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CLT);142

■ fundação por divisão de base territorial — quando, existente um sindicato que


representa a categoria em uma base territorial ampla, e é criado um novo sindicato que
passará a atuar “com exclusividade em uma base menos ampla, caso em que representará a
mesma categoria mas na base territorial menor, sem prejuízo da continuidade da
representação do sindicato preexistente nas demais bases”;
■ fundação por fusão de sindicatos — quando, em decorrência da junção de dois ou mais
sindicatos antes existentes, surge um novo sindicato no lugar, com ampliação da base
territorial e da representação.
O art. 8º, III, da Constituição Federal, de forma ampla, reconhece
a prerrogativa do sindicato de representação de todos os integrantes
da categoria, tanto na esfera administrativa quanto na judicial.
Dessa representação da categoria decorre a prerrogativa do
exercício da negociação coletiva de trabalho, celebrando
convenções e acordos coletivos no interesse dos representados (art.
8º, VI, CF e art. 513, b, CLT).
Considerando que o legislador constitucional de 1988 manteve a
contribuição compulsória para o custeio da estrutura sindical (art. 8º,
IV, CF), também é prerrogativa do sindicato impor contribuições a
todos aqueles que participam das categorias econômicas ou
profissionais representadas (art. 513, e, CLT).

■ 3.3.2. Federações e Confederações


A Constituição Federal de 1988 manteve o sistema confederativo de
organização sindical que, como visto acima, é estruturado na forma
de pirâmide, tendo os sindicatos na base, as federações como órgãos
intermediários e as confederações no topo.
Nesse contexto, pode-se afirmar que federações e confederações são
entidades sindicais de grau superior (art. 533, CLT).
Assim, as federações situam-se acima dos sindicatos da respectiva
categoria, e abaixo das confederações, tendo base de representação
estadual e sendo constituídas a partir da reunião de, no mínimo, cinco
sindicatos (art. 534, CLT).
As confederações, como órgão sindical de cúpula, têm base de
representação nacional e são constituídas por, pelo menos, três
federações (art. 535, CLT), estando entre suas funções básicas a de
coordenação das federações e sindicatos do seu setor.
De acordo com o sistema legal vigente, a negociação coletiva é
atribuição do sindicato. A federação e a confederação não têm
legitimidade para originariamente nela figurar, tendo, no entanto,
uma função subsidiária, segundo a qual, não havendo sindicato da
categoria na base territorial, pode a federação, e, à falta desta, a
confederação, figurar na negociação. Nesse sentido, o art. 611, § 2º,
da CLT, que deixa claro que o legislador adotou o princípio da
complementaridade em relação à negociação coletiva.
Ainda no tocante à negociação coletiva, o art. 617, § 1º, da CLT
possibilita que os empregados, depois de constatada a negativa
injustificada do sindicato à negociação, busquem as entidades
sindicais de grau superior, primeiro a federação, depois a
confederação, para que elas assumam a direção dos entendimentos.

■ 3.3.3. Centrais sindicais


Por muito tempo as centrais sindicais foram vistas no Brasil como
um ente muito mais político do que efetivamente de representação
sindical, tendo sido proibidas inicialmente e, por óbvio, ignoradas na
construção do sistema confederativo trazido pela CLT. A proibição
foi expressamente revogada pela Portaria n. 3.100/85, do Ministério
do Trabalho.
A Constituição Federal de 1988 manteve o sistema confederativo
corporativista, não trazendo qualquer previsão sobre as centrais
sindicais, ou seja, não as autorizou, nem as proibiu.
Em razão dessa postura do constituinte, embora houvesse
divergência na doutrina e na jurisprudência sobre a possibilidade de
sua constituição e sobre seu papel de representação, as centrais
sindicais passaram a ser uma realidade no Brasil, algumas delas
conhecidas pela sociedade, tais como a CUT — Central Única dos
Trabalhadores, Força Sindical, CONLUTAS — Coordenação Geral
de Lutas, USB — União Sindical Brasileira e outras de menor
expressão.
Foi somente em 2008, com a Lei n. 11.648, que as centrais sindicais
foram introduzidas em nossa estrutura sindical.
Com efeito, a Lei n. 11.648/2008 marca uma importante mudança
do sistema sindical brasileiro, passando as centrais sindicais a ser
reconhecidas como entidades de representação geral dos
trabalhadores, de abrangência nacional, e que possuem como
atribuição a coordenação da representação dos trabalhadores e como
prerrogativa a participação de negociações em diálogo social de
composição tripartite, onde haja interesse dos trabalhadores.
O interesse das centrais sindicais é estratégico, propondo políticas
e ações coletivas em benefício geral dos trabalhadores.
Mauricio Godinho Delgado entende que as centrais sindicais “não
compõem o modelo corporativista. De certo modo, representam até
seu contraponto, a tentativa de sua superação. Porém, constituem, do
ponto de vista social, político e ideológico, entidades líderes do
movimento sindical, que atuam e influem em toda a pirâmide
regulada pela ordem jurídica”, e vê a Lei n. 11.648/2008 como um
avanço na transição democrática do modelo sindical brasileiro.143
Muito embora não estejam inseridas no sistema confederativo,
que é composto pelos sindicatos, federações e confederações (daí não
se falar do grau das centrais sindicais), fazem parte da estrutura
sindical brasileira e possuem uma relação de conexidade e de
vinculação estreita com o sistema confederativo. Segundo Amauri
Mascaro Nascimento, as centrais “distinguem-se das confederações.
Estas, no modelo brasileiro, são entes de cúpula numa categoria. As
centrais, diferentemente, são organizações de cúpula de mais de uma
categoria”.144
Segundo a Lei n. 11.648/2008, considera-se central sindical a
entidade associativa de direito privado composta por organizações
sindicais de trabalhadores (art. 1º, parágrafo único).
As atribuições e prerrogativas das centrais sindicais são: a)
coordenar a representação dos trabalhadores por meio das
organizações sindicais a ela filiadas; b) participar de negociações em
fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo
social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em
discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores (art. 1º, Lei n.
11.648/2008).
Para que possam exercer as atribuições e prerrogativas referentes a
negociações que envolvam o interesse geral dos trabalhadores (“b”
acima), as centrais sindicais precisam preencher os requisitos
previstos no art. 2º da Lei n. 11.648/2008:
■ filiação de, no mínimo, 100 (cem) sindicatos distribuídos nas 5 (cinco) regiões do País;
■ filiação em pelo menos 3 (três) regiões do País de, no mínimo, 20 (vinte) sindicatos em
cada uma;
■ filiação de sindicatos em, no mínimo, 5 (cinco) setores de atividade econômica;
■ filiação de sindicatos que representem, no mínimo, 7% (sete por cento) do total de
empregados sindicalizados em âmbito nacional.
Os requisitos acima determinam a aferição do índice de
representatividade das centrais sindicais, que será feita pelo
Ministério do Trabalho (art. 4º, Lei n. 11.648/2008).
Nesse sentido, o § 2º do referido artigo prevê que ato do Ministro
do Trabalho divulgará, anualmente, relação das centrais sindicais que
atendem aos requisitos previstos no art. 2º, indicando seus índices de
representatividade.
A Lei n. 11.648/2008 alterou a redação dos arts. 589, 590, 591 e
593 da CLT, passando a prever as centrais sindicais entre os
beneficiários das contribuições sindicais compulsoriamente pagas
pelos trabalhadores para o custeio do sistema confederativo.

■ 3.4. CATEGORIAS
Como ensina Amauri Mascaro Nascimento, “há três principais
formas de grupos representados pelos sindicatos, a categoria, a
profissão e a empresa, diferentes, superpostos ou não, com maior
destaque para um deles em um país, menor em outro”.145
Por influência do modelo corporativista italiano, as categorias são o
critério de estruturação do sistema sindical brasileiro.

■ 3.4.1. Categorias profissional e econômica


A CLT refere-se à categoria como critério associativo de
trabalhadores e de empregadores, estabelecendo (art. 511, §§ 1º a
3º):
■ em relação aos trabalhadores — a similitude de condições de vida oriundas da
profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica
ou em atividades econômicas similares ou conexas, como expressão social básica
definidora da categoria profissional;
■ em relação aos empregadores — a solidariedade de interesses econômicos dos que
empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, como expressão do vínculo social
básico definidor da categoria econômica.
Assim, “sindicato por categoria é o que representa os trabalhadores
de empresas de um mesmo setor de atividade produtiva ou prestação
de serviços. As empresas do mesmo setor, por seu lado, formam a
categoria econômica correspondente”.146
Trata-se, portanto, de um modelo sindical que adota, como
corolário da unicidade sindical, a bilateralidade — a toda
representação patronal corresponde uma de trabalhadores, para a
promoção do diálogo entre as partes.
Verifica-se que o legislador brasileiro adotou não só a identidade,
mas também a similitude e a conexidade como ponto de agregação da
categoria. Nesse sentido, o § 4º do art. 511 prevê: “Os limites de
identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões dentro
das quais a categoria econômica ou profissional é homogênea e a
associação é natural”.
Concretamente, então, a categoria profissional é formada não pelo
trabalho ou atividade efetivamente exercidos pelos trabalhadores, mas
sim pela vinculação que todos eles têm ao empregador que integra
uma determinada categoria econômica. Por sua vez, também os
empregadores se agregam em uma categoria não apenas quando suas
atividades econômicas forem idênticas, mas também quando forem
similares ou conexas.
Exemplificativamente, o empregado que trabalha como analista
contábil em uma indústria metalúrgica integrará a categoria
profissional dos metalúrgicos, já que a metalurgia é a atividade
preponderante do empregador.
O modelo sindical, também em decorrência da unicidade sindical,
adota o paralelismo simétrico — categoria profissional formada por
paralelismo simétrico às atividades desenvolvidas pela categoria
econômica.
Conclui-se, desta forma, que “esse critério de enquadramento faz
com que a entidade representativa da categoria profissional seja tida
como sindicato vertical (e não horizontal), já que ele abrange, em
regra, a ampla maioria dos empregados da respectiva empresa, na
respectiva base territorial”.147
Como já afirmado, a previsão das categorias profissional e
econômica decorre do corporativismo adotado pela CLT, com a
representação das respectivas categorias, até o advento da
Constituição Federal de 1988, sendo feita a partir do enquadramento
sindical obrigatório estabelecido pelo legislador (“quadro de
atividades e profissões” previsto no art. 577) e fiscalizado pelo
Ministério do Trabalho.
A nova ordem constitucional manteve a categoria como critério
básico de organização do sistema sindical brasileiro, mas, ao prever
que “a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao
Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical”
(art. 8º, I), afastou a criação oficial e artificial de categorias,
transformando sua concepção, de fechada para aberta.
Desse modo, conclui-se que “houve modificações na forma da
criação e desdobramento de categorias e sindicatos. O enquadramento
sindical não corresponde mais à realidade. Inúmeras são as categorias
novas, bem como os respectivos sindicatos, não constantes do quadro
oficial de categorias do Ministério do Trabalho e Emprego”.148
Continua Amauri Mascaro Nascimento afirmando que “o sindicato
não é mais decorrência de uma categoria. O modelo brasileiro, que
era, nesse ponto, fechado, tornou-se aberto. A única exigência
constitucional é o registro no órgão competente e a única restrição é a
observância do princípio do sindicato único; nenhuma das duas
permite concluir que o enquadramento sindical continua em
vigor”.149
A representação das categorias profissionais e econômicas se dá
tanto pelas entidades de grau inferior — sindicatos, como também
pelas entidades de grau superior — federações e confederações
(verticalização).150

■ 3.4.2. Categoria diferenciada


O sistema sindical brasileiro contempla ainda as chamadas
categorias profissionais diferenciadas, que correspondem a
grupamentos de trabalhadores organizados em função do exercício de
profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional
especial ou em consequência de condições de vida singulares (art.
511, § 3º, CLT).
A referida modalidade de organização dos trabalhadores insere-se
no chamado sindicalismo por profissão.
Como ensina Amauri Mascaro Nascimento, “os exercentes da
profissão formam, com a criação do sindicato, uma categoria própria.
Farão parte não do sindicato representativo de todos os trabalhadores
do setor econômico da empresa, mas do sindicato da profissão que
agrupa todos os que a exercem, independentemente da natureza do
setor produtivo em que o façam. Assim, para fins de sindicalização,
prepondera a profissão e não a atividade econômica da empresa”.151
O critério de enquadramento das categorias profissionais
diferenciadas faz com que a entidade representativa “seja tida como
sindicato horizontal (e não vertical), já que abrange empregados
exercentes do mesmo ofício em empresas distintas situadas na base
territorial da entidade”.152
Inicialmente indicadas no “quadro de atividades e profissões”
previsto no art. 577, e, após a Constituição Federal de 1988,
constituídas e com atuação sem interferência do Poder Público, as
categorias diferenciadas são inúmeras, podendo ser citadas, como
exemplo: desenhistas técnicos, artísticos, industriais; publicitários;
secretárias; técnicos de segurança do trabalho; trabalhadores em
movimentação de mercadoria em geral; condutores de veículos
rodoviários (motoristas) etc.
Importante destacar que não há categoria diferenciada no âmbito
patronal, sendo uma categoria exclusivamente de trabalhadores.

■ 3.4.3. Surgimento e desmembramento de categorias


Como visto nos itens anteriores, no modelo sindical brasileiro a
formação das categorias — profissionais, econômicas e
profissionais diferenciadas — se dá a partir dos critérios definidos
em lei.
Assim, as categorias econômicas são constituídas pelo vínculo
social básico formado a partir da solidariedade de interesses
econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou
conexas (art. 511, § 1º, CLT).

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