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EDUCAÇÃO E
INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA
Ano XX Boletim 14 - Outubro 2010
Sumário
O que é educação baseada em investigação cendo no Brasil e no exterior nesse campo?
científica? Qual o significado dessa aborda- Que projetos têm sido desenvolvidos pelos
gem na mudança de paradigma com relação alunos e alunas das escolas que abrem es-
à Educação em Ciências? Quais os desafios paço para essas experiências? Como esses
para a concretização dessa proposta, com projetos podem contribuir para o desenvol-
relação à parceria universidade e escola e à vimento social e econômico do país?
formação de professores?
Nos programas televisivos, entrevistas e re-
Essas são algumas das questões que serão portagens em escolas e universidades tra-
abordadas na série Educação e investigação zem um painel dessas temáticas, de modo
científica, que a TV Escola apresenta por a que possam inspirar outras realizações.
meio do programa Salto para o Futuro. Com Os textos desta publicação, da mesma for- 3
a consultoria de Roseli de Deus (Escola Poli- ma, buscam contribuir para a formação de
técnica da USP), os programas apresentarão professores e professoras, tendo em vista
reflexões e experiências sobre essas e outras a efetivação da transformação dos conte-
questões. údos de Ciências em sintonia com a imple-
mentação de uma cultura científica que
Qual a importância das Feiras e das Mostras possa, efetivamente, ter uma repercussão
de Ciências como estratégia para uma apren- na vida dos alunos e, consequentemente,
dizagem significativa? O que está aconte- na sociedade.
A série Educação e Investigação Científica, que serão abordados nos cinco programas:
que será apresentada de 4 a 8 de outubro PGM 1: Educação em Ciências baseada em in-
de 2010 no programa Salto para o Futuro/ vestigação; PGM 2: Interação escola, universi-
TV Escola (MEC), aborda o significado da pe- dades e centros de pesquisa; PGM 3: Mostras
dagogia de projetos e do método científico e Feiras como estratégia pedagógica; PGM 4:
em trabalhos investigativos, ressaltando a Outros olhares sobre Educação e investigação
importância das Mostras e Feiras de Ciên- científica e PGM 5: Educação e investigação
cias e Engenharia nessa abordagem. A série científica em debate.
também destaca a pertinência de outros
A publicação eletrônica sugere, ainda, um 4
projetos, atividades e competições cientí-
link para o texto complementar “Educação
ficas, como acampamentos, trabalhos de
em Ciência – Experiências inovadoras”, apre-
campo, oficinas e atividades experimentais
sentado na 4ª Conferência Nacional de CT&I
em Museus de Ciências e Clubes de Ciências,
2010, disponível em http://cncti4.cgee.org.
Olimpíadas, entre outros, como propulsores
br/, do professor Ernst W. Hamburguer, da
de uma aprendizagem significativa. A apro-
USP. Neste texto, o autor defende a adoção
ximação entre a universidade e a escola,
do Ensino de Ciências Baseado em Investiga-
nesse sentido, assume um papel primordial
ção (ECBI) desde as séries iniciais, comenta
para ambas as instituições, no sentido de
sobre o Programa ABC na Educação Cientí-
desenvolver uma atitude investigativa desde
fica – Mão na Massa, da Academia Brasi-
a iniciação científica, envolvendo alunos e
leira de Ciências, por meio da apresentação
professores.
de alguns exemplos de atividades aplicadas
Apresentamos, a seguir, o texto da propos- a séries iniciais da Educação Básica. Outros
ta da série, elaborado pela consultora Roseli sítios e leituras complementares são reco-
de Deus Lopes. Nesta publicação eletrônica, mendados pela consultora ao final desta
teremos uma proposta ampliada, com subsí- proposta.
dios para as discussões em torno dos temas
PropOSTA DA SÉRIE
Para avaliar a situação da Educação Básica de acordo com a tabela 2, são um pouco pio-
do Brasil no cenário internacional, pode-se res do que a média dos resultados para os
utilizar os resultados do PISA. No ano de países participantes da América Latina, mas
2006, uma amostra dos alunos de 15 anos de muito piores do que os resultados dos paí-
idade de 57 países foi avaliada. No Brasil, a ses da América da Norte, Europa e Ásia. Em
amostra foi de 9,3 mil alunos, representando Ciências, por exemplo, o Brasil ficou em 52o
1,9 milhões de matrículas nas redes públicas lugar dentre 57 países participantes.
e privadas do país. Os resultados do Brasil, 8
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Fonte: Microdados do PISA 2006.
ências e tecnologia, 4) competência digital, 6 que a taxa de 30% do Brasil é ainda muito
sociais e cívicas, 7) sentido de iniciativa e A Coreia do Sul, que em 2007 já atingia a taxa
pressões culturais. O estudo conclui que a pulação brasileira numa área, aproximada-
um nível que possibilite a todos os jovens – nos últimos 30 anos graças aos massivos in-
rem a aprender e trabalhar ao longo da vida tuação precária e sendo hoje considerado um
e que a Educação/Formação de adultos deve dos países mais desenvolvidos e mais avança- 12
dar oportunidades reais a todos os adultos dos tecnologicamente no mundo.
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pliar as ações para que mais estudantes bra- que não encontrando apoio em sua escola,
sileiros tenham a oportunidade de exercitar foi buscar ajuda num importante instituto
e desenvolver seus potenciais. de pesquisas para que lhe abrisse as por-
tas para realizar sua pesquisa, que resultou
A aplicação da Pedagogia de Projetos, esti- num importante segundo lugar na Intel
mulando os estudantes a realizarem pro- ISEF em sua categoria. Seu sucesso motivou
jetos investigativos utilizando materiais este instituto a abrir as portas para outros
de baixo custo e/ou reciclados, leva a uma estudantes pré-universitários realizarem
aprendizagem significativa, amplia horizon- projetos de iniciação científica júnior em
tes e permite despertar vocações. A estraté- suas instalações, sob a supervisão de seus
gia de feiras também se mostra adequada, pesquisadores. Outro exemplo é o de uma
não somente como forma de valorizar os es- professora que, depois de ter orientado um
tudantes pelo trabalho realizado, mas prin- projeto que foi finalista da FEBRACE e, em
cipalmente para criar um espaço de troca seguida, finalista da Intel ISEF, ao retornar
entre estudantes, entre professores, entre vem orientando outros estudantes, inclusi-
estudantes e professores e entre estudantes ve de outros estados, via Internet. Outro ain-
e avaliadores. da é o de dois professores que, ao voltarem
com sua estudante que foi finalista na Intel gia: qualquer que seja o tema e área
ISEF, iniciaram um movimento de sensibili- principal, ao ter que desenvolver um
zação e de atividades de formação continua- projeto real (que busca explicar um fe-
da com professores, que resultou na criação nômeno real ou resolver um problema
e consolidação de uma feira regional envol- real), o estudante necessitará fazer
vendo diversas escolas do município e seu uso de suas competências e aprimo-
entorno, com participação de um significa- rar/desenvolver outras relacionadas a
tivo número de projetos de outros estados. Matemática, Ciências e tecnologia;
A Educação Básica deve propiciar uma Edu- de reconhecer problemas e buscar e criar
cação em Ciências e para Ciências e Enge- soluções, que saibam colaborar e que sejam
para depois poder criar e inventar, ou seja, mistificá-las (abrindo as “caixas pretas”) e
o caminho fértil é o da iniciação científica possibilitar novas experiências sensoriais e
desde as séries iniciais. É preciso desenvol- novos tipos de autoria com elas (não ape-
ver e aplicar estratégias educacionais para nas produção de textos e imagens, mas tam-
desmistificar as tecnologias, para formar bém representação, simulação de modelos
indivíduos criativos e curiosos, capazes de e construção de novos sistemas eletrônico-
abrir as “caixas pretas” para observá-las, computacionais). Deve-se introduzir recur-
entendê-las, reinventá-las, para depois po- sos de acesso à Internet para comunicação
derem inventar e inovar nas mais diversas com a Teia Mundial, não como algo que
áreas de aplicação. simplesmente permite acessar informações
prontas, mas sim que possibilita ampliar
É premente que se crie um Movimento Tec- horizontes para estudantes que aprendem a
nofágico (LOPES, 2007), em que nosso país fazer boas perguntas e também para autoria
passe de mero consumidor, a produtor de colaborativa (produtor / colaborador).
tecnologias. Precisamos “deglutir” e “dige-
rir” as soluções tecnológicas existentes e ad- É preciso mobilizar para transformar as
quirir autonomia para criação de novas so- feiras e mostras públicas dos alunos, apre-
sentando seus projetos investigativos, na CATTS, R.; LAU, J. Towards information lite-
escola, na região, nacional e internacional- racy indicators. Bruxelas, UNESCO, 2008.
mente, realimentando positivamente o pro- Disponível em: http://www.uis.unesco.org/
cesso (avaliação, crítica, discussão, reflexão, template/pdf/cscl/InfoLit.pdf, acesso em abril
valorização, socialização, desenvolvimento de 2010.
de novas competências de comunicação,
premiação – por ex. bolsas de Iniciação CAVALLO, D.; BLIKSTEIN, P.; SIPITAKIAT, A.;
Científica Júnior na Universidade) e envol- CAMARGO, A.; LOPES, R. D.; CAVALLO, A.
vendo a comunidade neste ciclo virtuoso. The City that We Want: Generative Themes,
Constructionist Technologies and School/So-
cial Change. In: International Conference on
REFERÊNCIAS Advanced Learning Technologies (ICALT’04),
ALVES, A.; LOPES, R. D.; FICHEMAN, Irene racy levels in Europe shoud be assessed, Final
Karaguilla; REGINA, A. Projetos de Ciências Report edited by EAVI for European Comis-
e Engenharia Básica: Estímulos por Meio de sion, Brussels, October 2009. Disponível em:
ências, 2004.
CNPq – Iniciação Científica Júnior (ICJ) –
CAPES/DEB, Programa Novos Talentos, dispo- Council and the Commission on the Imple-
Neste texto, os autores abordam: Ciência de Ciências no Brasil: uma trajetória de quatro
Massa, Feiras de Ciências – A produção esco- CEB, MEC/SEB, Brasília, 2006, 84p., disponível
dático para o Ensino de Ciências. Divulgação Neste texto, os autores fazem uma síntese
Científica – O papel da escola na divulgação do histórico das feiras de ciências nacionais
científica. e regionais, bem como discutem aspectos
relacionados à conceituação e aos objetivos
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NEVES, Mozart. Educação de Qualidade e sua de feiras e mostras de ciências; aos tipos de
Relação com C&T e Inovação. 4ª Conferência trabalhos apresentados em feiras; às compe-
Nacional de CT&I 2010, disponível em http:// tências, habilidades e atitudes desenvolvidas
cncti4.cgee.org.br/, acesso em set. 2010. pelos participantes e estratégias e dificulda-
PEREIRA, Antonio Batista; OAIGEN, Edson Neste sítio estão disponíveis: textos com
Roberto; HENNIG, Georg J. Feiras de Ciências. dicas para estudantes e professores, textos
Canoas: Editora da ULBRA, 2000. 285p. com informações sobre regras de seguran-
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Presidência da República
Ministério da Educação
Coordenação-geral da TV Escola
Coordenação Pedagógica
Supervisão Pedagógica
Rosa Helena Mendonça
Acompanhamento Pedagógico
Simone São Tiago
Copidesque e Revisão
Magda Frediani Martins
Diagramação e Editoração
Equipe do Núcleo de Produção Gráfica de Mídia Impressa – TV Brasil
Gerência de Criação e Produção de Arte
E-mail: salto@mec.gov.br
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Rua da Relação, 18, 4o andar – Centro.
CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ)
Outubro 2010