Os segredos do mais novo procurador do município do Rio de Janeiro

Tamanho da fonte: A- A+Por: Roberta Thomaz 22/04/2012

O niteroiense Victor Willcox Rosa conta como conseguiu ser aprovado, com 22
anos, no concurso da Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro
O jovem Victor Willcox Rosa acostumou-se a conquistas precoces: com apenas 16
anos, passou no vestibular de direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj) – um dos mais concorridos da área. Recém-formado, o niteroiense de apenas
22 anos se tornou o mais novo procurador da história da Procuradoria Geral do
Município do Rio de Janeiro. Determinado, o profissional afirma que o segredo das
conquistas é não perder o foco de seus objetivos.

Como foi conquistar uma vaga – com apenas 16 anos, antes mesmo de se formar
no Ensino Médio - em um dos vestibulares mais concorridos do Rio?
Foi muito gratificante. Eu já tinha certeza da minha vocação para o direito, não
tinha dúvidas quanto à área que gostaria de seguir. Sempre fui uma criança com
muito senso de justiça e vislumbrei no direito o caminho para contribuir para uma
sociedade mais justa. Por isso, foi muito bom começar o curso cedo e poder me
dedicar logo ao que realmente queria.

Você concluiu a faculdade há pouco mais de um ano. Antes da formatura, já sabia

qual caminho seguir?
Durante a faculdade, tive professores que são também procuradores. Acho que minha
vocação para a advocacia pública nasceu deste contato. Além disso, frequentei
alguns congressos e palestras promovidos pela procuradoria do Município. Neles, tive
a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a instituição. A partir de então,
comecei a direcionar meus estudos para os concursos das procuradorias, que exigem
muito conhecimento e raciocínio jurídico dos candidatos, sobretudo nas disciplinas
ligadas ao direito público.

Na primeira tentativa, você foi eliminado do concurso ainda na primeira fase.

Como encarou essa falha inicial?
Pensei em desistir. Foram dias de muita angústia à espera do resultado preliminar. A
reprovação inicial me desestabilizou. Mas, refletindo melhor, decidi que iria tentar
novamente. Lembro que os candidatos dispunham de três dias para a obtenção de
vista de provas e a posterior apresentação de recurso à banca, o que é considerado
um prazo muito curto. Fiquei praticamente duas noites sem dormir para conseguir
recorrer de todas as questões.

Como era a rotina de estudos?

Eu era muito dedicado. Estudava praticamente o dia inteiro. Ficava bastante tentado
a ceder aos convites para festas e passeios, mas consegui manter o foco.
Esporadicamente, eu auxiliava minha mãe, que é empresária e dona de uma editora
e de um curso de línguas. Eu minutava contratos e pesquisava as questões que
surgiam. Mas não cheguei a trabalhar em escritório de advocacia.

Prestou algum outro concurso?

Prestei concurso para advogado do BNDES em 2010, quando estava no final da
faculdade. Mas não passei.

Em que áreas do mercado de trabalho você atuou antes de passar?

Fiz estágio em escritórios de advocacia na área contenciosa cível e consultiva.
Também fiz estágio na Procuradoria do Estado.

Você se tornou o mais novo procurador da história do Rio de Janeiro. Acha que a
juventude pode ser um obstáculo?
Não, contanto que as pessoas mais jovens tenham a humildade de ouvir os mais
velhos, que têm mais experiência. Em geral, acho muito bom que pessoas jovens
trabalhem no serviço público. Isso renova os ares da instituição.

Como sua família e amigos encararam a conquista?

Todos ficaram muito felizes e tiveram a certeza de que a conquista foi merecida. Só
as pessoas próximas acompanharam a minha dedicação.

Já sofreu algum tipo de preconceito por conta da pouca idade?

Nenhum. De forma geral, nós, mais jovens, fomos muito bem recebidos por todos os
membros da instituição. Por conta da minha pouca experiência profissional anterior à
aprovação, tenho dúvidas regularmente e sempre recorro aos demais procuradores,
que trabalham há mais tempo. Todos são muito solícitos e receptivos.

Com apenas 22 anos, você ganha um excelente salário, enquanto muitos jovens
da sua idade sequer concluíram a faculdade. Qual é o segredo para obter bons
resultados?
O segredo está em apenas duas coisas: determinação e persistência.

Qual é a próxima etapa? Existe algum objetivo que ainda queira alcançar?
Não pretendo prestar nenhum outro concurso. Sempre tive uma grande admiração
pela Procuradoria Geral do Município, que é um centro de excelência em advocacia
pública. Quero seguir minha carreira aqui e “vestir a camisa” da instituição,
trabalhando nas causas envolvendo o Município e contribuindo, em última análise,
para as políticas públicas da cidade.

Qual é seu conselho para pessoas que desejam conquistar outras vagas?
Atualmente, os concursos jurídicos têm cobrado especialmente questões que vêm
sendo decididas nos tribunais superiores. Estar atualizado, em sintonia com a
jurisprudência, é fundamental. É preciso também ter senso crítico. Se você pretende
ser advogado público, procure, sempre que possível, desenvolver teses que auxiliem
a defesa do ente público.

O Fluminense