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Antibióticos. Vacinas. Marca-passo. Quimioterapia.

Essas e muitas outras inovações somente


foram possíveis de serem realizadas graças ao avanço da medicina nos últimos séculos.
Também se inclui nesse rol de inventos humanos o transplante de órgãos. No Brasil, a fila para
receber um órgão de transplante ainda supera o número de doadores. Assim, muitas pessoas
morrem à espera de um provável rim, coração, pulmão, fígado etc. e, por isso, o desafio da
doação de órgãos a serem transplantados torna-se muito mais importante. Contudo, o
processo de salvar vidas por intermédio da doação ainda enfrenta dois dilemas principais: a
recusa das famílias em consentir com esse procedimento e a busca incessante de lucro com a
venda de órgãos.

Antes de tudo, o número de pacientes que esperam por um transplante de órgão tende só a
aumentar e, todavia, muitas famílias ainda recusam a doar os órgãos de seus parentes. Nesse
sentido, cabe salientar que, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos
(ABTO), o número de famílias que negam a doação reduziu desde 2003. Porém ele ainda é
alto: cerca de 47%, isto é, quase metade do número total de famílias de possíveis doadores.
Dessa maneira, o químico francês Lavoisier salientou certa vez: “na natureza nada se cria, nada
se perde, tudo se transforma”. Similarmente, os parentes devem pensar se querem ver os
órgãos dos doadores transformados em cinzas ou pó dentro de um caixão. Caso contrário, o
que parece ser melhor, podem optar por convertê-los em novas possibilidades de vida para
doentes que deles necessitem.

Outrossim, algumas pessoas se preocupam muito mais em lucrar com a venda de órgãos do
que em salvar vidas de outros seres humanos necessitados. Prova disso, é que existe um
mercado ilegal de órgãos presente em vários países mundo afora, do qual o Brasil faz parte
como fornecedor de material vivo. Isso corrobora a teoria de Marx, para quem o sistema
capitalista transforma tudo o que existe em mercadoria com o intuito único de se gerar mais-
valia, isto é, obter lucro com tais processos. Isso inclui desde a força de trabalho a, até mesmo
nesse caso, a doação de órgãos. Em vista disso, o número de doadores tenderá a diminuir e,
consequentemente, a fila de transplantes só crescerá.

Destarte, o processo de doação de órgãos no Brasil enfrenta dois dilemas que dificultam o
processo de salvar mais vidas: a decisão familiar e o mercado ilegal de transplante de órgãos.
Para amenizar tal situação, cabe à mídia, com seu papel educativo e informativo, associada ao
Ministério da Saúde, gestor do Sistema Único de Saúde no país, por meio de campanhas de
conscientização veiculadas em jornais, revistas, rádio, televisão e internet, entre outros meios,
associar a importância da decisão familiar, inclusive no sentido de optar-se por meios legais de
doação, ao ato de salvar vidas, para que o número de doadores possa amenizar a quantidade
de receptores na fila de espera por um órgão e, então, trazer mais esperança à vida de
milhares de cidadãos brasileiros.

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