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ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE-ESMAC


CURSO BACHARELADO EM DIREITO

O RECONHECIMENTO SUPERVENIENTE DA AUSÊNCIA DE INTERESSE


DE AGIR EM AÇÕES PENAIS COM INCIDÊNCIA DA LEI Nº 11.340/2006,
TRAMITADAS DE MARÇO A AGOSTO DE 2017, NO ÂMBITO DA 4ª
VARA CRIMINAL DE ANANINDEUA/PA.

THAYNÁ BRITO ESTUMANO

Ananindeua/PA
2017
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THAYNÁ BRITO ESTUMANO

O RECONHECIMENTO SUPERVENIENTE DA AUSÊNCIA DE INTERESSE


DE AGIR EM AÇÕES PENAIS COM INCIDÊNCIA DA LEI Nº 11.340/2006,
TRAMITADAS DE MARÇO A AGOSTO DE 2017, NO ÂMBITO DA 4ª
VARA CRIMINAL DE ANANINDEUA/PA.

Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de


Conclusão de Curso I, turmaDIR8T2,como
requisito para avaliação do 1º NPC, orientado pelo
professor Roberto Magno Reis.

Ananindeua/PA
2017
1 Introdução do Projeto
O presente trabalho nasce como consequência de uma análise processual onde se
observou a aplicabilidade contumaz de manifestações do Ministério Público do Estado do
Pará a requerer, em ações sobrestadas, o reconhecimento superveniente da perda do interesse
processual de agir, e, em razão deste fenômeno, o advento de sentenças que por inutilidade
processual, reconheceram a extinçãoda punibilidade do agente.

Neste contexto, sobreveio a necessidade de delimitar pormenorizadamente, a partir de


uma análise documental de peças jurídicas a serem obtida mediante pesquisa de campo, e a
utilizar métodos deamostragem e estatísticas descritivas, de modo a inferir as circunstâncias
que corroboram para a aplicabilidade do reconhecimento superveniente de desinteresse
processual.

Desta forma, revela-se o seguinte questionamento: Quais são as circunstâncias que


ensejaram as manifestações do Ministério Público do Estado do Pará, a requerer o
reconhecimento superveniente da ausência de interesse de agir em ações penais com
incidência da Lei nº 11.340/2006, tramitadas de março a agosto de 2017, no âmbito da 4ª Vara
Criminal de Ananindeua/PA.

2 Problema de pesquisa

A problemática desta pesquisa revelou-se aquando da experiência vivenciada por esta


pesquisadora, em estágio acadêmico supervisionado exercido no Ministério Público do Estado
do Pará, vinculada ao 4º Promotor de Justiça Criminal da Comarca de Ananindeua/PA, com
atuação específica na área de violência doméstica e familiar contra a mulher em razão da
vulnerabilidade de gênero.

Durante o período de março a agosto de 2017 (dois mil e dezessete) verificou-se a


introdução de um posicionamento jurisprudencial e doutrinário na interpretação do Promotor
de Justiça ao analisar processo acautelados, com um lapso temporal superior a 1 (um) ano sem
que houvesse qualquer manifestação, a contar da última causa interruptiva ou suspensiva do
prazo prescricional.

Dado o enorme quantitativo de processos e a insuficiência de meios para a devida


instrução processual é que se fincou a utilização prática de manifestações ministeriais a requer
uma prescrição antecipada ou virtual, de modo a diagnosticar os processos em que
inarredavelmente ocorreria a prescrição retroativa, a fim de prematurar uma sentença que
inexoravelmente reconheceria a extinção da punibilidade do réu em razão do enceramento de
prazo prescricional da pretensão punitiva do Estado.

Diante desta situação, demonstrou-se a necessidade de elaboração de pesquisa de


campo, com objetivo de efetuar análise documental, aplicar metodologia de amostragem e
estatísticas descritivas, para então, determinar em expressões numéricas as circunstâncias que
ensejaramo reconhecimento superveniente da ausência de interesse de agir nas ações penais
com incidência da Lei nº 11.340/2006, tramitadas de março a agosto de 2017, no âmbito da 4ª
Vara Criminal de Ananindeua/PA.

3 Hipótese

Parte a hipótese de fatores inerentes aos pressupostos da Ação Penal, dos quais,
essencialmente o interesse processual de agir, subdividindo-se em necessidade, utilidade e
adequação, é que se poderá determinar a conveniência do prosseguimento ou não daquela
persecução criminal.

Pressupõe-se que no curso da ação penal, diversos fatores obstam para o regular
prosseguimento do transcurso dos atos que compõe a persecução, nesse sentido, a ausência de
citação pessoal do réu e a morosidade administrativa dos atos judiciais, poderiam acarretar a
demora de lapsos temporais entre os marcos interruptivos dos prazos prescricionais, como a
data do recebimento da denúncia e a data da sentença.

Cogita-se ainda, a possibilidade de haver uma diagnose jurídica acerca


dascircunstâncias favoráveis e desfavoráveis para a eventual condenação do réu, a sopesar
antecipadamente os preceitos do art. 59 do Código Penal Brasileiro à luz do caso concreto, a
demonstrar uma dosimetria de pena efetuada pelo Promotor de Justiça, que indica a
probabilidade ou não de se alcançar a condenação efetiva ao fim do processo.

4 Justificativa

A análise das circunstâncias que proporcionam a perda do interesse de agir sejustifica


na imprescindibilidade de demonstrar a aplicabilidade da prescrição virtual, ou antecipada,
sobe a ótica do cotidiano prático forense, de modo a transmitir o que vem a ser um debate
jurisprudencial e doutrinário no âmbito da realidade brasileira, a garantir a sociedade de um
modo geral expressões numéricas das quais se poderá inferir sobre a finalidade da matéria.
Importa aos operadores do direito e a comunidade jurídica como um todo, a
elaboração do presente estudo para transpassar a discussão teórica ao crivo da racionalidade
prática, a demonstrar pormenorizadamente e objetivamente as circunstâncias que
proporcionam o reconhecimento superveniente de desinteresse processual.

Pretende-se produzir através de pesquisa bibliográfica e documental, a utilizar


amostragem e estatísticas descritivas, produzidas por análise manual de casos concretos, bem
como, através disso, estabelecer mediante expressões matemáticas com estatísticas, a
obtenção de índices e gráficos que venham a demonstrar as circunstancias que oportunizam o
emprego da prescrição virtual, ou antecipada às situações práticas, para então convalidar ou
não a utilização deste mecanismo jurisprudencial e doutrinário.

5 Objetivos

O presente trabalho tem por objetivo geral determinarquais são as circunstâncias que
ensejaram as manifestações do Ministério Público do Estado do Pará, a requerer o
reconhecimento superveniente da ausência de interesse de agir nas ações penais com
incidência da Lei nº 11.340/2006, tramitadas de março a agosto de 2017, no âmbito da 4ª Vara
Criminal de Ananindeua/PA.

Para a concretização deste ato, serão primeiramente efetuadas pesquisas bibliográficas


em livros de doutrina e artigos científicos a fim de apresentar conceitos inerentes a
compreensão dos assuntos que compõe o presente trabalho.

Utilizar-se-á de pesquisas documentais em textos legislativos, jurisprudenciais e peças


jurídicas elaboras pelo Ministério Público do Estado do Pará, através de seus representantes,
com objetivo de apresentar posicionamentos da jurisprudência pátria e, especificamentena
elaboração da pesquisa de campo que serão captadas as informações nas próprias peças
jurídicas, por metodologia cientifica de amostragem e estatística descritivas a serem
produzidas manualmente em programa de computador excel.

A partir dos dados obtidos pretende-se ao final elaborar gráficos e índices que venham
a transmitir quantitativos numéricos e apresentar as circunstâncias que ensejaram o
reconhecimento superveniente da ausência de interesse de agir nas ações penais com
incidência da Lei nº 11.340/2006, tramitadas de março a agosto de 2017, no âmbito da 4ª Vara
Criminal de Ananindeua/PA, e também, apresentar considerações finais para estabelecer um
posicionamento favorável ou não perante a prescrição virtual ou antecipada.
6 Referencial teórico

De acordo com Edilson Mougenot Bonfim (2017, p. 53) o processo penal é o


instrumento do Estado para o exercício da jurisdição em matéria penal, desta forma,
apresenta-se como um:

Ramo do direito público que se ocupa da forma e do modo pelos quais os órgãos
estatais encarregados da administração da justiça concretizam a pretensão punitiva,
por meio da persecução penal e consequente punição dos culpados (BONFIM, 2017,
p. 53).

Ainda sobre o conceito de direito processual penal, Fernando Capez nos apresenta o
conceito de José Frederico Marques (MARQUES, José Frederico, apud CAPEZ, Fernando,
2017, p. 41) a dizer que o processo penal:

É o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito


Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação
dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares (MARQUES, José
Frederico. Elementos de direito penal. 2 Ed. Forense, v. 1, P. 20, citado por
CAPEZ, Fernando, 2017, p. 41).

Observa-se que há uma extensão de posicionamentos a indicar conceitos e


aplicabilidade da matéria processual penal, no entanto, adotamos a concepção do próprio
Fernando Capez (2017, p. 41) a dizer que o “Direito Processual Penal é o conjunto de
princípios e normas que disciplinam a composição das lides penais, por meio da aplicação do
Direito Penal Objetivo”.

Ao compreender o direito processual penal como normas e princípios que disciplinam


e compõe as lides penais, parte-se para a análise dos pressupostos da Ação Penal, de modo a
elencar em pormenores os elementos que subsidiam a estrutura propriamente dita, ou seja, a
ação.

A ação penal é o caminho processual delimitado por rédeas do direito material penal,
ou seja, a aplicabilidade a um caso concreto do poder-dever de punir, ou jus puniend, que é
exercido pelo Estado-Juiz a fim de satisfazer uma pretensão punitiva (CAPEZ, 2017, p. 165).
Para o funcionamento deste mecanismo faz-se necessário o conhecimento de suas
condições, que são: Possibilidade jurídica do pedido 1,Legitimação para agir2 e o Interesse de
agir, todos essenciais para o exercício da ação penal (CAPEZ, 2017, p. 167,168).

O interesse processual de agir é o marco inicial para compreensão da prescrição virtual


ou antecipada, sobre a matéria Eugênio Pacelli demonstra que:

De modo geral, na teoria do processo, afirma-se que o interesse de agir encontra-se


ligado à necessidade da escolha jurisdicional para a composição do conflito surgido
entre quem se alega titular de um direito subjetivo, oponível a outro, e este, devedor
da obrigação a ele correspondente, na clássica conceituação do direito privado, no
sentido de que a um direito corresponde um dever. A via jurisdicional, para ser
acionada, exigiria, então, o esgotamento prévio e anterior de todas as possibilidades
possíveis de auto composição.

Se assim se dá no processo civil, o mesmo não ocorre no processo penal, em que, a


partir da processualização da persecução penal não se pode pensar em imposição de
sanção penal após o devido processo legal. É claro que nas ações penais não
condenatórias (ação de revisão, mandado de segurança, habeas corpus etc.) o
interesse de agir, como condição da ação, pode perfeitamente ser aplicável ao

1 Se no processo civil o conceito de possibilidade jurídica é negativo, isto é, ele será juridicamente admissível
desde que, analisado em tese, o ordenamento não o vede, no processo penal seu conceito é aferido
positivamente: a providência pedida ao Poder Judiciário só será viável se o ordenamento, em abstrato,
expressamente a admitir. Nesse passo, a denúncia deverá ser rejeitada quando o fato narrado evidentemente
não constituir crime. Essa hipótese poderá, após oferecida a defesa dos arts. 396 e 396-A do CPP, dar causa à
absolvição sumária do agente (CPP, art. 397, III).
A fim de não se confundir a análise dessa condição da ação com a do mérito, a apreciação da possibilidade
jurídica do pedido deve ser feita sobre a causa de pedir (causa petendi) considerada em tese, desvinculada de
qualquer prova porventura existente. Analisa-se o fato tal como narrado na peça inicial, sem se perquirir se
essa é ou não a verdadeira realidade, a fim de se concluir se o ordenamento penal material comina-lhe, em
abstrato, uma sanção.
Deixa-se para o mérito a análise dos fatos provados; aprecia-se a causa petendi à luz, agora, das provas colhidas
na instrução; é a aferição dos fatos em concreto, como realmente ocorreram, não como simplesmente
narrados. Nesse momento, o Juiz deverá dizer a sentença se o pedido é concretamente fundado ou não no
direito material, ou seja, se é procedente ou improcedente (CAPEZ, 2017. P. 167, 168).
2 É, na clássica lição de Alfredo Buzaid, a pertinência subjetiva da ação. Cuida-se, aqui, da legitimidade ad
causam, que é a legitimação para ocupar tanto o polo ativo da relação jurídica processual, o que é feito pelo
Ministério Público, na ação penal pública, e pelo ofendido, na ação penal privada (CPP, arts. 24, 29 e 30), quanto
o polo passivo, pelo provável autor do fato, e da legitimidade ad processum, que é a capacidade para estar no
polo ativo, em nome próprio, e na defesa de interesse próprio (CPP, arts. 33 e 34).
Partes legítimas, ativa e passiva, são os titulares dos interesses materiais em conflito; em outras palavras, os
titulares da relação jurídica material levada ao processo. No processo penal, os interesses em conflito são: o
direito de punir, conteúdo da pretensão punitiva e o direito de liberdade. O titular do primeiro é o Estado, que
é, por isso, o verdadeiro legitimado, exercendo-o por intermédio do Ministério Público.
Não é por outro motivo que se dize que o ofendido, na titularidade da ação privada, é senão um substituto
processual (legitimação extraordinária), visto que só possui, mas no interesse alheio, isto é, do Estado.
Legitimados passivos são os suspeitos da prática da infração, contra os quais o Estado movimenta a persecução
acusatória visando a imposição de alguma pena (CAPEZ, 2017, P. 168, 169).
processo penal, com a mesma configuração que lhe dá a chamada teoria geral do
processo.

No âmbito específico do processo penal, entretanto (e o mesmo ocorre no processo


civil, como um verdadeiro plus ao conceito de interesse), desloca-se para o interesse
de agir a preocupação com a efetividade do processo, de modo a ser possível afirmar
que este, enquanto instrumento da jurisdição, deve apresentar, em juízo prévio e
necessariamente anterior, um mínimo de viabilidade de satisfação futura de
pretensão que informa o seu conteúdo. É dizer: sob perspectiva de sua efetividade, o
processo deve mostrar-se, desde a sua instauração, apto a realizar os diversos
escopos da jurisdição, isto é, revelar-se útil. Por isso, fala-se em interesse-
utilidade(PACELLI, 2017, p. 112).

Observar-se que interesse de agir é um pressuposto processual que se desmembra em


três aspectos, a necessidade, utilidade e adequação, nesse sentido, nos ensina Fernando Capez
a dizer que:

Desdobra-se no trinômio necessidade e utilidade do uso das vias jurisdicionais para


a defesa do interesse material pretendido, e adequação à causa, do procedimento e
do provimento, de forma a possibilitar a atuação da vontade concreta da lei segundo
os parâmetros do devido processo legal.

A necessidadeé o inerente ao processo penal, tendo em vista a impossibilidade de se


impor sem o devido processo legal. Por conseguinte, não será recebida a denúncia,
quando já estiver extinta a punibilidade do acusado, já que, nesse caso, a perda do
direito material de punir resultou na desnecessidade de utilização das vias
processuais. Essa hipótese poderá, após oferecida a defesa dos arts. 396 e 396-A do
CPP, dar causa à absolvição sumária do agente (CPP, art. 397, IV).

A utilidade traduz na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do


autor. Se, de plano, for possível perceber a inutilidade da persecução penal aos fins a
que se presta, dir-se-á que inexiste interesse de agir. É o caso, e. g., de se oferecer
denúncia quando, pela análise da penal possível de ser imposta ao final, se
eventualmente comprovada a culpabilidade do réu, já se pode antever a ocorrência
da prescrição retroativa. Nesse caso, toda a atividade jurisdicional será inútil; falta,
portanto, interesse de agir. Esse entendimento, todavia, não é absolutamente
pacífico, quer na doutrina, quer na jurisprudência.

Por fim, a adequação reside no processo penal condenatório e no pedido de


aplicação de sanção penal. (CAPEZ, 2017, P. 168).

A partir da compreensão do interesse processual de agir como pressuposto para a


propositura de uma ação penal é que se pode aferir do mesmo requisito para requisitar de
forma superveniente o desinteresse, ou seja, a ausência de pressupostos (necessidade,
utilidade e adequação), nesse sentido Eugênio Pacelli defende a empregabilidade de
desinteresse processual, ainda que em fase pré-processual, ou seja, em sede de inquérito
policial.

Com efeito, diante da constatação, feito nos próprios autos do procedimento de


investigação (inquérito policial ou qualquer outra peça de informação), da
impossibilidade fática de imposição, ao final do processo condenatório, de pena em
grau superior ao mínimo legal, é possível, desde logo, concluir pela inviabilidade da
ação penal a ser proposta, porque demonstrada, de plano, a inutilidade da atividade
processual correspondente.

E assim ocorro porque, em tais hipóteses, o prazo prescricional inicialmente


considerado, isto é, pela pena em abstrato (art. 109, CP), seria sensivelmente
reduzido após a eventual sentença condenatória (com a pena concretizada).
Semelhante operação seria possível antes mesmo do início da ação penal, à vista das
condições pessoais do agente imputado ou das circunstâncias objetivas do fato, que
impediriam, em sede de juízo prévio, a imposição de pena acima do mínimo previsto
no tipo penal adequado ao fato apurado na investigação.

Por isso, entendemos perfeitamente possível o requerimento de arquivamento do


inquérito ou peças de investigação por ausência de interesse – utilidade – de agir
(PACELLI, 2017, p. 112, 113).

Em contrapartida, o advento da Lei nº 12.234 de 05 de maio de 2010, incorporou ao


art.110, § 1º, do Código Penal Brasileiro, a determinação de um termo inicial para contagem
de prescrição retroativa como sendo a data do recebimento da inicial acusatória (PACELLI,
2017, p. 113).

Desta forma, apenas aos fatos praticados anteriores à vigência da novel, têm-se como
termo de início a contagem a partir data do fato, suscitar o reconhecimento superveniente do
desinteresse processual, em conformidade ao pensamento do autor.

No entanto, a aplicabilidade da perda do interesse de agir, ainda com as alterações


advindas da mudança legislativa, é viável, desde que, contada com termo inicial da data do
recebimento.

Em que pese a viabilidade de se utilizar a prescrição virtual nos casos concretos, não é
pacífico o entendimento no tange a aplicabilidade deste instituto a luz da doutrina e da
jurisprudência, conforme se observa na obra de Edilson Mougenot Bonfim:
A chamada “prescrição virtual” ou “prescrição antecipada” – hipótese em que,
embora não tenha efetivamente ocorrido a prescrição, seria ela provável (ou
possível) com base na provável pena in concreto a ser aplicada ao autor do fato (se
condenado) – não afeta o interesse de agir3, pois que “é impossível a rejeição da
denúncia face ao reconhecimento antecipado da prescrição retroativa, vez que isso
implicaria em antecipação de tutela jurisdicional, que, no domínio penal, é
inadmissível, configurando verdadeiro prejulgamento, em detrimento do réu, que
poderia vir a ser absolvido”4. Anote-se, ainda, que a “prescrição virtual” é instituto
não amparado pelo ordenamento jurídico5, uma vez que a peça acusatória não será
recebida quando já estiver extinta a punibilidade, e não quando a causa extintiva for
provável. É o que estabelece o art. 395, II, do CPP, ao prever que a denúncia ou
queixa será rejeitada se ausente “condição para o exercício da ação penal”.

Frise-se que, em que pese o grande apelo pelo reconhecimento do referido instituto,
como medida de economia processual, o Superior Tribunal de Justiça vem
decidindo, reiteradamente, pela impossibilidade do reconhecimento do referido
instituto, pacificando a questão através da Súmula 438: “ É inadmissível a extinção
da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal” (BONFIM,
2017, p. 232).

7 Metodologia

A metodologia do presente trabalho será efetuada através de pesquisas: bibliográfica e


documental, onde, a partir de conjunto de textos e documentos far-se-á elaborações de
estatísticas e amostragens.

Conforme Antônio Carlos Gil:

A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado.


Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como
livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia,
em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas
passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs. Bem
como o material disponibilizado pela Internet (GIL, 2017, p. 28).

3 No mesmo sentido: STF, 1ª T., RHC 76.153-2, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJU de 3.4.1998, ementa 339; STJ, 6ª T.,
REsp 169.003/PR, Rel. Min. Vicente Leal, DJU de 14.6.1999, p. 234; e TRF-4ª R., 2ª T., Rec. Crim.
1999.0401.006220-4/PR, Rel. Juiz VisonDarós, DJU de 30.6.1999, p. 645: “A declaração da prescrição por
antecipação, tendo em conta sanção futura que seria imposta no caso de uma condenação, é instituto
inexistente em nosso sistema penal e deve ser evitada a sua aplicação”.
4RJDTACrim, 22/492.
5 STJ, ROHC 11.381/SP, DJU, 15.10.2001, Rel. Min. Felix Fischer, j. 6.9.2001: “Carece totalmente de amparo
jurídico, em nosso sistema processual penal, a denominada prescrição antecipada que tem como referencial
condenação hipotética”.
Ainda de acordo com o mesmo autor, sobre a pesquisa documental:

A modalidade mais comum de documento é a constituída por um texto escrito em


papel, mas estão se tornando cada vez mais frequentes os documentos eletrônicos,
disponíveis sob os mais diversos formatos. O conceito de documento, por sua veze,
é bastante amplo, já que este pode ser constituído por qualquer objeto capaz de
comprovar algum fato ou acontecimento. Assim, para um arqueólogo, um fragmento
de cerâmica pode ser reconhecido como um importante documento para o estudo da
cultura de povos antigos. Inscrições em paredes, por sua vez, podem ser
consideradas como documentos em pesquisas no campo da comunicação social.
Dentre os mais utilizados nas pesquisas estão: 1. Documentos institucionais,
mantidos em arquivos de empresas, órgãos públicos e outras organizações (...) (GIL,
2017, p. 29).

A primeira etapa da aplicação para a análise manual, é a obtenção da base de dados


propriamente dita, o conjunto de manifestações elaboradas pelo 4º Promotor de Justiça de
Ananindeua/PA, juntadas em função de um transcurso temporal, de março a agosto de 2017.

Estas peças jurídicas serão a amostra, desta forma, optou-se em utilizar o software
Excel como mecanismo auxiliador na descoberta de conhecimento, para análise quantitativa e
qualitativa dos dados, por conseguinte, utilizar-se-á também como gerador dos gráficos
estatísticos referentes ao assunto em abordado.

Vislumbra-se a importância de se analisar manualmente os documentos, uma vez que,


através de uma etapa de mineração de dados, consistente em um procedimento de exploração
para encontrar o conhecimento as palavras-chave necessárias.

Com isso a finalidade da utilização desde mecanismo dar-se-á para a descoberta de


novos conhecimentos ou até mesmo a confirmação das hipóteses predispostas, o
embasamento estatístico contribuirá para fundamentar as circunstancias almejadas, e
esclarecer as considerações finaisdo presente trabalho.

8 Cronograma

ATIVIDADE/MÊS AGO/1 SET/17 OUT/17 NOV/1 DEZ/1


7 7 7
ELABORAÇÃO DO X X
PROBLEMA E OBJETIVOS
REFERENCIAL TEÓRICO X X
METODOLOGIA X
DEPÓSITO DO PROJETO X
QUALIFICAÇÃO X
ATIVIDADE/MÊS JAN/18 FEV/1 MAR/1 ABR/18 MAI/1
8 8 8
AJUSTES COM O X X X X
ORIENTADOR
COLETA DE DADOS X X X
ANÁLISE DE DADOS X
AJUSTES FORMAIS E X
DEPÓSITO
DEFESA DO TCC X

9 Referências

BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. 12 Ed. São Paulo: Saraiva,
2017. P. 53 e 232.

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 24 Ed. São Paulo: Saraiva, 2017. P. 41,
165, 167 e 168.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6 Ed. São Paulo: Atlas,
2017. P. 28 e 29.

PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21 Ed. Rev. Atual. eAmpl. São Paulo:
Atlas, 2017. P. 112 e 113.

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