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HUNKO

Da mão direita, depois tocando a fronte (Eledá), o lado direito da cabeça


(Otum – 2º Orixá) e a Nuca (os Ancestrais); Saudando os orixás e guias;

Cumprimento Ombro-a-Ombro
Quando um Guia cumprimenta um consulente ou um assistente com o bater
de ombro, isto é sinal de igualdade, de fraternidade e grande amizade.

– Ebó de Esù ònòn (Ebó de Exu no caminho. Tem a finalidade de abrir os caminhos do
futuro Yawô, trazendo-lhe boa sorte).
- Ebó Iku (para afastar a morte e as doenças do caminho do futuro Yawô).
– Dar um Obi a Cabeça do iniciado.
– Ebó Onilè (Ebó da Terra. Pedindo a proteção a Onilè ao futuro Yawô).
- Ebó omi (Ebó de Águas. Divide-se em Ebó omidùn das águas doces, e Ebó omi iyò das
águas salgadas. Em locais longe do litoral costuma-se fazer os dois juntos na beira de
um Rio).
- Ebó Igbó (Ebó nas matas. Feito para os Orixás das matas)
- Wè ariàse (Banho de folhas sagradas. Tem a finalidade de purificar o Yawô)

Peji ou Congá: Onde se localizam Imagens de Santo católicos (Sincretismo), Imagens Africanas
de Orixás, Caboclos, Pretos-Velhos, Erês, e demais Linhas e Povos. Obedece um sistema de
organização que trataremos em outra oportunidade.

MISTURA – CABOCLOS E ENCANTARIA


Os escravos Bantos quando chegaram ao Brasil tiveram contato com a Pajelança e o Catimbó,
cultos basicamente indígenas, mas já miscigenados com elementos cristãos e católicos,
existentes especialmente no nordeste, e encontraram os acima citados cultos cerimônias até
certo ponto bem análogas às de seus antepassados africanos.
Os negros banto congoleses aceitaram esta nova religião, sobretudo, em termos de
“culto aos mortos”, pois os Pajés e os Catimbozeiros, através dos Maracás e das Cunhãs,
dos Encantados, do Petun e da Jurema, quiçá agora da Diamba introduzida pelos
africanos, comunicavam-se com o Além, ou seja, o lugar místico e/ou mítico em que os
brancos, os índios, os negros e os mestiços de todos, igualmente situavam a existência
de seus antepassados.
À medida que mais e mais negros de origem Bantu, sobretudo Congo e Angola
alforriavam-se e reagrupavam-se na periferia das maiores cidades da época, eles
mantiveram as partes dos rituais de seus antepassados que conseguiam por em prática
dentro dos limites estreitos da escravidão, criando os primeiros Candombes, que é uma
palavra de origem Bantu e não Iorubá, significando no Brasil, “instrumento de
percussão” e/ou “lugar de danças de negros” e, por extensão, “lugar de terra batida por
pés” ou “terreiro” onde praticavam seus cultos religiosos, os quais, sob a forma de
cantos e danças – o Batuque – eram permitidos e até incentivados pelas autoridades na
tentativa de contrapor-se ao “Banzo”, tristeza depressiva que freqüentemente levava o
escravo Banto à morte pelo suicídio e, também, para que tais manifestações que
consideravam apenas lúdicas acirrassem as diferenças “tribais” entre as diversas
variações étnicas africanas aqui escravizadas (Congo, Angola, Mina, Grunci, Galindas,
etc). Mas, obtida a permissão de seus “senhores” para realizar tais “reuniões”, os Bantos
nelas inseriram as práticas religiosas para seus “M’inkisi” (plural de N’kisi que no Brasil
gerou o termo “Inkices”), divindades equivalentes aos posteriores “Orixás” Sudaneses,
acobertando-as com um mimetismo das práticas religiosas dos cristãos, mas
incorporando, assim, o “poder místico” dos Santos Católicos que mais se aparentavam
com suas práticas religiosas africanas.
Desde os seus primórdios, estes Candombes incorporaram muitos dos Catimbós já mais
africanizados, levando assim para o seu interior o sincretismo religioso católico indígena que já
se revelara útil como artifício de camuflagem para a celebração pública de suas reais práticas
religiosas. Tornaram-se, também, as sementes dos futuros “Candomblés de Nação” que
surgiriam mais tarde, pois, a partir do início do século XIX, quando a entrada maciça e em curto
período de tempo de negros de origem sudanesa na Bahia e no Rio de Janeiro, suplantando
todas as outras etnias, começou a crescer e evidenciar-se o prestígio ritualístico e litúrgico dos
cultos religiosos sudaneses Iorubás ou Nagôs. Estes cultos interpenetraram e reinterpretaram os
existentes Candombes de origem Bantu e, finalmente, impuseram-se, nas regiões próximas às
cidades de Salvador (BA), Recife (PE) e Rio de Janeiro (DF), por sobre todas as formas de culto
em que participassem majoritariamente o Negro e seus descendentes.
Aportado ao Brasil muito tempo depois (fins do Séc. XVIII), o conhecimento espiritual dos
descendentes da Nação Africana Sudanesa Iorubá também adotou a proteção da prática do
Candombe, reunindo os seus “Santos de Fora” aos “Santos de Dentro” num só lugar de culto: o
“Terreiro-li-ese-orisa”, mas, diferentemente dos Bantos, os Nagôs Sudaneses usaram o
sincretismo religioso de seus “Awon Orisa” (plural de “Orisa” que em nossa língua gerou o termo
“Orixás”), com os Santos Católicos apenas como uma “fachada” ritualística, já que isto oferecia
certa proteção contra o abuso de autoridades de então. Assim sendo, com o passar de mais de
um século, esta nova ritualística dos descendentes da “Nação Iorubá”, escravizados no Brasil,
em vez de ser antagonizada pelas outras etnias negras, começou a servir de modelo e fundindo-
se ao anterior conhecimento espiritual da “Nação Banto” (Congo e Angola), dando origem aos
Cultos Afro-Brasileiros conhecidos a partir de então sob a denominação genérica de “Terreiros
de Candomblé”, fossem qual fossem as suas origens. E já no final do século XIX, os cultos de
origens Nações Bantu, Congo e Angola e, também, os cultos de origens indígenas, nas regiões da
Bahia e Pernambuco, estavam submetidos às normas ritualísticas do Candomblé de Nação
Sudanesa, mas não especificamente no restante do país, pois que só esta Nação Sudanesa
conseguia revigorar sua crença através do animado tráfego comercial marítimo que se criou
entre Salvador (Brasil) e Lagos (Onin – Nigéria) no início do século XIX. Recentemente, de uns
trinta anos para cá e já passada a necessidade do sincretismo religioso para sua sobrevivência,
os Candomblés de Nação Sudanesa começam a reverter a tendência de simbiose com os outros
cultos ao fecharem questão sobre a primazia de suas raízes étnicas sobre todas as outras,
tornando-se assim uma religião exclusiva de um grupo étnico negro definido, isto é, Sudanês,
mesmo quando o culto é praticado por negros de outras etnias, brancos, índios e mestiços de
todos os matizes, tornando-se finalmente a celebração da memória coletiva africana sudanesa
em solo brasileiro, e que hoje rejeitam com veemência o sincretismo religioso que outrora
praticaram para sobreviver. Como resultado desta inconteste hegemonia Sudanesa (Ijêxá, Kêtu,
Òyó, Ifé e Benin enfim, Nagô) e sua posterior rejeição às outras correntes religiosas negras,
surgiram os Candomblé de Nação Bantu e Angola que, por sua vez, expeliram de seu meio o
elemento indígena que veio então a dar origem ao Omolokô. Mas, esta anterior mixagem e/ou
mimetismo de ritualísticas aparentemente semelhantes aos olhos da sociedade escravocrata
brasileira, escondia diferenças profundas de Teogonia e Liturgia entre elas. Desta forma, a
instituição do Candomblé ainda hoje apresenta nítidas separações quanto às suas origens: O
Candomblé de Nação Sudanesa, o Candomblé de Nação Angola e o Omolokô, sendo os dois
últimos mais próximos.

A Raiz Africana do Omolokô

As barreiras atuais para se desvendar o Omolokô, devem-se a raridade de se


encontrar artigos publicados que tratem do assunto, aliada a total inexistência
de novos lançamentos literários exclusivamente voltados à doutrina do culto,
para que se possibilite restaurá-lo e ergue-lo ao topo e ao lado das demais
religiões co-irmãs afro brasileiras, destacando-o por sua genuína identidade.

O Omolokô é um culto que tem a sua identidade reconhecida, calçada em seus


próprios fundamentos, a fim de derrubar de uma vez por todas o tom, às vezes
pejorativo, de leigos, que rotulam o Omolokô como um “Umbandomblé”, ou um
“Candomblé de meia feitura”, o que só demonstra o grau de desinformação.

É preciso que sejam resgatadas suas raízes. Para isso partiremos inicialmente de
sua base na África, mais precisamente, o povo Lunda Kiôco, de cuja
organização social, história e cultura, idioma nativo, costumes, crenças e rituais
religiosos, lendas e superstições, musicalidade e percussão e dos seus conceitos
morais foram erguidos os alicerces da Nação Omolokô praticada hoje em dia.

Na antiguidade o povo Kiôco, conquistador por natureza, espalhou-se por


diversos pontos da África Central, povoando uma grande extensão de terras,
compreendidas desde a região Sudeste até a Nordeste da República
Democrática de Angola, ocupando também parte da República Democrática do
Congo e de Zâmbia.

Foi em Lunda, uma província dividida em Lunda do Norte e Lunda dos Sul,
situada no nordeste de Angola, onde houve a maior concentração desse povo e
de onde surgiu o termo Kiôcos de Lunda.

O idioma predominantemente usado pelos Kiôcos de Lunda é o Kimbundu, que


influenciou a língua portuguesa falada no Brasil.

A geografia na área ocupada pelos Kiôcos, tanto dispunha de bosques densos e


florestas tropicais às margens dos rios Kasai e Kwilu, quanto de planícies de
savana e de imensos planaltos gramados desde a parte central angolana até a
margem rio Zambezi na Zâmbia ocidental. Nesse “habitat” fartamente banhado
pela natureza, cultuavam e louvavam o sagrado.

Os Kiôcos desenvolveram e mantiveram a sua identidade cultural adaptando-se


a influências externas.

Dentro dos Terreiros são instrumentos de uso ritual utilizados para louvar os
Orixás, não podendo de maneira alguma ser utilizado para outro fim. Só
podem ser tocados pelos Ogãs (o Rum só pode ser tocado pelo Ogã Nilu ou
Aglabê). Seu couro é oriundo da pele dos animais sacrificados aos Orixás.

O Rum é consagrado ao Orixá dono da Casa, o Rumpi ao Adjuntó e o Lé a


Oxalá, e recebem seu reforço de Axé anualmente. Existe toda uma ritualística
e cuidados especiais para que sejam tocados e tratados.

A importância dos atabaque é tanta, que os mesmos são saudados por todos
àqueles que entram dentro de um Terreiro e também pelos Orixás em seu
Rum.

Podem fazer parte do “Couro” outros instrumentos musicais a fim de


acompanhar os toques dos atabaques. Podem ser usados os seguintes
instrumentos:

- Agogô: Instrumento composto normalmente de duas, ou às vezes três


campânulas, presas por uma haste de ferro, pertence ao Orixá Ogum.

- Caxixi:É um instrumento parecido com um chocalho, de origem africana.


formado por um pequeno cesto de palha trançada, em forma de campânula,
pode ter vários tamanhos e ser simples, duplo ou triplo; a abertura é fechada
por uma rodela de cabaça.

- Xequerê, Agbê ou Agê: instrumento feito com uma cabaça inteira trançada
com cordão e contas diversas, no Ketu é conhecido com afoxé.

A percussão dos Atabaques varia de acordo com a Nação. Podendo pode ser
feita com as mãos ou com duas varetas de nome Aguidavis, ou por vezes com
uma mão e um aquidavi, dependendo do ritmo (toque) e do atabaque que está
sendo tocado.

Nos Candomblés Ketu e Jeje são tocados com Aguidavis, já nos Candomblés
de Nação Banto (incluindo o Omolokô) são tocados apenas com as mãos.

RODANTE

Como já sabemos cada pessoa tem um dom mediúnico, seja através de incorporações, e seja através do ato de
sentir (intuir, ouvir, ver ou sonhar), mesmo sem incorporá-las.

Para os abians rodantes, que compactuam do dom de incorporar, é necessário entender algumas coisas
importantes:

1º Incorporar é um privilégio, um presente divino, pois os Orixás e outras entidades usarão o seu corpo para
um bem maior, a fim distribuir o axé.

2º Ser rodante não é ser escravo, tampouco está abaixo de ninguém, pois numa casa de Candomblé, cada
papel tem sua profunda importância. O que seria de uma festa de candomblé sem as entidades em terra
incorporadas? Num terreiro formado apenas por Ogans e Ekedes haveria axé? Pense nisso!

3º É de extrema importância estar em comunhão com seu Orixá quando se é rodante, pois o seu corpo também
é a casa dele. Tenha zelo com sua matéria, seus hábitos diários, promiscuidade e vícios, pois existem mil
maneiras de um Orixá lhe advertir sobre essas atitudes erradas.

4º Um rodante pede bênçãos à todos, respeitando os níveis hierárquicos. Não ache que está se humilhando em
se abaixar ou fazer o dobale, pois você está pedindo as bênçãos dos Orixás das pessoas, e não prestando
reverência para ninguém. E se alguém lhe tratar de forma humilhante pela sua condição, peça a benção e
depois comunique o ocorrido (de forma discreta) ao sacerdote da casa (pai de santo/ babalorixá), pois ele
resolverá essa situação.

5º Jamais um Ogan ou uma Ekede poderá fazer piadas, imitações, colocar apelidos ou coisas do gênero para
com seus irmãos rodantes. Só quem é rodante sabe o que é sentir o mal estar causado por irradiações, dores
de cabeça e no corpo quando se está no processo iniciatório na religião, e isso não é motivo de piada. Atitudes
como essa é considerada falta de respeito, que por sua vez, gera falta de respeito também. Se em alguma
situação isso ocorrer, converse com o sacerdote.
6º Nunca esqueça que o Babalorixá ou a Ialorixá também são rodantes, que foram abians e yawos no passado.
E foi exatamente o dom da incorporação que os levou a esse cargo – tenha orgulho de receber o Orixá em sua
vida e em sua matéria!

Heide D’Oxum

Numa casa de santo de Candomblé, além dos filhos de santo, existem outros integrantes que dão suporte aos
trabalhos, além de serem considerados, em alguns casos, autoridades na casa.
Tais elementos são os Ogãs e Ekédis. A principal características desses filhos, é a falta da capacidade de
manifestarem o Orixá ou a Entidade Espiritual. Não são rodantes, como se diz normalmente sobre os filhos de
santo que têm a capacidade de receberem a entidade, ou seja, de manifestarem através da matéria a
personificação do espírito.

Ogã e Ekéjì são, na realidade “Ekéjì Òrìsà” (a segunda pessoa para o Òrisà). No caso, a primeira pessoa do
Òrìsà é o babalorixá ou iyalorixá. Ekéjì é um cargo que se divide em algumas categorias e seus atributos
(dependendo da categoria) sâo cozinhar para a casa de culto, puxar cânticos sagrados da casa, auxiliar o
babalorixá ou iyalorixá, costurar e vestir os Órisà, preparar a pintura dos ìyàwó, etc. Algumas destas tarefas
podem ser realizadas também por ìyawó, mas o comum é as ekéjís fazerem.
Os Ogãs não incorporam, pois se isso ocorrece, considere que o atabaque é o elemento que faz a chamada da
Entidade, e se no meio do toque, o Ogã ao invés de manter a vibração do toque, manifesta-se com ela, poderá
criar uma quebra de concentração e conseqüentemente uma quebra fluídica. Seguramente isso ocasionaria
transtornos nos médiuns mais novos como nos mais velhos também.

Embora não incorporem, estes são capazes de possuir outras mediunidades, como intuição, visão ou
Audição. Em algumas casas inclusive, costuma-se dar à pessoas de bom nível social ou amigos que se
apresentam para o trabalho e ajuda da casa, títulos de Ogãs. Estes entretanto, que na verdade não participam
da vida ativa do centro e comparecem eventualmente às sessões comuns e muito ativamente nas festas, são
uma categoria especial e recebem funções específicas, tais como; fiscais da freqüência, servirem bebidas e
comidas aos convidados e procurar manter a normalidade dos trabalhos, impedindo o acesso de elementos
negativos que possam criar algum problema.
O Ogã e a Ekédi, são funções ou capacitações de indivíduos nas diversas nações de Candomblé. Nas diversas
nações afro-descendentes recebem nomes específicos. Trataremo-os aqui como Ogã e Ekédi, levando em
consideração serem esses os termos mais conhecidos por iniciados ou neófitos. Os Ogãs e Ekédis não são
apenas iniciantes a espera da manifestação dos Orixás, ou pessoas que possam ajudar de alguma forma a casa.
No Candomblé, Ogã e Ekédi, são cargos que já vêm determinados às pessoas.

O Ogã e a Ekédi, primeiramente são suspensos pelo Orixá e futuramente confirmados em iniciação particular
(feitura), diferente em alguns aspectos, da iniciação dos demais Filhos de Santo. Possuem poderes específicos
dentro dos barracões, pois são autoridades especiais, sendo considerados pais e mães por natureza. A eles são
atribuídos os atabaques, os sacrifícios animais, a guarda de elementos espirituais do culto, colheita de ervas,
responsabilidade pela cozinha do santo, auxílio imediato ao Babalorixá/Yalorixá nos Ebós e obrigações dadas
nos filhos. São Mães e Pais Pequenos, Mães Criadeiras, verdadeiras mães e pais a quem os filhos devem
respeito e carinho.
É importante lembrar que guardada as proporções de cada uma das funções, tanto uns como outros, são
importantíssimas em suas funções e seria muito difícil, quiçá impossível, vários objetivos do culto serem
alcançados sem suas presenças.
Respeitem e tratem muito bem, com carinho, amor e devoção aos seus Ogãs, Ekédis, Mães e Pais Pequenos,
são eles que de alguma forma, fazem com que o caminho a ser trilhado, por todos, dentro da religião, seja
menos penoso, mais alegre e muito mais feliz.

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