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A PARTIR DO QUESTIONAMENTO QUE PARTE DA DOUTRINA TEM

FEITO, NOS DIAS ATUAIS, SOBRE A UTILIDADE PRÁTICA DA OBSERVÂNCIA


DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO, EXPLIQUE, EM SUA OPINIÃO, QUAL A
IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO EM UMA DEMANDA?

Muito se discute na doutrina sobre a real utilidade prática da análise das condições
da ação em uma determinada relação processual. Existem correntes que negam a importância
do instituto, defendendo a observação dos pressupostos processuais anteriormente às
condições da ação, ressaltando-se os posicionamentos neste sentido de José Inácio Botelho de
Mesquita , Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart.1
Luiz Guilherme Marinoni descreve que os estudos das condições da ação se
devem a uma “inadequada compreensão do instituto da coisa julgada material”. Na tentativa
de ilustrar essa assertiva o citado autor “supõe-se que a sentença que afirma a ausência de
uma condição da ação não produz coisa julgada material. Se é evidente que aquele que
escolheu a via errada deve ter o direito de voltar a ingressar em juízo através da via adequada,
é completamente falso que a sentença que afirma que a via escolhida é inadequada não
produza coisa julgada material e que somente por isso o autor tem o direito de voltar a juízo
elegendo a via correta. A sentença que afirmou que a via escolhida pelo autor não era
adequada não permite que o autor volte a juízo através da via já afirmada inadequada e nesse
sentido, produz coisa julgada material, impedindo a propositura da ação que já foi proposta.
Quando é solicitado ao juiz a via adequada – e, portanto, uma outra via, diferente daquela que
já foi afirmada inadequada – o juiz está diante de outra ação, diferente daquela que produziu
coisa julgada material. 2
E nesse raciocínio o autor segue afirmando que com efeito, considerando a
importância da evolução do estudo da ação para todo o desenvolvimento da própria ciência
processual, e da importância desse desenvolvimento para a adequação da Justiça estatal ao
pleno atendimento dos anseios de seus destinatários, surge o pensamento que não há
vantagem alguma em se falar em sentença de carência da ação, em vez de se pensar em
sentença de improcedência do pedido. Não deveria existir condição de ação, e nesse caso o
CPC não precisaria, justamente porque em tese não deveria, distinguir a sentença de carência
de ação da sentença que julga o mérito substancial.
1
LEITE, Allan Arquette. Teoria da Ação. Condições da ação, algumas considerações. Publicado no Recanto das
Letras em 29/08/2006
2
JUNIOR, Wagner, COSTA, Luiz Guilherme da. Curso Completo Processo Civil. 4º Edição. Livraria
Del Rey: Editora e Livraria Jurídica.
Outros entendem a importância e a utilidade prática da observância das condições
da ação, como os doutrinadores Ada Pellegrini, Cândido Rangel Dinamarco e Araújo Cintra,
para os quais “a exigência da observância das condições da ação deve-se ao principio da
economia processual; quando se percebe, em tese, segundo a afirmação do autor na petição
inicial ou os elementos de convicção já trazidos com ela, que a tutela jurisdicional requerida
não poderá ser concedida, a atividade estatal será inútil, devendo ser imediatamente negada.”3
Nos termos do art. 267, VI, do CPC, são três as condições da ação: legitimidade
de partes, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir, cujas origens são da teoria
eclética do processualista italiano Enrico Tullio Liebman, e a ausência de qualquer dessas três
condições da ação levará a extinção do processo sem apreciação mérito.
Para Vicente Greco Filho o exame das condições da ação é logicamente
antecedente da decisão sobre o mérito, de modo que, se negativo, é impeditivo da apreciação
sobre a pretensão. Por outro lado, se o juiz enfrentou o mérito, implícito ou explicitamente,
reconheceu a presença das três condições da ação. 4
A meu ver a utilidade prática da observância das condições da ação, que é matéria
de ordem pública, está na aderência ao cumprimento do princípio da economia processual, na
idéia de maior técnica processual e na possibilidade de permitir ao autor da ação, renovar o
pedido através de outra ação ajuizada, o que está em consonância com os princípios éticos que
regem o ordenamento jurídico pátrio

3
JUNIOR, Wagner, COSTA, Luiz Guilherme da. Curso Completo Processo Civil. 4º Edição. Livraria Del Rey:
Editora e Livraria Jurídica.
4
FILHO, Vicente Greco, Direito Processual Civil Brasileiro, Editora Saraiva, volume 1, ano 2009,
pag. 78.
REFERÊNCIAS
LEITE, Allan Arquette. Teoria da Ação. Condições da ação, algumas
considerações. Publicado no Recanto das Letras em 29/08/2006
JUNIOR, Wagner, COSTA, Luiz Guilherme da. Curso Completo Processo Civil.
4º Edição. Livraria Del Rey: Editora e Livraria Jurídica
FILHO, Vicente Greco. Direito Processual Civil Brasileiro, Editora Saraiva,
Volume 1, Ano 2009, pag. 78.

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