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É escuro....

O silêncio que impera, quase absoluto, é cortado pela respiração ofegante de um


garotinho escondido em um beco. Tomado pela agonia e medo, o pequenino ora à
Deus, com seus olhos cheios de lágrimas:
-Papai do céu, eu estou com medo. Corri dele o máximo que pude, mas ainda
estou com medo. Me ajuda, papai do céu, eu não tenho como fugir dele. Por favor,
chama o Nacional Kid! Se ele estivesse aqui, iria impedir aquele homem mal de
bater na mamãe. Ele iria me levar para algum lugar, onde eu não poderia mais ser
machucado. Igual a o papai, que foi embora, para a lua. Sei que a mamãe iria
chorar e vestir aquelas roupas pretas, mas eu não quero ficar aqui. Por favor,
papai do céu, se puder me ouvir... Fala com ele... Fala com o Nacional Kid...
O pequenino cai no sono. Seu rosto, avermelhado de febre, treme de frio,
enquanto lentamente, uma sombra se aproxima e o indefeso menino é posto em
seus braços, enquanto sua respiração enfraquece.
O menino acorda, lentamente. Sua visão embaçada, percebe, aos poucos, onde
está: é uma cama de hospital. Não sabia como chegara até ali. As feridas em suas
costas estavam costuradas, as marcas do cinturão, do homem malvado, haviam
parado de doer. Suas roupas estavam limpas em uma cadeira.
Ele saiu cama, ainda estava fraco, mas podia andar. Notou que no bolso de sua
calça havia algo que não carregara consigo. Algo muito caro para ser comprado
por sua mãe: seu mais precioso sonho.
Para os leigos, parecia ser um simples radinho de pilhas da Nacional. Mas, para
ele, era o rádio-comunicador que podia chamar o seu herói do espaço para
salvá-lo. Era o rádio-comunicador do Nacional Kid. Junto do artefato, havia um
bilhete. A letra era bastante clara e bonita e dizia:
-“Não se preocupe com o homem mau, eu já o levei a polícia. Sua mãe vai te
buscar assim que você se recuperar dos ferimentos. Não posso te trazer para cá,
mas seu pai mandou um grande abraço e ele te ama muito. Cuide da sua mãe até
ele voltar. Afinal, você agora é o homem da casa. Não tenha medo, se precisar de
ajuda é só me chamar. Ass: seu anjo da guarda, Nacional Kid.”

FIM
ANJO DA GUARDA
Conto de Erivaldo Fernandes

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