Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila de Aço PDF
Apostila de Aço PDF
1. Histórico
Estruturas metálicas tem sido usadas desde o século XII, quando eram empregados
tirantes e pendurais de ferro fundido como auxiliares em estruturas de madeira. No século
XVI tornaram-se comuns as estruturas de telhado em ferro fundido.
A partir de 1750 começaram a ser construídas cúpulas de igrejas e pontes, estas
com estruturas em arco ou treliçadas, com elementos em ferro fundido trabalhando a
compressão, podemos dizer que tem início o uso de estruturas metálicas em escala
industrial.
A primeira ponte em ferro fundido foi a de Coalbrookdale, na Inglaterra, vencendo
o Rio Severn com um vão em arco de 30 metros, edificada em 1779.
Ponte Coalbrookdale
Décio Zendron
Pág. 1
ainda hoje, em bom estado de conservação.
Na primeira metade do século XIX houve um grande progresso nas técnicas de
cálculo estrutural, e iniciou também a produção do ferro laminado, que tem desempenho
superior ao ferro fundido.
Nesta fase foi construída a Ponte Pênsil de Menai, em Gales, com vão central de
175 metros, que foi concluída em 1826. Neste período também iniciou-se a construção de
edifícios industriais com estruturas metálicas.
No Brasil, o ferro fundido começou a ser produzido em 1812, e a primeira obra
em ferro fundido, moldada no Estaleiro Mauá, em Niterói no estado do Rio de Janeiro, foi
a Ponte de Paraíba do Sul, no Estado do Rio, com cinco vãos de 30 metros, estruturados
em arcos atirantados, com o arco em ferro fundido e o tirante em ferro laminado,
construída em 1857, estando em uso até hoje.
No período entre 1850 e 1880 foram construídas várias pontes ferroviárias, com
vãos treliçados, sendo que, no entanto, ocorreram inúmeros acidentes com estas
construções, o que tornou patente a necessidade de serem feitos novos estudos e de se
utilizar um material de melhor qualidade.
Concluiu-se que o material ideal era o aço, já conhecido desde a antigüidade, mas
que não estava disponível, de forma competitiva, por falta de um processo de fabricação.
Este problema ficou resolvido em 1856, quando Henry Bessemer desenvolveu um forno
que permitiu, já em 1860, a produção de aço em escala comercial.
A primeira ponte com estrutura de aço foi edificada entre 1867 e 1874, em Eads,
sobre o rio Mississipi, com vão central de 158 metros e dois vãos laterais de 153 metros.
Em 1867 foi desenvolvido o processo Siemens-Martin para a produção industrial
de aço, mais econômico que o processo Bessemer.
A grande utilização em edifícios iniciou por volta de 1880, nos Estados Unidos,
na cidade de Chicago.
De 1900 até hoje houve um grande aperfeiçoamento das teorias da estruturas, foi
inventada a solda elétrica, conseguiu-se aços de alta resistência mecânica e a corrosão, e
começaram a ser edificados, de forma corriqueira pontes, edifícios, torres, etc, com
estruturas cada vez mais arrojadas.
Com a invenção do elevador, em 1852, por Elijah Otis viabilizou-se a construção
de edifícios altos, pois o problema de locomoção para os andares elevados, que era uma
forte restrição ao uso de edificações com muitos pavimentos, ficou resolvido.
Algumas obras notáveis, de estrutura metálica, ainda em uso:
Décio Zendron
Pág. 2
Brooklin Bridge - New York
Maior vão treliçado: ponte sobre o Rio São Lourenço, em Quebec, no Canadá
com um vão de 548 m.
Maio vão em viga reta: ponte Rio-Niteroi, sobre a Baia da Guanabara, com um
vão central de 300 m. e dois laterais de 200 m.
Ponte sobre o estreito de Verrazano, em Nova Iorque, com vão pênsil de 1298
m.
Ponte cruzando o Estreito de Akashi no Japão, inaugurada em 1998, com vão
pensil de 1990 m.
Edifício SEARS Tower, em Chicago, com 120 pavimentos e altura total 445
m. sem as antenas e 520 m. com antenas de radio e TV.
Ponte Humber Bridge, na Inglaterra, concluída em 1981, com 1410 m. de vão
pênsil.
Décio Zendron
Pág. 3
Ponte de Saint Nazaire, no rio Loire, na França, possui um tabuleiro metálico
de 720 m. de comprimento suspensos por cabos retos (estaias) formando um
vão central de 404 m. e dois laterais de 158 m.
Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, com 339,5 m. de vão pênsil e
comprimento total de 840 m. É o maior vão livre em ponte do Brasil.
O arrojo nas obras em aço trouxe, também, alguns contratempos como a Ponte
Tacoma Narrows, em Washington, com 854 m. de vão pênsil, que foi derrubada por efeito
de galope, provocado pelo vento. Construída em 1940, rompeu 4 meses após sua
inauguração.
LAJES: As formas se apoiam nas vigas metálicas, que estão niveladas, e dispensam o
uso de pontaletes, liberando o pavimento para serviços complementares.
Décio Zendron
Pág. 4
Como desvantagem podemos relacionar:
4. A usina siderúrgica
É a usina siderúrgica quem realiza a transformação, conhecida como redução, do
minério de ferro em aço, pronto para o uso comercial.
Décio Zendron
Pág. 5
5. Propriedades do aço
O aço como um dos materiais mais importantes para uso estrutural, tem suas
propriedades bem definidas e, entre elas podemos destacar:
Décio Zendron
Pág. 6
6. Influência da composição química.
PONTO
ELEMENTO DE CARACTERÍSTICA DOS ELEMENTOS DE LIGA
QUÍMICO FUSÃO NOS AÇO
C
Alumínio 660 É o elemento mais forte das ligas. É um forte
influenciador da sensibilidade ao envelhecimento. Eleva
a resistência a oxidação. É empregado como elemento
de liga em ligas de imã permanente.
Berílio 1283 A partir de ligas de Cobre-Berílio, são fabricadas molas
espirais para relógios, sendo elas não magnetizáveis.
Possui alta dureza e resistência a corrosão.
Boro 2040 Melhora a têmpera total, mas diminui a resistência a
corrosão.
Cálcio 850 Aumenta a resistência a oxidação dos materiais
condutores de calor.
Carbono É o elemento de liga mais importante e de maior
influência nos aços. Com o aumento do teor de carbono
eleva-se a resistência e a temperabilidade dos aços,
porém diminui sua ductilidade, soldabilidade e
usinabilidade com ferramentas, com levantamento de
aparas. O teor de carbono praticamente não tem
influência sobre a resistência à corrosão provocada por
água, ácidos e gases aquecidos.
Césio 775 É um elemento de purificação, pois é um forte
desoxidante e promove a dessulfuração. Melhora a
resistência à oxidação nos aços termoestáveis.
Chumbo 327 Proporciona excelentes condições de usinagem,
produzindo aparas pequenas.
Cobalto 1492 Empregado como liga em aços rápidos, aços para
trabalho a quente e em materiais altamente resistentes ao
calor.
Décio Zendron
Pág. 7
PONTO
ELEMENTO DE CARACTERÍSTICA DOS ELEMENTOS DE LIGA
QUÍMICO FUSÃO NOS AÇO
C
Cobre 1084 Eleva a resistência a tração e o limite de alongamento
dos aços, diminuindo sua maleabilidade. Aumenta a
resistência a oxidação atmosférica.
Cromo 1920 Eleva a resistência mecânica dos aços e reduz
ligeiramente sua ductilidade. Reduz a soldabilidade.
Enxofre 118 Torna o aço quebradiço. Sua presença é prejudicial
sendo tolerado teores de 0,025 a 0,030%.
Fósforo 44 Sua presença é prejudicial ao aço.
Hidrogênio * -262 É um elemento deteriorador do aço. Os torna frágeis e
quebradiços, reduzindo a maleabilidade.
Manganês 1244 Eleva a resistência mecânica e reduz ligeiramente a
ductilidade e a soldabilidade. Reforça a capacidade de
têmpera profunda.
Mobilênio 2610 Eleva a resistência a tração, a resistência ao calor e
melhora a soldabilidade
Niobio/Colombio 1950 Aparecem em conjunto e são estabilizadores em ligas de
aço quimicamente estáveis.
Tântalo 3977
Níquel 1453 Eleva a resistência mecânica dos aços, enquanto reduz
ligeiramente a ductilidade. Eleva a resistência a flexão
por choque.
Nitrogênio * -210 Estabiliza a estrutura dos aços, elevando a resistência a
tração e seu limite de alongamento.
Oxigênio * -218,7 É prejudicial ao aço. Reduz as características mecânicas,
principalmente a resistência a flexão pôr impactos.
Selênio 217 Melhora o resultado de usinagem.
Silício 1410 Eleva a resistência à oxidação, a resistência mecânica e
a massa específica.
Titânio 1812 É um metal duríssimo, empregado em aços austeníticos,
aços resistentes à corrosão, para a estabilização
intercristalina.
Tungstênio 3380 Aumenta a resistência mecânica dos aços, eleva sua
dureza, torna resistente ao calor e à oxidação.
Décio Zendron
Pág. 8
PONTO
ELEMENTO DE CARACTERÍSTICA DOS ELEMENTOS DE LIGA
QUÍMICO FUSÃO NOS AÇO
C
Vanádio 1730 É favorável na qualidade dos aços destinados a
construção mecânica e para ferramentas.
Zircônio 1860 Aumenta a vida útil de materiais condutores de calor.
* Ponto de liquefação
PROPRIEDADES ELEMENTOS
C Mn Si S P Cu Ti Cr Nb
RESISTÊNCIA MECÂNICA + + + - + + + +
DUCTILIDADE - - - - - - -
TENACIDADE - - - -
SOLDABILIDADE - - - - - - -
RESISTÊNCIA A - + + + + +
CORROSÃO
DESOXIDANTE + +
Décio Zendron
Pág. 9
7.1. AÇOS NORMALIZADOS PELA ABNT
NBR-7007
AÇOS PARA PERFIS LAMINADOS PARA USO ESTRUTURAL
NBR-6648
CHAPAS GROSSAS DE AÇO CARBONO PARA USO ESTRUTURAL
Classe / Grau fy (Mpa) fu (MPa)
NBR-6649
CHAPAS FINAS A FRIO DE AÇO CARBONO PARA USO ESTRUTURAL
Classe / Grau fy (Mpa) fu (MPa)
Décio Zendron
Pág. 10
NBR-6650
CHAPAS FINAS A QUENTE DE AÇO CARBONO PARA USO ESTRUTURAL
Classe / Grau fy (Mpa) fu (MPa)
CF-24 240 370
CF-26 260 410
CF-28 280 440
CF-30 300 490
NBR- 5004
CHAPAS FINAS DE AÇO CARBONO DE BAIXA LIGA E ALTA
RESISTÊNCIA MECÂNICA
Classe / Grau fy (MPa) fu (MPa)
NBR-5008
CHAPAS GROSSAS DE BAIXA LIGA E ALTA RESISTÊNCIA MECÂNICA E
A CORROSÃO ATMOSFÉRICA
Classe / Grau fy (Mpa) fu (MPa)
NBR-5920 / NBR-5921
CHAPAS FINAS DE BAIXA LIGA E ALTA RESISTÊNCIA MECÂNICA E A
CORROSÃO ATMOSFÉRICA (A FRIO / A QUENTE)
Classe / Grau fy (Mpa) fu (MPa)
Décio Zendron
Pág. 11
NBR-8261
PERFIL TUBULAR DE AÇO CARBONO, FORMADO A FRIO, COM OU SEM
COSTURA, DE SEÇÃO CIRCULAR, QUADRADA OU RETANGULAR, PARA
USO ESTRUTURAL
Classe / Grau fy (Mpa) fu (MPa)
AÇOS CARBONO
ASTM A-36 250 400
ASTM-570 – Grau 33 230 360
ASTM-570 – Grau 40 280 380
ASTM-570 – Grau 45 310 410
AÇO DE ALTA RESISTÊNCIA MECÂNICA
ASTM A-441 345 485
ASTM A-572 290 415
AÇO DE ALTA RESISTÊNCIA MECÂNICA E À CORROSÃO
ATMOSFÉRICA
ASTM A-242 345 480
ASTM A-588 345 485
Décio Zendron
Pág. 12
PARAFUSOS E BARRAS ROSQUEADAS
Os parafusos e barras fabricados com aço temperado não podem receber solda e
nem aquecimento para a montagem.
REBITES
PARAFUSOS
BARRAS ROSQUEADAS
Décio Zendron
Pág. 13
8. MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES
Tem-se:
S d ≤ Rn
8.1. CARREGAMENTOS
Para o método dos estados limites as cargas resultantes das diversas ações a
que está submetida a estrutura deves ser majorada pelos coeficientes de ponderação
previstos na NBR-8800.
Décio Zendron
Pág. 14
Chamando:
S – esforço nominal
- coeficiente de majoração (minoração) das ações
Sd – solicitação de cálculo
Tem-se:
A combinação para os casos normais de uso e durante a construção:
Sd = g.g + q1.q1 + (qj.j.qj)
Quando houver cargas excepcionais:
Sd = g.g + E + (q..q)
Onde:
g – carga permanente
q – carga acidental
q1 – carga acidental predominante
E – carga excepcional
- fator de combinação – leva em conta a possibilidade de ocorrência simultânea.
g – coeficiente de majoração (minoração) da ação permanente
q – coeficiente de majoração da ação variável.
Os valores dos coeficientes de majoração (minoração) das ações estão relacionados nas
tabelas a seguir:
Décio Zendron
Pág. 15
Cargas permanentes de pequena variabilidade são os pesos próprios de
elementos metálicos e pré fabricados com rigoroso controle de peso.
O efeito de temperatura citado não inclui o gerado por equipamentos, o qual
deve ser considerado como ação decorrente do uso e ocupação da edificação.
FATORES DE COMBINAÇÃO -
Ações
Sobrecargas em pisos de bibliotecas, oficinas e garagens. 0,75
Conteúdo de silos e reservatórios.
Cargas de equipamentos, incluindo pontes rolantes e sobrecargas em 0,65
pisos diferentes dos anteriores.
Pressão dinâmica do vento. 0,60
Variação de temperatura 0,60
Os coeficientes devem ser tomados iguais a 1,0 para ações variáveis não
relacionadas na tabela.
9. BARRAS TRACIONADAS
Ponte Alamillo.
Sevilha, Espanha.
Mastro de sustentação
inclinado, sem ancoragem, e
tirantes de aço em forma de
harpa.
Projeto Santiago Calatrava
Uma barra de aço submetida ao esforço normal de tração terá duas regiões
distintas de avaliação:
Décio Zendron
Pág. 16
Trecho Y: região da barra onde o escoamento generalizado não é permitido,
pois inutilizaria a barra devido ao alongamento excessivo.
Denominando:
Nn = Ag . fy - com = 0,90
Nn = Ae . fu - com = 0,75
A resistência da barra será o menor dos dois valores obtidos e tem-se como
condição de projeto:
Nd ≤ Nn
A seção transversal de uma barra pode ou não conter furos para a colocação de
conectores.
Décio Zendron
Pág. 17
Teremos então a seção transversal sem furos e a com furos, definindo uma área
bruta – Ag e uma área líquida – An.
Área Bruta – Ag
Ag = b . t
A área bruta dos perfis industriais pode ser obtida das tabelas dos fabricantes.
Área Líquida – An
Onde:
An = (b - d’) . t
Furos em Ziguezague
Décio Zendron
Pág. 18
s - espaçamento longitudinal entre furos consecutivos.
t - espessura da peça.
(s2/4g)
(s2/4g) . t
Ae = Ct . Ag
Valores de Ct
Ct = 0,85 – para perfis I e H onde bf < 2/3.d e perfis T cortados destes perfis
e todos os demais perfis, incluindo barras compostas, tendo, no caso de
ligações parafusadas, o números de parafusos maior que três por linha de
furação na direção da solicitação.
Ct = 0,75 – para todos os casos quando houver apenas 2 parafusos por linha
de furação na direção da solicitação.
Décio Zendron
Pág. 19