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Ananindeua/PA
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Ananindeua/PA
2017
1 Introdução do Projeto
O presente trabalho nasce como consequência de uma análise processual onde se
observou a aplicabilidade contumaz de manifestações do Ministério Público do Estado do
Pará a requerer, em ações sobrestadas, o reconhecimento superveniente da perda do interesse
processual de agir, e, em razão deste fenômeno, o advento de sentenças que por inutilidade
processual, reconheceram a extinçãoda punibilidade do agente.
2 Problema de pesquisa
3 Hipótese
Parte a hipótese de fatores inerentes aos pressupostos da Ação Penal, dos quais,
essencialmente o interesse processual de agir, subdividindo-se em necessidade, utilidade e
adequação, é que se poderá determinar a conveniência do prosseguimento ou não daquela
persecução criminal.
Pressupõe-se que no curso da ação penal, diversos fatores obstam para o regular
prosseguimento do transcurso dos atos que compõe a persecução, nesse sentido, a ausência de
citação pessoal do réu e a morosidade administrativa dos atos judiciais, poderiam acarretar a
demora de lapsos temporais entre os marcos interruptivos dos prazos prescricionais, como a
data do recebimento da denúncia e a data da sentença.
4 Justificativa
5 Objetivos
O presente trabalho tem por objetivo geral determinarquais são as circunstâncias que
ensejaram as manifestações do Ministério Público do Estado do Pará, a requerer o
reconhecimento superveniente da ausência de interesse de agir nas ações penais com
incidência da Lei nº 11.340/2006, tramitadas de março a agosto de 2017, no âmbito da 4ª Vara
Criminal de Ananindeua/PA.
A partir dos dados obtidos pretende-se ao final elaborar gráficos e índices que venham
a transmitir quantitativos numéricos e apresentar as circunstâncias que ensejaram o
reconhecimento superveniente da ausência de interesse de agir nas ações penais com
incidência da Lei nº 11.340/2006, tramitadas de março a agosto de 2017, no âmbito da 4ª Vara
Criminal de Ananindeua/PA, e também, apresentar considerações finais para estabelecer um
posicionamento favorável ou não perante a prescrição virtual ou antecipada.
6 Referencial teórico
Ramo do direito público que se ocupa da forma e do modo pelos quais os órgãos
estatais encarregados da administração da justiça concretizam a pretensão punitiva,
por meio da persecução penal e consequente punição dos culpados (BONFIM, 2017,
p. 53).
Ainda sobre o conceito de direito processual penal, Fernando Capez nos apresenta o
conceito de José Frederico Marques (MARQUES, José Frederico, apud CAPEZ, Fernando,
2017, p. 41) a dizer que o processo penal:
A ação penal é o caminho processual delimitado por rédeas do direito material penal,
ou seja, a aplicabilidade a um caso concreto do poder-dever de punir, ou jus puniend, que é
exercido pelo Estado-Juiz a fim de satisfazer uma pretensão punitiva (CAPEZ, 2017, p. 165).
Para o funcionamento deste mecanismo faz-se necessário o conhecimento de suas
condições, que são: Possibilidade jurídica do pedido 1,Legitimação para agir2 e o Interesse de
agir, todos essenciais para o exercício da ação penal (CAPEZ, 2017, p. 167,168).
1 Se no processo civil o conceito de possibilidade jurídica é negativo, isto é, ele será juridicamente admissível
desde que, analisado em tese, o ordenamento não o vede, no processo penal seu conceito é aferido
positivamente: a providência pedida ao Poder Judiciário só será viável se o ordenamento, em abstrato,
expressamente a admitir. Nesse passo, a denúncia deverá ser rejeitada quando o fato narrado evidentemente
não constituir crime. Essa hipótese poderá, após oferecida a defesa dos arts. 396 e 396-A do CPP, dar causa à
absolvição sumária do agente (CPP, art. 397, III).
A fim de não se confundir a análise dessa condição da ação com a do mérito, a apreciação da possibilidade
jurídica do pedido deve ser feita sobre a causa de pedir (causa petendi) considerada em tese, desvinculada de
qualquer prova porventura existente. Analisa-se o fato tal como narrado na peça inicial, sem se perquirir se
essa é ou não a verdadeira realidade, a fim de se concluir se o ordenamento penal material comina-lhe, em
abstrato, uma sanção.
Deixa-se para o mérito a análise dos fatos provados; aprecia-se a causa petendi à luz, agora, das provas colhidas
na instrução; é a aferição dos fatos em concreto, como realmente ocorreram, não como simplesmente
narrados. Nesse momento, o Juiz deverá dizer a sentença se o pedido é concretamente fundado ou não no
direito material, ou seja, se é procedente ou improcedente (CAPEZ, 2017. P. 167, 168).
2 É, na clássica lição de Alfredo Buzaid, a pertinência subjetiva da ação. Cuida-se, aqui, da legitimidade ad
causam, que é a legitimação para ocupar tanto o polo ativo da relação jurídica processual, o que é feito pelo
Ministério Público, na ação penal pública, e pelo ofendido, na ação penal privada (CPP, arts. 24, 29 e 30), quanto
o polo passivo, pelo provável autor do fato, e da legitimidade ad processum, que é a capacidade para estar no
polo ativo, em nome próprio, e na defesa de interesse próprio (CPP, arts. 33 e 34).
Partes legítimas, ativa e passiva, são os titulares dos interesses materiais em conflito; em outras palavras, os
titulares da relação jurídica material levada ao processo. No processo penal, os interesses em conflito são: o
direito de punir, conteúdo da pretensão punitiva e o direito de liberdade. O titular do primeiro é o Estado, que
é, por isso, o verdadeiro legitimado, exercendo-o por intermédio do Ministério Público.
Não é por outro motivo que se dize que o ofendido, na titularidade da ação privada, é senão um substituto
processual (legitimação extraordinária), visto que só possui, mas no interesse alheio, isto é, do Estado.
Legitimados passivos são os suspeitos da prática da infração, contra os quais o Estado movimenta a persecução
acusatória visando a imposição de alguma pena (CAPEZ, 2017, P. 168, 169).
processo penal, com a mesma configuração que lhe dá a chamada teoria geral do
processo.
Desta forma, apenas aos fatos praticados anteriores à vigência da novel, têm-se como
termo de início a contagem a partir data do fato, suscitar o reconhecimento superveniente do
desinteresse processual, em conformidade ao pensamento do autor.
Em que pese a viabilidade de se utilizar a prescrição virtual nos casos concretos, não é
pacífico o entendimento no tange a aplicabilidade deste instituto a luz da doutrina e da
jurisprudência, conforme se observa na obra de Edilson Mougenot Bonfim:
A chamada “prescrição virtual” ou “prescrição antecipada” – hipótese em que,
embora não tenha efetivamente ocorrido a prescrição, seria ela provável (ou
possível) com base na provável pena in concreto a ser aplicada ao autor do fato (se
condenado) – não afeta o interesse de agir3, pois que “é impossível a rejeição da
denúncia face ao reconhecimento antecipado da prescrição retroativa, vez que isso
implicaria em antecipação de tutela jurisdicional, que, no domínio penal, é
inadmissível, configurando verdadeiro prejulgamento, em detrimento do réu, que
poderia vir a ser absolvido”4. Anote-se, ainda, que a “prescrição virtual” é instituto
não amparado pelo ordenamento jurídico5, uma vez que a peça acusatória não será
recebida quando já estiver extinta a punibilidade, e não quando a causa extintiva for
provável. É o que estabelece o art. 395, II, do CPP, ao prever que a denúncia ou
queixa será rejeitada se ausente “condição para o exercício da ação penal”.
Frise-se que, em que pese o grande apelo pelo reconhecimento do referido instituto,
como medida de economia processual, o Superior Tribunal de Justiça vem
decidindo, reiteradamente, pela impossibilidade do reconhecimento do referido
instituto, pacificando a questão através da Súmula 438: “ É inadmissível a extinção
da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal” (BONFIM,
2017, p. 232).
7 Metodologia
3 No mesmo sentido: STF, 1ª T., RHC 76.153-2, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJU de 3.4.1998, ementa 339; STJ, 6ª T.,
REsp 169.003/PR, Rel. Min. Vicente Leal, DJU de 14.6.1999, p. 234; e TRF-4ª R., 2ª T., Rec. Crim.
1999.0401.006220-4/PR, Rel. Juiz VisonDarós, DJU de 30.6.1999, p. 645: “A declaração da prescrição por
antecipação, tendo em conta sanção futura que seria imposta no caso de uma condenação, é instituto
inexistente em nosso sistema penal e deve ser evitada a sua aplicação”.
4RJDTACrim, 22/492.
5 STJ, ROHC 11.381/SP, DJU, 15.10.2001, Rel. Min. Felix Fischer, j. 6.9.2001: “Carece totalmente de amparo
jurídico, em nosso sistema processual penal, a denominada prescrição antecipada que tem como referencial
condenação hipotética”.
Ainda de acordo com o mesmo autor, sobre a pesquisa documental:
Estas peças jurídicas serão a amostra, desta forma, optou-se em utilizar o software
Excel como mecanismo auxiliador na descoberta de conhecimento, para análise quantitativa e
qualitativa dos dados, por conseguinte, utilizar-se-á também como gerador dos gráficos
estatísticos referentes ao assunto em abordado.
8 Cronograma
9 Referências
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. 12 Ed. São Paulo: Saraiva,
2017. P. 53 e 232.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 24 Ed. São Paulo: Saraiva, 2017. P. 41,
165, 167 e 168.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6 Ed. São Paulo: Atlas,
2017. P. 28 e 29.
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21 Ed. Rev. Atual. eAmpl. São Paulo:
Atlas, 2017. P. 112 e 113.