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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Metodologia Para Obtenção Da Parcela Do Atrito A Partir Do


Sistema De Reação Em Provas De Carga Estáticas
Pedro Eugenio Silva de Oliveira
UNICAP/Gusmão Engenheiros Associados, Recife, Brasil, pedrocivil@hotmail.com.

Alexandre Gusmão
UPE/Gusmão Engenheiros Associados, Recife, Brasil, gusmao.alex@ig.com.br

Gilmar de Brito Maia


Gusmão Engenheiros Associados, Recife, Brasil, gilmar@gusmao.eng.br

Rodrigo Figueiredo Roma


UPE, Recife, Brasil, rodrigo.f.roma@gmail.com

Raíssa Barros Vieira Andrada


UNICAP, Recife – PE, Brasil, raissa.bva@gmail.com

RESUMO: A proposta se baseia em duas curvas obtidas em ensaio de Prova de Carga Estática (PCE),
a curva carga x recalque da estaca submetida a compressão, e uma segunda curva obtida ao se medir
os deslocamentos que as estacas do sistema de reação oferecem durante o ensaio, ou durante um
ensaio teste das reações. O presente trabalho propõe essa metodologia com base nos resultados de
PCE de uma obra residencial em Recife, executada com solução de fundação em estacas de perfis
metálicos com comprimento entre 38 e 42 m. Foi encontrado um valor de λ (carga da reação/carga
da compressão) de 0,55, um atrito na compressão de 2.180 kN, e um recalque para início da
mobilização de ponta de 7 mm (1,6% do diâmetro da estaca). Confrontou-se os resultados propostos
na literatura técnica e foi observado que os resultados estão dentro da faixa de valores estimados pela
teoria da elasticidade.

PALAVRAS-CHAVE: Prova de Carga Estática, Atrito, Fundação

1 INTRODUÇÃO de Van der Veen (1953), Chin (1970), Décourt


(1996) dentre outros. Esses métodos foram
Muito se discute acerca da interpretação de extensivamente debatidos por Oliveira (2013).
resultados de provas de cargas estáticas (PCE). Outro problema na interpretação do resultado
Esse ensaio de campo é realizado para está em separar quanto da resistência mobilizada
verificação e controle de desempenho do se dá pela área lateral da estaca, ou fuste, e
elemento estaca individual e normalmente não se quanto pela superfície da ponta da estaca. Muitos
atinge o valor máximo de carga (carga última) modelos sugerem que as duas parcelas não são
suportado pela peça, tendo em vista que se mobilizadas concomitantemente. Primeiro a
pretende utilizar o elemento para compor o parcela de atrito seria mobilizada para níveis
sistema de fundações. Dessa forma o ensaio é reduzidos de recalques (da ordem de 1 a 2% do
encerrado antes da obtenção da carga de ruptura diâmetro da estaca) e só a partir desse valor a
do sistema solo-estaca, e se faz uso de métodos parcela de ponta seria mobilizada.
de extrapolação para estimar o valor limite de Para a realização do ensaio de PCE se faz
resistência do sistema. necessário o planejamento e preparação de um
Existem vários métodos na literatura como os sistema para reagir contra a estaca que será
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ensaiada, que recebe o nome de sistema de como areia argilosa, em outra como silte argilo-
reação. Usualmente se utilizam as demais arenoso. Por fim foi encontrada uma camada de
estacas do bloco para compor o sistema de areia média e grossa com pedregulhos, cor
reação que será solicitado durante o ensaio de amarela, compacta até o limite sondado (em
compressão da estaca da PCE. torno dos 49,00 m). O nível de água médio foi
encontrado na profundidade de 2,20 m.

2 OBJETIVOS

O presente trabalho pretende apresentar uma


metodologia para obtenção do valor da parcela
de resistência por atrito lateral, utilizando-se do
resultado tradicional da PCE e do resultado das
medições de deslocamento das estacas que são
usadas para montar o sistema de reação. Como
objetivos secundários, pretende-se obter a
parcela de resistência de ponta, e o coeficiente λ,
definido como a relação entre a carga na reação
e a carga na compressão.

3 O CASO DE OBRA

Para apresentação da metodologia foram


utilizados os resultados de campanha de
verificação de desempenho das estacas de uma
obra residencial localizada em Recife/PE. No
bairro da Ilha do Retiro. Próxima as margens do
Rio Capibaribe.
A obra consiste em duas torres de 28
pavimentos, com 88,00 m de altura, com edifício
garagem ligando as áreas sociais das duas torres.
A edificação foi concebida em estrutura
aporticada de concreto armado.
O perfil geotécnico típico da obra (Figura 01)
foi elaborado através de duas campanhas de
sondagem, a primeira (05 furos) foi realizada em
abril de 2012 e a segunda (09 furos) em janeiro
de 2013, obtendo-se, no total, 14 sondagens à
percussão.
O solo sondado possui uma camada de aterro
argilo-arenoso com restos de construção até 2,00 Figura 1. Perfil típico, tipologia estrutural e solução de
m de profundidade. Logo após a camada de fundação esquemática. Fonte: autores, 2018.
aterro, é encontrada camada de areia fofa, até a
profundidade de 8,00 m. Em seguinda encontra- 3.1 O projeto de fundação
se uma camada de argila orgânica muito mole,
até a profundidade de 28,00 m. A partir dessa Concebido em estacas metálicas, constituídas de
profundidade é encontrada camada bastante perfis laminados, soldados, de seção variável
variável, em parte das sondagens classificada decrescente com a profundidade. Com o intuito
de se adequar a variabilidade das cargas do
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edifício, foram projetados 4 tipos de estacas (A, Tabela 2. Resultados dos ensaios de carregamento
B, C e D) com informações resumidas na Tabela dinâmico, resistências: última, atrito e ponta.
ENSAIO TIPO RU (kN) QAL (kN) QP (kN)
01. O projeto foi realizado com 250 estacas ao
1 B 2.751 2.265 486
total, com comprimentos variando entre 38 a 42 2 A 3.250 2.244 1.005
m e carga admissível estimada variando entre 3 B 2.750 2.323 428
600 e 1.850 kN. 4 A 2.867 2.484 383
5 A 3.264 2.926 338
Tabela 1. Estacas usadas na fundação. 6 A 3.151 2.056 1.095
TIPO* L (m) Q (kN) N. est 7 D 1.250 955 295
D (HP250x62) 38 600 57
C (HP310x79) 42 1.200 26 3.2.2 Ensaio de Prova de Carga Estática
B (HP310x93) 42 1.550 55
A(HP310x110) 42 1.850 112 Um ensaio foi realizado, para as estacas tipo B
Total 250 (HP310x93). A carga máxima de teste foi de
* Tipo e elemento superior;
L = comprimento
3.100,40 kN. O recalque total foi de 44,19 mm.
Q = Carga de trabalho Após descarremanto do sistema, o recalque
N. est = Número de estacas permanente foi de 16,33 mm, e o recalque
elástico de 27,86 mm.
3.2 A campanha de verificação de desempenho Para complementar a análise acerca da estaca
ensaiada são apresentados os dados de cravação
Foram solicitados 11 ensaios de carregamento da mesma:
dinâmicos, dos quais 7 foram realizados, 4 no  Nega = 10 mm;
tipo de estaca A, 2 no tipo de estaca B e 1 no tipo  Repique = 21 mm;
D. Foi realizada 1 PCE em estaca do tipo B.  Altura do golpe = 0,80 m;
 Peso do Pilão = 50 kN.
3.2.1 Ensaios de Carregamento Dinâmico
Como reação foi utilizado um sistema
A partir das análises realizadas nos ensaios pode- constituído por vigas e placas metálicas, bem
se observar que para os perfis HP310 os como porcas de ancoragem. O sistema foi
resultados são mais próximos do que para o ancorado em 04 estacas metálicas (tipo B –
perfil HP250 (tipo D). Esse fato se explica pela HP310x93) do mesmo bloco de fundação da
seção dos perfis HP310 ser praticamente de estaca ensaiada. Para solidarizar as estacas de
mesmo geometria, mudando apenas a espessura reação do bloco com as vigas de reação do
das paredes de aço, ver Tabela 2. sistema, foram soldadas luvas metálicas no topo
Mais especificamente os valores obtidos para das estacas de reação, ver Figura 2.
a Seção A (HP310x110) são levemente mais
elevados que os obtidos para a seção tipo B
(HP310x93). A carga última média é 13%
superior, a resistência por atrito 6% e a
resistência por ponta é 54% superior.
Terreno
É interessante observar que a diferença se deformado
caracteriza praticamente nos resultados da Estaca Estaca
resistência por ponta. E os resultados obtidos de reação Estaca de reação
para o atrito são praticamente idênticos, mais de teste
uma vez resultado provavelmente associado à Figura 2. Esquema típico de ensaio de compressão
geometria muito semelhante das peças tipo A e utilizando estacas de reação do mesmo bloco. Fonte:
tipo B. Zhang et al (adaptado), 2013.
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Foi realizado teste das estacas de reação antes 4 A PROPOSTA DE OBTENÇÃO DAS
da realização da prova de carga. A carga máxima PARCELAS DE ATRITO E PONTA
do teste foi de 796,10 kN. O carregamento se deu
em 6 estágios de carga, e o descarregamento em A proposta se baseia em uma premissa simples,
5. Foram obtidos deslocamentos máximos de até a carga última do sistema (QU) é dada pela soma
10,26 mm. O resumo dos 5 ensaios é apresentado das parcelas de atrito (QAL) e ponta (QP).
na Tabela 3. Para apresentação na tabela, os
resultados da estaca de compressão são QU = QAL + QP (1)
chamados de “C” e os resultados das estacas de
reação são chamados de R (1-4). Porém em um ensaio nas estacas de reação
(será chamado de ensaio de tração - T) não existe
Tabela 3. Resumo dos resultados dos ensaios de PCE. parcela de ponta (QP=0), Equação 2. Assim a
ENS. QMAX (kN) DT (mm) DP (mm) DE (mm) carga última extrapolada a partir dos ensaios de
C 3.100,04 44,19 16,33 27,86 tração (reação) já representa a parcela de
R1 796,10 10,26 3,71 6,55 resistência por atrito das estacas de reação
R2 796,10 9,38 3,98 5,40 (QAL,T), Equação 3.
R3 796,10 8,75 3,65 5,10
QU,T = QAL,T + QP,T ∴ QP,T = 0 (2)
R4 796,10 9,18 3,77 5,41
QU,T = QAL,T (3)
ENS. = Natureza do Ensaio (C – compressão; R – reação)
QMAX = Carga máxima do ensaio
DT = Deslocamento total Porém o atrito obtido em ensaio de tração não
DP = Deslocamento plástico deve ter a mesma intensidade do atrito em estado
DE = Deslocamento elástico de compressão (QAL,C). Segundo Orlando e
Maffei (2000), os valores de QAL,T são menores
O resultado gráfico obtido dos ensaios é que os valores de QAL,C. Considerando essa
apresentado na Figura 3. Note-se que os hipótese, vem:
deslocamentos das estacas de reação tem sentido
oposto aos deslocamentos da estaca de QAL,T < QAL,C (4)
compressão, por esse motivo são assumidos QAL,T
<1 (5)
como negativos. QAL,C

Paschoalin Filho (2008), faz extensa revisão


sobre o assunto e apresenta valores obtidos e
sugeridos na literatura, ver Tabela 4.
Tabela 4. Valores citados na literatura de QAL,T/QAL,C,
fonte Paschoalin Filho (2008).
Autor Cenário QAL,T ⁄QAL,C
Carvalho et al
Estaca Raiz 0,84
(1991) - USP
Carneiro et al Estaca
escavada
0,85
(1994) - USP
Berigen et al Estacas
cravadas
0,70 (0,65 a 0,76)
(1979)
Brinch-Hansen Teoria da
Figura 3. Resultados dos ensaios (a) de compressão (b) de Elasticidade
0,55 (0,53 a 0,57)
(1968)
reação (tração). Fonte: autores, 2018. Nicola e Argilas
Saturadas
1,00
Randolph (1993)
McClelland Valor
Sugerido
0,70
(1972)
Poulos e Davis Valor
Sugerido
0,67 (2/3)
(1980)
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O presente trabalho tem como objetivo encontrar Figura 4. Vale a pena observar os valores de R²
a parcela QAL,C a partir dos ensaios de PCE com muito próximos a unidade (0,996 ~ 0,998).
ensaio nas estacas de reação. Dessa forma
define-se um parâmetro λ(s) que corresponde à Tabela 5. Resultados da extrapolação de Van der Veen.
relação entre a carga atuante no ensaio de Tração Ensaio Qu (kN) a (mm-1) b (-) R² (-)
C 3.548 0,046 0,088 0,998
QT(s) e a carga atuante no ensaio de compressão
Rmédia(T) 1.199 0,113 0,013 0,996
QC(s), para um dado recalque (s).

QT (s)
λ(s) = (6)
QC (s)

A carga na tração QT(s), se dá apenas por atrito


lateral QAL,T(s). Porém a carga na compressão
QC(s) se dá tanto por atrito QAL,C(s) quanto por
ponta QP(s). Logo:

QAL,T (s)
λ(s) = (7)
QAL,C (s)+QP (s) Figura 4. Curvas de Van der Veen (1953), ajustadas as
dados de Reação (tração) e Compressão. Fonte: autores,
Para pequenos deslocamentos, a parcela de ponta 2018.
praticamente não é mobilizada, e pode ser
assumida como nula. Assim dessa forma o índice A partir dos resultados apresentados na Tabela 5,
λ(s) converge para QAL,T/QAL,C, ver Equação 8. pode-se escrever as equações de Van der Veen,
tanto para as estacas de reação (média – também
QAL,T (s) chamados de ensaios de tração), quanto para a
λ(s) ≈ ∴ QP (s) → 0 (8)
QAL,C (s) estaca de compressão, Equações 10 e 11,
respectivamente.
À medida que os deslocamentos aumentam e a
parcela de ponta começa a reagir, o valor de λ(s)
𝑄𝐴𝐿,𝑇 (𝑠) = 𝑄𝐴𝐿,𝑇 . (1 − 𝑒 −𝑎𝑇 .𝑠−𝑏𝑇 ) (10)
deve diminuir. Para se obter o índice λ(s) de
forma contínua e para um intervalo de recalques,
foi realizado ajuste nas curvas de tração e 𝑄𝐴𝐿,𝑇 (𝑠) = 1.199. (1 − 𝑒 −0,113.𝑠−0,013 ) (10a)
compressão a partir do Método de Van der Veen
(VDV) (1953), Equação 9. 𝑄𝐶 (𝑠) = 𝑄𝑈,𝐶 . (1 − 𝑒 −𝑎𝐶 .𝑠−𝑏𝐶 ) (11)

𝑄(𝑠) = 𝑄𝑈 . (1 − 𝑒 −𝑎.𝑠−𝑏 ) (9) 𝑄𝐶 (𝑠) = 3.548. (1 − 𝑒 −0,046.𝑠−0,088 ) (11a)

Onde QU é a carga última do sistema, e os Como já falado anteriormente o valor da carga


parâmetros a e b são coeficientes do método. última para o ensaio de Reação média representa
Oliveira (2013) apresenta a demonstração física a parcela de resistência por atrito lateral na tração
desse método. Acerca dos ajustes, foi utilizada a QAL,T. Assim QAL,T = 1.199 kN. Então para se
curva carga x deslocamento média das estacas de obter o valor de QAL,C (compressão), basta
reação. Dessa forma o atrito na compressão seria multiplicar QAL,T pelo índice QAL,T/QAL,C, o qual
a relação do atrito das estacas de reação por λ. para pequenos deslocamentos pode ser
aproximado por λ(s). A equação de λ(s) pode ser
5 RESULTADOS OBTIDOS escrita em função dos parâmetros de Van der
Os resultados obtidos pelo método de Van der Veen, segundo as Equações 12 e 12a. O que
Veen (1953) são apresentados na Tabela 5 e permite construir a curva estimada de λ(s),
Figura 5.
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𝑄𝐴𝐿,𝑇 .(1−𝑒 −𝑎𝑇 .𝑠−𝑏𝑇 ) Assumindo que λ=0,55 e QAL,T = 1.199 kN, o
𝜆(𝑠) = (12) valor de QAL,C é dado pela Equação 8, QAL,C=
𝑄𝑈,𝐶 .(1−𝑒 −𝑎𝐶 .𝑠−𝑏𝐶 )
QAL,T/ λ = 2.180 kN. E o valor da Resistência de
1.199.(1−𝑒 −0,113.𝑠−0,013 ) Ponta QP pode ser obtido pela diferença QU,C –
𝜆(𝑠) = (12a)
3.548.(1−𝑒 −0,046.𝑠−0,088) QAL,C -> QP = 3.548-2.180 = 1.278 kN. A
equação do atrito na compressão pode ser obtida
dividindo a Equação 10, por λ, Equação 13.

𝑄𝐴𝐿,𝑇
𝑄𝐴𝐿,𝐶 (𝑠) = . (1 − 𝑒 −𝑎𝑇 .𝑠−𝑏𝑇 ) (13)
𝜆

𝑄𝐴𝐿,𝐶 (𝑠) = 2.180. (1 − 𝑒 −0,113.𝑠−0,013 ) (13a)

A Equação da Ponta QP(s) é obtida pela


subtração das Equações 11 e 13, Equação 14.
Figura 5. Curva estimada do índice λ(s), modelado pelos 𝑄𝑃 (𝑠) = 𝑄𝐶 (𝑠) − 𝑄𝐴𝐿,𝐶 (𝑠) (14)
parâmetros de Van der Veen (1953). Fonte: autores, 2018.
A partir das Equações 13, e 14 pode-se adicionar
Como já foi citado anteriormente, avaliando a à Figura 4 as curvas do atrito na compressão e da
Equação 7 espera-se que a partir de certo nivel ponta, Figura 7.
de deslocamento a resistência de ponta seja
mobilizada, e o denominador da Equação 7
aumente, diminuindo a relação λ(s). Fato que é
observado na Figura 5, modelada pela Equação
12 e 12a, a partir das equações de Van der Veen.
Como o objetivo é avaliar o valor de λ(s) no
domínio do atrito, com a finalidade de estimar a
relação QAL,T/QAL,C (antes da mobilização de
ponta), será avaliado o trecho do gráfico (para
esse exemplo) até 10 mm, na Figura 6. Foram
plotados os valores de QAL,T/QAL,C reais, obtidos
a partir da relaçao entre os pontos do ensaio, e os
estimados pela Equação 12 – linha tracejada. Figura 7. Curvas obtidas para Ponta e Atrito na
Compressão (Reação ajustada). Fonte: autores, 2018.
Assim o valor médio estabilizado do parâmetro
λ foi encontrado de 0,55. Vale salientar que o Algumas considerações devem ser feitas. O
valor de λ estabilizou para deslocamentos entre recalque (s0) para o valor de pico de λ = λ(s0),
1 e 2% do diâmetro da estaca. observado na Figura 5, representa o recalque
para o início da mobilização da resistência de
ponta e aqui foi chamado de s0. Esse valor pode
ser obtido derivando-se e igualando-se a 0 a
Equação 12, ou, de forma aproximada,
graficamente. O valor encontrado de s0 foi de 7
mm. Que representa 1,6% do diâmetro do círculo
circunscrito à estaca (estaca de 310 mm,
diâmetro de 438 mm). O resumo de todos os
valores encontrados e envolvidos é apresentado
no Quadro 1.
Figura 6. Resultados reais obtidos do índice λ(s) e
resultados obtidos a partir da Equação 12. Fonte: autores,
2018.
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Quadro 1 – Grandezas obtidas na metodologia, símbolos negativos, como se indicasse uma tensão
utilizados, e valores encontrados, Fonte: Autores, 2018. residual na ponta, com valor de vértice negativo
Valor em torno do recalque s0 = 7 mm. Vale salientar
Grandeza Símbolo
encontrado que para recalques muito pequenos (s<1,0mm),
Carga última o erro das estimativas pelo método de Van der
de tração/
Veen (1953) se mostrararam maiores. Uma
Atrito na
sugestão para trabalhos futuros consiste em
tração/Carga QAL,T 1.199 kN
última nas avaliar melhor a curva de ponta, e o recalque
estacas de para início da mobilização da resistência de
reação ponta.
Carga última
ensaio de QU,C 3.458 kN 6 COMPARAÇÃO COM A LITERATURA
compressão
Equação de A partir da revisão realizada por Paschoalin
tração 𝑄𝐴𝐿,𝑇 (𝑠) = 𝑄𝐴𝐿,𝑇 . (1 − 𝑒 −𝑎𝑇 .𝑠−𝑏𝑇 ) Filho (2008) foi possível comparar os resultados
(reação) 𝑄𝐴𝐿,𝑇 (𝑠) = 1.199. (1 − 𝑒 −0,113.𝑠−0,013 ) obtidos com os valores encontrados e sugeridos
(VDV) na literatura. Foi possível observar que o valor
Equação de de λ encontrado (0,55) está abaixo dos valores
Compressão
𝑄𝐶 (𝑠) = 𝑄𝑈,𝐶 . (1 − 𝑒 −𝑎𝐶 .𝑠−𝑏𝐶 )
𝑄𝐶 (𝑠) = 3.548. (1 − 𝑒 −0,046.𝑠−0,088 ) encontrados (0,84~0,85) por Carvalho et al
(VDV)
(1991) e Carneiro et al (1994) estudando estacas
𝑄𝐴𝐿,𝑇 . (1 − 𝑒 −𝑎𝑇 .𝑠−𝑏𝑇 )
𝜆(𝑠) = moldadas in loco no campo experimental da
Equação de 𝑄𝑈,𝐶 . (1 − 𝑒 −𝑎𝐶 .𝑠−𝑏𝐶 ) USP. Também esta abaixo dos valores
λ(s) 1.199. (1 − 𝑒 −0,113.𝑠−0,013 )
𝜆(𝑠) = encontrados por Berigen et al (1979) que
3.548. (1 − 𝑒 −0,046.𝑠−0,088 ) estudando estacas cravadas obteve valores entre
Pequenos 0,65 a 0,76, com média 0,70. Nessa faixa de
recalques, valores encontrados por Berigen ainda se
λ ponta →0. 0,55 (-)
encontram as sugestões de McClelland (1972) e
λ= λ(s)
estabilizado Poulos e Davis (1980). Os valores encontrados
Relação nesse trabalho se encaixam no intervalo de
QAL,T/QAL,C valores (0,53~0,55) sugeridos por Brinch-
entre atritos:
aproximado 0,55 (-) Hansen (1968) se utilizando de equações da
tração e
por λ
compressão teoria da elasticidade (ver Figura 8) apresentados
Atrito na 𝑄𝐴𝐿,𝑇 por Paschoalin Filho (2008). Vale salientar que
𝑄𝐴𝐿,𝐶 = 2.180 kN
compressão 𝜆 todas essas referências citadas acima foram
Equação 𝑄𝐴𝐿,𝑇 obtidas de Paschoalin Filho (2008).
𝑄𝐴𝐿,𝐶 (𝑠) = . (1 − 𝑒−𝑎𝑇 .𝑠−𝑏𝑇 )
atrito na 𝜆
compressão 𝑄𝐴𝐿,𝐶 (𝑠) = 2.180. (1 − 𝑒 −0,113.𝑠−0,013 )
Resistência
QP = QU,C-QAL,C 1.278 kN
de Ponta
Equação da
𝑄𝑃 (𝑠) = 𝑄𝐶 (𝑠) − 𝑄𝐴𝐿,𝐶 (𝑠)
Ponta (VDV)
Recalque 7 mm
para inicio (1,6% diâmetro
s0
mobilização circulo
de ponta circunscrito)

Observando a Figura 7, até o recalque s0 = 7 mm


a curva da ponta apresenta uma forma próxima a Figura 8. Comparação dos resultados obtidos com os
uma parábola, e inclusive apresentando valores valores citados por Paschoalin Filho (2008). Fonte:
autores, 2018.
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7 CONCLUSÕES

Foi proposta metodologia em que a partir da


medição da deformação do sistema de reação é
possível se obter mais informações dos
resultados de PCE.
Foi possível obter o valor do atrito máximo na
tração, os ajustes das curvas com índice de
correlação elevado, e se estimar a relação entre o
atrito na tração e na compressão. Para tanto foi
considerada a hipótese de que para pequenos
deslocamentos a resistência de ponta converge
para o valor nulo. O valor do recalque para início
da mobilização de ponta é coerente com valores
sugeridos na literatura (1 a 2 % do diâmetro da
estaca). Foi possível obter relação entre as
resistências por atrito na tração e na compressão,
estando dentro da faixa sugerida por diversos
autores.

8 REFERÊNCIAS

Chin, F. K. (1970). Estimation of the Ultimate Load of


Piles from Tests nor Carried to Failure. 2nd Southeast
Conference on Soil Engineering, Singapore, pp. 91-92.

Décourt, L. (1996). A ruptura de fundações avaliada com


base no conceito de rigidez. In: Seminário de
Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia, III
SEFE, São Paulo-SP. Anais. ABEF e ABMS, 1: 215-
224.

Oliveira, P.E.S. (2013) Análise de provas de carga e


confiabilidade para Edifício comercial na Região
Metropolitana do Recife. Dissertação de Mestrado.
UFPE, Recife/PE.

Orlando, C., & Maffei, C. E. M. (2000). Comparação


entre a resistência de atrito lateral na tração e na
compressão de estacas em areias, através de modelos
físicos. In SEFE IV: anais. São Paulo: ABEF/ABMS.

Paschoalin Filho, J.A. (2013) Estudo do comportamento à


tração axial de diferentes tipos de estacas em solo de
diabásio da região de Campinas /SP / Campinas, SP,
2008.

Van der Veen, C. (1953). The Bearing Capacity of a Pile.


3rd International Conference on Soil Mechanics and
Foundation Engineering, Zurich, 2: 84-90.

Zhang Q.Q., Li S.C, Zhang Z.M. (2013). Influence of


reaction piles on test pile response in a static load test.
In Journal of Zhejiang University/ China.

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