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2/ 2007
Segundo o relator, a cobrança é ilegal, uma vez que tem como base o artigo 5º e parágrafo da Medida Provisória nº 2.170-36 de 2001, já declarado
inconstitucional. "Afasta-se da boa fé objetiva porque discrepa do comportamento leal da lisura com que as partes devem se comportar uma diante da
outra, tratando-se de instituto profundamente injusto; destoa da justiça contratual, porque produz uma contraprestação inegavelmente desproporcio-
nal em relação à prestação; e não se conforma com a transparência por se tratar de cláusula incompreensível ao homem médio", afirmou o desem-
bargador.
Ele citou como exemplo o caso de um consumidor que, tendo dificuldades econômicas, utiliza o cheque especial para prover seu sustento básico,
abrindo um débito de R$ 1.000 e, permanecendo em dificuldades, não paga. Passados cinco anos, a juros de 8% ao mês, considerando a tarifa míni-
ma de tal modalidade de empréstimo bancário, a prática da capitalização de juros conduziria o débito ao montante de cerca de R$ 101.257,06, sem
contar juros de mora e demais encargos financeiros. "Assim, não resta dúvida de que tal prática traduz verdadeira cobrança de remuneração abusiva
pelo uso do capital, denominada usura, repudiada e até considerada crime por diversas legislações", ressaltou o relator.
Roberto Wider lembrou que o ordenamento jurídico-constitucional tem como fundamento o amplo favorecimento da pessoa humana nas relações
jurídicas, aí incluídas as relações contratuais. Ele afirmou que o artigo 170 da Constituição Federal determina que a ordem econômica tem por fim
assegurar a todos uma existência digna e que o Código de Defesa do Consumidor preconiza a boa-fé objetiva, justiça contratual e transparência no
âmbito dos contratos. "Nesta linha de raciocínio, a capitalização de juros não se harmoniza com o conteúdo de nenhum desses princípios", concluiu.
A ação civil pública foi proposta pelo MP na 5ª Vara Empresarial do Rio, que julgou improcedente o pedido em outubro de 2006. O MP recorreu à 5ª
Câmara Cível que reformou a sentença e julgou o pedido procedente em parte.
São réus no processo o Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil, Bradesco, Nossa Caixa, Citibank, Banestes - Banco do Estado do Espírito
Santo, Banco da Amazônia e Losango Promotora de Vendas.
Citações jurisprudenciais
1
Trabalhadora é indenizada por doença constatada após demissão
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) - que reúne os ministros da primeira e da segunda turmas da corte - julgou que sócios ou ex-
sócios de um empreendimento podem responder com seus bens por dívidas tributárias caso a empresa mude de endereço e não o altere no contra-
to social arquivado na junta comercial. No caso julgado pelo STJ, a mudança de endereço foi constatada pelo oficial de Justiça, que não encontrou
bens da devedora e muito menos a própria empresa.
De acordo com o procurador-geral adjunto da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Fabrício Da Soller, a seção considerou que ocorreu
a dissolução ou o encerramento irregular da empresa, pois há discrepância no endereço do contrato social . Neste caso, a legislação autoriza o redi-
recionamento da dívida para os sócios, ex-sócios ou administradores do empreendimento. "Esta não é uma situação rara e acaba sendo um instru-
mento relevante para a Fazenda, no redirecionamento da dívida", afirma Da Soller.
A não-alteração do endereço, se caracterizaria como uma forma de infração à lei. Neste caso, o Código Tributário Nacional (CTN) autoriza a respon-
sabilização pessoal dos sócios e administradores. Além da infração à lei, o CTN permite a responsabilização quando há atos praticados com exces-
so de poderes. Mas nestas situações, é preciso comprovar a existência do dolo, o que é mais complicado, segundo advogados. Por isso, na maior
partes dos processos que tramitam nos tribunais a Fazenda alega a dissolução irregular para justificar o redirecionamento da ação para os sócios,
conforme tributaristas.
O advogado Renato Nunes, do Nunes e Sawaya Advogados, diz que esta é primeira vez que a primeira seção se pronuncia sobre o redirecionamen-
to da execução fiscal em razão de a empresa não funcionar mais no local previsto no contrato social. De acordo com ele, este é um cuidado simples
que os empresários devem ter para evitar problemas. "Não é algo complicado de ser feito, mas muitas vezes as pessoas não têm noção da impor-
tância deste ato", afirma. Para ele, porém, o argumento só deveria ser válido se o oficial de Justiça realmente empreendeu esforços para citar a
empresa. De acordo com o advogado, se a empresa tomou o cuidado de deixar um aviso na antiga sede com o novo endereço, ou orientações na
portaria do prédio, por exemplo, a situação torna-se diferente.
Além deste cuidado, o advogado afirma que os sócios, ex-sócios ou administradores devem tomar sempre medidas preventivas para evitar proble-
mas. Se uma empresa está em uma situação falimentar, o melhor a fazer, diz, é pedir a falência. "O empresário não deve deixar a empresa inativa",
diz. Os administradores devem também tomar o cuidado de sempre pedir uma chancela, por escrito, dos sócios em relação a todos os atos e medi-
das relevantes que tomar
Por unanimidade, a 1ª Turma considerou que o ICMS não incide sobre a totalidade da reserva de energia elétrica colocada a disposição do consumi-
dor, pois a cobrança só é permitida quando a energia for utilizada.
O STJ considerou na decisão que a cobrança sobre a totalidade da energia contratada ofende o artigo 2º, VI, e 19 do Convênio 66/88, que cuida do
fato gerado do ICMS e da base de cálculo nas operações que envolvam energia elétrica, pois o tributo deve incidir somente sobre a demanda efeti-
vamente utilizada.
A decisão, além de impedir a cobrança do ICMS pela demanda contratada, ainda determinou a restituição dos valores já recolhidos indevidamente,
acrescidos de juros e correção monetária.
Iniciar o planejamento o quanto antes, para que os envolvidos fiquem cientes das transformações que a empresa poderá sofrer ao longo do tempo,
além de salutar, evita desgastes e até mesmo garante a continuidade do negócio. Entretanto, é fundamental que os interessados ingressem nessa
empreitada com um objetivo comum, buscando o consenso como forma de evitar o conflito. As regras têm de ser bem definidas, e deve-se separar a
família da empresa para não tornar o convívio familiar uma reunião sobre direitos dos herdeiros.
Mas não basta o consenso, os envolvidos devem ter plena consciência de que os herdeiros devem ser preparados para ser acionistas, ter acesso a
capacitação profissional e plano de carreira dentro da empresa, se desejarem manter-se na administração. Isto evita problemas futuros, inclusive de
fraudes e má gestão.
A gestão da empresa, como fórmula de sucesso, não pode ficar presa nas questões familiares, devendo, quando necessário, passar por uma rees-
truturação administrativa, mesmo que represente o afastamento de algum acionista-herdeiro. A saída para manter o patrimônio com a família pode
passar também pela criação de holdings sem fins comerciais, que funcionam apenas como sócias, evitando que os sócios entrem como pessoa físi-
ca.
O foco principal é manter uma gestão cada vez mais profissionalizada, dissociando-se da empresa os problemas familiares.
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