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Mediação
Sumário
5.1 Objetivos
5.2 Origem e conceituação
5.3 Paradigmas
5.4 Princípios da mediação
5.5 Atitudes do mediador
5.6 Aplicabilidade da mediação
5.7 Procedimentos de mediação
5.8 Referências bibliográficas e sugestões de leitura
5.1 Objetivos
- conceituar a mediação;
- diferenciar a mediação de outros métodos alternativos de resolução de conflitos;
- identificar as técnicas de mediação;
- conhecer os procedimentos de mediação;
- conhecer as situações às quais a mediação se aplica.
Mediação é o procedimento autocompositivo pelo qual duas ou mais partes, com auxílio de um
terceiro personagem (o mediador) treinado para a função, imparcial, independente e livremente
aceito, explicam as razões reais ou imaginadas do conflito, são ouvidas e questionadas,
dialogam e buscam identificar interesses comuns no objetivo de adotarem uma solução
adequada e duradoura para o conflito. O mediador não tem poder de decisão e nem
ascendência hierárquica sobre as partes.
5.3 Paradigmas
“Num processo formal, instaurado sob a garantia do contraditório, o autor deve expor todos os
argumentos que sustentam o seu direito na petição inicial, bem como indicar as provas que
pretende produzir. Depois de constituída a relação processual não pode, sem a concordância
do réu, formular novos pedidos. Da mesma forma, na peça de bloqueio deve o réu rechaçar
todas as alegações do autor, e indicar as provas que contraporá. Isso leva a que se formule
pedidos além do necessário e se formule resposta acima do razoável, para, no processo
dialético, se chegar a uma solução mais satisfatória.
Como consequência lógica de tal princípio tem-se o acirramento de posições, pedidos
excessivos, atribuição de culpa, descolamento de reais interesses. É o conceito legal trazido no
CPC no art. 219: ‘A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a
coisa’.
Já na justiça autocompositiva, a fluidez do meio empregado favorece a construção continuada
do objeto da disputa, sob o aspecto objetivo e sob o aspecto subjetivo. O foco se faz nos
interesses, que podem ser alterados e descobertos pelas partes durante o processo de
construção da solução pactuada” (NETO, 2011, p. 3-4).
“Notou-se que a conciliação tende a lidar com um volume maior de casos do que a
mediação, podendo atuar na esfera das disputas e nos limites do objeto do processo judicial,
com um procedimento mais simples, voltado ao acordo, e sem que a relação entre as partes
tenha que ser continuada. Já a mediação trabalha mais profundamente as facetas do conflito e
os interesses das partes que estão por trás das disputas, estando voltada a relações
continuadas, com um processo que demanda mais tempo e que não tem o acordo como meta,
mas apenas como um dos resultados possíveis.” (GABBAY, 2011, p 82 – sem grifo no original).
Introdução
O Conselho Nacional de Justiça, a fim de assegurar o desenvolvimento da Política
Pública de tratamento adequado dos conflitos e a qualidade dos serviços de conciliação e
mediação enquanto instrumentos efetivos de pacificação social e de prevenção de litígios,
institui o Código de Ética, norteado por princípios que formam a consciência dos terceiros
facilitadores, como profissionais, e representam imperativos de sua conduta.
§1º Confidencialidade – Dever de manter sigilo sobre todas as informações obtidas na sessão,
salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não
podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer
hipótese;
§2º Competência – Dever de possuir qualificação que o habilite à atuação judicial, com
capacitação na forma desta Resolução, observada a reciclagem periódica obrigatória para
formação continuada;
§4º Neutralidade – Dever de manter equidistância das partes, respeitando seus pontos de vista,
com atribuição de igual valor a cada um deles;
§5º Independência e autonomia - Dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão
interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes
as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo obrigação de
redigir acordo ilegal ou inexequível;
§6º Respeito à ordem pública e às leis vigentes – Dever de velar para que eventual acordo
entre os envolvidos não viole a ordem pública, nem contrarie as leis vigentes.
§2º Autonomia da vontade – Dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos,
assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para
tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo, podendo inclusive interrompê-lo a
qualquer momento.
§3º Ausência de obrigação de resultado – Dever de não forçar um acordo e de não tomar
decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que
podem ou não ser acolhidas por eles.
§4º Desvinculação da profissão de origem – Dever de esclarecer aos envolvidos que atua
desvinculado de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária orientação ou
aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento poderá ser convocado para a sessão
o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos.
Art. 4º O conciliador/mediador deve exercer sua função com lisura, respeitando os princípios e
regras deste Código, assinando, para tanto, no início do exercício, termo de compromisso e
submetendo-se às orientações do juiz coordenador da unidade a que vinculado.
Art. 8º. O descumprimento dos princípios e regras estabelecidos neste Código, bem como a
condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do conciliador/mediador do
respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do
Poder Judiciário nacional.
Parágrafo único – Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequada por
parte do conciliador/mediador poderá representar ao Juiz Coordenador a fim de que sejam
adotadas as providências cabíveis.
despachados pelos magistrados, que indicarão o método de solução de conflitos a ser seguido,
retornando sempre ao órgão de origem, após a sessão, obtido ou não o acordo, para extinção
do processo ou prosseguimento dos trâmites processuais normais.
Qualquer conflito ou desentendimento pode ser mediado, desde que não haja perigo iminente e
nem ameaças sérias entre as partes.
A mediação, por restabelecer um canal de diálogo, é recomendada em conflitos de duração
continuada. Assim, são passíveis de mediação processos que envolvam:
§2º Autonomia da vontade – Dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos,
assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para
tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo, podendo inclusive interrompê-lo a
qualquer momento.
§3º Ausência de obrigação de resultado – Dever de não forçar um acordo e de não tomar
decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que
podem ou não ser acolhidas por eles.
§4º. Desvinculação da profissão de origem – Dever de esclarecer aos envolvidos que atua
desvinculado de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária orientação ou
aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento poderá ser convocado para a sessão
o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos.
Arbitragem
Sumário
6.1 Objetivos
6.2 Origem e conceituação
6.3 Paradigmas
6.4 Princípios da arbitragem
6.5 Atitudes do árbitro
6.6 Aplicabilidade da arbitragem
6.7 Procedimentos de arbitragem
6.8 Referências bibliográficas e sugestões de leitura
6.1 Objetivos
Ao final da unidade, você estará apto a:
- conceituar a arbitragem;
- diferenciar a arbitragem de outros métodos alternativos de resolução de conflitos;
- identificar as técnicas de arbitragem;
- conhecer os procedimentos de arbitragem;
- conhecer as situações às quais a arbitragem se aplica.
heterocompositiva em que a sentença proferida pelo árbitro é tão vinculante quanto a sentença
proferida por um juiz. A particularidade da sentença arbitral é que, se não cumprida, é
necessário apelar aos tribunais para a implementação de atos que resultem em constrição no
patrimônio da parte inadimplente (cumprimento da sentença).
Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam
equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal.
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso
ou a homologação pelo Poder Judiciário
Algumas brechas para postergar o cumprimento da sentença presentes na Lei 9.307/96 foram
sanadas pela Lei 11.232/2005, afastando a possibilidade das sentenças arbitrais serem
consideradas como parciais ao ajustá-las ao devido processo legal (para uma visão completa
das alterações promovidas pela Lei 11.232/2005, ver Lei 11.232/05 comentada[LOPES, 2013]).
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos
princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.
Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada
manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro
meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para,
em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral.
[…]
Art. 22 […]
6.3 Paradigmas
A arbitragem é método alternativo e adversarial de resolução de conflitos, predominando a
autonomia e vontade das partes na sua escolha para solução de possíveis conflitos. Um
terceiro ator, o árbitro, decide qual a solução adequada para o caso e emite uma sentença, que
deve necessariamente conter os requisitos elencados no art. 26 da Lei nº, 9.307/96. Os efeitos
da sentença incidem sobre direitos patrimoniais disponíveis, de acordo com o artigo 1º da
mesma lei.
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis. (nenhum dos grifos inclusos nesta transcrição da
Lei existem no original, tendo sido inclusos por razões didáticas)
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral
mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o
compromisso arbitral.
[…]
Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos os árbitros.
Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros não poder
ou não querer assinar a sentença, certificar tal fato.
A decisão arbitral tem início no momento de aceitação do árbitro ou árbitros (Lei 9.307/1996,
art. 19) e a sentença, com prazo máximo de seis meses para ser proferida, a menos que
convencionado diferentemente pelas partes (art. 23), finda o procedimento arbitral e deve ser
escrita (art. 24). O art. 26 da Lei de Arbitragem, já exposto anteriormente em “paradigmas”,
detalha os requisitos a serem preenchidos pela sentença.
“A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença
proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo”
(art. 31).
Finalizando, uma sentença arbitral estrangeira poderá ser reconhecida no Brasil, desde que
obtenha sua homologação (arts. 34 a 40).
O Art. 14 da Lei de Arbitragem estabelece que “Estão impedidos de funcionar como árbitros as
pessoas que tenham, com as partes ou com o litígio que lhes for submetido, algumas das
relações que caracterizam os casos de impedimento ou suspeição de juízes, aplicando-se-lhes,
no que couber, os mesmos deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código de
Processo Civil”. O parágrafo 1º desse artigo destaca explicitamente uma questão de natureza
ética quanto aos árbitros: “As pessoas indicadas para funcionarem como árbitros têm o dever
de revelar, antes da aceitação da função, qualquer fato que denote dúvida justificada quanto às
suas imparcialidades e independências”.
Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir
testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias,
mediante requerimento das partes ou de ofício
Sumário
7.1 Objetivos
7.2 Significados e alcances da globalização
7.3 Globalização e direito
7.4 Arbitragem e globalização
7.5 Referências bibliográficas e sugestões de leitura
7.1 Objetivos
Ao final da unidade, você estará apto a:
c) Os direitos não são vistos apenas como atributos decorrentes de atividades passadas, mas
voltam-se, principalmente, para as ações futuras, não limitadas pela tradição. Direito torna-se
sinônimo de experimentação. Nesta, o risco e a imprevisibilidade são elementos indissociáveis
da ação e a responsabilidade por danos a terceiros é razoável apenas em senso estrito, ou
seja, não abarca causas externas previamente impossíveis de serem avaliadas como afetando
os direitos subjetivos daqueles. Tal caracterização de “direitos” é necessária como modo de
incentivo à geração de conhecimento e coordenação de ações sob condições de incerteza;
d) Direitos não são disposições de recompensas exclusivas, mas, por se apoiarem na
produção de conhecimento resultantes de processos coletivos de produção e distribuição de
riquezas, tanto de atores públicos quanto privados, devem necessariamente decorrer de
consensos e acordos;
Mas, “década perdida” por quê? Por acaso os fatos e os acontecimentos cotidianos de então
transcorreram plenos de anormalidades?
1983 foi decretada moratória no pagamento da dívida externa, deixando de pagar o principal e
pagando apenas os juros. Em 20 de fevereiro de 1987, os juros das dívidas externas de médio
e longo prazo deixaram de ser pagos. No período de 10 anos, o Brasil conheceu três moedas
diferentes: Cruzeiro até 27 de fevereiro de 1986, quando o decreto-lei n° 2.283 desvalorizou a
moeda de até então em 1000% e criou o Cruzado. Em janeiro de 1989, com o Plano Verão,
nova troca na unidade monetária, com o Cruzado Novo, e desvalorização de 1000% do
Cruzado. O Cruzado sobreviveu até 15 de março de 1990, sendo substituído no dia seguinte
pelo Cruzeiro.
Na abordagem tradicional do direito, ou “de cunho clássico”, como conceitua Norberto Bobbio
(BOBBIO, 2007), o Direito é conceituado como expressão da soberania e engloba os
problemas enfrentados por um ramo da ciência social que se considera, desde o positivismo de
Kelsen, “pura” e autossuficiente. Não propõe a necessidade de uma visão poli contextualizada
e heterogênea do ambiente social (LADEUR, 1999), a exigir a adaptação integrativa do aparato
jurisdicional. Como consequência, os tribunais se configuram fechados na visão de uma ordem
jurídica de cunho iluminista e incapaz de dialogar com ramos correlatos do conhecimento. A
arbitragem rompe com o isolamento e fechamento dos tribunais. Por situar-se na esfera do
eminentemente privado, o processo arbitral mostra-se flexível, maleável e atenta aos
interesses de um mundo globalizado. Qual operador do Direito poderia, por exemplo, imaginar
a seguinte regra de arbitragem (CAMARCOM, 2013).
Palavras finais
Chegamos ao término de nosso curso.
Esta unidade contém apenas algumas citações que, espera-se, sirvam como incentivo para a
continuidade dos estudos sobre os métodos alternativos de resolução de conflitos não apenas
com olhar técnico, mas sob perspectivas do direito político e, por que não, da filosofia e da
teoria geral do direito.
A ideia que norteou a pesquisa e indicação desse material é servir de apoio para o
posicionamento crítico frente às citações apresentadas.
“Apesar das críticas feitas ao judiciário brasileiro, estudos recentes demonstram que o sistema
estatal de resolução de disputas enfrenta problemas em todo o mundo. Analisadas três
variáveis básicas (tempo, custo e isenção das decisões), é difícil encontrar algum país cujo
judiciário apresente uma relação equilibrada entre elas na solução dos litígios. Se, por um lado,
o Judiciário brasileiro é criticado pela sua lentidão e pela quantidade de recursos, o Judiciário
norte-americano, muitas vezes usado como referência de eficiência, é criticado pelos seus
custos e pelo excesso de estímulos à realização de acordos. Estudos demonstram que, desde
1985, apenas 1,8% das ações iniciadas chegaram a ser julgadas nos Estados Unidos.”
(CAVALCANTI, 2010)
“São de duas espécies os argumentos esgrimidos a favor do movimento das ADR [Alternative
Dispute Resolution, ou na nomenclatura correspondente em português, Métodos alternativos
de resolução de conflitos], uma de natureza quantitativa, outra de natureza qualitativa.
O argumento de natureza quantitativa é o mais invocado. Segundo ele, a ADR deveria ser
incentivada porque é uma maneira mais eficiente de solução das disputas, de menor custo e
muito mais rápida.
O segundo argumento, ‘qualitativo’, parte de uma abordagem segundo a qual a ADR
possibilita uma maior participação das partes no desenvolvimento do processo e permite a elas
um maior controle sobre o resultado do processo – afinal, são elas que definem esse resultado.
Além disso, sustenta-se que a ADR oferece uma maior possibilidade de reconciliação entre as
partes, garantindo uma melhor comunicação entre elas, aumentando assim a probabilidade de
manutenção ou recuperação das relações interpessoais. Segundo esta visão, enquanto o
processo judicial ordinário “olha para o passado” da relação litigiosa, a ADR “olha para o
futuro”, ficando mais próxima da ideia de justiça coexistencial da qual se fala frequentemente”
(NETO. 2011, p. 121-122)
“Na hipótese de não haver a intenção de um conflito ser levado ao Poder Judiciário, não há
impedimento de o assunto permaneçer na esfera particular. Não existe inconstitucionalidade
nesse procedimento, nem se priva o Poder Judiciário de conhecer qualquer questão que lhe
seja eventualmente aberta. Fica exclusivamente a critério da parte escolher árbitros ou
escolher uma instituição especializada em arbitragem, ou ainda, Tribunal Estatal” (Oporto e
Vasconcellos, texto sem data)
Referências bibliográficas
CAVALGANTI, Fabiano Rovalinho. Arbitragem e mediação. Rio de Janeiro: FGV, 2010.
PINTO, José Emilio Nunes. A confidencialidade na arbitragem. São Paulo: 2004. Disponível
em http://www.ccbc.org.br/download/artarbit11.pdf. Consulta em 30/07/2013.