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Filme sobre pioneira nos picadeiros vira espetáculo com três gerações no palco
Com pai e mãe jornalistas, Mariana disse ter aprendido cedo a importância do registro e
decidiu dar início uma pesquisa sobre a história de sua avó — Foto: Celso Tavares/G1
Nascimento da Birota
A primeira mulher palhaço do Brasil já havia passado o bastão para Mariana na
primavera de 1989. Numa tarde ensolarada de outubro, vestida de Maria Elisa
Alves dos Reis, o palhaço Xamego ajudou a neta a se fantasiar para a festa de
Halloween com um chapéu de bico, nariz torto de massinha, postura corcunda,
voz horripilante e a dica final: quando se é, se é por inteiro.
Mariana Gabriel, então com cinco anos de idade, completou sua primeira lição
de “verdade cênica” e "coerência na vida" ao cruzar o portão da escola de
mãos dadas com a avó e se ver como a única bruxa de verdade em meio a
bruxas-princesas, bruxas-fadas e bruxas-rainhas.
“Mesmo eu nunca tendo visto minha avó vestida de palhaço, acho que o tempo
todo ela era o Xamego. Isso porque o palhaço não é um personagem; ele usa a
menor máscara do mundo, no nariz! Veste a máscara que mais revela e fica
escondido, muitas vezes, naquilo que a gente não gosta em si mesmo”,
explica.
Começava a nascer ali, devagar, a palhaça Birota. Depois da faculdade, a atriz
e cineasta fez um pouco de tudo – direção de fotografia, assistente de câmera,
roteiro, direção, dois longas e programas de TV.
“Desenvolvo a Birota desde 2009, o que demandou um grande mergulho para
buscar a expressão dilatada de mim mesma. Não se tratava de entender o que
iria fazer no palco, mas o que eu já faço, como faço e trabalhar em como
poderia ser maior. Foi um aprendizado de como lidar com meu ridículo, um
processo de dentro pra fora”, afirma.
Mariana Gabriel explica que há muitas linhas de palhaçaria e que a Birota tem
muita influência do Xamego. “Minha avó era muito chapliniana porque o cinema
dialogava com a arte circense naquela época, e tinha o sapato, o chapéu coco,
a bengala. Um trabalho baseado no gestual, mais do que na fala. Eu também
gosto do riso que nasce da sutileza, do pequenininho, da cumplicidade com o
público”, descreve.
Confira abaixo as próximas exibições agendadas do documentário "Minha Avó
Era Palhaço":
13/11 - no Sesc Belenzinho, em São Paulo, SP