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Alex Aguiar
Chegamos na delegacia e os policiais já estão reunidos com o tenente
Robson. O cumprimento e ele me explica que receberam uma denúncia de
um galpão, onde está ocorrendo vendas de droga.
- Já mandou uma equipe verificar? (Questiono colocando o colete e o
equipamento necessário.)
- Sim, eles não entraram, mas informou que há uma grande movimentação
de carros pretos e saídas de toneladas de embalagens que parecem ser
cocaína.
- Quem denunciou?
- Parece que há uma fazenda vizinha, a proprietária achou estranho a
chegada de tantos carros e como ela detalhou suspeitamos de drogas. (Isso é
muito estranho) Investigador Millus puxe quem são os proprietários do
galpão e tudo que puder da tal família. Peritos nos acompanhe, Guilherme
você fica na delegacia, qualquer passo suspeito você está responsável para
dar a voz. É o seguinte agente, a invasão de anteontem trouxe alguns nomes
importantes na nossa investigação, e por isso os Vizzano estão em nossa cola.
Todo o cuidado é pouco, vocês sabem que o narcotráfico na cidade é
comandado por eles, então é uma ação tendenciosa. Quero todos
completamente fardados e equipados, iremos ver o que estão aprontando, isso
não é uma apreensão comum, entendido?
- ENTENDIDO SENHOR!
- Equipe 1 e 2 me acompanham, 3 e 4 ficam na delegacia caso necessite de
reforços chamaremos. Equipe 5 estão responsáveis pelo cumprimento das
tarefas já programadas e pôr fim a 6 quero uma ronda nas proximidades,
qualquer carro suspeito revistem, não precisam acionar nenhuma jurisdição.
Vocês sabem que trabalhamos independentes, caso algum policial militar ou
civil surja, a ordem é do Delegado Aguiar. Certo?
- SIM SENHOR!
- Então vamos lá viatura 01 e 02 saem primeiro, 04 e 05 depois! (Chamo
Guilherme e ele se aproxima.) Pode ser um contra-ataque da máfia, então
caso as coisas piores, você precisa recolher os policiais de folga. A escala,
está dentro da pasta preta em cima da minha mesa, acho que não chegará a
tanto, mas qualquer problema você os aciona. Não sei o que os Vizzano
pretendem.
- Pode deixar, eu controlo por aqui.
- Pronto El diabo? (Marcelo me questiona e eu carrego a minha pistola.)
- Vamos! (Espero a terceira viatura sair e entro, o carro anda em
velocidade máxima, o que vocês estão aprontando Vizzano?) Todos vão em
silêncio durante o trajeto, esse é o momento que cada um se reconhece em
seu interior, cada um com suas crenças, uns pedem proteção a alguma
divindade, outros olham fotos da sua família, um policial nunca sabe o que
vai acontecer no campo, então é o momento que tem para se assegurar sobre
seus papeis e funções.)
Após alguns minutos chegamos, dou as orientações de lugares e há duas
viaturas atrás do balcão, uma na esquerda e outra na direita e a minha no
meio. Observo a planta que Robson me entregou e vejo que estamos nos
pontos corretos. Faço a contagem em conjunto para ligarmos a sirene e a
invasão começa, seguimos juntos até os caminhões abastecidos e damos voz
de prisão para os motoristas.
- TODO MUNDO NO CHÃO AGORA! (Grito e imediatamente começam
um tiroteio de dentro do galpão.) Equipe 2 entrem agora. (Vou para a linha de
frente atirando com a metralhadora e uso o baú do caminhão como escudo.)
- Tem 15 homens dentro do galpão.
- Ótimo estamos em vantagem. T-24 armação! (Miro no teto do galpão e
vejo que há uma lâmpada dou três tiros na direção e em seguida jogo a
bomba de gás.) AGORA! (Saímos correndo dos esconderijos e entramos no
balcão, escuto algumas trocas de tiro e vejo que há alguns homens já rendido,
dois tentam escapar pelos fundos, mas consigo acertá-los com dois tiros na
perna. Estou indo na direção deles quando sinto uma dor no peito. Filho da
puta! (Olho para traz e vejo meu atirador, corro para traz de uma das
pilastras. Observo o lugar e vejo que ele está do lado esquerdo. Atiro no lado
direito até a arma precisar ser recarregada e quando isso acontece ele tenta
atirar, mas consigo acertar seu braço! Bingo!) LARGUEM AS ARMAS,
VOCÊS ESTÃO CERCADOS, DEITEM AGORA NO CHÃO COM AS
MÃOS PARA CIMA. (Vejo o meu atirador tentar pegar sua arma, mesmo
atingido.) EU DISSE PARA LARGAR A ARMA PORRA! (Atiro mais uma
vez nele e dessa vez miro em sua coxa. Imediatamente os demais que ainda
não estavam rendidos largam as armas.) Prendam e os coloquem em fileira na
pilastra principal. Agente Largos e Silva revistem o local, procurem qualquer
câmera. (Olho para Marcelo) Nenhuma prova! (Ele me entende e sai à
procura de câmeras com mais dois agentes.) Tragam os motoristas! Puxo uma
cadeira velha de metal e me coloco de frente a pilastra, onde os outros
agentes posiciona os criminosos. Tiro minha outra pistola do bolso e ponho
no chão, deixo o revólver e tiro o colete que recebeu a bala. Dobro minha
camisa até o cotovelo e dobro uma das minhas pernas apoiando-a na outra.
Essa sim foi uma boa invasão, sorrio comigo mesma. Espero pacientemente
os 5 agentes voltarem e os demais policiais fazem uma ronda por todo o
perímetro.)
- Chefe!
- Hum!
- Achamos isso aqui. (Ele me entrega duas câmeras)
- Estavam aonde?
- Entre as duas pilastras centrais.
- Tem mais alguma?
- Não senhor!
- Ok, vamos esperar os cinco chegarem. (Após 15 minutos Marcelo vem
com os quatro agentes e me entrega cerca de 10 câmeras.)
- Doze câmeras, por acaso vocês estão treinando para o big brother? (Me
levanto rindo.)
- Agente Martin, tudo limpo?
- SIM SENHOR! (Vamos começar os jogos! Sorrio estralando meus
dedos.)
- O que vocês acham pessoal, eles estão tentando entrar na casa mais
vigiada do Brasil? Peguem o de camisa vermelha, o homem que atirou em
mim. (Os policiais assim o fazem e fico de frente ao meu atirador.) Está
doendo? (Digo me referindo aos seus ferimentos e ele geme de dor.) Luvas!
(Marcelo me entrega) Estou lhe perguntando, está doendo. (Ele me olha em
fúria) Não vai responder? (Arqueio minha sobrancelha e me abaixo.) É a sua
última chance... (Aperto seu braço com força e o vejo tremer de dor.) Está
doendo... (Aperto mais um pouco)
- Vai para o inferno! (Ele cospe as palavras enquanto treme de dor, coloco
meus dedos dentro da ferida e ele parece começar a gritar desesperadamente.)
Eu sou El diabo, é meio irônico ir ao inferno, não acha? (Ponho mais meu
dedo e ele grita escandalosamente seu corpo inteiro treme.) Está doendo?
- SIM... SIMMM... (Ele grita, e eu dou risada.)
- Agora estamos começando a nos entender. (Retiro um pouco o dedo.)
Quem mandou vocês aqui? (Ele treme mais não fala nada, enfio novamente
meu dedo e consigo sentir a bala. Ele grita ainda mais alto.)
- M... (Ele tenta falar mais a dor consome.) Recado... (Vejo seu corpo ficar
pálido e paro, não posso matá-lo. Não agora! Retiro meu dedo.)
- Podem levar esse idiota, chamem a ambulância. (Dois policiais saem
levando o babaca.) Quem será o próximo? (Sento na cadeira e os olhos
assustados me observam. Pego o revólver no chão e engato) vamos mudar o
nosso jogo, eu pergunto e vocês falam, então ganham o direito de irem com
meus amigos ok? (Nada se ouve.) O último a ficar conhece o Carmem
Miranda. (Balanço o revolve) O babaca disse M. recado, vocês foram
enviados pela máfia? (Silêncio, ninguém diz nada.) Agente Silva escolhe um!
(O policial aponta para um homem que aparenta ter seus 28 anos.) Miro em
sua perna e atiro (Ele imediatamente grita.)
- Foi a máfia? (Pergunto mais uma vez limpando a Carmem Miranda)
- Sim, sim! (Um homem de camisa amarela grita desesperado.) Eles
mandaram um recado.
- Qual o recado?
- Não sei! (Observo a cara assustada do homem a frente e ele diz a
verdade.)
- Podem leva-los. (Digo) Quem é o rapaz do recado? (Mais uma vez
silêncio total.) Olha é só passar o recado e eu libero todo mundo, não se
preocupem a Carmem trabalha outro dia. (Novamente silêncio) Ok então!
Agente Santos, escolha um. (Ele aponta para um rapaz que parece ter seus 21
anos, suas mãos tremem tanto e me questiono se não é ele.) Ok, aponto a
arma e quando estou prestes a puxar o gatilho ele grita. Tárcio, (todos o
olham, menos um, sigo a caminho deste, um homem mais velho com a barba
por fazer.) Olá Tárcio, (aponto a arma para sua cabeça.) Se você tem um
recado para dar precisa entregar, não foi por isso que estão aqui? (Ele treme,
com certeza deve pensar que não o deixarei sair daqui após o recado.)
- Eu não tenho culpa de estar aqui... (Ele levanta seu rosto me olhando e
vejo seus olhos cheios de lágrimas.)
- O que você quer dizer?
- Minha família... (Uma isca... PORRA ALEX ELE É UM CIVIL, abaixo
a arma.)
- Por que você não avisou. (O analiso)
- Se eu abrisse a boca eles matariam. (Vejo seu olhar para baixo, apesar
das suas lágrimas serem verdadeira algo está estranho.)
- O que tem sua família Tárcio?
- Recado... (Ele vacila) O recado está no celular... (Ele mostra o bolso e eu
pego, não preciso destravar.) Aperte 1 e verá, (faço e uma ligação por vídeo é
iniciada, há três homens de ternos com uma família, uma mãe aparentemente
com seus 46 anos e dois filhos, um adolescente e um pequeno.)
- Me mandaram dizer para parar com as investigação ou inocentes vão
morrer. Desculpa amor, desculpa meus filhos, essa foi a única forma de
salvá-lo (Ele olha para a tela e em seguida se afasta do celular e começa a
convulsionar.)
- Envenenamento! (Grito tentando reanimar, mas a boca já começa a
espumar e ele morre ali mesmo.)
- Você ouviu! (Um dos homens de preto diz na tela.) Melhor parar ou...
(Três tiros são dados e a família vai ao chão.)
- FILHOS DA PUTA! Quem trouxe ele? (Grito com fúria)
- Não sabemos, o deixaram ai na frente! E apenas deram a ordem para
colocar a droga no caminhão e atirar caso a polícia invadissem. (PORRA!)
- Levem eles! (Ordeno para os policiais e me abaixo, procurando alguma
identificação do tal Tárcio, aqueles idiotas enganaram esse homem, filhos da
PUTA! A raiva me consome e encontro sua carteira, abro e há um bilhete...
“A primeira de muitas... eles são o proprietário da fazendo ao lado.”
Atenciosamente M. Vizzano
- Mandem uma viatura agora para a fazenda! (Minha cabeça começa a
latejar e sinto o impacto do tiro incomodar.) Mandem os peritos entrarem!
(Espero todos os criminosos serem colocados na viatura e autorizo levarem.
Entro no caminhão e abro as embalagens cobertas por fita isolantes e não
passa de grãos de farinha.) Dois policiais acompanham os motoristas, é
farinha, mas vamos levar o caminhão para perícia. Marcelo vem ao meu
encontro.
- Cara, não tinha mais ninguém lá, acabaram de informar. (Balanço minha
cabeça, eu vou pegar esses cretinos e vou acabar com cada um!)
- Já estão fazendo a limpeza no local?
- Sim, já estão vindo fazer aqui também. Podemos ir? (Ele me olha
preocupado) Cara, vamos pegar eles, não se preocupe.
- Quantas famílias serão mortas até nós pegarmos eles
- Mas você vai, é o El Diabo, esqueceu? (Saímos em direção a delegacia e
minha cabeça lateja. O que eu vou fazer? Esses filhos da puta não vão me
fazer parar. Eles mexeram com a pessoa errada, vou vingar a morte daquela
família ou não me chamo Alex Aguiar. Chego na delegacia por volta das
quatro e meia. Minha cabeça está mil, ver aquelas crianças levando um tiro
acabou comigo, sinto que estou prestes a explodir.
- Cara, que loucura foi essa? (Guilherme pergunta me entregando um copo
de água.) Não acreditei quando os policiais chegaram contando.
- Foi bizarro Gui, o cara do nada começou a espumar e em seguida a
família levando os tiros. (Marcelo conta.)
- Eu vou destruir um por um. (O ódio me consome) Esse M. Vizzano está
mexendo com a pessoa errada.
- Vamos te ajudar a fazer isso. Mas, olhando seu rosto, acho melhor
finalizarmos por hoje. Fazemos os depoimentos amanhã.
- Acho melhor, não estou com cabeça!
- E eu preciso encontra meu carro. (Marcelo diz tentando dissipar a tensão
na sala.)
- O meu também.
- Deixei no estacionamento da Butiquim, não se preocupem. Se quiser
posso deixá-los lá.
- Não, melhor você ir! Tia Carlota está a sua espera e ela é a única pessoa
que pode tirar esse seu olhar assustador. (Guilherme diz sério)
- Certo! (Guardo o distintivo e a arma, saio da delegacia. Quando estou
saindo da garagem, vejo os cabelos ruivos entrando na cafeteria, ao lado de
outra mulher. Não estou no melhor dia..., mas se ela deixar de vim, você
poderá não ter outra oportunidade. Encosto a cabeça no volante hesitante,
continuo saindo do estacionamento e posiciono o carro em frente a cafeteria.
Consiga o número Alex e você pode ir para casa.)
Desço do carro, e adentro ao estabelecimento, assim que passo pela porta,
meus olhos vão diretamente para os fios ruivos e assim como eu seus olhos
me encontram rapidamente, vejo que ela fala algo, pois delicadamente sua
boca se mexe enquanto nossos olhos estão fixos. Respiro tentando dissipar
atenção de minutos, você precisa ser agradável Alex. Sorrio quando me
aproximo e gentilmente cumprimento ela e sua companhia.
- Boa tarde garotas, posso me juntar a vocês! (Vejo a outra garota de
cabelos loiros e olhos castanhos me analisarem e percebo que ela me come
com o olhar, desculpa querida, sua amiga viu primeiro!)
-Sim, boa tarde... (a deusa ruiva aponta uma cadeira e sento.)
- Estava me questionando se cumpriria a promessa. (Fixo meu olhar nos
seu e a tensão está novamente presente.)
- Não lembro de prometer nada. (Ela morde os lábios e a vontade de
mordê-los em seu lugar me faz esquecer os acontecimentos.)
- Bom, gente... O papo está legal, mas infelizmente preciso ir. (Sua amiga
quebra a tensão entre nós e só então percebo sua presença.)
- Oh sim! (A ruivinha parece voltar a consciência) Essa é minha amiga
Malu e esse é o ... (Não trocamos nomes ainda, olho para ela com a
sobrancelha levantada e vejo que ela não sabe como apresentar.)
- Alex, (respondo em seu lugar) é um prazer conhecê-la.
- O prazer é todo meu... (Essa é diferente da ruivinha, enquanto uma é
sexy pelo mistério, ela é completamente direta. Vejo que as duas trocam
olhares.) Infelizmente preciso ir, até mais ver Alex! (Ela sorrir e pega sua
bolsa se despedindo.)
- Aqui estão os pedidos! (A garçonete entrega dois copos de café
americano e duas tortas de maracujá.)
- Acho que sua amiga fugiu quando me viu. (Digo me referindo ao
pedido.)
- Ela lembrou de algo...
- Pode dizer a verdade, você a mandou ir embora para me ter só para você,
não é?
- Sua prepotência não tem limite.
- E você não me respondeu. (Digo enquanto bebo a xícara de café e sinto
uma dor no peito, maldita bala!)
- Algum problema? (Ela me olha preocupada.)
- Não, apenas uma dor no ombro. Já que você está me enrolando para
responder que tal me dizer seu nome? Não vai dizer também?
- Larissia! (Ela fala enquanto leva um pedaço de torta aos lábios, minha
enxaqueca aumenta.) Você está realmente bem?
- Estou, por que?
- Seus lábios estão roxos, e seu semblante está péssimo se me permite
dizer. (Antes ter ficado no carro Alex)
- Acho que a enxaqueca está se misturando com a dor no ombro apenas
isso, mas estou bem.
- Você tem dores de cabeça direto? (Que porra de assunto é esse?)
- Sim!
- Elas são em cima dos olhos? (Como ela sabe?)
- Isso! Mas...
- Aqui! (Ela me entrega um potinho branco, leio e parece ser um
analgésico para dor de cabeça. Ela chama a garçonete e pede dois copos de
água.) Não se preocupe não sou uma (Ela para e me olha, logo sorrir)
psicopata. (A garçonete entrega a água e ela pega um dos comprimidos e
bebe.) Pode confiar, sinto constantemente enxaqueca esse remédio é um
milagre! (Como ela pegou aleatoriamente e tomou, faço o mesmo.)
- Você tem uma ótima maneira de fugir do assunto. (Sorrio, mas minha
cabeça me trai lembrando do celular.)
- Não estou fugindo, estou apenas impedindo que você arrume uma
desculpa.
- Desculpa para o quê?
- Já se esqueceu? O resumo sobre o livro. (Olho para ela descrente, como
consegue fazer isso, ela cortou completamente a tensão sexual entre a gente e
trouxe divertimento.)
- Revolução dos bichos, não sei se posso lhe contar.
- Por que não? (Ela me olha interrogativa e vejo sua boca se formar em um
bico, porra que mulher é essa?)
- Assim, você não teria motivos para aceitar meu convite.
- Que convite? (Ela me olha curiosa)
- O que você acha de passar uma tarde comigo, eu dou a minha palavra
que lhe conto tudo o que quiser.
- Você tem noção que acabamos de nós conhecer, não é?
- Sim, mas já sei tudo sobre você.
- É mesmo? Em um dia?
- Claro, seu nome é Larissia, tem 25 anos, faz direito na UFMG e tem a
boca mais linda que já conheci. (Vejo suas bochechas avermelhadas.)
- Só isso?
- Posso saber mais se você me permitir. (Fixo meus olhos no seu.)
- E se eu não permitir?
- Serei obrigado a aceitar, não faço nada que não queiram. (Digo sério.)
- Resposta correta! (Ela me olha com olhos brincalhão, anota algo e come
seu último pedaço de torta.) Você é um homem inteligente Alex! (Ela se
levanta pegando sua bolsa.) Dessa vez fica por sua conta, (Seus lábios são
novamente presos em seu dente e estou a ponto de beijá-la.) obrigada pela
companhia, se cuida... (Ela arrasta um pequeno papel amarelo em minha
direção e sai, vejo que há o nome do medicamento e um número de telefone.
Saio da mesa e puxo seu braço trazendo seu corpo para próximo do meu,
nossas bocas ficam perigosamente perto e sinto meu corpo explodir em
excitação. Respiro devagar e sinto seus pelos se arrepiarem. Aproximo ainda
mais nossas bocas, ela não se afasta e resisto a mim mesmo a não a beijar...)
- É melhor você se cuidar, eu posso ser bastante perigoso com garotas
malvadas.
- Eu adoro perigo. (Ela se afasta de mim e sai novamente me deixando
sozinho, eu vou enlouquecer com essa ruiva. LARISSIA... um belo nome,
pago a conta e olho o papel. Não sei que sensação é essa Larissia, mas sinto
que você se meteu em algo que não deveria... Entro no carro e vou para casa,
por minutos eu consegui relaxar e esquecer toda a merda que aconteceu, que
poder essa mulher tem? E por que ela tem que ser assim, tão... Irresistível!
Capítulo VI
Eu aprendi, que tudo o que precisamos, é de uma mão para segurar e
um coração para nos entender.” - William Shakespeare
Larissia Vizzano
Saio da cafeteria com o coração acelerado, o que esse homem tem que me
deixa toda vez assim? Puxo o ar tentando me concentrar e ando ao lado
oposto o qual estou acostumada. [Foca Lari, você precisa analisar] Minha
majestade chama minha atenção e eu respiro devagar, mantendo a
consciência. Olho para a delegacia e deixo cair meu estojo de lápis, desço
para pegar e observo os estabelecimentos até a delegacia, são duas lojas de
conveniência, ambas têm câmeras, um restaurante, o qual não parece ter
nenhuma, mas há um segurança. Pego o estojo e coloco na bolsa me
levantando, um pet shop e três lojas. Todas fiscalizadas por câmeras. Ótimo,
faço a volta e quando estou prestes a passar em frente a cafeteria vejo Alex
sair, espero um pouco e quando ele entra em um carro Jeep preto, espero até
o carro se distanciar e sigo o caminho, até a rua onde o segurança já me
espera, entro no carro e anoto no meu caderno, antes que eu esqueça, faço
algumas anotações e observações.
Chego em casa já passa das 18:00, subo as escadas e vou ao meu quarto,
preciso de um banho. A água bate gelada em meu corpo e o sinto tremer, mas
continuo parada deixando a água escorrer por minhas costas, não me permitir
pensar em nada desde ontem quando meu pai contou a verdade, e agora
parece que as coisas estão se tornando mais reais em minha mente, eu preciso
dar um jeito de parar essa investigação, pelo menos por esse motivo. Porém
antes de começar a pôr meus pensamentos em ordem, a imagem de dois olhos
verdes me vem à mente. Seu rosto caramelo, sua barba baixa... sinto meu
corpo agoniado. Pego o shampoo e passo em meu cabelo, aquele sorriso...
seus dentes são tão alinhados e brancos, como pode ter alguém com uma
beleza assim, simples... Massageio meu couro cabeludo e deixo a água levar
o sabão, seu olhar é tão viril, algo nele desperta um ser selvagem em mim,
quando estou em sua presença esqueço completamente que não passo de uma
garota virgem de 25 anos... Sinto minha intimidade estranha, como se ela se
contraísse, por que ele desperta isso em mim? Pego o condicionador e
despejo em minhas mãos, e em seguida espalho em meus fios ruivos, fecho
os olhos e consigo sentir seu hálito quente em mim, nossas bocas tão
próximas, seus olhos tão próximos... Minha cabeça doí e percebo que estou
puxando meus fios, Merda, balanço a cabeça e retiro o creme! [Seria uma
delícia ter a companhia do deus grego nesse banho, não acha] minha
majestade sorri maliciosa, e em seguida o imagino, com todos aqueles
músculos, deve ser uma visão perfeita seu corpo nu, novamente sinto minha
intimidade se contrair e meu corpo começa a implorar por algo. [Você o quer
Larissia] minha majestade rir elegantemente e eu lembro das palavras dele
sobre a saída repentina de Malu... “você a mandou ir embora para me ter só
para você, não é?” tê-lo só para mim, o imagino completamente sem roupa
beijando meu corpo, isso seria... [Enlouquecedor] isso vossa alteza, seria...
LARRISIA O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO. Eu acabei de o conhecer e já
estou pensando em sexo... É oficial, os 25 anos de abstinência está
começando a me cobrar. Desligo o chuveiro e me embrulho com a toalha,
estou saindo do chuveiro, quando me olho no espelho e vejo que minhas
rosáceas atacaram com tudo, pareço um camarão com bochechas rosas, bem
adulta você Larissia. Visto um vestido solto azul florido e escovo meus
cabelos. Pego o celular e noto que há milhares de mensagens de Malu, nem
lembrei de avisá-la, há cinco chamadas perdidas dela, sorrio, deve estar
morrendo de curiosidade. Olho minhas mensagens e não há nenhum contato
novo... Achei que ele estivesse com pressa em saber meu número.
Maturidade Lari! Ligo para Malu e desço a procura de Simone, Malu atende
no segundo toque.
- DONA LARISSIA!!! (Ela grita do outro lado da linha.)
- Calma Malu (Dou risada) não precisa gritar.
- NÃO PRECISA? (Ela continua gritando) ME EXPLIQUE O QUE
ACONTECEU? COMO ASSIM MALU VOCÊ TEM QUE INVENTAR
UMA DESCULPA E TCHAU? (Meu ouvido doí com seus gritos.)
- Se você parar de gritar, eu posso até explicar. (Continuo rindo)
- Sério, estou até agora parada sem entender o que foi aquilo... na verdade,
o que é aquilo. PORRA Lari, que homem é aquele, é de verdade? PUTA
QUE PARIU!
- Malu, dar para acalmar a borboleta? Eu estou tentando explicar, mas se
continuar histérica será impossível!
- Está certo, diga! Agora invente uma bela desculpa para não me contar...
(Entro na cozinha e vejo Simone preparando o jantar.)
- Malu, espera só um pouquinho. (Afasto o celular) Monie, eu acho que
criei uma nova receita para o bistrô, mas preciso da sua ajuda. Hoje
experimentei uma torta de maracujá divina, o que você acha de misturar um
creme de limão com a massa de maracujá e uma camada fina de biscoito.
- Nossa minha menina, uma explosão de sabores, mas você não acha que
pode ficar muito ácido?
- Pensei nisso, se eu fizer o creme macio, apenas com o leve sabor de
limão, a camada de biscoito cortaria a acidez.
- Se for um limão bem leve ficaria ótimo, com um chá verde gelado!
- Isso! (O prato começa a ser montado em minha cabeça.) Amo você
Monie! (Sorrio a beijando e ela rir de mim)
- Você está me atrapalhando garota. (Dou risada)
- Vou trabalhar na construção da sobremesa e amanhã começo os testes,
assim que consegui trago para você.
- Espero mesmo sua atrevida! (Saio da cozinha e sento na sala.)
- Malu?
- Larissia, você está pensando em morrer hoje? Como você interrompe
uma conversa séria por causa de uma sobremesa a me poupe não é.
- Desculpa Malu, (começo a rir da sua agonia) amanhã saio antes da
Simone chegar e precisava da opinião dela para começar os testes. Trabalho
em primeiro lugar amiga!
- Você me paga! Agora adianta desembucha logo. Primeiro, de onde vocês
se conhecem?
- Para falar a verdade nos conhecemos ontem.
-O QUÊ? (Ela grita) aquela tensão sexual toda como se vocês estivessem
em um embate silencioso foi criada com apenas um dia?
- Malu, você vai deixar eu contar? (Reviro os olhos, mesmo ela não
podendo ver.)
- Está bom, conta!
- Sim, não entendi, o primeiro dia que fui na cafeteria, assim que fiz o
pedido ele chegou recitando o livro daquele trabalho, eu estava lendo na hora.
- Ele conhece revolução dos bichos? Olha além de gostoso é culto...
- Você quer saber ou não?
- Ahhh certo continua.
- Perguntou se poderia sentar, eu não acreditei quando ele chegou na
minha mesa, fiquei totalmente sem reação, um homem daqueles chegar do
nada recitando um livro, então eu apenas disse que poderia e então ele falou
do livro e eu disse que não estava gostando, ele disse que foi um dos
melhores que leu e vou resumir, conversamos um pouco e ele me contou que
era formado em direito, falei que estava no último semestre, então ele falou
algum outro assunto que não me lembro agora e acabei dizendo que não
gostava do curso, preferia gastronomia, ele não acreditou que eu já estava na
segunda graduação, perguntou a minha idade , eu disse e ele falou a dele, 34
antes que me pergunte, não lembro direito, mas depois disso ele começou a
flertar descaradamente então o segurança me ligou, dizendo que já tinha
passado o horário que eu havia dito, então eu me despedi, mas antes de ir ele
pediu meu telefone eu disse que nos encontraríamos em breve. E foi isso...
- Larissia?
- Sim!
- Era você mesmo?
- Claro MALU.
- Amiga, você que tem experiência ZERO com homens, o único que vejo
algum desenrolar é com o Caio e mesmo assim isso só foi possível depois de
dois anos. Foi descaradamente flertada por um The Rock brasileiro, um
homem gostoso daqueles e ainda fez a pose mulher misteriosa... PORRA
CADÊ A LARISSIA QUE EU CONHEÇO? Você tem noção do que fez?
- O que? Você está exagerando, ele nem é tão musculoso quanto o The
Rock.
- Ah bom! Você lembra quando deu em cima do segurança? Foi preciso
um dia inteiro para você criar coragem para falar no telefone e agora você
simplesmente está me dizendo que agiu misteriosamente e como uma lady
sexy de frente, estou falando de frente, daquele homão da porra?
- Sim, eu nem vi a situação dessa forma Malu, apenas atendi a ligação do
Ricardo e saí!
- Amiga, os homens são extremamente instintivos, se ele foi até sua mesa
e como você disse jogou abertamente charme para você, você despertou o
interesse dele, digamos que é como se você oferecesse um chocolate a uma
criança pequena e quando ela ver e tenta pegar você retira e simplesmente
some. Está me entendendo?
- Sim..., mas não fiz de propósito!
- Isso não importa agora Lari, o que importa é que você aguçou o interesse
dele. E pela tensão de hoje, tenha certeza que ele pensa que foi proposital.
Larissia o que você sentiu, quando conversava com ele?
- Amiga, aquela voz dele.... me fez despertar um lado que eu não
conhecia.
- Que lado Lari?
- Eu queria manter seus olhos em mim. (Digo sincera)
- E qual foi o motivo de você não dar o telefone já que estava se
interessando também? (Boa pergunta) Você correu o risco de não o ver
novamente, sabe disso, não é? Se ele estivesse apenas de passagem?
-Sim, eu sei... (Digo pensativa)
- Então por que não deu o celular?
- Não sei dizer, apenas senti que era o certo.
- PUTA QUE PARIU LARISSIA, você é uma cretina, sua VACA! (Ela
começa a rir e gritar) Você é esperta garota, nem sabia o que estava guardado
aí dentro. (Ela rir ainda mais)
- Você está me fazendo parecer uma criança.
- Não Lari, desculpa, mas é difícil ver uma mulher da sua idade virgem, e
pelo visto, seu lado sensual está mais que aflorado, só precisa que você
explore mais. Estou feliz por você amiga, de verdade. Não que isso signifique
que você era menos mulher, não é isso, mas quando a mulher se descobre
como um ser sensual e passa a viver com seus instintos ela começa a ganhar
uma nova garra, digamos que você começa a construir uma nova versão.
Estou feliz por estar começando a enxergar dessa forma.
- Você sabe que não foi uma escolha.
- Sei amiga, eu sei, mesmo assim fico feliz por você. Mas, me fala uma
coisa, por que quando me apresentou hesitou em dizer o nome? Estava com
medo de mim? Você sabe que fizemos um pacto quando crianças lembra?
(Ela rir)
- Sim, você e eu não podemos gostar do mesmo garoto, quem ver primeiro
é a ganhadora. (Repito de forma infantil, e rimos) Eu não hesitei, só não
sabia.
- O QUE? NEM OS NOMES VOCÊS TROCARAM? AH VAI
PLANTAR BATATA LARISSIA.
- Sério, não deu tempo.
- Claro que não, a pergunta principal e não deu tempo. (Ela debocha e eu
dou risada. Meus pais chegam e imediatamente eu mudo minha postura, se
meu pai escutar que tem homem envolvido comigo, estou mais ferrada
ainda.) Se eu não tivesse aparecido vocês estariam na cama sem saber os
nomes. (Engasgo, ainda bem que eles não podem ouvir.) Lari? Larissia?
- Boa noite querida, não foi ao bistrô? (Mamãe pergunta e Malu parece
escutar sua voz pois fica em silêncio.)
- Não, hoje é o dia da pizza.
- Ah, quando o italiano toma conta da cozinha.
- Isso! (Sorrio) Boa noite Pai! (Digo vendo que ele está em silêncio e seu
rosto parece sério.)
- Oh filha, desculpe, boa noite. (Minha mãe me olha serena)
- Você sabe se o jantar já está pronto, querida?
- Quando cheguei Simone já estava preparando.
- Eu vou até o escritório, podem me chamar quando estiver pronto. Ele dar
um beijo em minha testa e sai.
- O que houve? (Olho preocupada para minha mãe e ela me responde
triste.)
- Você sabe que seu pai não mexe com pessoas inocentes, não é? (Afirmo
com a cabeça.) Hoje o conselho decidiu pressionar o tal federal e fizeram
algo que seu pai não concordou, prejudicando vidas inocentes (sinto meu
estômago embrulhar) mas como está em período de analise ele não pode fazer
nada. Seu tio prejudicou muito seu pai. (Minha mãe fala com raiva)
- Nós vamos resolver isso mãe. Como eles conseguem dormir sabendo que
há sangue inocente em suas mãos?
- Filha, ser da máfia, não foi escolha de nenhum membro do conselho, eles
simplesmente foram obrigados, uma escolha dos seus antepassados. Então
eles nasceram e foram criado no meio dessa vida para isso, foram criados
para matar e tomar conta do mundo do crime. Então alguns não tem a
sensibilidade da morte, nem mesmo seu pai tinha, isso só mudou quando
você nasceu, foi só então que ele percebeu o valor de uma vida. (Eu sei que
meu pai é um vilão, mas a vida inteira ele foi meu pai e eu o amo apesar de
qualquer coisa, sinto meu coração se apertar por ver sua situação.)
- Espero de verdade que tudo isso um dia acabe mãe.
- Para isso a justiça deveria ser confiável meu amor e ela não é! (Ela
deposita um beijo em minha testa também e sobe as escadas. Olho o celular e
vejo que Malu ainda está na ligação.)
- Você ouviu?
- Juro que não queria, mas ouvi sim.
- Meu pai está com uma cara péssima amiga.
- Apesar de ele ter encrencado com a nossa amizade no início, depois que
passei a visitar sua casa, eu sempre gostei dele.
- Não parece ser um criminoso, não é? (Digo com pesar)
- Sim, mas é como sua mãe disse Lari, ele não teve escolha.
- E talvez eu também não.
- O que você quer dizer com isso?
- É uma longa história, mas lembra a história que te falei sobre porta voz?
- Sim!
- Se eu quiser continuar com a minha vida normal, eu preciso fazer muito
bem, na verdade tenho a missão de fazer o impossível, ou terei que ocupar o
lugar do meu pai.
-O QUÊ?
- Isso mesmo, (Dou uma risada sem graça) mas eu vou te contar melhor
quando tivermos oportunidade.
- Tudo bem, mas saiba que estou aqui.
- Eu sempre soube amiga, agora eu vou desligar, preciso jantar.
- Calma, antes me conta o que houve hoje? O nome você já sabe graças a
mim.
- Depois eu conto Malu, o senhor Vizzano está aqui.
- Mas, rolou o celular pelo menos?
- Sim! (Começo a rir, ela sabe como mudar meu humor.)
- Isso! Já trocaram mensagens? Ver se me conta tudo agora.
- Pode deixar e não ele ainda não mandou mensagem.
- Então manda, essa história de mulher não ter atitude é passado.
- Eu não sei o número dele.
- Larissia e suas surpresas, eu nem vou perguntar como isso aconteceu.
(Ela rir) Vai jantar, vou ver o que faço para comer, beijos sua quenga.
- Beijos, vaca! (Desligo o celular rindo, essa menina é realmente a alegria
em forma de gente. Vou até a cozinha e vejo que Simone começa a pôr a
comida na mesa e eu a ajudo. Mamãe aparece logo depois e em seguida meu
pai.)
- Como foi o dia hoje meu bem? (Dona Camila me pergunta)
- Bem mãe, nada de novidade, quero dizer... experimentei uma torta de
maracujá que me deu uma excelente ideia.
- Qual? (Ela pergunta entusiasmada)
- O que você acharia de comer uma sobremesa de torta de maracujá com
um creme macio e bem leve de limão, com uma camada de biscoito,
acompanhado de um gelado chá verde.
- Aí filha, me deu água na boca, eu não sei a quem você puxou com esses
dotes culinários.
- Sua mãe sempre foi uma negação na cozinha. (Meu pai comenta mais
relaxado.) Mas não conta para ela. (Ele finge segredo e nós rimos.)
- Simone é a culpada.
- Eu? Não mesmo, você que passou a infância toda me olhando no fogão.
- Lembra Monie, quando eu quis fazer o bolo de chocolate com avelã?
- Como não lembraria? Um trocinho de 7 anos fazendo bolo, queria a todo
custo jogar avelã na massa.
- E não é que deu certo! (Mamãe rir) Aquele bolo foi uma surpresa.
(Comemos lembrando das minhas receitas atrapalhadas quando criança,
acabamos o jantar e Simone sai nós deixando com xícaras de café e chá.
Estamos confortáveis, até meu pai me olhar e ficar calado.)
- O que foi pai?
- Não quero estragar nosso momento, mas você conseguiu alguma coisa
hoje?
- Fiz o reconhecimento, e todos os estabelecimentos tem pelo menos uma
câmera e o que não tem, há um segurança. (Digo tranquila, não tenho como
fugir dessa situação, então é melhor aceitar.) Você pensa em fazer o que de
fato?
- Estava pensando em acompanhar o dia-a-dia do federal e pressioná-lo
usando sua família. (olho séria) Não derramarei sangue inocente filha, não se
preocupe. (Ele diz sério e eu percebo a tristeza em suas palavras.) Digo
sequestro, ou ameaça de sequestro... Você seria a negociadora e tentaria por
meio da conversa descobrir até onde eles sabem de nós.
- Por que não terminamos de relaxar primeiro? (Minha mãe pergunta, mas
sinto urgência, meu pai está completamente abalado e preciso expor minha
ideia.)
- Eu pensei em outra coisa pai... (Todos me olham surpresos) Quando
estava lá, não vi movimentação ao redor da delegacia, ou seja, eles só saem
quando tem missão, então podemos montar uma equipe de vigilância, em
cada ponto estratégico, seguindo o seu raciocínio, porém pensei no
psicológico que o senhor mencionou e agora penso que realmente minha
ideia será melhor. Você monta sua equipe e eles me passam as informações
que eu pedi, então utilizarei o jogo do adivinhe quem sou eu... (Ele levanta as
sobrancelhas) Primeiro iremos fazer a primeira ligação quando a equipe
estiver se estabelecido, mas não quero uma equipe humana, utilize a
tecnologia ao seu favor, precisamos de um excelente hacker, podemos fazer
das câmeras nossos olhos, pois quero saber a roupa que o tal homem está
usando, quantas pessoas estão dentro da delegacia, informações que façam
eles saberem que estão sendo observados... a cada dia, eu direi algo sobre a
sua vida (Lembro do filme que assistir, quem diria não é Larissia). Ele ficará
completamente em fúria sem saber por onde estamos o olhando, então após
uns 5 dias nesse jogo, o sentimento de ameaça é o mais enlouquecedor para
um humano, então após isso faço a primeira abordagem direta, um
interrogatório, iremos semear e colher informações, tenho certeza que há
algumas coisas que você pode abrir mão para conseguimos persuadi-lo. O
terceiro passo será as ligações noturnas, onde tentarei persuadir para
encontrar suas falhas, com toda certeza ele tem, então iremos privá-los do
sono e trabalhar com as suas falhas... Por fim, com o psicológico totalmente
fragilizado, usaremos a sua incapacidade legislativa, para o destruir como
profissional, e assim.... (Omito o verdadeiro último passo.) Faremos uma
troca, ele mesmo nos entregará o depoimento do PM. E você embarga a
promotoria e nós oferecemos algo que ele queira.
- Como o que?
- Listas! (Digo séria) Nomes de políticos corruptos, (meu pai me olha
assustado) retire todos os seus aliados, e jogue na cova dos leões. Assim ele
verá que é mais vantajoso perder um político e ganhar dez!
- Mas eles podem testemunhar contra a máfia.
- Não será sua responsabilidade senhor Marcus, foi uma investigação do
federal, nesse caso é responsabilidade do conselho e não sua...
- Se o conselho souber...
- Não vai, haverá apenas quatro pessoas que saberá disso, o hacker, eu
você e mamãe... Utilizando o hacker, nem mesmo seus seguranças precisam
saber. Apenas escolha com sabedoria, e para ser mais exata, nem mesmo ele
irá saber da troca, ele apenas acompanhará as ligações.
- Quando você pensou nisso querida? (Minha mãe me questiona
assustada.)
- No caminho para casa.
- Isso é bem arriscado Larissia. E se isso não der certo?
- Vai dar pai, isso é psicologia pura, todo ser humano sofre com os ataques
psicológicos é a única fraqueza que todos temos em comum.
- Não... (Meu celular vibra e eu pego, número desconhecido, sinto meu
coração acelerar. Abro a mensagem e sinto minhas pernas tremerem...)
“Desculpa o retorno tão tarde, mas não pude antes.”
“Acho que foi um erro pegar seu telefone, não conseguirei dormir, tendo
uma foto sua tão perto.” (Sorrio, ele sabe ser fofo.)
- Filha? (Minha mãe me chama.)
- Oi? (Eu preciso responder à mensagem, não presto atenção na conversa e
simplesmente digito rápido.)
“Então acho que terei que bloqueá-lo para devolver suas noites de sono.”
- FILHA! (Minha mãe chama a minha atenção e eu reparo o que estou
fazendo, abaixo o celular.)
- Desculpem, estava resolvendo um negócio da universidade.
- Rindo? (Meu pai questiona, curioso e observador)
- Sim, (O que eu falo) uma colega fez um comentário engraçado, mas
podem continuar.
- Não é nada demais, seu pai disse que vai seguir seu plano. (O olho)
- Talvez não der certo, mas essa é uma boa jogada! (Ele pisca para mim)
Você leva jeito filha. (Fecho meu semblante imediatamente.)
- Nunca mais repita isso pai, estou fazendo isso para me livrar do cargo, é
uma questão de vida ou morte, então darei o meu melhor, apenas por isso.
(Meu celular vibra umas três vezes.) Licença, vou para o quarto, tenham um
boa noite. (Dou um beijo no topo da cabeça do meu pai e em seguida da
minha mãe e saio. Entro no quarto e abro a mensagem, é ele mesmo!
“Você está completamente proibida de fazer isso.”
“Mas se quiser resolver meu problema com sono tenho uma boa ideia.”
(Uma excitação corre pelo meu corpo e eu apenas digito)
“E qual seria?” (A resposta chega em seguida.)
“Basta dormir comigo” ...
Capítulo VII
“A lei da gravidade não pode ser responsabilizada pelo fato de uma pessoa cair de amores
por outra.” – Albert Einstein
Alex Aguiar
Saio da cafeteria e vou em direção a minha casa, sinto minha cabeça
começando a aliviar e acho que o remédio começa a fazer efeito. Faço o
trajeto rapidamente, e estou em frente ao apartamento, que dia! Lembro do
sorriso da ruivinha, que agora tem nome Larissia... tão belo quanto a própria
dona. Sorrio entrando na minha casa e já avisto minha mãe sentada
assistindo.
- Boa noite dona Carlota! (Digo indo ao seu encontro e repouso minha
cabeça eu seu colo.) Não precisava ter me esperado.
- Como não, seu moleque atrevido? (Ela bate de leve em minha cabeça e
sorrio.) Vocês saíram tão rápido que eu fiquei aflita aqui.
- Já deveria estar acostumada mãe. (Fecho os olhos e sinto minha cabeça
relaxando aos poucos, o cansaço bate com força em mim e aos poucos vou
perdendo a consciência e adormecendo.)
Me desperto e vejo que a casa está em completo silêncio, minha cabeça já
não dói, procuro por dona Carlota, mas ela já foi deixando apenas um bilhete
avisando sobre o jantar estar pronto. Sorrio involuntariamente, eu amo essa
mulher, tenho certeza que meus pais a enviaram para me proteger e cuidar de
mim. Vou até a geladeira e vejo uma tigela de sopa, pego o recipiente e
ponho no micro-ondas. Quando apita, pego meu “jantar” e me sento na mesa.
Olho o celular e já passam das onze e meia. Lembro-me de Larissia, pego o
bilhete no bolso da calça, digito rapidamente seu número e salvo. Enquanto
como, abro o aplicativo de mensagens e procuro seu número recém
adicionado o encontro e antes de enviar qualquer coisa, abro sua foto. O que
nessa mulher? É a mistura das deusas Afrodite (deusa do amor, beleza e sexualidade, de
acordo com a mitologia grega) e Ástrea (deusa da justiça, inocência e pureza, de acordo com a mitologia grega.)
não sei explicar com palavras, e essa foto apenas demostra isso, ela está com
os cabelos presos em um rabo de cavalo alto, e no seu rosto há a presença de
um óculos de grau que se encaixa perfeitamente em seus olhos, seu semblante
está pensativo e ela está em um banco aparentemente lendo, sua blusa deixa
evidente os seios fartos, é como se ela fosse sexy, apenas sendo ela.... Essa
mulher guarda a inocência e a sensualidade com ela. Disperso os
pensamentos e volto minha atenção para seu perfil, seu nome está apenas
preenchido por um L.M, creio ser seu sobrenome, e em recados uma frase em
inglês “Belive in yourself” – Acredite em si mesmo. Saio e volto para as
conversas, penso rapidamente como me apresentar e opto por algo
completamente descontraído, como se já obtivéssemos contatos.
“Desculpa o retorno tão tarde, mas não pude antes.”
“Acho que foi um erro pegar seu telefone, não conseguirei dormir, tendo
uma foto sua tão perto.”
Mando as duas separadamente e logo vejo a confirmação de leitura, mas
ela ainda não responde, estranhamente sinto uma excitação estranha. Alex,
você não é a porra de um garoto adolescente, por que ela me deixa assim,
parecendo um idiota? Após alguns segundos sua resposta chega e eu não
consigo controlar a satisfação.
“Então acho que terei que bloqueá-lo para devolver suas noites de sono.”
Ela sabe como me provocar, ruivinha não seja tão má, pois eu não tenho
piedade. Digito uma resposta e desça vez tento jogar o charme em ação.
“Você está completamente proibida de fazer isso.” Nem tente ruiva, agora
quero ver você escapar. Envio outra mensagem.
“Mas se quer resolver meu problema com sono tenho uma boa ideia.”
Farei você dormir pensando em mim, meu ser selvagem ataca com todo o
fervor.
“E qual seria?” Ela pergunta e rapidamente escrevo minha ideia.
“Basta dormir comigo” Direto e eficaz, se acostume ruivinha, não sei o
que essa mulher fez comigo, estou completamente enfeitiçado, sou penso em
tê-la. Ela visualiza mais não responde nada, até que sua mensagem chega.
“Dormir? Essa é a sua solução?” Filha da mãe, ela realmente está tentando
me provocar e eu responderei a altura.
“É só uma desculpa.” A instigo
“Para quê?” Eu tinha certeza que ela iria perguntar.
“Para não dizer diretamente, que estou louco para ter você por uma noite.”
Espero sua resposta, mas essa demora. Termino a minha sopa e lavo o prato,
quando volto há uma mensagem.
“Não apenas diga, faça acontecer!” E é isso, estou dizendo que essa
mulher é totalmente provocadora. Olho o relógio e são quase meia noite,
aperto em ligar e ela atende no segundo toque.
- Aonde você está? (Digo sério.)
- O quê (Ela parece não entender, não foi você quem começou?)
- Me diga aonde você está que eu faço acontecer. (Ela engasga pelo
telefone.)
- Você só pode estar maluco, (escuto sua risada, que delicia sua voz ao
telefone, o seu tom macio me faz enlouquecer em pensamentos) são o que?
Meia noite?
- Isso não é um problema!
- Você realmente não é normal? (Escuto novamente a sua risada.)
- E você não deveria me provocar...
- Quando fiz isso? (Ela finge inocência.) E então sua enxaqueca
melhorou? (OI? Que giro de 180 graus é esse que ela faz em uma conversa.
- Então é assim que você faz? Puxa e solta ruivinha... (Digo a provocando
e escuto um suspiro baixo.)
- Não... (Sua voz fica baixa e percebo que um pouco rouca.) Eu realmente
admiro sua sinceridade. (Ela pausa) E adoraria fazer tudo o que diz acontecer,
mas para isso você iria ter que me mostrar que não passa de homem louco
para me foder... (Ela diz sem nenhum filtro, é assim que eu gosto) Então eu
puxo para saber até onde você vai.
- E onde você pretende ir? (À questiono)
- Eu? (Ela não me entende e eu caminho para o quarto, nem tomei um
banho desde que cheguei.)
- Sim, você não pontua bem seus desejos. Consigo sentir sua voz rouca,
posso apostar que suas pernas estão contraídas tentando aliviar o tesão...
(Falo devagar e baixo) sinto sua necessidade em cada suspiro, sabe por que?
(Não espero resposta.) Porque me sinto da mesma maneira, sim você está
certa eu quero fuder com você, esse é realmente o termo, mas não é como se
você também não quisesse, eu consigo sentir que quer... (Paro
propositalmente e vejo sua respiração um pouco ofegante.) Então eu lhe
pergunto até onde você pretende ir? (Ela fica em silêncio, a assustei?)
- Você é realmente bom com as palavras. (Ela quebra o silêncio após
alguns segundos) Me rendo, minha intenção não era provoca-lo mais você
começou, então não me restou alternativas (Ela rir) e sobre onde pretendo ir...
eu adoraria ir à onde você quer. Mas, por sua postura percebo que seus anos
de vivência foram vividos dessa forma deliberada. Porém, como eu disse não
sou de gostar de qualquer coisa, não pense que sou romântica ou nada do
tipo, não espere isso de mim. (Ela rir, e nesse momento começo a vê-la
apenas com o olhar da pureza e inocência.) Mas eu preciso saber com quem
estou indo para cama, ou melhor, quem está me fudendo. É apenas alto
preservação, não me entenda mal. (Ela não está me dispensando e nem
enrolando, foi apenas direta. Porra, essa mulher é realmente surpreendente, é
isso seres humanos do século XXI, é assim que se ache, dizendo o que
realmente se quer.)
- Eu jamais lhe descreveria de maneira negativa, Larissia você é realmente
uma caixinha de surpresas. Eu prefiro que as coisas sejam claras assim
mesmo. (Dou risada, por alguns segundo me sinto idiota, mesmo que com a
conversa tendenciosa e olhares profundo, eu agi como se tivéssemos nos
conhecido em uma balada, onde eu costumo dizer, sexo sem compromisso,
topa? E se a mulher topar é isso... mas esse não foi o caso, eu realmente me
interessei e parece que esse interesse a cada dia aumenta.) Nos conhecemos
em dois dias, e já vi que você é madura em seus posicionamentos. Então o
que me diz de marcamos a nossa tarde?
- Você pensou em um dia?
- O que você acha deste final de semana? (É daqui a um dia)
- Está um pouco em cima, não?
- Eu realmente estou interessado em você Larissia, e acho que quanto mais
o tempo passa, mas eu a quero conhecer. (As palavras escapam e sinto uma
sensação estranha. O que é isso Alex?) Você não?
- Sim! Então ok, vamos marcar no sábado à tarde. Você vai me dar o
resumo, não é?
- Estou começando a achar que nossos interesses não são os mesmos.
- Possa ser que sim! (Ela rir) Onde seria essa tarde? (Quando propus o
convite na cafeteria, meus pensamentos envolviam minha casa, minha cama.
Mas agora estou começando a reformular algumas coisas e digo
espontaneamente.) Você já foi ao Lago da Pompunha? Desde que voltei de
viagem não tive a oportunidade de ir até lá? Mas com certeza você deve ir...
- Não. (Ela me interrompe. Como assim ela nunca foi, será que ela sempre
morou aqui?) Apesar de ter 25 anos, meus pais sempre foram bem rígidos na
minha criação, então não conheço muita coisa da cidade, apenas o mercado
central, pois virou minha segunda casa desde que comecei a fazer
gastronomia.
- Ah sim! Já eu nunca fui ao mercado central, que tal fazermos um
turismo?
- Nossa seria muito bom. Mas... (novamente ela se cala)
- Se quiser pensamos em ...
- Não! Acho que está ótimo. (Ela fala entusiasmada)
- Então combinado, sábado as três horas. Não invente desculpas!
- Pode deixar professor! (Ela fala como um soldado e eu dou risada da sua
jovialidade.) Mas... e você a enxaqueca parou?
- Oh sim, aquele remédio é realmente bom, estou me sentindo ótimo. Você
sente constantes dores também?
- Sim, já fui ao médico e parece ser estresse.
- Você? Tão nova? (Ela parece ser uma pessoa totalmente calma.)
- Sim, não que eu seja estressada, não é isso. Mas, meu dia-a-dia é
bastante tenso.
- E mesmo assim você insistiu em uma segunda graduação.
- Para você ver! Apesar de ser um analgésico natural, esse remédio que lhe
indiquei, vá ao médico, não se pode saber se você se enquadra em estresse.
(Com certeza sim ruivinha, você não tem noção.)
- Então aprendiz... Você pretende fazer medicina também? (Digo relaxado
e resolvo tirar a roupa, eu preciso do banho.)
- Chega de graduações. (Ela responde rindo)
- Você pode me esperar um pouco? (Digo já entrando no banheiro.) Irei
tomar banho, se quiser fazemos uma chamada se quiser conhecer não só a
mim.
- Tem certeza que você não é um pervertido? Acho que terei que usar
meus conhecimentos acadêmicos para fazer uma longa investigação. Não
obrigada, o horário já está avançado e eu ainda sou uma estudante, esqueceu.
Melhor eu ir. (A vontade é fazê-la ficar, foi tão bom ouvir a sua voz, me sinto
outra pessoa, minhas células parecem que levaram um choque de adrenalina.)
- Tudo bem, agora que tenho seu número posso deixar ir.
- Não seja um stalker ou realmente abro uma investigação... (Ela fala tão
divertidamente e não faz ideia que o único com poder para isso sou eu.)
- É você que irá me prender?
- Boa noite professor! (Ela diz debochada)
- Boa noite aprendiz! (Sorrio sozinho, devo estar ficando louco, a ligação é
encerrada e eu entro no banho. Apesar do caos que foi o dia hoje, estou feliz
pela ligação, acho que preciso de algo assim para me reestabelecer todos os
dias, tomo um banho demorado e saio do chuveiro com os pensamentos a
mil. A ruivinha não só fortaleceu minhas células, como me fez esclarecer
muitas coisas em minha cabeça, vou ao meu quarto de planejamentos. Isso
mesmo, eu tenho um quarto que parece um arsenal de armas, com um grande
quadro no meio, é aqui que eu arquiteto as piores invasões, e outras
abordagem. Imediatamente ponho tudo que minha cabeça formula no quadro
e deixo ela me guiar, o cansaço bate por volta das três horas, mas quando
olho o resultado, vejo que meus neurônios fizeram um belo trabalho. Tiro a
foto, enviando diretamente para a impressora e vejo o material que utilizarei.
Obrigada Ruivinha, você era o gás que eu precisava.
Chego na delegacia as nove e o movimento está normal, entro na minha
sala e já vejo Guilherme em seu posto.
- Bom dia Gui! (Ponho meu blazer na cadeira, retiro os óculos escuros e
coloco o distintivo.)
- Bom dia! (Ele me olha curioso.) Você está bem?
- Por que não estaria? (Sorrio e dobro a camisa até os cotovelos como já
de costume.)
- Eu jurava que chegaria cuspindo fogo depois de ontem. Mas você parece
de bom humor.
- Vamos protocolar o pedido de investigação e começar a força tarefa.
(Sento em minha mesa e ligo para o tenente Robson. Ele atende.) Convoque
todos os agentes, até mesmo os de folga, assembleia as dez e meia em ponto.
(Ele confirma e eu desligo.)
- O que você está pensando Alex? (Ele me olha como se eu fosse um
louco.)
- Ontem foi o início, então acho bom nos prepararmos.
- Tem certeza que vai começar mesmo?
- Já deveríamos ter começado! Ontem uma família morreu por ameaça,
como eles acham que ficarei calado após isso? Eles se acham deuses? Não
mesmo, ontem foi uma família, há anos tem sido centenas, agora é por honra.
- Tranquilo, você sabe que topo tudo! (Ele rir) espera a promotoria, ou vou
até lá?
- Não! Deixa-os acharem que estamos esperando, vou montar a força
tarefa, com ou sem autorização. Se eles não me derem eu consigo com o
Robert. (Marcelo entra na sala.)
- Assembleia?
- Sim! (Guilherme responde digitando em seu computador.)
- Sobre o que?
- A força tarefa será montada, preciso organizar como ficaremos.
(Respondo)
- Achei que tinha ficado em choque, após aquilo.
- Não é a primeira vez que alguém morre em minha frente Marcelo!
(Reviro os olhos) eles me fizeram ter ainda mais motivos para dar um fim.
(Sorrio com toda a força do meu ódio.)
- Então, qual será o esquema? (Ele pergunta, se sentando em minha
frente.)
- Simples... (Conto tudo que passei a noite inteira juntando. Enquanto vou
preparando a apresentação.)
Às dez e meia estou na garagem, o único lugar que pode comportar todos
os 80 agentes. Todos estão de pé em sentido, e vejo os olhos da minha
equipe, homens altamente qualificados e competentes. Ótimo, nós
improvisamos um quadro branco para as informações serem repassadas.
Agora é com você Alex!
- BOM DIA AGENTES! (Dou a voz e eles respondem.) Bom, não serei
formal hoje, desde já peço desculpa aos policiais que estavam de folga. Mas
era necessário, que todos estivessem presentes. Como vocês já sabem a máfia
está na nossa cola desde a invasão de contrabando. E algumas coisas irão
mudar, desde a minha entrada há 5 anos tentei estabelecer uma equipe de
confiança e hoje posso dizer que temos o pelotão mais preparado e confiável
em território nacional, e vocês sabem disso! Então eu tenho confiança que
todos aqui sabem exatamente a importância de capturarmos os Vizzano, e
como deveremos ter sangue nos olhos para não cedermos a suas investidas.
Meus métodos de ataque são completamente diferentes do que a legislação
dita, mas sabemos que a própria lei brasileira é injusta, mas nessa delegacia
presamos a justiça independente do legal ou não. E por isso adianto que
iremos com tudo para cima deles, porém para que nosso trabalho seja perfeito
e não prejudique a população que precisa da nossa proteção preparei uma
divisão. Irei dividir nossa equipe em 3 a equipe responsável pelos casos
cotidianos e rotineiros nível 1 e 2, os casos mais perigosos, nível 3 e 4, os
quais ficarão responsáveis por invasões necessárias e pôr fim a força tarefa da
operação: Vizzanos. Pensei em escalar vocês, mas não quero classificar
ninguém, então deixarei tenente Robson como responsável pela equipe 2 e
tenente Millus pela equipe um e a força tarefa sou eu. Serão 25 agentes na
equipe um, 30 agentes na equipe dois e 25 na força tarefa. Então retirando os
dois tenentes temos 24 vagas para a equipe um, 29 na equipe dois e os 25 da
força tarefa quem ficará? Se organizem em filas. (Eles vão se organizando e
percebo que os policiais que são casados e têm filhos, optam pelas duas
primeiras, eles sabem o que significa abrir fogo contra a máfia. Com toda a
equipe separada. Dou alguns avisos de segurança e passo alguns protocolos e
ao meio dia os libero. Convoco os policiais da força tarefa a termos a
primeira reunião hoje, pois preciso passar tudo que planejei, estou retornando
a minha sala quando meu celular apita. Olho o número e involuntariamente
sorrio, mas logo desfaço, estou no meu local de trabalho. Abro a mensagem e
estranhamente me sinto bem.
“Estou pensando que tipo de cara você é.... bichos tomando o poder dos
homens... esses são seus gostos?” Ela voltou a ler o livro? Entro em minha
sala e digito uma resposta.
“Você entenderá quando finalizar! Já almoçou? Quer me acompanhar?”
Envio, mesmo sabendo que Marcelo foi comprar e me questiono se não estou
ultrapassando os limites.
“Ainda não, mas estou na universidade, quem sabe outro dia.”
“Irei cobrar” (Não insisto e envio outra mensagem) “Acho que você me
enfeitiçou, não consigo parar de pensar em seus lábios tão próximos ao meu.”
(E o Alex sedutor entra em jogo novamente.)
“Eu poderia dar margem a sua imaginação, mas isso iria aguçar a minha e
nesse momento estou no meio de uma aula de direito eleitoral.” (Minha
ruivinha sendo astuta como sempre.)
“Qual o problema de pensar em nossos lábios se encaixando, ao invés de
pensar em ocupação de cargos eletivos. Só pense em mim ocupando a sua
boca...” (Ela demora um pouco para retornar a mensagem e vejo Marcelo
chegando com o almoço. Assim como ele, Guilherme entra e colocam a
comida em cima da mesa, um simples macarrão com camarão e alguma coisa
que não sei. Pego a minha, mas escuto meu celular apitando, vou até a mesa o
pegando, é ela. Abro a mensagem.
“É só a minha boca que você quer ocupar?” Porra de mulher provocativa!
- O que foi Alex? (Guilherme pergunta)
- Está parecendo um idiota sorrindo para o celular. Cara, não vai me dizer
que é a ruiva? (Marcelo brinca e eu volto para a minha comida com meu
celular.)
- EEEEEEEEEEEE é ela mesmo! (Guilherme grita.) A ruiva fisgou o
delegado, olha para cara dele.
- Porra Alex, não tem nem dois dias, e já está assim de quatro (Marcelo
começa a rir) nem está parecendo o El diabo que conhecemos. Se fudeu cara!
- Primeiro, que sim é a ruiva, mas ela tem nome, Larissia! (Digo sério) e
segundo não estou de quatro por ninguém, ela despertou meu interesse e
pronto! Agora mantenham suas bocas fechadas, o El diabo está exatamente
aqui, você quer ver. (O fuzilo com o olhar)
- Desculpa ai estressadinha! Não está mais aqui quem falou. (Marcelo se
desculpa rindo com o Guilherme e eu apenas começo a comer... o que você
está fazendo comigo Larissia, estou até virando piada!)
Capítulo VIII
“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e
o outro se chama amanhã. Hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e
principalmente viver.” - Dalai Lama
Larissia Vizzano
- Malu me passa esse celular agora. (Eu não acredito que ela simplesmente
pegou meu celular e mandou mensagem para Alex.) Quantos anos temos
Maria Luiza?
- Ah Lari, pare de ser tão ranzinza, foi apenas uma mensagem boba.
- Me passa esse celular Maria Luiza Monteiro Silva. (Ela começa a olhar
para mim e rir como louca, ganhando a atenção de todos no refeitório, ela
está me fazendo passar vergonha.)
- Isso é para você aprender a não dispensar um cara como aquele. “Ainda
não, estou na universidade” (Ela me imita com uma voz irritante) Não
acredito mesmo nisso, você deixar de sair para comer com um gostoso
daquele, para comer no refeitório na minha companhia. (Ela me olha
descrente)
- Prova do meu amor por você. (Sorrio, mas logo fico séria.) Me passa o
celular MALU!
- Ok, agora eu passo! (Ela sorrir vitória e quando pego o celular vejo a
mensagem que ela mandou e o sinal de visualizado, eu não acredito)
- Maria LUIZA!!!!!!!!!!!!!!!! Eu vou ocupar a minha mão na sua cara, sua
vaca! (Começo a rir) Eu não acredito, que você é tão descarada. Eu não sei
por que te mostrei a conversa. (Pego meu almoço e sento em uma das mesas
do refeitório.)
- Já pensou ele responder. “Estou louco para ocupar sua buceta Larissia...”
- SHIIIIIIIU Malu, se alguém escuta você falando isso. (Ela é
completamente louca.)
- Até parece que todo mundo não sabe o que é. (Ela rir) E se ele responder
assim, o que você faz? (Sinto minhas bochechas avermelhadas.)
- Ele responderia assim tão direto?
- Vai se fazer de ingênua senhorita Montenegro? (Ela me chama pelo
sobrenome materno) “Eu poderia dar margem a sua imaginação, mas isso iria
aguçar a minha e nesse momento estou no meio de uma aula de direito
eleitoral.” Onde você aprendeu essas coisas sua cretina! (Ela me dar um tapa
no ombro.)
- Com você! (Começamos a rir)
- Mas, Lari?
- Sim!
- Se ele realmente falar tais palavras, o que você falaria?
- Para te dizer a verdade eu não sei, não quero que ele pense que sou uma
garotinha virgem.
- Imaginei, então precisamos de umas aulas... (Ela me olha maléfica) Você
precisa conhecer o universo dos homens. (Ela balança as mãos como se
realizasse uma mágica.) Primeiro ponto, você ficou toda vermelha quando eu
falei B.U.C.E.T.A (Ela fala soletrando), há vários nomes de chamar sua
garotinha, então nada de ficar com vergonha. Já pensou se vocês estão se
pegando e ele de repente põe a mão nela, como você acha que ele vai
chamar... (Sinto minhas bochechas completamente vermelha. E ela começa a
rir mais ainda.) Eu estou dizendo.
- Ah Malu, vamos parar de falar, ainda não estamos nessa etapa.
- Não? Vocês estão na arte da preliminar a distância, o que você acha que
vai rolar se tiver um beijo, pelo tipão de homem que Alex parece ser, tenho
certeza que é muito habilidoso em enlouquecer uma mulher em apenas um
beijo.
- Chega Malu! (Sinto meu corpo queimar em só imaginar nossos lábios se
encaixando, sua mão percorrendo meu corpo.)
- Quer água Lari? (Malu me oferece rindo)
- O que vocês tanto riem? (Caio se aproxima, com seu almoço.)
- Nada demais. (Digo tentando me manter calma)
- Caio, nos diga, você está ficando com uma garota. E vocês estão nos
finalmente...
- Você não vai mesmo perguntar isso, não é Malu? (Questiono)
- Não tem problema, fale Malu! (Ele rir olhando para mim, essa mulher é
louca.)
- Continuando, (ela revira os olhos para mim) como você falaria, tipo que
vagina gostosa, não tem como! (Sinto que preciso de um buraco para me
esconder.)
-Você está realmente perguntando isso ao Caio?
- Qual o problema Lari, (ele me olha e sinto uma vergonha enorme) não é
como se não fossemos amigos. (A cretina da Malu ainda tem a coragem de
dizer assim.)
- É Lari, (Ele responde olhando em meus olhos e acho que fico mais
vermelha ainda) qual o problema? (Fico em silêncio) e respondendo à sua
pergunta Malu, depende muito da atitude e personalidade da mulher. Se ela é
mais contida, nem digo frases assim, mas se ela é mais espontânea há
diversas formas de chamá-la e vagina é impossível. (Ele rir e me olha
novamente, droga! Bebo um suco tentando evitar esse olhar, por que ele fica
me encarando, [antes você gostava senhora LARISSIA!] minha majestade
aparece debochada.) Por exemplo a Lari, eu não consigo classifica-la em
contida e nem espontânea, ela sabe ser os dois, eu não saberia como tratá-la,
mas então Lari, como você gostaria que a chamasse na cama? (Me engasgo
com o suco, Malu começa a rir, vadia eu te mato! Caio dar dois tapas em
minhas costas.) Você está bem?
- Oh sim!
- E então Lari, responda à pergunta. (Malu levanta o copo de suco em
minha direção e rir maliciosamente.)
- Isso é entre vocês dois, estou fora! (Coloco a comida em minha boca e
eles dão risadas.)
- Eu prefiro algo sem rodeios, sem muito enfeite, nada disso de pepeca, ou
xana, nada disso, não é excitante, não é legal. É buceta e acabou! (Vejo Malu
e sinto um pouco de inveja, queria ser um pouquinho assim, descontraída sem
se importar com nada.)
- Isso eu concordo com você! (Caio rir)]
- Que tal começarmos a falar sobre a prova de segunda?
- A Larissia, para de ser chata! Não me lembra não, eu ainda não finalizei
o livro.
- Eu posso ajudar vocês com isso. (O Alex vai me ajudar, sorrio, aqui
estou eu pensando nele mais uma vez, desde a noite anterior, a ideia do
passeio tem me feito pensar nele. Mesmo meu pai me avisando que domingo
começa seus joguinhos eu não deixei que isso me abalasse pelo simples
pensamento de poder curtir ao menos uma vez sem me preocupar com nada.)
O que você acha Lari?
- Ótimo!
- Tudo bem mesmo Lari? (Malu me questiona com as sobrancelhas
levantada.)
- Sim! (Digo sem entender)
- Então fechado! As cinco na cafeteria, levarei todo o material para vocês!
(Cafeteria... aí minha nossa o que eu confirmei? Todos terminam seu almoço
e o Caio vai para sua sala.)
- POR QUE VOCÊ NÃO ME AVISOU? (Pergunto a Malu e ela me olha
séria.)
- Eu perguntei tudo bem? Você respondeu sim... Nem eu entendi.
- Eu não tinha escutado.
- E você confirmou sua louca?
-Claro! Não imaginei isso.
- Ele falou, “Eu posso ajudar vocês com isso, aquela cafeteria que vocês
falaram ser muito boa, seria uma boa, o que você acha Lari?” e você
respondeu: Ótimo! (Ela encena)
- Já entendi.
- Mas, também não é o fim do mundo, vocês já se falam por celular, vão
sair amanhã, não tem problema.
- O problema não é isso, é o Caio...
- Você quer manter os dois né safada!
- Não Malu, eu só acho que ficaria estranho.
- Porque ficaria? Além de você e eu ninguém sabe das suas intenções com
o gostosão e nem da queda entre Caio e você.
- Não menciona isso, vamos para aula. (Entramos na sala e o professor já
iniciou, sento nas ultimas cadeiras. O professor está falando sobre legislação
federal, quando meu celular vibra e eu o pego, olho no visor e vejo que é
mensagem de Alex, eu nem lembrava da mensagem que Malu mandou, abro
receosa e sinto meu coração aquecer.
“Primeiro pretendo ocupar sua mente, até você não puder pensar em mais
nada além de mim e depois que eu estiver sucesso eu irei ocupar o que você
quiser! Boa imaginação em sua aula!” Sorrio involuntariamente, ele
realmente parece ser um homem experiente como Malu falou, mas ele tem
algo nele que vai além do seu charme sexual, a maneira como ele me abordou
na cafeteria foi genuína, ele é um cara inteligente, sabe jogar e sabe tratar o
outro bem. Tem uma pontada de verdade em cada palavra sua. Ele é um
advogado, qual o problema em me relacionar com um advogado? Meu pai
iria se opor? Lembro das palavras dele sobre eu ousar ter uma relação com
qualquer outro cara, parece que há regras na máfia sobre relacionamentos, eu
não entendi muito bem. Mas de acordo com minha mãe, meu pai vai
encontrar o melhor partido para mim... e se eu já estiver encontrado? Não é
como se um advogado colocasse perigo na máfia, e também não pretendo
continuar lá.
- Senhorita Montenegro? (Escuto o professor me chamar e saio dos meus
pensamentos.)
- Senhor!
- Como melhor nota das últimas provas você será a juíza no próximo
debate, realize os procedimentos necessário e pessoal da defesa e acusação se
separem e protocolem as provas antes da data da apresentação, esse debate
será a penúltima nota de vocês, a última será de acordo com a decisão do
debate. A parte vencedora, será liderada pela senhorita Montenegro para um
congresso que ocorrerá daqui há um mês. Sobre o congresso eu explicarei
melhor após o debate. Agora se dividam, e Larissia sente-se aqui na frente
que lhe explicarei o caso. A turma se divide e eu acompanho professor até
sua mesa, ele me explica o caso, e depois a equipe, passamos a tarde inteira
vendo pontos, e analisando o caso! Saio da sala por volta das 16:30, e Caio já
está a nossa espera.
- Cadê a Malu? (Ele pergunta pegando meus livros.)
- Talvez demore um pouco, ela está tentando achar pontos para fazer uma
incriminação.
- Então porque não vamos primeiro e ela nos encontra lá? (Se fosse em
outra época eu pularia de alegria, mesmo não podendo ir por causa dos
seguranças. Mas, nesse momento, estou mais incomodada, do que alegre.)
- Ela pode ficar chateada, melhor esperar.
- Sim, (ele fala sem graça.) e você ficou com a defesa?
- Não, vou ser a juíza.
- O quê? (Ele me olha com os olhos abertos.) O professor Flávio não é de
colocar um aluno para ser o juiz.
- É mesmo? Ele falou que como obtive as melhores notas iria ficar como
juíza.
- Desculpa perguntar, mas qual foi sua nota? (Ele me olha curioso)
- A primeira prova eu fechei e a segunda tirei 9,8. Por
que?
- LARRISIA! (Ele fala alto) Como você tirou essa nota, isso é quase
impossível, só uma pessoa na história do curso fechou dez na prova dele, e
hoje ele é o escrivão da polícia federal.
- Então vou virar uma escrivã? (Digo rindo) Para de besteira, eu apenas
estudei muito.
- Você fala assim? (Malu chega com uma cara de destruída)
- Vamos sair desse hospício antes que eu mate todo mundo e precise
realmente inventar provas para me defender. (Nós rimos)
- Você sabia que a Lari tirou dez nessa matéria?
-Claro que sei, ela tira isso na maioria das matérias, (Ela revira os olhos),
preciso de um bom café! Vamos de uma vez. (Seguimos atrás dela e eu
mando uma mensagem rápida para o segurança, avisando que é para me
seguir pois vou no carro com uns colegas. Ele visualiza e dar um Ok, o vejo
de longe e adentro ao carro de Caio. Chegamos umas 17:20 na cafeteria, ligo
para o bistrô e aviso que chegarei apenas para o fechamento. Sento na última
mesa, e fazemos os pedidos. Caio começa dando explicações do livro, e como
o professor costuma cobrar, anoto algumas coisas, mas meu pensamento está
em Alex, já são seis e meia e ele não veio. Não é como se estivéssemos
marcados, mas fico um pouco desapontada. [Você realmente adora um
perigo, não é?] minha majestade rir. Estou entretida em pensamentos quando
alguém se aproxima e senta na única cadeira que sobrou ao lado de Malu.
- Desculpem a minha intromissão, Larissia o seu nome, não é? (O rapaz
loiro e alto me questiona como se me conhecesse.) Eu posso sentar aqui
apenas por alguns minutos? (Ele olha para o balcão onde duas mulheres
extremamente lindas estão fazendo seus pedidos e conversando. Ele está
fugindo delas?)
- De onde você conhece a Larissia? (Caio pergunta e vejo seus olhos com
raiva, confesso que o loiro é realmente bonito, mas não tem por que tratar
mal, ele parece que está fugindo das garotas.)
- Eu conheço alguém que a conhece. (Ele olha para mim e sorrir, o que ele
está falando?) O Alex, sou melhor amigo do Alex! (Ele volta seu olhar para o
balcão e parece que é pego no flagra.) Merda! (Ele olha para todos da mesa.)
Me desculpem. (Ele volta o olhar e resmunga alguns xingamentos nervosos.)
- Quem é Alex? (Malu e eu nos entreolhamos, não estou entendendo
nada.)
- É apenas um conhecido. (Digo rápido e o loiro me olha curioso. Ele sabe
de alguma coisa.)
- Então conhecido, (Caio diz sério) acho que é melhor você ir...
- Porra, elas estão vindo me cumprimentar. (Ele olha para mim e para
Malu) O Alex me mataria! (Rapidamente ele se aproxima de Malu e sem
nenhuma explicação a beija. Suas mãos adentram aos cabelos dela e o beijo
parece intenso, Caio me olha e eu não sei o que dizer, o beijo continua e as
duas garotas acabam voltando, até eu estou querendo sair... Malu, não o
afasta e parece estar gostando do beijo. Vejo as duas mulheres saírem e
darem uma ótima olhada, e eles continuam se beijando ali. Caio me pergunta
silenciosamente o que está acontecendo e apenas digo um não sei... Ele
conhece o Alex, mas por que me conhece? Alex falou de mim? Os dois
param e vejo ele olhar pra trás imediatamente procurando as meninas, mas
antes que eu responda que elas foram embora, vejo a mão de Malu indo de
encontro a cara dele.)
- Quem você pensa que é para usar uma pessoa tão descaradamente? (Vejo
raiva em seus olhos... Eu jurava que ela estava gostando.)
- Desculpe, eu não pensei muito bem. (Ele parece atordoado.) Mil perdões,
era minha ex....
- Não me importa, ela poderia ser sua mãe, que você não teria o direito de
me beijar sem meu consentimento. (Caio e eu assistimos calados)
- Realmente me desculpe, eu errei, não pensei direito. Mas não é como seu
eu tivesse obrigado a continuarmos. Então eu realmente peço perdão! (Ele se
volta para mim) E me desculpe Larissia, esse não foi o melhor jeito de me
apresentar. (Ele diz sem graça) Trabalho com o Alex, somos amigos e ele me
falou de você, eu já estou indo e espero ter uma oportunidade de me
apresentar melhor em outro momento, (Ele parece meio atordoado.) e a
senhorita me desculpe. E você, (Ele olha para o Caio, que está com a mão em
meu braço) cuidado com a proximidade. (Ele aponta para nossos braços
colados.) Então boa noite a todos! (Ele caminha até a porta e a garçonete
corre atrás com o seu pedido antes que ele saia. Ele pega e sai, caminhando
calmamente, mas antes que eu o persiga com o olhar, Caio chama minha
atenção.)
- Larissia quem é Alex, e o que acabou de acontecer?
- Nem eu sei o que acabou de acontecer. (Dou risada) Malu, você está
bem? (Olho para a minha amiga que até então se mantem calada.)
- Oh sim, QUE BEIJO FOI ESSE! (Ela abre o sorriso rindo)
- Se gostou por que bateu nele? (Questiono, hoje é dia dos loucos? Só
pode)
- Ah amiga, valorização né, não é todo dia que um boy daqueles chega e te
beija do nada, fiquei tão surpresa e o cretino ainda é inteligente.
- Malu, toma seu café! Você é louca, igualzinha a ele. (Digo arrastando a
xícara para ela.)
- Acho que não tem como continuar os estudos depois desse episódio.
(Caio finge uma risada) Por que ele disse para eu ter cuidado?
- Você viu como ele é louco Caio, um cretino gostoso, mas louco, então
relaxe! (Malu fala e rir, comendo o bolo.) a prova é segunda e sinto que
precisarei passar o final de semana inteiro revisando isso.
- Qualquer dúvida pode me ligar, mas não se preocupem tanto!
- Pode deixar! (Sinto meu celular vibrar, olho e é uma mensagem do Alex,
olho para todos os lados e vejo que ele não está.)
“Um conhecido?” Essa é a mensagem, nem mais, nem menos. O que eu
respondo? Não é como se eu devesse uma explicação. [Ele não está pedindo
uma explicação Larissia, que apenas saber.] minha majestade esfrega a
verdade na minha cara. Digito uma resposta rápida.
“Seu amigo além de louco é fofoqueiro, onde você o encontrou?” envio e
espero sua resposta, mas não há resposta, recolho o material e me despeço de
Caio e Malu, indo para a rua onde o motorista está, adentro ao carro e vou
direto para casa. Preciso de um banho, antes de ir ao bistrô. Entro em casa e
vejo meu pai andando de um lado para o outro na sala nervoso falando ao
celular.
- Vocês não podem fazer isso! ... Eu já falei que isso não tem nada com
eles. (Seu rosto está vermelho e parece queimar. Vou até minha mãe e
pergunto baixinho.)
- O que houve?
- Um problema com o conselho, seu pai está tentando resolver.
- Querem destitui-lo?
- Não, ele ainda tem algumas semanas, um mês na verdade até encarar o
conselho.
- EU JÁ FALEI PORRA, O CHEFE SOU EU SEBASTIAN!
-Suba filha, é melhor subir!
- Ele precisa aferir a pressão, da última vez o médico mandou ter cuidado
com o estresse lembra? (Digo me referindo a sua última consulta.)
- Eu cuidarei dele filha, não se preocupe. Você vai ao bistrô?
- Sim! (Dou um beijo em sua testa e subo aos gritos do meu pai. Entro no
quarto, tomo um banho e visto uma calça jeans, uma blusa leve bege e uma
jaqueta, uma sapatilha e pronto! Olho no relógio e são sete e meia, que
milagre eu consegui correr. Desço e lembro que amanhã é o passeio com
Alex, vejo mamãe sentada no mesmo lugar e vou até ela.) Mãe!
- Sim filha, diga! (Ela para de ler algo em um caderno preto e me olha.)
- Amanhã irei passar a tarde na casa de Malu, por que temos uma prova na
segunda, tem como convencer ao meu pai liberar os seguranças?
- O máximo que posso fazer é deixar apenas dois de vigia. (Droga! Eu vou
pensar em algo)
- Tudo bem! (Sorrio) lembra a ele que preciso desse tempo, começamos
segunda e sinto que estou perdendo minha consciência! (Falo a verdade, claro
o tempo a qual me refiro é com Alex e não Malu.)
- Filha, agora mais que nunca precisamos fechar esse caso por causa do
seu tio, então não pense assim, você está salvando a todos nós, eu, você, sua
tia e seus primos.
- Eu sei, mas eu não quero perder a minha humanidade, então diga ao
papai que não estou pedindo permissão, estou avisando que irei, e até durma
lá. Não me importo de ser vigiada, mas preciso desse momento.
- Ok filha, não precisa ser dura comigo, eu estou ao seu lado, não queria
que nada disso acontecesse com você, mas não podemos controlar.
- Eu sei! Infelizmente sei! Agora preciso ir. (Saio de casa e vou direto para
o bistrô, amanhã eu vou me permitir viver... Eu serei Larissia apenas, nem
Montenegro, nem Vizzano, apenas Larissia!)
Capítulo IX
“Viva hoje! Arrisque hoje! Faça hoje! Não se deixe morrer lentamente! Não
se esqueça de ser feliz… Feliz… Arriscar à Fazer, para Viver Feliz!
“— Pablo Neruda
Alex Aguiar
- Cara, vocês não sabem quem eu acabei de ver. (Marcelo chega pálido em
minha sala.)
- Quem? (Guilherme pergunta)
- A Katherine e a Lua, elas estavam na cafeteria, Droga! Por que vocês
mandaram eu ir.
- Você precisa relaxar Marcelo. (O olho) Está agindo como criança, qual o
problema em encontrá-la?
- Não sei! (Ele parece confuso) Mas não quero encará-la. E acabei fazendo
besteira, encontrei a sua ruivinha com uma mulher e um homem (Um
homem?) Acabei sentando com eles e fiquei tão nervoso quando Katherine
veio em minha direção que acabei beijando a mulher que estava ao lado dela.
- Você o quê? (Eu não acredito que ele usou a Larissia para isso)
- A cara, eu fiquei nervoso. (Guilherme começa a rir desesperadamente e
nós dois o olhamos.)
- Qual foi? Vai me dizer que não é engraçado? Um homem crescido com
34 anos, policial, fugindo de sua ex namorada e ainda beija uma garota que
nem conhece só para se mostrar superior. Puta que pariu Marcelo, voltamos
ao ensino médio?
- Cala boca Guilherme! (Marcelo o repreende irritado)
- Por acaso a mulher (Lembro da amiga de Larissia) é uma alta, com
cabelos curto e loiro?
- Isso mesmo!
-Porra Marcelo, é a amiga de Larissia! Você que fuder com meu lance? E
que homem era esse?
- Por falar nisso, eles pareciam extremamente próximos.
- Poderia ser namorado da garota que você beijou. (Digo tentando conter
uma raiva que começa a crescer em mim.)
- Não mesmo! Ele parecia ser o namorado da ruiva, isso sim. Quando eu
cheguei queria saber quem era Alex, quem eu era, seus olhos estavam
exatamente como o seu está agora.
- E como ela respondeu? (A curiosidade me invade.)
- Disse que você era um conhecido. (UM CONHECIDO UMA ZORRA!
Mas o que você esperava Alex, vocês são o quê? Amigos? Sinto a raiva
latejando em minhas veias.)
- E vamos deixar o Alex trabalhar em paz, (Guilherme interrompe) eu não
estou afim de aguentar o mau humor dele agora. (Ele diz baixo para Marcelo,
mas eu consigo escutar, idiotas.)
- Você sabe que posso ouvir, não é? Voltem ao trabalho e da próxima vez
Marcelo, não use Larissia ou sua amiga como escudo, nenhuma mulher
merece ser usada. E já deu desse amor platônico pela Katherine, ela te
abandonou? Ok, mas você deveria ter superado, ou você acha que sempre
terá alguém para servir de escudo quando vocês se encontrarem? Não! Então
utilize a maturidade e integridade que você tem no trabalho para suas relações
pessoais. (Volto minha atenção para o computador sem dizer mais nada, um
sentimento me invade, raiva, curiosidade, não sei como descrever, apenas
pego meu celular e envio uma mensagem simples.
“Um conhecido?” Quero saber o que ela pensa sobre isso, quem era aquele
cara com ela? Queria perguntar, mas não é como se eu obtivesse algum
direito. Estou perdido em pensamento quando recebo sua resposta.
“Seu amigo além de louco é fofoqueiro, onde você o encontrou?” Sempre
se esquivando das minhas perguntas, o que eu deveria falar? Não faço a
menor ideia, deixo para responder depois, um sentimento de aperto começa a
tomar conta de mim, a raiva parece se misturar com meu sangue e bombeia
em todo o meu corpo. Foco no trabalho, melhor eu utilizar esse sentimento
para procurar pistas.
Saio da delegacia por volta das dez, o corpo pede por um descanso, passar
tantas horas em frente a uma tela é algo que não estou habituado, prefiro estar
em campo. Chego em casa e tomo apenas um banho, a comida japonesa
pedida na delegacia foi suficiente para mim. Meu corpo dói por completo e a
única coisa que desejo é a minha cama. Lembro da mensagem de Larissia e
resolvo responder.
“Espero que sua amiga perdoe as ações dele. Tudo certo para amanhã?”
Meus olhos ameaçam a se fechar e eu me forço a mantê-los aberto até uma
resposta, e essa só chega após 10 minutos.
“Ela já perdoou. Tudo certo sim!”
“Está tudo bem com você?” Abro as duas mensagens e respondo
automaticamente.
“Sim, estou apenas cansada do trabalho, por que?” Por que ela está me
perguntando? O que está acontecendo comigo, não é como se eu estivesse
com raiva. Ou é?
“Geralmente você é caloroso em suas abordagens. Mas imagino o quanto
cansaço que deve estar. Então depois nos falamos, até amanhã.” Porra Alex,
você foi grosso com ela sem motivo, o que está acontecendo comigo. Digito
uma resposta.
“Sai do trabalho a poucos minutos, essa é a parte chata de trabalhar. Mas
até amanhã, não vejo a hora de vê-la novamente.” Envio e espero a resposta,
mas não obtenho e acabo adormecendo.
Acordo com o Sol batendo forte na janela, olho o relógio e já passa das
onze e meia. Caralho eu estava realmente cansado, vejo uma mensagem e
sorrio quando o nome Ruivinha aparece. Olho o e noto que ela me respondeu
ontem mesmo.
“Digo o mesmo, professor! Não esqueça meu resumo.” Sorrio, ela é
atrevida. Digito uma mensagem, lembrando da minha situação ontem.
“Bom Dia aprendiz, estou contando os minutos para ver seu lindo sorriso
outra vez.” Isso ai Alex! Bom Garoto! A mensagem não é lida e nem
respondida, me levanto e tomo um banho, hoje sinto uma energia diferente
em meu corpo, não sei se é um reflexo das horas de sono, ou a excitação de
sair com a ruivinha. Eu devo estar parecendo um garoto do fundamental, mas
fodasse essa garota está acabando comigo.
Abro a geladeira e vejo que tem frango, faço um macarrão e empano o
frango. Vamos direto para o almoço, como e apenas assisto televisão
ansiando para que as horas passem logo...
Estou em frente a lagoa da Pampulha, chego cinco minutos antes. Olho
para meu visual e estou confortável, uma calça de alfaiataria cinza, uma
camisa polo branca, que evidencia meus músculos, sapatos brancos e um
óculos de sol. O lugar está pouco movimentado, o que eu acho ótimo. Olho
de longe o planejamento arquitetônico do local, e me lembro que não
mencionei um local, mando uma mensagem rápida com a descrição do local
onde eu estou e espero que ela visualize. Após alguns minutos ela diz que
chegará em breve, aproveito o momento para pensar como de uma hora para
outra minha vida ficou assim? De um lado uma máfia macabra atrás de mim,
do outro uma mulher que despertou sensações já adormecidas. Eu confesso
que quando a vi naquela cafeteria, não imaginaria que estaríamos dias depois
saindo em um passeio. Sorrio sozinho, é El Diabo, melhor controlar as coisas
ou elas vão acabar saindo do trilho... Nesse momento escuto sua voz chamar
o meu nome e imediatamente levanto o olhar para minha clamadora e vejo
que ainda tenho muito para me surpreender com essa garota. É Alex, seu trem
já saiu do trilho. Larissia está em um short preto de tecido, que parece fazer
conjunto a uma blusa de alça da mesma cor, deixando um pouco da sua
barriga a mostra. Suas coxas grossas me fazem questionar, como eu não tinha
percebido? Sua pele contrasta perfeitamente com o tecido, não sei explicar
mais da sua roupa, estou completamente enfeitiçado por suas madeixas presas
em um coque deixando sua nuca exposta. Puta que pariu, eu quero essa
mulher, mais do que eu imaginava.
- Oi! (Ela diz tímida, você está assustando-a, me levanto retirando os
óculos e o prendendo na camisa, caminho até ela.)
- Você é capaz de me dar apenas oi, depois de acabar com meu
psicológico? (Sorrio de canto e quanto mais me aproximo seu decote me
chama atenção, se concentra ALEX!) Você sabe meu nome, eu sei o seu...
(Me aproximo e começo a sentir seu perfume de flor, fresco e não enjoado.)
Sabemos dos nossos desejos e eu não posso mais controlar o meu, vamos
começar com o pé direito... (Coloco uma de minhas mãos em sua cintura a
trazendo para perto de mim, seus olhos se abrem rapidamente, me curvo
ficando na sua altura e com a outra mão em seu pescoço, trago seu rosto para
próximo do meu e simplesmente beijo seus lábios com calma, puxo seus
lábios inferiores e abro caminho em sua boca, ela começa a ceder apoiando
suas mãos em minhas costas e eu a aperto mais a mim, meu amigo começa a
acordar. Nosso beijo vira uma batalha entre línguas e apenas nos afastamos
por falta de ar. Ela sorrir balançando a cabeça.)
- Você é realmente atípico.
- Esse é meu charme. (Digo baixo)
- Vamos, esse lugar parece ótimo! (Suas mãos se encaixam na minha e
sinto novamente uma excitação em meu corpo. Caminhamos pelo lago e ela
fica apaixonada assim como eu pela arquitetura.) Você sempre vinha aqui?
(Seus olhos me questionam curiosos.)
- Sim antes de passar no concurso, vim aqui me ajudava a relaxar, eu
sempre fui aqueles concurseiros assíduos. Não parava de estudar para nada,
apenas quando vinha aqui, era o momento de respirar.
- Você não tem cara de nerd, (ela para de andar e fica me analisando) eu
até diria que tem mais músculos que neurônios. Mas sei que não é fácil passar
em direito e muito menos em um concurso, então deve realmente ser
inteligente.
- Então você reparou nos meus músculos? (Dou risada)
- Como se desse para não reparar. Mas para que tudo isso? Ser saudável
não seria o suficiente?
- Sim, mas acabei ganhando naturalmente, eu não passei horas em
academia, não pense isso, apenas virou rotina.
- Entendo! Eu não sirvo para essas coisas.
- O quê, malhar?
- Sim!
- Eu posso ajudar, tem métodos mais satisfatório de fazer uma boa
ginastica.
- Você é um pervertido.
- O que pensou senhorita Larissia? Realmente existem métodos
satisfatórios além da musculação, como pilates, dança, jump. O que você
estava pensando? (Finjo incredulidade e sorrio a vendo vermelha, hoje
realmente me sinto mais leve.)
- Então você e aquele Marcelo são amigos? (E mais uma vez ela se
esquiva das minhas perguntas.)
- Sim, na verdade é um trio eu, ele e Guilherme, atualmente trabalhamos
juntos. Mas passamos um bom tempo sem nos ver, digamos que assim que
nos batemos no treinamento a amizade rolou e ficou até hoje. E você e aquela
mulher, Malu, certo?
- Isso! AH, nossa história é desde a infância, (Ela conta rindo) estudamos
juntas e nunca mais nos desgrudamos, digamos que ela é a tampa da minha
panela e vice-versa.
- E ela ficou com muita raiva de Marcelo?
- Quer a verdade? (Ela me olha fixamente, que conexão é essa que temos?)
- Sim!
- Ela adorou, Malu é doidinha, deu um tapa em seu amigo, mas adorou!
(Ela começa a gargalhar gostosamente e acho que nunca vi tanta verdade em
alguém, ela é espontânea.)
- Ainda bem, ou já a espantaria ... (Minha cabeça insiste em não perguntar
mais não consigo aguentar.) E o cara que estava com vocês, é seu amigo
também? (Ela me olha e para de gargalhar, aí tem.)
- Bom, sim e não, ele é um amigo, mas não na intensidade de Malu.
- Entendo, (Pronto você já obteve sua resposta, nada de perguntar mais
nada Alex!) vamos, tem um lugar que eu realmente gosto aqui! (A levo pelo
caminho de árvores, eu amo esse cheiro de natureza, esse vento frio e
caloroso em meu rosto. Vejo que ela também gostou, pois olha tudo
admirada. Passamos cerca de uma hora na lagoa, conversando sobre o curso e
descubro que ela já sabe muitas coisas do livro, esperta, e logo em seguida
ela me arrasta para o Mercado Central, graças aos GPS, consigo chegar sem
nos perdermos. Paro o carro em um grande prédio laranja, realmente nunca
vim até aqui.)
- Você já foi o guia, agora é a minha vez. (Ela sai do carro e eu a
acompanho, o mercado é realmente a junção de tudo junto e misturado, é um
local caloroso e bem movimentado.)
- Aqui realmente tem um pouco de tudo! (Digo maravilhado, há loja com
coisas nordestinas, roupas, comidas, plantas.)
- Você conhece um pouco do mundo só de vim aqui. (Ela me leva em cada
box e vejo sua euforia a cada estabelecimento de produtos alimentício.)
- Você gosta mesmo de cozinha, não é?
- Eu sou extremamente louca pela gastronomia. (Ela fala com paixão)
Apesar de ser contra ao que meus pais idealizaram para mim, é nisso que me
sinto bem. Olha isso! (Ela me mostra um liquido vermelho, meio amarelado.)
Isso é azeite de dendê, é completamente comum no Nordeste e dar um sabor
delicioso para a comida, mas se eu colocar isso em uma quantidade grande
como eles fazem lá, nós estaríamos em maus lençóis, pois é muito forte. É
isso que a comida ensina, cada povo tem a sua história, seus pontos fortes e
fracos. Comida é a história de um povo e eu sou apaixonada em histórias e
comida. (QUE PORRA DE MULHER É ESSA!)
- Eu acho que estou em desvantagem nessa história.
- O que? (Ela questiona)
- A cada passo que damos eu fico mais louco por você, acho que te
conhecer não foi uma boa escolha.
- Digamos que você não está sozinho nesse barco! (Ela sorrir e vai para
outra loja. Eu vou pirar com essa mulher.)
- Há uma lanchonete ali que tal comermos algo? (Minha barriga já aponta
de fome.)
- Não! Eu quero te levar para um lugar quando saímos daqui!
(Caminhamos mais um pouco e ela compra alguns ingredientes. Fico em
silêncio apenas a observando comprando, ela sabe exatamente como falar
com os vendedores, escolher o melhor produto, realmente é isso que ela gosta
de fazer.)
- Sabia que você fica muito linda negociando? (Sorrio olhando para ela,
enquanto voltamos para o carro.)
- Sabia que você é um conquistador barato? (Colocamos as compras no
carro e entramos.)
- Você falou que queria me conhecer! (Pisco para ela) Qual o nosso
destino? (Olho o relógio e já se aproxima das seis e meia.)
- Segredo! (Ela liga o GPS e põe um endereço. Ligo o carro e sigo as
instruções.) E sobre lhe conhecer...
- Pode me fazer qualquer pergunta, estou pronto para lhe responder. (A
interrompo sozinho.)
- Não, eu não preciso fazer perguntas, (A vejo rir) quando eu falei sobre
conhecer, era sua personalidade, seu jeito. E pelo que percebi você não é um
psicopata, exibido um pouco, mas é uma boa pessoa.
- Eu? Exibido? Que calúnia! (Digo rindo, passo tantas horas do dia
reprimindo emoções e sendo uma pessoa casca dura que estou me sentindo
bem de estar agindo tão relaxadamente.) Qual são seus planos para o futuro
Larissia? (A questiono)
- Pode me chamar de Lari, bons planos para o futuro... (Ela fica em
silêncio por alguns minutos e eu apenas sigo o trajeto traçado pelo GPS.)
- Se não quiser respo...
-Não! (Ela me interrompe) estava apenas pensando, bom meu plano atual
é me formar logo e conseguir um passe livre dos meus pais. (Ela rir
desanimada.)
- Você realmente se sente sufocada, não é?
- Para falar a verdade, não é sufocada, mas queria fazer minhas escolhas
livremente, sem que eles interferissem.
- E você não pode? Afinal já é uma adulta de 25 anos. (Digo o óbvio)
- Não, não posso. (Olho para ela e vejo tristeza nos seus olhos.)
- Bom, eu não entendo muito sobre pais na vida adulta. Perdi os meus
muito cedo e a mulher que considero mãe, não costuma impor metas ela
apenas apoia minhas escolhas.
- Oh, sinto muito!
- Não precisa se desculpar, eu tina apenas 12 anos. A dor foi amortecendo
com o tempo! Mas, você deveria ser sincera com seus pais, se o direito não te
faz bem, não adianta insistir.
- As coisas são um pouco complicadas... (Ela diz baixo) AQUI
CHEGAMOS! (Ela aponta para um bistrô fechado.)
- Você que comer aqui? Está fechado!
- Eu sei. (Ela diz abrindo a porta quando eu estaciono.) Eles só abrem oito
horas aos sábados. (Ela quer que ficamos aqui esperando? Saio do carro
seguindo seus passos e pegamos as compras. Vai até a porta principal, tira
uma chave da pequena bolsa preta e abre.) Agora não está mais fechado! (Ela
rir e entra.)
- Não estamos invadindo um local privado, não é? Seria meio estranho eu
ser preso. (Digo rindo)
- Já pensou, um funcionário público e uma estudante de direito são presos
invadindo propriedades. (Ela começa a gargalhar ligando as luzes, imagina se
ela sabe que esse funcionário é um delegado federal, não quero assustá-la,
deixo essa informação de lado, a não ser que ela pergunte.)
- Vendo que você tem a chave, sabe exatamente onde é, só tenho duas
suspeitas, ou você é a dona desse local, ou trabalha aqui. Correto? (Observo o
ambiente sofisticado e ao mesmo tempo aconchegante, a decoração rústica
traz conforto, alguns quadros de comidas estão expostos em uma grande
parede.) Uau é muito lindo!
- Sim é realmente lindo, mas você errou.
- Errei? Em quê? (Digo seguindo-a por uma grande cozinha, ela abre uma
porta e há uma escada, subimos e saímos em um escritório com um grande
balcão, fogão, geladeira... Espera isso é uma versão menor da cozinha
anterior.)
- Haveria uma terceira suspeita, eu poderia conhecer o dono do local. (Ela
rir, boa El diabo, colocamos as compras em cima do balcão) Mas, você está
certo, eu sou a proprietária, e esse é meu laboratório experimental! (Ela diz
com brilho nos olhos. Realmente essa é sua paixão, a vejo retirar tudo dos
sacos e observar atentamente. Apenas fico parado a observando.) Você vai
ficar aí em pé?
- Você quer ajuda? Não sou o melhor na cozinha...
- Não mesmo! (Ela protesta colocando um dólmã preto com detalhes em
branco e o nome Chefe Larissia Montenegro, mas não fecha os botões, ela
ficou ainda mais sexy dessa forma.) Aqui é minha cozinha, só eu mexo nessa
belezinha. Pode sentar ai! (Ela fala séria e aponta para o banco em frente ao
balcão.)
- Eu não conhecia seu lado mandão Chefe Larissia!
- Há muitas coisas que você ainda não conhece. (Ela olha em meus olhos e
sinto nossa tensão no ar.) Agora silêncio, preciso trabalhar! (Ela pega
algumas panelas colocando em cima da bancada, suas mãos trabalham
rapidamente e eu apenas olho para não a atrapalhar. Sua concentração está
exatamente nas panelas. Ela corta os temperos habilidosamente e realmente é
uma boa chefe. Aproveito o tempo para observar seu escritório, há uma
grande estante de livro, do lado oposto da cozinha, uma mesa de trabalho,
com computador e pilhas de pastas, três quadros abstratos fazem a decoração
do local. Após 45 minutos, vejo Larissia montando dois pratos, vejo grandes
camarões algumas verduras e algo que parece ser uma farofa, não sei ao
certo, o prato é digno de um restaurante francês, vejo sua concentração ao
montar e não aguento mais ficar parado, sigo até ela e me posiciono atrás do
seu corpo. Ela estremece e para, aproveito e beijo seu pescoço descoberto, a
vejo suspirar.)
- Você fica extremamente sexy cozinhando sabia? (Beijo o outro lado do
seu pescoço vendo seu corpo reagir.)
- Apenas cozinhando? (Ela fala baixo.)
- Não, você é sexy independentemente da situação. (Aproveito seu dólmã
aberto, e passeio minhas mãos por sua pele exposta pela blusa.) Larissia, eu
não sei que tensão é essa que nossos corpos criaram desde quando nos
conhecemos, (Sussurro baixo em seu ouvido) mas sinto que preciso de você.
(Levanto minhas mãos indo para dentro da sua blusa e sorrio, pois, ela não
me impede. Entro meus dedos dentro do seu sutiã e encontro seus mamilos já
enrijecidos. A vejo arfar quando os movimentos e pressiono meu membro
rígido em seu corpo.) Eu preciso de você Larissia. (Digo sincero e estimulo
seus mamilos, ela apoia a cabeça em meu peito e a vejo de olhos fechado.)
- Eu também estou precisando de você Alex! (Não perco mais tempo e
possuo seu pescoço novamente e desço minhas mãos para dentro dos seus
shorts, mas duas batidas na porta nos fazem afastar rápido. A vejo corada.)
SIM! (Ela fala alto e meio atordoada.)
- Salva pelo gongo! (Digo a contragosto)
- Posso entrar? (A voz masculina ecoa pelo outro lado.)
- Pode sim Carlos! (Ela fecha seu dólmã e me olha indicando o banco
novamente. A porta se abre e um senhor grisalho alto em um terno,
aparentemente nos seus 52 anos entra e ela me entrega meu prato. E pega
uma garrafa de vinho.)
- Desculpa senhorita Larissia, quando vimos as luzes ligadas
imaginávamos que era a senhorita. (Ele sorrir ternamente.) Preciso que assine
os pedidos para o reabastecimento e analise a proposta da festa privada. Os
clientes ficaram de pegar na segunda pela manhã. O reabastecimento será
amanhã, já que estamos fechados.
- Certo, eu analisei a proposta já, onde está o contrato?
- Aqui! (Ele mostra uma pasta preta)
- Pode pôr em cima da mesa, Maycon chegou?
- Sim, ele disse que viu o novo cardápio e já testou.
- Ótimo! Já podem começar a servir hoje então! Estarei aqui em cima
qualquer coisa podem vim até mim.
- Pode deixar! (O homem sai e eu comento.)
- Nossa senhorita Larissia, você realmente é sexy mandando. (Sorrio e
pego as taças de suas mãos fazendo a sentar enquanto eu a sirvo.)
- Pare de provocar, qualquer barulho é escutado lá em baixo então se
comporte! (Ela revira os olhos pegando a taça.)
- Eu estou comportado! (Dou risada e passamos a noite assim, ela me fala
quando montou o bistrô e toda a sua trajetória, eu conto um pouco da minha
história até conseguir passar no concurso e assim as horas passam até as dez e
meia e nos despedimos, pois ela precisa trabalhar. Vou para casa totalmente
relaxado, que dia maravilhoso, acho que nunca rir e me permitir ser um ser
humano tão relaxado longe do distintivo.)
O domingo passa lentamente, uso minhas horas de descanso para traçar
meus planos para o Vizzano e fico completamente focado. Paro quando já
está de noite, olho relógio e me assusto pois já passam da meia noite. Vejo a
caixa de pizza vazia e imagino Dona Carlota vendo isso. Jogo a caixa fora e
faço minha higiene antes de ir para cama. Meu celular toca, olho número,
mas esse não aparece. Atendo!
- Alô?
- El diabo? (Uma voz feminina atravessa em meus ouvidos.)
- Quem é? (Meu instinto se alerta.)
- Prazer Ellie Vizzano é uma satisfação lhe conhecer! (QUE PORRA É
ESSA?)
Capítulo X
“Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e
sangra todo dia.” – José Saramago
Larissia Vizzano
Saio do bistrô e já passa da meia noite. O irmão de Malu chega, e eu entro
no banco de traz deitando no banco. Chego à casa da minha amiga e ela já me
espera na garagem.
- Uau, deu tudo certo! (Ela começa a rir) Eles não saíram de frente da casa
em nenhum segundo. (Ela pega minha bolsa e me leva para dentro, caminho
em sua direção, até chegar à sala e minha tensão é dissipada, me viro para seu
irmão.)
- Betto, obrigada e desculpa pela confusão. (Ele me olha e começa a
gargalhar deitando no sofá.)
- Tranquilo ruivinha, você é minha irmã, precisando estou aqui. (Ele pisca
e Malu nem espera já me arrasta para seu quarto.)
- Calma Malu, eu nem agradeci ao Betto direito.
- Relaxa amiga, ele faz de boa, já o livrei de muita confusão, estou com
tanto lucro que você nem imagina. Mas vai, me conta tudo! (Ela senta na
cama e me joga uma almofada, sento na cadeira e suspiro.)
- Eu não sei o que dizer Malu, ele é tão... não sei nem explicar... (Respiro
profundamente lembrando do seu beijo, sem nenhuma cerimônia, quando ele
pegou em minha mão para andar pelo parque, seu jeito fechado, mas
agradável, seu sorriso.) Eu não sei o que dizer. (Fecho meus olhos e jogo a
cabeça para traz.)
- VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA LARISSIA! Não sabe?
Me conta outra, anda logo e desembucha!
- É verdade Malu, ele é um homem extremamente sagaz, inteligente,
atrevido para caramba e completamente sincero. Eu jamais estive com um
homem como ele, claro não me relacionei com muitos homens, mas sempre
fui rodeada de diversos homens. Sempre, ficava escutando as conversas dos
seguranças escondida e nunca detectei um homem tão viril e sincero como
ele. (Malu me olha atenta e não diz nada, parece não acreditar em mim.) Eu
não estou exagerando Luiza! JURO!
- Calma amiga, (ela sorrir) eu acredito em você, percebi uma áurea
diferente nele também, parece ser maduro demais, alguém que sabe o que
quer, vai lá e faz, e pelo visto ele conseguiu o objetivo e te deixou de quatro.
- Acha que ele está me engando? (Pergunto sincera.)
- Não Lari, eu acho que ele está determinado a te conquistar. Olhando essa
situação de fora consigo resumir. Vocês se conheceram em um dia só e já
criaram uma tensão forte, que qualquer pessoa do lado consegue perceber.
Você até me expulsou da conversa. (Ela rir e eu escuto atentamente) foi
apenas uma semana e sinto como se você mudasse. A garotinha em uma
semana passou a agir como uma mulher, eu sempre me questionei quando
você iria poder viver como uma mulher da sua idade e hoje você não só
enganou seu pai como conseguiu viver. E parece que ele está completamente
interessado também, eu não vou mentir estava receosa dele ser um tarado,
mesmo acompanhando a conversa de vocês estava torcendo para você e pelo
visto ele a surpreendeu tanto que você está sem palavra.
- Verdade! (É a única palavra que consigo falar, meus pensamentos vão
para suas mãos em meu corpo...) Malu, hoje pela primeira eu senti vontade de
algo... (Digo sem pensar apenas lembrando dos momentos.)
- O quê?
- Desejo...
- Não vai me dizer... (Ela abre os olhos)
- Não teve nada. (Começo a rir) Mas teve um momento, que senti meu
corpo implorando por ele.
- UUUUUUUUUUUUUUUUUUUAAAAAAAAAAAAUUUUUU (Ela
começa a gargalhar alto) SAFADAAAAA!
- Para de exagero, Malu!
- Quem é você e o que você fez com a minha amiga! (Ela levanta e me
balança)
- Para de surto, você já me contou tantas histórias e eu nunca fiquei assim.
- AVÁ SENHORITA LARISSIA, eu comecei a te contar as coisas quando
tinha 15 anos, você tem 25 e quer que eu fique de boa, precisamos
comemorar, temos uma luz no fim do mundo.
- Vamos dormir Malu! (Digo gargalhando e acabando com sua graça.)
-Você nem me contou como foi em detalhes.
- Amanhã eu conto, hoje quero guardar só para mim.
- CRETINA! Eu sou sua melhor amiga e você quer me esconder os
detalhes sórdidos.
- Boa noite MARIA LUIZA! (Entro no banheiro e fecho a porta, dou
risada, deu tudo certo! Sorrio sentindo uma felicidade me consumir, tomo um
banho rápido e visto uma camisola. Saio do banheiro e Malu apenas me
olha.)
- Você não vai mesmo me contar?
- Hoje não!
- Você é uma péssima amiga! (Ela revira os olhos) Então vamos dormir.
(Deito ao seu lado. Meus pensamentos começam a me trazer a lembrança do
motivo que me permitiu dormi aqui.)
- Malu! (A chamo fixando meus olhos no teto)
- Oi!
- Será que um dia eu vou conseguir sair dessa bagunça que minha família
criou? (Sinto um nó na garganta.)
- Não pense nisso hoje amiga, vamos tentar achar uma solução.
- Assim eu espero! (Fecho os meus olhos e faço uma pequena prece, que
eu consiga fazer tudo que for necessário para me livrar disso.)
Acordo as dez da manhã e já recebo uma intimação de volta, minha mãe
diz que preciso retornar logo. Tomo um café com Malu e vou para casa,
chego doze em ponto e já sou recepcionada por uma agitação na sala. Entro
devagar, e vejo mamãe descendo as escadas, vou até ela.
- O que está havendo?
- Filha, a situação só está piorando! (Vejo seus olhos vermelhos e acho
que ela chorou.)
- O que aconteceu mãe!
- O conselho estar pressionando seu pai e.... (Ela vacila e para.)
- Eles querem vender a Lolla.
- O QUÊ? (Meus olhos saltam, como assim vender a Lolla.)
- Seu tio está complicando a vida do seu pai.
- Mas o que a Lolla tem a ver com isso?
- Ela é filha do Aloísio, apenas por isso.
- Mãe, por que vivemos assim?
- Filha, não temos escolha... (Meu pai chega na sala e me olha sério.)
- Larissia, começaremos hoje, você está pronta? (Seus olhos estão fundos,
como se não houvesse dormido.)
- Sim... (Digo, com um nó na garganta horrível, minha mãe segura nas
minhas mãos e nós três nos encaramos.)
- Podemos conversar no meu quarto? (Meu pai diz e assim como mamãe
subimos em direção ao quarto deles. Os três em silêncio, minha mãe abre a
porta e entramos, sento na cama e ambos ficam em pé me olhando.) Filha, é o
seguinte, eu não vou esconder mais nada. (Ele começa andar pelo quarto e
sua voz está fria.) O conselho está me pressionando sobre as atitudes do seu
tio, tenho que dar um fim nessas investigações o quanto antes, as coisas estão
piorando para o lado da máfia, a promotoria está sendo pressionada pelo
delegado federal e isso está dando dor de cabeça para todos, então estão
querendo uma recompensa do seu tio, querem que ele entregue a Lolla para
um pacto com os grandões de Brasília.
- Você está falando do Palácio do Planalto?
- Sim, você é esperta. Então precisamos conseguir frear essas
investigações, filha eu sei que estou te pedindo demais, mas agora eu
realmente estou com muita raiva do conselho, eles estão tentando acabar com
a minha imagem e ainda prejudicar a nossa família, então vamos começar
hoje. Faça o melhor que puder, eu não vou te dizer como fazer, eu só preciso
que use todo o seu dom de persuasão e negociação. Eu confio em você e
preciso de você.
- Pai, eu vou conseguir! (Digo séria, e começo a planejar como sair desse
inferno, eu vou conseguir, nem que para isso eu precise te colocar na cadeia
Pai... Sinto lágrimas descendo pelo meu rosto.) O hacker já está aqui?
- Sim! (Meu pai me olha frio)
- Então vamos começar! (Me levanto séria e antes que ele saia do quarto
eu me aproximo dele e olho fixamente em seus olhos. E digo com o sangue
fervendo) eu vou fazer o que for preciso, mas você tem que me garantir que
nem minha mãe, nem a tia Flávia, ou Higor e Lolla vão sofrer pelas más
escolhas dessa família. Eu posso parecer uma filha mimada, como o senhor
havia dito, mas vou provar para todos, principalmente ao conselho que eu não
faço parte desse inferno que vocês escolheram como vida, essa não será a
minha vida!
(Saio do quarto com uma força sobrenatural, vou até meu quarto e ligo
para Malu imediatamente, ela atende.)
- Amiga, preciso de uma ajuda sua.
- Pode falar.
- Vou acabar com tudo!
- Do que você está falando?
- Vizzano...
- LARI!
- Eu sei, não parece que é algo que eu possa conseguir, (dou um riso sem
graça) eu vou conseguir Malu, mas vou precisar da sua ajuda. Tudo bem?
-Amiga, se você me chamar para roubar um banco, mesmo sabendo que
serei pega eu vou. Estou contigo!
- Eu te amo Malu! (Sou sincera)
- Eu também amiga, mas o que você está precisando.
- Eu tenho cinco nomes para investigar preciso que faça isso para mim.
Mas não pode levantar suspeita, tudo que encontrar. Qual quer coisa.
- Pode deixar, você sabe que investigação é a minha área.
- Sim! Te mando os nomes agora, eu acho que estou começando a virar
uma Vizzano... (Admito) mas, vou fazer isso para o bem.
- Estou com você Larissia Vizzano!
- Infelizmente essa sou eu! (Digo com pesar.) Preciso disso para essa
semana, acha que é possível?
- Relaxe, eu tenho o Betto!
- Quase esqueci que seu irmão é um rato na computação.
- Farei tudo que estiver ao meu alcance.
- Obrigada amiga!
Me despeço, envio os nomes a Malu e pego minha pasta, em um caderno
começo a traçar rotas, como se estivesse coletando dados para uma prova de
criminal. Eu preciso concluir a primeira missão que é convencer o conselho
que o arquivo foi extinto. E depois atacar esses cretinos! Faço uns rabiscos e
desço encontrando Simone colocando a mesa.
- Eles estão te esperando no escritório.
- Obrigada Monie! (Sigo para o escritório e fico surpresa quando vejo a
sala completamente equipada com computadores de alta tecnologia.)
- Filha, esse é o Cauã. (Meu pai me apresenta a um rapaz que aparenta ter
seus trinta anos, seu visual deixa um pouco a desejar, ele parece aqueles caras
que passam o dia inteiro no quarto e não se preocupam com nada.)
- Boa tarde! (Digo balançando a cabeça e me sentando em uma das
poltronas.)
- Boa tarde senhorita! (Ele sorrir bobo e arruma seus óculos.)
- Vocês vão ficar por aqui durante as ligações, filha você vai precisar de
mais alguma coisa? (Ponho minha postura de aluna de direito e respiro
fundo.)
- Sim, preciso de um quadro branco de tamanho mediano. E quero passe
livre para qualquer decisão com o Cauã. Ele obedecerá a mim e eu resolvo o
que precisar.
- Como assim? (Eu preciso dele para outras coisas papai!)
- Ele será meu funcionário e não do senhor, simples! (Meu pai me olha
desconfiado.) Preciso de controle da situação senhor Marcus, não está nas
minhas mãos? (Digo séria.)
- Com tanto que você consiga fazer isso, eu permito. Então Cauã, a sua
chefe é ela.
- Você já almoçou? (Pergunto e vejo Cauã arrumar os óculos novamente.)
- Não senhor...
- Sem essa de senhorita me chame de Ellie. (Meu pai me olha com os
olhos curiosos.) A partir de hoje sou Ellie Vizzano aqui dentro. (Olho para
ele, e acho que percebe que não quero meu nome sendo dito.)
- Ok!
- Mãe, pede para Simone trazer dois pratos para o escritório, vou acertar
algumas coisas com o Cauã, (Ela balança a cabeça e sai da sala.) precisamos
fazer a primeira ligação hoje, não é? (Olho para meu pai)
- Sim, precisamos conseguir tirar esse arquivo essa semana. (Ele fala mais
sério.)
- Ok! Preciso do quadro imediatamente, (viro para Cauã) você já sabe o
que faremos, certo?
- Sim!
- Então como funcionará essa ligação?
- Irei codificar o aparelho, será como um aparelho descartável, usarei uma
frequência mais grave para modificar sua voz.
- Não! Não quero voz grossa ou assustadora, tem como deixar ela
melódica, mas sem nenhum resquício da minha voz verdadeira.
- Posso ajustar o grave e agudo e manter a melodia feminina, porém
modifica o seu tom.
-Ótimo, é disso que preciso... (Meu pai está olhando parado e eu o olho.)
O quadro. (Chamo sua atenção e ele balança cabeça como se caísse em si.)
- Ah sim! Irei providenciar agora. (Ele sai e eu coloco uma cadeira perto
ao Cauã.)
- Bom, vamos deixar algumas coisas claras, ok? Você é responsabilidade
minha, e quem dá as ordens aqui sou eu e não meu Pai. (Sou séria e fria para
que ele veja que não estou brincando.) Tudo que conversarmos não será
passado para ninguém, nem mesmo que meu pai lhe questione sobre o que eu
lhe ordenei, você não tem autorização de passar nenhuma informação. A não
ser as que eu permitir, fechado?
- Sim... sim... (Ele vacila, meu pai é esperto, isso não vai funcionar. Me
levanto e vou até a mesa de papai e pego sua arma na primeira gaveta.)
- Você conhece os Vizzanos, correto? Pego minha blusa e levanto
mostrando a barriga e limpo o cano da arma devagar.) Você não estaria aqui
se não soubesse quem somos... (Assopro o cano e o olho friamente.) Assim
como meu querido pai, eu tenho alguns fundamentos, não deixo impune
quem me trai. (Blefo descaradamente.) Eu sou a filha do chefe da máfia, você
sabe que logo esse cargo será meu. (Ponho a arma na cintura e abaixo a blusa.
E vou em direção à mesa de computador, vejo o homem assustado.) Então
pense bem antes de desobedecer às minhas ordens, pois a posse será dada a
mim em breve e caso você me atrapalhe, será minha prioridade quando eu
assumir. (Sorrio e aproximo meu rosto do seu e vejo que minha blusa desce,
ele imediatamente olha e ver meu peito apertado pelo sutiã.) Espero que saiba
fazer a escolha certa de quem obedecer. (Assopro seus lábios e o vejo
desconcertado. [Boa Larissia!] Minha majestade surge com olhos maliciosos.
Me afasto e pigarreio.) Estamos acertados Cauã?
- Sim senhora! (Ele parece um gatinho assustado, mas com tesão. Isso aí
garota, volto para a mesa do meu pai e coloco a arma em seu devido lugar.)
- Agora quero que me passe os detalhes que observou das câmeras.
- A senhora não vai querer acompanhar as imagens?
- Não! Só preciso que me passe as informações. (Eu preciso arquitetar o
que vou fazer, não vou perder tempo com besteira.) Você tem a foto do
delegado?
- Infelizmente não, como as câmeras são dos estabelecimentos a visão para
a delegacia deixa a desejar o rosto, mas temos a descrição.
- Mas você já o detectou, sabe se está seguindo o cara certo?
- Sim, pelas descrições que foi passada a mim é impossível não saber de
quem se trata.
- Então ótimo, agora vamos ao trabalho enquanto o almoço não chega.
Você sabe se ele está na delegacia?
- Só um minuto! (Ele começa a digitar rápido.) Não, ele saiu na sexta feira
e não retornou.
- Interessante então ele não trabalha os finais de semana. Você consegue
entrar na segurança da delegacia? (O vejo me olhar assustado.)
- Consigo, mas pode acontecer deles terem um hacker e acabaríamos
sendo descobertos, afinal são federais.)
- Sim, mas se eu quiser mandar uma mensagem você pode fazer isso, não
é?
- Sim, isso dar para fazer. ´
- Ótimo! (Simone entra junto com minha mãe e nos entrega o almoço,
como e durante este período meu pai chega com um quadro de tamanho
grande, me sinto na aula de penal. Termino e me levanto indo para o quadro,
meu pai está em sua mesa.)
- Vamos começar! Cauã, durante a semana, você pode me passar os
horários que o delegado saiu da delegacia?
- Sim! (Ele digita e procura algo nas telas, eu traços setas colocando meu
plano como um mapa conceitual, expondo minhas estratégias de negociação
em quadrados retangulares e vou traçando meus planos.) Pronto! Não tem
uma constante, ele não bate carteira como qualquer funcionário, na segunda
ele passou a noite lá, no dia seguinte saiu quase à meia noite, outro dia foi a
tardezinha. Não há horários constantes.
- Ok! (Escrevo 01:00 no quadro primeira ligação.) Arrume a frequência
Cauã, ligaremos uma da manhã. Observe quantos policiais estão na delegacia
e veja quantos restaram a noite.
- Certo!
A tarde passa em meio a planos minha cabeça tenta organizar meus
pensamentos, vingança e dever estão me deixando louca, preciso cumprir o
dever e depois lutar por vingança. Justiça não pode ser a palavra, agora
percebo que esse sangue ruim corre em minhas veias, minha mente está
começando a arquitetar tantas coisas que estou me questionando sobre como
consigo pensar em tantas coisas, com certeza é herança dessa família. Traço
minhas primeiras palavras com o tal El diabo. Olho seu nome no meio do
quadro, espero que você consiga prender toda a máfia, nem que para isso eu
esteja no meio. Apesar do clima tenso no escritório, Simone insiste em levar
lanche e a noite o jantar, sinto um nervosismo começar a me consumir,
lembro do dia maravilhoso que tive ontem e hoje estou prestes a ameaçar um
federal. 00:00 meu coração começa a acelerar. Finjo uma maturidade fria e
começo com a organização.
- Cauã já está tudo certo?
- Sim, já temos o número dos policiais na delegacia, o telefone do
delegado já está conectado.
- Certo! Senhor Marcus, você vai ficar me encarando durante a ligação?
- Claro filha.
- Não! Eu quero ficar apenas com o Cauã. (Ele me olha) As ligações serão
gravadas, após encerrar poderá escutar tudo, mas não quero ter seus olhos me
atormentando. (Digo séria)
- Ela tem razão Marcus. (Minha mãe me apoia) Você não deixou nas mãos
dela? Deixe-a fazer da maneira dela.
- E se você falar algo errado?
- Por que me escolheu? (Digo séria e fria.)
- Porque confio em você!
- Então, deixe-me fazer o que preciso fazer.
- Ok, não tenho como bater de frente com você sobre isso. (Ele admite,
sabe que depende de mim.)
- Cauã se prepare, falta poucos minutos. (Repasso minhas palavras
mentalmente. 00:55 chega e sinto meu coração como tambor, vamos lá
Larissia.) Tudo certo?
- Sim senhora! (Olho para meus pais e eles entendem e saem. Sento na
poltrona e fico de frente para o quadro. O horário chega e pego o celular,
Cauã me dar o sinal e eu coloco o celular no ouvido. Sinto meu corpo tremer
de ansiedade, o primeiro toque é dado e logo em seguida uma voz grossa
surge, sinto uma sensação de que já ouvi essa voz.)
- Alô?
- El diabo? (O pergunto apertando o braço da poltrona e dando o melhor
para que minha voz não demostre o nervosismo.)
- Quem é?
- Prazer Ellie Vizzano é uma satisfação lhe conhecer! (Digo sensualmente,
preciso me sentir como ontem, mais mulher e menos garota.)
- O que você quer comigo? (Sua voz é séria e extremamente grossa. Me
lembro das mãos de Alex adentrando na minha blusa e lembro daquela
mulher que começou a surgir, preciso daquela atitude...)
- Calma senhor, é assim que você trata uma mulher.
- Eu vou acabar com cada um de vocês. (Sinto ódio em sua voz e isso me
arrepia, sinto medo)
- Não espero menos de você El diabo. Mas, antes de acabar comigo, que
tal nos conhecermos melhor? (Olho o quadro.)
- Porque você não fala o que quer de uma vez! (O vejo impaciente.)
- Estou falando, quero lhe conhecer, afinal 12 policiais de plantão e o
chefe em casa, que absurdo El diabo.
- OLHA AQUI SUA CRETINA, eu não sei o que planeja, mas acho bom
se preparar, pois não sou de jogos. (Escuto um barulho do outro lado.)
- Você é sempre tão tenso? Posso te fazer relaxar... (Insinuo)
- Vai para o inferno!
- Se você estiver lá, quem sabe... (Escuto barulho de alarme, ele está
entrando no carro. Faço sinal para Cauã, escuto um bipe e vejo que a imagem
foi enviada.)
- Onde você está? Por que está vigiando a delegacia?
- Não estou vigiando a delegacia, estou à sua procura, eu quero você...
(Digo pausadamente)
- Me diga de uma vez o que pretende.
- Lhe conquistar! (Cauã me avisa novamente e sei que ele já está em frente
à delegacia foi rápido. Cauã escreve a roupa que ele está vestido e eu faço um
OK!)
- Onde você está sua filha da puta!
- Não seja tão grosso... você está tão sexy de moletom cinza.
- ONDE VOCÊ ESTÁ! (Escuto seu grito.)
- Adoraria estar ao seu lado nesse momento, mas deixarei para uma
próxima! Até logo El diabo, foi um prazer!
Encerro a ligação, e respiro fundo A PRIMEIRA ETAPA ACABOU!
- Ele já chegou na delegacia e está lá dentro.
- Tem certeza que eles não conseguirão nos rastrear?
- Sim, absoluta!
- Ótimo, encerramos por hoje. Primeira fase foi feita!
Não escuto mais nada, sinto um peso me consumir, É! Agora você faz
parte dessa máfia. Saio do escritório e sinto minha cabeça latejar, encontro
minha mãe e meu pai na sala, antes que eles falem algo. Eu digo:
- Primeira etapa concluída, podem ir lá dentro, estou com sono já vou.
(Sigo para o meu quarto, com apenas um pensamento: é apenas a primeira
fase Lari, você vai conseguir acabar com isso!)
Capítulo XI
“Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha
ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira
controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.” -
Mahatma Gandhi
Alex Aguiar
Saio em disparada para a delegacia, a voz da mulher em meu ouvido me
perturba, quem ela pensa que é para falar assim. Dou corda para sua falação,
preciso chegar na delegacia o quanto antes, invado alguns sinais de trânsito e
em minutos chego deixando o carro ali mesmo, olho ao redor e não há sinal
de ninguém, de onde ela me ver, observo os prontos principais e não há nada.
Ela se despede e sinto meu sangue ferver. ESSA FILHA DA PUTA! Entro
com tudo na delegacia e conto desesperadamente quantos agentes tem dentro
e ela estava certa! Droga! Esmurro a porta e vejo todos os policiais me
olhando sem entender nada.
- Chefe está tudo bem? (O policial Xavier, me questiona e percebo que
ainda estou de moletom.)
- Sandro está aqui?
- Sim! (Vou até sua mesa)
-Preciso que analise meu celular. Os Vizzanos entraram em ação
novamente, quero que vasculhem cada câmera de segurança, observe tudo, se
nos últimos dias houve alguma movimentação. (Minha cabeça pesa,
CRETINOS!)
- Sim senhor!
- Agente Silva, convoca a força tarefa imediatamente. Quero todos aqui
imediatamente. (Passo minhas mãos pela cabeça. ÓDIO! Eles estão
brincando comigo e eu não sou para brincadeiras. Vou para minha sala e
pego minha roupa reserva, vestindo e pondo o colete, nem que eu precise
ficar acordado durante meses eu vou prender essa máfia, agora é uma questão
de honra, colocar uma vadiazinha para me seduzir e amedrontar? Eles
erraram feio se acharam que poderiam me levar assim tão fácil. Desço para a
sala que está montada a força tarefa. Olho quadro transparente e escrevendo
mais um nome no meio, ELLIE VIZZANO, você não deveria brincar
comigo.)
A sala aos poucos vai ficando movimentada e apenas analiso meus
próximos passos, eles não estão brincando Alex, estão vindo com tudo!
- Acharam alguma coisa nas câmeras de segurança?
- Não senhor!
- Algum retorno Sandro?
- A ligação foi codificada, não tem como rastrear e muito menos descobrir
o número.
- Agente Paz e Sandro, quero uma investigação pesada sobre o deputado
Aloísio, se possível até a cor da porra da cueca dele, quero que descubram
tudo, revirem o que puder.
- Sim chefe! (Dizem juntos e começam a mexer no computador.)
- Preciso dos vídeos de segurança dos estabelecimentos ao redor da
delegacia, Pedro e Victor ficarão responsável por isso amanhã. Façam trilhas
que possam ser rotas até a delegacia e liste os estabelecimentos, precisamos
descobrir quando começaram a se movimentar.
- Sim Senhor!
- Marcelo e Guilherme me acompanhem. Os demais, quero acompanhando
as câmeras da delegacia. Observem desde o dia da prisão do Joalisson até
hoje!
- SIM SENHOR! (Vou para minha sala junto com os dois.)
- Cara, o que houve exatamente? (Marcelo questiona)
- A filha do chefe da máfia me ligou, dizendo quantos policiais tínhamos
no plantão e quantos estavam durante o dia, já chequei e ela soube a
quantidade exata, ela ainda teve a audácia de flertar comigo pelo telefone e
sabia exatamente como eu estava vestido.
- Caralho, eles são ousados e já sabíamos disso. Mas, o que eles estão
querendo com isso? (Guilherme diz pensativo.)
- Não sei, mas a mulher sabe instigar e fazer trocadilhos, sua voz estava
pausada, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. Por que
ninguém havia me informado dela?
- Cara, eu já li e reli tudo que temos da máfia, não aparece nenhum nome
além da esposa. Sabíamos de uma possível filha, mas não se sabia ao certo.
Está em observação, parecem boatos. (Guilherme diz olhando mais uma vez
suas anotações.)
- Agora temos a prova que ela existe e pelo visto é tão perigosa quanto o
pai, mas precisamos descobrir aonde ela quer chegar. E por que ela entrou em
contato e não o Pai? Guilherme... se eu quisesse puxar a história dos Vizzano
na cidade eu consigo?
- Mano, tem alguém que sabe da história toda.
- Quem?
- Meu orientador da universidade, meu TCC foi sobre a formação de
quadrilha e o impacto da sociedade brasileira ele me ajudou a entender como
funcionava as quadrinhas e máfias brasileiras. E os Vizzanos é um assunto
que ele domina.
- Você acha que ele conhece essa mulher?
- Na época ele nunca mencionou, apenas dizia o mesmo que os relatório
supostamente.
- Tem como conseguir mais informações?
- Sim, não tenho o número, mas posso encontrá-lo no campus.
- Ótimo, deixarei contigo essa função. Marcelo, você é o melhor em
trabalho de campo, preciso que vigie o deputado.
- Tranquilo!
- Agora tenho que analisar as papeladas e tentar achar o fio dessa
confusão. (Voltamos para a sala de força tarefa e todos já estão agitados em
suas posições, entrego arquivos para alguns agentes livre e começamos
analisar a procura de qualquer pista sobre a tal Ellie. O dia amanhece e
alongo o pescoço sentindo o estralar a cada movimento, olho ao meu redor e
os agentes estão cochilando em seus lugares. Devem estar completamente
cansados, olho o relógio e são seis da manhã. Aproveito o silêncio e vou até
minha sala, jogo água no meu rosto para dispersar o sono. Me olho no
espelho do banheiro e meus olhos fundos me fazem pensar em como eu
preciso conseguir alguma coisa. Minha cabeça lateja e lembro do
medicamento que Larissia me indicou, sorrio e vou à procura da cartela,
tomando um. Nesse momento, lembro que acabei não mandando mensagem
para ela depois do passeio e nem ela me mandou. Pego meu celular e disco
seu número, o telefone demora a atender e quando estou prestes a desligar,
sua voz rouca ecoa pelo telefone.
- Alô!
- Ruivinha? Bom dia, (digo pensativo) desculpa o horário...
- Não, tudo bem! Eu tenho aula daqui a pouco. (Sua voz está gostosamente
rouca. Bom dia! Achei que não havia gostado da comida. (Sua voz está
baixa)
- Jamais, eu gostei da sua comida. Desculpe não ter retornado antes, fiquei
ocupado.
- Tudo bem, você está bem?
- Sim! (Minto)
- Por que parece que sua voz está quebrada?
- A sua também. (Sorrio sem graça)
- Claro estava dormindo! É bom ouvir sua voz pela manhã. (Sorrio
instantaneamente.)
- Melhor seria me ver acordar. (Tento uma investida mesmo não estando
no clima para isso.)
- Nisso concordamos. Mas me diga por que me ligou assim tão cedo. (Não
sei, apenas surgiu à vontade.)
- Senti uma dor de cabeça e queria saber se posso comprar o medicamento
sem prescrição. (Minto)
- Sim, eu te disse que era natural, achei que tinha avisado. (Avisou?)
- Não! (Minto mais uma vez) Não vou mais incomodá-la, continue seu
sono!
- Queria, mas realmente tenho aula daqui a pouco. Está livre hoje á noite?
(Ela fala envergonhada e fecho os olhos, não posso colocá-la em risco.)
- Infelizmente precisarei trabalhar 24 horas esses dias, estou com um caso
complicado.
- Oh sim! Desculpa! (Ela fala ainda mais envergonhada e me sinto um
cretino)
- Não precisa se desculpar, afinal eu que estou furando. Mas assim que eu
resolver, passaremos uma noite juntos, o que acha? Até mais de uma se
quiser? (Ela fica em silêncio e fala após alguns segundo.)
- Vamos ver!
- Senhor, teria um tempinho. (Sandro entra na sala e imediatamente
desfaço minha cara descontraída.)
- Preciso desligar.
- Tudo bem, um beijo e bom trabalho.
- Certo, você também! (Desligo, e volto minha atenção para o agente.)
- Consegui encontrar informações do deputado Aloísio, procurei por tudo
e achei a certidão de nascimento dele. Na verdade, ele tem duas certidões, e
só consegui a outra por conta de um diploma do ensino fundamental da filha
mais velha dele.
- Sente-se e me explique melhor. (Ele faz o que mando.)
- Encontrei uma certidão com o nome Aloísio Vizzano.
- Então ele é o che... Não o chefe tem a inicial M.
- Sim, também pensei, não sei qual a relação deles, e o motivo para se ter
duas certidões. Mas observando os dados dessa escola, a garota se chama
Lolla Esteves Neves, o mesmo nome da filha dele, então é realmente ele.
- Ele não pode ter forjado uma identidade, ou não teria sido eleito.
- Sim, também pensei nisso, então ele tem dois registros.
- Sim, por isso não encontramos o nome deles... e por isso estão querendo
anular.
- Só tem um, porém, pelo que os agentes leram, todos do conselho da
máfia tem o sobrenome Vizzano, então não sabemos se ele é mais um
integrante, ou faz parte da chefia.
- Não, é mais complexo... (Penso bem) se fosse um simples integrante a
máfia não estaria indo com tudo para cima de nós, temos que descobrir qual a
posição dele na máfia! (Agora sim começo a planejar meus passos.) Bom
trabalho Sandro.
- Estou fazendo apenas minha obrigação chefe! (Ele cumprimenta e
começo a sentir que tem uma luz chegando. Vou para a sala da força tarefa e
começamos uma investigação pesada, fazemos as refeições aqui mesmo e
apenas saio da sala quando uma ocorrência necessita da minha decisão. A
segunda passa rápido e olho o relógio já marcam uma e meia da manhã.
Minha cabeça está doendo, porém continuo revirando os arquivos da
delegacia. Além da dupla identificação, não encontramos nada tão
importante. Não consegui falar com o Marcelo, pois precisaram dele em uma
invasão de tráfico de drogas, então não sei se conseguimos alguma coisa na
área da política. Olho para todos a minha volta, uns com xícaras de café,
outro cochilam em suas mesas e dois arriscam deitarem no sofá. Alongo meu
rosto afim de tirar essa tensão. Continuo minha pesquisa e não ligo para o
horário.)
Acordo mais uma vez entre folhas e sentado em uma cadeira, vou até
minha sala e faço minha higiene, minha última peça de roupa reserva. Troco
aproveitando o banheiro da minha sala. Saio do meu escritório e volto para
minha mesa provisória. Marcelo entra com vários copos de café em uma
caixa. Os policiais levantam se despreguiçando e vão até ele.
- Bom dia galera! (Ele fala com sorriso, mas apenas recebe alguns
resmungos sonolentos.)
- Parece que você dormiu bem. (Guilherme o olha debochado)
- Tenho boas notícias.
- Transou? (Um dos policiais diz e os outros começam a rir.)
- Isso que dar demorar séculos. (O policial Silva comenta e os outros
começam a debochar de Marcelo.)
- Vão se fuder! Tenha certeza que estou mais abastecido do que vocês.
(Ele pisca e eu apenas reviro os olhos.)
- Você deveria guardar essa animação para a investigação. (Digo
chamando atenção de todos.)
- Calma chefinho, trouxe café para você também. (Ele me entrega o copo e
os demais riem o chamando de puxa saco.)
- E então, quais são as notícias? (Um dos policiais pergunta e assim como
eu todos esperam sua resposta.)
- Ontem fui na câmara fazer uma pesquisa interna e descobri que o Aloísio
está tendo dificuldade com o governador e alguns deputados estaduais. E para
resolver isso está tentando se manter no cargo com influência de gente grande
do palácio de planalto.
- E o que tem de demais? A promotoria deve estar em cima dele, pois ele
apareceu em uma investigação federal. (Guilherme comenta.)
- Mas esse não é o x da questão. A promotoria não contatou em momento
nenhum Aloísio, por meios legais, ele não foi intimado e pelo que soube ele
está tendo dificuldade com os aliados. E a única maneira de conquistar a
confiança de todos seria fazendo uma aliança forte em Brasília. Para isso ele
está arranjando um marido para a filha.
- O governador... (Minha cabeça liga os pontos) Sandro, após seu café da
manhã, procure para mim como foi a ascensão do governador, e trace os
dados com o do deputado Aloísio. Se o círculo de amigos são os mesmos,
teremos 80% de chance do governador está envolvido com os Vizzano.
Preciso que alguém vá a promotoria e descubra até onde eles foram com
nosso pedido. (Pelas minhas suspeitas, eles ainda não avançaram, estão
segurando o caso e apenas estão mentindo que já foi protocolado.)
- Eu vou! (Um dos policiais se voluntaria e eu aprovo)
- Aos demais, quero reunir todos os pontos que conseguimos ontem, até
mesmo os que consideramos básicos. Guilherme, conseguiu a informação do
professor?
- Sim, ele me prometeu entregar todo o seu material hoje à tarde. Mas terá
um, porém.
- Qual?
- Em troca garanti uma palestra sua para os alunos que comparecerão no
congresso estadual.
- Eu e palestra Guilherme? (Digo sério.)
- Foi um pedido do professor, não poderia dizer não após sua
disponibilidade. Pode ser após o congresso mesmo. Será para alguns alunos
de direitos que estão pertos de se formar, apenas falar sobre a justiça
brasileira na teoria e pratica e debater alguns pontos do congresso.
- É simples chefe, você é ótimo falando. (O policial Silva debocha rindo)
- O horário de trabalho se iniciou há 20 minutos, tem certeza que vai zoar
com a minha cara policial SILVA. (Digo fingindo seriedade.)
- Desculpa chefe! (Ele faz sentido e todos riem)
- E sim, sou tão bom falante que vocês todos me acompanharão no
congresso.
- O QUÊ? (Escuto uma reclamação geral.)
- Isso mesmo, teremos o governador, os deputados, o prefeito e algumas
figuras importantes, quer ambiente melhor para uma investigação de campo?
- E quando será? (Um dos policiais questiona.)
- Daqui a quinze dias. (Guilherme responde bebendo seu café.)
- Agora voltem ao trabalho após o café da manhã. Hoje sairemos no
horário normal. Aproveitem para dormir bem por uma noite. (Digo virando o
café e voltando meus olhos para as planilhas em minha frente.)
O dia passa rápido com tantas pesquisas e discussões, os Vizzanos foram
completamente espertos durante todos esses anos, então se quisermos
conseguir algo importante e grande ao ponto de prender todos, precisamos
agir com o máximo de cautela. Já são sete horas quando todos vão embora
ficando apenas eu, Marcelo e Guilherme da força tarefa.
- Que tal uma boate hoje á noite? Aquela secretária me fez querer uma
noite selvagens. (Marcelo diz arrumando suas coisas.)
- Secretária? (Questiono)
- Sim, onde você acha que consegui essas informações importantes? Claro
que com a secretária do deputado.
- Puta que pariu você levou a secretária do deputado para cama.
(Guilherme rir.)
- Mas se você transou ontem, por que está tão necessitado hoje? (Debocho
o olhando.)
- Cara, você não sabe o que eu faço por trabalho? A mulher era linda,
completamente uma visão dos deuses, mas na cama. Porra, papai e mamãe e
pronto. Nenhuma preliminar, nem um joguinho de sedução, nada. Olha que
eu ainda tentei, mas nada. Sem falar que ela tinha uma voz tão fina que achei
que não iria sair ouvido nada. Tenho certeza que ela nunca encontrou um
homem como eu.
- Então você quer dizer que foi tão incompetente que nem proporcionou
um oral decente para mulher. (Digo o repreendendo e guardando meu
distintivo.)
- Você acha que eu não tentei? Estou falando aquela mulher precisa
conhecer as coisas pervertidas do mundo. (Ele fala sério e assim como eu,
Guilherme rir o olhando e saindo da sala.)
- Marcelo, mulher gosta de carinho e oral. Tenho certeza que você não fez
o trabalho direito. (Gargalhamos e ele fica sério em frente à delegacia.)
- Vão se fuder, vão querer ir para a boa... (Meu telefone toca e eu atento.)
- Boa noite querido El diabo. (Meu rosto endurece completamente. Tiro o
telefone do ouvido e olho, ligação sem número. Olho para os lados, mas não
encontro nada.)
- O que você quer? (Falo sério e grosso.)
- Você... (Ela fica em silencio e vejo os meninos me olhando como se não
entendesse, faço sinal para entrarmos e eles me acompanham.) Sabe, a cada
vez que penso em você usando esse distintivo... (Entro em minha sala e faço
sinal para gravarem, enquanto coloco na viva voz.) Sinto meu corpo ferver.
- Por que você não para de jogos e diz por que está me atormentando,
sabemos que você quer algo, agora resta saber o que uma criminosa quer de
mim. (Tento ser calmo, mas sinto minha raiva subindo, preciso entender o
que ela quer.)
- Direto, gosto de homens assim que não fazem rodeios... Eu não posso
ligar para um homem atraente? Afinal, Barão de Montesquieu certa vez disse
que Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem. E lhe ligar não
é fora da lei, ou é?
- Por que você não poupa tempo e diz o que quer.
- Você, com apenas seu distintivo, pode?
- Sem jogos, o que os Vizzanos querem de mim?
- (Ela rir friamente) Você é um homem interessante El diabo, tem certeza
que não quer alguns joguinhos. (Ela rir perversamente, ela só pode estar
brincando se acha mesmo que vai me seduzir.)
- Achei que os Vizzanos eram sérios em seus negócios. (Digo sério)
- Essa é a base dos nossos negócios. (Ela fala um pouco séria e acho que
se tocou que não terá jogos.) Bom, você acabou com meu tesão, então vou ser
direta também. De acordo com o Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais
da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e
solidária; é a única coisa que eu quero. (Ela entende da constituição federal, a
menos que ela seja formada em direto, ela estudou a constituição muito bem,
ou está blasfemando, vamos descobrir.)
- E no título 8 diz que “A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos
dos Cidadãos Brasileiros[sic], que tem por base a liberdade, a segurança
individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela
maneira seguinte.” E pelo que eu saiba você está atrapalhando a minha
liberdade.
- Desde 1988 a constituição cidadã me dá liberdade de pensamento, estou
apenas expondo meus pensamentos. (Sim, ela entende da constituição, não
foi uma pesquisa aleatória.)
- DIGA DE UMA VEZ O QUE VOCÊ QUER! (Sou sério)
- Já lhe disse apenas uma sociedade justa, livre e solidária.
- Você acha que matar crianças e famílias, vender droga e aliciar menores
é uma sociedade justa, livre e solidária? (A linha fica muda, retiro o celular
do rosto e o tempo informa que ainda está em ligação, após alguns segundo
em silêncio a voz melódica aparece.)
- Alguém tem que morrer... Não queira ser o alvo e colabore comigo El
diabo. (A ligação é desligada)
- PUTA QUE PARIU! (Guilherme solta o ar) Caramba, ela tem um tom
ameaçador, mas sabe instigar o cara.
- Ela é bem treinada. (Digo com raiva.) Você conseguiu gravar?
- Sim, mas do que adianta?
- Acho que tem material suficiente para descobrimos alguma, quem sabe
um roído, vamos descobrir alguma coisa.
- O que você acha que ela quis dizer com construir uma sociedade livre e
justa? Eles são os caras maus e não a gente.
- Dever de justiça deles? (Guilherme questiona)
- Talvez..., mas algo nessa mulher me dar raiva, e me deixa curioso, ela
fala com uma frieza extrema, sabe falar... E sua existência é praticamente
zero. O que seu professor falou?
- Ele me entregou esses artigos que te dei.
- Vou analisa-los com cautela, eles querem alguma coisa de mim, mas por
que não me ameaçar diretamente... (a pergunta ronda pela minha mente.)
- Esse caso parece uma cama de gato, é tudo tão confuso. (Marcelo diz
enquanto mexe no celular.) Mas, pensem se uma pessoa está em conflito e
seus aliados viram as costas e vai jogar a filha para cima de um grandão de
Brasília... e a filha do outro começa a ligar misteriosamente...
- Guerra interna! (Digo espontaneamente.) Quem está ligando é a filha do
Vizzano, se ela está tomando a frente algo sério precisa ser solucionado, o
deputado tem o mesmo sobrenome e perdeu seus aliados. Bingo! (Tudo se
clareia.) Estava pesquisando para descobrir qual a relação do Aloísio com os
Vizzanos, mas se a filha dele está ligando diretamente ele é mais que um
simples membro da máfia.
- Um parente talvez? (Guilherme acompanha meu pensamento.)
- Exato! Mas precisamos ter certeza... Irei analisar isso aqui, talvez eu
ache o fio que se complete com tudo que temos.
- Agora vamos, não é? Marcelo me convenceu, preciso fuder para
consegui aguentar os próximos dias.
- A mesma boate? (Marcelo questiona, já abrindo a porta.)
- Eu dispenso... (Meus pensamentos imediatamente vão para Larissia, por
que procurar algo que eu posso ter com uma mulher incrível.)
- Qual é Alex, logo você dispensando uma noite de relaxamento?
- Só de pensar em procurar, jogar papo já me cansou. (Digo sincero, e
penso no corpo de Larissia respondendo aos meus toques, era dela que eu
precisava após mais de 48 horas enfiado em relatórios.)
- Isso é por que ele já tem um destino. (Guilherme me olha) É por causa da
ruivinha?
- Só não estou com cabeça para isso, esses dias foram completamente
exaustivos.
- E para isso serve a noite do relaxamento. (Marcelo ri como se dissesse o
óbvio.)
- Relaxe, estou bem, podem ir e aproveitem, os dias vão ser difíceis.
- Deixa ele então. (Guilherme me olha rindo) Boa noite chefe,
cumprimenta ruivinha por mim. (Eles entram no carro e eu apenas balanço a
cabeça. Entro no meu carro olhando ao redor e não vejo nenhum movimento
estranho. Um dos policiais fecha a garagem e eu saio. Aproveito e ligo para
Larissia pelo volante e ela atende no segundo toque.
- Alex! (Sua voz está meio baixa.)
- Ruivinha, boa noite, como você está?
- Bem e você?
- Ainda no caso complicado.
- Sua voz... (Ela fica em silêncio e parece estranha.)
- Está cansada? (Questiono, quebrando o silêncio)
- Oh... é.... isso! Sim estou bem. (Tem algo de errado em sua voz, triste
talvez?)
- Onde você está? Que tal jantarmos?
- Infelizmente não vou poder esta noite. (Sinto um balde de água fria em
mim.) Tenho um trabalho da universidade para terminar, vamos deixar para
outro dia.
- Tudo bem, queria apenas lhe ver, sentir seu cheiro... Seu gosto. (Digo
baixo, fazendo o trajeto para casa.)
- Também estou com saudade da sua audácia. (Ela rir fraco, será que estou
incomodando-a?)
- Tudo bem, então vou desligar pois estou no trânsito, boa noite ruivinha!
- Boa noite professor! (Desligo e sinto uma sensação estranha, um vazio
estranho, acho que é a frustação, não sei... Realmente não me reconheço
quando se trata dela, faz apenas uma semana e sinto que não estou sendo eu...
Onde estou entrando?)
Capítulo XII
“O amor não começa na palavra, o amor começa no olhar, palavras são
passageiras, olhares duram a vida inteira.” - Padre Fábio de Melo
Larissia Vizzano
Sinto-me completamente anestesiada quando desligo a segunda ligação,
meu coração está batendo acelerado, o que ele falou mexeu completamente
comigo.
“Você acha que matar crianças e famílias, vender droga e aliciar
menores é uma sociedade justa, livre e solidária?”
Ele está totalmente correto, e precisar dizer que alguém precisa morrer foi
como se eu traísse a Larissia, a qual lutei para construir desde que descobri o
que minha família significava. Desligo a ligação, acho que já foi o suficiente
por hoje. Olho para Cauã, o hacker me observa atentamente, apesar da voz
fria e paciente de outrora, meu coração está em chamas em pensar que estou
atrapalhando alguém que pode proteger milhares de pessoas da minha
família. Respiro fundo, [é apenas uma fase Lari, apenas uma fase.] Minha
majestade me acalenta.
- Cauã, preciso de algo. (Ele continua me analisando) A próxima ligação
precisa ser feita amanhã, não podemos deixar um dia de folga como antes,
agora vamos ligar a cada 12 horas. Mas, preciso que você colete algo para
mim, até o final dessa semana. (Entrego a lista com os nomes de todos do
conselho da máfia, e políticos famosos que fazem parte do segundo
comando.) Isso, quero uma pesquisa detalhada sobre cada um, relatório
totalmente detalhado. E para isso você vai precisar hackear aquilo. (Aponto
para o notebook do meu pai.) Esse é um pedido extremamente confidencial.
(Pego novamente a lista e coloco na pasta com o material sobre o El diabo.)
Guarde isso como se fosse sua vida, (Me aproximo do seu ouvido) pois se
uma formiga insignificante souber, você não verá o amanhecer! (Dou um
beijo em sua bochecha e finjo um sorriso, pisco e saio da sala. Vejo meus
pais na sala e vou ao seu encontro.)
- Consegui chamar atenção dele, mas ele não é influenciável, e sabe que
não estou brincando, então precisamos lançar a proposta até o final de
semana, antes que ele se canse dos joguinhos.
- Você acha que ele vai aceitar? (Meu pai me questiona) Pela primeira
ligação parece que você não está se empenhando direito, você sabe o risco
que estamos correndo.
- Senhor Marcus Vizzano, (digo séria) se queria outra abordagem
procurasse outra pessoa. Eu sei o que está em jogo, não precisa lembrar da
droga que é fazer parte dessa máfia. Não é para conseguir o acordo, vou
conseguir. (Não digo mais nada, apenas saio. Tem sido assim desde a
primeira ligação, mesmo mantendo a compostura durante as ligações, eu não
consigo agir de maneira passiva com eles. Vou para o meu quarto, eu preciso
que meu plano dê certo, ainda tenho um longo caminho, como prova dos
crimes, gravações e tudo. Fecho meus olhos e repouso minha cabeça na
escrivaninha e deixo as lágrimas rolarem, será que conseguirei fazer tudo o
que estou planejando, a máfia é muito perigosa. Meu celular toca e olho a tela
é Alex. Limpo minhas lágrimas e respiro fundo, nossa última conversa foi
ontem de manhã. Limpo a garganta e atendo.
- Alex! (Forço uma animação, mas ela não aparece.)
- Ruivinha, boa noite, como você está? (Você não tem noção do que estou
sentindo, ou do que pretendo fazer.)
- Bem e você?
- Ainda no caso complicado. (ESPERA, essa voz é completamente
idêntica ao do homem.) Sua voz... (Para de ser louca Lari, você acabou de
desligar a ligação, deve estar atordoada, fica tranquila é apenas o Alex.)
- Está cansada?
- Oh... é.... isso! (Tento me corrigir) Sim estou bem.
- Onde você está? Que tal jantarmos? (Hoje eu seria a pior companhia que
você teria... Talvez eu seja uma péssima companhia...)
- Infelizmente não vou poder esta noite.
- Tudo bem, queria apenas lhe ver, sentir seu cheiro... Seu gosto. (Sua voz
me aquece, mas o barulho do meu coração me impede de ser calorosa.)
- Também estou com saudade da sua audácia. (Sorrio fraco, me desculpe
Alex, eu estou cada vez mais me afundando na máfia mais perigosa do país.)
- Tudo bem, então vou desligar pois estou no trânsito, boa noite ruivinha!
(Será que fui grossa?)
- Boa noite professor! (A ligação é desligada e me sinto mal, não acho que
fui grossa, ou fui? Apenas não estou com cabeça, preciso de um banho! Me
levanto e ligo o chuveiro deixando a água levar a Ellie embora... Belo nome,
imagine se eles descobrem que Ellie, vem da letra L de Larissia. Seria cômico
se não fosse trágico, como dizem por aí. Sinto minha cabeça latejando, e
aproveito o banho para repassar tudo que preciso fazer, conseguir a porcaria
do acordo com o delegado, conseguir as provas que incriminam todo o
conselho e os integrantes grandes. E entregar para esse delegado, acho que
ele pode ser minha única salvação. Se eu esperar até virar uma procuradora
federal, pode acontecer outra situação dessa, ou pior tirarem meu pai e eu for
obrigada a assumir a presidência. Parece simples, sorrio fraco, mas será mais
difícil do que eu imagino. A máfia conseguiu sobreviver por décadas
justamente por sua descrição e encobrimento. Como uma cadeia alimentar,
ela se alimenta dos mais fracos e extermina qualquer ameaça a sua
sobrevivência.)
Desligo o chuveiro e visto uma camisola, eu preciso agir enquanto ainda
posso, ou pode ser tarde demais. Tomo um remédio para enxaqueca e ligo
para o Betto.
- Fala maninha!
- E então conseguiu o que te pedi?
- Larissia, o que você não me pede chorando que eu não faça sorrindo.
(Ele rir) Consegui com um amigo, mas tem um probleminha, o equipamento
é caro.
- Tranquilo! (Lembro-me da poupança que fiz, após entender o que
significava a mesada que eu recebia, desde então nunca utilizei esse dinheiro,
apenas guardei. Mas se for para acabar com eles, nada melhor que usar seu
próprio dinheiro.) Quando poderei pegar?
- O rapaz me informou que após a confirmação do pagamento, já posso
obter.
- Ótimo, qual o valor? Transfiro agora!
- Ui ui riquinha, tinha mais barato, porém o que você me pediu ficou por
8.000 tudo. (Nada, comparado ao que a máfia consegue por dia.)
- Me manda a sua conta. Te transfiro e você faz a negociação.
- Certo, mas Lari...
- Sim!
- Você tem certeza? Eu e a Malu estamos com você em qualquer coisa,
mas nós conseguimos sair disso, pois não temos seu sobrenome.
- Não tem problema! (Sinto uma força inexplicável me consumir.) Se
vocês estiverem a salva e a população eu não me importo.
- Sim, mas você é importante para nós Lari!
- Eu sei Betto, vocês também são a família que eu sempre quis ter, mas se
eu não fizer, ninguém mais poderá, no máximo irá captura um integrante
qualquer.
- Entendo, estarei aqui para você.
- Obrigada, sou sortuda por ter vocês ao meu lado e isso é o suficiente.
- Te amo ruiva! Agora preciso ir, assim que estiver com o equipamento na
minha mão te entrego.
- Certo, também te amo maninho!
EU VOU CONSEGUIR! Sinto que o remédio começa a fazer efeito e
começo a estudar para ser a juíza amanhã. Como se não bastasse a maluquice
no meu dia a dia, ainda precisarei ser juíza. Uma juíza que é filha do chefe da
pior máfia brasileira. Boa Larissia! Abro minha pasta e deixo meu sobrenome
de lado, focando na única coisa que posso fazer no momento.
Como esperado o grupo de Malu venceu o júri, apesar da confusão, não
pense que estudantes de direito são pacíficos e imparciais durante as aulas,
hoje o professor precisou intervir. No entanto, eu confesso que foi um caso
complicado, ambos os lados estudaram com afinco, e trouxeram excelentes
argumentos, sem falar da ótima oratória dos representantes.
- Larissia, quando você começou a negar meus pedidos, eu juro que senti
vontade de levantar e grita, SUA VADIA, FICOU LOUCA?
- O que você queria? Tinha que ser imparcial, se não era aceitável eu
precisava negar. (Gargalho do seu semblante incrédulo.)
- Você ia ver o imparcial se eu perdesse. (Ela me olha em fúria e eu
apenas dou risada.) Se eu perdesse esse congresso, você ia me pagar.
- Não sei para que, ir para uma palestra cheia de políticos corruptos,
advogados que se acham uma super potência, falando da justiça que a maioria
deles fingem esquecer por quantidade grande de dinheiro.
- Estamos falando de um congresso estadual, onde pessoas importantes
estarão lá.
- Sim, não mudou em nada minha opinião. (Reviro os olhos)
- Você é inacreditável, se fosse uma palestra daquele chefe que você
adora, como é o nome Alex Atala.
- Você quer comparar um brasileiro que está ocupando o 26º lugar dos
melhores chefe de cozinha do mundo com um congresso de política. Isso não
tem como!
- AAAAAAAAH! (Malu grita e todos no corredor a olham, paro
imediatamente)
-O que foi?
- Agora eu entendi o seu Crush no advogado, ele tem o nome do seu ídolo.
- PORRA MARIA LUIZA! (Dou um tapa em seu ombro.) Você fez um
escândalo desses por isso. (Voltamos a caminhar, enquanto ela gargalha.)
Para falar a verdade, eu nem associei.
- Impossível!
- Juro para você! (Digo sincera, eu nem relacionei os nomes, mas
involuntariamente sorrio com a coincidência, destino talvez? Por pensar nisso
será que ele ficou chateado? Não me mandou nenhuma mensagem após a
ligação.)
- Vamos comer, estou faminta, aquele professor é maluco, começar uma
aula 7:00 e liberar 12:30 é desumano.
- Para de reclamar... (Uma ideia surge em minha mente.) Malu, não vou
almoçar com você, preciso ir no bistrô e depois tenho aquele serviço para
fazer.
- Ah! Tudo bem, então já vou, estou com muita fome.
- Vai logo! Depois nos falamos. (Ela sai e eu pego meu celular e disco o
número de Alex, não sei por que mais algo está me incomodando. O telefone
chama, chama e ninguém atende. Vou até a garagem e vejo o carro
estacionado com o segurança dentro dele, olho suas roupas e dou risada,
lembro-me quando convenci o meu pai que deixasse pelo menos os
seguranças usarem roupas comuns para não chamarem atenção. É Larissia,
você consegue o que quer com seu pai apesar de ele ser implacável, se eu me
empenhar, conseguirei tudo que almejo, assim eu espero! Entro no carro e
indico o bistrô. Ligo mais uma vez para Alex, essa será a última, chama e
quando estou prestes a desligar, ele atende.
- Oi! (Sua voz é grossa e séria.)
- Oi, tudo bem? (Tento ser casual, para que os seguranças não entendam
do que se trata.)
- Sim! (Ele está diferente)
-Estou incomodando? (Questiono preocupada, sua frieza está me deixando
envergonhada.)
- Não, não!
- Senhor, coletamos as informações que pediu e traçamos com as que já
tínhamos. (Escuto uma voz dizer, acho que ele está no trabalho.)
- Oh desculpe, desligo em outro momento.
- Não, só um minuto! Pronto, faça isso, quero antes do final da tarde!
- Sim senhor! (A voz responde ao fundo, escuto um barulho de cadeira
arrastando e em seguida o barulho de fundo vai diminuindo, até ficar em
completo silencio.)
- Me desculpe ruivinha, estava trabalhando.
- Eu que preciso me desculpar por atrapalhar.
- Não atrapalha.
- Bom... (Como falar sem chamar atenção dos seguranças?) Estou indo
para o Bistrô, preciso da sua ajuda em uma nova receita... (Tento despistar,
sem parecer estranha.)
- Isso é um convite?
- Exatamente. (Sorrio) Será rápido, pois tenho trabalho após o horário do
almoço.
- Em outras palavras, você está com saudades de mim. (Sempre audacioso,
eu gosto desse tom de presunçoso.)
- Posso confirmar sua presença?
- Você não me respondeu! (Vejo pelo seu tom descontraído, que ele está
rindo.) Confesso que estou completamente cheio de trabalho, mas acho que
posso ter uma hora da sua companhia.
- Está confirmado, então?
- Sim, porém só poderei chegar por volta das uma e meia, preciso finalizar
algumas coisas.
- Ótimo! Estarei no aguardo.
- Certo, aprendiz! (Ele desliga e eu finjo que estou em ligação.)
- A receita é simples, a base é uma massa de mistura com azeite de oliva,
acompanha algumas vieras. É um teste, mas prevejo que será sucesso, pois há
vinhos que combinam perfeitamente. Sim, pronto então, ótimo, então se a
senhora tem mais tempo amanhã, será melhor pois meu horário também estar
apertado, fiquei ansiosa para testar, mas aguardarei até amanhã. Um beijo
Carla! (Finjo desligar o celular e ponho na bolsa.)
Sinto uma excitação incomum ao cozinhar, opto por uma massa à
parmegiana, com alguns tomates marinados, enquanto faço o almoço, arrumo
a mesa e escolho um vinho leve, pois ele está trabalhando. Estou finalizando
o prato, quando escuto uma batida na porta. Digo para entrar e o vejo passar
pela porta. Hoje ele está ainda mais incrível, veste uma calça social marrom
claro, uma blusa social branca e um blazer, da mesma cor da calça, seu olhar
está fixo em mim.
- Boa tarde, professor! (Sorrio para ele, porém a minha resposta não vem.
Ele caminha calado em minha direção, passa pela mesa deixando seu blazer e
dobrando sua camisa social, até os cotovelos. Seu olhar está meio sombrio,
ele estava alegre no telefone... não estava?)
- Larissia, você sabe como levar um homem a sua frustração e ao seu
delírio. (Seu corpo está se aproximando de mim, ele está falando de ontem?
Em fração de segundo sinto suas mãos me puxando e a outra indo direto aos
meus cabelos, fazendo nossos lábios se chocarem e iniciarem uma dança
lenta, seus lábios sugam os meus e sinto sua carne deliciosamente em minha
boca. Suas mãos apertam minha cintura e cabelo. Sinto minha calcinha
molhar, e meu corpo ficar sedento, é normal sentir tanto desejo? Sinto seu
membro duro, em minha barriga e tenho certeza que minhas bochechas estão
rosadas, me sinto quente. Consumida pelo desejo, arranho suas costas por
cima da blusa e desço até a barra adentrando minha mão ao tecido fino
branco e sentindo suas costas largas, meu movimento o faz explorar meu
pescoço. Meu corpo responde e sinto minha intimidade pulsar, implorando
por seu toque. Seu membro parece que vai perfurar o tecido da calça e uma
ideia insana me surge e respiro fundo... pode ser perigoso, mas vou tentar,
pode dar errado... Retiro minhas mãos da sua camisa e começo a desabotoar
sua camisa, porém meu celular toca. Ele continua explorando meu colo com
delicadeza, mas o telefone não para. Paro no terceiro botão e olho para o
balcão e travo completamente quando o nome pai surge da tela.)
- Porra! (Acabo soltando sem querer e ele me olha rindo.) Eu preciso
atender, desculpa! (Me afasto dele, pegando o celular, ele me olha como se
devorasse um pedaço de carne.) Oi pai, (Suas sobrancelhas se levantam e o
vejo umedecer os lábios, CARAMBA que homem gostoso.).
- Filha, Cauã está aqui, quando você chega, não seria uma hora? (Droga,
eu nem lembrava que tinha marcado um horário fixo com Cauã.)
-Seria, mas precisei resolver algo no bistrô, pode avisar que (Olho o
relógio) duas e meia eu chego aí (Droga, tenho apenas 30 minutos com o
Alex!)
- Ok, lembre-se das suas responsabilidades Larissia, o seu bistrô pode
esperar.
- Sim! (Digo mais séria) Estarei no horário marcado, até logo! (Desligo
sem escutar o retorno, Alex me olha questionador.)
- Algo a me dizer?
- Sim... (Digo sem graça) você percebeu, precisarei sair logo.
- Tudo bem! (O vejo recolocando os botões no lugar e me sinto patética.
Droga Lari!) como eu disse da frustação ao delírio. (Ele rir e vem em minha
direção, e deposita um beijo em minha bochecha.) Vamos, temos pouco
tempo para comermos. (Apesar do seu tom de voz leve, sei que ele não
gostou, pois, seu membro continua duro. O que eu faço?)
- Me desculpa mesmo! (Tento justificar.)
- Fique tranquila, estou satisfeito de ter separado um tempo para termos
uma refeição junto. (Ele parece sincero, mas eu não estou confortável, pego o
almoço e sirvo na mesa os pratos.) Não precisa ficar desconfortável, teremos
tempos para tudo. (Ele serve minha taça e em seguida a dele, observo sua
postura e vejo como ele sabe ser maduro e completamente autossuficiente.
Está claro que eu o deixei na mão... Literalmente..., mas ainda age com
gentileza.)
- Obrigada! (Digo o olhando.)
- Pelo o quê? (Por ser paciente? Compreensível? É a segunda vez que nos
interrompe e ele ainda consegue ser gentil, como alguém consegue ser tão
viril visualmente falando e ter um coração tão caloroso? E que vontade é essa
de satisfazê-lo?)
- Por interromper minha leitura na cafeteria. (Digo sorrindo) Acho que foi
um acaso deliciosamente agradável. (Começo a refeição e o vejo me
olhando.)
- Ruivinha, por que você é assim? (Ele me olha curioso.)
- Como?
- A segundos atrás eu tinha uma mulher completamente sagaz e sedutora e
agora estou de frente de uma menina tímida e completamente envergonhada.
Você é realmente uma caixinha misteriosa. (Dou risada)
- Isso é um elogio?
- Não, é uma constatação! (Seu olhar está fixo e sinto minhas bochechas
queimarem.)
- Alex, sua comida vai esfriar. (Ele rir e começa a comer.)
- Eu acho que ela está quente nesse exato momento. (Ele me olha
profundamente e entendo seu trocadilho. Esse homem vai me levar a
insanidade.)
- Macarrão à parmegiana, uma especialidade da casa. (Digo mudando de
assunto e ele banca a cabeça rindo.)
- Está muito bom, você realmente tem um dom.
- Sim, é o que amo fazer! E você? Parece que está complicado no trabalho.
- Para falar a verdade sim, acho que não dormirei nas próximas 48 horas.
- Você não pode fazer isso, já sofre de enxaqueca, elas vão piorar e se
tornarem insuportáveis.
- Eu consigo suportar, infelizmente é preciso.
- Entendo, mas sei que terá sucesso. Você parece ser um homem decidido!
- Sim... (Continuamos conversando sobre o nosso dia e eu relato o júri
simulado, e recebo ótimas dicas para um próximo, terminamos nos
despedimos com mais um beijo caloroso. Arrumo a cozinha e vou de
encontro aos seguranças, os quais ficam duas ruas trás do bistrô, um dos
acordos com meu pai, não ter vigilância no bistrô. É minha paixão e local de
trabalho, não posso permitir que a máfia respingue nele. Entro no carro e vou
para casa, chego em torno das três horas.
- Isso que você chama de responsabilidade Larissia? (Mal adentro e meu
pai me olha nervoso. Não respondo e apenas entro no escritório encontrando
Cauã.)
- Boa tarde Cauã. Vamos?
- Espera um pouco, ele não está na delegacia.
- Não, faremos agora, não sabemos se ele retornará hoje. Você fará uma
ligação como já havíamos conversando uma com um número aleatório de São
Paulo e se ele atender você desliga. Depois faremos outra ligação com um
número da Bahia. E no terceiro, utilizaremos o desconhecido.
- Ok! (Vejo Cauã mexer na tela e escuto o telefone chamar, no segundo
toque ele atende.)
- Daqui a 10 minutos ligaremos com o da Bahia. (Sento na poltrona e me
lembro das mãos de Alex... Eu quero senti-las mais, quero tê-lo para mim,
que vontade louca é essa? Hoje após um almoço completamente
descontraindo, mesmo depois de uma situação desagradável, percebi que
estou completamente envolvida pelo estranho professor.)
- Já passaram os minutos. (Cauã me tira dos pensamentos.)
- Certo, pode ligar novamente. (Ele liga e demora.)
- Ele acabou de chegar na delegacia. (O telefone cai na caixa.) Liga
novamente?
- Não, a chamada vai constar lá, agora é hora de ligar correto. (Pego o
aparelho e escuto o toque, na quarta chamada escuto sua voz... essa voz é
estranhamente familiar.)
- Senhorita Vizzano!
- Boa tarde El diabo, estou lisonjeada, já reconhece minhas ligações.
- Mudou o horário? Achei que cobras só enxergavam a noite. (Esse cara
não se rebaixa para a máfia, ele é a pessoa certa para o meu plano.)
- Você me faz querê-lo a todo o momento.
- Você também... (Seu tom está mais divertido, estranho.) Me faz querer
vê-la todos os dias, atrás das grades.
- Só se for a grade da sua cama.
- Sinto muito, minha cama não tem grade. Então vai continuar enrolando,
ou vai dizer o que quer de mim de uma vez? (Faço sinal para Cauã e escrevo
no quadro o nome roupa. Ele escreve no papel, terno marrom! Meus
pensamentos imediatamente vão para a imagem de Alex, aquele homem vai
arruinar minha sensatez.)
- Bom, você gosta de coisas direta e eu também. Quero lhe ajudar e
acautelar os meus interesses. O que você acha?
- Não faço acordos com criminosos.
- Assim você me ofende, pense bem... Posso ser uma boa ferramenta.
Ambos sairemos ganhando, que tal pensar.
- Não faço nenhum acordo com criminoso.
- Vou aceitar isso como um sim! Até qualquer momento, pense sobre o
que conversamos. Até logo El diabo!
Capítulo XIII
“Aceitar provocações é para os fracos, forte é aquele que faz da provocação
algo que provoca quem te provocou.” - Danilo Morais
Alex Aguiar
- Filha da puta! (Esmurro a porta, meu dia estava ótimo, não vem estragar,
sinto a irritação aparecer e vejo que chamei atenção de alguns policiais.)
Voltem aos trabalhos. (Digo firme)
- O que foi cara? (Guilherme se aproxima com algumas pastas na mão.)
Mais uma ligação? (Ele olha para o meu celular e eu apenas fico em silêncio,
o que ela poderia me oferecer, o que eles querem de mim?)
- Vamos para a minha sala. (Sigo pensativo, meu dia estava começando a
ficar bom depois de ter visto a ruivinha e agora essa cretina vem me tirar a
paciência. Entro e Guilherme me segue fechando a porta em seguida.) Ela
propôs uma negociação.
- Já era de se esperar... E você o que falou?
- O óbvio que não faço acordos, mas algo está me incomodando, li o
material do seu professor e ele detalha sobre a lealdade da máfia, não há
como saber de nada além do que eles permitem, então se eles estão me
procurando estou sabendo de algo que não deveria, mas não consigo
encontrar o que poderia ser.
- Então por que você não escuta o que eles têm a dizer, assim teremos uma
chance.
- Ou iremos cair em alguma armadilha. Essa Ellie Vizzano, começou me
provocando, mas ela não fala coisas aleatórias sem sentidos, vai além de uma
sedução, eu percebo que ela não quer me seduzir, é apenas um jogo mental.
Sua postura ao telefone não é de uma vadia louca, sua voz é melodicamente
pensada, suas falas carregam significados, eu tenho absoluta certeza que ela é
extremamente meticulosa e tem algo perigoso em suas falas.
- Como assim?
- Ela usa a linguagem jurídica, no início eu pensei que ela apenas estava
pesquisando termos aleatórios, mas nas últimas ligações percebi que a cretina
realmente domina, o que significa que ela sabe onde entrar, sabe onde jogar.
- E o que você pretende? (Os olhos de Guilherme me observam atentos.)
- Não vou reportar essa ligação, descobrirei o que ela quer de mim, vou
jogar o seu jogo. Se por acaso for uma armadilha, não vou comprometer a
investigação.
- Ainda não entendi (Ele me olha confuso)
- Manterei a força tarefa exatamente como está, se for uma armadilha,
apenas eu cairei. Se não for, descubro o que eles querem e vejo se há uma
possibilidade de furar essa barreira que eles criaram.
- Mas, não é perigoso agir sozinho, você viu o que aconteceu no galpão.
- Exatamente por este motivo, que deixarei a força tarefa como estar, se
qualquer coisa acontecer, terão o comando de continuar, vou contatar a liga
assim que eu descobrir onde mora o perigo. E se algo acontecer a equipe
assume com a liga.
- Alex, você está cogitando se entregar a máfia? Eu não estou
compreendendo o que está pretendendo.
- Precisamos de um infiltrado, se por acaso essas ligações forem uma
armadilha, ou uma maneira de me intimidar... Eu posso ser essa pessoa, só
seria mais um policial corrompido.
- Alex, é uma jogada perigosa.
- Sim, mas hoje eu decidi que quero dar um basta nessa história, você sabe
a quanto tempo eu não tiro umas férias? (Dou um risada fraca me lembrando
do sorriso da ruivinha, o pensamento de tê-la para mim tem se tornado cada
vez mais presente, a cada sorriso e olhares, sinto que não posso perde-la de
vista, porém não posso cometer o mesmo erro, preciso organizar o
profissional e o pessoal, ou assim como Lua, posso vê-la como obstáculo
para as minhas conquistas.) Sinto que preciso de um descanso e quero acabar
com esse caso, para sentir que realmente posso tirar esse tempo. Esse é o
momento certo para uma jogada perigosa!
- Você parece estar com uns planos em sua cabeça, eu nem consigo
compreender o que fala. (Guilherme diz sério)
- O plano é finalizar o caso, o depois é apenas rabisco. (Pisco para ele e
abro a pasta do professor.) Olha o que eu encontrei, (Ele se aproxima e eu
mostro as partes circuladas.) A máfia atualmente é comandada pelo líder
Marcus Vizzano, no entanto, aqui, (Aponto para o círculo) diz que o líder
anterior Pietro Marconne Vizzano tinha dois filhos o Marcus e Marcio.
- E onde está o outro?
- É o que precisamos achar, os Vizzanos é como um anel, parece não ter
começo e nem fim, antes dessa ligação eu esperava uma investigação, mas
eles estão vindo com tudo para cima de mim, então eu posso utilizar essa
sede deles e me infiltrar, ou comprar alguém lá dentro. A questão aqui é, não
deixar essas informações atrapalharem o que já está em andamento, por isso
irei manter a força tarefa como está, pois, algo o está incomodando então
daremos continuidade...
- E por trás você tenta outra jogada, se uma der errada tem a outra.
(Guilherme completa olhando para mim.)
- Isso! Porém, primeiro vou ceder e descobrir o que eles querem, se for
viável posso entrar, caso não tenha segurança fico onde estou.
- Sim, mas podem te sabotar.
- Exato, mas se eu cair em uma armadilha a equipe estará trabalhando e a
liga dar um jeito de me tirar.
- Porra, Alex, agora sim eu entendi. CARALHO mano, quando você
pensou nisso? Realmente, a liga consegue dar um jeito, caso já tenhamos
tudo sob controle.
- Por isso, se for uma armadilha, eu caio, e a liga me tira. Se não for, eu
me infiltro e consigo tudo que a gente precisa.
- FODA! Estou junto!
- Vou precisar mesmo de você e Marcelo, se for uma armadilha, vocês têm
que assumir o caso e contatar a liga, caso não seja uma armadilha, preciso
que me ajudem a coletar as informações necessárias.
- Boa! Mas... e se não for uma armadilha, e você não puder se infiltrar.
- Precisamos esperar ver então o que eles pretendem.
- Mas, temos um plano, isso já é ótimo!
- Agora é esperar e ver qual iremos seguir. (Bebo um copo de água.)
- Alex, eu não estou conseguindo traçar uma linha entre tudo que
descobrimos até hoje, as informações do professor e o motivo da máfia está
tão desesperada.
- A informação do professor, é apenas conhecimento, provavelmente não
interfira tanto, no entanto a menção do nome Aloísio é o motivo inicial,
sabemos que está havendo um conflito entre ele e o governador, já podemos
pensar se não é nesse ponto que a máfia entra. Está tudo abstrato ainda,
precisamos de uma pecinha chave, vamos esperar que ela vem. Precisamos
apenas ter calma, eles vão deixar algo escapar, seja em uma armadilha ou na
negociação, e é nesse intervalo aberto que entramos.
- Esse caso está mais bizarro que os Laffaiete, eu pensei que aquela máfia
era complicada, estou descobrindo que os Vizzanos são mil vezes piores.
- O caso Laffaiete, foi difícil, mas tínhamos um membro com sede de
justiça e um líder morto, os Vizzanos tem líder, tem lealdade e laços fortes da
política brasileira. Por isso está sendo tão difícil, mas conseguiremos. (Digo
com otimismo, sou El diabo e não vou deixá-los saírem tão facilmente.)
Vamos voltar ao trabalho!
- Você está estranho viu! (Ele rir e se levanta)
- O que foi dessa vez?
- Estava com o plano arrumadinho e por que só faltou quebrar a porta da
sala?
- Meu dia estava ficando bom e a cretina vem torrar a minha paciência.
- Encontrou a ruivinha? (O olho) Não precisa me olhar assim, você saiu do
nada, volta depois de uma hora e agora me diz que seu dia estava ficando
bom. Só pode ter mulher no meio.
- E por que você acha que é Larissia?
- Não foi? (Ele diz curioso) Você dispensou a noitada por causa dela que
eu sei, então não iria procurar outra no dia seguinte. (Ele gargalha e eu
balanço a cabeça, não dizendo nada.)
- Boa tarde pessoal, algum avanço após a minha saída? (Falo alto na porta
da sala.)
- Nada senhor! (Escuto a mesma resposta de todos.)
- Então vamos mudar a tática. Quero que pesquisem por tráficos de
drogas, nos últimos 3 anos, e as rotas. Peçam ao pessoal do T.I para
triangular e ver se encontram alguma coisa em comum. Outra equipe, vai
investigar todas as ações do deputado Aloisio e do Governador desde a sua
campanha eleitoral até hoje. Caso encontrem algo me procurem
imediatamente, e iremos atrás de provas. Prestem atenção, temos um nome
importante, investigar o governador, é algo extremamente complexo e
perigoso, qualquer vacilo, podemos estar nos sabotando, então mantenham o
sigilo absoluto e procurem por tudo, não deixem nada passar em seus olhos.
Lembrem-se nosso oponente é a maior máfia brasileira. Volto para meu lugar
e assim como todos, começo meu trabalho, analisando tudo que o professor
coletou, vou descobrir quem são vocês, ou não me chamo Alex Aguiar, o El
diabo.
São cinco e meia da tarde quando meu celular toca e imediatamente fico
alerta, olho no visor e não há número. Saio da sala e vou para a minha, fecho
a porta e atendo me sentando.
- Estão sendo mais rápidos. (Afirmo sério)
- Você conhece o mundo dos negócios, então pensou na minha proposta?
(Faço como planejado)
- Eu já lhe disse que não faço acordo com criminosos.
- E se esse acordo lhe ajudar a pegar esses criminosos. (O que ela está
querendo dizer?)
- Você vai se entregar? (Questiono pausadamente, que jogo é esse?)
- Para você? Basta me dizer sua casa!
- Achei que estávamos tratando de negócios, não jogos.
- Você tira todo o tesão da conversa. (Vejo sua voz fria surgir) Mas,
vamos fazer como quer. Eu sei que está muito interessado em nós, então
resolvi ajudar.
- Eu já mandei dizer o que quer.
- Além de você, (Ela rir friamente) quero uma simples permuta.
- Eu não tenho nada para trocar com você. (Digo incisivo, ela acha mesmo
que irei cair em seu joguinho)
- Eu tenho exatamente o que você precisa e você o que eu quero.
- Não sei quem lhe treinou, mas acho que precisa de um novo professor,
eu não sou como os policiais corruptos que estão acostumados, eu não vou
trocar quaisquer informação com uma mafiosa como você, então poupe nosso
tempo, a cada tempo que você me ocupa é 15% de ódio que acumulo. (Sigo
na linha, para que eles vejam relutância.)
- El diabo, será melhor para você se aceitar.
- O que vão fazer? Matar outra família inteira? Ou...
- Olha, estou propondo algo que lhe interessa, você pode pegar um, ou 5,
essa é uma escolha sua, sobre as ações da máfia, faça melhor e consiga nos
alcançar. Pense bem, essa é minha proposta um por cinco, agora é uma
decisão sua. (A ligação cai e eu me sinto estranhamente incomodado, você
pode pegar um, ou 5, eles não sabem que eu sei da briga do governador,
então ele está fora, então só pode ser o Aloisio. Mas o que ele significa para
quererem delatar outros integrantes? Pego o telefone e vejo uma nova
mensagem.
“Estarei à espera do seu retorno, basta mandar mensagens por aqui, não
precisa de número, apenas aperte em responder.”
Eles sabem irritar alguém, paro e analiso suas palavras, acho que estava
errado com meu pensamento, tem alguma coisa errada, essa abordagem é
muito pacífica, para alguém que matou uma família inteira para dar um aviso,
minha cabeça começa a fazer rascunhos e algumas peças parecem girarem e
se agruparem, me levanto e faço sinal para Marcelo e Guilherme, eles
entendem e me seguem em direção a minha sala, meus planos começam a
mudar completamente e sinto uma pontada de dor de cabeça, esse caso está
começando a me fazer muita raiva.
- O que houve? Seu rosto está estranho. (Marcelo me olha cauteloso.)
- Você contou a ele os planos? (Questiono ao Guilherme.)
- Sim!
- Acabei de receber uma ligação deles. (Puxo o quadro móvel da minha
sala e pego o piloto.) Não posso ser a isca, e não posso cair na armadilha.
(Apago as anotações anteriores, as quais já estão exposta na força tarefa.)
Esse é o chefe da máfia (Escrevo o nome Marcus Vizzano no centro.) E essa
é sua filha, provável sucessora, pelo que li nos materiais do professor o poder
da máfia é hereditário, ou seja, ela é a próxima chefe. (Escrevo Ellie Vizzano,
abaixo do nome central.) Me acompanhem, o primeiro ataque da máfia se deu
após do depoimento do policial. (Faço uma seta e coloco minhas próximas
palavras.) Onde o nome Aloísio apareceu, (anoto) e descobrimos que o
Aloísio já apresentou o sobrenome Vizzano a muito tempo atrás. (Destaco
com um quadrado o nome do político.) E o mesmo está tendo alguns
conflitos políticos e pretende ganhar apoio de um grandão do planalto. (Puxo
uma seta e ponho uma interrogação, dentro de um círculo.) Essas são as
informações que temos no momento. (Vejo que eles estão me acompanhando
e continuo.) Após descobrimos o Aloisio a máfia começou a nos parar. (Puxo
outra seta do lado contrário) Promotoria embargando a investigação. Aviso
para ter cuidado, (Anoto) e ameaça com a exterminação de uma família
inteira. (Após escrever tudo, puxo novamente uma seta e ponho outra
interrogação.) Essa são as cenas que passamos até agora. Porém analisem, já
sabemos que o problema está aqui. (Aponto para o deputado.) Mas um
terceiro fato aconteceu, (Puxo um traço do nome da filha mafiosa) As
ligações com o intuito de um acordo, 1 por 5. (Escrevo)
- O quê? Como assim? (Marcelo pergunta curioso.)
- Hoje ela me disse o que realmente quer, um por cinco, ou seja, ela quer
uma troca, trocamos uma coisa por cinco.
- Isso é uma armadilha! (Guilherme afirma convicto.)
- Foi o que pensei assim que ela falou, porém tem algo que não se encaixa.
(Olho o quadro.) Quem faz isso... (Aponto para o nome família exterminada)
iria apenas fazer uma proposta de acordo? Por que não me matar? Ou fazer
uma ameaça direta? (Ambos ficam em silencio.) Pensei em duas repostas, a
filha pode estar tentando passar por cima do pai para ter seu poder de uma
vez, brigas no poder da máfia é comum, pelos documentos do professor, pode
ser uma jogada dela de assumir, ou está tentando ajudar o pai. Se a segunda
estiver correta, seria a mais lógica, pois poderíamos supor que após o delação
de policial e a menção de um integrante importante da Máfia, um conflito
pode ter se instaurado entre eles, o que leva a explicação do desentendimento
do deputado com o governador e outros deputados. E a sua busca por uma
aliança com alguém do planalto só pode significar uma coisa.
- A máfia está contra ele. (Guilherme fala sério)
- Exato!
- E se a filha quer o poder precisa mostrar ser mais capaz que o pai, então
está agindo em sigilo, tentando trocar informações para dizer que resolveu o
conflito. (Marcelo conclui) Se a segunda opção for a correta...
- O nome do deputado está ameaçando a liderança... Ele não é apenas um
integrante da Máfia. É alguém que os amedronta. (Guilherme completa.)
- Pela maneira como estão agindo rápido, eles devem estar com pouco
tempo, então o plano de ser uma armadilha, ou me infiltrar, são
desnecessários. (Minha cabeça vibra.) Nós poderíamos perder um... e ganhar
cinco... ou eles podem tentar fechar uma porta e abrimos oportunidades.
- Seu olhar está friamente calculista, o que está pensando? (Marcelo me
olha desafiador.)
- O que está faltando para esse caso começar andar? (Os questiono
sorrindo friamente, como fui tão ingênuo?)
- Pistas?
- Exato, temos a delação do policial, mas não conseguimos nada, se eles
querem um acordo, vão nos dar mais pistas, elas podem ser armadilhas...,
mas eles sabem que checaríamos, e sabe que não cederíamos de graça.
- E então? (Guilherme questiona, eu apenas pego o celular e digito uma
mensagem. Ligue agora, já tenho uma resposta. Após alguns segundo o
celular toca. Pisco para eles e atendo colocando no alto-falante.)
- E então El diabo, qual a sua resposta.
- Primeiro, quero que me diga o que vai querer, e só então eu poderei dar a
resposta.
- Subtração de documento... em troca lhe forneço uma lista com 10 nomes
para que se divirta tentando nos pegar.
- Você concorda comigo que sua proposta não é atrativa, como vou saber
se esses nomes são tão importantes quanto o documento que quer?
- Você não pode entender as leis Vizzano, mas tenha certeza que estará
ganhando. (Então é algo interno realmente...)
- Subtração de documento é proibido de acordo com o ... (Sou
interrompido)
- Art. 305 do código penal, tenho conhecimento, não lhe daria algo fácil.
- O que lhe leva a concluir que eu aceitaria? (Digo firme, vamos me dê
mais informações.)
- Somos os Vizzanos, você não encontrará nada, que não permitimos. (Sua
voz é meticulosamente suave e fria.)
- Seu interesse no documento, me faz pensar o contrário. (A provoco,
tenho que descobrir o real interesse.)
- A uma citação de Paul Castellano que diz “Há certas promessas que
você faz que são mais sagradas que qualquer coisa que acontece em um
tribunal de justiça, eu não me importo para a quantidade de Bíblias em que
você põe sua mão.” (Ela fala convicta e eu lembro das palavras do professor
em um dos artigos. “A honra dentro de uma máfia, vale mais que o medo dos
oficiais.”) Qual a sua resposta?
- Suponho que o documento seja a delação do policial. Não foi depois dela
que vocês se interessaram por mim. (Sorrio debochado, esse jogo eu vou
ganhar.)
- Você é o El diabo, não é mesmo. Queremos o documento em nossas
mãos e uma prova documentada, que sua utilização não será utilizada, com
penalização de falsificação de documento, você entende de leis, Art. 297 do
código penal.
- Em troca?
- Você ganha os 10 nomes...
- Não! (Falo sério)
- Não? (Sua voz parece confusa, esse jogo é meu, criança.)
- Quem me garante que esses nomes vão me fazer encontrar o que eu
quero.
- Então o que você quer?
- Quero 5 componentes da assembleia. (A linha fica em silêncio.) Os
Vizzanos são antigos, todos sabem do tal conselho.
- Isso é impos....
- Não! (A interrompo) Estou infligindo duas leis, e estarei lhe dando a
garantia, então o mínimo que pode me fazer é mostrar para quem eu devo
latir antes de encontrar você. É uma oferta agradável, você pode me enviar os
mais fracos, 5 é razoável, não acha. (É com eles que vou descobrir vocês.)
Mas, se não quiser, é uma opção sua! (O silencio ainda aparece, escuto
barulho de porta se abrindo e fechando, logo em seguida o som fino de vidro
se quebrando aparece.)
- Temos um acordo! (Sua voz é fria e calma.)
- Temos, porém...
- Não tem, porém, você me passou os termos e aceitei.
- Vou lhe dar uma assinatura minha... quero compartilhar a sua também.
Ponha os nomes em uma folha autenticada e assine com o seu nome e do seu
pai. Você entende de leis, então sabe que precisamos de garantias.
-Ok! (Ela não demora.) Amanhã, no mesmo horário, envie tudo para este
e-mail. Você receberá o que precisa. Foi um prazer El diabo!
- Ainda nos encontraremos em breve. (A ligação é desligada)
- PUTA QUE PARIU! Você vai mesmo dar a delação? E se eles
entregarem os nomes errados? (Marcelo parece não acreditar na minha
aceitação.)
- Eles provavelmente o farão. (Digo sorrindo.)
- E então por que aceitou? (Ele questiona)
- Por que eu preciso da assinatura.
- Não entendi! (Guilherme se pronuncia.)
- Já temos alguém na cola do Aloísio, eu posso dar a delação, mas não
pararei a investigação, com este documento assinado por eles eu posso
conseguir informações.
- Porra, jogou bem, podemos plantar verde e colher maduro com isso.
- Exato! Se o governador estiver envolvido, ele será o primeiro que
abordarei... eles não vão conseguir outro acordo. Só preciso de uma
assinatura!
- Boa sacada, mas se eles desconfiarem? (Marcelo questiona.)
- Não vão, estão ansiosos para resolver os conflitos, li no artigo que a
honra para ele é mais importante que até mesmo uma prisão, então estão
focados em resolver o tal problema, que descobriremos se estivermos calmos,
o desespero atrapalha, então seremos calmos e precisos.
- É por isso que é o El diabo! (Rimos e voltamos aos nossos trabalhos,
apesar de ser arriscado, tenho certeza que fiz o movimento certo, uma
assinatura pode não parecer muita coisa, a não ser que você seja líder de uma
máfia. Sinto que realmente comecei a dar os primeiros passos. Foco na
investigação e lá se vai mais uma noite de plantão.
Capítulo XIV
"Um dia a gente aprende a construir todas as nossas estradas no hoje;
Porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, E o futuro tem
o costume de cair em meio ao vão." ― William Shakespeare
Larissia Vizzano
- O COMBINADO NÃO ERA ESSE! (A voz do meu pai ecoa alto pelo
escritório e vejo Cauã preocupado, assim como mamãe.)
- EU FIZ O QUE ERA PRECISO! (Me exalto, ele já tinha combinado
com o acordo.)
- Não posso simplesmente dar 5 nomes do conselho! (Vejo sua veia se
alterar.)
- SENHOR MARCUS, VOCÊ ME MANDOU CONSEGUIR A DROGA
DA DELAÇÃO E ELA ESTARÁ NA SUA MÃO. (Sou extremamente
grossa e esqueço nossos laços fraternais.) Consequências? Nunca pensou
nisso, agora vai? Então escolha as carnes e jogue aos leões, ou eu mesmo
farei isso, a minha posição está em jogo, não era essa a questão? Cauã, redija
o documento, e autentifique, sem nenhuma falsificação. Quando estiver
pronto me chamem, não quero ser interrompida até esse maldito papel estiver
pronto. (Olho fixamente para meu pai, que parece estar pronto a me dar uma
bela surra.) Consegui o que tanto quis, você me fez pressionar o delegado
para que as coisas fossem mais rápido e consegui também, agi conforme
tínhamos concordado, o único que está voltando atrás da sua palavra é você,
porém não vou jogar o seu joguinho, é minha posição, minha vida que está
em pauta. Dê o que querem, ganhe o que quer, o resto deixe sob
responsabilidade da máfia, não vou arriscar a minha posição por eles. (Antes
que a cena se desenrole em tapas e ofensas, saio da sala e com toda a força do
meu corpo vou para o quarto. Minha respiração está totalmente acelerada. Eu
desafiei meu pai, DROGA! Ele não vai deixar barato, vejo minhas mãos
tremendo, tranco a porta do quarto e me jogo na cama.)
Larissia, vamos organizar os pensamentos, você conseguiu a delação do
policial, o nome do tio Aloisio vai ser anulado e a máfia não vai obrigar a
saída do seu pai. [RESPIRA E NÃO ENLOUQUECE] minha majestade
surge em seu jaleco branco, tentando me acalmar. Por que eu sinto que algo
não está certo, a visão do meu pai vermelho de raiva e quebrando o copo de
uísque me faz pensar, não conseguimos exatamente o que ele queria? Acho
que ele não esperava uma proposta ousada do delegado. Esse cara realmente
é o único capaz de enfrentar os Vizzanos. Minha cabeça lateja, eu não vou
aguentar essa confusão por muito tempo, preciso que Cauã me entregue logo
o que preciso, como acabamos ele só terá até amanhã para me entregar tudo.
Meus olhos aos poucos se fecham e deixo a confusão da minha mente de lado
e me permito descansar meus olhos. Uma batida me acorda e vejo que o sol
aparece na minha janela, meu Deus eu dormir tanto assim?
- Lari, bom dia filha! Posso entrar? (A voz da minha mãe me tira da
sonolência.)
- Só um minuto! (Me levanto e abro a porta, minha mãe me olha e vejo
seus olhos inchados e com grandes olheiras.) Mãe! (Ela entra e senta em
minha cama.)
- Lari, me perdoe. (Seus olhos se fixam no meu e sito um aperto no
coração, apenas sento ao seu lado em silêncio.) Nós não a queríamos
envolver, mas você entende que não tínhamos ninguém confiável a não ser
nossa filha?
- Mãe, não precisa se culpar, eu já entendi que não poderiam utilizar
terceiros, o hacker já foi arriscado.
-Sim, seu pai ameaçou toda a família dele, caso contasse para alguém o
que aconteceu. Mesmo assim ainda temos um risco. Filha (Sua voz é triste ao
me chamar e eu apenas espero suas próximas palavras, sei que quer me falar
algo.) não sinta raiva do seu pai, admito que ele explodiu ontem e
ultimamente está completamente explosivo, mas as burradas do seu tio estão
pesando nas costas dele. O conselho está o pressionando de um lado, do outro
ele se sente responsável por sua tia e seus primos e ainda tem você. Seja
compreensível com ele, por favor filha. Ontem quando vi ele jogando o copo
de uísque na parede eu tomei um susto, eu sei do que seu pai faz fora de casa,
mas ele nunca foi agressivo em casa.
- Eu não entendi, já tínhamos um acordo, ele concordou em dar 10 nomes,
e agora que reduziu para 5 ele estava furioso.
- Não foi pela ligação filha, por isso vim aqui.
- Como assim?
- Ontem, antes de você ir na sala e nos chamar, recebemos uma ligação,
Aloisio está fazendo coisas perigosas demais, achávamos que foi apenas
ganancia dele não ter dado o dinheiro correto para os policiais, mas agora
(Ela fica alguns segundo em silêncio.) penso que ele está tentando prejudicar
seu pai.
- O que houve?
- Ele está utilizando muita propina para querer um laço no planalto. Ele
planeja algo grande e sinto que seu pai levará a culpa por isso.
- Não vai, não se depender de mim. (Eu não vou deixar afundar mais ainda
a minha família.) Mãe, se eu conseguisse dar um fim na máfia?
- Oh meu amor, (Minha mãe dar uma risada triste) isso é impossível.
- Por que?
- Você é apenas uma menina Larissia, claro é adulta..., porém para acabar
com a máfia é preciso mais do que seu ódio por isso.
- Então do que é preciso?
- Filha, os Vizzanos são como essa aliança, (Ela retira seu pequeno anel de
ouro dos dedos.) Ela não tem início e nem fim. Assim é a máfia dos seus
antepassados, eles amarraram tantos os seus laços, que alguns estudiosos até
pesquisam sobre os Vizzanos. Ela está aqui desde da formação do país,
quando os italianos vieram, trouxeram muitas coisas e os Vizzanos é um fruto
do trabalho de diversas gerações sua. O que você precisaria, era ser uma
Vizzano romper essa aliança. (Ela faz a ilustração da aliança se quebrando e
depois coloca em seu dedo novamente.) Isso está além de suas mãos meu
amor. (Não se eu fizer o que for preciso.)
- Sim, mãe, foi apenas uma ideia idiota. E porque seus olhos estão assim?
Não dormiu?
- Estou preocupada com seu pai, com você!
- Mãe, estou bem, eu realmente fui muito firme com o papai. Se soubesse
que seus gritos não eram diretamente para mim, teria respirado mais.
- Essa é minha filha. (Ela sorrir pouco e me abraça.)
- Me perdoa mãe, por ser uma péssima filha! (Digo antecipado)
- Não filha, é você que precisa me perdoar, por não poder te tirar dessa
confusão. (Descanso em seu peito, e memorizo essa cena.)
- Meu pai já resolveu o documento?
- Sim, deixou com Cauã antes de sair.
- Então deixa eu resolver isso, não vou para a universidade hoje, não tenho
aula, pois iremos a um congresso na próxima aula, mas vou precisar estudar a
pauta com Malu.
-Antes, vamos tomar um café da manhã. (Sorrio, mas me sinto triste toda
vez que vejo sua aparência)
- Vou tomar um banho e já estou indo.
- Está bem! (Ela sai e eu imediatamente ligo para o Betto, ele me atende.)
- Fala maninha!
- Betto, o equipamento já está na sua mão?
- Sim, peguei ontem, tentei te ligar, mas não atendia.
- Fui dormir muito cedo. Malu está com você?
- Ela está dormindo.
- Pede a ela para levar no bistrô. Vou tomar café e estarei lá. Obrigada
Betto, não conseguiria sem você
- Estou ao seu dispor minha linda. (Desligo e tomo um banho rápido, faço
minha higiene, me visto e vou para cozinha, onde Simone e mamãe riem
conversando.)
- Monie, olha para essas olheiras da mamãe. (Balanço a cabeça) Assim ela
não vai chegar nos 60 tão bem quanto você.
- Me respeita menina, que não sou tão velha. (Elas dão risada e eu
acompanho.)
- Mãe, marquei de encontrar a Malu no bistrô, já que aqui é complicado.
Então vou assinar e ir direto para lá.
- Certo, filha, estou com saudade da Malu, peça para me visitar algum
domingo à tarde, é quando a casa não parece um quartel general.
- Pode deixar! Então o que temos hoje... (Sento na mesa e tomo um café
rápido, apenas um copo de café e algumas torradas com geleia.) Agora tenho
que ir.
- Mais já? (Simone me olha preocupada.) Você nem jantou ontem e só vai
comer isso.
- Estou satisfeita Monie, e no bistrô tem sempre alguma coisa para
beliscar. (Pisco para ela e a vejo sorrir. Vou para o escritório e já vejo Cauã
mexendo compulsivamente no computador.)
- Bom dia Cauã!
- Bom dia senhora, (Ele olha para trás e depois me encara.) virei a noite,
mas consegui fazer tudo o que pediu, aqui está. (Ele tira um pen driver do seu
computador e me entrega.)
-Ótimo! Cadê o documento que meu pai deixou aqui?
- AQUI! (Ele me entrega e olho, Marcus Vizzano é realmente esperto,
botou apenas nomes que não fazem parte da cúpula VIP. Eu já imaginava,
mas eles são do conselho, então o acordo está certo. Assino e entrego.)
- O documento deles já foi entregue?
-Ainda não!
- Ok, então me escute bem. Assim que os documentos forem digitalizados
e recebidos, você finaliza tudo. Não deixe nenhum vestígio, e use isso. (Tiro
da calça as 5 passagens aéreas com destino para a Argentina.) Com o
dinheiro que ganhou, vai viver extremamente bem lá. Você não está sendo
ameaçado e nada semelhante, é apenas uma medida de prevenção, para você
e sua família.
- Sim, senhora!
Saio da sala com o pen drive e vou diretamente para o bistrô, adentro e
vou para o escritório à espera de Malu, meu celular vibra e vejo uma
mensagem do Alex.
Estou prestes a pegar um caso bastante complicado e acho que não terei
muito tempo para você, o que acha de nós encontrarmos hoje à noite?
Meu coração se aquece, ele é tão carinhoso. Eu nunca me senti tão
envolvida com alguém, mas logo agora que minha vida está tão complicada,
por que não apareceu depois. Fecho os olhos. [Você está apaixonada
Larissia!} minha majestade interior surge de seu palácio, vestida em um
longo vestido de cetim rosa, com uma taça e seu olhar debochado me analisa,
como se dissesse o obvio. Apaixonada? Agora? Respiro fundo, minha vida
inteira nada esteve ao meu controle e parece que amar, também não vai estar.
Eu preciso ao menos vê-lo, não sei até quando será possível. Aproveito a
coragem repentina e digito uma mensagem rápida.
- Seria um prazer, você escolhe o local! (Seguro o celular próximo ao meu
peito e respiro pausadamente, seja uma mulher normal sem o peso da máfia
pelo menos uma vez Larissia, repito mentalmente e minha majestade apenas
observa bebericando seu drinque. Meu celular vibra e olho nervosa.)
- Conheço um barzinho incrível, pode ser? Digito a resposta sem pensar
muito.
- Ótimo, me manda a localização, nos encontramos lá! Sem tempo para
pensar a resposta chega de imediato.
-Perfeito, as 21:00 então, estou louco para te ver. Respondo no mesmo
instante.
- Digo o mesmo! Envio um emoji piscando e ele retribui com outro
soltando beijo. A localização chega em seguida, juntamente com uma
mensagem da Malu, avisando que está em frente ao bistrô. Vou até lá e a
encontro
- Demorei baybe? (Ela retira seus óculos escuros, como se estivesse me
paquerando.)
- Anda logo sua louca! (Entramos e vamos direto para o escritório.)
- Então, o que está pretendendo? (Ela se senta em uma das poltronas e eu a
acompanho.)
- Vou colocar esse grampo no escritório do meu pai, e tentar conseguir
provas o suficiente. Porém, mamãe falou que só alguém de dentro da máfia,
pode desfazer a máfia.
- E você? O que acha?
- Eu vou fazer o que for preciso para acabar com isso, então eu acho que
se estar ao meu alcance é possível. Mas, não vamos falar disso, o
equipamento está aqui, vou deixar para pensar sobre minhas ações depois que
tiver algo concreto. No momento, vou trabalhar com minhas variáveis certas.
- Ou seja?
- Continuar sendo a boa filha, tenho algo para analisar agora. (Pego o pen
Drive em cima da mesa.) Cauã, o hacker de quem falei, ele compilou o dossiê
de cada membro do conselho que mandei, e conseguiu informações do
notebook do meu pai.
- Isso é um tesouro! (Vejo seus olhos brilharem.)
- Sim, é! Porém a central da máfia, não é o escritório dele, e sim na
organização. Por mais que tenham provas aqui, não será para todos, e minha
intenção é uma rede para pegar todos e acabar literalmente com isso.
- Se seu pai descobre o que está fazendo...
- Ele não vai, mandei Cauã ir para Argentina, vou esperar o embarque e
instalo tudo, pois se ele descobrir vai pensar que foi Cauã, então não posso
permitir que isso ocorra, enquanto ele ainda está no Brasil.
- Porra Lari, tu é inteligente!
- Eu sei! (Pisco divertida para ela)
- Mas, você precisa ter cuidado, precisava de um lugar para juntar as
provas, analisar.
- É por isso que por enquanto vou deixar com você, meu quarto é muito
acessível para ele, à medida que encontrarmos provas, arranjo outro local.
Você seria a primeira cumplice que ele imaginaria se me descobrisse.
- Estou me sentindo em um filme de ação. (Ela põe os óculos escuros
novamente. E rimos.) Brincadeira Lari, eu sei que nossas vidas estão em
risco.
- Não vou deixar nada acontecer contigo amiga, não se preocupe.
- Eu também não vou deixar que nada aconteça com você. Mas... mudando
de assunto, tem comida? Não tomei café da manhã.
- Vem, vou preparar algo! (Vou para cozinha e faço o que amo.)
- LARIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII que delicia minha nossa, esse recheio da panqueca
está de outro mundo. Você é incrível amiga!
- Vou fingir que está falando de coração e não pela comida. (A acompanho
e me sinto leve ao tê-la ao meu lado.) Malu... (A chamo, ela vai surtar.)
- Fala! (Ela não me olha e continua comendo.)
- Vou sair hoje à noite com Alex! (A vejo engasgar imediatamente e
começo a rir.)
- VOCÊ O QUÊ? Sério? (Seus olhos estão totalmente abertos.)
- Sim, ele me chamou, pois vai entrar em um caso complicado e não terá
muito tempo.
- Eu não estou querendo explicações, você sabe o que significa, não é?
Dois adultos saindo a noite. Me diz que entende!
- Sim, eu entendo.
-Sua vadia! Você vai finalmente se dar uma chance, e logo com um deus
grego daquele que inveja Larissia! (Ela pega uma tampa e começa a se
abanar.)
- Calma Malu! (Começo a rir do seu jeito desesperado) eu nem sei se estou
preparada.
- Ah, para Larissia, você tem 25 anos, está mais que preparada, quer que
eu te ensine? (Ela vai até minha geladeira e volta com uma berinjela na mão.)
- Você não vai fazer isso. (Começo a rir descontroladamente.)
- Shiu! Agora você vai ter uma aula incrível. Lhes apresento o oral da
Malu.
- Que ridículo Malu! (Não consigo parar de rir.)
- Quando estiverem esquentando, e ele começar a explorar seu corpo, você
abre a calça dele e pega o pau do cara assim. (Ela encena) Aperta, não com
muita força, mas também não seja fresca, principalmente com um homão
daquele. Eu daria fácil, fácil o que ele quisesse.
-MARIA LUIZA! (Entre gargalhada tento ficar séria.) EU sei o que fazer,
Ok? Então larga essa berinjela e volte a comer.
- Nem expliquei o garganta profunda ainda.
- Você é muito sem noção garota, eu posso não ter prática, mas o básico
eu sei. Agora larga isso ai! (Ela finge tristeza e vem para a mesa.) Eu vou
precisar de você.
- Relaxe, já projetei tudo em minha cabeça.
- Mas eu mal te contei.
- E? Vamos, preciso passar o esquema, (ela volta a comer) Já resolveu
tudo com o seu pai?
- Sim, uma hora dessas Cauã já finalizou tudo e está indo para casa.
- Então vamos começar, ligue para sua mãe.
- Para que?
- Só liga Larissia! (Assim o faço e no terceiro toque ela atende.)
- Mãe!
- Oi Lari! Cauã mandou avisar que tudo já foi concretizado, você pode
olhar o e-mail.
- Ele já saiu?
- Sim, tem uns 10 minutos.
- Que bom! (Malu, faz mimica e consigo entender o que ela diz.) Mãe, irei
dormir na casa da Malu hoje.
- Por que Larissia? Você dormiu lá um dia desses, você conhece seu pai,
filha.
- Diga, que é um bônus pelo trabalho realizado.
- Como se isso bastasse. Por que você não me conta logo qual o nome
dele.
- O quê? (Coloco imediatamente na viva voz.)
- Não se faça de boba dona Larissia, você tem chegado muito animada em
casa, e acha que não vi aquele dia que recebeu uma mensagem? Você estava
na mesa conosco filha, seu pai não percebeu, por que não sabe detectar os
olhos brilhante de uma garota!
-BOA TIA! (Malu fala alto e começa a rir.)
- Você está junto com ela não é Malu! Estão tramando até planos agora!
- Desculpa tia, a Lari, já está grandinha para ficar presa tia.
- Eu sei meu amor, mas você sabe o motivo, é difícil para nós.
- Eu sei tia, e compreendo.
- O gato comeu sua língua Larissia?
- Oi? (Se tivesse um buraco eu me enfiava, amo minha mãe, mas falar
sobre algo que nunca conversamos é totalmente estranho.)
- Não se faça de louca dona Larissia, eu perguntei o nome. (E agora eu
falo?)
- É um amigo do curso tia. (Olho para Malu e ela faz sinal de silêncio.)
Após 2 anos eles finalmente estão se conhecendo melhor.
- Tudo isso? Meu Deus... Filha, eu não vou te privar disso, mas você sabe
das responsabilidades como nossa filha, não sabe?
- Mãe, não estou casando com ninguém!
- Eu sei, Malu, cuida da minha garota! Eu vou dar um jeito nos seguranças
para você filha, é uma recompensa pelas burradas que seus pais estão
fazendo. (Essa é minha mãe!) Mas, em troca você tem que me prometer algo.
- O que?
- Essa é a segunda noite que você vai para casa da Malu... (Ela hesita)
tome os cuidados necessários. (Não entendo o que ela diz.)
- Cuidados?
- Sim Larissia, preservativos, seu pai me mata se algo acontece. (Malu
imediatamente rir como uma louca e sinto minhas bochechas queimarem.)
- Ah Mãe! Tchau, te amo! (Desligo completamente envergonhada e Malu
continua rindo como louca.)
- Sua mãe é a melhor!
- Para de rir Malu!
- Oh amiga, é impossível, sua mãe nem sabe que é virgem ainda. E pior,
ela sacou bem antes de você.
- Está bom, chega desse assunto! Vou ir à cozinha, o pessoal deve ter
chegado. (Saio apressada para a cozinha e já encontro meu pessoal, sinto
minhas bochechas vermelhas, Larissia, você não é uma garotinha, é uma
mulher.) Bom dia pessoal, vamos cozinhar com garra hoje!
- A chefinha está no controle hoje! (O subchefe diz e todos começam a rir,
vamos esfriar a mente e o corpo?)
São exatamente quinze para as nove e estou olhando a minha imagem no
espelho.
- Malu, o que você fez comigo? (Meus olhos estão assombrados, meus
olhos estão marcados em uma maquiagem escura e meus lábios em vinho me
faz parecer uma mulher totalmente decidida e sexy. Uma blusa branca com
um pequeno decote se encaixa perfeitamente em uma saia preta de vinil e
saltos altos da mesma cor. Meus cabelos estão completamente alisados e
soltos, combinando perfeitamente com a maquiagem e realçando meus
olhos.)
- Você está sexy, sem ser vulgar.
- Não sei nem dizer se está bom ou ruim.
- Você não tem que dizer nada, apenas seja a Larissia que você sempre
quis ser. E não esqueça de falar que é virgem, homens tendem a ser
carinhosos nas primeiras vezes.
- Mas, ele vai me achar uma garotinha.
- Alex parece ser muito bem dotado Larissia, de ferramentas e habilidades,
é a sua primeira vez, e se ele te machucar sem querer.
- Eu nem sei se vou realmente dormir com ele.
- Eu espero que sim, senão eu vou! (Olho para ela.) Brincadeira! Ou não!
(Ela pisca e eu jogo seu travesseiro em seu rosto.) Vamos, já estamos
atrasadas o suficiente, até lá será uns minutos. (Saímos e realmente mamãe
cumpriu com sua palavra não há nenhum segurança. Malu me leva e vamos
conversando sobre ligar para ela, caso algo der errado, ou ele beba demais.
Chego em frente ao barzinho as 21:25. Estou saindo do carro, quando Malu
me chama.) Amiga, seja você mesmo, faça o que quiser, o que se sentir bem.
SE PERMITA! (Sorrio, ela sabe exatamente como me confortar. Ela sai e eu
respiro fundo adentrando ao local. Procuro por Alex e o vejo em uma mesa
no fim, ele acena e eu vou tentando controlar meu nervosismo... Hoje você
não vai ser uma menina, vai ser uma MULHER!)
Capítulo XV
“Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, tuas margens, teus rios, teus
povoados pequenos, e o fogo genital transformado em delícia.” – Pablo
Neruda
Alex Aguiar
Olho a entrada do bar e sinto todos os meus sentidos sendo aguçados,
Larissia está tentadoramente irresistível, seus peitos estão perfeitamente
atraentes em uma blusa branca, suas curvas estão marcadas por um tecido
preto interessante. A cada passo que ela dar para perto da minha mesa, sinto
meu pau acordando, se controla Alex, você não é a porra de um adolescente.
Ela chega finalmente em minha mesa e quando me levanto consigo observar
melhor seu rosto e PUTA QUE PARIU EU ESTOU FERRADO!
- Caralho, você está, (como descrevê-la de maneira correta?)
incrivelmente linda. (Vejo suas bochechas ficarem rosas. Puxo a cadeira ao
meu lado e ela senta e faço o mesmo. Seus seios estão ocultos e ao mesmo
tempo tão atraentes, que sinto meu pau querendo tomar vida e retirar sua
blusa.)
- Boa noite! (Ela rir, olhando para a minha calça, porra Alex, boa
impressão.)
- Não tenho culpa! (Me justifico olhando seus olhos, pego meu copo de
uísque e levo a boca.) aceita uma bebida?
- Sim! (Chamo o garçom e antes que eu peça, Larissia já faz seu pedido.)
Uma caipirinha por favor! (A observo e não consigo tirar um pensamento da
cabeça, essa mulher precisa ser minha.)
- Você consegue me surpreender cada vez mais que te conheço.
- Digo o mesmo de você professor, (ela fixa em meus olhos e nossos
corpos parecem que estão se desnudando com os olhos.) e então, mais um
caso complicado? (Eu queria esquecer o caso e focar em seu corpo se
colidindo ao meu.)
- Sim, ficarei um pouco longe, mas não poderia deixar de ter um momento
com você.
- A calmaria antes da tempestade. (Ela fala pensativa e eu concordo.)
- Sim, mas enquanto a tempestade não chega, eu quero aproveitar a
calmaria. (Passo a língua em meus lábios umedecendo-os e não perco mais
tempo, seguro em sua cintura e a trago para um beijo, nossos lábios estão
calmos, parecem saborear cada segundo, puxo seus lábios no meu e sinto sua
perna se fechando, excitada Lari? Somos interrompidos pelo garçom e vejo
que novamente a menina tímida está em minha frente, ela pega a bebida
envergonhada e eu apenas observo, tomando mais um gole do uísque.)
- Você realmente não tem limites! (Ela diz rindo e balançando a cabeça,
tomando a sua bebida.)
- Eu ultrapasso todos se for com você. (Novamente nossos olhos se
fixam.)
- Realmente todos? (Ela questiona e vejo uma mulher maliciosa na minha
frente, essas mudanças dela é o que me deixa mais enfeitiçado.)
- Sim.
- Eu posso ter limites que você não consegue ultrapassar.
- Eu consigo tudo que eu quero! (Pisco e sorrio para ela.)
- E o que você quer agora? (Porra mulher, não me faz uma pergunta dessa.
Me aproximo dela e sussurro em seu ouvido.)
- Seu corpo se fundindo ao meu. (Aproveito e mordo o lóbulo da sua
orelha e a vejo se arrepiar.)
- Acho que o barzinho foi um pretexto... (Ela me olha e bingo!)
- Não, é a entrada da noite. (Me afasto e volto para o meu local, e bebemos
um pouco.)
- Não vejo a hora de experimentar as outras fases. (Ela morde seus lábios e
cruza as pernas, mexendo em seus cabelos, eu queria poder ter controle sobre
meu corpo, mas não tenho, viro o restante do líquido e esqueço o resto,
observo onde estamos e me aproximo dela, meu pau começa a doer na calça.)
- Eu estou completamente louco por você Larissia. (Sussurro ao seu
ouvido por cima da música alta e a vejo estremecer a cada palavra, meu pau
lateja e sinto que preciso dela, o desejo me consome por completo e vejo
nossos olhares se cruzando. Delicadamente, passeio minhas mãos por suas
coxas e consigo sentir sua necessidade também.)
- Aqui tem muita gente... (suas bochechas rosadas, me fazem querer vê-la
em gemidos, adentro minhas mãos cada vez mais fundo em sua saia, tendo o
cuidado para que não seja perceptível. Respiro devagar e sussurro.)
- Isso só torna ainda melhor, você não acha? (Meus dedos encontram a sua
calcinha e sinto suas pernas abrindo involuntariamente. Isso, a tensão de ter
um público está me levando a pensamentos completamente sujos, Calma
Alex!) Nossos olhos se encontram e preciso sentir sua carne, a calcinha
completamente molhada me faz quere-la sem nenhum pudor, passeio devagar
por sua intimidade e encontro a entrada lateral da sua calcinha, não penso em
mais nada e invado sua carne, observando sua reação, a vejo fechar os olhos e
abri-los rapidamente. Massageio seu clitóris e me perco em sua umidade,
observo suas reações e estou quase a fudendo aqui e agora.
- O que você acha de sairmos daqui? (ISSOOOO, meu pau parece estar em
final de campeonato de tão animado.)
- Achei que não iria pedir... (Não digo nada e retiro meus dedos, a
olhando, os levo até a boca e sinto seu gosto... PORRA, eu quero você
Larissia! A vejo estremecer e penso rápido.
- Tudo bem em ir para minha casa? (A questiono, mas seus olhos estão
confusos, será que fui rápido? Mas não foi ela quem ofereceu sair? Talvez ela
queira em sua casa.) Pode ser a sua sem problema... (Tento me justificar, mas
sou interrompido.)
- Não! (Um motel então? Ou ela desistiu?) Quero dizer, não moro sozinha,
poderia ser inconveniente. (Meu corpo relaxa, e chamo o garçom pagando a
conta, fiquei o que? Uns 40 minutos? Quem liga!)
- Oh sim, então vamos para minha. (Me levanto e ponho minhas mãos em
sua cintura e vou em direção ao carro. Eu quero fudê-la aqui no carro mesmo.
DROGA SE CONTROLA CARA. Ligo o carro e ponho uma música, antes
que decida fazer o que pretendo aqui mesmo.)
- Por acaso você está nervoso? (Ela diz debochada, e sinto meu pau doer)
Não precisa eu juro que serei boazinha... (Não brinque com um pau sedento
Larissia, já tenho umas semanas sem sexo e é meu Record.)
- Não estou nervoso. (O sinal fecha e fixo meu olhar no seu, você quem
começou.) Só estou me segurando para não fuder você exatamente agora e
aqui. (Digo devagar, para que ela sinta meu desejo pelas palavras.) Ou você
acha que isso é nervosismo? (Pego sua mão e ponho diretamente no meu pau
extremamente duro, vejo suas bochechas ficarem vermelhas e provoco.)
Nervosa?
O sinal abre e sigo rapidamente a caminho de casa, Larissia retira suas
mãos do meu pau e eu apenas dou risada. Vou o mais rápido, dentro do
permitido por lei, e assim que chego em frente ao apartamento sinto meu
tesão aumentando, descemos e seguimos para o elevador. Assim que a porta
se fecha, eu não aguento mais esse silêncio, a puxo para mim, me colocando
atrás dela, nossos corpos estão colados e percebo que ela sente meu membro
duro em seu corpo. Ah, Larissia, você não tem noção do tesão que estou.)
- A sua sorte é que aqui tem câmeras. (Digo baixo em seu ouvido, e a vejo
fechar os olhos, aproveito, e aperto sua cintura a fazendo sentir ainda mais
meu membro.) Se prepare Larissia, não há deixarei dormir... (As portas se
abrem e entro olhando para ela.) Agora você é só minha ruivinha!
Abro a porta e assim que ela passa a prendo na parede, colando nossos
corpos como seu fossem um só, nossas bocas ganham vontade própria e
começam uma batalha deliciosa. Estou completamente louco por ela, preciso
dela, retiro sua blusa e fico louco por seus seios cobertos pelo sutiã. Minhas
mãos estão famintas e exploro seu corpo, Larissia arranca minha blusa e sinto
que estou a um passo de perder a sanidade, a levanto e encaixo em minha
cintura, esqueço completamente de tirar a arma, e vou indo em direção ao
quarto. Exploro cada parte do seu colo com minha boca e assim que entro no
quarto a ponho na cama. Sua respiração está descompassada, e isso me deixa
louco, a pouca luz me impede de vislumbrar seu corpo, mas a necessidade me
faz agir rapidamente, retiro a arma da cintura e meu distintivo do bolso e
ponho no criado mudo, volto e começo a beijar seu tornozelo, escuto
pequenos gemidos e exploro suas pernas, depositando lambidas, beijos e
chupões. Seu corpo vibra cada vez que minha língua entra em contato com
sua pele, faço um caminho silencioso e subo minha boca, até delicadamente
chupar o interior das suas coxas, sugo com vontade a sua pele e seus
gemidos se intensificam e em resposta, sinto seus dedos se entrelaçando em
meus cabelo os puxando devagar, entendo seu movimento e passo minha
língua em sua fenda umedecida e em seguida abocanho sua intimidade com
vontade, seu corpo vai relaxando e minha língua brinca com seu clitóris, eu
não consigo, mais aguentar, Droga! Ponho dois dedos em sua intimidade e a
vejo ficar tensa... Fiz algo de errado?
- Eu preciso de você, agora! (Ela diz séria e eu relaxo.)
- Caralho mulher, não se fala essas coisas, para um homem com tanto
tesão acumulado. (Digo sério, sentindo meu pau latejar arranco o que tem de
roupa e rápido abro a camisinha, com meu membro duro e totalmente
preparado, não perco tempo e entro dentro dela.)
- AHHHHHHHHHHH! (Ela grita, mas não parece de prazer, Porra, fui
rápido? Droga! Será que a machuquei, Caralho Alex, vai com calma.
- Te machuquei? (Pergunto receoso, eu deveria ter avisado que estava
entrando?)
- Não, apenas me surpreendi. (Sinto um alívio e dou risada, a beijo,
enquanto fico parado, tomei um susto, à medida que sinto seu corpo
relaxando vou me movimentando. PORRA! Ela é extremamente apertada,
meu pau tem dificuldade de se movimentar, eu posso machuca-la se for
rápido, vou devagar e à medida que seu corpo se solta eu aumento, sua
lubrificação aumenta e eu aproveito e abocanho seus seios, ela passa a gemer
em meu ouvido e vou amentando, até que sinto suas unhas arranharem a
minhas costas e uma vontade louca de beijá-la, subo para sua boca e encaixo
nossos lábios, o beijo se intensifica, assim como minhas estocadas e começo
a sentir algo estranho, uma sensação de satisfação, excitação e euforia, eu não
sou assim, o que está acontecendo. Aumento a velocidade e levo uma de
minhas mãos a sua intimidade e a outra entrelaço nossos dedos, colocando
suas mãos em cima de sua cabeça. Meu corpo está explodindo de desejo, a
tensão está a mil, estimulo seus clitóris e me movimento cada vez mais,
minha respiração está acelerada e a sua também. Aumento minhas investidas
e seus gemidos me enlouquecem. Que buceta apertada, Caralho, essa mulher
vai me enlouquecer!)
- Você é tão apertada Larissia. Que delícia! (Mordo o lóbulo de sua orelha
e seu corpo começa a dar sinais, continuo a movimentação e novamente seus
gemidos ficam mais alto, suas pernas se forçam para que haja mais contato,
ela está prestes a gozar) Está vindo, não é? (Sussurro, enquanto minhas mãos
a estimulam e dou investidas rápidas nela. Nossos rostos estão pertos e
consigo sentir sua respiração) olhe para mim Larissia! (Sei que está escuro,
porém consigo saber exatamente onde ela estar, sinto uma sensação me
consumir, eu quero que ela goze, quero que ela sinta prazer por mim,
somente por mim) Você é minha Ok? (Estoco mais forte, e sinto seu corpo
tremer) O seu corpo é um vício e agora estou viciado... Ohh... (Ela geme alto
e sei que está a um centímetro do orgasmo, vem para mim. Sinto meu corpo,
se entregando também) Porra de mulher gostosa! (Seu corpo começa a tremer
e sinto suas paredes me apertarem por completo, sua voz fina me faz
estremecer e com duas estocadas, consigo meu orgasmo. Nossos corpos estão
completamente suados e ofegantes. Estou me sentindo tão relaxado, que
mulher é essa, seus gemidos são como música, seu corpo responde tão bem e
essa buceta apertada. Não sei se a deixarei ir tão facilmente agora.)
- Lari! (A chamo tranquilamente)
- Sim! (Sua voz parece estar embriagada ainda e sorrio, bom trabalho
Alex! Fiquei tão tenso quando ela gritou que escutar sua voz assim é um
alívio, mas ainda insisto.)
- Você está bem mesmo?
- Sim, por que? (Seu grito me assustou e é tão apertada.)
- Você sempre foi tão apertada assim? (Digo um pouco sério, eu realmente
fiquei com medo de machuca-la, nunca machuquei nenhuma mulher, em
situação nenhuma, imagine na cama.)
- Não, acho que... (ela vacila, tem algo errado) digamos que nunca conheci
alguém tão bem dotado como você. (Então era isso? Não consigo parar de rir,
não creio que seja por isso, mas ela se saiu bem.)
- Você sempre me surpreendendo com suas respostas. Mas saiba que não
sou tão fácil de enganar.
- Não estou enganando..., mas, quer saber...
- Sim!
- Eu não aguentava mais de tanto tesão... (Ela se vira para mim e seus
seios ficam coladinhos) Você é muito sexy senhor professor. (Ela está mesmo
me provocando?)
- Acho que você estar querendo repetir a dose, querida aprendiz...
Acordo com o corpo totalmente relaxado, que noite incrível, olho para o
lado e vejo Larissia parada virada para o lado e a chamo.
- Larissia?
- Oi... (Sua voz está estranha, ela parece assustada) Meu... (me levanto,
aconteceu alguma coisa ruim.) Meu pai acabou de ligar, precisarei ir
urgentemente para casa. Me desculpe. (Ela levanta e procura sua roupa
desorientada, o que eu faço?)
- Aconteceu alguma coisa? Você está pálida!
- Sim, minha mãe não está muito bem. (Poxa, pelo seu rosto dar para ver
que é sério.)
-Eu te levo até lá. (Levanto rápido.)
- Melhor não, eles poderiam ficar desconfiado, eu vou. (Ela parece
atordoada.)
- Sua blusa deve estar lá em baixo. Eu pego para você enquanto calça os
sapatos. (Vou até a sala e acho a sua blusa, volto e a entrego.)
- Desculpa, mas preciso ir imediatamente. (Ela veste a blusa e sai
correndo, a sigo e antes que ela saia aviso para me ligar, mas acho que ela
não escutou. Sento no sofá.)
Caramba, tivemos uma noite tão boa e agora isso, espero que eles fiquem
bem. Sento no sofá e apoio minha cabeça fechando meus olhos, a sensação de
ter Larissia em minhas mãos aparece e me arrependo de não ter ligado a luz,
que mulher é essa, ela conseguiu me levar a extremos, consegue ser linda e
fofa, e totalmente sexy. É Alex, você está perdido, literalmente perdido,
sorrio. Deito um pouco no sofá, meu corpo está querendo só alguns
minutinhos a mais de sono e cochilo. Acordo com um barulho, abro os olhos
e vejo Dona Carlota fazendo comida.
- Oi mãe! (Me levanto e vou até ela dando um beijo em sua testa, ela me
olha desconfiada.)
- Por que está de cueca?
- O que foi mãe? Eu sempre fiquei assim, (dou risada e me assusto quando
vejo que já passam das doze. Eu tinha que estar na delegacia, mas agora já
era, vou para o próximo turno.)
- Quem estava aqui com você?
- Vai controlar minha vida agora dona Carlota? (A olho)
- Só quero conhecer a pessoa, por que há algum motivo para não me
apresentar.
- Mãe? Está tudo bem? (Seu olhar está muito desconfiado.)
- Você não traz garotas para casa.
- Mas, essa eu trouxe. Eu não sou criança Dona Carlota! (Abro a geladeira
e pego um copo de suco.)
- É isso que me preocupa filho.
- Eu não estou entendendo, não é como seu filho não tivesse relações.
- Eu sei, mas não é esse o problema.
- Então qual é?
- Quando vi, achei que havia se machucada, mas quando vi a embalagem
de camisinha e a situação das suas roupas espalhadas pela casa tive certeza.
Filho, tirar a virgindade de alguém é sério, essa mulher ela já é de maior, não
é? Você é um policial conhecido Alex, tome cuidado... (Ela continua, mas eu
travei na parte da virgindade.)
- Mãe, o que a senhora está dizendo?
- Estou falando da mancha dos seus lençóis, não parece ser sua, a não ser
que ela esteja naqueles dias... (Não escuto nada, vou para o meu quarto, olho
o lençol branco e lá está, Caralho, ela era virgem? Mas... não pode ser.... quer
dizer, ela era tão apertada, e seu grito, MERDA, MERDA! Calma Alex, vai
que ela ficou naqueles dias, minha cabeça parece estalar, foi por isso que ela
saiu com tanta pressa? Minha cabeça está uma confusão, preciso falar com
ela imediatamente, pego meu celular e vejo 15 ligações do Marcelo, o que
houve? Retorno a ligação antes de ligar para Larissia, e ele atende no
primeiro toque.
- Cara, onde você estava? (Sua voz está agitada.)
- Em casa, o que houve?
- Encontraram cinco corpos em um terreno, uma moradora ouviu disparos
e gritos, então denunciou.
- Vocês já foram ao local?
- Sim, como você não apareceu, eu comandei a operação, depois você
explica isso. Mas a questão não é essa.
- Qual é?
- Quando procuramos a identificação, do indivíduo, achamos um papel,
com o nome El diabo e seu número de telefone.
- Como assim?
- O corpo está na perícia, mas sabemos que ele estava com viagem
marcada para argentina, se chama Cauã e é procurado por ser um Hacker de
alto calibre. (PORRA!)
- Ele deve ser da máfia! Puta merda, eu não tenho um minuto de descanso,
estou indo para aí. (Desligo o celular e vou direto ao banheiro, tomo um
banho e visto uma roupa comum de trabalho, pego a arma e o distintivo, olho
os lençóis, ainda vou falar com você Larissia! E saio, nem me despeço direito
da minha mãe, apenas informo que tem grandes problemas na delegacia. E
está se cumprindo, após a calmaria vem a tempestade.
Capítulo XVI
"A ausência de alguém pode aprofundar o amor." -
Nicholas Sparks
Larissia Vizzano
O táxi me leva para longe da casa do Alex e sinto lágrimas inundarem meu
rosto, como isso pode ser possível? Minha mente parece que vai explodir!
Por que tinha que ser você Alex, por que? Não consigo organizar nada em
minha mente, ele é o El diabo, foi a ele quem meu pai ameaçou, foi com ele
que negociei. Minha cabeça começa a doer, o carro para em frente à minha
casa e sinto um calafrio percorrer minha coluna. Ponha a cabeça no lugar
Lari, enxugo rapidamente minhas lágrimas, pago o táxi e vejo os seguranças
se levantarem assim que me avistam, respiro fundo e vou em direção a porta
acompanhada. Entro e vejo meu pai sentado com um dos seguranças bebendo
uísque. A essa hora? Os olhos se voltam para mim e só então percebo que
estou com a roupa de Malu ainda, droga! Vejo o segurança olhar para as
minhas pernas, meu pai me repreende com o olhar e eu apenas o
cumprimento com um bom dia. E sigo direto para o meu quarto. Não tenho
tempo de abrir a porta e sou arrastada por minha mãe para o quarto de
hospede.
- Mãe, calma! (Seus olhos estão vermelhos e vejo preocupação.)
- Filha, seu pai... ele... (sua voz não sai)
- Ele descobriu que não estava na casa de Malu? (A olho)
- Não, ele não descobriu isso. (Suas mãos estão tremulas) O conselho...
- Mãe, respira e me conta com calma o que está acontecendo.
- O conselho desconfiou que seu pai estava tramando algo para inocentar
seu tio e descobriu sobre Cauã.
- Não se preocupe mãe, eu já dei um jeito em Cauã...
- Filha... (Minha mãe está assustada.) Seu pai mandou matar o Cauã e a
família dele, antes que o conselho descobrisse. (Sinto uma queda de pressão.)
- Não pode ser, eu dei passagens...
- Eles foram mortos essa madrugada, quando iam para o aeroporto. (Sinto
minhas pernas bambas e caio de joelhos.) FILHA...
-Mãe, o papai é realmente um monstro... (Sinto o gosto salgado das
lágrimas inundarem meu rosto.)
- Filha, o Cauã já estava jurado de morte assim que o conselho descobriu,
seu pai só adiantou para que eles não descobrissem.
- ISSO NÃO É JUSTIFICATIVA! (Grito) ELE É UM MONSTRO...
- Não filha... (vejo minha mãe chorar) Ele não tinha saída.
- Vocês só sabem dizer que não há saída, será que realmente não há, ou
fingem não querer ver? (O ódio começa a crescer dentro de mim, Cauã não
fez nada além do seu trabalho, ele tinha uma família linda, como meu pai
pode viver assim, matando pessoas tão facilmente.)
-FILHA! (Minha mãe pega em meu rosto e me faz olhá-la, lágrimas
inundam a nossa face e vejo a quão perdida ela está.) Seu pai só tem a nós
duas, você acha que eu não quero dar um basta nisso LARISSIA! Eu sempre
quis, mas essa é a nossa vida.
- NÃO! (Grito) ESSA NÃO É A MINHA VIDA! (Reúno todas as minhas
forças e me levanto, limpando minhas lágrimas.) Eu tinha esperança que meu
pai fosse apenas um peão do conselho, eu não queria vê-lo como um
assassino, mas é isso que ele é. Eu não estou disposta a me tornar um monstro
como ele. (Saio do quarto de hospede e vou direto para o meu quarto
trancando a porta.)
DROGA! Por que tudo tem que ser assim na minha vida, a raiva se
mistura com o ódio e jogo tudo em cima da escrivaninha no chão. Eu não
posso amar o único cara que me fez sentir desejada e uma verdadeira mulher.
(Sorrio) Não posso proteger ao menos um funcionário. (Gargalho da minha
desgraça) E não posso tirar minha família dessa lama. (Minha cabeça lateja e
eu apenas dou risada enquanto as lágrimas inundam meu rosto.) ESSA
MALDITA MÁFIA! Caio no chão sem forças para mais nada, abraço meus
joelhos, tentando desesperadamente acalmar a dor em meu peito. Mas é em
vão! É tão cômico, enquanto a filha perfeita estuda para ser a justiça, seu pai
é a própria imoralidade. Apesar de meus lábios rirem descontroladamente,
meus olhos se inundam em lágrimas. Hoje foi Cauã e sua família, amanhã
quem será? Meus funcionários? Betto e Malu? Alex... (Minha barriga revira e
eu corro para o banheiro, meu estômago parece refletir exatamente a vontade
do meu corpo e coloco tudo para fora. Sinto minhas forças totalmente zerada
e caio em frente ao vaso. Lastimável? Não! Eu mereço o pior, quantas vidas
já se foram por causa da minha família... (Meu estômago revira mais uma vez
e me vejo colocando tudo para fora novamente.) Seria tão simples se a vida
fosse assim, se pudéssemos expulsar qualquer coisa que nos fizessem mal.
Sinto meu rosto inchado pelo choro, minhas mãos tremem e sinto meu corpo
tão fraco que deito ali mesmo, no chão do banheiro, sinto o chão gelado me
abraçar e me permito ficar assim, apenas sentindo meu coração afundar.
Quando descobri quem era meu pai, eu imaginava que pessoas morriam, mas
isso nunca aconteceu tão perto, eu nunca senti. Meus olhos se fecham e assim
adormeço, com meu corpo inteiro em dor.
Batidas me assustam e abro meu olhos, só então percebo meu estado, não
escuto nada e apenas entro no chuveiro me livrando do cheiro do vômito,
mais um barulho na porta e não me preocupo, deixo a água limpando o meu
corpo, enquanto as lágrimas em vão tentam limpar minha alma. Me enrolo
em uma toalha e paro de frente ao espelho, meu rosto está deplorável, olhos
inchados, rosto vermelho e lábios roxos. Sento na cama e os barulhos ainda
continuam, escuto a voz de Simone e minha mãe, mas não abro, deito na
cama e as lembranças da noite acalorada com Alex, aparece como flash em
minha mente e choro mais ainda, suas mãos em meu corpo, nossos corpos se
chocando, minha boca o chamando involuntariamente... Serão apenas
lembranças, nossa relação estava fadada ao fracasso desde o princípio, só não
sabíamos, sorrio ao sentir o gosto amargo em minha boca. Já pensou, um
delegado de renome com a filha de um criminoso. Essas histórias dar certo na
ficção, não na realidade. Se Alex, soubesse que eu era a mulher que estava o
ameaçando, será que ele ainda me levaria para passear? Será que ele ainda me
possuiria tão carinhosamente... Não mesmo, a única relação que deveríamos
ter é das suas algemas me prendendo e levando para prisão. Respiro fundo!
[O que você pretende fazer Lari?] Minha majestade surge com olhos
preocupado me analisando. [Você não pode ficar apenas em seu quarto
Larissia, se você não os parar a morte do Cauã, vai ser em vão.] Ela está
certa, mas o que eu devo fazer? [Seu plano] se eu conseguir provas
suficientes para denunciar toda a máfia e acabar com o conselho, eu não só
livraria esse peso das costas dos Vizzano, como poderia provar a minha
inocência para Alex. Me levanto, e visto um vestido qualquer, calço
sapatilhas e pego minha bolsa. Saio do quarto e já vejo minha mãe sentada no
sofá, seu olhar está longe. Ela escuta meus passos e me olha.
- Filha, (vem correndo em minha direção) você está bem? Simone, ela está
aqui, pode trazer o lanche.
- Não mãe! (Digo séria) Estou de saída.
- A onde você pensa que vai assim Larissia? (Simone chega com uma
bandeja de café.)
- Eu tenho trabalho a fazer mãe. Conversaremos depois! Monie pode
levar, eu não estou com fome. (Saio de casa e o motorista já vem em minha
direção assim como os seguranças.) Para o Bistrô! (Entro no carro e deixo
minhas emoções tomarem conta dos meus pensamentos, minha cabeça parece
que vai explodir.)
Saio do carro e sigo para o bistrô, os funcionários já estão fazendo a
limpeza, cumprimento-os rapidamente e vou para o meu escritório. As
lembranças de Alex me invadem com força e me esforço em apagar tudo em
minha mente. Eu preciso ser racional, vou até minha mesa e pego um
remédio para aliviar essa dor. Tomo e me sento. Eu preciso de um plano com
99% de chances dar certo, é Larissia, você precisa realmente rever o que vai
fazer a partir de hoje. Abro a minha gaveta e pego equipamento que Betto
conseguiu, ponho em minha bolsa. Ponho o pen driver que Cauã me deu, e
analiso o que ele conseguiu. Há uma lista de pagamentos com vários nomes,
dentre eles o próprio governador e muitos políticos influentes. Olho, cada
pasta e há muitos números, eu não tinha noção da quantidade exorbitante de
dinheiro que meu pai consegue em apenas uma semana. Há rotas e a
quantidade de lucro em cada ponto traçado no mapa. Realmente é muito
dinheiro! Abro a última pasta e vejo nomes em pastas, eu reconheço esses
nomes, é o conselho, abro uma por uma e há um dossiê detalhado sobre cada
um. Como fraquezas, famílias, e contas no exterior... Isso é uma prova!
(Minha mente começa a clarear e sinto que no meio da tempestade eu enfim
encontrei uma luz.) Mas essa prova é muito pequena, eu preciso de mais,
muito mais. Após passar a tarde e a noite toda no bistrô, eu volto para casa
com as emoções ainda conturbada, sem dizer nada entro e vou para o quarto.
Pego o celular e só agora percebo que ele estava descarregado, ligo o
carregador e aproveito para tomar um banho. Minha cabeça ainda dói, porém
com menos intensidade. Saio do banho e já vejo um barulho insuportável do
celular, pego e me assusto ao ver 35 ligações de Alex e mais de 100
mensagens. Olho e há ainda mais ligações de Malu. Não penso duas vezes e
retorno sua ligação.
- LARISSIA VOCÊ QUER ME MATAR DO CORAÇÃO! (O grito de
Malu me faz retirar o celular do ouvido.)
- Oi Malu! (Digo tentando ser animada, mas falho miseravelmente.)
- Amiga, o que houve? Por que sua voz está assim? O que houve? Não vai
me dizer que o Alex era um psicopata.
- Não é isso Malu, a única psicopata dessa história sou eu.
- Como assim? O que houve Lari, seja mais clara.
- Malu, o Alex... (Travo, eu não consigo nem admitir a verdade.)
- O que houve? Ele te maltratou?
- Não amiga, ele foi realmente muito carinhoso... (Digo sincera)
- Então rolou? (Ela parece surpresa.)
- Sim...
- Sim? E você está com essa voz? Não vai me dizer que ele é ruim na
cama. Eu jurava que ...
- Não é isso Malu, (a interrompo) não é nada disso.
- E o que é então?
- O Alex, não é advogado... (Ela tenta interromper, mas eu crio coragem)
Ele é o delegado federal, o tal El diabo.
- O QUE? NÃO! (A voz agitada de Malu, me faz percebe o quanto surreal
parece toda essa história, o cara que tirou a minha virgindade, sem saber, é o
mesmo que pode acabar comigo e com toda a minha família e o mesmo que
eu ameacei. É destino, você realmente capricha.) Amiga... eu não sei o que
dizer.
- Eu entendo... (algumas lágrimas escapam dos meus olhos, ainda é
doloroso lembrar.)
- Como você descobriu? Ele sabe quem é você? Caramba Lari, que
loucura. (Eu dou uma risada fraca.)
- Acho que ele nem desconfia, mas tenho medo, pensei muito e cheguei a
questionar se tudo não foi um jogo dele, para pegar meu pai...
- Eu também pensei nisso assim que você falou.
- Pensei muito, se esse for o motivo, eu me entreguei para o cara errado e
vou me arrepender a vida inteira, mas se não for, a única errada dessa história
sou eu.
- Não Lari, não é errado se apaixonar, não é errado fazer sexo com quem
se gosta. Vocês só caíram na ironia do destino.
- Não é tão simples assim Malu. (Digo desanimada)
- Eu sei..., Mas como você descobriu? Tem certeza?
- Sim amiga, quando acordei essa manhã o telefone dele estava tocando e
quando fui ver encontrei o distintivo e a arma.
- É... não tem como ele carregar o distintivo e a arma de outra pessoa.
Caralho, que loucura, isso nunca passaria pela minha cabeça.
- Imagine na minha?
- O que você pretende fazer agora?
- Hoje na minha mente foi realmente um inferno Malu, eu acho que nunca
passei um dia inteiro sem saber para onde ir, o que fazer.
- Quer que eu vá dormir aí?
- Não amiga, você conhece meu pai, quando você vem ele já fica
desconfiado, nesse momento quero manter distância dele. Não foi apenas a
notícia do Alex que me atormentou hoje.
- Tem mais? (Vejo preocupação em sua voz.)
- Você lembra do hacker?
- Sim, o que entregou o pen driver.
- Exatamente, eu havia dado passagens para Argentina, para ele e toda a
família ir viver lá, para que meu pai não o ameaçasse futuramente e sabe o
que ele vez? Mandou matar ele e toda a família.
-PUTA QUE PARIU! Quer dizer, desculpa, você não gosta de
xingamentos.
- Não gostava, estou começando a perceber que a vida que eu gostaria está
muito longe.
- Lari, por que você não me ligou? Eu iria ficar com você.
- Eu precisava desse momento só meu Malu. Eu nunca senti as coisas que
meu pai fazia, para mim não passava de uma vida restrita e limitações das
minhas escolhas, eu nunca senti a violência do meu pai e hoje eu conheci o
verdadeiro chefe da máfia.
- Oh amiga, eu não sei nem como te consolar.
- Não preciso de consolo amiga, o que eu preciso é ser forte. (Sou sincera)
Acho que o céu me permitiu ter esse momento com Alex, acho que pode ter
sido um presente antes do caos. (Falo pensativa)
- Você sabe que eu estou aqui não sabe?
- Sim, eu sei, obrigada por isso.
- E o que vai fazer em relação ao Alex?
- Acho que no momento preciso me preocupar apenas com minha missão
de denunciar a máfia, já tem essa universidade, o bistrô, eu não sei como
reagir a Alex e a tudo isso, antes era fácil, por que ele era um cidadão comum
para mim e hoje ele é o caçador e eu a presa.
-Mas ele não vai desaparecer do nada.
- Eu sei...
- Lari, acho que precisa pensar mais, como você falou, não sabemos se ele
sabe quem é você, mas se ele não souber e você sumir após ter dormido com
ele, você não acha um pouco injusto com ele, não é como se vocês
estivessem se encontrado em uma balada e transado, vocês dois estão há
algumas semanas se curtindo, ele parece estar na sua e se realmente ele for
inocente, ele não merece isso.
-Então o que eu faço?
- Mande uma mensagem, dizendo que vai precisar fazer uma viagem,
temos algumas aulas bobas essa semana, eu consigo te cobrir, na
universidade, deixe o bistrô nas mãos dos chefes. Tire essa semana para fazer
o que precisa, e vamos ver o que acontece. Acho que uma semana é
suficiente, para organizarmos um bom plano, e descobrir se Alex sabe sobre
sua identidade. Tudo vai depender do comportamento dele.
- Acho que pode dar certo, meu celular estava descarregado, e assim que
liguei já vi 30 ligações e mais de cem mensagens dele.
- Pronto, leia as mensagens, responda com o que combinamos e vamos ver
o comportamento dele durante essa semana.
- Você consegue pensar melhor que eu! (Admito)
- Não amiga, é por que para mim é mais fácil, pois estou olhando de fora.
Nesse momento eu quero que se concentre em você e no que pode fazer para
acabar com esse problema, você é a melhor aluna da sala por ter ótimos
argumentos e planejamentos, encare como uma matéria que precisa da nota
máxima, sei que tem capacidade para isso.
- Eu AMO VOCÊ!
- Eu sei, sou uma amiga única! (Ela diz rindo e acabo sorrindo também.)
Agora, responda o que precisa e durma, esqueça tudo e durma. Tudo vai se
resolver, conseguiremos tudo com o tempo. OK?
-Ok! (Nos despedimos e eu faço o que Malu aconselhou, abro o aplicativo
de mensagens e vejo que Alex está realmente preocupado, ele me pede para
ligar de volta e diz que precisa conversar comigo. Envio uma mensagem
simples e desligo o celular. Me desculpa Alex, é necessário. Fecho meus
olhos e me forço a dormir.)
Acordo com a cabeça completamente pesada, sento na cama e penso em
tudo o que passou, nada está perdido ainda, me levanto determinada e faço
minha higiene. Desço e já encontro Simone na cozinha colocando a mesa
para o café, me sento e observo ela calmamente organizando tudo. Fico em
silencio apenas observando seus passos despreocupados.
- Minha menina já está com fome? (Sua voz me tira do transe
momentâneo.)
- Bom dia Monie... Não, estou bem. Você viu meu pai?
- Ele saiu logo cedo. (Esse é o momento certo)
- E mamãe?
- Está no quarto, ela pediu para chamar quando a mesa estivesse posta.
- Entendi! (Me levanto devagar e vou rapidamente no quarto, pego tudo
que preciso e desço devagar, Simone não pode me ver daqui, olho o escritório
do meu pai e não há segurança. Ótimo! Entro devagar e vejo que está
completamente vazio, PERFEITO! Observo o melhor lugar para instalar as
câmeras e gravadores. Vou até a instante de livros e ponho a pequena esfera
atrás do livro, olho toda a sala e ponho as outras escondidas nos objetos de
decoração. Escuto um barulho na sala, Droga! Estava fácil demais, vejo a
maçaneta virar e corro sentando na cadeira do meu pai. A porta se abre e meu
coração está acelerado, respira fundo Larissia, seu pai é esperto.)
- Larissia? Aqui tão cedo? (Ele me olha desconfiado)
- Eu não posso mais esperar. (Digo séria) Nos deem licença por favor.
(Digo aos seguranças, eles esperam meu pai confirmar e saem.) Por favor,
sente-se. (Aponto a cadeira e ele senta.)
- Desde quando você criou tanta coragem? (Ele me olha analisando cada
detalhe.)
- Sabe, eu o amo com toda a minha vida, sempre que me chamava de
princesinha Lari, eu era a menina mais feliz desse mundo. Eu tinha o melhor
pai do mundo, realmente me sentia uma princesa. (Sinto algumas lágrimas
caírem dos meus olhos.) Eu só não esperava que o rei do meu castelo, virasse
o Lobo mau.
- Filha...
-Não pai! (O interrompo) Eu não preciso de mais desculpas suas. Eu só
preciso falar tudo que está aqui dentro. (Mais lágrimas caem, mas não paro.)
Como você pôde pai? Eu não consigo acreditar que o mesmo homem que me
colocava para dormir lendo contos de fadas, é o mesmo que mata famílias. Eu
tentei pôr minha cabeça no lugar ontem o dia inteiro, mas não consigo, não
consigo compreender que meu pai, meu querido pai faz esses tipos de coisas.
(Vejo seu olhar distante e acho que estou indo longe o suficiente.) A primeira
coisa que fiz hoje quando acordei foi procurar por você, eu queria poder
acordar e descobrir que tudo não passou de um pesadelo, que meu pai não é
um monstro. Eu vim te procurar, PAI! (Minhas lágrimas caem
deliberadamente) Para olhar nos seus olhos e perguntar, você é o vilão das
histórias que me contava? É isso que eu sou? Não sou a princesa encantada e
sim a bruxa má? É ISSO? (Grito sem querer.)
- Larissia! (Sua voz é cansada)
- Pai, eu o amo muito e daria a minha vida por você, isso me torna uma
pessoa má? Querer dar a vida por um assassino?
-FILHA!
- É assim que me sinto Pai, e a culpa está me sufocando. Me sinto culpada
por amar meu Pai. (Sinto a verdade rasgar dentro de mim.)
- Não fale assim filha.
- NÃO? ENTÃO COMO EU DEVO FALAR. (Choro
descontroladamente, preciso sair daqui.) Eu quero continuar te amando Papai,
mas eu não posso amar um monstro. Eu vou dar um jeito em tudo isso, EU
VOU! (Sem dizer mais nada e sem tempo de uma repreensão eu saio
correndo do seu escritório e vou para o quarto, as lágrimas controlam meu
corpo e me sinto devastada, foi doloroso, mas eu precisava falar... EU TE
AMO PAI, mas não posso ser uma bruxa má....)
Capítulo XVII
“A vida é uma tempestade (...) Um dia você está tomando sol e no dia
seguinte o mar te lança contra as rochas. O que faz de você um homem é o
que você faz quando a tempestade vem.” - O Conde de Monte Cristo,
Alexandre Dumas
Alex Aguiar
Chego no local e há muita aglomeração, imprensa, repórteres. Olho para
Marcelo e questiono a bagunça, ele apenas nega com a cabeça. Odeio esses
malditos repórteres, caminho em direção aos policiais.
- Quero a imprensa longe daqui imediatamente, vamos isolar o local e
tentar encontrar alguma pista. Sem nenhuma declaração até segunda ordens,
Ok?
- Sim Senhor! (Os policiais fazem o que eu dito e eu observo o local, os
peritos levaram o corpo e outros analisam a cena, observo manchas no chão e
chamo o investigador.)
- Qual a situação foi encontrada?
- 5 corpos, todos assassinados com cerca de três a cinco tiros, estamos
procurando qualquer pista, mas não encontramos nada além de uma rosa
vermelha. (Claro que teria uma rosa, ou não seria os Vizzanos.) Além do
papel com seu nome e telefone, a vítima tinha nas mãos cinco passagens para
Argentina. (Eles estavam fugindo da máfia?)
- Onde estão essas passagens? (O acompanho até o carro e ele abre uma
maleta onde estão os objetos das vítimas e a rosa. Pega um saco com os
ingressos e me mostra.)
- Eu quero esse material, (Chamo Guilherme e ele vem em segundos)
Preciso que esse caso fique em nossas mãos, desça como investigação
federal, Investigador Millus, leve tudo para a nossa delegacia e certifique-se
que a perícia ocorra lá, não podemos dar a chance dos aliados dele ficarem
com essas provas.
- Pode deixar, Senhor.
- Continue o trabalho, assim que coletar tudo que precisa encaminhe para
delegacia, precisamos desses materiais o quanto antes. (Saio na companhia de
Guilherme.) Preciso de um mandato para conseguir a venda das passagens
aéreas e descobrir se eles realmente pretendiam fugir, ou foram obrigados.
- Vou conseguir isso! Mas, você tem um problema pior, a imprensa está
exigindo uma explicação e se o caso vai para a nossa delegacia você é o
responsável pelo caso.
- Esses malditos!
- Já foram duas famílias Alex...
- Eu sei, (Respiro fundo) precisaremos resolver isso o mais rápido
possível. Estou indo para o laboratório, preciso acompanhar de perto os
corpos. Avise a Marcelo, para se reportar a impressa como um caso de
suspeita de Latrocínio, não quero ouvir a menção dos Vizzanos.
- Ok! (Entro no carro e sigo direto para o nosso laboratório. Duas famílias
em menos de um mês, eles não brincam em serviço e eu também não vou!)
Chego no laboratório e os corpos já estão em autopsia. Disco o número de
Robert e ele me atende na segunda chamada.
- Fala Alex, quanto tempo.
- Sim, estive um pouco ocupado, mas cadê Emma e as crianças.
- Estão aqui, cada dia mais aprontando. (Quando poderei dizer o mesmo?)
Mas, fala ao que devo a honra da ligação do enigmático Alex?
- Estou com um caso complicado, e preciso da liga.
- Já não era a hora, estou precisando de umas emoções. O que houve?
- Vizzanos...
- Porra, os antigos rivais dos Laffaiete.
- Exato! O problema é que agora eles estão com grandes contatos em
Brasília.
- Políticos corruptos, nada me dar mais ódio.
- A promotoria está embargando algumas solicitações que fazemos e as
pistas que temos não é o suficiente.
- E não vai ser, os Vizzanos, aos contrários dos Laffaiete, sabem explorar
todo o território brasileiro.
- É por isso que preciso da Liga, com as ferramentas que tenho como
delegado, sei que não consigo o que preciso para concluir o caso.
- O Diego foi convocado para atuar em Brasília tem duas semanas, acho
que ele pode nos ajudar principalmente de lá.
- Por isso te liguei, além do caso ser parecido com os Laffaiete, você tem
grande influência, pode me ajudar com a promotoria.
- Sim, encaminhe para mim tudo que precisa e eu mesmo irei protocolar,
mas precisamos do Bruno, ele foi crucial com os Laffaiete, se precisamos de
alguém que mexa com os políticos é o Bruno.
-Ligarei para ele em seguida, vou convocar a liga, assim que voltar para a
delegacia e passo todo o caso para vocês.
- Certo, tenho certeza que já tem muito material, sua equipe é a melhor.
- Mas, não está sendo o suficiente, em menos de um mês nove pessoas
foram assassinadas.
- Puta que pariu!
- Eles não têm medo nem mesmo da imprensa, mas com as ferramentas
certas sei que podemos captura-los.
- Sim, farei o possível e o impossível.
- Senhor Alex? (O perito me chama)
- Precisarei desligar Robert, o perito está à minha espera, eu retorno assim
que possível.
- Tranquilo, eu vou tentar entrar em contato com o pessoal e deixar tudo
pronto para você apenas passar as informações.
- Isso seria uma grande ajuda.
- Então deixe comigo, eu mesmo falo com o Bruno.
- Certo! Até mais tarde.
-Até! (Desligo e vou em direção ao perito.)
- Encontraram alguma coisa?
- Sim, acho que o senhor vai se interessar. (Adentro a sala e visto uma
roupa adequada, ele me leva até o corpo já sem vida, e levanta o pano que
cobre as pernas dele. Olho a pele branca e há um número 359.) Está escrito
de caneta, então foi propositalmente colocado aqui
- Por que alguém colocaria um número em sua perna? (Penso alto, seria
uma senha?) Encontraram mais alguma coisa?
- Não, os pais dele e os dois irmãos estavam limpos, não há vestígios de
impressão digital.
- Já era de se esperar. Tire foto do número e coloque junto com as provas,
escreva um relatório indicando a morte por assassinato e entregue junto com
o material recolhido. (Saio da sala com o número na cabeça, o que isso
significa? Caminho lentamente até o carro e sinto uma sensação estranha,
meu corpo sente um calafrio momentâneo, o que tem esse número? Dirijo
para delegacia e não consigo tirar esse número da minha cabeça, essa pode
ser uma grande pista, mas como encontrá-la? Porra de caso confuso, quanto
mais o tempo passa, parece que estou me embaralhando em teias. Droga! A
entrada está cheia de repórteres, eles realmente são rápidos. Estaciono o carro
na garagem e entro por ela, toda a delegacia está agitada. PORRA!
- Atenção, reunião imediata com todos os policiais em serviço, agora!
(Vou para o auditório enquanto penso em uma maneira de controlar essa
situação. Espero os policiais chegarem, que droga de situação!) Bom dia!
Como podem ver nossa delegacia está rodeada de repórteres, isto devido ao
assassinato de uma família inteira, os corpos foram jogados em um terreno
baldio e um homem que caminhava pelo local encontrou e ligou para a
polícia. O problema desse caso? Vizzanos, temos provas suficientes que isto
está relacionando com a máfia, por isso, o caso é nosso. No entanto, ninguém
pode saber dessa relação, seguiremos com a conclusão de latrocínio,
nenhuma informação do desenvolvimento do caso deve ser passado adiante.
Ok? (Digo alto)
- Sim, Senhor! (Respondem juntos.)
- A missão de vocês é dispersar esses repórteres, dizendo exatamente isto,
se questionarem a intervenção federal, vocês devem alegar que foi um pedido
da promotoria. (Depois me resolvo com Robert) E estamos cumprindo
ordens, Entendido?
- Sim, Senhor!
- Estão dispensados! (Olho o relógio e já passam das onze e meia. Minha
cabeça lateja, mas antes de fazer qualquer coisa, disco o número de Larissia
rapidamente, mas não tenho resposta, tento mais duas vezes e nada, o que
está acontecendo? Que dia! Vou para minha sala e desabo na cadeira, Porra
Alex, você precisa organizar essa merda toda, está tudo confuso. Abro
imediatamente meus e-mails, e abro no documento trocado com os cretinos,
imprimo e vejo a autenticidade. Como eu vou pegar vocês? Ligo para a
recepção de imediato.
- Agente Costa, o Guilherme já está na delegacia?
- Ainda não, senhor.
- Assim que ele chegar, peça para vim até minha sala.
Desligo a ligação, e olho a lista de nomes, tenho certeza que nenhum deles
poderão ajudar em nada, são apenas iscas. Pensa Alex, a melhor jogada
seria... Ligo novamente para a recepção.
- Agente Costa, encaminhe Sandro a minha sala por favor.
- Sim, senhor! (Após alguns minutos ele entra.)
- Me chamou?
- Sim, sente-se por favor (ele se senta), preciso que marque uma reunião
com a promotora Marcela Carvalho, ainda para hoje, diga que é urgente.
Consegue fazer isso?
- Pode deixar!
- Além disso, preciso que investigue esses nomes. (Entrego uma folha com
os nomes liberados da máfia.) Sei que já estava em uma área, mas quero que
fique responsável por isso, eles são da máfia, porém são peixes pequenos, não
há necessidade de pegá-los agora, mas preciso saber tudo, um dossiê
completo, até mesmo a conta bancária. Qualquer dúvida, pode falar comigo.
- Sim chefe, conseguirei o mais rápido possível e manterei em sigilo,
assim que consegui marcar a reunião aviso.
- Obrigado! (Ele sai e eu organizo os documentos que tenho em pastas,
preciso esclarecer meus pensamentos e passos, sei o que preciso fazer, mas se
eu não parar e organizar, com toda certeza será difícil. Passo o resto do dia
amontoado em relatórios e planejamentos, a reunião foi marcada para as
18:00, e está quase no horário, não sei quantas vezes mandei mensagens para
Larissia, ela não atente as minhas ligações. Pego meu blazer e pasta com tudo
que preciso, saio da delegacia e sigo para o fórum. Minha cabeça está
latejando, Larissia sumiu, não tenho nada além do que um número
desconhecido e algumas passagens aéreas. Entro no prédio e sigo para a sala
da promotora, sou cumprimentado durante o trajeto e a recepcionista me
encaminha até a sala. Entro e já avisto Marcela, uma mulher loira,
aparentemente com seus 45 anos me olha curiosa, seu sorriso se abre e eu
apenas me esforço em sorrir.)
- Que prazer ter o maior delegado do país em meu escritório. (Ela se
levanta vindo em minha direção e o barulho do seu salto revibra pelo meu
cérebro piorando minha dor.)
- O prazer é meu! (Beijo sua mão e ela me direciona a uma das poltronas,
sentando na outra.)
- Então ao que devo a honra? (Ela me analisa, por cima dos óculos e eu
apenas abro minha pasta pegando os relatórios que reuni, ponho em cima da
mesa de centro e me encosto na poltrona relaxadamente.)
- Soube que tem se esforçado em embargar meus pedidos.
- Eu? Jamais! (Seus lábios se mexem cautelosamente. Uma mulher entra e
entrega uma bandeja com café e alguns biscoitos. Ela nos serve e eu aceito.)
- Sejamos francos Marcela, (Digo firme, assim que sua funcionária sai.) os
Vizzano pagam muito melhor que o governo, não acha? (Ela se mantém
calada, então continuo.) Mas, não estou aqui para falar da folha de pagamento
da máfia e sim do meu trabalho, por favor, (aponto para a pasta, ela pega e
começa a folhear.) não abrirei a investigação do policial militar. No entanto,
esse novo caso do assassinato, será meu e você me dará ele.
- O que isso significa? (Ela levanta a pasta nas mãos e seus olhos
escurecem.) Uma ameaça?
- Não minha querida, (bebo um pouco do café) é apenas um alerta, neste
caso temos 5 vítimas, um caso que tem deixado os repórteres bastante
agitados e se você se recusar a aceitar o pedido da minha delegacia,
infelizmente terei que denunciar você por embargar um processo federal, e
levarei a público. Já pensou a manchete Promotora Marcela Carvalho impede
polícia federal de investigar o assassinato de uma família, ou melhor, qual o
motivo por trás da recusa da promotora Marcela Carvalho em aceitar a polícia
federal assumir as investigações dos homicídios de 5 pessoas.
- ALEX! (Seus olhos estão em chamas.)
- Como pode ver, temos material suficiente para expor que se trata de um
caso federal pela relação das mortes e o caso que está sendo investigado. (Me
levanto pegando a minha pasta e os relatórios.) Espero não ter o pedido
negado, ele já está protocolado, esperando apenas a aprovação. Quero que
pense com carinho. (Me dirijo para a porta, mas antes de sair, deixo um
recado.) Você pode até embargar meus pedidos, mas não poderá encobrir a
corrupção para sempre. (Pisco gentilmente para ela e saio do fórum, sentindo
adrenalina em minhas veias.)
Volto para delegacia e já encontro Guilherme e Marcelo em minha sala
com pizza e refrigerante. E só agora percebo que estou com fome e não comi
o dia inteiro.
- Como foi com a dragão? (Marcelo questiona)
- Como esperado, nenhuma ação, mas tenho certeza que amanhã o pedido
que fez (aponto para Guilherme) será aceito.
- Não sei por que usamos isso antes.
- Antes, Marcelo, não tínhamos a morte cruel de 5 pessoas nas mídias. O
público está inconformado com esse assassinato, eram cidadãos de bens, sem
nenhuma passagem na polícia. (Guilherme explica, enquanto eu abro o
notebook, mando mensagem para Robert e faço a conferência.)
- Temos tudo para começar uma investigação séria, e sei como fazer, só
precisamos da chave correta. (Digo posicionando a câmera e o notebook para
onde os dois estão sentado, enquanto o aplicativo conecta com os demais me
sento e como um pedaço de pizza.)
- Porra Alex tu me liga para comer? (Diego aparece na tela, deixo o
pedaço na caixa e foco na tela.)
- Boa noite para você também Diego! Fiquei sabendo da promoção,
parabéns!
- Que promoção? Foi mais uma intimação, o Juiz que estava antes de mim
se meteu no caso de corrupção e tiveram que me chamar para limpar a honra.
- Mídia... Quem foi dessa vez, o governador?
- Ele mesmo, aceitei, por que o pai do Robert indicou, então vim.
- Fala monstros!! (Adam entra e logo em seguida Caio e Nicole)
- Oi galera! (Nicole sorrir) Já estava querendo uma agitação.
- ISSO! (Todos falam juntos e eu sorrio, sabemos que nunca é uma coisa
fácil quando nos juntamos, porém mesmo assim todos estão dispostos a
ajudar. Robert e Bruno entram.)
- Olha, as meninas estavam fazendo o quê? Transando uma hora dessa?
(Diego como sempre o mais falador.)
- Sabe onde tomar não é mesmo Diego! (Bruno fala) Respeite, agora sou
um cara de família! (Rimos)
- Sei que está com saudades de mim, depois fazemos uma conferência
dupla. (Diego pisca e Bruno manda o dedo.)
- Olhem a baixaria, estou aqui. (Nicole se defende rindo.)
- Bom galera, estou feliz de revê-los. (Digo por fim) Queria fazer essa
chamada para apenas rimos das idiotices de Diego e Bruno.
- E eu cara? (Adam protesta.)
- Depois da Celina, você virou outra pessoa. (Caio rir) Por que será não é
Robert?
- Não tenho nada a ver se ele quis se meter na minha família. (Rimos)
Agora, vamos ao que interessa. (Robert como sempre organizando.)
- Bom, vocês conhecem esse é Marcelo e este Guilherme, não sei até onde
Robert já passou para vocês, mas vou explicar detalhado para entenderam,
vocês sabem que desde que assumi aqui em Belo Horizonte tenho resolvido
os problemas da antiga gestão, mas há um problema que comecei a mexer e
está ligado com os grandões, não só de Minas como figurões do Planalto. A
máfia Vizzanos.
-PUTA QUE PARIU! (Bruno é o primeiro a falar.) Cara, o problema dos
Vizzanos, antecede o nosso nascimento.
- Eu sei, esse está sendo o problema, eles sabem o que fazem, sabem
esconder muito bem.
- Eles não eram os rivais dos Laffaiete? (Nicole questiona) Acho que li
isso em um dos arquivos, naquela época.
- Sim! (Robert responde)
- A Emma não sabe dar mais informações? (Adam pergunta.)
- Não, eles eram rivais de comercio, pelo que entendi, as rotas de venda
foram traçadas pelos Vizzanos a muito tempo e quando os Laffaiete
começaram a implantar tiveram guerras com os Vizzanos. Apenas isso.
- Nada que possamos usar! (Caio conclui)
- Mas tenho certeza que Alex já tem alguma coisa em mente. (Diego diz)
- Sim, o grande problema com os Vizzanos é a influência deles. Minha
equipe é altamente treinada e confiável, então seria fácil conseguir alcança-
los, porém, não tenho poder o suficiente para emitir buscas e tudo que
precisamos para conseguir provas eficazes.
- Isso podemos fazer! (Bruno diz sério) Essa máfia, tem rota de tráfico de
drogas pelo Brasil inteiro, está na hora de acabarmos com a máfia mais antiga
do país.
- Eu vou precisar da sua influência Bruno com alguns políticos, creio que
quando tivermos provas suficientes precisamos expor o caso, é a ocasião
perfeita de criar inimigos e aliados. Eu soube que um dos integrantes está
tentar fazer uma aliança com um dos grandões aí em Brasília, Diego, o
deputado Aloisio, não sabemos qual a influência dele, porém quando
começamos a investiga-lo a máfia não gostou e começou a nos ameaçar. Até
mesmo ligações anônimas da filha do chefe da máfia, ela entrou em contato
comigo para um acordo.
- Eles pediram um acordo?
- Sim Robert, de início eu não iria aceitar, mas tive uma ideia, eles
queriam a denúncia do PM que mencionou o nome do deputado, então
troquei por uma lista do conselho.
- NÃO ACREDITO! (Nicole diz alarmada)
- Você caiu nessa? (Adam pergunta assustado)
- Não, Alex é esperto o suficiente, (Diego fala calmo) tem algo aí.
- Sim, a denúncia em si não era tão importante quanto o que eu queria.
- E o que você pediu?
- O importante não era a lista, tenho certeza que são apenas peixes
pequenos e iscas, mas eu exigi que fosse um documento autenticado com a
assinatura do chefe e da filha. Assim, eu vou ter uma “prova” (sinalizo com
as mãos) que Marcus Vizzano delatou seus companheiros, não
necessariamente os da lista.
- BOOOOOOOOOOA GAROTÃO! (Bruno rir)
- Um selo da máfia... Bem pensado Alex, mas na primeira tentativa eles
podem descobrir e desmentir.
- Se tivermos um depoimento, que leve a provas concretas é o suficiente.
Pois estamos realmente rodando com pistas que eles permitem.
- Se fosse possível pelo menos uma pessoa infiltrada...
- Pensei nisso, até estava disposto a me infiltrar, eles conseguem comprar
qualquer pessoa, bastaria eu dar um preço alto o suficiente, mas creio que são
espertos o suficiente para não me deixar na linha de frente.
- Sim, com certeza. (Robert diz pensativo) O melhor é tentarmos comer
pelas bordas, você disse que tem as rotas, não é? Podemos cada um em sua
jurisdição investigar essas rotas, se pensarmos como peças de um quebra-
cabeça, onde cada um monta uma parte e no fim juntamos, pelo que entendi,
as coisas só não estão avançando rapidamente com você, pois documentos e
poder estar faltando, isso eu, o Bruno e o Diego podemos ajudar, Adam,
Nicole e Caio, podem reunir provas e fazer as investigações que você
precisar, além de cada um tentar mapear o que ocorre em seu local. Depois
juntamos as peças e vamos conectando, claro, não iremos solucionar o caso
inteiro com isso, mas acho que para acabar com uma máfia milenar,
precisamos tentar encontrar o máximo, para que nenhuma ponta fique solta.
- Concordo Robert, estamos de frente de um caso que pode mudar a justiça
brasileira, para ser realista, não sei se conseguiremos conseguir amarrar todas
as pontas, como conseguimos dos Laffaiete pelo tempo e conexões que eles
têm, mas estou disposta ao máximo nesse caso. (Nicole fala firme)
- Estamos! (Caio completa.)
- Não se preocupe Alex, acho que será um caso complexo, mas
conseguiremos. (Bruno diz otimista.)
- Então fechou, (Robert diz animado) todos concordaram, esse é novo caso
da liga, vamos pegar os Vizzanos...
Capítulo XVIII
“E amanhã eu vou ter de novo um hoje. Há algo de dor e pungência em viver
o hoje.” -Clarice Lispector
Larissia Vizzano
Saio do escritório do meu pai e corro para meu quarto, fecho a porta e
sento em frente a escrivaninha olho meu reflexo no espelho, quem é você
Larissia? As lágrimas caem devagar e sinto o gosto amargo das minhas
palavras. Será que fui dura com ele? Não Larissia, você não foi, apenas disse
o que estava em seu coração. Eu preciso acabar com tudo isso o mais rápido
possível, respira Lari, você já instalou o equipamento, basta seguir com o seu
plano, posso até não me livrar nessa vida, mas livrarei esse fardo da nossa
família, eu PROMETO.
O dia passa lentamente, mas a ideia de ficar em casa realmente foi a
melhor opção que Malu poderia ter me indicado, consegui clarear
completamente a minha cabeça, vou dar continuidade ao plano de expor a
máfia, e farei o que for possível, a noite já chegou e com ela meu espirito
renovado. Desço as escadas devagar e toda a casa está em silêncio. Parece
que não há uma única pessoa, vou até a cozinha e Simone não está, também
não há ninguém na sala, vejo a luz do escritório do meu pai ligada e respiro
fundo. Vamos lá Larissia, bato na porta e escuto a voz fraca da minha mãe
dizer para empurrar. Entro e vejo os dois sentados, meu pai está virado para a
janela vendo o anoitecer e minha mãe apenas o olha. O clima está tenso e
lembro das minhas palavras durante a manhã.
- Vocês já comeram? (Questiono baixo)
- Ainda não filha, você está com fome?
- Não... (o rosto da minha mãe demostra uma aflição, eles estavam
discutindo? Não é como se eu pudesse fazer algo.) Eu quero conversar com
vocês.
- Lari eu acho...
- O que mais você tem para falar Larissa? (A voz do meu pai irrompe a
sala, sinto um calafrio me atingir com força.) Que sou um monstro? (Ele
sorrir friamente, virando sua cadeira para nossa direção.) Já sabemos disso.
- Eu quero entrar para a Máfia.
- VOCÊ O QUÊ? (Minha mãe se levanta nervosa) Enlouqueceu Larissia?
- Não mãe! Apenas estou aceitando a minha realidade, pensei em tudo o
que está acontecendo na minha vida, é cômico, (sorrio sozinha) mas eu nunca
tive o controle dela, uma mulher de 25 anos ainda é controlada pelos pais,
não pode fazer o que ela quer, já tem um destino pré-determinado, pensei em
exatamente tudo, sei que se eu virar uma procuradora consigo me livrar não é
isso? Então Ok, farei isso, mas enquanto não acontece eu quero fazer parte e
impedir que mais funcionários como Cauã seja assassinato. Se eu tiver que ir
para o inferno, para proteger gente inocente eu vou.
- Você sabe o que isso significa? (Meu pai me olha desconfiado e rir)
Larissia, eu sou um líder de uma grande máfia, você tem noção disso?
- Eu vou entrar para a máfia, vocês querendo ou não, eu decidi uma coisa,
vou defender meus interesses, se para isso eu preciso entrar para a maldita
máfia eu vou.
- LARISSIA EU NÃO VOU PERMITIR. (Minha mãe se levanta com
raiva)
- Não tem o que vocês permitirem, esse não é o meu destino? Então eu
vou assumir e defender o que eu quiser. Mãe, eu nunca vou poder namorar,
noivar, casar com o homem que eu ame, (olho nos olhos dela) por que meu
pai é o líder das Vizzanos, não posso colocar a cabeça no travesseiro
tranquila pensando o que vou comer amanhã, pois os funcionários do meu pai
estão lá fora assassinando vidas inocentes. Então só me resta entrar para esse
inferno e tentar matar o diabo.
- O que você quer dizer com isso? (Minha mãe questiona, mas meu pai
simplesmente observa calado.)
- Vou tentar salvar o máximo de pessoas possíveis.
- Você tem certeza disso Larissia Montenegro Vizzano?
- Sim, Marcus Vizzano, não vou permitir que uma família seja
assassinada, novamente. Creio que como herdeira e sua filha eu tenha algum
poder, e irei usá-lo.
- Filha...
- Mãe, até quando vocês vão poder me proteger? Puderam me proteger
agora? Se não fosse por mim e pelo Cauã, meu pai poderia estar sendo
obrigado a matar a Tia e meus primos, só para me proteger, olha o que
aconteceu com Cauã, eu não pude nem o proteger. Vocês puderam me deixar
fora disso? Não! Então eu farei o possível para não deixar que eles levem
mais pessoas inocentes.
- Camila, me deixe a sós com a Larissia.
- Por quê?
- Apenas nos deixe a sós, por favor. (Minha mãe levanta e sai, olho nos
olhos do meu pai e ele me olha fixamente) Larissia, não esqueça que além de
um habilidoso mafioso eu sou seu pai, e essa história não me convenceu.
Mas, você já está uma adulta, então deixarei fazer o que quer. (Ele se levanta
devagar ainda me olhando e circula a mesa ficando de frente para mim.) Não
sei ao certo o que planeja, Lari, mas se decidiu fazer, faça direito, não der
oportunidade para o conselho lhe pegar, ou terei um grande problema. (Ele
me abraça) Você está certa, filha, seu pai é um monstro, então consiga o que
eu nunca consegui. (Não digo nada, apenas lágrimas rolam pelo meu rosto,
ele sabe o que pretendo? Ele descobriu as câmeras? Sinto, gotas pingarem em
meus ombros e percebo que é dele.) Eu não posso ajudar e sei que não
mereço ser seu pai, mas sou feliz por ter criado você. (Seus lábios se fecham
em minha testa e ele a beija.) Seja cuidadosa Lari, e proteja a sua mãe. (Ele
me abraça mais apertado e respira fundo, voltando para a sua cadeira.) Chame
a sua mãe. (Ainda anestesiada, saio da sala e a chamo, o que foi isso? Ele me
deu carta branca para seguir meus planos?) A Larissia vai conosco amanhã
para o conselho.
- Marcus, você não pode aceitar isso. (Mamãe diz assustada)
- Sim, querida, eu posso e vou. Nossa filha já é uma adulta, e se ela
decidiu, iremos apenas apoiá-la, ao menos uma vez. (Eles se olham e passam
alguns segundos assim.)
- Filha, você tem certeza disso? (Minha mãe respira fundo e limpa suas
lágrimas.)
- Sim dona Camila! (Sorrio, tentando mostrar uma coragem que eu não
tenho.)
- Então Ok, amanhã você estará conosco, conhecendo tudo. (Ela fala
triste)
Após meu pai me explicar algumas regras importantes que preciso saber
para as reuniões, pedimos uma pizza e comemos. Mesmo sentindo meu
coração doer, me esforcei a ser o mais agradável possível, não sei como será
nosso futuro, só espero que possamos nos livrar de tudo isso algum dia.
São exatamente dez horas da manhã e estou sentada ao lado do meu pai
em uma mesa gigante, com 20 lugares, não sei a localidade, é uma casa de
campo longe do centro, mas não sei exatamente onde estamos, a sala de estar
tem um tom amedrontador, as paredes são amadeiradas assim como o chão,
um lustre é o único objeto de decoração que traz alguma calmaria, na parede
um quadro de uma batalha sangrenta. Toda a sala está rodeada por
seguranças, assim como fora da casa, parece um quartel cheio de soldados.
Olho para mamãe que assim como eu está com óculos escuros e um lenço
preto sob os cabelos, de acordo com meu pai, é uma maneira de não
reconhecerem a nossa verdadeira identidade. Sinto minhas mãos tremerem,
seja forte Larissa, todo o ambiente exala uma aura maligna. Um toque ressoa
pela casa e imediatamente as portas vermelhas se abrem, sinto a mão do meu
pai aquecer a minha e balanço um pouco a cabeça. Nesse momento, mais
seguranças entram na sala e com ele algumas pessoas importantes consigo
identificar apenas algumas como o governador, um grande empresário,
NOSSA! Não consigo acreditar, uma juíza nacionalmente conhecida, eu
estudei sobre três casos dela na universidade seu nome é Margareth Lisboa,
outras pessoas entram e eu apenas foco em me concentrar, infelizmente não
pude gravar, pois celulares e qualquer aparelho é proibido aqui dentro. Como
pessoas tão influentes, com tantos dinheiros, tem necessidade disso?
Participar de uma máfia? Matar pessoas em troca de dinheiro e vingança,
controlar tráfico de drogas e pedaladas fiscais. Meu inconsciente grita
xingando dentro de mim e amaldiçoo todos eles. A reunião é iniciada e nesse
momento percebo a importância do meu pai, pois a sala inteira o observa
quietos.
- Bom dia, devido a acusação do conselho, precisei tomar medidas
individuais e aqui está o resultado. (Ele joga uma pasta amarela e sei que se
trata da delação.) Podem ler, está é a delação do policial, o caso do deputado
Aloisio foi resolvido e espero que nenhum membro aqui presente, me
questione novamente sobre minhas condutas. Não serei tão tolerante, se
houver uma próxima vez.
- Como você conseguiu isso? O caso não estava com o delegado federal?
(Um dos homens questiona e imediatamente minha cabeça projeta a figura de
Alex, todo dia recebo ligações e mensagens dele, porém não me permito
atender, nossa história não deveria ter acontecido.)
- Não importa meus métodos, aqui está!
- É inquestionável suas habilidades Marcus, (a juíza diz sorridente, que
vontade de bater nessa mulher, se fingindo de boa samaritana e faz parte
desse lixo.) mas você concorda que não podemos dar margens para erros aqui
dentro, então não leve tão a sério. E é um prazer conhecer sua filha, não sabia
que já era uma mulher. (Seu sorriso sarcástico me faz desconfiar, ele parece a
típica cobra em forma de gente, meu pai acena para mim e me levanto como
havíamos ensaiado.)
- É um prazer comparecer, Ellie Vizzano, herdeira e futura líder, que
possamos ter uma boa convivência a partir de hoje, espero que cuidem de
mim.
- Bem Vinda senhorita Ellie. (Eles dizem juntos) Uma rosa aos amantes e
sangue pelos amados, (eles recitam o lema dos Vizzanos e sinto meu
estômago revirar.) seguiremos leais na família que a máfia traz, somos um
por todos e todos pelos Vizzanos.
- Obrigada a todos. (Cumprimento com a cabeça e sento novamente.)
- Saudações feitas, iremos ao que importa, as rotas do sul estão lucrando
menos que as demais, por que isso está acontecendo Ângelo? (Um homem
calvo, com seus 56 anos aparentemente começa a falar, sobre vizinhança,
produção e sinto um enjoo crescendo, eles falam de vender drogas para
comunidades carentes, como uma plano de logística, a reunião segue com
mais informações sobre o tráfico de drogas, até que uma mulher loira, que
desconheço toma a palavra e fico em alerta com sua fala.)
- Precisamos pensar no federal, ele apareceu em meu escritório e foi
enfático sobre minhas ações para embargar seus processos. Esse caso da
família está na mídia Marcus, não posso controlar.
- Não se preocupe Marcela, a morte da família não tem nada que possa
incriminar nenhum de nós, se não fosse pela nossa rosa, nem saberiam que
foram meus homens. (Meu pai fala calmo) Se vocês não tivessem se
intrometido nos meus assuntos nada disso teria acontecido. Espero que não
aconteça mais, somos um conselho, mas a lei é minha, o poder sou eu. (Sua
voz é dura e vejo que todos ficam receosos.) Não interfiram em minhas ações
novamente, fui claro Sampaio? (Um homem muito bem vestido e até então
calado, consente com a cabeça.) Vocês sabem o que acontecem com quem
entra no meu caminho, hoje você paga com a sua vida, não queira pagar com
a da sua família. (Esse é meu pai? Sim Larissia, esse é seu pai. A reunião
continua por mais alguns minutos, até que meu pai finaliza e saímos da sala,
após todos irem embora. Escuto gritos, vindo do segundo andar da casa e me
assusto.)
- Vamos filha. (Minha mãe segura em minhas mãos e me leva para o
carro.)
- O que foi isso? (Pergunto com medo da resposta.)
- Nada, apenas vamos. (Mais grito e choro, sinto que estou prestes a
vomitar, meu pai entra no carro e seguimos para casa em silêncio. Chegamos
e vou para o meu quarto após almoçar, antes que possa esquecer, descrevo
todos que estavam na reunião hoje e procuro por alguns nomes na internet,
descubro que Marcela, é uma promotora e o tal Sampaio é um famoso
empresário do ramo farmacêutico. Não me admira ele descobrir o paradeiro
de Cauã e sua ligação com meu pai, com tanto poder e dinheiro. O dia passa e
quando estou me arrumando para ir ao bistrô meu telefone toca. Vejo que é
Carlos, o metre, atendo de imediato.)
- Carlos? Algum problema?
- Não senhora, um homem, chamado Alex deseja encontrá-la e queria
saber se estará aqui hoje. Apenas liguei, pois ele não para de insistir. (Alex?)
- Informe que não estarei na cidade essa semana, assim que possível
retornarei a sua ligação.
- Sim senhora, só liguei, pois além de insisti o reconheci, perdoe-me.
- Não Carlos, você fez certo, apenas informe a minha ausência. (Deixo a
bolsa na cama.) Aproveitando a oportunidade Carlos, avise aos Chefes para
tocarem essa semana, estarei em um curso.
- Pode deixar senhora, bom curso.
- Obrigada, cuida das coisas para mim.
- Sim! (Desligo a ligação e sento na cama, como eu não pensei que ele
poderia ir até lá? Como vou acompanhar a gravação do escritório agora?
PORRA LARISSIA! Tiro a roupa e desço para sala, não há nada que eu
possa fazer. Por que você tem que insistir em mim Alex? Há tantas mulheres,
para você... por que eu?)
A semana passa lentamente e a cada dia que ligo o celular sinto uma
tristeza incondicional, Alex não deixa de me mandar mensagem nenhum dia.
Parece que o destino gosta realmente de me torturar, um homem incrível está
a minha procura, mas preciso manter distância. Hoje acordo disposta, minhas
férias enfim acabaram, após uma semana indo a conselhos da máfia e
conhecendo mais desse lixo. Tomo um banho e visto uma saia lápis preta,
com uma pequena fenda na perna esquerda, uma blusa solta de manga rosa
bebê. Um sapato alto de bico fino nude, completa o look advogata, sorrio,
arrumo as madeixas em um rabo de cavalo alto, com um pequeno volume na
frente, no rosto apenas rímel e um batom claro. Pego minha bolsa e desço.
- Uau filha, como está linda.
- Obrigada mãe, hoje iremos em um congresso e serei a representante da
turma.
- Minha filha é muito inteligente. (Meu pai aparece e beija minha testa
indo para a mesa.)
- Eu vou comer na universidade, o professor quer nos encontrar antes. Até
mais tarde! (Saio e sigo para o campus.)
Encontro o grupo de alunos no refeitório, cumprimento a todos e Malu já
me chama.
- Tudo bem?
- Agora sim! (Sorrio para ela) Acho que conseguirei tudo que preciso.
- Quando me contou eu quis te matar, sabe disso, não é?
- Sim sei! Mas se eu quero acabar, precisava me tornar como eles.
- Entendi, amiga, só tenho medo de como vai se sair no fim.
- Com tanto que eu consiga meu objetivo, não me importo...
- Larissia! (O professor chega já me chamando, me levanto e vou em sua
direção.) Pessoal é o seguinte, vocês sabem que a Larissia é a representante
de vocês, infelizmente, não poderei comparecer, pois surgiu algo na diretoria
e terei que resolver com o reitor, então a Larissa está responsável pelo evento
de hoje, todas as observações de vocês serão anotadas por ela. (Ele me
entrega uma pasta e vejo que tem nomes e pontuações.) Essa é uma chance
única para vocês, estão no penúltimo semestre e tudo vai depender do
desenvolvimento de vocês no projeto final, utilizem essa experiência para
absorver o máximo de informações. Consegui uma exclusiva com um de
nossos ex-aluno. Então ao final do congresso, ele irá procurar por vocês. O
nome dele é Guilherme, sejam bonzinhos e façam perguntas consideráveis,
ok?
- Sim senhor! (Respondemos)
- Qualquer dúvida, vocês não deixem de anotar para me perguntar na
próxima aula. Aqui está o crachá de vocês. (Ele nos entrega e sai.)
- Bom pessoal, (digo) eu sou colegas de vocês e não professora, então não
se preocupem, apenas vamos fazer como o professor falou e extrair o máximo
que pudermos de informações, se precisarem de qualquer coisa estou à
disposição, temos 14 pessoas correto?
-Sim! (Gisele uma das meninas mais bonita da turma diz animada.)
- Então 3 carros é o suficiente.
- O meu! (Ela diz se exibindo.)
- Temos um!
- O outro pode ser meu. (Marcio, outro aluno se oferece.)
- E último o meu. (Caio aparece com um crachá, o que ele está fazendo
aqui?)
- Você vai também?
- Sim, esqueceu que sou o preferido do professor? Não iria perder essa
oportunidade de ir ao congresso.
- Exibido! (Malu grita)
- Então estamos certo, agora 15 pessoas, 5 em cada carro. Nos
encontramos lá, ok?
- Ok! (Aproveito e peço um suco com salgado no refeitório, como
rapidamente e vamos no carro, eu, Caio, Malu, Pietra e Cícero, nossos
colegas. Chegamos quase juntos no teatro municipal, onde irá ocorrer o
evento, estacionamos e há uma grande multidão de repórteres na frente, claro
que teria! Apresentamos os nossos crachás e nossa entrada é liberada, o local
está ornamentado com flores, há um palco com as bandeiras da cidade, do
estado e pais, assim como cerca de 25 cadeiras pretas, acho que será uma boa
coletiva, nossos lugares ficam um pouco distante, pois as primeiras cadeiras é
dedicada aos repórteres exclusivo, sentamos na quinta fileira. Sento e já
começo a anotar as observações apontada pelo professor.)
- Amiga, eu estou muito apertada.
- Sério Malu?
- Sim! E agora?
- Vai logo, daqui a pouco começa. (Ela sai apressada e dou risada, essa
menina é louca.)
- Já vai começar. (Caio me olha sorrindo, e penso como gostei desse olhar
antes, agora nada mais me parece sensacional. Apenas um belo sorriso de um
amigo.)
- Cadê a Luiza, está demorando. (Olho para todos os lados e as luzes
escurecem dando holofotes ao palco. Um representante de estado começa
com as apresentação, todos levantamos para cantar o hino nacional e em
seguida a palavra está com o governador... Só de olhar para esse homem meu
estômago vibra, corrupto cretino. Ele começa a falar sobre o desenvolvimento
do estado e no meio de seu discurso Malu chega pálida.)
-Malu? O que houve?
- Ele está aqui?
- Quem está aqui?
- O Guilherme.
- Quem é Guilherme? (De quem ela está falando.)
- O meu primeiro namorado, ele está aqui Lari. (Lembranças dela
contando suas histórias do ensino médio surgem e me lembro do seu primeiro
namorado, eles ficaram juntos até que ele precisou viajar e terminaram.)
- Malu, é apenas um de seus namorados, (sorrio para ela) você ver seus ex
toda hora.
- Você não entende Lari, ele é meu primeiro, entende, meu primeiro
namorado, meu primeiro amor, e está tão lindo...
- Luiza!
- Amiga, eu nunca esqueci meus sentimentos por ele Ok? Só terminamos
por que ele tinha acabado o terceiro ano e precisou viajar, além disso
estávamos confusos na épocas, erámos novos demais.
- Malu, respira, você está falando muito rápido, vamos fazer assim,
quando terminar tudo, nós o procuramos e vocês conversam, o que acha?
- Ele está tão lindo Lari...
- Ei, vocês precisam fazer silêncio, ou vão chamar nossa atenção. (Caio
nos repreende rindo e paramos, olho para o palco e sinto minhas forças
sumirem, seus olhos estão me olhando, não é? Eu sinto... é ele, Alex me olha
fixamente em uma das cadeiras, Droga... o que eu faço?)
- Malu... (Chamo baixo)
- Eu estou vendo Lari, respira... (Ela sussurra) a turma está sob sua
supervisão, você não pode sair, apenas respira.
Sinto que seu olhar pode ler a minha alma, tento não olhar para ele, mas
involuntariamente meus olhos me traem e sou atraída para ele, sinto suas
perguntas me rondando, após todos esses dias fugindo dele. Agora isso? O
tempo parece passar em outra dimensão, não consigo anotar e nem prestar
atenção em mais nada do que está acontecendo aqui. A palestra termina e
sinto que preciso sair o mais rápido, estou sufocada, foca Larissia, por favor
foca. As pessoas começam a esvaziar o teatro e levantamos nos reunimos.
Malu aperta minha mão e aponta para o homem que está vindo em nossa
direção.
- É ELE... (Ela sussurra e vejo suas mãos suando frio, mas antes que eu a
tranquilize, ele nos cumprimenta.)
- Olá, bom dia, me chamo Guilherme e sou ex-aluno da universidade, a
pedido do professor irei acompanhá-los até a exclusiva, há uma sala por aqui.
(Ele anda na nossa frente e sinto que Malu está preste a perder seu controle.
Nós o seguimos e entramos em uma sala, fazemos uma roda com as
cadeiras.) A palestra será dada pelo nosso delegado federal, Alex Aguiar.
(Alex entra e sinto que estou sem cor, DROGA, DROGA! Nossos olhares se
conectam e vejo fúria em seus olhos, sinto-me nua e indefesa com seu olhar.
Ele mantém sua postura séria e começa um discurso sobre justiça, lei e
obrigação, não consigo absorver nenhuma de suas palavras, apenas penso em
como sair dessa situação. Os minutos se arrastam e fico mais tensa, a palestra
é finalizada e nos levantamos o aplaudindo, agradeço em nome da turma e
sinto que estou tremendo, o cumprimento com um aperto de mão e sinto seu
aperto, me afasto para que os demais cumprimentem também. Olho para
Malu, mas ela simplesmente balança a cabeça sem saber o que fazer. Os
agradecimentos finalizam e saímos juntos, direciono os alunos, para que ele
veja que estou ocupada e escuto Malu, informando que retornará sozinha. A
olho questionando e ela apenas me manda ir.)
- Bom pessoal, de acordo com as anotações do professor, podemos fazer
perguntas a quem estiver disponível, sejam discretos e tomem cuidado com
as perguntas. Estão liberados. (Seguimos para o teatro, mas antes que eu
passe pela porta, sinto alguém me puxando para debaixo da escada, mesmo
sem ver o rosto eu sei quem poderia ser, esse cheiro, essas mãos.) Alex?
Capítulo XIX
“Amor, Quando duas pessoas fazem amor, Não estão apenas fazendo amor,
Estão dando corda ao relógio do mundo.” - Mario Quintana
Maria Luiza
Estou saindo do banheiro quando escuto uma voz...
- Luluzinha? (Congelo imediatamente, ninguém me chama assim há anos,
não pode ser, viro-me para o dono da voz e sinto-me com quinze anos de
volta.)
- Gui? (Lembranças da minha adolescência me invadem com tudo, é ele
mesmo? Apesar do terno dar um ar mais maduro, eu tenho certeza que é ele.)
*Flashback on*
- Luluzinha, eu tenho algo para te contar. (Ele parece sério, aconteceu
algo?)
- O que foi Gui, seu olhar está sério. (Nossas mãos estão entrelaçada e
consigo sentir a brisa bater forte em meu rosto, estamos sentado no banco do
parque.)
- Você sabe que eu tenho estudado esse tempo todo para passar na
universidade, não é?
- Claro amor, você foi o aluno mais aplicado do terceiro ano, tenho
certeza que logo passará. Mas, o que houve? (Ele me olha com carinho,
sempre foi assim, nosso relacionamento é um pouco engraçado, eu estou
terminando meu último ano do fundamental II e ele finalizando o ensino
médio. Mas sei que quero passar toda a minha vida ao seu lado. Até parece
sonho de uma garota que acabou de fazer 15 anos, mas sinto que ele é e será
meu grande amor)
- Eu não vou poder fazer o vestibular.
- O que Gui? Como assim? Você está estudando o ano inteiro para isso.
- Meu pai vai voltar para Coreia, e quer que eu vá com ele.
- O que? Como assim? Você não pode interromper seus sonhos assim.
(Não estou conseguindo entender suas palavras.) Você vai me deixar... (Sinto
a lágrima salgada rolar em meu rosto.)
- Por favor Lu, não faz assim. (Não consigo olhar para ele, abaixo a
cabeça e deixo a lágrimas rolarem e os nossos planos? Iriamos abrir um
escritório de advocacia juntos.)
- Você não pode estar falando sério, como assim do nada Gui, a Coreia é
tão longe. (Meu peito aperta, isso não está acontecendo.)
- A família do meu pai está precisando dele, eu não entendo muito, mas
parece que ele vai precisar assumir os negócios da família.
- E por que você tem que ir? Você já é de maior. (Olho para ele e vejo que
seu rosto está igualmente destruído como o meu.)
- Lu, você sabe que eu nasci aqui, mas tenho dupla nacionalidade, não
sabe? (Confirmo com a cabeça.) Meu pai, apesar de morar aqui há 19 anos,
nunca deixou a cultura e crenças, eu até tenho um nome coreano. (Ele dar
uma risada fraca.) Mesmo que eu seja de maior aqui, eu preciso obedecê-lo.
E ele quer que eu me apresente no exército de lá. (As lágrimas continuam e
sinto ele levando nossas mãos aos lábios e beijando-as.) Eu não queria nada
disso Lu, nada, eu amo o Brasil, eu amo você, amo os planos que traçamos,
mas eu não posso se opor ao meu pai, você sabe o quanto ele sofreu com a
morte da minha mãe, eu sou a única pessoa que sobrou na vida dele, não
posso abandoná-lo assim.
- Mas significa que você não vai realmente ficar? (Eu quero gritar e
implorar para ele ficar, quero chorar e obriga-lo a ficar.)
- Eu não posso. (Seus olhos estão cheios de lágrimas)
- Então vamos terminar? É isso Gui? (Meu peito se afunda em solidão,
sinto que estou ficando sem ar.)
- Lu... (Ele não continua, vejo suas lágrimas rolarem e a última vez que o
vi assim, foi quando a mãe dele faleceu a dois anos atrás, eu não quero vê-lo
desse jeito de novo.)
- É melhor terminarmos, a Coreia não é como São Paulo. (Sorrio fraco,
não é como se ele estivesse terminando com você Luiza, ele precisa ir com o
pai dele.)
- Eu realmente não queria isso Lu! (Ele me olha triste e eu colo nossos
rostos.)
- Eu sei Gui, eu sei disso. (Respiro fundo, não posso tornar mais doloroso
para ele.)
- Se não fosse pelo meu Pai eu ficava, eu enfrentava todo o mundo por
você Lu, mas não posso, sinto que preciso ser um bom filho nesse momento.
- Tudo bem! (Me levanto arrumando o uniforme da escola, e limpo minhas
lágrimas.) É melhor pararmos por aqui, vai ser mais difícil esperar até sua
partida. (Ele não diz nada, vejo seus olhos vermelhos, suas mãos agarram a
minha cintura e olho para cima, nossos corpos estão tão colados, como vou
viver sem você aqui Gui, como?)
- Me perdoa Luluzinha, por favor me perdoa!
- Não é culpa sua Gui. (No meio de tantas lágrimas, nos beijamos e sinto
o gosto amargo da despedida, seguro sua camisa com raiva, eu quero gritar
com você, xingá-lo, dizer que não pode me deixar, mas não consigo, não é
justo com você.)
- Eu te amo Luluzinha e nunca amarei alguém tanto quanto te amo. (Não
fala isso.)
- Eu também te amo Gui, você foi e sempre será meu grande e primeiro
amor. (Isso é tão injusto, tínhamos tantos planos, história. Ainda me lembro
de quando ele chegou na escola, eu tinha apenas 12 anos e me vi
completamente apaixonada pelo menino do primeiro ano, e
coincidentemente, você se apaixonou pela garota da sexta-série.)
- Eu não quero te deixar Lu! (Ele me abraça apertado e sinto que meu
mundo estar ruindo.)
- Eu preciso ir Gui... (Me afasto dele, eu preciso sair daqui, ou irei
desabar em sua frente.)
- Calma Luluzinha...
- Não Gui, é melhor! (Me viro e saio correndo ao choro pelo parque, isso
não pode estar acontecendo, ele vai embora, ele vai me deixar.)
*Flashback off*
-É você mesmo! (Ele me olha sorrindo, quando ele ganhou tantos
músculos e que rosto é esse?)
- Quanto tempo! (Digo sem graça, como assim é você Guilherme?)
- Eu não consigo acreditar que é realmente você, (Seu sorriso faz meu
coração disparar, sinto que o mundo parou e estou presa em seus lábios.)
como você ficou ainda mais bonita.
- Eu sempre fui linda. (Brinco) E você, quando voltou da Coreia?
- Ah já tem muito tempo, eu só passei dois anos lá, fui liberado do
exército, então os planos do meu pai não deram muito certo. Fiquei lá até ele
se restabelecer e voltei. E você? Quando voltei a procurei mais havia se
mudado, até de escola.
- Bem... (Como eu falo que eu praticamente implorei para viajar com
meus pais, de tanta falta que eu sentia?) Meus pais decidiram levar eu e Betto
com ele nas viagens e ficamos migrando o Brasil, durante um tempo.
- Entendi, e como está o Betto? Ele não gostava de mim naquela época,
será que consigo mudar agora? (O que ele está querendo dizer?)
- Betto continua a mesma coisa. (Eu não sei o que falar.)
- GUILHERME... (Uma voz grossa e estranhamente conhecida o chama.)
- Preciso ir, mas podemos conversar depois? Faz muito tempo Lu! (Seus
olhos sorriem e me sinto sem ar.)
- Talvez... (Que talvez o que Maria Luiza?)
-GUILHERME! (A voz parece mais próxima, acho que está a sua
procura.)
- Eu preciso ir, mas não suma Luluzinha, agora que a encontrei não a
deixarei escapar. (Ele dar um beijo rápido em minha bochecha e me sinto
uma idiota parada no meio do caminho, ele sai rápido e fico estática, é isso
mesmo? O Guilherme está aqui?)
Acorda MARIA LUIZA! Recobro meus sentidos e volto trêmula para o
teatro, sinto que estou prestes a desabar, pois minhas pernas estão fracas.
Larissia percebe e me pergunta o que houve, estou sem saber o que falar,
conto e ela parece não se lembrar de quem eu realmente estou falando, não a
culpo minha lista tem sido grande. Meu coração só para de bater acelerado,
quando avisto Alex no palco, sentado, olho para Lari, e a vejo nervosa, tento
a tranquilizar, mesmo sentindo um turbilhão de sensações dentro de mim,
obrigada destino, você realmente sabe trabalhar bem...
Guilherme
É ela... A menina que roubou meu coração anos atrás, é ela mesmo. A
observo sentada na quinta fileira, ela não consegue me olhar, mas tenho a
visão perfeita dela, quando ela ganhou esse corpo, essa confiança? Ela parece
a porra de uma mulherão. Me lembro da garota ingênua que conheci quando
entrei no colégio para o primeiro ano do ensino médio. Eu nunca esqueço o
dia que nos esbarramos na sala de computação, ela desajeitada com seus
óculos pedindo desculpa e eu apenas encantado, sei foi bem indecente eu
estava entrando na puberdade e ela com apenas seus 12 anos. Começamos um
namoro infantil, mas com o passar do tempo fomos nos descobrindo juntos,
lembro-me que o primeiro corpo a provocar e acariciar foi o dela, o primeiro
corpo a me dar prazer também foi o dela. A tristeza bate imediatamente,
quando lembro-me da nossa primeira vez juntos, foi 2 meses antes de tudo
acontecer, ela tinha apenas 15 anos, e mesmo assim embarcou comigo. Claro,
não foi como planejamos, afinal, nenhum de nós sabíamos o que estava
fazendo, mas nos amamos apesar da inexperiência, curtimos e rimos muito.
Compartilhei com ela meus melhores e piores momentos, foi ela quem me
ajudou quando minha mãe partiu e hoje a vendo tão linda e confiante, fez
meu corpo arder, não de desejo e sim um sentimento de pertencimento, paz...
A palestra acaba e deixo meus devaneios, lembro-me do pedido do
professor da universidade, espero Alex sair do palco e vou ao seu encontro.
- Você tem que dar uma palestra a galera da universidade, lembra?
- Universidade... então esse é o motivo (Ele fala baixo)
- Alex? Está escutando o que falo?
- Sim, você achou uma sala? Não gosto de palcos.
- Sim, vou recepcionar os alunos e leva-los para sala.
- Ok! (Ele está pensativo, melhor deixar ele ai, a pressão em cima dele tem
sido complicada. Volto para o teatro e procuro por pessoas com cara de
estudante e encontro um rodinha, deve ser eles, me aproximo e meus olhos
imediatamente fixa nela, Luluzinha, me aproximo mais e vejo o nome da
universidade em um dos crachás, sorrio, então você está fazendo direito. Me
apresento, sem tirar os olhos dela, levo os alunos para a sala e faço a
apresentação, apesar da sala cheia, eu não consigo focar em mais nada a não
ser ela, preciso descobrir se ela estar com alguém, se assim como eu ela não
esqueceu o passado. Alex começa a falar e eu aproveito e peço um papel e
caneta, de um aluno. Ele me dar e eu escrevo:
“Que tal sairmos quando acabar? Temos muito o que conversar.” Dobro e
vou em direção a porta, deixando o papel discretamente em sua cadeira. E
espero ela ler, seus olhos encontram os meus e eu sorrio. Ela consente com a
cabeça e vejo seu sorriso aparecer. Alex finaliza e eu a chamo, ela pede para
esperar e eu saio da sala, logo em seguida ela vem em minha direção, sem
dizer nada seguimos pela entrada e a levo até meu carro.
- Olha só o pequeno Gui cresceu! (Ela rir e eu acompanho)
- Agora sou um adulto responsável. (Mexo no terno e ela gargalha, abro a
porta do carro e ela entra, dou a volta e entro também.) Para onde quer ir?
Tem algum restaurante que prefira?
- Você me chamou, sinta-se à vontade!
- Se eu ficar à vontade demais te levo para a minha casa.
- Seria um prazer! (O que? Assim, direto, do nada?) Se assustou? (Ela
gargalha)
- Não, só...
- Só lembra da garota inocente da sexta série.
- Não é isso.
- Estou sendo prática, sei que cozinha perfeitamente bem, então vamos
juntar o útil com o agradável. Ou você tem um plano melhor?
- Não! Vamos, vou fazer um macarrão digno de conquistar sua barriga.
- Veremos! (O caminho é feito entre risos e lembranças, ouvir sua voz
falando dos nossos momentos é revigorante, ela me fala sobre seu ingresso na
universidade e conto que após voltar da Coreia passei de primeira no
vestibular, ela fica completamente feliz quando conto sobre minhas notas. É
tão bom ver alguém que comemore suas vitórias, como ela está fazendo, é
realmente, é a Luluzinha. Entramos no meu apartamento e ela vai logo ver as
fotos que estão na instante, tem fotos da minha formatura, da minha família
na Coreia, uma da minha mãe.) Seu pai não ficou triste quando veio? (Ela
pergunta olhando a nossa foto.)
- Sim, mas me apoiou. A Coreia é um pais sensacional, aprendi muito lá,
porém não estava habituado, comida, dia-a-dia, tinha dias difíceis.
- Imagino.
- E você, (Vou para cozinha e começo o preparativo do meu macarrão.)
ainda sente muita saudade dos seus pais?
- Sim, mas hoje em dia eu entendo mais, claro, não consigo entender como
eles deixam seus dois filhos com uma pessoa e sai para explorar a
arqueologia a fora. Porém sou grata que eles estão vivos e felizes, hoje, isso é
o que importa para mim, o relacionamento deles é mais lindo e sincero que já
vi.
- Sim, e você... não está em um relacionamento? (Ela me olha séria e
continuo olhando para ela.)
- No momento não... (O que isso significa? Volto minha atenção para a
comida, para esconder minha felicidade em saber que ela está disponível)
Gui! (Ela me chama e eu a olho, ela caminha em minha direção e vejo um
olhar triste.) Eu senti sua falta. (Paro de imediato o que estou fazendo e a
olho, como eu falo que também senti sua falta? Como eu falo que até hoje
procuro uma parceira como ela? Como digo o quanto partir me machucou.
Deixo as coisas e corro em sua direção a abraçando. Minha blusa molha e
percebo que ela está chorando, me afasto e olho em seus olhos.)
- Eu nunca esqueci você Lu, nem por um minuto, passaram anos e eu
ainda tentei te encontra, mas não tinha um endereço, até de escola você
mudou, os vizinhos não sabiam nada a seu respeito, eu procurei por você, eu
também senti sua falta Luluzinha. (Sem mais demora, possuo seus lábios e
ela permite, lembranças da nossa adolescência me invadem com tudo e sinto
que voltei para meu lar, estou onde não deveria ter saído. Nossos lábios se
encaixam perfeitamente e nos perdemos em saudade e desejo. A levo até o
sofá, ela rapidamente retira minha blusa, suas mãos arranham a minha
barriga.)
-Puta que pariu, quando ganhou isso? (Ela rir e beija descendo seus lábios
para a minha barriga, quando ela ficou tão atrevida?)
- Há muitas coisas que você ainda não viu... (Paro no instante que ela abre
minha calça e sem nenhuma cerimônia e timidez retira meu pau já alterado e
começa a masturba-lo.)
- Estou louca para conhecer... (E simplesmente põe meu pau em sua boca.
PORRA, que mulher... Caralho... Ela suga meu membro com vontade e sabe
exatamente o que está fazendo. Ela me olha e fico maluco, vendo seus olhos
por cima da boca me chupando.)
- Caralho Lu quando ficou assim? (Paro seu joguinho, antes que seja tarde
demais e a trago para cima, puxando seu cabelo. Abro sua blusa e fico
maravilhado com seus seios, agora já formados e totalmente convidativo.)
- Há muitas coisas que você ainda não viu... (Ela repete minha frase e
retira sua saia, me dando a visão perfeita da sua calcinha fio dental preta.)
- Estou louco para conhecer... (A deito no sofá e me perco em seu corpo
sugando cada parte dele e explorando sua intimidade com minha boca. Suas
mãos apertam meus cabelos e ela parece ditar o ritmo que quer, faço como
ela pede e escuto seus gemidos, estou louco ao ouvi-la chamar por mim.)
- Gui?
- HUM... (Digo subindo meus beijos e me posicionando)
- Está sentindo?
- Você?
- Não Gui, tem algo queimando...
- Sou eu... (Sinto o cheiro de queimado e lembro da panela que estava
utilizando.) PORRA! (Saio apressado e desligo a panela vazia do fogo. Ela
começa a gargalhar.)
- Só você para aprontar essas coisas. (Ela continua rindo, que delicia ouvir
sua risada.)
- Eu quero aprontar muito mais ainda. (Subo minhas mãos alisando suas
pernas, cochas e massageio sua buceta molhada e pulsante.) Onde paramos?
(Ela fecha os olhos e nos perdemos no tempo, eu, ela, a saudade e o desejo,
dando corda ao mundo, o nosso mundo.)
Capítulo XX
“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que
querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito.
Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se
não o fizerem ali?” - Fernando Pessoa
Alex Aguiar
Passo mais uma noite na delegacia, espero que a liga me ajude a conseguir
tudo que precisamos, o olhar de Marcela me deixou pensativo, ela não gostou
da minha atitude e sinto que não deixará assim. A manhã se inicia e espero o
investigador Millus chegar, para começarmos a estudar as provas que foram
encontradas na cena do crime.
- E então o que você acha? (Questiono observando as provas em nossa
frente.)
- Busquei pelas câmeras de segurança e encontrei isso. (Ele pluga o pen
drive no computador e o horário marca quatro e meia da manhã. Cauã e sua
família saindo de casa e pegando um táxi.) Eles pediram o táxi e nesse trecho,
(ele muda a câmera, para o local do assassinato.) foi onde tudo aconteceu.
(As imagens são pesadas e mostram nitidamente, o motorista vestido de preto
com luvas e mais um carro preto para junto, a família é retirada a força do
carro e colocada em fileira. O mesmo, motorista aponta a arma para Cauã e
dispara, dar para ver que sua mãe cai de joelhos no chão e acaba sendo o
alvo, em seguida seu pai e irmão. Eles chutam o corpo, jogam a rosa e saem
em seguida.)
- Dar para seguir o carro pelas câmeras de trânsito?
- Já olhei e não, os perdemos, quando entram em uma rua sem câmeras e
sem movimento.
- Droga!
- Eles não informaram a ninguém sobre a viagem, os policiais já foram
investigar e os vizinhos disseram que não entendem como isso aconteceu,
eles eram boas pessoas.
- E o táxi, já verificou?
- Ele foi roubado, e já o encontramos, mas não há nada nele.
- Era de se esperar. (Eles não deixam pontas soltas.)
- Senhor, a única pista que temos nesse momento são o número
encontrado no corpo, o papel com suas informações e as passagens aéreas.
- Não encontraram nada nas outras vítimas?
- Não, nada.
- Ok, (passo minhas mãos pela cabeça, esse caso está começando a me
tirar a paciência.) preciso que você investigue se há alguma conta dele com
essa senha, ou alguma casa, cofre. Esse número pode ser nossa varinha
mágica para começar a descobrir as coisas.
- Sim senhor, irei investigar.
- Guilherme, consiga uma quebra de sigilo, para descobrimos quando as
passagens foram compradas, como foram compradas, talvez possamos
rastrear alguma coisa com isso.
- Sim! (Ele sai)
- Você tem a rota dos carros com você? (Questiono ao investigador)
- Sim! Só um instante, (Ele mexe no computador e imprime.) aqui está.
- Agente Silva, Patrícia, Marcelo e tenente Robson me acompanham.
Vamos fazer as rotas e tentarmos encontrar alguma pista das câmeras de
segurança.
Saímos e Silva leva a viatura, começo com o percurso da casa de Cauã e
não há nada, vamos para o ponto onde os assassinos desapareceram. Há
apenas uma lojinha de conveniência, descemos e entro no local, não há
nenhuma câmera, apenas um senhor de meia idade atrás de um balcão. Me
aproximo e o cumprimento.
- Bom dia senhor, tudo bem?
- Depende. (Ele me olha desconfiado) Aconteceu alguma coisa?
- Oh não! (O tranquilizo) Gostaríamos apenas de alguma informação,
poderia nos ajudar.
- Sim!
- A que horas o senhor costuma abrir a loja?
- Geralmente as cinco e meia, sempre tem alguém indo para o trabalho que
passa para comprar alguma coisa. (Olho os papéis e vejo que eles passaram
por aqui as seis em ponto.)
- O senhor sabe me informar se percebeu alguma movimentação estranha
na manhã de ontem?
- Que eu me lembre não, ontem (Ele parece pensar), não, espera, quer
dizer dois carros passaram correndo, pareciam estar em uma fórmula um, eu
estava varrendo à frente da loja, quando passaram correndo.
- O senhor viu para que lado foram?
- Não! Eles seguiram reto e não observei.
- Sabe me informar se um desses carros era um táxi?
- Não, não! Eles eram pretos, me lembro bem da cor deles. (Pretos? Mas
nas câmeras viram um táxi.)
- Tem certeza que não passou nenhum táxi por aqui?
- Tenho, não passou nenhum táxi.
- Obrigada, senhor. (Saio da loja, eu vi claramente a gravação e eles
entravam nessa rua. Volto para a viatura, pensativo)
- Alguma pista? (Marcelo pergunta)
- Talvez, olha nos registro onde foi encontrado o táxi.
- No bairro longe daqui.
- Estranho, muito estranho. Silva, volte por favor para a entrada da rua.
(Ele volta e eu observo, as câmeras pegaram o táxi entrando aqui.) O carro
não passou pela loja, mas passou nessa rua... (Olho a rua e vejo que há um
galpão, parece ser privado. Olho os outros lugares e tento pensar.)
- Podemos ir Silva. (Disco o número da delegacia e peço que me passem
para o Sandro.) Sandro, procure para mim o proprietário desse galpão nesse
endereço. (Passo o endereço e o número e espero)
- Está no nome de Talita Magalhães Sampaio.
- Sabe me informar se esses nomes conta em nossos registros?
- Um minuto. (Escuto seus dedos hábeis no teclado e após alguns minutos
ele responde.) Não senhor, esse nome é da irmã de um grande empresário do
ramo de produtos farmacêuticos. (Como uma pessoa poderosa não põe
câmeras em um galpão? E por que essa localização tão distante?)
- Você consegue descobrir desde quando eles são os proprietários?
- Sim! (Espero mais um pouco) Desde que os dados foram digitalizados
não há nenhum registro de compra, então a propriedade deles devem ter mais
de 30 anos.
- E quantos anos ela tem?
- 48!
- Certo, obrigada!
- E então? (Marcelo questiona)
- O galpão é da irmã de um grande empresário do ramo farmacêutico.
- Não me admira que seja tão grande.
- Tem alguma coisa ai! (Olho pensativo para o local)
- Como assim senhor? (Robson me olha)
- O carro entrou nessa rua, no mesmo horário que o carro preto, mas
misteriosamente sumiu e ao invés desse carro, outro carro preto apareceu.
Sendo que nas câmeras não há nenhum carro entrando nessa rua. Então um
carro não pode misteriosamente sumir e outro aparecer.
- Sim, provavelmente o carro ficou escondido. E eles trocaram...
- Mas eles não fizeram isso a mostra. (Concluo a fala de Marcelo)
- Talvez o galpão. (Robson completa)
- Exato! Vamos para a delegacia Silva, preciso analisar isso. (Seguimos
para delegacia e penso nas minhas suspeitas, apesar de ser apenas suspeitas,
já é alguma coisa. Chegamos e vou diretamente para a força tarefa.) Atenção,
parem o que estão fazendo e pesquisem para mim o empresário Sampaio, da
indústria farmacêutica.
- Aqui! Ele está no ramo há mais de 40 anos e tem seus produtos como o
número um em vendas. (Um dos policiais ler em voz alta)
- Tem algo interessante. (Outro policial fala.) Uma parceria com o
governador do Estado, trouxe mais de 10 milhões para a sua empresa, parece
que é ele quem fornece medicamentos para os hospitais públicos. (Bingo, o
governador e ele juntos, é muita coincidência.)
- Há mais algum nome que apareça nas nossas investigações?
- Não!
- Obrigado, podem voltar ao trabalho. (Vou para a minha sala e ligo para
Nicole, preciso analisar algo que ela com certeza consegue encontrar.)
- Oi Alex!
- Oi Nick, tudo bom?
- Sim, e contigo? Conseguiu alguma coisa do caso?
- Sim, e preciso da sua ajuda, tem como conseguir a cópia do contrato de
licença entre o governo de Minas e a empresa Sampaios?
- Caramba, acho difícil, mas vou fazer o possível, dar para esperar até
amanhã? Terei uma audiência agora a tarde e só posso ir atrás amanhã.
- Tranquilo, desculpe incomodar.
- Que nada, o caso é nosso, se tiver algo a mais que eu possa ajudar é só
falar.
- Pode deixar, beijos Nick.
- Beijos delegado!
Desligo e anoto o nome da empresa no meu quadro, isso não é uma
coincidência, tenho certeza. Guilherme entra em minha sala e vejo que seu
semblante não está muito bem.
- Estão dificultando para gente.
- Como assim, Marcela novamente?
- Não, a equipe aérea não quer colaborar.
- Você informou que era uma investigação federal?
- Sim, eles pediram a procuração. Disse que é a norma da empresa.
- Porra, protocolou o pedido de quebra de sigilo?
- Sim, mas você sabe que eles vão demorar com a resposta.
- Merda! (Penso um pouco) Já sei! (Pego o celular e ligo imediatamente
para Bruno, ele atende no primeiro toque.)
- Fala amoreco, o que deseja?
- Oi princesa, preciso dos seus dons de procurador.
- É só falar!
- Preciso de uma procuração de quebra de sigilo, a empresa aérea não está
colaborando e meu pedido não será atendido tão cedo.
- Tranquilo, só vai demorar um pouco, por conta da instância
interestadual.
- Não tem problema, com tanto que eu consiga essas informações, está
ótimo!
- Eu estava pensando sobre a máfia ontem, e vai ser difícil eles deixarem
brechas, você não consegue nenhum informante, um traficante, não sei.
- Já tentei, eles não sabem de nada, prendi um chefão do tráfico do Rio,
que veio vender aqui, eles não tem contato nenhum é tudo terceirizado.
- Porra, a diferença entre mafioso é isso, eles são meticulosos o suficiente
para não deixar rastro.
- Sim, mas eu sou conhecido por não seguir rastros.
- E nem a lei...
- Exatamente! (Nós rimos)
- Pode deixar que eu vou conseguir essa procuração.
- Valeu!
- Qualquer coisa me liga, só não faço sexo a distância o resto estou aqui.
- Deixa Beatrice ouvir isso.
- Ela me divide com você.
- Tchau Cavaliere!
- Tchau mano! (Ele rir e eu desligo)
- Ele vai conseguir? (Guilherme pergunta)
- Sim, apenas temos que esperar. Meus olhos ardem e vejo que o sono
começa a querer aparecer.
- Acho que vou para casa, já cumpri a escala, e não há mais nada a fazer, a
não ser esperar.
- Sim, você está aqui desde ontem de manhã.
- Eu mereço um descanso.
- Vai lá, você está lembrado não é?
- Do que? (Pergunto confuso)
- O acordo com meu professor, eu garanti que você daria uma pequena
palestra para os alunos dele.
- No congresso.
- Sim!
- Certo! Agora já vou, ou vou dormir em pé. (Pego minha jaqueta e vou
para casa.)
Desabo no sofá e pego meu celular, não há nenhum sinal de Larissa, ela
disse que ia precisar se ausentar por uma semana, do nada. E não retorna
minhas ligações, nem as minhas mensagens ela ler. Sinto que fiz algo errado
e não consigo pensar direito. Já não basta tudo isso com os Vizzanos, agora
ela some assim. Tento mais uma vez ligar e novamente não tenho resposta,
meus olhos vão se fechando e caio em um sono profundo.
Acordo com barulho da campainha, olho o relógio e são seis da noite, me
levanto devagar e abro a porta, é minha mãe. Ela me olha e sorrir, como eu
amo esse sorriso.
- Estava dormindo?
- Sim, não volto para casa desde ontem.
- Oh filho, você precisa se cuidar mais, o que fará quando seu corpo não
aguentar mais esse pique?
- Seu filho é saudável Dona Carlota.
- Sim, tenho certeza que seus pais estão orgulhosos. Eu trouxe uma sopa
para você, está começando a esfriar, é bom você aquecer o corpo.
- Dona Carlota, não acredito que atravessou a cidade para me trazer sopa,
assim vou ficar mal acostumado. (Vou até ela e beijo sua bochecha.) Já que
veio, vai dormir aqui não é?
- Não filho, você pode receber visitas...
- Desde quando você ficou tão liberal? (A olho rindo)
- Eu sempre fui seu moleque. Vá, tome um banho, vou esquentar a sopa.
- Só vou se prometer passar a noite aqui.
- Se aqueles policiais vissem você fazendo manha assim perderia seus
créditos.
- Eles não precisam saber! (Finjo segredo e vou para o banho. Volto e já
encontro a mesa posta.) Já lhe disse que lhe amo hoje Dona Carlota.
- Essa sua barriga, ama me enganar. (Ela rir e eu sento na mesa com ela,
começamos a comer.)
- E então filho, aquela garota...
- Ela não é uma garota mãe, já é uma mulher.
- Ok, e aquela mulher, vocês conversaram?
- Não.
- Como NÃO Alex.
- Ela precisou viajar.
- De repente? (Seus olhos me observam curiosos.) Tem certeza que ela
viajou?
- Ela me disse.
- Será que não está fugindo de você.
- Você também acha? (Admito baixo)
- Ei, que cara é essa Alex Aguiar? Por acaso você se apaixonou por ela?
- Que nada mãe, sabe que não sou disso!
- Por que eu sinto que é o contrário?
- Você e suas teorias. (Começo a comer rápido)
- Sabe Alex, eu sempre gostei da Luna, e estava até disposta a encher sua
paciência quando soube que ela voltou, mas seus olhos acabam de me
confessar que seu coração já tem uma dona.
- Dona Carlota, coma.
- Estar apaixonado é uma coisa boa filho, (ela sorrir e eu reflito em suas
palavras.) eu não sei quem ela é, e não sei o que vocês fizeram, na verdade eu
sei...
- Mãe!
- Mas, se ela é importante, assim como seus olhos estão dizendo, vá atrás
dela, nunca se arrependa por algo que deveria ter feito, faça e se arrependa
depois, tendo a certeza que tentou. Tenho certeza que ela não vai fugir se
você for sincero.
- E se ela fugir?
- Você tenta novamente, até achar que foi o necessário.
- Isso parece burrice? (Sorrio)
- Não há nada de inteligência no amor! (Ela se levanta e vai até a sala,
reflito em suas palavras e decido tentar.)
O dia na delegacia foi intenso, Nicole conseguiu a licença e como
esperava há um superfaturamento, agora preciso relacionar isso com a máfia
e descobrir o motivo, Bruno, ainda não retornou, então decido não fazer
plantão hoje, dirijo em direção ao Bistrô. O ambiente já está movimentado,
entro e vejo o metre, o cumprimento.
- Boa noite, gostaria de saber se Larissia estar.
- Boa noite senhor, infelizmente não.
- Você sabe se ela virá?
- Não sei informar. Mas, a algo que posso ajudar?
- Eu preciso urgentemente falar com ela, você está lembrado de mim,
estive aqui a alguns dias atrás.
- Oh sim, no escritório da chefe.
- Teria como você descobrir se ela virá essa noite? Eu realmente preciso
falar com ela e não quero dar viagem perdida.
- Só um instante, vou ver o que posso fazer. (Ele sai e demora alguns
minutos para retornar.) Infelizmente ela não virá, precisou fazer uma viagem.
(Então é verdade, ela não está fugindo de mim.)
- Você ligou para o celular dela?
- Sim! (Então por que ela não me atente?) Obrigado pela informação!
(Ligo para ela antes de entrar no carro e novamente dar na caixa postal, ela
não me atende, mas atendeu outra ligação... O que está acontecendo
Larissia?)
Os dias se passam e não tenho nenhum retorno, nem ela e nem a máfia se
movem, estou praticamente entrando em colapso, como isso é possível, como
um caso tem que ser tão complicado, como uma mulher me tira tanto o juízo.
Hoje é o dia do congresso nacional de justiça, e infelizmente minha
presença é precisa, visto um terno cinza, sapatos preto, assim como a blusa
social. Chego no local e há muitos repórteres. Odeio esse tipo de situação,
odeio esses eventos.
- Está bonitão chefe! (Guilherme aparece na entrada do fórum)
- Cadê Marcelo, não veio?
- Não, ele disse que dispensa esses eventos.
- Se tivesse mulher ele estaria aqui. (Rimos, passamos pelos repórteres,
eles fazem perguntas, mas entro em silêncio.)
- Você preparou o discurso?
- E lá preciso disso? É só falar o que sei.
- Você ama se exibir.
- Jamais, você sabe que temos uma missão aqui não é?
- Sim analisar os contatos do governador.
- Exato, estou realmente impaciente com essa tranquilidade no caso,
Bruno não retorna, Robert ainda não encontrou nada.
-A gente vai encontrar alguma coisa, pode demorar, mas vamos.
(Entramos pela lateral, onde vários políticos já conversam entre si. A visto o
governador e assim que ele me ver me cumprimenta. Dou uma risada de lado
e cumprimento as pessoas que vem falar comigo, eu realmente não fico
confortável nessas situações. O tempo passa, e vejo o Governador ir para o
palco. Aproveito e dou uma volta por trás dos bastidores para observar seus
seguranças, analiso cada um disfarçadamente e tento encontrar alguma
semelhança com os assassinos da família de Cauã, mas não encontro. Vejo
que o discurso já começou e eu preciso entrar, procuro por Guilherme, mas
não o encontro. Vou até a entrada lateral e o chamo, mas nada, chamo outra
vez e ele não aparece. Vou subir, antes que sintam minha falta, quando estou
perto das escadas ele aparece sorrindo.)
- Onde você estava.
- Encontrei alguém!
- Estou subindo, observe se há alguma movimentação entre os seguranças
quando ele sair do seu discurso.
- Ok!
Subo as escadas e me sento na mesa, assim como outras figuras
importantes na justiça e política. Olho para a onda de repórteres, quando
meus olhos são atraídos automaticamente para os cabelos ruivos. Ela está
aqui! (Observo o público ao seu lado e consigo ver sua amiga, e quem é
aquele ao seu lado? Encaro e vejo seus olhos em mim, nossos olhares se
encontram e não consigo desviar o olhar, mas ela assim o faz, quebrando a
nossa conexão. Ela parece nervosa, e eu peço para que essa porcaria de
discurso acabe logo. Assim que finaliza, me levanto e vejo Guilherme já me
esperando.
- Tenho que procurar os alunos.
- Acho que já os achei, (Sorrio, realmente o destino quer que nos
encontrarmos.) você separou a sala?
- Sim, irei levá-los para lá e lhe apresentar.
- Ok, esperarei você entrar e entro em seguida. (Ele se afasta e eu
aproveito para observar, ele vai em direção a Larissia e tenho a certeza que
ela é uma das estudantes. Eles vêm em minha direção e me afasto, para que
não seja visto. Eles entram e assim que escuto meu nome, faço o mesmo.
Imediatamente vejo os olhos de Lauren se abrirem em surpresa... Hoje você
não me escapa Larissia! O discurso é feito de maneira rápida, falo tudo que
preciso e tento não focar em Larissia, acabo e ela como representante da
turma toma a palavra, fico completamente enfeitiçado por sua maneira de
falar, espero todos saírem da sala e quando vejo ela sozinha, a puxo para
debaixo da escada, está escuro e ninguém pode nos ver. Agora mereço
respostas Larissia....
Capítulo XXI
“Consiste a monstruosidade do amor...Em ser infinita a vontade, e limitados
os desejos, e ato escravo do limite...William Shakespeare
Larissia Vizzano
- Alex?
- O que está acontecendo Larissia? (Ele me olha e vejo sua suplica. O que
eu falo?)
- Alex, é melhor conversamos depois... (Ele esmurra a parede atrás de
mim e me assusto.)
- Porra! (Ele se afasta e põe as mãos na cabeça confuso.) Eu fiz alguma
coisa errada? É isso? Por que você está fugindo de mim? (Ele respira fundo e
coloca uma de suas mãos amo meu lado.)
- Eu não estou fugindo.
- Não? Nós transamos e do nada você desaparece, eu tenho tantas
perguntas.
- Alex... (Eu preciso sair, mas ele aproxima seu corpo do meu e sinto sua
respiração.)
- Você não gostou? Se sim, tudo bem, eu vou aceitar...
- Não é isso Alex! (O interrompo, não posso achar que ele foi ruim na
cama, isso para um homem significa muito e ele foi completamente o
oposto.)
- Então o que é Larissia, me diz... (Suas mãos acariciam meu queixo e seu
polegar passa delicadamente em cima dos meus lábios.) isso está me
deixando louco, eu estou completamente louco por você. Não consegue ver?
(Seu polegar brinca com meus lábios e me vejo fechando os olhos tentando
controlar o desejo em meu corpo.) Olha o que está fazendo comigo... (Ele
encosta sua testa na minha e ficamos assim, suas mãos seguram meu pescoço
e sinto minha calcinha umedecer. Se controla Larissia!) Não fuja de mim
Larissia. (Sua voz transmite tristeza e sinto meu ser se partir em mil pedaços.)
Não somos uma transa de uma noite só, você sabe disso. (Ele sussurra, e me
sinto horrível, ele realmente não sabe quem eu sou, ou não estaria assim.
Abro os meus olhos e o afasto.)
- A coisas que eu não posso explicar agora Alex, (Sou sincera e me seguro
para não desabar em sua frente.) mas o problema não é você, sou eu. Você foi
realmente incrível comigo, mas eu não posso, não dar para explicar... (Tento
sair, mas ele me puxa de volta.)
- Você não precisa me explicar nada, apenas fique ao meu lado.
- Eu não poss.... (Ele me beija sem deixar eu terminar, reluto, mas sou
vencida pelo desejo e me entrego mais uma vez ao seu beijo, suas mãos
passeiam pelo meu corpo e faço o mesmo. Sei! Estou brincando com fogo,
mas não posso controlar. Nos separamos por falta de ar.)
- Eu não posso ficar aqui, se fomos pego, seria uma dor de cabeça para
você. Vem comigo!
- Alex, é melhor não.
- Você sente a mesma coisa que eu Larissia, parece insano esse
sentimento, mas sentimos, eu não quero explicações, eu quero você, isso
basta. Então vem comigo! (Eu preciso dizer não, eu preciso dizer não...)
- Está bem! (Ele segura em minha mão e me leva até uma saída lateral que
dar direto para o estacionamento, entramos em seu carro e ele fecha os
vidros.)
- Há muita gente, é melhor se abaixar, esses repórteres são horríveis.
(Droga! Não posso permitir que minha imagem seja exposta ou estou ferrada.
Me abaixo e Alex sai, há alguns repórteres, mas ele consegue escapar, sem
ser incomodado. Me levanto, o clima no carro está tenso, eu não sei o que
falar, o que eu poderia falar? Sabe a mulher que negociou com você, prazer
sou eu, ou melhor, prazer Larissia Vizzano, filha do líder da máfia. Eu estou
ficando louca, por que eu aceitei isso?)
- Você não precisa ir se não quiser! (Ele fala baixo e percebo que minha
expressão não é uma das melhores.) Por mais que eu queira você, não vou lhe
obrigar a vim.
- Não, tudo bem, acho que precisamos conversar. (Eu preciso terminar isso
direito, ou vai ser tarde demais.)
- Sabe, quando te vi, não acreditei que era você.
- Nem eu acreditei... (Penso alto)
- Não esperava que eu fosse um delegado federal? (Você não imagina)
- Para falar a verdade, não, sempre achei que fosse um grande advogado.
- Isso é culpa minha, admito, eu disse que fiz direito e você logo conclui
que eu fosse um advogado, pensei melhor não corrigir, digamos que minha
profissão pode assustar um pouco. (Sério?)
- Sim! (Digo sem graça e ele parece perceber que o clima está tenso, pois
liga o rádio, seguimos em silêncio e vejo que ele para em frente ao seu
apartamento, entramos e subimos, ainda em silêncio.)
- Você quer alguma coisa? (Ele questiona abrindo a porta e me indicando
o sofá.)
- Não, obrigada! Alex, precisamos realmente conversar.
- Eu sei, (ele senta ao meu lado no sofá e segura a minha mão.) mas antes
eu quero saber algo. (Sinto meu coração acelerar, ele já sabe?)
- O que? (Se ele me prender aqui? O que eu faço? Ainda não tenho provas
o suficiente para incriminar todos no conselho, o que eu vou fazer?)
- Aquela noite... (Ele vacila e sinto meu coração disparar.) foi a sua
primeira vez? (CARAMBA, solto o ar em meus pulmões, sinto um peso sair
das minhas costas [Sim, louca, não vai responder não?] minha majestade me
lembra da pergunta e eu me controlo, dos males o menor.)
- Desculpa, (sou sincera) eu não queria te enganar, não foi...
- PUTA QUE PARIU LARISSIA! (Ele abre os olhos e se levanta
nervoso.) Eu tirei a sua virgindade? (Ele para me olhando assustado.) Porra!
Você deveria ter me contado, eu não fui cuidadoso como deveria... Caralho,
eu pensei nisso, mas não queria acreditar. Agora consigo entender por que
fugiu, você se machucou? (Ele senta novamente e me analisa preocupado.)
Desculpa, Caralho! (Ele passa as mãos na cabeça nervoso.) eu deveria ter tido
mais calma, me desculpe, é tudo culpa minha.
- Alex! (O interrompo, ele está nervoso.)
- Você precisa de um médico?
- Calma! (Começo a rir do seu nervosismo, médico? Agora? Não consigo
segurar e começo a rir.)
- Não rir Larissia é sério, ainda repetimos, você ficou machucada, por isso
sumiu?
- NÃO ALEX, NÃO É NADA DISSO! (Não consigo controlar a risada,
não sei se é nervosismo, ou vê-lo confuso é engraçado, mas tento me
controlar.) Eu estou bem, e não te contar foi uma escolha minha, eu não
queria contar.
- Não, eu deveria ter desconfiado.
- Alex, por favor me olha! (Peço tentando manter a calma.) Você não
precisa se culpar, foi incrível para mim, você foi sensacional, ok? A escolha
de não contar foi minha.
- Então por que você fugiu?
- Não foi por que você foi ruim, ou qualquer coisa do tipo. (Respiro fundo,
não vou ser injusta com ele.) Eu estou com uns problemas de família muito
complicado, não posso explicar.
- Eu posso ajudar...
- Não você não pode, (não ainda) me desculpe por sumir assim, sei que
não fui justa com você, mas no momento, eu não estou com cabeça para nada
além de resolver esse problema.
- Larissia, eu nunca fui um homem de coisas românticas, e nem serei. (Ele
fala sério.) Não serei o homem que lembra de datas, ou que pode estar ao
lado de alguém todos os dias, e até hoje pensei que não seria possível ter
alguém ao meu lado por isso, mas você me fez querer tudo isso, me fez
querer ter alguém para esperar encontrar depois do trabalho, eu não sei o seu
problema, mas eu posso ser seu escape.
- Não é assim Alex...
- Sim Lari, as coisas não são complicadas, nós é quem complicamos, então
não priva isso que rola entre a gente. (Ele se aproxima de mim e cola nossos
lábios.) Não pensa muito Lari, apenas sinta, os problemas ficaram lá fora,
aqui é só eu e você... (Sua boca explora a minha, e por mais que o cérebro me
ordene para parar, eu não consigo e me entrego mais uma vez, nossas línguas
dançam e suas mãos acariciam meu corpo, ele adentra sua mão pela minha
saia e abro minhas pernas. Ele beija minha nuca e eu fecho os olhos, lágrimas
escapam e eu as deixo rolarem, meu peito afunda e sinto a dor me consumir,
não é uma dor física é minha alma que grita para parar, mas eu não paro, sou
egoísta o suficiente para não parar, meu coração afunda e eu simplesmente
reajo limpando as lágrimas e olhando para ele.)
- Hoje não me foda, me ame, apenas isso. (Ele não diz nada, apenas me
beija novamente e sinto que ele pressiona, eu sei e ele sabe, essa não é apenas
uma transa, isso não é apenas sexo, hoje é sobre sentimento... e sobre
despedida. Nossas roupas são retiradas e nossos corpos conversam entre si,
sem nenhuma palavra e apenas sentimentos, ele me encaixa em sua cintura e
me leva para seu quarto, meu corpo é posto na cama delicadamente.)
- Eu sei o que isso significa, é isso que você quer? (Ele me olha triste e eu
apenas responde.)
- Me faça sentir você por inteiro. (Ele me olha e sinto que como eu, ele
não quer começar, pois teremos que terminar. E não queremos chegar no
fim.)
Ele explora minha nuca, seios e barriga, meu corpo fica marcado com seus
apertos e chupões sua boca encontra a minha intimidade e ele beija
delicadamente, como se estivesse saboreando cada pedaço, fecho meus olhos
ao sentir sua língua golpeando meu clitóris, seus lábios suga meu pequeno
ponto de prazer e preciso segurar o lençol quando dedos são introduzidos em
mim. Uma de suas mãos encontram meus mamilos e os estimulam enquanto
sua boca explora com volúpia minha buceta encharcada pelo desejo. Quero
gritar, quando ele aumenta a velocidade dos seus dedos, me permito gemer
chamando seu nome e assim explodo atingindo meu ápice. Ele me olha e
chupa seus dedos me fazendo revirar os olhos, meus espasmos vão se
acalmando e antes que ele tome uma iniciativa, eu me esforço e troco de
posição com ele. Se essa é a última vez, que eu não me arrependa de nada.
Me coloco de quatro em cima dele e chupo seu membro pulsante, ele aperta
minha bunda com vontade, enquanto solta alguns gemidos, sugo sua cabeça e
passo minha língua por toda a extremidade do seu pau ereto. Coloco seu
membro novamente na boca, e vou retirando, acelerando o rimo conforme
seus gemidos aumentam, passo minha língua em círculos em sua cabeça e
recebo um tapa na bunda. Me sinto mais motivada, e faço novamente o
movimento, acariciando suas bolas e novamente mais um tapa. Ele geme meu
nome, cada vez mais alto e aumento a velocidade das minhas chupadas.
-QUE BOQUINHA GOSTOSA! Caralho Larissia! (Seus gemidos se
intensificam, mas antes que eu continue, ele me puxa e revira nossas
posições, se encaixando e penetrando em mim, como eu amo senti-lo em
mim, como eu amo me sentir uma mulher poderosa... Como eu o amo...
Admito e me permito sentir nossos corpos se chocarem e assim me perco em
nosso desejo.)
- Lari? (Alex me chama, meu corpo está mole, não pensei que conseguiria
repetir a dose três vezes. Eu não sei que horas são, nem o que estou fazendo,
mas quero aproveitar, é apenas hoje.)
- Oi!
- Ainda está acordada?
- Uhuhum (Digo sonolenta)
- Acho que amo você... (Ele fala sussurrando e sinto meu coração acelerar,
não respondo nada e finjo dormir, não posso responder, isso é tão injusto.
Deixo lágrimas escaparem e choro em silêncio, você não pode me amar
Alex...)
Espero Alex dormir e me levanto devagar, ele dorme pesado. Saio devagar
e vou para cozinha, a marmita em cima da mesa me lembra o intervalo da
nossa segunda dose, eu estava morrendo de fome e ele não me deixou
cozinhar, não queria que eu saísse do seu lado. Sorrio, obrigado Alex! Visto
minha roupa em silêncio, e antes de sair deixo um bilhete me despedindo. Eu
espero que eu te encontre quando tudo isso acabar, se você ainda quiser estar
ao meu lado, eu estarei pronta para você! Abro a porta e olho cada canto que
explorarmos hoje e naquela noite, obrigada por cada momento Alex, espero
que possa me perdoar quando descobrir tudo. Fecho a porta e chamo o
elevador, saio do prédio e sinto meu coração se partir, EU AMO VOCÊ
Alex!
O táxi para no bistrô e eu entro, o pessoal já está com tudo pronto para o
jantar, sorrio ao ver que o dia passou e eu não percebi, vou para o meu
escritório e passo o resto da noite escutando as gravações. Anoto tudo que eu
preciso, com essas gravações eu consigo incriminar os mercenários da máfia,
mas ainda preciso de provas para o conselho, como posso fazer isso? Chego
em casa e tudo já está desligado, já passam das duas da manhã, subo e vou
para o quarto. Olho no celular e não há mensagens dele, nem mesmo de
Malu, calma Lari, viva um dia de cada vez.
Estou tomando café para ir a universidade, quando meus pais surgem na
cozinha me olhando feio.
- Bom dia? (Continuo comendo)
- Onde você estava o dia todo Larissia? Os seguranças disseram que você
não saio do Teatro e ligou duas horas da manhã para lhe buscarem no bistrô.
- Bom dia Pai, quer comer?
- Larissia, não estamos brincando. Por que eu não consigo ligar para você?
(Lembro-me que bloquei a chamada, talvez seja por isso que não recebi nada
de Malu.)
- Não sei, acho que meu celular está com problemas, por favor sentem e
tomem café que vou explicar.
- Estamos esperando. (Minha mãe me olha feio, mas percebo que ela está
apenas fingindo, ou meu pai desconfiaria que algo está acontecendo.)
- Eu voltei para a universidade, porém voltei com o palestrante, como eu
era a representante, fui com ele para explicar o projeto que estávamos
realizando, provavelmente os seguranças não me seguiram por isso. Quando
sai da universidade, os seguranças não estavam no estacionamento, então
peguei um táxi, pois já estava na hora de ir para o bistrô. Se quiser pode olhar
as câmeras do bistrô, eu passei a noite toda lá e só pude sair as duas horas,
pois houve muito movimento. Mais alguma pergunta senhor Marcus?
- Por que não ligou para os seguranças.
- Eu acabei de dizer, que meu celular não está bom, ele está mostrando que
está sem área olha. (Mostro o celular) Apenas o Wi-fi está funcionando e na
universidade não tem.
- Essa história não me convenceu.
- Ela não disse que tem câmeras? Basta você olhar se quiser! (Minha mãe
começa a comer.)
- Você sabe quantos homens eu coloquei atrás de você? Nem dormimos de
preocupação.
- Não dormiram? Mas quando eu cheguei vocês estavam dormindo.
- Acabamos de voltar da sede Lari! (Minha mãe fala sobre a casa do
campo.) Seu pai colocou vários seguranças atrás de você, eles rodaram as
localidades do teatro, ele só relaxou quando os seguranças ligaram avisando
que você havia ligado.
- Se eu soubesse teria ligado assim que cheguei no bistrô, o telefone de lá
estava funcionando, por que não ligou?
- Estávamos tão nervosos que nem pensamos nisso. (Minha mãe come
tranquilamente.) Eu disse que não havia acontecido nada, mas ele não me
escuta.
- Por que eu acho que estão escondendo algo?
- Querido, eu não esconderia nada de você, coma logo. Esqueceu que
precisa passar as informações para Larissia?
- Que informações? (Questiono)
- Você vai se encontrar com o representante da nossa filial do Rio grande
do Sul.
- Por que eu?
- O conselho indica quem negocia, e querem ver você atuando como
herdeira. (Olho para ele.) Foi você quem escolheu.
- Sim, eu sei! (Respiro fundo) A que horas preciso ir, e qual o assunto?
- Você vai receber o pagamento deles, nada demais.
- Vocês vão comigo?
- Não, apenas uma pessoa pode ir. Vou passar as informações para você
quando acabarmos o café, será hoje à tarde. Não se preocupe, você vai
acompanhada de seguranças e não há perigo nenhum.
- Ok!
- Só tem uma coisinha que precisa saber.
- Sim?
- A partir de hoje você terá que andar armada, sempre haverá seguranças
para lhe proteger, mas eu e sua mãe estávamos pensando sobre o que
aconteceu ontem, você não aprendeu a lutar e atirar atoa. Então se algo
acontecer, saiba se proteger.
- OK! (Confirmo, pois tenho licença, então não é contra lei, claro, há uma
licença porém os meios da licença não foi vias legais, mas se vou entrar no
perigo, que eu saiba o que estou fazendo.)
Terminamos de tomar o café da manhã, meu pai me passa as informações
que preciso saber em uma pasta e eu pego tudo que vou precisar, ele entrega
uma arma, de pequeno porte, coloco na bolsa e vou para a universidade. A
manhã passa rápido, e não encontro Malu, ela não atende o celular e nem
recebe nenhuma das minhas mensagens. Ligo para Betto, assim que saio da
aula e ele também não sabe onde ela estar. Almoço e em seguida vou para o
local indicado pelo meu pai, dois carros me escoltam e os seguranças me
acompanham. O caminho é longo e parece ser uma estrada abandonada,
avisto um galpão e vejo três carros preto parado. Ponho o lenço em volta da
cabeça, os óculos escuros e posiciono a arma na cintura cobrindo com a
blusa, coloco as luvas pretas, marca da máfia. Seguindo as instruções do meu
pai, espero os seguranças abrirem a porta para que eu desça. Sou escoltada
até dentro do galpão e me encontro com um homem de meia idade, ele é alto
e tem os cabelos pretos, poderia ser considerado bonito, se seu olhar não
fosse tão amedrontador.
- Quando me falaram que a filha do chefe viria eu não acreditei, agora
vendo com meus próprios olhos não consigo acreditar. (Ele vem até mim e
pega minha mão beijando-a.)
- Meu pai me informou que era um galanteador. (Finjo um sorriso)
- É um prazer conhecê-la. (Aceno com a cabeça e começo ao que
interessa.)
- Trouxe o relatório?
- Sim senhora, a encomenda também. (Pego a pasta e analiso as linhas
verdes, são cerca de milhões. Aceno para os seguranças, e eles pegam as
encomendas. (O homem me encara e eu continuo o olhando. Os seguranças
me entrega a maleta e eu mando abrir. Pego o bolo de dinheiro e observo,
notas falsas, assim como meu pai falou, tão imprevisíveis. Retiro a arma da
cintura e aponto para a cabeça do homem, imediatamente o ambiente vira um
campo de guerra, ambas equipes de segurança apontam armas uma para a
outra.)
- Eu vou dar três segundos para me dar as encomenda correta. (Digo
calmamente e nada mais se ouve a não ser minha voz.) Um... (Desativo a
trava de segurança.) Dois... (Posiciono o dedo no gatinho) Três...
- Calma, aqui está! (Ele aponta para um dos seguranças e eles trazem outra
mala.)
- Confere! (Indico ao segurança com a arma ainda apontada.)
- Ok, senhora!
- Não acha perigoso me enganar? (Digo cautelosamente)
- Me desculpe, apenas segui ordens do conselho.
- Sua sorte é que estou de bom humor. (Miro para a lâmpada e atiro
acertando em cheio.) Ou brincadeirinhas como essa não teria passado. (Passo
meu dedo por seu rosto e bato em seguida.) Diga aos seus superiores, para
não brincar comigo! (Guardo a arma e saio seguida dos seguranças com as
malas. Meu véu cai e entro rapidamente no carro. O motorista dar a partida e
o segurança me entrega o telefone e meu pai está na linha.)
- Tudo ok!
- Usaram as notas falsas?
- Sim, mas fiz como mandou!
- Ameaçou os superiores?
- Sim!
- Ótimo, os seguranças vão dar duas voltas no bistrô antes de lhe deixar,
caso alguém esteja seguindo.
- Certo!
- Bom trabalho, filha!
- Obrigada! (Desligo e fecho meus olhos encostando a cabeça no banco,
Não tem volta Lari... Realmente não tem volta...)
Capítulo XXII
“Nunca precisei tanto de alguém como preciso de você, nunca desejei tanto
um sorriso como desejo o seu, nunca esperei tanto por um beijo como espero
pelo seu.” - Caio Fernando Abreu
Alex Aguiar
Acordo e procuro por Larissia, mas ela não está. Eu tinha certeza que isso
iria acontecer, senti a despedida em suas palavras. Minha cabeça dói e eu me
levanto indo para sala, não há sinal dela. Minha enxaqueca aumenta, olho na
mesa de centro e há um papel dobrado, abro e leio:
Alex,
Obrigada por cada momento, você é um homem incrível, obrigada pelas
risadas, pela companhia e pelo carinho. Eu queria poder dizer que ficará
tudo bem e retornarei logo. Mas, sei que não será possível, por mais que
tenhamos sentimentos recíprocos, eu não posso...Não pense demais, não é
nada sobre você, são problemas meus e que estou tentando resolver! Não
almejo que me espere ou compreenda, mas espero que me perdoe... Apenas
isso, eu não queria que nada disso estivesse acontecendo, mas o destino quis
assim, e a única coisa que eu posso pedir a você é perdão...
Xoxo Larissia
Sinto uma dor atravessar meu corpo e fecho os olhos, minha cabeça está
realmente doendo muito. Dobro o papel e o guardo entre os livros, vou até a
cozinha e sirvo um copo de água. Se é recíproco, por que ela se foi? Bebo o
líquido e sinto minha garganta rasgar. Vou até a sala e pego um dos meus
uísque, coloco no copo e deixo o líquido aquecer meu corpo. Por que você
não compartilha seus problemas comigo? Fecho os olhos e a imagem do seu
corpo reagindo a cada toque meu, me faz beber mais um copo, minhas
lembranças estão tão vivas que consigo escutar ela gemer o meu nome. A
maneira como ela me pediu para amá-la, bebo mais um copo. Droga, Alex,
você é tão deplorável, mais um copo. Encho o copo, mais uma vez e observo
o líquido amarelado, sinto, como se meu corpo implorasse por insanidade e
bebo novamente. Você está realmente ferrado Alex, se declarou por uma
pessoa, e ela fugiu de você como o diabo foge da cruz, sorrio. O que você
esperava? Juras de amor? Faça-me o favor, você é o El diabo. Isso não é para
você! Bebo mais um corpo e sinto minha cabeça clarear. Eu não posso
obriga-la a ficar comigo, nem posso me obrigar a te esquecer.
- Porra Alex, você é um filho da puta miserável! (Sorrio com minha
própria desgraçada. Fecho os olhos e sinto uma solidão bater forte em mim,
lembrança do seus sorrisos e gargalhadas projeta em minha mente, suas mãos
encostada no balcão, enquanto a penetrava deliciosamente.) Assim, não vai
dar! (Vou até o quarto e visto uma roupa qualquer, coloco meu distintivo e
arma e saio do apartamento, chamo um táxi e vou para a delegacia.)
Entro em minha sala e vejo Marcelo mexendo no computador.
- Cadê Guilherme?
- Porra cara, que cara é essa? (Ele me olha rindo) Bebeu?
- Não!
- Sua cara diz o contrário! Senta ai vou pedir um café para você.
- Cadê o Guilherme?
- Você é a mulher dele? (Ele rir e minha cabeça dói, com sua risada.)
- Vai se fuder Marcelo!
- Também te amo boneca, (ele pisca debochado) ele pediu para o cobrir
hoje. Mas o que você quer?
- Bruno, já enviou o que ele conseguiu?
- Ainda não, ele havia informado que está investigando e manda os
resultados ainda essa semana.
- Ok! (Faço uma chamada para a recepção e no primeiro toque o telefone é
atendido.) Pedro, peça para o tenente Robson me entregar os relatórios das
ocorrências dessa semana. (Ele consente e eu desligo, faço outra chamada e
novamente sou atendido.) Sandro, boa noite, você está em campo hoje?
- Sim senhor!
- Preciso que faça uma investigação sobre o plano de ação do governador,
ouvi hoje pela manhã que ele planeja criar uma obra avaliada em 100
milhões, porém pelo meu ver não há a necessidade. Então investigue todos os
planos de ação dele, faça uma análise das suas finanças e as empresas que
estão listadas para ser licenciadas. Cruze os dados e veja se encontra algo
semelhante no plano de ação do deputado Aloisio.
- Pode deixar.
- Acha que consegue me entregar isso quando?
- Senhor, conhecer o plano pode ser rápido, mas o levantamento das
finanças pode demorar cerca de uma semana.
- Isso tudo?
- Infelizmente, é o máximo que consigo!
- Certo Sandro, assim que tiver alguma informação me indique. (Desligo o
celular e quando estou ligando para a central, Marcelo puxa o cabo do
telefone e me olha sério.) Que porra Marcelo, eu ia fazer...
- Alex, o que está acontecendo? Você está fora de si.
- Não tem nada acontecendo, eu preciso fazer meu trabalho.
- Cara, são sete horas da noite e você está delegando funções?
- Somos federais Marcelo, não estamos em uma colônia de férias. (Digo
com raiva)
- Cara, calma ai. O que está acontecendo, você chega literalmente fora de
si, agitado, o que houve. (Minha cabeça lateja e apoio meu braço na mesa,
passando as mãos pelo meu rosto. O que estou fazendo?)
- Eu preciso trabalhar. (Digo baixo, mais para mim, do que para ele
escutar.)
- Aconteceu alguma coisa? Tia Carlota?
- Não! (Aperto meus olhos e sinto um peso enorme em minhas costas.)
- A ruivinha? (Ouvir seu nome me faz sentir um enjoo.) Só pode ser, ela
não atende suas ligações ainda?
- Eu a encontrei... (Falo baixo)
- E então descobriu por que ela sumiu?
- Não... (Minha cabeça está latejando. Robson entra e me entrega os
relatórios, os pego e o dispenso.)
- Você não está legal Alex, não é melhor ir para casa e descansar?
- Não! Estou bem, você vai fazer plantão hoje?
- Sim, vou cobrir a boneca.
-Então me ajuda a revisar esses relatórios.
- Lá vem você me dar trabalho. (Ele revira os olhos e senta de frente a
minha mesa, revisando os documentos.)
Passo a noite inteira revendo os relatórios de ocorrência, geralmente este
não é meu trabalho, mas estou satisfeito de ocupar minha cabeça, não que eu
seja emotivo, ou nada do tipo, mas eu precisava desse tempo focado em
outras coisas. O dia começa e já estou com um copo de café em mãos.
Marcelo dorme no sofá e aproveito esse tempo para dar uma olhada na força
tarefa. Uma semana já se passou e nossas investigações não avançam,
sabemos que há corrupção, há tráfico de drogas, há dinheiro público sendo
desviado, mas não temos nada para provar. Esses filhos da puta da máfia,
sabem como trabalhar sem deixar nenhum rastro, a liga está tentando o
máximo, mas alguém está bloqueando as informações. Até a quebra do sigilo
para as passagens aéreas está sendo difícil, não consegui, mesmo pedindo
uma procuração, sei que Bruno está tentando conseguir, espero que ele tenha
mais sorte que eu, tudo com o nome do Cauã desapareceu, até mesmo suas
contas bancárias parecem ter desaparecido. É verdade azar no amor, azar no
trabalho... Quão miserável você se tornou Alex?
- Chefe? (Uma voz me tira dos meus pensamentos e vejo que é o agente
Silva.)
- Sim?
- Guilherme acabou de ligar e informou não está bem, precisará de licença.
(Guilherme está muito estranho.)
- Obrigada!
- Algum avanço nas investigações enquanto estive fora?
- Ainda não, estamos tentando o máximo! (Vejo desanimo na sua voz e
observo o ambiente, alguns estão cansados e sei que não tem sido fácil.)
- Tudo bem, esses casos levam tempo. (Eu não posso me apressar, estou
de frente da maior máfia do país, e a mais antiga, não seria fácil.) Atenção
aqui! (Chamo todos e eles me olham.) E sei que alguns estão cansados, as
investigações estão mais demoradas do que imaginávamos, mas quero que
continuem se esforçando, vamos encontrar o que precisamos e teremos êxito.
Isso só depende de nós, entendido?
- SIM SENHOR!
- Eu estarei em campo hoje, qualquer informação vocês me passam
urgentemente.
- Pode deixar senhor! (O agente responde e eu saio da sala indo para a
mesa de Robson.)
- Robson, estarei em campo hoje.
- Mas e as investigações.
- Hoje preciso de ação. (Sorrio friamente e visto o colete me juntando a
equipe que já se apronta para uma fiscalização. Preciso me ocupar, o máximo
que puder.)
O dia foi agitado e me sinto um caco, não pelo cansaço, mas sinto que
falta algo em mim, nem mesmo as três ocorrências me fizeram aliviar essa
sensação ruim, eu não sou esse tipo de cara, eu não sou o tipo que cai por
uma mulher... Ou melhor, não era.
- Vai fazer plantão de novo cara? (Marcelo me pergunta na porta.)
- Sim, preciso rever a questão Vizzanos.
- Tem certeza Alex?
- Sim!
- Você sabe que se lotar de trabalho não vai fazer a ruivinha aparecer, não
é!
- Já deu seu horário Marcelo.
- Eu vou mesmo, porque estou um caco. Espero que curta a sua noite.
(Não presto atenção em suas palavras e continuo revisando os documentos, a
porta se fecha e eu deixo os papéis e deito minha cabeça na mesa. Que porra
é essa Alex! Não me reconheço, vou até o pequeno freezer e pego uma
cerveja, preciso de álcool. Preciso controlar essa vontade louca de ligar para
ela, de tocar nela...)
Puxo o quadro dos Vizzanos e olho o encarando. Acho que preciso
descontar minha raiva em vocês. Bebo o líquido calmamente e encaro os
nomes que tem feito minha equipe desanimada. Uma semana se passou e nem
a liga está conseguindo furar as barreiras que vocês criaram. Brindo a latinha
para o quadro. O que está faltando para achar o que precisamos, o que falta?
Olho o nome de Cauã e seus familiares, ele estava com meu número na mão.
Ele pretendia me ligar? O que você queria que eu descobrisse? A cerveja
acaba e pego mais uma. Bebo um gole e minha mente aos poucos vai se
acalmando. Nome, número, passagem, Sampaios... O que não estou
enxergando? O que estou deixando escapar? Bebo o resto da cerveja e sinto
minha mente mais leve. Saio do meu escritório e vou até a força tarefa, olho
Sandro trabalhando e vou até ele.
- Ainda está aqui?
- Sim senhor, sei que nos dispensou, mas esse caso também está tirando
meu sono. (Ele rir e continua com seus dedos hábeis no teclado.)
- Tem algo que não estamos enxergando.
- Eu sei, eu preciso conseguir furar o sistema, mas não estou conseguindo,
o cara era bom mesmo.
- Do que você está falando?
- Quando descobri que a vítima era um hacker, tentei encontrar seus dados
online, hacker tem manias de participar de grupos online.
- E como isso ajudaria na investigação?
- Se eu consegue ao menos hackear a conta de e-mail dele, poderíamos ter
alguma informação, a máfia pode dominar contas de banco e informações
privadas, mas com certeza não sabe manipular o computador, ou não teriam
encontrado ele.
- Não tinha pensado nisso.
- São coisas que os nerd gostam de fazer.
- Espera, o número 359 parece familiar na linguagem de vocês? (Ele
parece pensar.)
- Não, tem muitos códigos, mas esse não me parece. (O que ele quis dizer
com esse número?) Vamos ver.... (Ele digita o número no navegador e nada
de importante aparece.) Tem alguns decretos... (Decretos...)
- Porra! (Minha cabeça dar um instalo, ele tinha meu nome, e o número.) é
isso!
- O que foi chefe?
- Pesquise Del 359. (Caramba, que cara esperto, não era El diabo o
importante e sim Delegado.)
- Senhor, está tudo bem?
- Sim, pesquise por favor. (Ele assim o faz e encontra.) Aqui, esse decreto.
(Ele abre e eu leio.)
Art. 1º Fica instituída, no Ministério da Justiça, a Comissão Geral de
Investigações com a incumbência de promover investigações sumárias para
o confisco de bens de todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no
exercício de cargo ou função pública, da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios ou dos Municípios, inclusive de empregos das
respectivas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.
Art. 2º A investigação será instaurada por determinação do Presidente da
República, por iniciativa da Comissão ou por solicitação de Ministro de
Estado, Chefe do Gabinete Militar ou Civil da Presidência da República, do
Serviço Nacional de Informações, de Governador de Estado ou Território, de
Prefeito do Distrito Federal ou de Município ou de dirigente de autarquia,
empresa pública ou de sociedade de economia mista da União, Estados,
Distrito Federal, Territórios ou Municípios.
- Isso não é coincidência não é chefe? (Sandro me pergunta)
- Não mesmo, bens de todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no
exercício de cargo ou função pública, empresas públicas ou sociedades de
economia mista. Governador de estado? Se não estivéssemos suspeitando dos
Sampaios e do Governador isso não teria relação nenhuma.
- Ele quis dar uma pista?
- Não, (Penso) o decreto fala sobre investigação, ele não ia dar uma pista
apenas, ele colecionou provas.
- Mataram ele por isso?
- Talvez... Temos que encontrar essas provas, agora temos a certeza que
estamos investigando as pessoas certas. (Caralho, que pensamento.)
- Se ao menos encontrássemos o notebook dele.
- Acho que ele não usaria seu notebook... Espere, enriquecimento no cargo
de função pública. Só um minuto. (Volto até minha sala e procuro pela
licença que Nicole conseguiu. E observo a licitação dos Sampaios com o
governo. Olho a data e volto.) Sandro, você consegue o faturamento dos
Sampaios antes dessa data?
- Consigo, só preciso hackear o sistema deles. Só um instante. (Ele meche
no computador e a tela fica toda preta.)
- O que houve?
- Nada, é apenas a parte obscura da computação. (Ele rir e digita alguns
números, eu realmente não entendo, as letras parecem códigos infinitos, ele
pega a pasta de investigação dos Sampaios e continua mexendo
freneticamente. Assisto quieto, mais códigos aparecem na tela e aproveito
para sentar. Acho que o álcool está começando a fazer. O tempo passa e ele
continua mexendo os dedos rapidamente. Fecho os olhos e me perco no
cochilo.)
- Chefe! (Escuto uma voz me chamar e abro os olhos sonolento.)
- Sim!
- Consegui! (Ele esfrega os olhos e acho que passaram algumas horas.)
- Beba um pouco de café sua cara está péssima, o que encontrou?
- Aqui! (Ele me mostra e vejo os números e analiso o material.)
- Vá, lave o rosto, eu vou demorar aqui. (Ele sai e eu analiso os número, a
empresa não lucrava assim e os números saltaram após a contratação com o
estado. Vejo a licitação e faço o cálculo e os números são completamente
diferentes. É exatamente como o decreto informa, enriquecimento exagerado
após uma função pública. Bingo! Temos uma prova, não é a melhor, mas já é
uma. Mando os arquivos para a impressora e espero. Cauã volta e me entrega
uma xícara de café.) Obrigada!
- E então?
- Temos a primeira prova para incriminar a empresa. Apesar de não ter
ligação aparente com a máfia, quando encontrarmos o restante do material
essa será a prova necessário de desvio de dinheiro público.
- Então temos alguma coisa. (Ele diz contente)
- Sim temos, bom trabalho! (Bato em seu ombro) agora precisamos do
governador. Mas por hoje basta! Daqui a pouco os outros agentes chega,
melhor descansar um pouco. (Digo vendo que já passam das quatro e meia da
manhã.)
- Pode deixar! (Saio e vou para o meu escritório, olho o quadro e coloco o
nome do decreto embaixo do número e acrescento a informação recém
descoberta. É apenas a primeira...)
- Alex? (Escuto uma voz grossa me chamar e abro os olhos devagar.
Droga! Dormi na delegacia.) Você dormiu aqui?
- Guilherme até que fim você deu as caras. (Sento e me espreguiço)
- Cara, você está horrível. (O fuzilo com olhar.)
- E você não tem a cara de pau te aparecer depois de dois dias? Doente?
Conta outra, você estava bem são no congresso.
- Desculpa cara, mas você é meu chefe, não posso contar os detalhes. (Ele
rir)
- Vai se fuder. (Minha cabeça dói e vejo que é o resultado da cerveja. Me
levanto e pego o remédio para enxaqueca.)
- Já com dor de cabeça? (Faço sinal de silêncio para ele e tomo o
medicamento.) Cara, você precisa controlar, sentir tanta dor de cabeça assim
não é normal.
- É apenas ressaca.
- Não Alex, já tem uma semana você tomando esse remédio. Não está na
hora de ir ao médico.
- Não enche Guilherme, você não tem nada para escrever não?
- Vou buscar um café da manhã.
- Obrigada. (Ele sai e aproveito para tomar um banho, pego uma das
minhas roupas reserva e tomo um banho rápido.)
- Aqui! (Guilherme traz um copo de café e croissant.) Hoje á noite topa ir
para uma Happy hours?
- Você passa dois dias sem vim trabalhar e volta falando de festa?
- Não vem, eu tenho muitas horas extras na casa. Eu preciso apresentar
alguém a vocês.
- Quem?
- Alguém importante...
- Seu pai voltou da Coreia?
- Não, é outra pessoa.
- Quem mais seria tão importante para você que eu não conheço?
- Nem mesmo Marcelo conhece. É da minha época de escola!
- Dispenso, não estou no clima de festinha de reencontro da turma. Eu
nem te conhecia nessa época.
- Não é festinha de reencontro. Você está parecendo um velho chato, não é
o que está pensando.
- Então eu dispenso. (Bebo o café e como a peça.)
- E se eu falar que quero apresentar minha namorada para você.
- O que? Namorada? (Me engasgo)
- Você não estava pegando umas gostosas um dia desses?
- Isso era antes de eu encontrá-la.
- Qual é Guilherme, não faz nem cinco dias, conta outra!
- Você não entenderia, já perdemos muito tempo... (O olho e ele parece
estar falando sério.)
- É sério? (O olho assustado.)
- Sim!
Marcelo
Desde que Alex levou um tiro essa delegacia está um caos, repórteres
doidos para saberem mais e mais, mesmo depois de uma coletiva. Estou
completamente cansado, mas como Alex entregou seu atestado, eu e
Guilherme estamos tomando conta de tudo. Guilherme coitado, está desde o
fim da coletiva no computador, ainda bem que não escolhi ser escrivão.
- Cara, depois de uma prisão dessas eu merecia uma noite selvagem de
sexo. E estou aqui com você.
- Nem me fale, Malu já me ligou umas dez vezes perguntando que horas
vou para casa. Por que escolhemos ser policiais mesmo? (Ele me olha e eu
apenas bebo a cerveja em minha mão.)
- Eu quero matar aquele filho da puta do Alex, ele deixou isso aqui uma
bagunça.
- Deixa ele souber que você passou a noite em sua cadeira, bebendo
cerveja.
- Ele está em divida comigo! (Pisco divertido) E você também, não
esqueça que cobri você.
- Eu já disse que vou te arranjar uma amiga gostosa da Malu.
- É disso que estou falando! (Sorrio, a noite se passa e dormimos aqui
mesmo, na sala de Alex, graças aos deuses do crime, não houve nenhuma
chamada durante a madrugada, então consegui dormir. Acordo com batidas
fortes na porta.) Pode entrar. (Sandro entra me olhando sério, com um
notebook na mão.)
- Precisamos do Alex agora.
- O que houve?
- Já está em todos os sites e canais. (Ele abre o notebook.)
- Do que você está... (Paro imediatamente quando vejo a notícia. Delegado
federal Alex Aguiar, é visto em um relacionamento com a filha do mafioso
Marcus Vizzano e de acordo com o blog Vitrine, ambos planejaram a prisão
do seu pai, para comandarem.) Caralho, tem fotos deles... (Digo sem
acreditar.)
- Está lotado de repórteres lá fora, tentei bloquear todas as notícias da
internet, mas já está em todos os canais, não só na internet. (Ele põe em outro
site e a manchete já chama a atenção.)
“Delegado federal, Alex Aguiar, é acusado de manipular investigação
contra a maior máfia brasileira. E mantém relacionamento secreto com
Larissia Montenegro Vizzano, filha do mafioso Marcus Vizzano."
- Guilherme! (O chamo e ele se levanta devagar do sofá.) Temos um
grande problema.
- O que houve? (Ele diz ainda sonolento. Pego o notebook e ponho em sua
frente.)
-PUTA QUE PARIU! (Ele se assusta.)
- Liga para o Alex, ele não deve estar sabendo, enquanto acorda, vou ver
como está a situação com os repórteres.
- Cara, isso vai manchar a carreira do Alex.
- Eu sei! (Digo já colocando o blazer da farda e saindo com Sandro, a
delegacia está uma bagunça. Achei que tudo estava bem depois que
transferimos os colarinhos brancos, mas isso aqui parece um pandemônio. Há
repórteres por todos os lados, câmeras flash. ZORRA!) Robson! (O chamo)
Vamos tirar todos daqui e esperar o Alex chegar.
- Ele vai pirar quando ver isso.
- Com certeza!
- BOM DIA A TODOS, ESSE É UM LOCAL DE ORDEM E
PRECISAMOS QUE SE RETIREM IMEDIATAMENTE! (Digo alto, mas
não há efeito, eu não sou o El diabo. Não tenho paciência, retiro a arma na
cintura e aponto para o vaso de planta na entrada e disparo, no mesmo
instante ele se parte e o silêncio reina, eu me dou bem é com a pratica!) Isso
foi um tiro de aviso, seguindo o protocolo de ordem em uma delegacia eu
peço que todos se retirem, ou serão presos por desacato a autoridade. (Falo
sem paciência, realmente não sou de palavras.)
- Isso é repreensão, nós temos liberdade de imprensa. (Um repórter diz
apontando um aparelho para mim.)
- Concordo senhor, a impressa tem liberdade de expressão e qualquer
outro nome que utilizem, mas dentro de uma delegacia federal, há leis e
ordens, que estão acima da liberdade, não é ambiente para entrevistas e sim
para casos, há não ser que venha ser preso, ou reportar uma denuncia peço
que se retire. (Eles continuam reclamando, mas aos poucos vão saindo com a
ajuda de Robson e outros policiais.)
- Ele já está vindo! (Guilherme se aproxima.) Cara, o que iremos fazer?
Alex estava a um passo de chefe geral.
- Ele vai se sair dessa, estamos falando do El diabo.
- ATENÇÃO! (Guilherme fala alto, ele que assume na ausência do Alex.)
Nenhum repórter, ou comentário é permitido. Apenas vamos com um ao
delegado Alex, explicará assim que chegar. E nada além disso, não sabemos
como Alex irá proceder. Vocês conhecem o nosso chefe e sabe que essa
notícia é um absurdo. Então, não iremos fazer nada.
- Mas Guilherme, essa Larissia, não é realmente a namorada do chefe? Ela
realmente está com ele... (O policial Silva fala receoso.)
- Sim... (É a voz do Sandro). Ela é e sempre soube quem ela era, mas
diferente do que possam estar pensando, conhecemos o Alex a 5 anos e em
momento nenhum ele nos fez duvidar do seu senso de justiça. A Larissia é a
garota que estava no treinamento, mas vocês lembram o que ela fez? Mostrou
nossas falhas, se não soubéssemos que a defesa dos mafiosos, fossem tão
rápidos, teríamos treinado duro e ter apenas 8 policiais feridos? Não, teríamos
policias mortos, e talvez nem conseguiríamos prender todos. Essa garota,
grampeou o escritório do próprio pai, conseguiu 70% das provas que
precisávamos, reduziu meses de pesquisa e investigação em semanas, e ainda
conseguiu a prova que incriminou a pessoa mais misteriosa chamada
Margareth Lisboa. A sua relação com o pai é tão forte que assim que soube
que o mesmo levou um tiro entrou em choque e precisou ser internada, mas
mesmo amando o Pai, essa mesma garota o entregou, por que ela queria
justiça, assim como nosso líder, então não sabemos exatamente o que Alex é
e tivemos a oportunidade de conhecer a Larissia Vizzano e ela não é uma
corrupta, nem mesmo nosso chefe. Então não cogitem, nem por um segundo,
duvidar da integridade do Alex! Ele é o El diabo, esqueceu? (Ele se cala e até
mesmo eu estou em choque com suas palavras, Sandro é de mexer em
computador e não falar.)
- Você está certo! (Silva se desculpa.)
- Vamos, temos que esperar o chefe! (Guilherme diz e todos nós vamos
para a sala de reunião. Uma hora se passa, duas e Alex não chega.)
- Ele disse que estava a caminho? (Pergunto a Guilherme)
- Sim, ele disse que estaria aqui em minutos. Vou ligar novamente. (Ele
pega o celular) Nada!
- Vou ligar para a casa dele. Vai tentando o celular. (Disco o número da
casa dele, onde ele se meteu logo agora? Após dois toques o telefone atente.)
- Alex, cadê você?
- Celo? (A voz de tia Carlota ecoa no telefone.) O Alex saiu tem muito
tempo, quase duas horas já.
- Saiu? (Onde ele está.) Ele disse para onde estava indo?
- Não, ele e a Larissia saiu muito rápido, nem tomarão o café da manhã.
- Certo, tia, se ele ligar para senhora, diga que estamos à espera dele, tudo
bem?
- Está bem, meu querido! Aconteceu alguma coisa?
- Não tia, não se preocupe, está tudo bem! (Desligo e olho para
Guilherme.) Ele saiu de casa a muito tempo e foi com Larissia.
- Droga, onde aquele babaca se meteu? Tenta o hospital, talvez ele foi
deixar Larissia lá. Vou ligar para Malu, ver se ela conversou com a Larissia.
(Ele se afasta e eu ligo para o hospital, mas eles informam que não houve
nenhuma visita para o Marcus, e nenhuma entrada com o nome de Alex e
Larissia hoje. Porra.)
- Eles não foram lá hoje. (digo enquanto Guilherme vem em minha
direção.)
- Malu, também não consegue falar com a Larissia, o que está
acontecendo. Alex, não é de fugir de problemas.
- Realmente, ele não é! Por que isso está me cheirando a problema?
- Também estou pensando nisso, (Guilherme fala devagar.) essas notícias
terem surgido do nada, ninguém sabia da relação deles.
- O que faremos? Não é como se ele estivesse desaparecido, foram apenas
duas horas...
- Isso para o Alex, já é a 24 horas de uma civil comum. É muito estranho...
Silva e Robson! (Guilherme chama) Vão até a casa do Alex, e vejam nas
câmeras de segurança a hora que ele saiu. Sandro, você tem como rastrear o
celular do Alex?
- Sim!
- Então faça isso. (Guilherme me olha) Isso não está me parecendo bem.
- Também não! (Falo sincero) Vou ir atrás dessa tal Sabrina do blog
Vitrine, não foi lá de onde saíram as notícias, vou descobrir quem foi a fonte.
- Certo! Eu fico aqui, acho que não é momento de desespero ainda, pois
são apenas duas horas, mas estamos falando do Alex.
- Sim, vamos descobrir o que está acontecendo, só espero que não seja
nada, que ele esteja transando com a Larissia em algum lugar. (Tento sorrir e
acreditar em minhas próprias palavras, mas ambos sabemos que Alex acabou
fazendo muitos inimigos perdendo os Vizzanos.)
- Também espero! (Sandro me passa o endereço do tal blog, e saio da
delegacia, no meu próprio carro. O prédio não fica tão longe e chego em
minutos.)
- Gostaria de falar com... (Olho o papel) Sabrina Santos, apartamento 205.
(O porteiro faz menção de ligar para ela, mas retiro meu distintivo.)
Verificação policial! Pode abrir, eu me responsabilizo com seus superiores.
(Ele abre assustado e subo para o apartamento, toco a campainha e em
segundos uma menina loira com belos par de seios me atende.)
- Sabrina? (Tento me concentrar, mas seu mine short branco e o sutiã de
renda da mesma cor me desconcentra. Porra Marcelo, por que tem que ser um
mulherengo.)
- Ela mesmo, quem é você? (Ela levanta uma das sobrancelhas.) Não
lembro de ter permitido a entrada de ninguém... (Ela se encosta na porta e
seus peitos ficam tão colados que minha boca saliva. PUTA QUE PARIU
MARCELO.)
- Policia federal. (Mostro o distintivo) Preciso que me responda umas
perguntas.
- Eu não deveria receber uma intimação para ir até a delegacia. (Ela sorrir.
Garota, estou tentando achar meu amigo, não me provoca.)
- Senhorita, se quiser posso leva-la agora mesmo a delegacia, como uma
prisioneira, sabia que postar noticias falsas na internet, dar cadeia? (Seus
olhos se abrem e seu encanto desaparece.)
- Mas o que eu fiz?
- Você divulgou noticias falsas no seu blog.
- Não, a fonte foi anônima, não foi algo que encontrei e todas as
informações e fotos são verdadeiras. (Em parte ela não está errada.)
- Mas continuam tendo informações falsas, mas se não quiser me
acompanhar até a delegacia, basta me dar o nome da fonte.
- Eu não posso é contra a ética publicitária.
- Então prefere ser presa no lugar dessa pessoa? (Pego minhas algemas e
arma.)
- Calma, eu digo, você quer apenas o nome? Correto?
- Sim!
- Foi o Caio Lisboa, ele é um amigo de universidade... (Minha mente
rapidamente liga os pontos, o mesmo que estava com Larissia na cafeteria, o
mesmo da boate, o mesmo que ficou de vigia em frente ao bistrô, e o mesmo
que é filho da juíza.)
- Porra! (Olho para a garota) Obrigada senhorita, e só um aviso, não
atenda sempre a campainha assim, pode ser um homem louco e estuprador. E
você está irresistivelmente tentadora. Mas eu tenho assuntos para cuidar!
(Viro as costas e ligo de imediato para Guilherme.) Cara, tenho certeza que
não é uma coincidência, as fotos foram dadas por Caio Lisboa, o tal amigo da
Larissia e Malu, ele é filho da juíza e isso não me parece uma mera
coincidência.
- Caralho, vou pedir a Sandro para fazer uma busca de reconhecimento.
- Sim! Já estou a caminho! (Desligo, mas antes meus instintos me chamam
e volto até o apartamento, toco a campainha e logo ela atende.) Aqui, me
ligue, quando quiser uma bebida! (Pisco e entrego meu cartão de visita, saio e
sigo para a delegacia. Os repórteres continuam lá, os problemas só
aumentam. Entro e já vejo o Guilherme com o Sandro.)
- Cara, olha isso... (Guilherme me mostra uma filmagem escura, onde um
carro para bruscamente, e Caio sai de dentro, atira na porta, pega uma mala e
dar cinco tiros em uma pessoa.) Esse caso é da policia militar, um medico foi
roubado e logo em seguida morto com cinco tiros, ninguém estava na rua e
eles ainda estão com as investigações. E olha isso... (Ele mostra outra
filmagem de Caio de prontidão em frente ao hospital, depois veste o jaleco e
entra, em seguida sai com uma moto.) Já enviei um mandato de busca, ele vai
aparecer como fugitivo.
- Ele pode ter sequestrado o Alex e Larissia.
- Sim, precisamos esperar as noticias dos policias Silva e Robson e o
rastreamento do celular, mas acho que iremos precisar da liga.
- Você acha? Eu tenho certeza, não sabemos o que Caio está planejando.
- Você tem o número de Robert?
- Sim, eu ligo para ele, vocês tentam rastrear. (Disco o número de Robert e
em minutos ele atende.)
Robert Bryant
Estou saindo de uma audiência, quando meu celular toca, o número é
desconhecido e atendo.
- Alô?
- Robert? É o Marcelo, amigo e policial da equipe do Alex, você viu os
noticiários?
- Oi Marcelo, infelizmente não, estou em uma audiência desde cedo, o que
houve?
- O Alex está sendo acusado injustamente. (Explico a situação com a
Larissia e as notícias) estávamos a sua espera, pois ele havia ligado dizendo
que estava indo a delegacia e do nada ele desapareceu. Temos um suspeito, o
filho da juíza Margareth Lisboa, Caio Lisboa.
- Caralho, por que Alex, não nos contou a situação toda, isso pode ferrar
sua carreira. Essa Larissia é realmente limpa?
- Sim, senhor, ela quem ajudou nas investigações.
- Entendo, (como a Emma, penso imediatamente) eu sei que Alex tem a
melhor equipe de rastreamento tecnologia e força física. Então reúna tudo que
puder, estarei aí (Olho o relógio) até as quatro da tarde. Rastreiem o que
puder, reviraremos Belo horizonte se for necessário. E não se preocupe, o
encontraremos. (Me despeço e desligo)
Porra! Alex, sempre foi o mais misterioso, é difícil saber o que se passa
em sua mente, mas uma coisa é inegável, ele é o que mais tem garra e
determinação, já passou por situações horríveis em sua vida, e eu não
permitirei que os faça passar pelo tormento de perder alguém importante
novamente, não quando ele abriu seu coração para alguém, sei o que isso
significa para ele que perdeu os pais tão cedo e morou em um orfanato. E sei
o quanto é complicado se apaixonar por uma pessoa que tem tudo apontado
contra ela. Pego o celular e ligo bruno, enquanto vou a sala do Adam.
- Fala princesa!
- Bruno, temos um problema! O Alex está desaparecido e tudo indica que
foi sequestrado.
- PUTA QUE PARIU! Como isso aconteceu?
- Não viu os jornais?
- Cara, estou de folga, a Bia me ocupa muito a noite. Acabei de acordar.
- Então vamos aproveitar sua folga e iremos para Belo horizonte, vou
precisar de um jatinho.
- Pode deixar comigo, invasão?
- O que for necessário. (Digo entrando na sala de Adam.) Vou passar para
o Adam, consegue entrar em contato com Diego?
- Claro, aquele ali deve ter seu próprio jatinho agora, só não sei se terá
tempo.
- Faça o ter, avise que foram minhas palavras.
- E acha que ele faz por ser suas palavras?
- Ele sabe que posso arrancar suas bolas, caso não faça. (Sorrio e desligo)
- O que houve, mano? (Adam já me olha em Alerta.)
- Liga para Nicole, vamos para Belo horizonte, Alex está desaparecido.
Vou ligar para o Caio e sairemos em breve.
- Eu tenho uma audiência agora a tarde.
- Fala com a moranguinho, ou Emma, é só passa o caso que elas defendem
muito bem.
- Sem estudar?
- Você sabe do que minha esposa e irmã são capazes. (Sorrio e vou até
Marcelle, peço que desmarque todos os meus compromissos e ligo Caio em
seguida para Emma.
- Oi vovó, vai almoçar em casa?
- Amor surgiu um problema imenso da liga, e vou precisar resolver.
- O que houve?
- Alex está desaparecido.
- Minha nossa senhora das aflições! (Sua voz é assustada.) Tudo bem
amor, vai passar em casa?
- Não, Bruno vai nos buscar aqui.
- Certo, tome cuidado, eu explico ao Artur que não vai poder vê-lo hoje.
- Quase esqueci, hoje é sua amostra de karatê, não é?
- Sim, mas relaxe, seus filhos ficarão mais feliz em saber que o pai vai
estar atirando por aí. (Ela rir gostosamente.)
- Obrigada meu amor!
- Nada, vovó. Apenas volte para mim e para os pequenos.
- Pode deixar! (Desligo e pego tudo que possa precisar e coloco na
pequena mala de trabalho. Após alguns minutos encontro Nicole e Adam na
entrada do fórum.)
- Lá vamos nós para mais uma aventura. (Nicole sorrir)
- Sua irmã disse que se eu não voltar bem, ela arranca suas bolas. (Adam
diz divertido, enquanto entramos no carro para ir até o heliporto, do prédio
marcado por Bruno.)
- Ela está louca para ter mais sobrinhos. Mas, brincadeiras a parte, preciso
explicar toda a situação. (Digo tudo que Marcelo me passou e em minutos
chegamos ao prédio, e esperamos o jatinho. Logo vejo Caio e Bruno
chegando, entramos e seguimos a caminho de Belo Horizonte. Aterrizamos
em um prédio que desconheço e já vejo Diego todo engomado.)
- Agora a Disney vai falir mesmo, as princesas tudo reunidas. (Diego
sorrir)
- Veio todo engomadinho! (Bruno gargalha)
- Tenho que manter as aparências em Brasília. (Ele revira os olhos.)
- E agora o que faremos? (Caio pergunta)
- Já mandei mensagem para o Marcelo, ele disse que estará nos esperando.
(Descemos pelo elevador do prédio, enquanto novamente explico, toda a
situação.)
- Não sei o que há com vocês só se apaixonam por mafiosas, certo foi
Adam e Caio que encontrou alguém sem problemas. (Diego debocha e eu o
fuzilo com o olhar, assim como Bruno.)
- Sua sorte, é que preciso de você para invasão e limpar os resquícios do
seu corpo levaria tempo. (Digo calmamente.)
- Só fala isso por que é o único solteiro. (Bruno gargalha.)
- A Nicole também! O que você acha Nick, eu, você, solteiros.
- Vai se ferrar Diego! (Ela revira os olhos e todos nos gargalhamos. Como
dito, Marcelo já está a nossa espera, junto com outro policial, em outro
carro.)
- Já conseguiram alguma informação? (Pergunto o cumprimentando.
Assim como os demais.)
- Nossas suspeitas estavam corretas, Alex foi sequestrado, encontramos
um vídeo em que alguns homens retira o corpo desacordado de Larissia e
Alex de um táxi e passam para outro carro, onde Caio está.
- Ele deixou tantas provas?
- Parece que ele está transtornado, ele é apaixonado pela Larissia.
- Estamos em uma novela? (Diego debocha.) Aposto que é um psicopata
comentando um crime passional.
- Nenhum crime pode ser responsabilizado pelo amor. (Digo sério.)
Vamos, temos muito o que fazer. (Entramos no carro e seguimos para a
delegacia, como há muitos repórteres, e somos figuras públicas, entramos
escondidos pela garagem. Chegamos à delegacia, as cinco e já sinto minha
barriga roncar, não comi nada. Cumprimento Guilherme, e o mesmo faz as
apresentações para os policiais. As horas se passam e um dos policiais trazem
comidas para nós enquanto aguardamos o rastreamento.)
- Já colocaram a imagem do sequestrador nos meios de comunicação.
- Não! (Bruno questiona e Marcelo responde.) Não nos damos muito bem
com a mídia.
- Entendi, vou resolver isso. (Bruno sai com o telefone)
- Quantos homens temos? (Questiono ao Guilherme.)
- Depois a prisão dos Vizzanos, nosso número está completamente
reduzido, oito policiais estão feridos, então não podem entrar em campo. E
uma grande parte está no hospital, fazendo a guarda do líder da máfia.
- Então temos quantos no momento?
- Cerca de 15 liberados.
- E quanto homens tinham quando vocês invadiram?
- Cerca de 30 homens.
- Droga, mesmo conosco, se eles tiverem essa quantidade ou mais
corremos riscos.
- Eu acho que podemos resolver essa questão. (Marcelo diz pensativo.)
- Como assim?
- Há um segurança que foi preso Sebastian, foi o mesmo que ajudou.
Tenho certeza que se souber que a Larissia foi sequestrada ele encontraria
homens o suficiente.
- Isso seria ilegal Marcelo, ele pode fugir... (Guilherme diz, mas penso na
possibilidade.)
- Máfias são leais, deixe eu falar com esse homem. Ele ainda está aqui?
- Sim, apenas a prisão do conselho foi liberada para a penitenciaria, eles
ainda precisam passar pelo processo de fiança e tudo mais. (Guilherme
explica e vamos até as celas, há duas celas cheias de homens.) Estávamos
prestes a libera-los para as outras celas, pois a transferência ocorreu ontem.
Mas, com tudo isso, acabamos esquecendo.
- Entendo. (Ele explica, pois a quantidade não comporta essa quantidade.)
Qual deles é o Sebastian? (Ele aponta para um homem alto com um bom
físico.) Sebastian? (O chamo e ele me olha.) Podemos conversar?
- Depende.
- O quanto você é leal ao seu patrão? (O olho fixamente e o vejo me
encarar por alguns segundos.)
- Eu morreria pelo chefe. Lealdade acima de tudo.
- Como pensei, se eu contasse que a filha dele foi sequestrada, o que
fariam se estivessem livres?
- A senhorita Larissia foi sequestrada? (Ele abre os olhos em alerta.)
- Sim...
- Isso não pode acontecer.
- É por isso que estou aqui. Preciso de dez homens competentes para
ajudar na sua busca.
- Eu posso conseguir. (Ele fala sério.) A senhorita Larissia, não pode se
ferir.
- Ótimo, mas preciso que assine um termo, podemos conseguir reduzir a
sua pena com essa ajuda, mas precisamos ter certeza que não vão se voltar
contra nós.
- Jamais deixaria a senhorita Vizzano em perigo. (Vejo a verdade em suas
palavras.) Então combinado! (Escolhemos os 10 homens e eles assinam os
termos, Sandro consegue rastrear o telefone do Caio, quando o dia começa a
amanhecer. Se trata de um grande latifúndio de terra, temos uma localização
no centro e pelas câmeras do satélite é um galpão. As horas se passam e
armamos todo o esquema, iremos invadir o local, a foto do tal Caio Lisboa, já
foi divulgada. Quando o horário marca nove e meia em ponto, já estamos na
estrada que leva até o galpão, com uma ambulância ao nosso lado. Olho meu
colete e faço uma pequena oração desejando que Alex esteja vivo. Avistamos
o Galpão e deixamos a formação com o Guilherme e Marcelo. Eles sobem,
por uma escada e ficam no telhado do local, aponto para a porta da frente e
lidero por aqui, todos vão em meu comando, entramos e não há ninguém,
apenas a carcaça de um carro incinerado. Faço sinal entramos, há uma porta
de metal e consigo ouvir barulho vindo de lá. Faço sinal, mas antes que eu
entre, Sebastian toma a frente e arromba a porta. Entramos e a cena nos
surpreende, há uma mulher ruiva com arma apontada para Alex e outra
apontada para três homens, enquanto dois estão imobilizados no chão. Alex
está com a mão sobre o pescoço do homem que suspeito ser Caio e uma arma
apontada para sua cabeça.
- Sebastian? (A mulher fala confusa.)
- Oi senhor... (Ele não termina de responder, um barulho nos chama
atenção e vejo que o corpo de Alex, cai completamente ensanguentado.)
-AMBULÂNCIA, AGORA! (Grito pelo rádio. Mas vejo o tal Homem
pegar a arma e apontar para a ruiva. Antes que ele possa atirar, miro e atiro,
acertando seu peito, ele cai imediatamente.) Entrem agora! (Ordeno quando
vejo os outros homens fugindo e vejo Diego e Adam os capturando
juntamente com Sebastian. Guilherme chega correndo com os médicos e
Marcelo desce do telhado.
-Não... você não pode me deixar... ALEX POR FAVOR... (A mulher grita
desesperada e apenas olhamos a situação, os médicos o colocam na maca e
ficamos sem saber o que fazer, ele não pode morrer.)
- Revistem o local! (Guilherme grita em lágrimas.)
- Porra! (Chuto a maldita porta, isso não pode estar acontecendo.)
- Eu preciso ir junto. (A mulher começa a gritar desesperadamente. Vou
até ela, mesmo sem a conhecer e a abraço, ela não entende e apenas chora.)
- Vai ficar tudo bem, o Alex é mais forte do que pensa. (Digo mais para
mim do que para ela.)
- E se ele morrer?
- Ele não vai! (A abraço forte e ela corresponde ainda em lágrimas. Após a
saída da ambulância, seguimos para o hospital em disparada, Larissia, está
em choque, mas se mantem calada, chorando e com as mãos entrelaçadas, eu
queria poder não a ver assim, me lembro como fiquei ao ver Emma presa e
sinto as lembranças vivas novamente. Chegamos ao hospital e somos
informados que ele está em cirurgia.)
A mãe adotiva do Alex, chega ao hospital em desespero e vejo Larissia a
abraçar com carinho. As horas se passam e não temos notícia. Até que as
cinco em ponto, um médico vem e procura pelos responsáveis de Alex.
-Aqui! (Sua mãe diz aos choros.)
- Apesar das feridas terem sidos profundas, não houve complicações.
Precisamos ir para sala de cirurgia, pois o lugar da antiga foi aberto
novamente e infeccionado. Mas, já refizemos tudo, e ele não apresenta risco
nenhum. Já está bem e pode receber visitas.
- Podemos vê-lo? (Digo sério.)
- Todos? (Ele parece se assustador. Tiro minha carteira de promotor do
bolso, assim como Bruno tira a sua, Diego e em seguida Guilherme e
Marcelo seus distintivos.
-É UMA ORDEM! (Dizemos um uníssono e o médico se assusta.)
- Apesar de não ser permitido, mais que três acompanhantes, vou permitir,
mas não por seus distintivos. (Ele fala sério.) Mas, por que sou fã da liga e sei
o que aquele cara fez por nós belo-horizontinos! (Ele sorrir e o
acompanhamos.) Agora não podem demorar muito.
- Pode deixar doutor! (Diego sorrir e somos acompanhados, entram na
sala, eu, Bruno, Diego, Adam, Nicole, Caio, Guilherme, Marcelo, dona
Carlota e Larissia. Isso mesmo 10 pessoas em uma sala de hospital. Entramos
em silêncio e assim que todos adentram, não resistimos e batemos palmas, ele
aguentou tanta coisa, é realmente um herói... Um verdadeiro Herói da Lei!
*Fim*
Epílogo
“Vida... algumas são marcadas por simples problemas, outros por pesadelos
passados, presentes e futuros. Mas, esses fatores, são apenas obstáculos
existentes para transformar alguém a ser forte. Sem dificuldade, não há
superação, sem tristeza, não há o reconhecimento da alegria. Nada é fácil,
mas também nada é difícil demais. Somos apenas corredores, lutando para
uma linha de chegada com um bom trajeto de percurso. Então, nunca desista
da sua linha de chegada... Lute como o Alex e tenha a coragem da Lari...
Dificuldades teremos, mas conquista também.
-Melinda Collins
Alex Aguiar
****
- Você não acha que eu deveria usar uma roupa mais formal? (Questiono a
Larissia que está em um vestido rosa florido e com os cabelos preso em um
rabo de cavalo.)
- Para de loucura Alex, é apenas meu pai e isso aqui é um hospital, não é
como se ele estivesse em casa cheio de seguranças. (Ela rir alegremente.)
- Mesmo assim, seu pai, pareceu um pouco assustador. (Confesso)
- Alex, me pai está completamente imóvel e além disso seus policiais estão na
porta. Qual o medo, vamos de uma vez.
- Larissia, ele acabou de receber alta, acha que é uma boa hora?
- Claro, você conseguiu com que ele ficasse em prisão domiciliar.
- Pelo reto da vida! (Completo, me lembrando da conversa com Diego, como
Marcus, não apresenta riscos a comunidade, e precisará de tratamento
regular, ele não pode ir para uma penitenciária, então ficara recluso em casa.)
- Alex, você é um homem ou um saco de mandioca?
- Acho que as mandiocas combinam comigo.
- Entra de uma vez! (Ela semicerra os dentes e abre a porta. Entro
cautelosamente, digamos que é a primeira vez que vou me apresentar aos
pais, sim nos três anos que fiquei com a Lua, não conheci seus pais.) Pai esse
é o Alex! (Ela diz animada indo para o lado do pai. Ele está sentado em uma
cadeira de roda, sua cabeça é acomodada por duas faixas que o predem na
cadeira.)
- Então você está namorando minha filha? (Ele levanta as sobrancelhas e seu
olhar sombrio aparece, esse homem realmente nasceu para ser um mafioso.
Sinto um desconforto, eu deveria estender a mão? Mas ele não vai poder
segurar, o que eu faço?)
- Prazer senhor Marcus, sou Alex Aguiar.
- Já nos conhecemos muito bem. (Sua voz é séria, ainda bem que essa cadeira
o prende, ou pelo seu olhar, ele já teria enfiado uma bala em mim. O que
estou dizendo isso é horrível.)
- Marcus! (Dona Camila o chama lentamente.) Pare de brincadeira, o menino
está começando a ficar pálido. (Todos riem e percebo que eles estão
brincando comigo, solto ar que nem sabia que estava segurando.)
- Desculpa filho, velhos hábitos nunca mudam. (Ele diz rindo, mas não
consigo sorrir, eu realmente acreditei em sua cara malvada.) Venha aqui, me
der um abraço, não é como seu eu pudesse o abraçar. (Ele brinca e mesmo
sem jeito o abraço.) Obrigado por salvar a minha vidam, eu soube que se não
fosse pelos seus primeiros socorros teria falecido.
- Era a minha obrigação.
- Não, você fez mais do que sua obrigação Alex, obrigado. A vida me
castigou pelos meus atos como merecia, ficarei nessa cadeira aprisionado
para sempre, mas você me deu um belo presente, o sorriso e a paz da minha
filha. Obrigado! (Sinto verdades e assinto. Ele está certo, além de não poder
dar um movimento sequer, ele ficará recluso em casa por toda a vida, sem
direito a uma liberdade, nem redução de pena. Além de dependente de
tratamentos periódicos.)
- Vamos? Pedi a Simone para fazer um almoço em comemoração à sua volta,
temos muito o que agradecer. (Dona Camila pega a cadeira e leva a cadeira.)
- Ele não é tão malvado. (Lari fala baixo sorrido) Pelo menos não agora! (Ela
gargalha e saímos. Chegamos na casa de Larissia após alguns segundos e é
realmente uma mansão, o que mais me surpreende, é que nada aqui foi com o
dinheiro da máfia, é uma herança da família da mãe da Lari. Afinal, as contas
bancarias do Marcus e todo o dinheiro da máfia foi bloqueado, pelo menos
com a mãe da Lari reservou sua herança para um momento como esse e eles
poderão viver bem. Toda a casa precisou de transformações para acomodar a
cadeira de rodas e os aparelhos que Marcus precisará.)
- Seja bem-vindo! (Larissia e sua mãe dizem alegremente, beijando a face de
Marcus.)
- Obrigado, meus amores. Venha Alex, faça a sua função! (Ele diz se
referindo a tornozeleira eletrônica, dou sinal aos policias que escoltaram o
carro e eles colocam o aparelho, os libero.) Agora vamos comer não
aguentava mais aquela comida de hospital, foram os três meses mais
torturantes da minha vida. (Ele diz aliviado.)
- Sim, a mamãe, já não aguentava mais aquela cadeira de hospital. (Larissia
diz animada e acho que nunca a vi tão feliz, sorrir tão gostosamente.
Acompanho todos até a mesa.)
- Obrigado meu amor, seu não tinha dúvidas do seu amor, mas você me
provou m ais uma vez o quanto ele é grande. (Marcus olha sua esposa com
paixão.)
- Na saúde e na doença, lembra? (Ela beija seus cabelos.)
- Vocês são tão clichês. (Larissia brinca) Monie o que temos hoje?
- A comida preferida do chefe.
- Feijão tropeiro! (Marcus sorrir) Vamos Alex, hoje você vai experimentar
uma das minhas paixões. (Ele aponta a cadeira para mim e me sento ao lado
de Larissia e em frente a Simone.) Então me conte mocinha, conseguiu se
livrar do direito.
- Ah pai, você sabe que esse nunca foi meu sonho. (Ela sorrir) Mas, confesso
que fiquei triste quando recebi o oficial de justiça, mesmo o Alex me
explicando que seria proibida de exercer. Quando recebi a carta de
notificação, me senti triste pelos professores e amizades que criei.
- Você estava a um passo de se formar Lari, já iria se despedir do âmbito
acadêmico de qualquer forma. (Tento alegrá-la, eu sei que não é fácil chegar
tão longe no curso e ainda mais passar na prova da OAB e ela já havia
conseguido isso.)
- Sim, de qualquer forma, depois da entrevista de Alex, o bistrô bombou. Eu
não imaginei que a popularidade seria tão boa e positiva.
- Foi porque a investigação foi liberada online, então o público pode acessar
aos documentos. (Digo enquanto todos se servem.)
-Isso é possível? (Marcus me questiona, enquanto Camila faz seu prato.)
- Sim, o juiz encarregado do caso, permitiu. Quando um caso tem apelo
público, geralmente isso acontece. Então contra provas não houve
argumentos.
- E não houve mesmo, você acredita papai que eles me chamam de anjo da
lei. (Ela rir.)
- Anjo da lei? (Ele questiona.)
- Sim, é um apelido da internet, por que ele é o El diabo. (Todos riem.)
- Essa geração de hoje é meio maluca.
- Não pai, foi graça ao movimento deles na internet que essa popularidade foi
possível, até gravaram um vídeo de vários colegas e professores falando
sobre mim, com alguns documentos que o senhor me deu naquela pasta.
Viralizou na internet. E foi assim que todos acreditaram na minha inocência.
- Que bom, minha princesa, meu maior medo era você ser atingida pelas
minhas burradas.
- Isso não aconteceu papai, graças a você e a ele. (Larissia olha para mim e
sorrir. Comemos tranquilamente, e conversamos sobre tudo, me sinto
acolhido, quem diria que me sentaria a mesa do meu pior inimigo e mais, me
sentiria feliz pela sua sobrevivência.
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- Amor, pega a toalha para mim? (Larissia grita do banheiro, essa casa
ganhou uma vida desde que ela se mudou para aqui. Até os moveis foram
trocados, ela diz que os meus eram sem graças, típico! Vou até o banheiro.)
Onde está a toalha? (Ela me olha com os cabelos molhados, faz um ano desde
que casamos e ainda sinto a eletricidade do seu corpo, meu peito ainda
queima quando vejo seu corpo nu.)
- Pensei em algo melhor. (Entro no box e caminho até ela.) Você já parou
o remédio? (A olho com luxuria, ao ver seus mamilos enrijecidos pelo frio.)
- Sim, não decidimos parar?
- Excelente, está na hora de fazer um herdeiro. (A pego no colo e apoio
seu corpo na parede.)
- Ou uma herdeira... (Ela sorrir e nos perdemos em amor, como acontece
todas as vezes que nossos corpos entram em contato, nada mais importa,
apenas somos e ela e o nosso amor.