Você está na página 1de 9

COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Prática de Fundações no Recife – Indicadores de Projeto

Karla Patrícia Souza de Oliveira


Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil, kps_oliveira@hotmail.com

Alexandre Duarte Gusmão


Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil, gusmao.alex@ig.com.br

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo caracterizar os diversos tipos de fundações que são
executadas no Recife, com intuito de criar indicadores em relação a etapa de projeto, para isso
foram feitos levantamentos de dezenove obras do ano de 2007, observando o tipo de solução e o
número de estacas utilizadas para cada projeto, suas cargas admissíveis, bem como o consumo de
concreto por bloco de coroamento de cada uma dessas obras, a partir destes dados foram feitos
cálculos utilizando fórmulas empíricas para se chegar aos resultados desejados. Foram analisados
os dados fornecidos e concluiu-se que os critérios adotados para concepção dos projetos de
fundações estão coerentes, e através dos resultados obtidos foi possível encontrar fórmulas que
auxiliarão na concepção de novos projetos.

PALAVRAS-CHAVE: Fundações, Projeto, Indicadores

1 INTRODUÇÃO 3 FUNDAÇÕES

O aquecimento do Mercado da Construção 3.1 Histórico, definição e funções


Civil no Estado de Pernambuco tem
proporcionado um crescimento no número de O homem procurou abrigar-se primeiro
obras, principalmente na cidade do Recife, em grutas e cavernas e onde não existiam,
consequentemente aumentando o número de tratou de improvisar abrigos imitando-as, pois
execução de fundações no município. Desde as alguns tinham os seus pisos a mais de 2m
simples estacas de melhoramento de solos até abaixo do nível do terreno. No neolítico o
às mais modernas estacas do tipo hélice quando o homem aprendera a lascar a pedra,
contínua. O tema abordado neste trabalho será a agora sedentário, construiu suas primeiras
análise dos coeficientes de consumo e cabanas, já tendo alguma noção empírica sobre
produtividade dessas fundações. resistência e estabilidade dos materiais da
crosta terrestre.
2 OBJETIVOS Nos antigos impérios do oriente, os
materiais de construção mais utilizados eram o
Este trabalho tem como objetivo principal tijolo cerâmico e a pedra. Os terrenos que
apresentar os diversos tipos de fundações recebiam as construções maiores e mais pesadas
utilizados na cidade do Recife, analisar a em geral cediam e as construções ruíam ou
produtividade, bem como suas características de eram demolidas, com posterior aproveitamento
execução. Para isso, foi realizada uma revisão dos escombros, uma vez que não existiam
bibliográfica procurando diferenciar os tipos de fundações bem preparadas, obras de palácios e
fundações, além de um levantamento de 19 templos eram assentes sobre fundações
obras incluindo análise de cada uma delas. arrumadas com resto de outras estruturas ou
paredes, misturado com terra e tudo socado. As

1
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

edificações eram sucessivamente colocadas


umas sobre as outras. 3.2.1 Tipos de fundações rasas ou diretas
Foi em Roma que a técnica da As fundações diretas são divididas em:
construção em geral e das fundações em blocos, sapatas e radier.
particular avançaram significativamente, pois Blocos de Fundação são elementos de
estas passaram a receber mais cargas, em apoio construídos de concreto simples e
virtude de obras serem mais pesadas que as dos caracterizados por uma altura relativamente
gregos. grande, necessária para que se trabalhem a
Tanto romanos, como os gregos, compressão, os blocos assumem a forma de
também usaram estacas de madeira como bloco escalonado, pedestal ou de um tronco de
fundações. cone. Os blocos em tronco de cone são muito
Com o advento do concreto armado, nas usados constituindo-se na realidade em tubulões
primeiras décadas do século XX, a situação a céu aberto curtos.
começa a modificar-se, pois o concreto armado As sapatas são elementos de apoio de
permite já edifícios altos de cargas concreto armado, de menor altura que os
concentradas. Nos anos 30 as estruturas de blocos, que resistem principalmente por flexão.
concreto armado já se apoiavam sobre sapatas As sapatas podem assumir praticamente
de concreto armado ou blocos de concreto qualquer forma em planta, sendo as mais
simples. As fundações profundas eram de freqüentes as sapatas quadradas, retangulares e
estacas de madeira ou pré-moldadas de corridas.
concreto armado capeadas por blocos de Quando todos os pilares de uma
concreto. estrutura transmitem as cargas ao solo através
Fundações são obras, geralmente de uma única sapata, tem-se o que se denomina
enterradas, que servem para suportar casas, uma fundação em radier. O radier é uma
prédios, pontes ou viadutos. (WATANABE, solução relativamente onerosa e de difícil
2008). execução em terrenos urbanos confinados, por
(FERRAZ, 1998) diz que fundações não causa disso ocorre com pouca freqüência.
existem por si sós, são sempre fundações de
alguma coisa. Conclui-se então que para que 3.3 Fundações profundas
uma estrutura exista é necessário que existam Muito usada nas obras do Recife, as
fundações. fundações profundas são aquelas que
(PINTO, 1998) afirma que a Engenharia transmitem as cargas ao solo pela resistência de
de Fundações é uma arte, que se aprimora pela ponta e/ou atrito ao longo da superfície lateral.
experiência, com o comportamento das
fundações devidamente observado e 3.3.1 Tipos de fundações profundas
interpretado, e não se faz sem atentar para as Segundo Décourt (1998) as estacas
peculiaridades dos solos, ou seja, o usuais podem ser classificadas em estacas de
desenvolvimento das fundações depende do deslocamento e estacas escavadas.
comportamento dos solos. Estacas de deslocamento são aquelas
As fundações se subdividem em rasas e introduzidas no terreno através de algum
profundas, o tópico seguinte abordará as processo que não promova a retirada do solo.
diferenças e os tipos das mesmas. Se enquadram nessa categoria as estacas pré-
moldadas de concreto, metálicas, de madeira, as
3.2 Fundações Rasas ou diretas estacas apiloadas de concreto e estacas Franki.
Segundo (Teixeira e Godoy, 1998), Estacas escavadas são aquelas
fundações rasas ou diretas são assim executadas através de perfuração do terreno por
denominadas por se apoiarem sobre o solo a um processo qualquer, com remoção de
uma pequena profundidade em relação ao solo. material, com ou sem revestimento, com ou sem
A seguir são apresentados os tipos de a utilização de fluido estabilizante, nessa
fundações rasas e suas características. categoria enquadram-se as estacas tipo broca, as

2
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

tipo Strauss, as barretes, os estações, as hélices em cada estágio pressão que garanta a abertura
contínuas, as estacas injetadas etc. das manchetes (tubos) e posterior injeção, ao
Estacas tipo Franki é uma estaca de contrário das estacas-raiz, usam-se altas
concreto armado moldada no solo, que usa um pressões de injeção.
tubo de revestimento cravado dinamicamente Estacas pré-moldadas caracterizam-se
com ponta fechada por meio de bucha e por serem cravadas no terreno por percussão,
recuperado ao ser concretada a estaca. prensagem ou vibração e por fazerem parte do
Estacas escavadas sem lama bentonítica grupo denominado “estacas de deslocamento”,
caracterizam-se por serem moldadas no local as estacas pré-moldadas podem ser constituídas
após a escavação do solo, que pode ser efetuada por um único elemento estrutural (madeira, aço,
através de sondas específicas para retirada da concreto armado ou protendido) ou pela
terra, de perfuratrizes rotativas ou com trados associação de dois desses elementos, o que se
mecânicos ou manuais, esse tipo de estaca é chama de estaca mista.
conhecido com Strauss. As estacas de madeira são tronco de
Estacas tipo broca apiloadas são árvores, os mais retos possíveis, cravados a
utilizadas para pequenas cargas, pelas percussão, utilizando pilões de queda livre.
limitações que os processos envolvem, tem As estacas metálicas são constituídas
aplicação bastante reduzida, a perfuração pode por peças de aço laminado ou soldado tais como
ficar abaixo do nível da água desde que o furo perfis de seção I e H, chapas dobradas de seção
possa ser esgotado antes do lançamento do circular, quadrada ou retangular, bem como os
concreto, não se recomenda este processo pela trilhos, normalmente reaproveitados após a sua
dificuldade de se obter bombas de pequeno remoção de linhas férreas, quando perdem sua
diâmetro para lama com vazão suficiente para utilização por desgaste.
esgotar rapidamente o furo. As estacas pré-moldadas de concreto são
Estacas hélice contínua são estacas de confeccionadas em concreto armado ou
concreto moldadas in loco, executada por meio protendido adensado por centrifugação ou por
de trado contínuo e injeção de concreto, sob vibração, podem ser cravadas por prensagem,
pressão controlada, através da haste central do por vibração ou por percussão.
trado simultaneamente a sua retirada do terreno. Tubulões são elementos estruturais de
Estacas escavadas com lama bentonítica fundação profunda construídos concretando-se
são estacas moldadas in loco executadas com um poço aberto no terreno, dotado de uma base
emprego de lama bentonítica e concretagem alargada, dividem-se em tubulões a céu aberto e
submersa, são divididas em estações, que são a ar comprimido.
estacas circulares com diâmetro variando, Após serem apresentados os diferentes
usualmente, de 0,6m até 2,0m, perfuradas ou tipos de fundações, conclui-se que é muito
escavadas por rotação; e barretes, que são importante o estudo do solo e o tipo de
estacas com seção transversal retangular ou empreendimento que será executado para que se
alongadas, escavadas com clamshells, que são possa escolher a fundação mais adequada a
ferramentas de escavação. cada tipo de solo.
Estacas injetadas englobam vários tipos No Recife, há uma predominância da
de estacas, perfuradas e moldadas in loco, com utilização de estacas pré-moldadas de concreto,
técnicas diferentes, estacas raiz são aquelas em as quais possuem dois fornecedores na cidade,
que se aplicam injeções de ar comprimido que são a Solossantini e a T&A Pré-fabricados;
imediatamente após a moldagem do fuste e no estacas tipo Hélice Contínua, Franki, Metálicas,
topo do mesmo, concomitantemente com a e dependendo do solo o uso de estacas de
remoção do revestimento, usam-se baixas melhoramento constituídas de areia e brita.
pressões que visam apenas garantir a
integridade da estaca; microestacas são aquelas 4.0 Características do Solo de Recife
que se executam com tecnologia de tirantes
injetados em múltiplos estágios, utilizando-se De acordo com Gusmão (2005), a
cidade do Recife apresenta duas paisagens

3
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

distintas, que são morros e planícies, estas Para o dimensionamento das sapatas em
planícies são de origem flúvio-marinha, com areias são utlizadas fórmulas empíricas, como
dois níveis de terraços marinhos arenosos, além por exemplo:
de depósitos de mangues e sedimentos flúvio-
lagunares e aluviões recentes, ou seja, o subsolo σadm = 25 x Nspt (KPa) (1)
é muito variado. De acordo com Gusmão
(2005) os depósitos de argila mole e média são Onde, Nspt é a média da resistência a
encontrados em cerca de 50% da área de penetração do SPT entre a cota de fundação e
planície, muitas vezes em subsuperfície e com duas vezes a largura da sapata abaixo dessa
espessuras superiores a 15 metros. cota.
Mesmo que outros fatores influenciem O volume do concreto das sapatas (Vcon) pode
na escolha da solução, a prática de fundações ser calculado admitindo-se que seu peso
no Recife é direcionada principalmente pelas equivale a 5% do carregamento vertical total do
características do subsolo. prédio, que pode ser considerado igual a 10
A presença de camadas arenosas Tf/m² por laje.
superficiais na maior parte da planície permite a
adoção de fundações superficiais, ou seja, a Qtotal = 10 x AL x n (2)
utilização de sapatas. Para os prédios de grande
porte utiliza-se a técnica de melhoramento de Qsap = 0,05 x Qtotal (tf) (3)
terreno arenoso através de estacas de
compactação, muito utilizada em Recife desde a Vcon = Qsap / ɤcon (m³) (4)
década de 70, de acordo com Gusmão (2000).
De acordo com Gusmão apud Gusmão Onde: AL - área da lâmina (m²); n – número de
Filho (1998), há uma freqüência da presença d lajes; ɤcon - peso específico do concreto armado
arenitos no nível superficial do perfil do (25 KN/m³)
subsolo da cidade, especialmente na planície
costeira, dependendo da espessura do arenito é 5.2 Dimensionamento das fundações profundas
possível projetar fundações superficiais em
sapatas ou radier assente diretamente no Os principais tipos de fundações
arenito. profundas utilizadas no Recife são: estacas pré-
Há locais onde aparecem camadas de moldadas de concreto, metálicas, Franki e
fragmentos de conchas e corais, misturados à Hélice Contínua.
areia, para estes tipos de solo há casos de
prédios com fundação superficial com recalques 5.2.1 Estacas Pré moldadas de Concreto
elevados, de acordo com Gusmão apud Pacheco
(2000). A execução é feita a percussão com
Por último, a presença de argila mole em martelos de queda-livre, recomendando-se que
determinadas áreas da cidade favorecem a os martelos tenham peso aproximadamente
utilização de estacas pré-moldadas de concreto igual ao da estaca. Quando há camadas
e metálicas. intermediárias resistentes, é necessário que seja
feito um pré-furo com sondas rotativas ou
5.0 Dimensionamento das Fundações trados.

Os principais tipos de fundações 5.2.2 Estacas Metálicas


superficiais são os blocos, sapatas e radier.
Segundo Gusmão (2005), até o final da
5.1 Dimensionamento das fundações década de 90, praticamente só se usava no
superficiais Recife estacas metálicas compostas de trilhos
usados, tinha a vantagem do menor custo em

4
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

relação aos perfis laminados novos, porém hoje Onde: AL - área da lâmina (m²); n – número de
já há uma predominância dos perfis laminados. lajes; Vadm - carga de trabalho da estaca; β –
Os principais fornecedores dos fator de correlação que varia de 1,1 a 1,3.
laminados são a Açominas e a Usiminas, O volume de concreto dos blocos de
sediadas em Minas Gerais. coroamento pode ser estimado
semelhantemente ao de sapatas, ou seja, o peso
5.2.3 Estacas Franki dos blocos podem ser tomados iguais a 5% do
carregamento vertical total do prédio.
De acordo com Gusmão (2005), trata-se de um
dos tipos mais comuns de fundação na cidade, 6.0 Análises das Obras Estudadas
porém tem perdido mercado desde que as
empresas pernambucanas adquiriram Foram coletados dados de obras
equipamentos de hélice contínua. Quando há realizadas no Recife no ano de 2007 com o
presença de camadas arenosas profundas com intuito de observar se os valores obtidos são
baixa compacidade, as estacas ficam longas ou pertinentes com os calculados nos projetos.
trabalham com cargas reduzidas, quando isso Foram necessários os dados de carga total dos
ocorre é interessante que seja feita uma pilares, encontrados nos projetos de estrutura, o
compactação da camada em profundidade. número de lajes e área da lâmina do pavimento
Inicialmente, é feita a cravação do tubo tipo (projeto de arquitetura).
até 5 m abaixo da cota escolhida para ponta da Foram analisados os relatórios de
estaca, a bucha é expulsa e a compactação é soluções de fundações das determinadas obras e
feita com a introdução de areia e brita 50 mm através deles coletados os dados referentes aos
em um trecho de 6 m para cima. Coloca-se uma tipos de soluções usadas para cada obra, as
nova bucha e o tubo é recravado cerca de 1 m cargas admissíveis do projeto, quantidades de
dentro do trecho compactado, finalmente, é estacas e volume de blocos , a fim de obtermos
aberta a base largada e a estaca passa a ser os parâmetros de consumo de concreto em
executada de modo convencional. valores percentuais, quantidade de estacas por
Segundo Gusmão (2005) normalmente a m² e a produtividade da execução da fundação
carga de trabalho nas estacas de compactação é
reduzida em 20 % em relação a carga usual.

5.2.4 Estacas Hélice Contínua

É feita de concreto moldado in loco,


executada por meio de trado contínuo e injeção
de concreto fluido (slump 22cm tendo uma
variação de +ou – 2 cm), injetado através de
uma haste central.
Para efeito de projeto, o número de estacas
estimado (Nest) através da relação entre o
carregamento vertical total do prédio e carga de
trabalho da estaca, esse valor deve ser
multiplicado por um fator de correlação (β) que
depende do tipo de estaca e da obra, podendo
ser tomado entre 1,10 e 1,30.
Qtotal = 10 x AL x n (5)

Nest = (Qtotal / Vadm) x β (6)

5
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Tabela 1 - Resumo dos dados coletados


ÁREA DO
CARGA TOTAL Nº DE PAVTO. TIPO
Para cada obra há soluções de fundações
OBRA (TF) PILARES Nº DE LAJES (m²) diferentes devido ao perfil de solo encontrado
1 5197 15 14 279,71 em cada uma, de acordo com a tabela 3.
2 6391 14 21 259,90
3 6075 13 18 234,00 Tabela 3- Resumo dos tipos de soluções indicados para
4 11257 16 29 340,26
cada obra.
5 5327 13 24 178,24
6 14958 17 34 417,80
7 8987 16 25 249,98 SOLUÇÕES
8 5043 18 18 266,46 OBRA 1 2 3 4
Estacas hélice
9 7245 19 21 320,00
1 contínua
10 8808 17 22 323,99
Estacas pré- Estacas pré-
11 15653 22 30 450,00
Estacas de moldadas moldadas Estacas hélice
12 4721 16 15 274,00 2 melhoramento (Solossantini) (T&A) contínua
13 16137 16 39 390,50
14 5630 12 15 340,00 Estacas de Estacas hélice
15A 8343 16 28 238,82 3 melhoramento contínua
15B 8387 16 28 238,82
16 3423 20 8 370,36 Estacas de Estacas hélice Estacas
17 5380 15 16 278,00 4 melhoramento contínua metálicas
18A 5206 20 18 253,98 Estacas pré- Estacas pré-
18B 5151 20 18 253,98 moldadas moldadas Estacas
18C 5151 20 18 253,98 5 (Solossantini) (T&A) metálicas
Estacas hélice Estacas de
18D 5159 20 18 253,98
6 contínua melhoramento
19 5813 14 19 237,34
Estacas hélice Estacas
Com esses dados foram feitos cálculos 7 contínua metálicas
Estacas pré- Estacas pré-
para encontrarmos a carga permanente. Para moldadas moldadas
encontrar o valor da carga por m² utilizou-se a 8 Estacas Franki (Solossantini) (T&A)
seguinte fórmula:
Estacas de
p =Σ Fperm / (Nlajes x AL) (7) 9 melhoramento
Estacas pré- Estacas pré-
moldadas moldadas Estacas hélice
onde Nlajes é o número de lajes, AL é a área da 10 (Solossantini) (T&A) Estacas Franki contínua
lâmina e o Σ Fperm é o valor do somatório das Estacas hélice Estacas
11 contínua metálicas
cargas verticais corrigido. A tabela 2 apresenta
os valores obtidos através destes cálculos. Estacas de Estacas hélice
12 melhoramento contínua
Estacas hélice Estacas
Tabela 2 – Valores de cargas verticais corrigidos e carga 13 contínua metálicas
por m² Estacas pré- Estacas pré-
moldadas moldadas Estacas
OBRA Σ Fperm (Tf) p (Tf/m²) 14 (Solossantini) (T&A) metálicas
1 5197,00 1,33
2 6391,00 1,17 Estacas de Estacas hélice
3 6075,00 1,44 15 melhoramento contínua
4 11257,00 1,14 Estacas pré- Estacas pré-
5 5327,00 1,25 moldadas moldadas Estacas
6 14958,00 1,05 16 (Solossantini) (T&A) metálicas
7 8987,00 1,44
8 5043,00 1,05
9 7245,00 1,08 Para as soluções em estacas hélice
10 8808,00 1,24
11 15653,00 1,16
contínua, metálicas, Franki e Pré-moldadas
12 4721,00 1,15 foram coletados os dados foram os seguintes:
13 16137,00 1,06
- Número de estacas;
14 5630,00 1,10
15A 8343,00 1,25 - Comprimento das estacas;
15B 8387,00 1,25 - Diâmetro das estacas;
16 3423,00 1,16
17 5380,00 1,21 - Volume dos blocos;
18A 5206,00 1,14 - Carga admissível.
18B 5151,00 1,13
18C 5151,00 1,13
Com esses dados foram calculados o
18D 5159,00 1,13 número de estacas por m², o volume por
19 5813,00 1,29

6
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

unidade de carga e o percentual do consumo de metálicas, hélice e pré-moldadas, todas


concreto, para isso foram utilizadas as seguintes apresentaram um coeficiente (est/m²) menor
fórmulas: que 1, ou seja, menos que uma estaca para cada
Nest/m² = Nest/AL (estacas/m²) (8) m² de lâmina; quanto ao consumo de concreto
chegou-se a uma média de aproximadamente
onde Nest é o número de estacas e AL é a área da 4% em relação à carga total do prédio.
lâmina; Em relação à produtividade, só há dados
ρ= (Nest x VBloco ) / Σ Fperm (m³/tf) (9) de 4 obras em relação a execução, duas delas
em estacas metálicas que obteve uma
onde Nest é o número de estacas, VBloco é o produtividade média de 40 metros cravados por
volume dos blocos de coroamento e Σ Fperm é o dia, as outras duas, de estacas de compactação
somatório das cargas verticais corrigido. que teve uma produção média de 11 estacas
Para a solução de estaca de cravadas por dia com uma média de 40 metros
melhoramento de solo foram utilizados os por dia. Os valores atualmente utilizados pelas
mesmos dados citados acima, porém as empresas que executam são de 50 metros por
fórmulas utilizadas foram as seguintes: dia para estacas pré-moldadas e metálicas, e
150 metros para as estacas hélice contínua,
ᶯarg= Nest/AL (estacas/m²) (10) considerando valores médios.
Tabela 4 –Resumo dos dados obtidos
onde Nest é o número de estacas e AL é a área da
lâmina; CARGA TOTAL Nº DE VOLUME DOS BLOCOS CARGA
OBRA (TF) ÁREA (M²) ESTACAS (m³) ADMISSÍVEL (TF) ?arg (est/m²)
1 (H) 5197 279,71 59 65 120
ωsap = 2,5 x Vsap (tf.m³) (11) 2 (A) 323 140 25 1,24
2(PS) 84 70 90
2 (TA) 80 70 80/100
Onde Vsap é o volume de concreto das 2 (H) 6391 259,90 58 50 130
3 (A) 323 150 25 1,38
sapatas. 3 (H) 6075 234,00 45 66 180
4 (A) 806 255 25 2,37
Para encontrar o percentual de consumo 4 (M) 70 72 220
de concreto em relação a carga do prédio 4 (H) 11257 340,26 80 176 180
5 (PS) 54 34 120
utilizou-se a seguinte fórmula: 5 (TA) 46 27 140
5 (M) 5327 178,24 29 14 220
6 (A) 389 115 25 0,93
α=ωsap/ Σ Fperm (%) (12) 6 (H) 14958 417,80 93 315 180
7 (M) 113 116 120
7 (H) 8987 249,98 85 188 150
Com os dados de cada obra foram 8(F) 86 62 35 / 130
calculados os indicadores de consumo de 8 (PS)
8 (TA)
91
104
49
53
11/ 16 / 23/75/105
8/12/20/70/85
5043 266,46
concreto, número de estacas por metro 9(A) 7245 320,00 814 197 25 2,54
10 (F) 102 232 105
quadrado, peso dos blocos, para cada tipo de 10 (PS) 174 134 60
solução, como segue na tabela 26, desta tabela 10 (TA) 143 134 75
10 (H) 8808 323,99 94 180 115
conclui-se que das dezenove obras estudadas, 11 (H) 157 235 165
12 delas tinham como uma das soluções 11 (M) 15653 450,00 150 150 180
12 (A) 624 59 50 2,28
propostas a fundação em hélice contínua, 9 12 (H) 4721 274,00 63 51 100
13 (H) 114 300 130
fundação em estacas tipo melhoramento de 13 (M) 16137 390,50 103 160 135
solo, 8 em estacas metálicas, 7 possuíam a 14 (M) 47 30 145
14 (PS) 79 42 80
solução de estacas pré-moldadas em suas 14 (TA) 5630 340,00 71 52 90
opções de fundações e 3 em estacas franki. Das 15 (A) 1294 310 50 5,42
15 (H) 8343 238,82 170 178 165
19 obras, 17 delas possuíam mais de um tipo de 15B (A) 1294 310 50 5,42
solução de fundação proposta pelos projetistas. 15B (H)
16 (PS)
8387 238,82 170
61
178
26,75
165
40/65/90
Das nove obras com solução em estacas 16 (TA) 72 33,5 35/60/45/85

de argamassa, 4 delas apresentou um ᶯ


3423 370,36

coeficiente maior que 2 (quantidade de estacas


por metro quadrado); das soluções em franki,

7
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

6.0 Análise Gráfica dos Dados total), a fim de encontrar uma equação que
correlacione esse coeficiente em função do
Na figura 1 foram utilizados os dados de coeficiente ᶯ, chegando-se a conclusão que a
número de estacas e os valores da área da carga total do edifício corresponde a
lâmina, a fim de encontrar uma equação que aproximadamente 41 % da carga admissível de
correlacione o número de estacas em função da projeto.
área, chegando-se a conclusão que o número de 300,00

estacas corresponde a 60% da área da lâmina. 250,00

Vtotal = 0,4088x Vadm


200,00

Vtotal/Vadm
1400
150,00

1200
100,00
1000

50,00
Nº de estacas

800

0,00
600
Nº de estacas = 0,6 x Alam 0 100 200 300 400 500

400 n

200 Figura 3 – Carga total em função da carga admissível


0
0,00 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 Na figura 4 foram utilizados os dados de
Área da Lâmina (m²)
carga total e carga admissível de projeto, a fim
Figura 1 – Número de estacas em função da área da de encontrar uma equação que correlacione
lâmina esses dois dados, chegando-se a conclusão que
Na figura 2 foram utilizados os dados de a carga admissível de projeto corresponde a
número de lajes e os valores dos coeficiente aproximadamente 1,3% da carga total do
correspondentes à relação carga total/ Área da prédio.
300
lâmina, a fim de encontrar uma equação que
correlacione esse coeficiente em função do 250

Vadm = 0,0127x V total


número de lajes, chegando-se a conclusão que o 200

coeficiente da relação Vtotal / Alam corresponde


Vadm

150
5% do número de lajes do prédio em estudo.
100

2,50
pt = 0,05 x Nº de lajes
50

2,00
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

1,50 Vtotal
pt

Figura 4 – Carga admissível em função da carga total


1,00

0,50
Na figura 5 foram utilizados os dados de
carga total e o peso dos blocos de coroamento e
0,00 sapatas, a fim de encontrar uma equação que
0 10 20 30 40 50

Nº de lajes correlacione esses dois dados, chegando-se a


Figura 2 – Coeficiente pt em função do número de lajes
conclusão que o peso do bloco ou sapatas
corresponde a aproximadamente 4,0% da carga
Na figura 3 foram utilizados os dados da total do prédio.
relação (Vtotal/Vadm) e os dados do coeficiente ᶯ
que corresponde a relação entre a carga total e a
carga admissível multiplicado pelo coeficiente
ρ (Volume de concreto dividido pela carga

8
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

1000
HACHICH, Waldemar. Pinto, C.S.,
800
Fundações: Teoria e Prática. 2 ed. São Paulo:
PINI, 1998.
600
W bloco= 0,0405xV total
W bloco

400

200

0
-20 -10 0 10 20 30 40 50 60

-200

Vtotal

Figura 5 – Peso do Bloco em função da Carga total

7.0 Conclusões

Com o aumento do número de obras na


cidade do Recife e consequentemente com um
aumento no número de fundações, é
extremamente necessária uma constante
verificação de adequabilidade das fórmulas aos
dados na concepção dos projetos, a fim de
manter padrões de confiabilidade, evitando
desperdícios e aumento nos custos da obra.
As obras analisadas mostraram que o
consumo de concreto em blocos de fundações
gira em torno de 1 a 5%, e que a quantidade de
estacas por m² de área varia entre 0,2 e 0,7
est/m² (valores estabelecidos em projetos)
obedecendo às fórmulas estabelecidas para
execução dos projetos de fundações.
Quanto à produtividade das quatro obras
analisadas, nota-se que os valores adotados
pelos projetistas e executores são coerentes,
visto que, possuem uma média de 50 metros
para estacas metálicas e pré-moldadas, 150
metros para estacas de hélice contínua e 40
metros para estacas do tipo melhoramento de
solo.
Com todos os dados coletados foi
possível encontrar fórmulas que correlacionam
os dados de área, carga total, número de lajes e
carga admissível, os quais poderão ser
utilizados na execução de projetos de
fundações.

REFERÊNCIAS

GUSMÃO, Alexandre Duarte et al. Geotecnia


no Nordeste. 2 ed. Recife: Editora
Universitária, 2005. 543 p. (ISBN 85-7315-260-
5).

Você também pode gostar