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Aula 02

Administração Pública p/ TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Cargo 1 -


Administração

Professor: Herbert Almeida


Administração Pública
Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-SC
Teoria e exercícios comentados
Prof. Herbert Almeida – Aula 2
AULA 2: Novas lideranças, processos
participativos e mudanças institucionais

SUMÁRIO

LIDERANÇA .................................................................................................................................. 2
OS ESTILOS DE DIREÇÃO (TEORIA X E TEORIA Y DE MCGREGOR) .................................................................. 3
TEORIAS SOBRE LIDERANÇA.................................................................................................................... 4
LIDERANÇA CENTRADA NA TAREFA VERSUS LIDERANÇA CENTRADA NAS PESSOAS ............................................. 5
ESTILOS DE LIDERANÇA.......................................................................................................................... 6
SISTEMAS ADMINISTRATIVOS DE LIKERT ................................................................................................... 8
PROCESSOS PARTICIPATIVOS...................................................................................................... 17
CONFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 18
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS ........................................................................................................................ 19
MUDANÇAS INSTITUCIONAIS ..................................................................................................... 20
CONTRATUALIZAÇÃO .......................................................................................................................... 20
CONTRATO DE GESTÃO ................................................................................................................ 24
TERMO DE PARCERIA E AS OSCIPS ................................................................................................ 31
AGÊNCIAS REGULADORAS .................................................................................................................... 35
CONSELHOS GESTORES ........................................................................................................................ 39
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ............................................................................................................... 45
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA............................................................................................ 49
GABARITO ................................................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 53

Olá pessoal. Tudo certo?

Nesta aula, vamos estudar os seguintes itens do edital: “Novas


lideranças no setor público. 2.1 Processos participativos de gestão
pública: conselhos de gestão, orçamento participativo, parceria entre
governo e sociedade. 7 Mudanças institucionais: conselhos,
Organizações Sociais, Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP), agência reguladora, agência executiva.”

Esta aula é constituída de duas partes. Na primeira, vamos estudar a


liderança, apresentando seus principais conceitos e teorias. Em seguida,
iniciaremos o estudo dos processos participativos e das mudanças
institucionais, pois são assuntos bem conexos.

Ao término da aula, vocês encontrarão as questões sem comentários.


Aproveitem!

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LIDERANÇA

Liderança é o processo de influenciar e dirigir o comportamento


das pessoas em direção ao alcance de objetivos1. É um conceito muito
relacionado com a motivação, pois um bom líder deve utilizar os
mecanismos de motivação para influenciar as pessoas no trabalho,
permitindo um bom desempenho organizacional.

Assim, podemos entender a liderança como um processo de


influenciação entre pessoas, isto é, uma pessoa age com o intuito de
modificar e provocar um comportamento desejado em outra. Dessa forma,
por envolver uma relação de troca entre líder e liderado, diz-se que a
liderança é transacional2.

Com efeito, a liderança está intimamente relacionada com o poder e


a autoridade. O primeiro diz respeito ao potencial de influenciar as
pessoas, podendo ou não ser exercido; enquanto que o segundo
corresponde ao poder legítimo, ou melhor, o poder que decorre da
estrutura e dos regulamentos da empresa, é o poder oficial.

Desse ponto, podemos destacar a existência de líderes formais e


informais. O primeiro é aquele legalmente instituído, que recebe das
normas da empresa a autoridade e o poder para agir sobre as pessoas.
Trata-se do gerente, supervisor ou chefe. Entretanto, há também aquelas
pessoas que não recebem a autoridade e o poder da estrutura
organizacional, mas detém capacidade de influenciar as pessoas. Este é o
líder informal. Nada mais é que um funcionário que tem capacidade de agir
sobre os demais.

Nem sempre um líder informal será um bom líder formal. Contudo, as


organizações de sucesso devem identificar essas lideranças, pois esse tipo
de pessoa pode trazer benefícios, quando agem de acordo com os
interesses da empresa, ou malefícios, se estiverem direcionadas para
outros objetivos. O ideal é conciliar a liderança informal com os anseios da
empresa.

Nesse contexto, a liderança passa a ser vista como algo que deve ser
aceito e não imposto. Ou seja, um bom líder não é aquele que necessidade

1Chiavenato, 2012, p. 341.


2Transacional significa um estado troca ou de relação interpessoal. É o que acontece na liderança,
quando o líder exerce influenciação sobre o liderado.

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das normas da organização para exercer seu poder, não é aquele que só
consegue dar ordens por causa da autoridade que recebeu da estrutura
organizacional. O bom líder é aquele que flui naturalmente, sendo aceito
por todos os subordinados como a pessoa capaz de dirigir adequadamente
a equipe de trabalho.

A partir desses pontos introdutórios, vamos começar a estudar as


principais teorias e os estilos de direção e de liderança.

Os estilos de direção (Teoria X e Teoria Y de McGregor)

Douglas McGregor descreveu duas maneiras opostas de direção


baseadas na natureza do comportamento humano. Para ele, o
comportamento das pessoas pode ser baseado na desconfiança (Teoria
X) ou na confiança (Teoria Y). A primeira maneira é considerada velha
e negativa, a segunda é moderna e positiva.

Na Teoria X, o gerente parte do pressuposto que a maioria das


pessoas precisa ser dirigida, não deseja assumir responsabilidades e
procura segurança acima de tudo. O gerente entende que o funcionário é
motivado por dinheiro, vantagem no emprego e ameaça de
punição3.

Assim, entende-se que os empregados querem fazer o menor esforço


possível, não têm vontade de trabalhar e apresentam pouca ou nenhuma
ambição no emprego. Dessa forma, o gestor deve estruturar, controlar e
supervisionar rigorosamente seus subordinados, pois as pessoas não
merecem confiança, são irresponsáveis e imaturas. McGregor descreveu
essa Teoria como a motivação do “pão numa mão e pau na outra”.

Por outro lado, a Teoria Y pressupõe que os funcionários desejam


realizar trabalhos relevantes e, se lhes forem dadas oportunidades,
atuarão com responsabilidade, maturidade e criatividade, tomando
decisões e tornando significativo seu desempenho organizacional4.

Entende-se, portanto, que os funcionários desejam trabalhar, que o


homem prática a auto-orientação e autocontrole para alcançar os objetivos
propostos, que as pessoas desejam assumir responsabilidades e, sempre
que possível, podem propor ideias inovadoras e criativas.

3 Cury, 2012, p. 31.


4 Ibid. p. 34.

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Os estudos de McGregor demonstram que a Teoria X é mais adequada
para organizações burocráticas e rotineiras, em que o nível dos funcionários
é mais baixo, exigindo o rígido cumprimento de regras e regulamentos. Já
a Teoria Y é indicada para organizações adaptativas, que realizam
atividades inovadoras e utilizam funcionários de nível elevado. Nesse
contexto, podemos concluir que as empresas modernas estão abandonando
a Teoria X e migrando para a Teoria Y5, atendendo, assim, às novas
exigências do mercado.

Teorias sobre liderança

Devido à importância do tema, diversas teorias surgiram para explicar


a origem e as características das lideranças. Creio que, para o tipo de
concurso que estamos trabalhando, basta conhecermos o sentido geral de
cada teoria, sem adentrar em minúcias. Assim, basicamente existem três
teorias sobre liderança:

 teorias dos traços de personalidade: esta teoria buscou


demonstrar a existência de certos traços, isto é, qualidades ou
características distintivas da personalidade de um líder em
relação a outras pessoas. Esse tipo de teoria derivou da teoria
do “grande homem”, que explicava o progresso do mundo a partir
de algumas pessoas que dominaram a história da humanidade.

 teorias sobre estilos de liderança: essa teoria não se preocupa


com uma característica do líder e sim pelo seu padrão recorrente
de atuação. Assim, o líder tem maneiras e estilos de se comportar.
Demonstra aquilo que o líder faz. Aqui, os estudos mais conhecidos
são de White e Lippitt, que apresentaram três estilos distintos de
liderança: autoritário, democrático e liberal. Vamos trabalhar
este item mais adiante.

 teorias situacionais de liderança: essa abordagem faz uma


análise mais ampla da liderança, partindo do princípio que não há
um único estilo válido para toda e qualquer situação. Aspectos
humanos, ambientais e organizacionais podem influenciar as
condutas de liderança. Assim, cada situação requer um estilo de
liderança distinto, capaz de alcançar a eficácia dos subordinados.
As situações rotineiras e burocráticas requerem um líder mais

5 Chiavenato, 2012, p. 367.

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autoritário e centrado nas tarefas, enquanto que as situações mais
inovadoras sugerem um líder centrado nas pessoas e mais
democrático.

Nesse contexto, podemos descrever três forças que condicionam os


padrões de liderança6:

 forças da situação: tipo de empresa e seus valores e tradições;


eficiência no grupo de subordinados; problema a ser removido;
tempo disponível para resolvê-lo;

 força no gerente: valores pessoais do gerente; convicções


pessoais; confiança nos subordinados; inclinações sobre como
liderar;

 força nos subordinados: necessidade de autonomia; desejo de


assumir responsabilidades; tolerância para incertezas;
compreensão dos problemas; conhecimentos e experiências;
desejo de participar das decisões.

A partir da interação dessas três forças chega-se ao estilo de liderança


que será adotado. Assim, para a teoria situacional há uma espécie de
continuum de padrões de liderança. No limite esquerdo, encontra-se a
liderança totalmente centralizadora, autoritária e voltada para as tarefas.
No limite direito, temos a liderança descentralizadora, participativa e
voltada para as pessoas.

Liderança centrada na tarefa versus liderança centrada nas pessoas

A liderança centrada na tarefa (job centered) preocupa-se


estritamente com a execução da tarefa e com o alcance de resultados.
Relaciona-se ao estilo de liderança autocrático e com a Teoria X de
McGregor. O líder: toma as decisões sem consultar a equipe; concentra sua
atenção no desempenho do funcionário ou grupo, enfatizando o
cumprimento de prazos, os padrões de qualidade e a economia de cursos;
e dá ênfase à cobrança e avaliação do desempenho de seus funcionários7.

Noutro giro, a liderança centrada nas pessoas (employee –


centered) está preocupada com os aspectos humanos dos subordinados,
procurando manter uma equipe atuante, com maior participação nas

6 Tannenbaum e Schmidt (1967). Apud Chiavenato, 2011, p. 122-123.


7 Maximiano, 2011, p. 217.

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decisões8. Lembra o estilo de liderança democrático e a Teoria Y de
McGregor. O líder centrado nas pessoas tem as seguintes características:
acredita que deve criar um clima em que as pessoas sintam-se
confortáveis; focaliza a atenção no funcionário e no grupo, enfatizando as
relações humanas e o desenvolvimento da capacidade de trabalhar e
equipe, sem deixar de se preocupar com o nível de desempenho desejado;
pede opiniões ou sugestões, ouve, presta atenção e usa ideias do grupo.

Em geral, o estilo de liderança orientado para a tarefa provoca um


maior nível de conflito, gerando insatisfação no médio e longo prazo. Assim,
esse estilo pode até promover melhoras no curto prazo, mas, à medida que
se passa o tempo, o descontentamento dos funcionários faz diminuir o nível
de desempenho.

Estilos de liderança

Vamos começar apresentando os três


estilos de liderança. Um líder pode ter um estilo OS ESTILOS DE
autocrático, liberal ou democrático. LIDERANÇA

No primeiro estilo as decisões ficam  AUTOCRÁTICO;


totalmente por conta do líder; no segundo o líder  LIBERAL; e
tem pouca ou nenhuma participação no processo  DEMOCRÁTICO.
decisório; no estilo democrático, finalmente, o
líder estimula os debates e as decisões em grupo. A literatura afirma que,
embora o estilo democrático não tenha apresentado resultados
quantitativos tão elevados como no estilo autocrático, a qualidade do
trabalho foi surpreendentemente melhor, além de fomentar um clima de
satisfação, integração grupal, responsabilidade e comprometimento das
pessoas.

8 Chiavenato, 2012, p. 134.

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Liderança Liderança liberal Liderança
autocrática democrática
Tomada de decisões Apenas o líder Total liberalidade As diretrizes são
decide e fixa as para a tomada de debatidas e
diretrizes, sem decisões grupais ou decididas pelo grupo
qualquer individuais, com que é estimulado e
participação do participação mínima assistido pelo líder.
grupo. do líder.
Programação dos O líder determina A participação do O próprio grupo
trabalhos providências para a líder no debate é esboça providências
execução das limitada, e técnicas para
tarefas, uma por vez, apresentando atingir o alvo com o
na medida em que apenas alternativas aconselhamento
são necessárias e de ao grupo, técnico do líder. As
modo imprevisível esclarecendo que tarefas ganham
para o grupo. poderia fornecer novos contornos
informações desde com os debates.
que solicitadas.
Divisão do trabalho O líder determina Tanto a divisão das A divisão das tarefas
qual a tarefa que tarefas como a fica a critério do
cada um deverá escolha dos colegas grupo e cada
executar e qual será ficam por conta do membro tem
seu companheiro de grupo. Absoluta falta liberdade de
trabalho. de participação do escolher seus
líder. próprios colegas.
Participação do líder O líder é pessoal e O líder não faz O líder procura ser
dominador nos nenhuma tentativa um membro normal
elogios e nas críticas de avaliar ou regular do grupo. É objetivo
ao trabalho de cada o curso das coisas. e limita-se aos fatos
um. Faz apenas nas críticas e nos
comentários quando elogios.
perguntado.
Fonte: Chiavenato, 2012, p. 133.

O estilo de liderança autocrático (diretivo) focaliza a atuação do líder,


que centraliza as decisões e impõe ordem ao grupo. Sem a presença do
líder, o trabalho não se desenvolve.

No estilo liberal (laissez-faire), focado nos subordinados, há total


delegação das decisões ao grupo, que fica à vontade e sem controle algum.
Acaba gerando um pouco de desordem, permitindo que as atividades
ocorram ao acaso.

Por fim, a liderança democrática (participativa) focaliza a atuação do


líder e do subordinado. O líder é o condutor, que orienta o grupo e incentiva
a participação democrática das pessoas.

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Sistemas administrativos de Likert

Nessa linha, vamos entender agora o continuum dos sistemas


administrativos de Likert. Para ele, a partir das variáveis de processo
decisorial, sistema de comunicação, relacionamento interpessoal e
sistema de recompensas e punições, é possível traçar um sistema
administrativo mais adequado para cada situação. Trata-se de um modelo
contingencial9, uma vez que o sistema deve variar de acordo com a
situação.

Os sistemas começam com um estilo autoritário-coercitivo (estilo


totalmente centralizado na cúpula administrativa, altamente autoritário),
passando por um autoritário-benevolente, chegando ao consultivo e
terminado com o estilo participativo (descentralizado, fomentando os
trabalhos em grupos e equipes, eficiente sistema de recompensas). Assim,
vamos evoluindo de um sistema mais autoritário e centralizado até chegar
ao sistema mais descentralizado e democrático. Analisemos cada um:

 Sistema 1 – Autoritário-coercitivo: não há confiança nos


subordinados e eles não participam de qualquer processo decisório.
É um sistema fechado, arbitrário e duro de administrar, totalmente
coercitivo e coativo, com imposição das regras e regulamentos. Os
funcionários devem trabalhar com medo, ameaças, castigos e
prêmios ocasionais.

 Sistema 2 – Autoritário-benevolente: é um pouco menos


coercitivo e fechado que o anterior. A maioria das decisões ainda é
concentrada nos níveis superiores, mas já permite um nível limitado
de delegação das decisões para níveis mais baixos, principalmente
quando se trata de situações rotineiras. O nível de desconfiança
ainda é muito elevado, mas permite algum relacionamento
interpessoal. A motivação ocorre com a utilização de castigos e com
alguns prêmios reais e potenciais.

9
O modelo contingencial é aquele que varia de acordo com a situação, entendendo que não há um padrão
adequado para todo e qualquer contexto, e sim que há um conjunto de práticas mais indicadas conforme o
ambiente encontrado.

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 Sistema 3 – Consultivo: os subordinados podem tomar decisões
mais específicas, mas ainda permanece no nível superior as
decisões amplas e gerais. Há um maior envolvimento das pessoas
no processo decisório, fornecendo opiniões e informações
(consultivo). A comunicações sobe e desce na hierarquia. O sistema
de recompensas prevalece sobre as punições.

 Sistema 4 – (Grupo) Participativo: considera a confiança total


nos funcionários. As decisões são integradas, mas se dispersam
amplamente pela organização, utilizando a máxima delegação. A
comunicação é vertical (ascendente e descendente) e horizontal
(entre gerentes de mesmo nível e entre funcionários). Há um
moderno sistema de recompensas com criação de prêmios,
estabelecimento de objetivos, aperfeiçoamento de métodos e
avaliação de progressos na direção dos objetivos, tudo com ampla
participação dos funcionários. Há uma forte interação entre a
organização formal e informal, convergindo ambas para os
objetivos organizacionais.

Continuum de Likert

Autoritário- Autoritário-
Consultivo Participativo
coercitivo benevolente

Por fim, é importante destacar que o as teorias X e Y de McGregor


situam-se nos extremos do continuum de Likert. Sendo a Teoria X
autoritária, enquanto a Teoria Y é participativa. Assim, da mesma forma
como se concluiu no tópico anterior, as organizações modernas estão
abandonando os sistemas coercitivos e autoritários por uma abordagem
mais participativa, que favorece a criatividade e o comprometimento dos
funcionários.

Vamos praticar!

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1. (Cespe – TNS/MC/2013) Quando o líder descobre as necessidades de seus


subordinados e, assim, aumenta o valor dos resultados de trabalho, ele adota um
estilo diretivo de liderança.
Comentário: Maximiano apresenta uma relação entre os diversos tipos de
liderança que estudamos. O autor divide os estilos de liderança em dois
grupos:

 liderança autocrática (autocracia), diretiva ou orientada para a tarefa:


este é o estilo centralizador em que o líder toma as decisões sem se
preocupar com os subordinados e o foco é com a execução das tarefas
e alcance dos resultados;

 liderança democrática (democracia), participativa ou orientada para as


pessoas: é o oposto, representa o estilo descentralizado, com ampla
participação dos funcionários, o líder se preocupa com as pessoas,
com o grupo e fomenta o trabalho em equipes.

Assim, a assertiva descreveu o líder participativo e não o diretivo.


Gabarito: errado.

Julgue os itens subsequentes, em relação à motivação e liderança.


2. (Cespe – Administrador/MJ/2013) O desenvolvimento de relacionamentos
de confiança entre o gestor e sua equipe não é considerado um fator relevante para
o alcance de metas organizacionais.
Comentário: dispensa comentários! O gestor e sua equipe de trabalho devem
ter uma relação baseada na confiança, sendo este um fator relevante no
alcance de objetivos e metas.
Gabarito: errado.

Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do administrador. Atualmente,


sobretudo com as contribuições da abordagem neoclássica da administração,
representada principalmente por Peter Drucker, os princípios foram
redimensionados e são denominados Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar
(PODC). Com relação a esse assunto, julgue os itens subsequentes.

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3. (Cespe – APGI/INPI/2013) De acordo com as premissas da Teoria Y,
concebidas por McGregor, a direção dos comportamentos dentro de uma
organização, considerando as concepções antagônicas do comportamento
humano, revela que a falta de ambição e o desapreço em assumir
responsabilidades está relacionada com a preferência por ser dirigido.
Comentário: as teorias X e Y demonstram concepções antagônicas
(contrárias, opostas) de comportamento humano. Contudo, é a Teoria X que
revela a falta de ambição e desapreço em assumir responsabilidades,
demonstrando a preferências das pessoas em serem dirigidas.
Gabarito: errado.

4. (Cespe – APGI/INPI/2013) O sistema participativo é um sistema


administrativo considerado amplamente aberto, em que o processo decisório
contempla delegação máxima entre os níveis organizacionais.
Comentário: há quatro sistemas administrativos descritos por Likert. O
sistema participativo é o mais aberto de todos e está baseado na máxima
delegação entre os níveis organizacionais.
Gabarito: correto.

5. (Cespe – APGI/INPI/2013) O sistema de administração autoritário-


benevolente prescreve uma direção centralizada, mas permite pequena delegação
em situações de caráter rotineiro.
Comentário: no sistema autoritário-benevolente (sistema 2), a direção ainda é
centralizada, concentrando a maioria das decisões nos níveis superiores, mas
permitindo um nível limitado de delegação, principalmente em situações
rotineiras. Seria o caso, em uma instituição de crédito, da aprovação de um
empréstimo consignado, que é uma atividade que ocorre diariamente na
empresa, podendo ser delegada para as unidades descentralizadas.
Gabarito: correto.

6. (Cespe – TA/TJ-AC/2012) De acordo com a teoria dos dois fatores proposta


por Frederick Herzberg, os fatores extrínsecos ou higiênicos fazem as pessoas
sentirem-se satisfeitas e motivadas com o trabalho.
Comentário: os fatores higiênicos, ou extrínsecos, são fatores externos ao
cargo, não podendo ser controlados pelo funcionário. Quando ausentes,
provocam a insatisfação e, quando presentes, geram um estado de não
insatisfação. Ou seja, os fatores higiênicos não fazem as pessoas se sentirem

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satisfeitas e motivadas. Os fatores motivacionais, ou intrínsecos, é que fazem
as pessoas sentirem-se satisfeitas e motivadas com o trabalho.
Gabarito: errado.

7. (Cespe – AA/ANTT/2013) O modelo de liderança autocrático é um modelo


orientado para a tarefa em que se enfatizam o controle do desempenho dos
funcionários e o cumprimento de prazos e padrões de qualidade.
Comentário: de acordo com Maximiano10, a liderança orientada para a tarefa,
também chamada de autocracia ou liderança diretiva, concentra sua atenção
no desempenho do funcionário ou grupo, enfatizando o cumprimento de
prazos, os padrões de qualidade e a economia de custos. Para o autor, a
liderança orientada para a tarefa e a liderança autocrática são as mesmas
coisas.
Gabarito: correto.

8. (Cespe – Administrador/FUB/2013) Segundo a teoria dos dois fatores, os


motivos que estão presentes na situação de trabalho e que influenciam o
desempenho dividem-se em duas categorias principais: o próprio trabalho (fatores
motivacionais) e as condições de trabalho (fatores higiênicos).
Comentário: os fatores motivacionais representam o próprio trabalho,
enquanto que os fatores higiênicos estão relacionados com as condições de
trabalho. O primeiro influencia na satisfação e motivação das pessoas se
estiver presente, já o segundo gera insatisfação e desmotivação se estiver
ausente.
Gabarito: correto.

9. (Cespe – Escrivão/PC-DF/2013) Por ser uma variável independente dentro


do modelo organizacional, a liderança está isenta de critérios de valor.
Comentário: para Robbins11 a liderança é simplesmente mais uma variável
independente dentro do modelo geral de comportamento organizacional,
pois, algumas situações, ela pode contribuir muito para explicar fatores como
produtividade, absenteísmo, rotatividade, cidadania e satisfação, mas, em
outras, pode oferecer pouca contribuição. Contudo, a liderança não está
isenta de critérios de valor, uma vez que, antes de julgar a eficácia de um líder,
deve-se avaliar o conteúdo moral de seus objetivos, bem como dos meios que
ele utiliza para alcançá-los.

10
Maximiano, 2011, p. 217.
11
Robbins, 2007, p. 290-294.

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Gabarito: errado.

10. (Cespe – TC/BASA/2012) A influência de líderes nas organizações se dá


por meio de bases de poder como legitimidade, competência, coerção, referência e
recompensa. A escolha de cada uma dessas bases de poder se dará em virtude de
aspectos humanos, ambientais e organizacionais.
Comentário: existem cinco bases de poder:

 poder coercitivo ou de coerção ou de punição - capacidade de


influenciar através da punição;

 poder de recompensa - capacidade de influenciar através da


recompensa;

 poder legítimo ou legitimidade - capacidade de influenciar através do


direito reconhecido ou legitimado;

 poder referente ou de referência ou de situação - capacidade de


influenciar através da identificação de uma pessoa com a outra;

 poder de perícia ou especializado ou expert, ou de competência ou


ainda do saber - capacidade de influenciar através do conhecimento ou
da percepção do conhecimento que um indivíduo atribui a outro.

A liderança está intimamente relacionada com o poder e a autoridade. Dessa


forma, pode-se afirmar que a liderança nas organizações se dá por meio das
bases de poder descritas acima. Com efeito, alguns fatores podem influenciar
as bases de poder a serem utilizadas, como os aspectos

 humanos (relacionado com as pessoas – nível de conhecimento,


habilidades, vontade de trabalhar e assumir responsabilidades);

 ambientais: contexto em que a empresa e as pessoas estão inseridas;

 organizacionais: tarefas desempenhadas pela empresa, clima


organizacional, regulamentos, estrutura etc.

Gabarito: correto.

A administração de recursos humanos está relacionada a todas as funções do


processo administrativo, referindo-se a políticas e práticas necessárias para se
administrar o trabalho das pessoas. A esse respeito, julgue os itens a seguir.

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11. (Cespe – Técnico/EBC/2011) Liderança é a habilidade de influenciar
pessoas, dirigir seu comportamento em direção ao alcance de objetivos e metas,
podendo ser orientada para pessoas e também para tarefas.
Comentário: para Chiavenato12 “Liderança é o processo de influenciar e dirigir
o comportamento das pessoas em direção ao alcance de objetivos”. Assim,
trata-se de uma habilidade de influenciar e dirigir o comportamento das
pessoas para o alcance dos objetivos e metas desejados. Além disso,
podemos apresentar dois tipos distintos de liderança:

 orientada para a tarefa: o foco é a execução da tarefa e o alcance dos


resultados, assemelhando-se ao estilo autoritário; e

 orientada para as pessoas: a preocupação maior é com os aspectos


humanos dos subordinados, sem deixar de lado o desempenho
desejado. Assemelha-se ao estilo democrático.

Gabarito: correto.

12. (Cespe – Técnico/EBC/2011) A teoria dos dois fatores, de Herzberg, pode


ser representada por meio de uma pirâmide constituída de dois tipos de
necessidade das pessoas: uma básica, a necessidade de segurança; e outra, mais
complexa e difícil de ser atingida, a necessidade de autorrealização.
Comentário: a assertiva misturou as teorias de Herzberg e de Maslow. A teoria
dos dois fatores de Herzberg apresenta os fatores higiênicos (condições de
trabalho) e motivacionais (trabalho em si). A pirâmide de Maslow, ou teoria da
hierarquia das necessidades de Maslow, descreve cinco sistemas
fundamentais de necessidades, dispostas hierarquicamente, capazes de
justificar o comportamento humano. No nível mais baixo, estão as
necessidades fisiológicas, seguindo para necessidades de segurança,
sociais, de estima e de autorrealização. O princípio fundamental é que não há
como alcançar um nível mais elevado sem satisfazer primeiro os níveis
inferiores.
Gabarito: errado.

13. (Cespe – Técnico/EBC/2011) Em uma organização, existem, basicamente,


três estilos de liderança: o autocrático, voltado para o líder; o democrático, voltado
para o líder e o subordinado; e o liberal, voltado para o subordinado.

12
Chiavenato, 2011, p. 341.

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Comentário: o estilo autocrático está focalizado no líder, que deve fixar
diretrizes, decidir e fiscalizar sem a participação dos subordinados.
Já o estilo democrático, volta-se tanto para o líder, que deve conduzir, orientar
e incentivar, quanto para o subordinado, que deve comunicar-se com o líder
e com as demais pessoas, auxiliando, propondo ideias e participando
ativamente.
Por fim, o estilo liberal volta-se exclusivamente para o subordinado13, com
total liberdade para as decisões grupais e individuais e mínima participação
do líder.
Gabarito: correto.

14. (Cespe – AA/TCE-RO/2013) De acordo com a teoria dos dois fatores,


conforme proposta por Herzberg, os fatores motivacionais intrínsecos, relacionados
ao próprio trabalho, produzem satisfação e os fatores extrínsecos, relacionadas
com as condições de trabalho, apenas reduzem a insatisfação.
Comentário: não pode esquecer! Para a teoria dos dois fatores, descrita por
Herzberg, os fatores motivacionais (intrínsecos) estão relacionados com o
próprio trabalho e os fatores higiênicos (extrínsecos) com as condições de
trabalho. Os primeiros aumentam a satisfação, os últimos reduzem a
insatisfação.
Gabarito: correto.

Julgue os itens que se seguem, referentes às relações humanas no trabalho e aos


diferentes tipos de liderança.
15. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) De acordo com os pressupostos da
liderança democrática, cada membro do grupo tem liberdade de escolher seus
companheiros de trabalho, devendo o líder da equipe ser objetivo, limitando-se a
críticas e elogios relativos a fatos ocorridos.
Comentário: apresentamos um quadro na aula com as seguintes
características da liderança democrática:

 as diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado e


assistido pelo líder;

13
Devemos tomar cuidado para não confundir o estilo liberal, voltado para o subordinado, com a liderança
orientada para as pessoas. Esta última está relacionada com o estilo democrático.

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 o próprio grupo esboça providências e técnicas para atingir o alvo com
o aconselhamento técnico do líder. As tarefas ganham novos
contornos com os debates;

 a divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem


liberdade de escolher seus próprios colegas;

 o líder procura ser um membro normal do grupo. É objetivo e limita-se


aos fatos nas críticas e nos elogios.

Gabarito: correto.

16. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) O líder autocrático pronuncia


comentários irregulares sobre as atividades dos membros da equipe e determina
as providências para a execução das tarefas apenas quando solicitado.
Comentário: o líder autocrático sempre pronúncia comentários e determina a
tarefa que cada um deve executar e o seu respectivo companheiro de
trabalho.
Gabarito: errado.

17. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) O líder situacional assume o seu


estilo de liderar conforme as diferentes situações cotidianas e, consequentemente,
o grupo se sente mais motivado e seguro.
Comentário: para cada situação encontrada, o líder situacional vai adotar um
estilo diferente. Assim, em situações mais rotineiras, com funcionários de
nível mais baixo, o líder vai atuar de forma autoritária. Porém, quando estiver
trabalhando com funcionários de alto nível, que desenvolvem atividades
inovadoras e criativas, o líder será mais democrático, voltado para as
pessoas. Essa é uma forma de manter os grupos mais motivados e seguros.
Gabarito: correto.

18. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) De acordo com o modelo de


liderança liberal, o líder deve ser pessoal nos elogios e nas críticas, e a divisão das
tarefas deve ocorrer a critério do próprio grupo.
Comentário: o líder autocrático é pessoal nos elogios e nas críticas de cada
membro; enquanto o líder liberal não avalia o grupo nem controla os
acontecimentos, comentando as atividades apenas quando perguntado.
Gabarito: errado.

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19. (Cespe – Ana/SERPRO/2013) O líder é reconhecido positivamente quando
demonstra competência para treinar e dirigir outras pessoas a desempenharem
com eficiência os preceitos organizacionais.
Comentário: conceituamos a liderança como o processo de influenciar e
dirigir o comportamento das pessoas em direção ao alcance dos objetivos.
Assim, um líder competente deve ter a capacidade de treinar e dirigir outras
pessoas (colaboradores) para desempenharem com eficiência os preceitos
(mandamentos, ensinamentos, coisas que foram estabelecidas)
organizacionais.
Gabarito: correto.

20. (Cespe – Analista/MPU/2013) O gerente que atua com base no modelo de


liderança da Teoria X desenvolvida por McGregor acompanha seus trabalhadores
de modo cerrado, pois não acredita que seus colaboradores estejam dispostos a
trabalhar.
Comentário: mais um item “zero bala”!
Acompanhar uma coisa de modo cerrado é estar sempre próximo da
atividade, fiscalizando o máximo. Este é um dos pressupostos da Teoria X,
isto é, o gerente deve fiscalizar o mais próximo possível os seus funcionários,
pois os colaboradores são preguiçosos, não querem responsabilidades e só
irão trabalhar na presença do gerente.
Gabarito: correto.

PROCESSOS PARTICIPATIVOS

Depois de estudarmos as lideranças, vamos iniciar outros dois


assuntos: processos participativos e mudanças institucionais. Estes dois
pontos do edital estão intimamente relacionados. Os dois estão
relacionados com o processo de redemocratização e de reforma gerencial
do país. Vamos lá!

Segundo Roberto Rocha14, a década de 1980 foi marcada por


profundas mudanças sociais, políticas e institucionais, reflexos do intenso
processo de busca pela democratização da gestão pública brasileira. Nesse
cenário, começam a ser travados fortes embates entre o poder estatal,

14 Rocha, 2009.

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movimentos sociais e organizações da sociedade civil, desencadeando-se
uma trajetória de lutas pela ampliação democrática, que visava
assegurar a participação da sociedade nos processos decisórios da
gestão e controle dos recursos públicos.

Como consequência desse processo, a Constituição Federal de 1988


destacou, em vários momentos, a importância da participação da
população na formulação e controle de políticas públicas. Trata-se de uma
mistura de democracia representativa, realizada pelos representantes
eleitos pela população, e democracia participativa, na qual a sociedade atua
diretamente da discussão sobre as políticas públicas. Nesse sentido,
vejamos, como exemplo, o que dispõe o artigo 204, inciso II:
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão
realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no
art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes
diretrizes:

II - participação da população, por meio de organizações


representativas, na formulação das políticas e no controle das ações
em todos os níveis.

Dessa forma, a participação da população ocorre em diversos


setores, como saúde (conselhos de saúde), assistência social (art. 204,
inciso II, CF), educação (Art. 206, inciso IV15, CF). As formas de
participação também são diversas, destacando-se os conselhos gestores,
as conferências, audiências públicas, ouvidorias, orçamento participativo e
diversas formas de associação entre o governo e a sociedade.

Vamos analisar, inicialmente, as conferências e as audiências públicas.


No assunto sobre mudanças institucionais, iremos trabalhar as demais
formas de participação da sociedade.

Conferências

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome


(MDS), as conferências de políticas públicas são espaços amplos e
democráticos de discussão e articulação coletivas de propostas e
estratégias de organização. Sua principal característica é reunir governo

15Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

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e sociedade civil organizada para debater e decidir as prioridades nas
Políticas Públicas nos próximos anos.

Em geral, a realização das conferências está relacionada às


competências dos conselhos gestores e são realizadas em certa
periodicidade. Por exemplo, a Lei 8.142/1990, que dispõe sobre a
participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde,
estabelece que a Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com
a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de
saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos
níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou,
extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde (Art. 1º, inciso
I).

Complementa o MDS dizendo que a realização de uma conferência não


é algo isolado, e sim parte de um processo amplo de diálogo e
democratização da gestão pública, podendo ser realizada em âmbito
municipal, estadual e federal.

Audiências públicas

Assim como os demais itens, as audiências públicas são instrumentos


de participação da sociedade nas decisões do governo. Trata-se de uma
exigência legal para elaboração de leis, políticas, lançamento e discussão
de editais e outros processos de relevância para a sociedade.

Nesse caso, a autoridade responsável por tomar a decisão abre espaço


para que a sociedade tome parte e discuta sobre as decisões de
determinados processos. Segundo a Constituição Federal:
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes
e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.

[...];

§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

[...];

II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;


(grifos nossos)

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A realização de audiências não se limita ao Congresso Nacional,
vejamos alguns exemplos em que a lei exige a realização de audiências
públicas com participação da sociedade:

 Lei nº 9.868/1999, no julgamento de Ação Direta de


Inconstitucionalidade (Adin) e de Constitucionalidade (ADC)
realizadas pelo STF;

 Lei nº 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público)


exige que os ministérios públicos realizem audiências públicas;

 Lei nº 8.666, de 1993 (licitações e contratos administrativos), todo


processo licitatório em que o valor estimado seja superior a R$ 150
milhões deve iniciar-se com uma audiência pública concedida pela
autoridade responsável com antecedência mínima de 15
(quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e
divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de
sua realização, pelos mesmos meios previstos para a publicidade
da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as informações
pertinentes e a se manifestar todos os interessados;

 Lei nº 8.987/1995, para concessão e permissão de serviços


públicos.

Dessa forma, a audiência pública é um instrumento que leva a


uma decisão política ou legal com legitimidade e transparência. A
audiência vai divulgar o que será feito, aumentando a transparência, e vai
possibilitar a discussão entre vários atores da sociedade, dando
legitimidade ao processo.

MUDANÇAS INSTITUCIONAIS

Contratualização

A contratualização é um mecanismo de pactuação de metas entre


diversas entidades em que ocorre uma espécie de troca, de um lado ocorre
o aumento da autonomia ou o fornecimento de recursos, do outro ocorre o
compromisso de cumprir os resultados estipulados. Assim, a

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contratualização é uma espécie de controle de resultados no
fornecimento de serviços públicos.

Esse mecanismo de controle de resultados ganha muita força a partir


da reforma gerencial iniciada em 1995 com o Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado (PDRAE) e pelo conjunto de legislações que se
seguiram16, como as iniciativas de criação dos modelos de Organizações
Sociais (Lei 9.637/1998), de Agências Executivas (Lei 9.649/1998) e das
Agências Regulatórias.

Podemos incluir nesse rol a Emenda Constitucional 19/1998 (EC


19/98), que deu nova redação ao §8º do artigo 37 da Constituição Federal
nos seguintes termos:
Art. 37 – [...]

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para
o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,


obrigações e responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

Até hoje, não há lei regulamentando o §8 do art. 37 da CF/88.


Entretanto, diversas leis esparsas tratam da celebração de contratos de
gestão, termos de parceria e outros instrumentos de pactuação de
resultados. Com efeito, Letícia Schwarz17 destaca que a EC 19/98 deu maior
legitimidade ao instrumento, deixando para trás o contexto de maior
fragilidade jurídica e institucional presenciada em tentativas anteriores de
estabelecimento deste instrumento de gestão por institutos infralegais,
como o Decreto 137/1991 (Governo Collor).

16
Schwarz, 2009.
17
Schwarz, 2009.

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E o que é a contratualização? Vamos começar pela definição
apresentada pela Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão18:
[...] contratualização é o procedimento de ajuste de condições
específicas no relacionamento entre o Poder Público e seus órgãos e
entidades de direito público e privado ou entre o Poder Público e entidades
da sociedade civil, em que há a negociação e o estabelecimento de
metas de desempenho. A característica central dos contratos de gestão,
termos de parceria e outros instrumentos do gênero é o pacto que se
estabelece entre o Poder Público e a entidade signatária da pactuação de
resultados, pois os contratos de gestão, termos de parceira e outros
instrumentos do gênero podem variar quanto às suas finalidades. (grifos
nossos)

Dessa forma, a característica primordial da contratualização é a


pactuação de metas entre os signatários, podendo envolver diversos atores
como o Poder Público e seus órgãos e entidades (direito público ou privado)
ou entre o Poder Púbico e entidades da sociedade civil.

Para Flávio Carneiro Guedes Alcoforado19, a contratualização é uma


prática importante na Administração Pública pós-Reforma do Estado, pois
possibilita instituir práticas de planejamento, avaliação e monitoramento
da execução por parte do Estado (órgão contratante) e o terceiro ou órgão
público contratado. Ainda segundo o autor, esses contratos de resultados
podem ser firmados com qualquer natureza de instituição, seja ela estatal
(pública), do terceiro setor (associações e fundações) e mesmo privadas
(empresas e consórcios).

Assim, quando firmada dentro do próprio Poder Público, a


contratualização visa ampliar a capacidade interna do governo de implantar
políticas públicas setoriais, de forma coordenada e sinérgica. Por outro lado,
quando ocorre entre o Poder Público e terceiros, visa estabelecer uma
relação de fomento e parceria entre Estado e sociedade civil, para a
execução de atividades que, por sua essencialidade ou relevância para a
coletividade, possam ser assumidas de forma compartilhada, observadas a
eficácia, a eficiência e a efetividade da ação pública20.

18
Seges/MPOG, apud Schwarz, 2009.
19
Alcoforado, 2005.
20
Seges/MPOG, apud Schwarz, 2009.

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Segundo Flávio Alcoforado21, o processo de contratualização de
resultados percorre três importantes fases que são imprescindíveis ao bom
resultado da prática e não podem deixar de existir:

 negociação – esta fase inicia com a intenção de contratar os


serviços por um órgão estatal e a elaboração do rol de atividades a
serem contratadas. A partir daí, identifica-se o outro órgão ou
entidade a ser contratada e se inicia o processo de negociação, que
vai da identificação dos indicadores de desempenho,
estipulação das metas e a respectiva orçamentação, que é a
parte financeira do Contrato de Resultados e contém as despesas e
receitas da organização contratada, refletindo as obrigações de
parte a parte;

 construção do instrumento – esta fase consiste na formalização


de tudo o que foi negociado, aperfeiçoando-se e aferindo-se
todos os pontos acordados. Um passo importante para a
construção do instrumento é estabelecer as sanções e métodos de
fiscalização e prestação de contas dos resultados do instrumento
contratual; e

 gerenciamento – esta fase é permanente, após a assinatura do


instrumento contratual, compreendendo todas as atividades de
supervisão da entidade, monitoramento dos indicadores de
desempenho pactuados e avaliação dos resultados
alcançados pela parte contratada. Essa fase é realizada
diretamente pelo órgão público contratante.

Em complemento, o autor menciona que, na contratualização, os


instrumentos contratuais que podem ser utilizados, em sua maioria, são os
mesmos já praticados pela Administração Pública, entretanto, o foco e a
forma de se construir o instrumento é que muda, já que se passa de uma
visão anterior focada no processo (meio), para uma nova visão focada
nos resultados (fins).

Assim, ao invés de se avaliar a correta utilização dos recursos, através


da tradicional prestação de contas financeira, a Administração deve analisar
os resultados do programa, verificando o alcance das metas pactuadas
através dos indicadores de desempenho estabelecidos no contrato.

21
Alcoforado, 2005.

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Contrato de gestão

Como vimos acima, o contrato de gestão está previsto no §8º do


artigo 37 da CF/88. Entretanto, é um instrumento anterior à EC 19/1998.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os primeiros contratos de gestão
com empresas estatais foram celebrados, na esfera federal, com a
Companhia Vale do Rio Doce e a Petróleo Brasileiro S.A – Petrobrás (ambos
com base no Decreto 137, de 27 de maio de 1991, que instituiu o Programa
de Gestão das Empresas Estatais). Outro exemplo de contrato de gestão
celebrado antes da Reforma Gerencial ocorreu com uma entidade não
empresarial, a Fundação das Pioneiras Sociais, assinado ainda em 1991.

Os contratos de gestão são instrumento de compromisso com uma


administração pública por objetivos orientada para a qualidade de serviços
e a eficiência das instituições que os produzem22. Leciona Maristela Afonso
de André23 que:
O contrato de gestão propõe-se veículo de implantação de uma gestão
pública por objetivos, como eixo central de um competente sistema de
planejamento e controle da implantação de políticas públicas, cuja
responsabilidade de execução couber à entidade assinante do compromisso.
Faz parte do contrato o compromisso do Estado com a racionalização de
controles burocráticos de meios, historicamente emperradores da eficácia
gerencial e da eficiência de cada instituição pública e do Estado como um
todo. (grifos nossos)

Assim, o contrato de gestão é um instrumento de compromisso de


resultados celebrado pelo Poder Público, de um lado, e por:

a) um órgão da Administração direta ou entidade da


administração indireta – §8º, Art. 37, CF/88; e

b) associações de direito privado, sem fins lucrativos, que o poder


executivo vier a considerar como organização de interesse público
não estatal e a credenciar como organização social (OS) – Lei
9.637/1998.

No âmbito da Reforma do Aparelho do Estado, o PDRAE trouxe


algumas hipóteses em que os contratos de gestão são celebrados. Quando
tratamos das atividades exclusivas do Estado, isto é, o exercício do poder
extroverso, como poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar, o contrato

22
André, 1999.
23
Ibid.

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de gestão deve ser celebrado com autarquias e fundações, transformando-
as em agências executivas. Trataremos desse tema com detalhes
adiante.

Outra hipótese é a celebração com as empresas estatais que não


puderem ser privatizadas. Essa hipótese está prevista também no artigo
47 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece que a empresa
controlada que firmar contrato de gestão em que se estabeleçam
objetivos e metas de desempenho, na forma da lei, disporá de
autonomia gerencial, orçamentária e financeira. Uma empresa estatal
controlada é aquela em que maioria do capital social com direito a voto
pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação24.

Por fim, quando se tratar das atividades não exclusivas, isto é, as


atividades que não envolvem o poder extroverso do Estado, mas que têm
caráter relevante que justifique uma intervenção, poderá ocorrer a
celebração dos contratos de gestão com as organizações sociais (OS),
conforme estabelece a Lei 9.637/1998.

Essa transferência de atividades não exclusivas, que antes eram


prestadas diretamente pelo Estado e agora serão prestadas por entidades
públicas não estatais, é chamada de Programa de Publicização. A
publicização se refere à descentralização para o setor público não
estatal da execução de serviços que não envolvem o exercício do
poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado, como é o
caso dos serviços de educação, saúde, cultura e pesquisa científica.

Trataremos, a seguir, da hipótese de celebração com as autarquias e


com as organizações sociais.

Organizações Sociais (OS)

De acordo com o artigo 5º da Lei 9.637/1998, entende-se por


contrato de gestão o instrumento firmado entre o Poder Público e a
entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de
parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas
às áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento
tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e
saúde.

24
Lei Complementar 101/2000 (LRF), Art. 2º, inciso II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital
social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;

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As organizações sociais (OS) são conhecidas como entidades
públicas não estatais. São públicas porque prestam serviços públicos e
administram patrimônio público e não estatais porque não integram nem a
Administração direta nem a indireta.

Assim, as organizações sociais são entidades de direito privado que,


por iniciativa do Poder Executivo, obtêm autorização legislativa para
celebrar contrato de gestão com esse poder, e assim ter direito à dotação
orçamentária. Ou seja, as organizações sociais pactuam determinadas
metas de resultados e, em troca, receberão recursos e prestarão serviços
à sociedade, podendo, ainda, obter outros ingressos de recursos através
da prestação de serviços, doações, legados, financiamentos, etc.

De acordo com o PDRAE,


O Projeto das Organizações Sociais tem como objetivo permitir a
descentralização de atividades no setor de prestação de serviços não
exclusivos, nos quais não existe o exercício do poder de Estado, a partir
do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se,
mantendo o financiamento do Estado, forem realizados pelo setor público
não-estatal. (grifos nossos)

As entidades que obtenham a qualidade de organizações sociais


gozarão de maior autonomia administrativa, e, em compensação, seus
dirigentes terão maior responsabilidade pelo seu destino. Por outro
lado, busca-se através das organizações sociais uma maior participação
social, na medida em que elas são objeto de um controle direto da
sociedade através de seus conselhos de administração recrutado no nível
da comunidade à qual a organização serve. Adicionalmente, busca-se uma
maior parceria com a sociedade, que deverá financiar uma parte menor,
mas significativa dos custos dos serviços prestados.

Nesse contexto, a Lei 9.637/1998, que dispõe, entre outros assuntos,


sobre a qualificação de entidades como organizações sociais e a criação do
Programa Nacional de Publicização, estabelece em seu artigo 1º que o
Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura
e à saúde.

Percebam que as atividades previstas na Lei são muito importantes


para a coletividade. Entretanto, este tipo de serviço nem sempre é lucrativo

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para a iniciativa privada, ainda mais porque seus benefícios podem atingir
indistintamente diversas pessoas, que acabam usufruindo de seus
benefícios sem pagar por eles. Por exemplo, uma entidade que atua na
preservação do meio ambiente trará benefícios para toda a sociedade,
porém não há como cobrar esse tipo de serviço de uma ou outra pessoa.
Dessa forma, o Estado deve atuar indiretamente, transferindo recursos
para que essa entidade atue no interesse da sociedade.

Nesse contexto, as entidades qualificadas como organizações sociais


são declaradas como entidades de interesse social e utilidade pública,
para todos os efeitos legais. A Lei das OS estabelece, ainda, que poderão
ser destinados às organizações sociais recursos orçamentários e bens
públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

É importante destacar, também, que o artigo 24 da Lei 8.666/1993


(Lei de Licitações e Contratos) estabelece como hipótese de dispensa de
licitação a celebração de contratos de prestação de serviços com as
organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas
esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
gestão.

Podemos encontrar vários exemplos de organizações sociais,


principalmente nos estados. Algumas casas de caridade responsáveis pela
prestação de serviços de saúde são exemplos desse tipo de entidade.

Embora os serviços prestados tenham grande importância para a


população, este modelo tem recebido diversas críticas. Primeiro porque
dificulta em muito a responsabilização por eventuais prejuízos ao erário,
pois envolvem diversos atores em sua gestão. Em segundo lugar, porque
essas entidades geram e administram recursos públicos, muitas das vezes
sem apresentar qualquer contrapartida. Assim, são simplesmente utilizadas
para fugir ao regime jurídico administrativo imposto à Administração
Pública, realizando contratações de pessoal sem concurso público e
adquirindo serviços e materiais sem licitação.

As OS foram instituídas com o objetivo de aumentar a eficiência,


transparência, existência de controle de qualidade e produtividade, com
ênfase nos resultados, por meio da análise de indicadores de desempenho.
Contudo, até hoje não há comprovação clara de que as OS alcançaram seus
objetivos, ou seja, ainda não existem elementos que comprovem que as

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entidades estão oferecendo serviços com mais eficiência e qualidade,
injustificando a sua existência.

Há justificativas de ambos os lados e a discussão é muito ampla.


Algumas pessoas justificam a utilização do contrato de gestão com as
organizações sociais dizendo que realmente existe aumento de eficiência.
Outras dizem que isso não está comprovado. Porém, o fato é que as OS
estão sendo utilizadas amplamente pelo Poder Público e representam uma
tendência cada vez mais presente.

Agências Executivas

Para quem não está muito familiarizado com a organização e estrutura


do Estado, devemos destacar que a Administração Pública é composta pela
Administração direta, que envolve os órgãos dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, os ministérios (ou secretarias nos estados e
municípios), o Ministério Público e o Tribunal de Contas; e pela
Administração indireta, abrangendo as autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista.

Não nos cabe, neste estudo, detalhar cada uma dessas entidades,
apenas devemos destacar que as autarquias e fundações públicas (quando
de direito público25) representam um prolongamento da Administração
direta, uma vez que podem desempenhar atividades exclusivas de Estado.

As fundações públicas, a depender da forma de criação, podem ser de


direito público ou de direito privado. Na primeira hipótese, são conhecidas
como fundações autárquicas, pois muito se confundem com as autarquias.
Daqui em diante, para fins didáticos, vamos nos referir unicamente às
autarquias, incluindo aqui as fundações públicas de direito público.

O Decreto-Lei 200/1967 (DL 200/67) define autarquia como o serviço


autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios para executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada.

A proposta do DL 200/67 era criar uma entidade que desempenhasse


atividades típicas de Estado, mas com maior autonomia que a
administração direta. Entretanto, a Constituição Federal de 1988 estendeu

25
Atualmente, existem no Brasil dois tipos de fundações públicas: (1) de direito público; (2) de direito privado.

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as mesmas regras da Administração direta para a Administração indireta,
engessando as atividades das autarquias.

Com isso, o PDRAE, ao dispor sobre a Reforma Gerencial, estabeleceu


como objetivo para o setor das atividades exclusivas: transformar as
autarquias e fundações que possuem poder de Estado em agências
autônomas, administradas segundo um contrato de gestão.

Percebam que o termo utilizado pelo PDRAE foi agências autônomas.


Todavia, a Lei 9.649/1998 preferiu utilizar o termo agências executivas,
estabelecendo algumas exigências para que a autarquia ou fundação
receba tal qualificação, vejamos:
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a
autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:

I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento


institucional em andamento;

II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério


supervisor.

§ 1º A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente


da República.

§ 2º O Poder Executivo editará medidas de organização administrativa


específicas para as Agências Executivas, visando assegurar a sua
autonomia de gestão, bem como a disponibilidade de recursos
orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos e
metas definidos nos Contratos de Gestão.

Art. 52. Os planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento


institucional definirão diretrizes, políticas e medidas voltadas para a
racionalização de estruturas e do quadro de servidores, a revisão dos
processos de trabalho, o desenvolvimento dos recursos humanos e o
fortalecimento da identidade institucional da Agência Executiva.

§ 1º Os Contratos de Gestão das Agências Executivas serão


celebrados com periodicidade mínima de um ano e estabelecerão os
objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da
entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e
instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.

§ 2º O Poder Executivo definirá os critérios e procedimentos para a


elaboração e o acompanhamento dos Contratos de Gestão e dos programas
estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento institucional das
Agências Executivas. (grifos nossos)

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Assim, a autarquia ou fundação que quiser ser qualificada como
agência executiva deverá, cumulativamente: (1) ter um plano estratégico
de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento e (2)
ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.

Dessa forma, para Maria Sylvia Zanella Di Pietro26,


[...] agência executiva é a qualificação dada à autarquia ou fundação
que tenha celebrado contrato de gestão com o órgão da
Administração Direta a que se acha vinculada, para melhoria da
eficiência e redução de custos. Em regra, não se trata de entidade
instituída com a denominação de agência executiva. Trata-se de entidade
preexistente (autarquia ou fundação governamental) que, uma vez
preenchidos os requisitos legais, recebe a qualificação de agência executiva,
podendo perdê-la, se deixar de atender aos requisitos. (grifos nossos)

Percebam que, conforme ensina a professora, a agência executiva é


apenas uma qualificação especial dada à autarquia ou fundação que
celebra o contrato de gestão com o respectivo órgão supervisor, não se
trata, portanto, de uma nova entidade da Administração indireta.

Para finalizar o assunto, devemos destacar que, para fins de concurso


público, o contrato de gestão pode ter dois efeitos distintos:

 quando celebrado com órgãos ou entidades públicas (autarquias,


fundações, empresas estatais), aumenta a sua autonomia;

 quando celebrado com organizações sociais, diminui a sua


autonomia.

Isso parece meio controverso, até porque o próprio PDRAE menciona


que o contrato de gestão aumenta a autonomia e a responsabilidade dos
dirigentes das OS. Contudo, alguns autores respeitados, como Maria Di
Pietro, defendem essa tese, alegando que os órgãos e entidades públicos
aumentam a autonomia, pois estarão sujeitos a menos controles e terão
mais liberdade, como, por exemplo, uma margem de dispensa de licitação
maior. Já as organizações sociais diminuem a autonomia, uma vez que,
após celebrar o contrato de gestão, perdem um pouco da liberdade que
tinham como entidade privada, devendo se ater aos termos pactuados e
passando a se sujeitar à supervisão do Poder Público.

26
Di Pietro, 2006, apud Barchet, 2008, p. 132.

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Caindo uma questão desse tipo, optem pela tese de Di Pietro, uma vez
que já foi aceita em concurso público27.

Termo de Parceria e as OSCIPs

Enquanto o contrato de gestão é celebrado com as organizações


sociais, o termo de parceria é o instrumento passível de ser firmado entre
o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) destinado à formação de
vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução
das atividades de interesse público previstas na Lei (Art. 9º da Lei
9.790/1999). Assim, o termo de parceria também é um instrumento de
contratualização de resultados, estabelecendo objetivos, metas e prazos,
critérios de avaliação, previsões de receitas e despesas e obrigações das
OSCIP28.

Dessa forma, Maria Sylvia Di Pietro conceitua as OSCIP da seguinte


forma:
Trata-se de qualificação jurídica dada a pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares,
para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado com
incentivo e fiscalização do Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído
por meio de termo de parceria. (grifos nossos)

Assim, é possível perceber que os regimes estabelecidos pela Lei


9.637/1998 (OS) e pela Lei 9.790/1999 são muito semelhantes. Nos dois
casos, as leis estabelecem uma modalidade de qualificação jurídica a ser
atribuída a pessoas de direito privado em razão das atividades que venham
a desenvolver em parceria com o Poder Público29. Não se trata, portanto,
de uma nova categoria de pessoa jurídica, mas de uma possibilidade de
qualificação especial mediante contratualização de resultados em troca de
alguns benefícios estabelecidos em lei.

Segundo a Lei 9.790/1999, podem qualificar-se como OSCIP as


pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que
os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos na Lei.

27
ESAF/Analista Tributário/Receita Federal/2010.
28
Paludo, 2013, p. 39.
29
Alexandrino e Paulo, 2011, p.148-149.

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Para receber a qualificação, as OSCIP deverão atuar em uma das
seguintes áreas (Art. 3º, Lei 9.790/1999):

a. promoção da assistência social;

b. promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico


e artístico;

c. promoção gratuita da educação, observando-se a forma


complementar de participação das organizações de que trata esta
Lei;

d. promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar


de participação das organizações de que trata esta Lei;

e. promoção da segurança alimentar e nutricional;

f. defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção


do desenvolvimento sustentável;

g. promoção do voluntariado;

h. promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à


pobreza;

i. experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos


e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e
crédito;

j. promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e


assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;

k. promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da


democracia e de outros valores universais;

l. estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas,


produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste
artigo.

Por outro lado, a Lei apresenta um rol de pessoas jurídicas que não
podem ser qualificadas como OSCIP, mesmo que desempenhem alguma
das atividades mencionadas acima (Art. 2º, Lei 9.790/1999):

a. as sociedades comerciais;

b. os sindicatos, as associações de classe ou de representação de


categoria profissional;

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c. as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de
credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;

d. as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas


fundações;

e. as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens


ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;

f. as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e


assemelhados;

g. as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas


mantenedoras;

h. as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas


mantenedoras;

i. as organizações sociais;

j. as cooperativas;

k. as fundações públicas;

l. as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado


criadas por órgão público ou por fundações públicas;

m. as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de


vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art.
192 da Constituição Federal.

Percebam, assim, que não é possível, por exemplo, qualificar uma OS


como OSCIP. Dessa forma, nenhuma entidade pode ser qualificada
concomitantemente como OS e OSCIP.

As bancas de concurso público costumam explorar as diferenças entre


as OS e as OSCIP. Basicamente, enquanto as OS recebem delegação para
prestar serviços públicos, as OSCIP exercem atividade privada com a ajuda
do Estado30, abrangendo os setores de saúde, educação, cultura e meio
ambiente (o artigo 3º da Lei 9.790/1999 apresenta um longo rol de áreas
de atuação das OSCIP). Outra característica marcante é que as OS pactuam
os resultados por meio do contrato de gestão e as OSCIP utilizam o
termo de parceira.

30
Di Pietro, 2010, apud Paludo, 2013, p. 39.

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Ademais, as OS recebem a qualificação de forma discricionária do
Ministro de Estado do setor correspondente de atuação e as OSCIP
serão sempre qualificadas pelo Ministro da Justiça, devendo conceder o
“certificado de qualificação” de forma vinculada, isto é, uma vez
preenchidos os requisitos, o Ministro da Justiça deve qualificar a entidade
como OSCIP.

O quadro abaixo resume as principais características e diferenças entre


as OS e OSCIP:

OS Lei 9.637/1998 OSCIP Lei 9.790/1999


Pessoa privada, não integrante da administração pública (entidades paraestatais).
Atuação em áreas de interesse social, especificadas na lei respectiva.
Vedada finalidade de lucro.
Foram idealizadas para substituir órgãos e Não foram idealizadas para substituir
entidades da administração pública, que órgãos ou entidades da administração.
seriam extintos e teriam suas atividades
O“
Formaliza a parceria com o poder público Formaliza a parceria com o poder público
mediante contrato de gestão, condição mediante termo de parceria, condição
indispensável para a entidade fazer jus ao indispensável para a entidade fazer jus ao
fomento a suas atividades. fomento a suas atividades.
Qualificação é ato discricionário. Qualificação é ato vinculado.
Qualificação depende de aprovação pelo Qualificação concedida pelo Ministério da
Ministro de Estado ou titular de órgão Justiça.
supervisor ou regulador da área de
atividade correspondente ao objeto social
da OS.
Uma entidade não pode ser qualificada concomitantemente como OS e OSCIP.
A lei exige que a OS possua um conselho de A lei exige que a OSCIP tenha um conselho
administração, do qual participem fiscal; não exige que a OSCIP tenha um
representantes do poder público. Não exige conselho de administração. Não há
que a OS tenha conselho fiscal. exigência de que existam representantes
do poder público em algum órgão da
entidade.
É hipótese de licitação dispensável a Não existe hipótese legal específica de
contratação de OS pelo poder público, para licitação dispensável para a contratação de
a OS prestar ao poder público serviços OSCIP pelo poder público.
contemplados no contrato de gestão.
Quando a OS/OSCIP for contratante, e o contrato, relativo a obras, compras, serviços e
alienações envolver recursos repassados a ela pela União, deverá ser realizada, pela
OS/OSCIP, licitação formal. Caso se trate de aquisição de bens e serviços comuns, será
obrigatória a modalidade pregão.

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O Poder Executivo poderá proceder à A entidade perderá a qualificação como
desqualificação da entidade como OSCIP quando descumprir as normas
organização social, quando constatado o estabelecidas na lei, mediante decisão em
descumprimento das disposições contidas processo administrativo ou judicial, de
no contrato de gestão. Necessário iniciativa popular ou do Ministério Público.
processo administrativo, assegurado o
contraditório e a ampla defesa.
Adaptado de Alexandrino e Paulo, 2011, p. 155.

Agências reguladoras

As agências reguladoras são autarquias sob regime especial,


integrantes da Administração indireta, criadas por lei, dotadas de
autonomia financeira e orçamentária, organizadas em colegiado cujos
membros detém mandato fixo, com a finalidade de regular e fiscalizar as
atividades de prestação de serviços públicos. Não estão subordinadas a
nenhum outro órgão público, sofrendo apenas a supervisão ministerial
da área em que atuam.

Ressalta-se que, apesar da maior autonomia, as agências reguladoras


têm seus atos sujeitos ao controle do Poder Judiciário e devem prestar
contas aos respectivos tribunais de contas.

Elas surgiram a partir de um momento em que o Estado entende que


é mais eficiente deixar o modelo intervencionista, deixando a prestação dos
serviços públicos para a iniciativa privada e se encarregando da atividade
regulatória.

Como exemplos de agências reguladoras podemos citar: ANEEL


(Agência Nacional de Energia Elétrica), ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações), ANP (Agência Nacional do Petróleo), Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar), ANA (Agência Nacional da Águas), etc.

Vamos resolver mais questões!

21. (Cespe – Técnico Ministerial/MPE-PI/2011) As agências executivas não


constituem uma nova entidade, pois, na verdade, elas não passam de autarquias
e(ou) fundações públicas que foram qualificadas como tal.

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Comentário: segundo Maria Di Pietro31,
[...] agência executiva é a qualificação dada à autarquia ou
fundação que tenha celebrado contrato de gestão com o órgão da
Administração Direta a que se acha vinculada, para melhoria da
eficiência e redução de custos. Em regra, não se trata de entidade
instituída com a denominação de agência executiva. Trata-se de entidade
preexistente (autarquia ou fundação governamental) que, uma vez
preenchidos os requisitos legais, recebe a qualificação de agência
executiva, podendo perde-la, se deixar de atender aos requisitos. (grifos
nossos)

Assim, as agências executivas não constituem nova entidade, mas tão


somente uma qualificação concedida às autarquias e fundações.
Gabarito: correto.

22. (Cespe – Técnico Administrativo/ANAC/2012) A autarquia é o serviço


autônomo criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
para executar atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
Comentário: segundo o DL 200/67:
Art. 5º [...]
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade
jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada. (grifos nossos)

Percebam que a questão é cópia idêntica do texto do Decreto-Lei.

Gabarito: correto.

23. (Cespe – ATI/Administração/2010) A administração federal organiza-se em


administração direta, indireta e agências reguladoras vinculadas a ministérios.
Comentário: a administração federal divide-se em administração direta e
indireta. Esta última é composta pelas autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista.
As agências reguladoras são autarquias sob regime especial, integrantes da
Administração indireta, criadas por lei, dotadas de autonomia financeira e
orçamentária, organizadas em colegiado cujos membros detém mandato fixo,
com a finalidade de regular e fiscalizar as atividades de prestação de serviços

31
Di Pietro, 2006, apud Barchet, 2008, p. 132.

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públicos. Não estão subordinadas a nenhum outro órgão público, sofrendo
apenas a supervisão ministerial da área em que atuam.
Ressalta-se que, apesar da maior autonomia, as agências reguladoras têm
seus atos sujeitos ao controle do Poder Judiciário e devem prestar contas
aos respectivos tribunais de contas. Elas surgiram a partir de um momento
em que o Estado entende que é mais eficiente deixar o modelo
intervencionista, deixando a prestação dos serviços públicos para a iniciativa
privada e se encarregando da atividade regulatória.
Gabarito: errado.

24. (Cespe – ACI/Nível Superior/MC/2013) Nas suas relações jurídicas com


particulares, a administração pública pode celebrar o termo de parceria, que é o
instrumento firmado entre o poder público e as entidades qualificadas como
organizações da sociedade civil de interesse público destinado à formação de
vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades
de interesse público.
Comentário: o termo de parceria é o instrumento passível de ser firmado entre
o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público (OSCIP) destinado à formação de vínculo de
cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de
interesse público previstas na Lei (Art. 9º da Lei 9.790/1999). O item está
perfeito.
Gabarito: correto.
25. (Cespe – Analista Administrativo/ANAC/2012) Mediante contrato de
gestão estabelecido entre o Estado e os órgãos estatais, são criados controles
normativos burocráticos cujo foco é o acompanhamento das atividades
desenvolvidas pelo órgão estatal.
Comentário: o contrato de gestão pode ser entre o Estado e órgãos da
Administração direta; ou entre o Estado e entidades da Administração
indireta; ou, ainda, entre o Estado e associações de direito privado, sem fins
lucrativos, que poderão ser credenciadas como organizações sociais (OS).
Na verdade, os contratos de gestão são instrumentos de contratualização de
resultados, não de controles normativos burocráticos.
Gabarito: errado.

26. (Cespe – Técnico Administrativo/ANAC/2012) A ANAC, uma agência


reguladora, recebe essa qualificação por força de contrato de gestão celebrado com

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órgão da administração a que se subordina, para melhoria da eficiência e redução
de custos.
Comentário: a ANAC, assim como todas as agências reguladoras, são
autarquias sob regime especial criadas por lei. As competências e o regime
especial das agências reguladoras decorrem da lei que as instituiu. Vejamos
um exemplo: a Lei nº 11.182/2005 criou a ANAC, estabelecendo, em seu artigo
1º, o seguinte:
Art. 1o Fica criada a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, entidade
integrante da Administração Pública Federal indireta, submetida a regime
autárquico especial, vinculada ao Ministério da Defesa, com prazo de
duração indeterminado. (grifos nossos)

Além disso, todas as entidades da Administração indireta não se subordinam


a nenhum órgão da Administração direta. A relação entre as administrações
direta e indireta é apenas de vinculação, tutela ou supervisão ministerial.
Dessa forma, as agências reguladoras estão apenas vinculadas ao ministério
do setor correspondente.
Gabarito: errado.

Em relação às OSs, às OSCIPs e aos serviços sociais autônomos, assinale a opção


correta.
27. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) As organizações creditícias que tenham
vinculação com o sistema financeiro nacional podem receber a qualificação de
OSCIP.
Comentário: o artigo 2º da Lei 9.790/1999 estabelece as entidades que não
podem se qualificar como OSCIP, entre elas estão “as organizações
creditícias que tenham quaisquer tipos de vinculação com o sistema
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal”.
Gabarito: errado.

28. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) O poder público deverá outorgar o título


de OSCIP às entidades que preencherem os requisitos exigidos pela legislação de
regência para o recebimento da qualificação, em decisão de natureza vinculada.
Comentário: uma vez preenchidos os requisitos legais, a qualificação da
entidade como OSCIP ocorre de forma vinculado, por meio de portaria do
Ministério da Justiça. Ou seja, se a entidade atender aos requisitos previstos
na lei, o Ministro da Justiça deve lhe conceder o título de OSCIP.

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Gabarito: correto.

29. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) A contratação de pessoal no âmbito dos


serviços sociais autônomos deve ser feita mediante a realização de concurso
público.
Comentário: como entidades paraestatais, não integrantes do Poder Público,
as organizações sociais estão dispensadas de realizar concurso público,
bastando, para tanto, a realização de simples processo seletivo.
Gabarito: errado.

30. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) A OS, embora receba delegação do


poder público para desempenhar serviço público de natureza social, mediante
contrato de gestão, não pode receber destinação de recursos orçamentários do
poder público nem bens necessários ao cumprimento do contrato de gestão.
Comentário: Maria Di Pietro32 menciona que a principal diferença entre as OS
e as OSCIPs é que as primeiras recebem “delegação para a gestão de serviço
público”, enquanto as OSCIPs exercem atividade de natureza privada, com a
ajuda do Estado. Na verdade, o termo delegação não utilizado no sentido de
delegação de serviços públicos (concessão, permissão ou autorização), mas
como uma forma de transferir os serviços antes prestados pelo Estado para
uma organização social.
O erro mais marcante da questão é que, nos termos do Art. 12 da Lei das OS,
às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e
bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.
Gabarito: errado.

Conselhos gestores

Vamos começar pela definição de conselhos gestores proposta por


Raquel Raichelis33:
Os conselhos, nos moldes definidos pela Constituição Federal de 1998, são
espaços públicos com força legal para atuar nas políticas públicas,
na definição de suas prioridades, de seus conteúdos e recursos
orçamentários, de segmentos sociais a serem atendidos na
avaliação dos resultados. A composição plural e heterogênea, com
representação da sociedade civil e do governo em diferentes formatos,

32
Di Pietro, 2013, p. 573.
33
Raichelis, 2006, p. 11.

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caracteriza os conselhos como instâncias de negociação de conflitos
entre diferentes grupos e interesses, portanto, como campo de disputas
políticas, de conceitos e processos, de significados e resultados políticos.

Assim, os conselhos são espaços de debate com participação da


sociedade para deliberar sobre políticas públicas. Normalmente, estão
vinculados ao órgão do Poder Executivo da área a que se refere. Por
exemplo, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) integra a estrutura
regimental do Ministério da Saúde.

A composição dos conselhos é paritária, ou seja, deve ocorrer o


equilíbrio entre os representantes. Eles podem ser bipartites, com
representantes do Estado e da sociedade, ou tripartites, com
representantes da sociedade e de outros dois segmentos (Estado,
empregadores, prestadores de serviços, trabalhadores etc.).

Deliberar, por sua vez, refere-se a tomar uma decisão após um


processo de discussão. É isso que os conselhos fazem (ou deveriam
fazer). Os grupos que o compõem discutem determinado tema e
apresentam uma decisão. Contudo, os conselhos não dispõem de
mecanismos que obriguem o Executivo a acatar suas decisões,
fazendo com que, na verdade, suas decisões tenham um caráter mais
opinativo do que deliberativo.

Além disso, a maioria dos conselhos, em particular os municipais, só


surgiu porque o repasse de recursos federais para áreas de educação,
saúde, assistência social, entre outras, condicionou-se à implementação
dos conselhos gestores. Por exemplo, o artigo 4º, inciso II, da Lei
8.142/1990, vinculou o repasse de recursos para cobertura das ações e
serviços de saúde à criação dos conselhos de saúde.

Com isso, muitas vezes os conselhos são verdadeiros “faz de contas”,


pois não cumprem a missão de espaço para participação popular. São
criados para atender aos requisitos de repasse de recursos, sendo
preenchidos por pessoas que não representam a sociedade. Nesse
contexto, vejamos os ensinamentos de Maria da Glória Gohn:
Apesar da legislação incluir os conselhos como parte do processo de gestão
descentralizada e participativa, e constituí-los como novos atores
deliberativos e paritários, vários pareceres oficiais têm assinalado e
reafirmado o caráter apenas consultivo dos conselhos, restringindo suas
ações ao campo da opinião, da consulta e do aconselhamento, sem
poder de decisão ou deliberação. A lei vinculou-os ao Poder Executivo

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do Município, como órgãos auxiliares da gestão pública. É preciso, portanto,
que se reafirme em todas as instâncias, seu caráter essencialmente
deliberativo, já que a opinião apenas não basta. Nos municípios sem tradição
organizativa-associativa, os conselhos têm sido apenas uma realidade
jurídico-formal, e muitas vezes um instrumento a mais nas mãos dos
prefeitos e das elites, falando em nome da comunidade, como seus
representantes oficiais, e não atendendo minimamente aos objetivos
de controle e fiscalização dos negócios públicos. (grifos nossos)

Apesar das críticas, não podemos negar a importância dos conselhos


gestores como forma de participação da sociedade na discussão e avaliação
de políticas públicas. Os conselhos, apesar de não disporem de mecanismos
diretos de coação, têm competência fiscalizatória, podendo requisitar
documentos e processos e, uma vez diagnosticadas as irregularidades,
podem propor denúncias aos órgãos institucionais, como os tribunais de
contas e o Ministério Público.

Para exemplificar a composição, vinculação e competências dos


conselhos, vejamos os três primeiros artigos do Decreto Federal
5.839/2006, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o processo
eleitoral do Conselho Nacional de Saúde:
Art. 1º O Conselho Nacional de Saúde - CNS, órgão colegiado de caráter
permanente e deliberativo, integrante da estrutura regimental do Ministério
da Saúde, é composto por representantes do governo, dos prestadores de
serviço, profissionais de saúde e usuários, cujas decisões, consubstanciadas
em resoluções, são homologadas pelo Ministro de Estado da Saúde.

Art. 2º Ao CNS compete:

I - atuar na formulação de estratégias e no controle da execução da Política


Nacional de Saúde, na esfera do Governo Federal, inclusive nos aspectos
econômicos e financeiros;

II - estabelecer diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de


saúde, em função das características epidemiológicas e da organização dos
serviços;

III - elaborar cronograma de transferência de recursos financeiros aos


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, consignados ao Sistema Único
de Saúde - SUS;

IV - aprovar os critérios e os valores para remuneração de serviços e os


parâmetros de cobertura de assistência;

[...]

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Art. 3º O CNS é composto por quarenta e oito membros titulares, sendo:

I - cinqüenta por cento de representantes de entidades e dos movimentos


sociais de usuários do SUS; e

II - cinqüenta por cento de representantes de entidades de profissionais de


saúde, incluída a comunidade científica da área de saúde, de representantes
do governo, de entidades de prestadores de serviços de saúde [...].

Para finalizar, é importante citarmos um pequeno trecho apresentado


por Maria da Glória Gohn34:
Os conselhos gestores apresentam muitas novidades na atualidade. Eles são
importantes porque são fruto de demandas populares e de pressões da
sociedade civil pela redemocratização do país. Os conselhos estão inscritos
na Constituição de 1988 na qualidade de instrumentos de expressão,
representação e participação da população. As novas estruturas
inserem-se, portanto, na esfera pública e, por força de lei, integram-
se com os órgãos públicos vinculados ao poder executivo, voltados
para políticas públicas específicas; sendo responsáveis pela assessoria
e suporte ao funcionamento das áreas onde atuam. Eles são
compostos por representantes do poder público e da sociedade civil
organizada e integram-se aos órgãos públicos vinculados ao
Executivo.

Deste trecho, é importante destacar que os conselhos gestores


integram-se aos órgãos públicos vinculados ao Poder Executivo. Além
disso, os conselhos são responsáveis pela assessoria e pelo suporte ao
funcionamento das áreas onde atuam. Contudo, o Cespe já apresentou
entendimento de que os conselhos gestores atuam tanto como instâncias
de suporte como de deliberação. Segundo a banca, essas atribuições
variam de setor para setor de políticas.

Finalizando os ensinamentos da professora, devemos saber que os


conselhos gestores são diferentes dos conselhos comunitários, populares
ou dos fóruns civis não governamentais, uma vez que estes últimos são
compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil,
cujo poder reside na força da mobilização e da pressão, não
possuindo assento institucional junto ao poder público. Além disso,
os conselhos gestores são diferentes também dos conselhos de
“notáveis”, pois, estes últimos, que já existiam nas esferas públicas no
passado, eram compostos exclusivamente por especialistas.

34
Gohn, 2000.

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 IMPORTANTE:

o conselhos gestores: composição paritária; integram-se


com os órgãos públicos vinculados ao poder executivo; são
responsáveis pela assessoria e suporte (ou deliberação em
alguns casos) ao funcionamento das áreas onde atuam;

o conselhos comunitários: compostos exclusivamente de


representantes da sociedade civil; não possuem assento
institucional junto aos órgãos públicos;

o conselhos de “notáveis”: compostos exclusivamente


por especialistas.

Vamos ver como esses assuntos já foram cobrados em concursos?!

Os conselhos gestores representam uma inovação institucional na democracia


brasileira, cujo impacto ainda é pouco estudado. Julgue os itens a seguir com
relação a este tema.
31. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores são semelhantes aos
conselhos de notáveis que já existiam nas esferas públicas no passado, compostos
exclusivamente por especialistas. A única diferença é que os conselhos gestores
integram-se aos órgãos públicos vinculados ao Poder Executivo.
Comentário: a diferença fundamental entre os conselhos gestores e os
conselhos de notáveis é que os primeiros têm composição paritária – bipartite
ou tripartite (sociedade, Estado, empregadores, etc.) – enquanto os conselhos
notáveis são compostos exclusivamente por especialistas.
Gabarito: errado.

32. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Embora os conselhos não estejam inscritos na


CF, foram incorporados aos processos decisórios naquelas áreas onde
efetivamente constituem instrumentos de expressão, representação e participação
da população.
Comentário: de acordo com Maria da Glória Gohn os conselhos estão
inscritos na Constituição de 1988 na qualidade de instrumentos de expressão,
representação e participação da população.

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Gabarito: errado.

33. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores inserem-se na esfera


pública por força de lei, integrando-se com os órgãos públicos vinculados ao Poder
Executivo, sendo responsáveis pela assessoria e suporte ao funcionamento das
áreas em que atuam.
Comentário: seguindo apenas o texto de Maria Gohn, o item estaria correto.
Contudo, o Cespe optou pela anulação, apresentando a seguinte justificativa:
Os Conselhos Gestores atuam tanto como instâncias de suporte como de
deliberação. Essas atribuições variam de setor para setor de políticas.

Assim, há casos em que os conselhos gestores seriam órgãos de assessoria


e suporte e, em outros, eles seriam órgãos deliberativos.
Gabarito: anulado.

34. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores são exemplos de


democracia direta porque resultam de demandas populares e de pressões da
sociedade civil pela redemocratização do país.
Comentário: no Brasil, vigora a democracia semidireta ou participativa, pois
há a combinação entre instrumentos de democracia direta e indireta. Nesse
contexto, os conselhos gestores são instrumentos de democracia
participativa, permitindo que a sociedade atue diretamente na gestão das
políticas públicas.
Gabarito: errado.

35. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores são diferentes dos


conselhos comunitários, populares ou dos fóruns civis não governamentais porque
esses últimos são compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil,
cujo poder reside na força da mobilização e da pressão, não possuindo assento
institucional junto ao poder público.
Comentário: conforme definição apresentada por Raquel Raichelis, os
conselhos gestores, nos moldes definidos pela Constituição Federal de 1998,
são espaços públicos com força legal para atuar nas políticas públicas, na
definição de suas prioridades, de seus conteúdos e recursos orçamentários,
de segmentos sociais a serem atendidos na avaliação dos resultados.
Gabarito: correto.

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Julgue o item abaixo relativo à democracia brasileira, particularmente no período
de 1988 até os dias atuais.
36. (Cespe – Analista Legislativo/AL-CE/2011) Apesar de a legislação
brasileira não prever instrumentos de participação popular direta, a democracia
participativa efetivou-se no país mediante a criação de mecanismos como os
conselhos gestores de políticas públicas.
Comentário: de acordo com a CF/88, todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da
Constituição (art. 1º, parágrafo único). O artigo 14, por sua vez, apresenta as
formas em que o povo exercerá diretamente a sua soberania:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e
pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos
da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular. (grifos nossos)

Dessa forma, a democracia brasileira é considerada semidireta ou


participativa, uma vez que a legislação apresenta formas de participação
popular indireta (por meio de representantes) ou direta.
Gabarito: errado.

Orçamento participativo

O orçamento participativo (OP) é uma técnica orçamentária que


fomenta a participação direta da população no processo de escolha
sobre a alocação de parcela dos recursos do orçamento público. A
primeira experiência do OP surgiu no município de Porto Alegre-RS35 em
1989 e em Santo André-SP36, também em 1989.

Antes de tudo, é importante destacar que o orçamento público é


consolidado em uma lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo
(prefeitos, governadores, presidente). Isso quer dizer que somente o
presidente, por exemplo, pode encaminhar a proposta de lei orçamentária
da União ao Congresso Nacional. Contudo, a experiência do orçamento
participativo faz com que o poder público passe parte de sua competência
de decidir a destinação dos recursos para a população.

35 Avritzer, 2003.
36 Paludo, 2013.

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Nesse sentido, Leonardo Avritzer37 define o OP como uma forma de
rebalancear a articulação entre a democracia representativa e a
democracia participativa baseada em quatro elementos:

1. a cessão da soberania por aqueles que a detêm enquanto


resultado de um processo representativo a nível local. Essa
soberania é cedida a um conjunto de assembleias regionais e
temáticas que operam a partir de critérios de universalidade
participativa, tornando todos os cidadãos como membros com igual
poder de deliberação;

2. o OP implica na reintrodução de elementos de participação a


nível local, tais como assembleias regionais, e de elementos de
delegação, tais como os conselhos, a nível municipal,
representando, portanto, uma combinação de métodos da
tradição de democracia participativa;

3. o OP baseia-se no princípio da autorregulação, ou seja, os


próprios participantes definem o conjunto de regras sobre as
deliberações;

4. o OP se caracteriza por uma tentativa de reversão de prioridades de


distribuição de recursos públicos a nível local através de uma
fórmula técnica, que varia de cidade para cidade, de determinação
de prioridades orçamentárias que privilegia os setores mais
carentes da população.

A primeira característica representa a cessão da soberania do governo


de fazer a proposta de orçamento. Trata-se de uma troca de soberania por
legitimidade. Ou seja, o governo passa parte de sua competência, mas faz
o orçamento ser mais aceito pela população.

A segunda característica diz respeito à realização de assembleias


regionais e à delegação de competências aos conselhos locais. Enquanto
que nas assembleias cada cidadão participa ativamente da deliberação, em

37 Ibid.

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um segundo momento, a nível municipal, eles são representados por seus
conselhos locais.

Como terceira característica, o autor destacou que os próprios


participantes definem as regras que irão regular as deliberações.

Por fim, a quarta característica demonstra o caráter social do


orçamento participativo, que pode ser utilizado como importante
instrumento de para reduzir desigualdades e atender aos anseios dos mais
necessitados.

Assim, o OP é uma forma de complementar a democracia


representativa ao estimular o exercício da cidadania através da participação
direta da sociedade na escolha sobre a alocação dos recursos públicos. Com
efeito, a o governo divide com a sociedade a responsabilidade de gerir os
recursos públicos, fazendo com que a população compreenda melhor os
problemas de sua região e entendam, por exemplo, que é mais importante
reformar o posto de saúde do que fazer o calçamento de uma via.

Contudo, alguns pontos merecem destaque. Primeiro que não há


obrigação de os governos adotarem o orçamento participativo. No Brasil, o
orçamento participativo é uma realidade somente de alguns
municípios, existindo apenas algumas propostas tímidas de inclusão nos
estados e na União.

 o orçamento participativo está restrito aos municípios e é


adotado de maneira facultativa.

Em segundo lugar, as propostas vindas da comunidade podem ou não


ser acatadas pelo Chefe do Executivo, pois, como exposto acima, é essa
autoridade que detém a competência de iniciativa de lei orçamentária.
Assim, as propostas são encaminhadas ao órgão de orçamento respectivo,
podendo ser incluídas no projeto de lei do orçamento ou simplesmente
rejeitadas.

O terceiro e último destaque é que apenas uma parte dos recursos é


colocada em debate com a população. Em geral, os municípios montam a
base de seu orçamento, reservando uma pequena parcela de recursos para
investimentos para discussão com a sociedade.

Vamos ver como isso é cobrado em provas?

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Julgue os itens subsequentes, no que tange aos processos participativos de gestão


pública de desconcentração e descentralização administrativa.
37. (Cespe – TNS/MC/2013) Um estado nordestino que ainda não teve
experiência de utilização do orçamento participativo pode se basear no exemplo
adotado pelo governo federal, que foi o primeiro a empregar essa prática de gestão
orçamentária no país.
Comentário: o Governo Federal não empregou a técnica do orçamento
participativo até hoje. Encontra-se em discussão na Câmara dos Deputados a
proposta de OP federal, mas até agora a participação popular limita-se a
algumas audiências públicas. O primeiro município a adotar o OP foi Porto
Alegre.
Gabarito: errado.

38. (Cespe – Analista Administrativo/ANTT/2013) No orçamento participativo,


a população deve decidir a destinação de todos os recursos orçamentários, exceto
aqueles que se vinculem com gastos de pessoal, saúde, segurança e educação.
Comentário: apenas uma pequena parcela dos recursos são colocados para
debate com a população através do orçamento participativo.
Gabarito: errado.

Por hoje é só pessoal! No nosso próximo encontro, vamos estudar a


transparência e controle social.

Espero por vocês!

Bons estudos.

Prof. HERBERT ALMEIDA.


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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – TNS/MC/2013) Quando o líder descobre as necessidades de seus


subordinados e, assim, aumenta o valor dos resultados de trabalho, ele adota um
estilo diretivo de liderança.

Julgue os itens subsequentes, em relação à motivação e liderança.


2. (Cespe – Administrador/MJ/2013) O desenvolvimento de relacionamentos de
confiança entre o gestor e sua equipe não é considerado um fator relevante para o
alcance de metas organizacionais.

Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do administrador. Atualmente,


sobretudo com as contribuições da abordagem neoclássica da administração,
representada principalmente por Peter Drucker, os princípios foram redimensionados
e são denominados Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar (PODC). Com relação a
esse assunto, julgue os itens subsequentes.
3. (Cespe – APGI/INPI/2013) De acordo com as premissas da Teoria Y,
concebidas por McGregor, a direção dos comportamentos dentro de uma
organização, considerando as concepções antagônicas do comportamento humano,
revela que a falta de ambição e o desapreço em assumir responsabilidades está
relacionada com a preferência por ser dirigido.
4. (Cespe – APGI/INPI/2013) O sistema participativo é um sistema administrativo
considerado amplamente aberto, em que o processo decisório contempla delegação
máxima entre os níveis organizacionais.
5. (Cespe – APGI/INPI/2013) O sistema de administração autoritário-
benevolente prescreve uma direção centralizada, mas permite pequena delegação
em situações de caráter rotineiro.
6. (Cespe – TA/TJ-AC/2012) De acordo com a teoria dos dois fatores proposta
por Frederick Herzberg, os fatores extrínsecos ou higiênicos fazem as pessoas
sentirem-se satisfeitas e motivadas com o trabalho.
7. (Cespe – AA/ANTT/2013) O modelo de liderança autocrático é um modelo
orientado para a tarefa em que se enfatizam o controle do desempenho dos
funcionários e o cumprimento de prazos e padrões de qualidade.
8. (Cespe – Administrador/FUB/2013) Segundo a teoria dos dois fatores, os
motivos que estão presentes na situação de trabalho e que influenciam o
desempenho dividem-se em duas categorias principais: o próprio trabalho (fatores
motivacionais) e as condições de trabalho (fatores higiênicos).
9. (Cespe – Escrivão/PC-DF/2013) Por ser uma variável independente dentro do
modelo organizacional, a liderança está isenta de critérios de valor.

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10. (Cespe – TC/BASA/2012) A influência de líderes nas organizações se dá por
meio de bases de poder como legitimidade, competência, coerção, referência e
recompensa. A escolha de cada uma dessas bases de poder se dará em virtude de
aspectos humanos, ambientais e organizacionais.

A administração de recursos humanos está relacionada a todas as funções do


processo administrativo, referindo-se a políticas e práticas necessárias para se
administrar o trabalho das pessoas. A esse respeito, julgue os itens a seguir.
11. (Cespe – Técnico/EBC/2011) Liderança é a habilidade de influenciar pessoas,
dirigir seu comportamento em direção ao alcance de objetivos e metas, podendo ser
orientada para pessoas e também para tarefas.
12. (Cespe – Técnico/EBC/2011) A teoria dos dois fatores, de Herzberg, pode ser
representada por meio de uma pirâmide constituída de dois tipos de necessidade das
pessoas: uma básica, a necessidade de segurança; e outra, mais complexa e difícil
de ser atingida, a necessidade de autorrealização.
13. (Cespe – Técnico/EBC/2011) Em uma organização, existem, basicamente,
três estilos de liderança: o autocrático, voltado para o líder; o democrático, voltado
para o líder e o subordinado; e o liberal, voltado para o subordinado.
14. (Cespe – AA/TCE-RO/2013) De acordo com a teoria dos dois fatores,
conforme proposta por Herzberg, os fatores motivacionais intrínsecos, relacionados
ao próprio trabalho, produzem satisfação e os fatores extrínsecos, relacionadas com
as condições de trabalho, apenas reduzem a insatisfação.

Julgue os itens que se seguem, referentes às relações humanas no trabalho e aos


diferentes tipos de liderança.
15. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) De acordo com os pressupostos da
liderança democrática, cada membro do grupo tem liberdade de escolher seus
companheiros de trabalho, devendo o líder da equipe ser objetivo, limitando-se a
críticas e elogios relativos a fatos ocorridos.
16. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) O líder autocrático pronuncia
comentários irregulares sobre as atividades dos membros da equipe e determina as
providências para a execução das tarefas apenas quando solicitado.
17. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) O líder situacional assume o seu estilo
de liderar conforme as diferentes situações cotidianas e, consequentemente, o grupo
se sente mais motivado e seguro.
18. (Cespe – Pedagogo/UNIPAMPA/2013) De acordo com o modelo de liderança
liberal, o líder deve ser pessoal nos elogios e nas críticas, e a divisão das tarefas deve
ocorrer a critério do próprio grupo.

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19. (Cespe – Ana/SERPRO/2013) O líder é reconhecido positivamente quando
demonstra competência para treinar e dirigir outras pessoas a desempenharem com
eficiência os preceitos organizacionais.
20. (Cespe – Analista/MPU/2013) O gerente que atua com base no modelo de
liderança da Teoria X desenvolvida por McGregor acompanha seus trabalhadores de
modo cerrado, pois não acredita que seus colaboradores estejam dispostos a
trabalhar.
21. (Cespe – Técnico Ministerial/MPE-PI/2011) As agências executivas não
constituem uma nova entidade, pois, na verdade, elas não passam de autarquias
e(ou) fundações públicas que foram qualificadas como tal.
22. (Cespe – Técnico Administrativo/ANAC/2012) A autarquia é o serviço
autônomo criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
para executar atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
23. (Cespe – ATI/Administração/2010) A administração federal organiza-se em
administração direta, indireta e agências reguladoras vinculadas a ministérios.
24. (Cespe – ACI/Nível Superior/MC/2013) Nas suas relações jurídicas com
particulares, a administração pública pode celebrar o termo de parceria, que é o
instrumento firmado entre o poder público e as entidades qualificadas como
organizações da sociedade civil de interesse público destinado à formação de vínculo
de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de
interesse público.
25. (Cespe – Analista Administrativo/ANAC/2012) Mediante contrato de gestão
estabelecido entre o Estado e os órgãos estatais, são criados controles normativos
burocráticos cujo foco é o acompanhamento das atividades desenvolvidas pelo órgão
estatal.
26. (Cespe – Técnico Administrativo/ANAC/2012) A ANAC, uma agência
reguladora, recebe essa qualificação por força de contrato de gestão celebrado com
órgão da administração a que se subordina, para melhoria da eficiência e redução de
custos.

Em relação às OSs, às OSCIPs e aos serviços sociais autônomos, assinale a opção


correta.
27. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) As organizações creditícias que tenham
vinculação com o sistema financeiro nacional podem receber a qualificação de
OSCIP.
28. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) O poder público deverá outorgar o título
de OSCIP às entidades que preencherem os requisitos exigidos pela legislação de
regência para o recebimento da qualificação, em decisão de natureza vinculada.

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29. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) A contratação de pessoal no âmbito dos
serviços sociais autônomos deve ser feita mediante a realização de concurso público.
30. (Cespe – Procurador/Bacen/2013) A OS, embora receba delegação do poder
público para desempenhar serviço público de natureza social, mediante contrato de
gestão, não pode receber destinação de recursos orçamentários do poder público
nem bens necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

Os conselhos gestores representam uma inovação institucional na democracia


brasileira, cujo impacto ainda é pouco estudado. Julgue os itens a seguir com relação
a este tema.
31. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores são semelhantes aos
conselhos de notáveis que já existiam nas esferas públicas no passado, compostos
exclusivamente por especialistas. A única diferença é que os conselhos gestores
integram-se aos órgãos públicos vinculados ao Poder Executivo.
32. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Embora os conselhos não estejam inscritos na CF,
foram incorporados aos processos decisórios naquelas áreas onde efetivamente
constituem instrumentos de expressão, representação e participação da população.
33. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores inserem-se na esfera
pública por força de lei, integrando-se com os órgãos públicos vinculados ao Poder
Executivo, sendo responsáveis pela assessoria e suporte ao funcionamento das
áreas em que atuam.
34. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores são exemplos de
democracia direta porque resultam de demandas populares e de pressões da
sociedade civil pela redemocratização do país.
35. (Cespe – TPP/IPEA/2008) Os conselhos gestores são diferentes dos
conselhos comunitários, populares ou dos fóruns civis não governamentais porque
esses últimos são compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil,
cujo poder reside na força da mobilização e da pressão, não possuindo assento
institucional junto ao poder público.

Julgue o item abaixo relativo à democracia brasileira, particularmente no período de


1988 até os dias atuais.
36. (Cespe – Analista Legislativo/AL-CE/2011) Apesar de a legislação brasileira
não prever instrumentos de participação popular direta, a democracia participativa
efetivou-se no país mediante a criação de mecanismos como os conselhos gestores
de políticas públicas.

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Julgue os itens subsequentes, no que tange aos processos participativos de gestão
pública de desconcentração e descentralização administrativa.
37. (Cespe – TNS/MC/2013) Um estado nordestino que ainda não teve
experiência de utilização do orçamento participativo pode se basear no exemplo
adotado pelo governo federal, que foi o primeiro a empregar essa prática de gestão
orçamentária no país.
38. (Cespe – Analista Administrativo/ANTT/2013) No orçamento participativo, a
população deve decidir a destinação de todos os recursos orçamentários, exceto
aqueles que se vinculem com gastos de pessoal, saúde, segurança e educação.

GABARITO

1. E 11. C 21. C 31. E


2. E 12. E 22. C 32. E
3. E 13. C 23. E 33. X
4. C 14. C 24. C 34. E
5. C 15. C 25. E 35. C
6. E 16. E 26. E 36. E
7. C 17. C 27. E 37. E
8. C 18. E 28. C 38. E
9. E 19. C 29. E
10. C 20. C 30. E

REFERÊNCIAS

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