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M O I A

N Ú M E R O 4 , E D I Ç Ã O 1 O U T U B R O / 2 0 1 0

A Lei dos Baldios


Os terrenos baldios são, com alguma frequência, motivo de conflito entre as autar-
quias e a população. O Código Administrativo de 1940 reconhecia a possibilidade de
apossamento de baldios pelas autarquias, por usucapião.
Após o 25 de Abril de 1974, a legislação que se produziu sobre esta matéria
(decretos leis 39/76 e 40/76 de 19/1/1976) proibiu o apossamento dos baldios, por usuca-
pião, e determinou a sua devolução aos povos. As Juntas de Freguesia, de um modo geral,
ignoraram a lei e continuaram a pôr e dispor deles como se de coisa sua se tratasse. Peran-
te isto, em 1993, a lei n.º 68/93 de 04 de Setembro (Lei dos baldios, ainda em vigor), insis-
te na necessidade da devolução dos baldios e atribui competências à Junta de Freguesia
para promover o recenseamento dos compartes, se durante um ano, após a publicação da
lei, tal iniciativa não partir de alguns membros (10) da comunidade. Efectivamente, cons-
tata-se que a Junta nada fez. Ignorou a lei, continuou a reivindicar e a apossar-se dos terre-
SUMÁRIO: nos por usucapião, e até vendeu alguns deles, sendo estes negócios, de acordo com a lei,
anuláveis a todo o tempo
Como a Junta, de então, nada fez, quanto à promoção do recenseamento dos com-
partes, como proceder agora? A Lei responde à questão, dizendo que são considerados
compartes os recenseados como eleitores. Neste caso, a assembleia de compartes será con-
vocada por iniciativa do concelho directivo, se entretanto constituído ou, então, por um
grupo de 10 compartes.
O Executivo actual, porque, ao cabo e ao resto, é parte interessada, pode (e deve)
tomar a iniciativa de despoletar o processo que levará à gestão dos baldios, através da
assembleia de compartes e respectiva mesa, conselho directivo e comissão de fiscalização,
definindo a lei as competências de cada um destes órgãos e respectivo funcionamento.
A Lei prevê, ainda, várias situações, entre as quais se destacam aquelas que mais
interessam ao Executivo da Freguesia, no actual contexto: (1) Um baldio ou parte dele
pode perder a sua natureza de baldio se a assembleia de compartes assim decidir por una-
nimidade, a que compareçam pelo menos dois terços. Declarada a extinção, o baldio (ou a
parte assim declarada) passa a integrar o domínio privado da Freguesia. (2) Os baldios são
expropriáveis por utilidade pública. A assembleia de compartes deve pronunciar-se sobre a
proposta no prazo de 60 dias, seguindo-se, se houver acordo, o auto de expropriação ami-
gável. (3) A assembleia de compartes pode deliberar por maioria de dois terços desfazer-se
de parcelas de terrenos baldios se o destino for a instalação de equipamentos sociais sem
fins lucrativos. (4) Os terrenos baldios onde tenham sido feitas irregularmente casas para
habitação passarão para a posse dos seus proprietários legítimos, bastando que a assem-
bleia de compartes (de que o proprietário faz parte) reconheça esse direito, fazendo-o
constar em acta. É urgente que às pessoas interessadas seja dada a possibilidade de legali-
zarem aquilo que na realidade é seu. (5) Áreas limitadas de terrenos baldios podem ser
vendidos, mediante concurso público que tenha por base o preço do mercado. A venda só
pode ser feita se, confrontando os baldios com a área de uma povoação, for necessária à
expansão da respectiva área urbana.
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A Situação Financeira da Freguesia em 31 de Julho


A lei das Autarquias Locais obriga os Presidentes das Juntas a comparecerem às
reuniões das Assembleias de Freguesia e aí prestarem informação sobre a situação da fre-
guesia, nomeadamente a situação financeira. O MOIA sempre reclamou essa informação e,
inclusivamente em Agosto, solicitou por escrito que esta obrigação fosse cumprida, na reu-
* Sabia que poderá
nião da Assembleia de Setembro. Efectivamente e finalmente, o Senhor Presidente da Junta
usar o correio cumpriu esta obrigação e forneceu, entre outros, por escrito, os dados que se seguem:
electrónico e o
Recebimentos:
Fórum do nosso Blog

“Olival à Lupa” Dinheiro vindo da Câmara Municipal para pagamento de dívidas antigas 192.494,61 €

para retirar todas as


Dinheiro recebido do Fundo de Financiamento das Freguesias (2,5/% do IVA 35.311,00 €
suas dúvidas em + IRS + IRC pago num ano por todos nós)
Dinheiro recebido da festa de aniversário da Vila (tourada) 12.945,00 €
relação aos Baldios

e aos residentes Outro dinheiro de origem não especificada 24.680,49 €

instalados nesses
Total 265.431,10 €
terrenos?
Pagamentos:

Pagamento de dívidas antigas (alcatroamento de estradas e parqueamento 191.012,94 €


exterior ao cemitério.)
* Sabia que o Despesa com a festa de aniversário da Vila (tourada) 32.793,26 €

período de Outros pagamentos não especificados 30.382,95 €


reclamação sobre
Total 254.189,15 €
o PDM foi

alargado até ao
Ainda, segundo a Junta, o total da dívida é de 210.604,93 €, que, se não fosse o pre-
juízo da festa de aniversário (tourada) da Vila de 19.848,26 €, seria de 190.756,67 €.
dia 7 de Outubro? Não é altura para fazermos comentários a esta matéria, porque o momento apropria-
do será em Abril, aquando da apresentação do fecho de contas.

O MOIA Propõe e a Assembleia Vota e Aprova


A data de 12 de Junho foi a data escolhida pela Junta de Freguesia para comemorar
a elevação do Olival a Vila. Ora, do ponto de vista oficial, a data a partir da qual o Olival é
realmente Vila é o dia 10 de Agosto de 2009. Na realidade, a lei n.º 50/2009 (lei da elevação
do Olival a Vila) foi publicada no Diário da República, em dia 5 de Agosto e só entrou em
vigor 5 dias depois, em 10 de Agosto. Nada mais razoável do que comemorar o aniversário
no dia do nascimento e, por isso, propusemos que o assunto fosse objecto de apreciação na
reunião da Assembleia de Freguesia que teve lugar em 29 de Setembro. Depois de cada uma
das forças políticas exporem os seus pontos de vista, quanto às vantagens e desvantagens de
se comemorar o aniversário da Vila em 12 de Junho ou 10 de Agosto, a questão foi submeti-
da a votação, tendo o resultado sido o seguinte: a data de 12 de Junho teve os votos favorá-
veis do PS e contra do PSD e do MOIA, a data de 10 de Agosto teve os votos favoráveis do
PSD e do MOIA e os votos contra do PS. Venceu, portanto, a data de 10 de Agosto.
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Complexo Escolar para Quando?


A educação é, hoje como ontem, fundamental para o crescimento harmonioso e saudável do indivíduo,
dotando-o das ferramentas necessárias para, de modo consciente e crítico, desempenhar eficazmente o seu papel de
agente social. A par de outros espaços educativos importantes, a escola é, por excelência, o espaço onde a educa-
ção, no seu sentido mais amplo e completo, tem lugar. É aí que as crianças e os jovens, desde cedo, são instruídos e
preparados para enfrentar os desafios cada vez mais exigentes que a sociedade coloca e é aí que se tendem a mitigar
as diferenças de ordem social existentes. Com efeito, em contexto escolar todos tem acesso às mesmas oportunida-
des de aprendizagem e a escola cumprirá tanto mais a sua missão quanto for capaz de proporcionar situações e
experiências promotoras de igualdade entre os que a frequentam. Contudo, para que o consiga fazer é necessário
que a escola tenha condições e disponha dos recursos físicos e humanos apropriados, isto é, é necessário que seja
uma escola digna desse nome, o que não acontece no Olival, onde de há anos a esta parte a degradação do edifício
existente compromete o desenvolvimento de uma acção educativa consentânea com as novas e actuais exigências.
Tendo isto presente, o MOIA, mais uma vez, reitera a urgência de construção de um novo complexo escolar para o
Olival - um complexo escolar adequado à faixa etária a que se destina e que deve servir e não um qualquer
equipamento que, despojado de estruturas essenciais à realização de determinadas actividades (1), servirá, no futu-
ro, em primeira mão os interesses eleitoralistas dos actuais autarcas, que não querem perder os votos das freguesias
vizinhas – só assim se pode explicar a opção da Câmara por um projecto no Brejo com menos salas e equipamentos
do que o inicialmente projectado para o centro do Olival. Para além disto, juntar no mesmo saco a construção do
novo complexo escolar e a construção do gimnodesportivo, fazendo depender uma da outra, como se de extensões
de uma mesma realidade se tratassem, é o estratagema mais desleal que se poderia utilizar e revela bem a estirpe
dos autarcas que temos:
pessoas egocêntricas, apenas preocupadas com o seu futuro político e com as futuras eleições e não com a
resolução efectiva e eficaz dos problemas existentes;
pessoas com um grande e grave problema de identidade, para quem hoje é assim, amanhã logo se vê...; con-
vencidos de que fazer melhor passa necessariamente por fazer diferente do que inicialmente tinha sido deli-
neado por outros. Daí que, apesar de existir um projecto de complexo escolar para o centro do Olival num
terreno disponível e adquirido para o efeito, elaborado pela anterior gestão camarária, o tenham desconside-
rado de forma irresponsável, optando por uma solução muito mais morosa e absolutamente desajustada no
Brejo.
pessoas com grande défice de cultura democrática, incapazes de ouvirem e auscultarem os interesses da
população e de a servirem.
Ao Presidente da Junta do Olival e restante executivo, também eles autarcas, para além dos predicados acima men-
cionados, podemos-lhe atribuir, ainda, ausência absoluta de capacidade reivindicativa e inexistência de vontade ver-
dadeira para, tendo em conta os interesses dos olivalenses, que representam, lutarem pelo desenvolvimento susten-
tado da freguesia, subservientes que são aos seus correligionários, como se tem visto nesta matéria.

Porque as crianças do Olival o merecem e porque a cada dia que passa é mais urgente a resolução de um problema
que se arrasta há anos e que compromete a educação na freguesia, o MOIA, sempre fiel aos seus compromissos,
continua a bater-se, em sede própria, na Assembleia, por uma das áreas que estabeleceu como prioridade no Progra-
ma Eleitoral: a construção de um novo complexo escolar no Olival. E, porque o assunto o merece, transcrevemos
na íntegra, no suplemento deste boletim, a argumentação apresentada pelo MOIA na última reunião do órgão deli-
berativo a favor da construção do complexo escolar do Olival, no Olival.
(1)- Em termos pedagógicos, um gimnodesportivo nunca pode substituir um polivalente e, atendendo aos ciclos de ensino
que ocuparão o complexo escolar, a proximidade deste do gimnodesportivo ou do campo de futebol é irrelevante.
FICHA TÉCNICA www.moia-olival@blogspot.com

Direcção técnica desta edição:


Distribuição local, gratuita e
_ Pedro Oliveira _ Susana Neves
periódica _ Saul Neves

100 anos de República e alguns de Democracia


A República cumpre, em 2010, 100 anos de percurso, a maior parte das vezes tortuoso, sinistro, castrador, porém,
positivo. A 1ª República dominada pela utopia, a 2ª pela ditadura e a 3ª pela democracia. Não serei, com toda a certe-
za, o especialista indicado para elaborar grandes teses em volta da República e outros assuntos que gravitam em seu
redor. Mas, no dia 05, estive à escuta e ouvi ruídos de fundo de todos os quadrantes políticos, de uns menos que de
outros.
Gravei, com agrado, os discursos de consenso, de responsabilização política e ainda de unidade nacional do Exmo.
Sr. Presidente da República e do Exmo. Sr. Primeiro Ministro. Guardei na minha mente, da parte do Exmo. Sr. Ex-
Presidente da República, Mário Soares, o apelo à transparência e à prestação de contas e chegou-me ainda um “Viva
a 4ª República”, vindo lá dos lados do mar revoltoso das Ilhas.
Repetem-se muitos dos erros do passado, apesar das consecutivas alterações da Constituição que se vai adaptando
aos tempos e à vontade dos nossos líderes políticos que os constitucionalistas tentam, em vão, travar. Consta que
somos possuidores de um dos melhores conjuntos de Leis e, pelo pouco que sei, confirma-se…
Confirma-se, também, que a realidade é bem diferente, com as “excepções à regra” a vingarem a todo o momento
e a romper com os limites legais - os objectivos máximos da existência.
E o Moia? Qual o seu papel no contexto da República? Não sei se seremos todos Republicanos ou se haverá por
aqui algum Monárquico, tal é o leque de expressões no nosso movimento. Asseguro-vos, isso sim, que somos todos
Democratas e que defendemos os mesmos princípios que os nossos grandes líderes nacionais dizem defender (Vide
em Princípios do MOIA).
E é este o apelo que fazemos aos nossos actuais autarcas, que escutem as directrizes dos seus líderes partidários e
que as transponham para as nossas humildes aldeias, vilas e cidades, pois consenso, unidade e responsabilidade na
dose certa são transparência, igualdade e, acima de tudo, democracia.
Reconhecer as qualidades dum projecto anterior é uma virtude. Agilizar o que os outros não conseguiram é uma
vitória, talvez não de uma guerra, mas de uma batalha, sem dúvida.
Na batalha da Assembleia de Freguesia do Olival, o MOIA vem somando vitórias, fundamentadas na legislação,
mas não se sente mais satisfeito por isso. De facto, é grande o apego de algumas forças às más práticas de gestão
anteriores e não quero com isto dizer que tenha havido gestão danosa dos dinheiros dos fregueses, embora também
não possa garantir o contrário.
Porém, actualmente, o Moia pretende garantir que isso não aconteça, assumindo inteiramente o papel fiscalizador
que lhe foi atribuído pela população, assentando a sua acção na divulgação e publicitação frontal tanto da nossa acti-
vidade como da actividade dos nossos parceiros.
É esta frontalidade na análise dos problemas, com que nos
deparamos, que nos leva a encontrar os consensos necessários,
com recurso à vivência, cultura e prática democráticas. É, por
isso, que a vontade da maioria do grupo prevalece em todas
as decisões, não havendo lugar nunca para os interesses parti-
culares que, neste contexto, são impróprios e mesquinhos
O MOIA continua alerta, sem preconceitos, vertical, autên-
tico,...atento...

Pedro Oliveira

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