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Se não há um conceito fechado sobre o que seja a História, as grandes guinadas que
ela tem dado enquanto disciplina pelo menos permitem apontar o que ela não deve ser mais
ou o que não deve ser, sem que isso implique necessariamente que não seja salvaguardado
o que de produtivo se constituiu ao longo das práticas e sem dúvida permitiu a permanente
historiador como a sua mais alta patente – nos seus atributos de registro do passado; ela se
arroga a autoridade maior da fala sobre os fatos, homens, mulheres e datações de outras
temporalidades e dando-se o direito de decidir sobre o que deve ser lembrado e celebrado
(Pesavento, 2004:7).
Aquilo que virá a ser chamada de “história nova” a partir da década de 1970, nasceu
em grande parte de um basta contra a escola positivista do século XIX. Se é verdade que os
historiadores positivistas fundam a crítica dos documentos de arquivo, é com a escola nova
que o campo do documento histórico é ampliado; não seriam somente os textos, mas
cada vez mais na vida das nações era indubitável; por outro lado a vagueza do termo
“social” permitia falar de tudo. De 1924 a 1929 a luta da revista foi contra a história política
por ser
superfície dos acontecimentos e investe tudo num fator e recusa identicamente a fraqueza
motivo e causa. A crítica da noção de “fato histórico” pode ser resumida no seguinte: não
existe realidade histórica acabada que se ofereça por si própria ao historiador. O objeto
histórico não está dado, o passado histórico não está dado; em verdade ele não existe. Para
forma, o objeto não está dado. É criado pelo historiador, construído “com ajuda de
Bloch a recusa do “ídolo das origens” bem como o estar atento às relações entre passado e
Depois da segunda guerra mundial a grande contribuição dos mestres ligados aos
pesquisa e discussão interdisciplinar (VI seção da École Pratique des Hautes Études). Nesse
novos métodos que renovaram domínios tradicionais da história (...) e, principalmente pelo
escola nova sendo a mais fecunda a idéia de longa duração, princípio segundo o qual a
história caminharia mais ou menos depressa, todavia as suas forças profundas só atuariam e
movia por uma orientação marxista e em menor escala, ao longo dessa década, se inspirava
na escola dos Annales, frisando-se que é somente na virada dos 90 que a maneira positivista
de fazer história passa a ser verdadeiramente questionada entre nós conjuntamente com o
nos chegava o que na Europa estava sendo visto como a crise dos paradigmas (Pesavento,
2004:9-17). Do ponto de vista de uma crítica aos Annales, essa corrente, privilegiando o
social e o econômico da realidade, mesmo sendo crítica do marxismo, relegou a cultura a
uma terceira instância. Em resumo a crise dos paradigmas resultou naquilo que ficou
História e Dialogismo
explicitamente a presença da história da arte nas suas produções (Bittencourt, 1998: 92). É
bem verdade que nem todas as obras possuem dimensões de diálogos facilmente
Jobim a Bachiana no. 5 de Villa-Lobos. Mas estão lá e fazem parte da aventura da leitura e
Essas idéias são reflexos da obra do russo Mikhail Bakhtin, a partir de seus estudos
referências que a ela foram feitas em época distintas. Ressoam através de uma grande
pensamento do outro que manifesta sua vontade, sua expressão, seus signos” e o autor
permeia o todo da obra, não podendo ser encontrado em nenhum elemento separado do
todo, e menos ainda no conteúdo da obra se este estiver separado do todo. Dessa maneira, o
percebemo-lhe a presença acima de tudo na forma (Bakhtin, p.403). Ainda com relação ao
autor vale dizer que este não cria a realidade; ele cria imagens bem como o sistema de
imagens de uma obra. E compreender uma obra significa então ter em vista a presença de
quem fala, seu estilo e a sua construção composicional” (Bittencourt, p. 97). Compreender
o enunciado de uma obra musical, por conseguinte, significa, entre tantos, perceber as suas
relações com outros enunciados de outras obras. Isto significa compreender no enunciado
dado e criado. Um problema para o ensino de história da arte, por exemplo, estaria na
atitude de se preocupar apenas com o enunciado já previamente dado na obra sem que se
enunciado está na emissão de uma resposta por aquele que interpreta, pelo leitor, sendo essa
da obra. Esse processo culmina num encontro de duas obras: aquela concluída e a outra,
que está sendo elaborada pelo sujeito que toma conhecimento dela. Porque há uma
Algumas conseqüências metodológicas já podem ser tiradas do que foi até aqui
das suas obras. Esse dialogismo implica em que à sua cultura, tomada como o dado
expresso na materialidade das formas e dos conteúdos, soma-se a sua fala original e
específica, o criado; deve haver o esforço, a busca por localizar e escutar as vozes dos
outros sujeitos e que se acham embutidas nas obras, “numa tentativa de aproximação com o
conhecimento anterior (os enunciados já construídos por outros estudiosos sobre o tema e
comentário (...)”; do ponto de vista dos documentos, estes são obras humanas, “não sendo
temporalidades.
forma como o autor reconstrói o conteúdo e o seu enunciado (novo contexto), impingindo-
lhe os múltiplos diálogos travados com outros autores, com sua época e outras épocas e,
históricos podem muito bem ser propostos em sala de aula sob a perspectiva bakhtiniana,
concepção de tempo histórico linear uma vez que o desvendar dos diálogos os
complexa. Nesse sentido a melhor didática e estratégia de ensino não podem abrir mão da