contrato o desperdício dos investimentos no pesquisador. É
possível notar que a base do desequilíbrio, que se encontra no desnível econômico
e social dos países envolvidos, se desdobra no desequilíbrio dos benefícios, que
acaba por reforçar os mecanismos de dominação via propriedade hegemônica da
tecnologia derivada das pesquisas – em regra protegida por patentes. Os benefícios
dos países pobres é menor, às vezes residual e – com o risco futuro de evasão de
seus cérebros – sem arraigamento na sua estrutura científica e produtiva.

Os mecanismos de avaliação foram se acomodando em todas as instâncias do sistema


de ensino superior: nas universidades – em todas as peças da hierarquia, dos
programas de pós-graduação até a reitoria – e no sistema oficial de ensino
controlado por ministério governamental e agências oficiais de fomento e controle.
No que diz respeito às publicações, há uma indução para procedimentos específicos,
que podem ser sintetizados a partir de artigo de Hugo Segawa: uma revista de caráter
acadêmico-científico deve relevar os seguintes aspectos:

 Perfil da publicação: predomínio de artigos originais; avaliação por pares; autores


de várias instituições, abrangência estadual, nacional e internacional, não
evidenciar interesses econômicos e/ou conteúdo publicitário ou patrocínio comercial
nos trabalhos publicados; não levantar dúvidas quanto à objetividade do material
publicado.
 Qualidade do conteúdo: artigos devem tem atualidade; originalidade; validade
científica; contribuição analítica e interpretativa; abordagem de aspectos
filosóficos, éticos ou sociais relacionados à área.
 Conselho editorial: composição pública e estável; especialistas reconhecidos, de
origem nacional e internacional, e identificados quanto à origem institucional e
nacionalidade.
 Seleção dos trabalhos publicados: critérios e procedimentos claros para a aprovação
de artigos; arbitragem exclusiva pelo conselho editorial, por consultores externos
ou por ambos.
 Bases de dados, indexação e indicadores de impacto: há uma sensível transformação
na última década, pois houve uma aproximação entre indexação e indicadores de
impacto, com a presença de corporações internacionais capitaneando o processo; há
por parte do sistema oficial de ensino brasileiro de sistemas de indexação
internacionais, onde invariavelmente há um desprestígio das línguas e culturas
latinas (4).

Capas de revistas acadêmicas e profissionais brasileiras


Imagem divulgação

O sistema oficial de avaliação vai definindo ao longo dos anos um conjunto de itens
que servirão de base para as notas dos periódicos, atualmente sendo estes quatro
os principais:

1) Normalização: instruções para os autores quanto à normalização, formatação de


textos e apresentação de originais; referências bibliográficas; filiação do(s)
autor(es) e das fontes de financiamento; registro no ISSN (International Standard
Serial Number); sumário na língua original ou bilíngüe; anúncio da periodicidade.
2) Periodicidade: pontualidade; duração da publicação.

3) Difusão: distribuição, venda em banca, assinaturas, permuta e doação são formas


de se levar a publicação impressa até seu público. As publicações digitais podem
disponibilizar seus conteúdos de forma aberta ou fechada.

4) Alcance: a qualificação de uma revista deve ser medida em função do público


atingido, proporcional quanto à circulação e acolhimento institucional, nos âmbitos
estadual, nacional e internacional.

Nos anos recentes, com as exigências crescentes de “internacionalização” por parte


do sistema oficial de ensino superior, que se reproduz no interior das
universidades, a “difusão” e o “alcance” foram entendidos como publicar em língua
estrangeira, em especial em inglês. O idioma inglês se tornou a língua universal
no meio acadêmico e científico durante o século 20 e é a partir dessa premissa que
o discurso oficial dos órgão de fomento justificam a prioridade das publicações
nessa língua. No processo, nem sempre ficam explícitos os mecanismos de submissão
ao poder central do capital ao se reforçar idiomas, temas e universos culturais
específicos em detrimento de outros.

Contudo, não é tão óbvio assim que o melhor caminho para a internacionalização
colaborativa seja a adoção universal da produção intelectual prioritariamente nessa
língua, mesmo considerando sua inevitabilidade e importância. No caso específico
da nossa área, é fácil imaginar que diversos dos temas cruciais da arquitetura e
do urbanismo atuais são regionais. Cidades históricas como Ouro Preto, Recife ou
São Luís poderão ter ganhos substanciais ao estudar o caso de Quito, capital do
Equador, em especial o trato de seu patrimônio arquitetônico e sua conversão em
atrator turístico. Para São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e outras
grandes cidades brasileiras discutir transporte público, urbanização de favelas,
habitação social e equipamentos públicos à luz das realizações das colombianas
cidades de Bogotá e Medellin, ou dos problemas análogos vividos por Lima e Cidade
do México, pode ser muito mais adequado e produtivo do que mirar em experiências
do Novo Urbanismo norte-americano. E não podemos deixar de alertar que no processo
de globalização um pouco da pobreza foi dividida e temos claros focos de indigência
e penúria em países ricos (5), o que significa que o enfrentamento deste tipo de
problema nessas regiões nos coloca diante da inversão de quem detém a expertise.

Tais exemplos nos mostram que é possível entender a “internacionalização” a partir


de conteúdos e políticas sociais e não de formas e procedimentos padronizados, que
muitas vezes se bastam e se esgotam em si próprios. É bom que se diga que muitos
dos mecanismos de verificação são assimilados pelas universidades e programas de
pós-graduação de forma acrítica, adotando-se de forma rígida as normas e indicações
de procedimentos, sem considerar suas motivações, muitas vezes baseadas em
critérios válidos e boas intenções. Contudo, é fato que as regras atuais da tão
propalada internacionalização riscam da lista de prioridade a maioria absoluta dos
países latino-americanos. Como por detrás dessas regras se escondem as verbas e as
facilidades institucionais, se coloca de forma imperiosa ao pesquisador a pergunta
fatal: para que fazer grupos de pesquisas com colegas ou publicar em revistas
desses países estigmatizados? Melhor apostar nos países que contam, da América do
Norte e Europa, mesmo que nossos temas de interesse sejam referentes às condições
urbanas e arquitetônicas de países periféricos.

Podemos apontar ainda alguns paradoxos e distorções presentes neste arranjo geral
das chamadas revistas científicas: ao mesmo tempo em que se critica o conteúdo
publicitário ou patrocínio comercial das revistas de divulgação profissional, temos
a conformação de uma estrutura corporativa privada, com enorme impacto econômico,
controlando a produção científica mundial, monopolizada por empresas anglo-saxãs
(6). A salutar participação de elementos externos nos Conselhos Editoriais das
revistas acadêmico-científicas indicada pelo sistema de avaliação não impede,
contudo, a estruturação de um circuito fechado, altamente endógeno, com a circulação
das informações intramuros universitários, apartada da realidade cotidiana do
arquiteto projetista. A necessidade imperiosa da repercussão e impacto da
publicação muitas vezes leva a procedimentos que podem ser considerados antiéticos,
como a citação hegemônica ou exclusiva de artigos de um circulo de amigos e
companheiro – afastando o contraditório e as visões alternativas, silenciando o
debate – ou a assinatura coletiva de artigos produzidos individualmente, com o
intuito de multiplicar artificialmente a produção.

O produto em si de nosso interesse – a arquitetura, o urbanismo e o design – são


totalmente desprestigiados em prol de sua interpretação através da mais variadas
metodologias de análise ou por mecanismos ainda mais sutis que redirecionam a
interlocução, nos colocando para conversar com quem não nos interessa ou que não
se interessam por nós. Em alguns casos limites, detecta-se uma postura colonizada,
de quem não sabe onde está no mundo. A distorção é flagrante: os pesquisadores
acadêmicos têm sua produção valorada em revistas que obedecem servilmente os
critérios de produtividade onde pouco ou nada vale seu rebatimento na sociedade.
Enquanto isso aos arquitetos é oferecido o espaço academicamente desprestigiado
das revistas de circulação comercial. Esse curto-circuito entre produção e
pensamento crítico é altamente danoso ao desenvolvimento não só da cultura
arquitetônica, mas de toda a área de ciências humanas, aplicadas ou não. Felizmente
a situação não é mais trágica graças a um número expressivo de intelectuais que,
na contracorrente e mesmo contra as diretrizes dos seus programas de pós-graduação,
insistem em publicar em revistas de maior impacto na realidade social, ou seja,
aquelas que pulam os muros universitários da especialização.

Entendo que a valorização da produção dos pesquisadores não pode ser esquizofrênica,
alienada da realidade. Evidentemente, a avaliação séria não pode ceder às pressões
de facilitações, de rebaixamento do pensamento, da seriedade do argumento; contudo,
não pode ser mais realista do que o rei, não pode se desviar de ao menos duas
questões essenciais: a) a razão de ser fundamental da universidade é servir à
sociedade; b) a essência do curso de arquitetura e urbanismo (e design) é formar
profissionais habilitados a produzir condições objetivas de melhor qualidade de
vida para os cidadãos. Tais princípios não estão presentes de forma adequada e
legível no sistema de avaliação e, principalmente, em sua aplicação. Em geral, as
avaliações induzem à endogenia intramuros universitários, ao distanciamento do
ensino profissional, à recusa de conversar com o público leigo, a princípio
destinatário prioritário das pesquisas universitárias. Isso está correto?

Ao contrário das chamadas ciências duras, onde temos a paulatina substituição das
verdades aceitas pela comunidade científica, nas chamadas ciências humanas e
ciências humanas aplicadas nós temos sobreposições e convivências das
argumentações. A oposição grega entre episteme e doxa – entre a “filosofia” que
desvenda a natureza e a “opinião” que domina o mundo sublunar – mantém-se em alguma
medida até os dias de hoje, mesmo diante do enorme esforço das humanidades em
conferir cientificidade às suas teorias e métodos. Contudo, se a teoria da evolução
darwinista ainda vale com algumas correções, se a teoria da relatividade vale em
qualquer parte do mundo e do universo, uma burka significa muito diferente quando
usada no Oriente Médio ou em Paris. No caso específico da arquitetura, estamos
submetidos às vicissitudes da cultura e do meio natural, que impõem especificidades
nas respostas de como construir e de como habitar. Mesmo considerando as forças de
homogeneização do mundo globalizado, é muito difícil imaginar que essas diferenças
um dia desaparecerão (e, constato, para horror de alguns e felicidade de outros
tantos).
Tal situação tem um curioso desdobramento no valor das publicações profissionais
ou comerciais, pois elas são difusão das últimas notícias do front da pesquisa
(textos) ou da produção profissional (edificações), mas – com o passar do tempo –
se tornam lembranças calorosas do passado. Elas contrabandeiam para o futuro os
modos de vida presentes nas vestes, nos objetos, nas arquiteturas, nas cidades.
Não há obsolescência total, pois as experiências materiais podem a qualquer tempo
servir de inspiração, de iluminação e exercer uma influência no futuro, estabelecer
uma interlocução unindo épocas apartadas por décadas ou séculos.

Páginas editoriais e de publicidade de número 256 da revista Acrópole, especial sobre


Brasília, de fevereiro de 1960
Imagem divulgação [Website FAU USP]

Uma revista de arquitetura deste tipo estará sempre viva, mesmo quando fenece e
fecha as portas. Como curiosidade para ilustrar a questão, podemos recordar que de
1971 (final da revista Acrópole) a 1977 (início da revista Projeto, hoje Projeto
Design), temos um vácuo na difusão periódica da arquitetura brasileira em meio
especializado, com desdobramentos na área de pesquisa histórica, em especial da
vertente moderna. Para esse período ficamos reféns de seleções realizadas por
compiladores como Alberto Xavier e Marlene Milan Acayaba, sendo que essa abarca
apenas parcialmente o período (7). Pesquisar a produção do período torna-se algo
mais difícil, com a ausência das marcações e pistas que uma revista periódica
sempre deixa. A moral dessa história pode ser trágica para as revistas acadêmicas:
com o afastamento do objeto em detrimento da interpretação corremos o risco de no
porvir ocorrer uma inversão completa entre o que é importante e desimportante, com
as chamadas revistas comerciais se tornando muito mais atrativas para o pesquisador
do futuro.
Tela da pesquisa no website do Qualis Capes, destaque do autor
Imagem divulgação [Website Capes]

Fazendo uma rápida pesquisa no sistema Qualis da Capes para periódicos pude
encontrar apenas uma revista brasileira com A1, a nota maior. Trata-se da
famosíssima e especializadíssima Revista Brasileira de Reumatologia. Como não há
na tabela a identificação do país de origem, talvez tenha me escapado alguma outra
publicação nacional, mas tal possibilidade não esconde o absurdo da questão. Quando
observamos a tabela com as revistas nota A2, temos um número um pouco maior de
revistas, mesmo assim de circulação restrita e pouco conhecidas no meio profissional
e mesmo acadêmico. É fácil deduzir que aceitamos em nosso sistema as boas avaliações
dos periódicos feitas por outras áreas, mas nos recusamos em nossa a valorizar
revistas que realmente contam com impacto e internacionalização. Dentre as de nota
B1, aceitável para alguns programas de pós-graduação, aparecem revistas brasileiras
mais conhecidas do público especializado em geral. A revista que
dirijo, Arquitextos, está posicionada aqui, no terceiro degrau da hierarquia, ao
lado de uma homônima Arquitextos online, que aparece duas vezes e usa de forma
abusada o ISSN do jornal Folha de S.Paulo, um evidente equívoco que espero não ser
a tônica da lista como um todo.
Tela da pesquisa no website do Qualis Capes, destaque do autor
Imagem divulgação [Website Capes]
Considerando a premissa que um curso de pós-graduação deve se relacionar de forma
orgânica com a graduação equivalente e que esse campo articulado que abriga ensino,
pesquisa e extensão deve servir à sociedade – o que, no caso específico da
arquitetura, urbanismo e design significa “formar profissionais habilitados a
produzir condições objetivas de melhor qualidade de vida para os cidadãos” – caberia
agora perguntar se o sistema atual de avaliação induz a uma produção que mantém
vasos comunicantes com outros campos e realidades que não seja o recorte estrito
da pós-graduação. Trata-se de uma questão que não proponho responder aqui em toda
sua abrangência, pois seria necessária uma ampla pesquisa que não estou mobilizado
a realizar. Contudo, é possível especular a partir de alguns indicadores dentro da
realidade universitária que o cumprimento de nosso papel social pode estar longe
de se cumprir.
Os dois últimos exames do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – Enade, um
verificador abrangente ao se propor a avaliar periodicamente os alunos de último
ano de diversos cursos superiores, apresentam-se como bons exemplos. Um olhar
rápido pelas provas sinaliza que os examinadores que montam estas provas não parecem
preocupados com o sistema Qualis da Capes. Para o exame de 2014 – sobre esse fiz
um estudo um pouco mais aprofundado a pedido da direção da minha escola – temos o
seguinte balanço dos textos citados ao longo da prova: oito livros, que passam por
áreas de interesse, autores e gêneros muito distintos, que oscila de Milton Santos
a Juan Luís Mascaró, passando por Amy Dempsey e Richard Rogers (8); duas revistas
impressas que circulam em banca, apenas uma delas especializada (9); e oito textos
acadêmico-científicos, na forma de teses, dissertações e artigos, com destaque para
a revista Arquitextos, com três artigos citados – a publicação conta com nota B1
há alguns anos, mas que chegou a ser rebaixada para B2 em uma avaliação
intermediária de 2016. Além dessa, outra revista que dirijo – Minha Cidade,
igualmente baseada no portal Vitruvius – merecedora de uma reles nota C, a pior de
todas, é também citada. Mais uma revista B1 – Gestão e Tecnologia de Projetos, do
IAU USP São Carlos – aparece relacionada, sendo os outros três títulos resultantes
de teses e dissertação de mestrado defendidos em unidades diferentes da USP (10).
Do Enade 2017 não tenho ainda um balanço, mas é possível verificar que não houve
um privilégio de revistas nota A, como também se manteve a presença da
revista Arquitextos, com as citações dos artigos “O efeito da arquitetura”, de
Vinicius M. Netto, e “O urbanismo sustentável no Brasil”, de Geovany Jessé Alexandre
da Silva e Marta Adriana Bustos Romero (11).

Questão do Enade 2014 com artigo de Nadia Somekh publicado na revista Arquitextos do
portal Vitruvius
Imagem divulgação [Reprodução da prova impressa]
Questão do Enade 2017 com artigo de Vinicius M. Netto publicado na revista Arquitextos
do portal Vitruvius
Imagem divulgação [Reprodução da prova impressa]

Se o Exame Enade utiliza livros e trabalhos acadêmicos em proporções iguais em suas


questões, os cursos de arquitetura – seja na graduação, seja na pós-graduação – se
utilizam quase que exclusivamente do livro tradicional como base para seu cursos e
processos seletivos de professores e alunos. Para corroborar a afirmação, cito
alguns exemplos dentre os inúmeros que levantei. Em 2016, no exame de seleção de
alunos para o mestrado em arquitetura e urbanismo, a Universidade São Judas Tadeu
exigiu em sua convocatória a leitura de livros de renomados autores internacionais
(12), com o complemento de duas coletâneas nacionais, uma organizada por Cristiane
Duarte, Paulo Rheingantz, Giselle Azevedo e Lais Bronstein, outra por Abilio Guerra.
O Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído da Universidade Federal de Juiz
de Fora, mantido pelos cursos Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Engenharia
de Produção, apresentou em sua bibliografia oficial uma lista mais equilibrada de
livros no que diz respeito aos autores nacionais – Doris Kowaltowski, Leonardo
Castriota, Isabelle Cury, Moacir Gadotti e Nestor Goulart Reis Filho – e
internacionais (13).
Edital de convocação de exame de seleção para alunos do mestrado da Universidade São
Judas Tadeu em 2016
Imagem divulgação [Website da instituição]
Edital de convocação de exame de seleção para alunos do mestrado da Universidade Federal
de Juiz de Fora em 2016
Imagem divulgação [Website da instituição]

No exame de seleção 2017 para ingressantes no curso de mestrado do Prourb da FAU


UFRJ podemos verificar no edital a presença maciça de autores estrangeiros (14),
com apenas um autor nacional, uma prata da casa, a professora Denise Pinheiro
Machado. No processo seletivo 2016/2017 do programa de Pós-Graduação em História
para mestrado e doutorado, na área de Política, Cultura e Cidades – linha de
pesquisa da qual sou egresso – há uma inversão, com predominância de autores
nacionais: Abilio Guerra, Cristina Meneghello, Nino Padilha, Virgínia Pontual e
Rosane Piccolo Loretto, Luiz Ribeiro e Robert Pechman, Raquel Rolnik, Silvana
Rubino e Marina Grinover, mais um livro institucional da Secretaria Municipal de
Cultural da cidade de São Paulo (15). No edital de seleção de professores para os
curso de arquitetura divulgado pela Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB no
final de 2013 consta como bibliografia básica os livros de Yves Bruand, Paulo Bruna
e Abilio Guerra.
Edital de convocação de exame de seleção para alunos do mestrado do Prourb da
Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2017
Imagem divulgação [Website da instituição]
Edital de convocação de exame de seleção para alunos do mestrado e doutorado em História
da Universidade de Campinas em 2016/2017
Imagem divulgação [Website da instituição]
Edital de seleção de professores para o curso de arquitetura da Unidade de Ensino
Superior Dom Bosco
Imagem divulgação [Website da instituição]

Nas ementas e programas de cursos de graduação o panorama não é muito diferente.


Na FAU USP, o curso da pós-graduação “Arte e Indústria na Arquitetura Moderna”,
ministrado por Agnaldo Farias e Fernanda Fernandes, traz uma extensa bibliografia
contendo exclusivamente livros, divididos em duas seções: “Arquitetura e Arte” e
“Arquitetura e Arte – Brasil”, sendo que nessa segunda estão presentes autores
nacionais bem conhecidos nas duas áreas abordadas pela disciplina: Marlene Acayaba,
Aracy Amaral, Otília Arantes, Ronaldo Brito, Lúcio Costa, Paulo Sérgio Duarte,
Pietro Maria Bardi, Lina Bo Bardi, José Carlos Durand, Agnaldo Farias, Fernanda
Fernandes, Abílio Guerra, Maria Cecília Lourenço, Lourival Gomes Machado, Henrique
Mindlin, Mário Pedrosa, Cecília Rodrigues dos Santos, Hugo Segawa, Roberto Segre e
Alberto Xavier. No curso de arquitetura e urbanismo da UFMG, a disciplina optativa
da graduação "Tópicos em História da Arquitetura" traz doze livros, todos de autores
estrangeiros, mas nenhum artigo está listado.
Parte inicial da bibliografia do curso “Arte e Indústria na Arquitetura Moderna”, pós
FAU USP
Imagem divulgação [Website da instituição]
Bibliografia da disciplina “Tópicos em História da Arquitetura”, graduação do curso de
arquitetura e urbanismo da UFMG
Imagem divulgação [Website da instituição]

Se procurarmos é possível encontrar artigos de periódicos em cursos. Na extensa,


completa e bem feita bibliografia da disciplina de graduação “História do Urbanismo
e do Planejamento Urbano”, ministrada pela professora Mayara Mychella Sena Araújo
na FAU UFBA, estão listados 101 títulos, mas apenas dez deles são artigos,
publicados em sete revistas brasileiras (16). Nenhuma destas está contemplada com
nota A1, apesar de duas estarem bem avaliadas com A2. Por fim, uma exceção: uma
disciplina com presença marcante em sua bibliografia de artigos acadêmicos e
comunicações apresentadas em eventos científicos. Trata-se de “Projeto em
preexistências”, disciplina ministrada pelo professor Luís Henrique Haas Luccas no
Propar da UFRGS. Os nove artigos listados foram publicados em revistas nacionais,
nenhuma delas com nota A1 ou A2 (17).
Início da bibliografia da disciplina de graduação “História do Urbanismo e do
Planejamento Urbano” na FAU UFBA
Imagem divulgação [Website da instituição]
Início da bibliografia da disciplina de pós-graduação “Projeto em preexistências” no
Propar UFRGS
Imagem divulgação [Website da instituição]

Não se trata de uma amostragem controlada por critério científico, mas em sua
aleatoriedade acaba por dar uma Impressão geral da questão, um quase diagnóstico a
ser comprovado, mas que eu arriscaria afirmar que o livro aparece com hegemonia
marcante nas bibliografias de cursos e exames na área de arquitetura e urbanismo.
Mesmo quando os cursos não priorizam os livros – o que é raro, mas pode ocorrer
por conta do professor ou do assunto específico –, o que temos é a presença de
artigos em revistas de qualificação média ou baixa, ou simplesmente sem
classificação. Não podemos nos dar ao luxo de fecharmos os olhos para essa
realidade: há um abismo enorme entre a produção “qualificada” de artigos científicos
e o ensino de arquitetura. É necessário compreender esse apartheid e fazer os
necessários ajustes para que a elaboração do conhecimento na área seja condizente
com o ensino e exercício de uma profissão.
Uma maior clareza na questão talvez nos leve a critérios mais justos de avaliação,
com a ampliação do valor do livro no cômputo geral das notas. Entendo que é
realmente uma tarefa espinhosa estabelecer critérios para se avaliar esse formato,
mas o sistema oficial de avaliação da produtividade tem que enfrentar a questão,
da qual, de forma renitente, tem fugido desde sua origem. Não consegui encontrar
os critérios atuais adotados pela Capes, mas recebi informação confiável que o mais
importante deles é a presença de um Conselho Editorial qualificado para afiançar
os livros de uma dada editora. Ora, se for verdade, trata-se de um critério parcial,
que pode ser adequado em condições muito especiais, onde uma editora bem estruturada
consegue recursos para viabilizar uma coleção ou uma série com livros indicados
por um coletivo de notáveis (18). É uma situação excepcional, fora da realidade
cotidiana das editoras nacionais e das condições objetivas de produção livresca em
nosso país.

Um excelente mestrado ou doutorado quando está prestes a se tornar livro deixa de


ser um produto exclusivamente acadêmico e questões até tidas como solucionadas
podem se converter em obstáculos consideráveis. O uso de imagens de acervos públicos
e privados, liberados ou de baixo custo para trabalhos acadêmicos, ganham valores
expressivos. Fotos amadoras, que funcionam adequadamente em uma edição caseira de
baixa resolução, precisam ser substituídas por registros profissionais
qualificados. As leis de direito autoral, em geral negligenciado pela academia,
passa a ter papel fundamental, pois é necessário autorizações do arquiteto ou de
sua família quando morto, dos proprietários das obras, dos fotógrafos, dos
acervos... Depois o conteúdo precisa ser diagramado, reproduzido em gráfica,
distribuído, vendido. Para tudo isso é necessário recursos, que são de difícil
acesso. Os caminhos a serem percorridos são íngremes e tortuosos, cheios de
obstáculos, e não são as indicações dos notáveis que permitirão vencê-los, mas o
estabelecimento de pontes com a sociedade (editais, leis de fomento, financiamento
coletivo, apoio familiar ou institucional etc.), que transcendem em muito o âmbito
da pesquisa universitária. Assim, um livro, para além de sua condição de produto
cultural, se desdobra em ao menos outros dois: é um produto industrial – e, como
tal, está sujeito aos condicionamentos de uma produção seriada – e é um produto
comercial – que vai disputar nos pontos de venda seu lugar ao sol.

No fim dessa argumentação é possível constatar a enorme diferença entre publicar


um livro e um artigo científico. São dois mundos completamente diferentes e não é
aceitável que sejam avaliados a partir dos mesmos critérios. A qualidade de um
livro não pode ser estabelecida pela simples presença de um conselho editorial que,
em geral, não é determinante na seleção dos livros efetivamente publicados. Resta
aqui deixar as perguntas finais, para as quais não tenho a resposta, pois elas
devem ser necessariamente coletivas e institucionais: a) como estabelecer critérios
de avaliação de revistas científicas que sejam comprometidos e indutores da boa
prática profissional na área de arquitetura e urbanismo?; b) considerando o desafio
que é fazer um livro de qualidade, que envolva pesquisa séria e comprometida com o
campo, como enfrentar o problema da avaliação dentro de nossa área de conhecimento?

notas
1
Artigo baseado no texto apresentado no Painel 3 – “O problema da difusão” do Seminário
Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo – V SeNAU (Porto Alegre,
5 de dezembro de 2017), que contou com as participações de Fernando Diez (Universidad
de Palermo, editor da revista Summa+, Buenos Aires) e Miquel Adrià Universidad (editor
da revista Arquine, Ciudad de Mexico), e moderação de Carlos Martins, editor
revista Thesis.
2
GUERRA, Abilio. A universidade e a crítica de arquitetura no Brasil. Arquitextos, São
Paulo, ano 15, n. 173.02, Vitruvius, nov. 2014
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.173/5332>.
3
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Invectiva contra bárbaros – 2. Folha de S.Paulo, São
Paulo, 16 mar. 1988, p. 3.
4
SEGAWA, Hugo; CREMA, Adriana; GAVA, Maristela. Revistas de arquitetura, urbanismo,
paisagismo e design: a divergência de perspectivas. Arquitextos, São Paulo, ano 05, n.
057.10, Vitruvius, fev. 2005
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.057/506>.
5
Os dados de 2011 já são alarmantes na Europa, conforme o Parlamento Europeu: “80 milhões
de cidadãos europeus – o equivalente a 16% da população – vivem em situação de pobreza,
entre os quais 20 milhões de crianças. 22% da população activa encontram-se em risco de
pobreza e 8% da população activa vivem em situação de pobreza. Face a esta realidade,
que medidas têm os Estados-Membros da UE e as instituições europeias tomado para acabar
com esta situação?” PARLAMENTO EUROPEU. Pobreza na União Europeia. Estrasburgo,
Resolução do Parlamento Europeu, 07 dez. 2011
<www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/society/20111201STO33091/pobreza-na-uniao-
europeia>.
6
Por exemplo, a SciVerse Scopus, maior banco de dados de resumos e citações de artigos
para jornais/revistas acadêmicos do mundo, é propriedade da editora holandesa Elsevier.
Suas informações são disponibilizadas na Web para assinantes e a inclusão de dados pelas
empresas e instituições responsáveis pelas publicações é igualmente pago.

7
XAVIER, Alberto; LEMOS, Carlos; CORONA, Eduardo. Arquitetura moderna paulistana. São
Paulo, Pini, 1983. Republicação: XAVIER, Alberto; LEMOS, Carlos; CORONA,
Eduardo. Arquitetura moderna paulistana. 2ª edição. RG facsimile, volume 2. São Paulo,
Romano Guerra, 2017; ACAYABA, Marlene Milan. Residências em São Paulo. 1947-1975. São
Paulo, Projeto, 1986. Republicação: ACAYABA, Marlene Milan. Residências em São Paulo.
1947-1975. 2ª edição. RG facsimile, volume 1. São Paulo, Romano Guerra, 2011.
8
Livros citados no Enade 2014 na área de arquitetura e urbanismo: 1) DEMPSEY,
Amy. Estilos, escolas e movimentos. Guia prático da arte moderna. São Paulo, Cosac
Naify, 2003; 2) DUARTE, Fabio. Planejamento urbano. Curitiba, InterSaberes, 2012; 3)
GAUSA, Manuel et al. Diccionario metápolis de arquitectura avanzada: ciudad y tecnologia
em la sociedade de la información. Barcelona, Actar, 2000; 4) GIRARDET, Herbert. The
Gaia Atlas of Cities; 5) MASCARÓ, Juan Luís. Desenho urbano e custos de urbanização. 2a
edição. Porto Alegre, D.C. Luzzatto, 1989; 6) MOTA, Suetônio. Urbanização e meio
ambiente. Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, 2003; 7)
ROGERS, Richard; GUMUCHDJIAN, Philip. Cidades para um pequeno planeta. Barcelona,
Gustavo Gili, 2012; 8) SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo,
Hucitec, 1988.
9
Revistas citadas no Enade 2014 na área de arquitetura e urbanismo: 1) GAUSA, Manuel.
D’arquitectura i urbanisme. Quaderns: d’arquitectura i urbanisme, n. 257, Gustavo Gili,
Barcelona, 1998; 2) POLONI, Gustavo; MONTEIRO, Aline; CAPUTO, Victor. O lado perigoso
das redes sociais. Revista Info. São Paulo, jul. 2011, p. 70-75.
10
Teses, dissertações e artigos citados no Enade 2014 na área de arquitetura e urbanismo:
1) FABRICIO, M. M. Projeto simultâneo na construção de edifícios. Tese de doutorado.
São Paulo, Poli USP, 2002; 2) MALUF, Carmem Silvia. O cerrado brasileiro: a necessidade
de um novo paradigma para o planejamento sustentável. Tese de doutorado. São Paulo, FAU
USP, 2005; 3) NASCIMENTO, Luciana Dias do. O uso do geoprocessamento na regularização
fundiária e urbanística: uma proposta de apoio à decisão aplicada ao município de Taboão
da Serra SP. Dissertação de mestrado. São Paulo, Geografia USP, 2008; 4) PIÑÓN, Helio.
Representação Gráfica do edifício e construção visual da arquitetura. Arquitextos, São
Paulo, ano 09, n. 104.02, Vitruvius, jan. 2009
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.104/81/pt>. (Qualis B1); 5) SILVA,
Geovany Jessé Alexandre da; BUSTOS ROMERO, Marta Adriana. O urbanismo sustentável no
Brasil. A revisão de conceitos urbanos para o século XXI (Parte 02). Arquitextos, São
Paulo, ano 11, n. 129.08, Vitruvius, fev. 2011
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.129/3499> (Qualis B1); 6) SOMEKH,
Nadia. Projetos Urbanos e Estatuto da Cidade: limites e possibilidades. Arquitextos,
São Paulo, ano 09, n. 097.00, Vitruvius, jun. 2008
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.097/131> (Qualis B1); 7) SOUZA,
Livia Laubmeyer Alves de; AMORIM, Sérgio Roberto Leusin; LYRIO, Arnaldo de Magalhães.
Impactos do uso do BIM em escritórios de arquitetura: oportunidades no mercado
imobiliário. Gestão e Tecnologia de Projetos, v. 4, n. 2, São Carlos, IAU USP, 2009
(Qualis B1); 8) GUERRA, Abilio. Medellín, cidade da arquitetura e do urbanismo
democráticos. Minha Cidade, São Paulo, ano 11, n. 123.04, Vitruvius, out. 2010
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/11.123/3623>. (Qualis C).
11
Artigos de Arquitextos citados no Enade 2017 na área de arquitetura e urbanismo: NETTO,
Vinicius M. O efeito da arquitetura:. Impactos sociais, econômicos e ambientais de
diferentes configurações de quarteirão. Arquitextos, São Paulo, ano 07, n. 079.07,
Vitruvius, dez. 2006 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.079/290>;
SILVA, Geovany Jessé Alexandre da; ROMERO, Marta Adriana Bustos. O urbanismo sustentável
no Brasil. A revisão de conceitos urbanos para o século XXI (parte 01). Arquitextos,
São Paulo, ano 11, n. 128.03, Vitruvius, jan. 2011
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.128/3724>.
12
Estão presentes na lista livros de autoria de François Ascher, Françoise Choay, Jean-
Louis Cohen, Kenneth Frampton, Peter Hall, Josep Maria Montaner, Helio Piñón, Joseph
Rykwert e James Steele.

13
Ao lado dos cinco autores brasileiros temos cinco autores internacionais: François
Ascher, Françoise Choay, John Cobb, Sandy Halliday e Jean-Pierre Leroy.

14
Estão presentes na lista livros de autoria de François Ascher, Françoise Choay, Mike
Davis, Peter Hall, David Harvey, Henri Lefebvre e Antoine Picon.

15
Na lista da Unicamp aparece apenas cinco autores estrangeiros: Adrian Gorelik, Jacques
Le Goff, Henri Levebvre, Jean-Michel Leniaud e David Lowenthal.

16
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (Qualis A2), Arquitextos (Qualis B1),
ReDobra (dois artigos, Qualis B4), Ciência e Cultura, Tempo Social, Espaço e Debates e
Tamoios – e uma estrangeira – a catalã Scripta Nova (dois artigos, Qualis A2). Não
consegui encontrar o Qualis na área de Arquitetura, Urbanismo e Design de algumas delas,
mas a revista Tamoios conta B2 na área de Geografia
17
As revistas e as avaliações são as seguintes: Arquitextos (dois artigos, Qualis
B1), Cadernos do Proarq (três artigos, Qualis B2), Revista CPC (Qualis
B4), Summa+ (Qualis B5), ARQtexto e Cultura Visual.
18
Tal situação ocorreu na editora Cosac Naify há alguns anos, quando o editor Augusto
Massi convocou uma comissão de especialistas em arquitetura e urbanismo para indicar
novos títulos, mas quase sempre originais estrangeiros para tradução.

sobre o autor
Abilio Guerra é arquiteto, professor da graduação e pós-graduação da FAU Mackenzie e
editor do portal Vitruvius e da Romano Guerra Editora.

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