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Armando Machado
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Faculdade de Ciências
Departamento de Matemática
2009
ii
Introdução v
Capítulo I. Revisão de Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
§1. Algumas propriedades dos espaços vectoriais de dimensão finita 1
§2. Espaços euclidianos e hermitianos 9
§3. Os produtos internos de Hilbert-Schmidt 24
§4. Orientação de espaços vectoriais reais 31
§5. Cálculo Diferencial em espaços vectoriais de dimensão finita 42
§6. Aplicações de classe G 5 52
§7. Derivadas parciais 62
§8. Teoremas da função implícita e da função inversa 66
§9. Integral de funções vectoriais de variável real 72
§10. Diferenciabilidade do integral paramétrico 74
Exercícios 77
Capítulo II. Vectores Tangentes e Variedades
§1. Vectores tangentes a um conjunto num ponto 89
§2. Funções diferenciáveis em conjuntos não abertos 92
§3. Partições da unidade 102
§4. Variedades sem bordo 111
§5. Alguns exemplos importantes de variedade 136
§6. Variedades com bordo 143
§7. Teorema de Sard 163
Exercícios 176
Capítulo III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
§1. Fibrados vectoriais 193
§2. Orientação de fibrados vectoriais reais 204
§3. Derivação covariante e segunda forma fundamental 210
§4. Aplicação ao estudo elementar das curvas 227
§5. Hipersuperfícies. Aplicação linear de Weingarten 241
§6. Tensor de curvatura 252
§7. Invariância por isometria. Teorema Egrégio 261
§8. Morfismos entre fibrados vectoriais 267
§9. Estruturas quase complexas e aplicações holomorfas 295
Exercícios 316
Capítulo IV. Equações Diferenciais Ordinárias em Variedades
§1. Solução geral e fluxo de um campo vectorial 355
§2. Continuidade da solução geral 360
§3. Propriedades da solução geral quando o domínio é aberto 364
§4. Equações diferenciais dependentes do tempo 368
iv Índice
Este texto teve a sua origem num curso de Geometria Diferencial dado pelo
autor aos estudantes do terceiro ano das licenciaturas em Matemática e Ensino
da Matemática da Faculdade de Ciências de Lisboa e desenvolve duas versões
anteriores, a primeira publicada em 1985 na colecção Textos e Notas do CMAF
e a segunda [14] editada conjuntamente em 1991 pela Editora Cosmos e pela
Fundação da Universidade de Lisboa. Em quase todos os pontos o texto vai
bastante mais longe do que tem sido possível estudar no curso e vários capítulos
não foram sequer aflorados neste.
De um modo geral procurou-se realizar um texto ao mesmo tempo intro-
dutório e fundamental que, mantendo-se a um nível tanto quanto possível ele-
mentar, constituísse uma exposição coerente e razoavelmente completa dos
conceitos e técnicas mais frequentemente utilizados no estudo da geometria das
variedades diferenciáveis. O carácter introdutório do texto não nos inibiu de
apresentar demonstrações detalhadas de todos os resultados expostos, mesmo
quando estas são tecnicamente mais sofisticadas. Procurou-se assim garantir que
o conteúdo fosse tão auto-suficiente quanto possível de modo a que o trabalho
pudesse também servir como texto de referência. Essa mesma preocupação
levou-nos a incluir o tratamento de vários pontos que saiem do âmbito de
Geometria Diferencial, entre os quais se incluem revisões de certos pontos de
Álgebra Linear e das noções básicas do Cálculo Diferencial, em ambos os casos
no quadro dos espaços vectoriais de dimensão finita e privilegiando os
enunciados que não dependem da fixação de uma base, e o exame sistemático
dos resultados sobre equações diferenciais ordinárias, que tivémos necessidade
de utilizar, incluindo os resultados globais que envolvem a dependência das
condições iniciais e de eventuais parâmetros. Pressupomos, de qualquer modo,
que o leitor, para além de uma certa destreza matemática, possui conhecimentos
básicos de Cálculo Diferencial e Integral, Álgebra Linear e Topologia Geral.
Ao longo da maior parte do trabalho as variedades são estudadas sob o ponto
de vista concreto, isto é, uma variedade será um subconjunto de um espaço
vectorial ambiente, de dimensão finita, e o espaço vectorial tangente em cada
ponto aparece então como subespaço vectorial desse espaço vectorial ambiente.
Este ponto de vista, seguido também, por exemplo, nos livros de Milnor [19] e
de Guillemin e Pollack [10], permite trabalhar desde o início num quadro
geométrico intuitivo em que se podem estudar rapidamente resultados
interessantes e não triviais. A introdução precoce das variedades abstractas pode
ter, na nossa opinião, um carácter desmotivador, ao atrasar o aparecimento dos
resultados geométricos importantes, por implicar a construção prévia de um
imponente edifício abstracto, constituído na maioria por definições e resultados
triviais, embora essenciais. Se é de aceitação pacífica a importância pedagógica
vi Introdução
passando por esse ponto, para outros como operadores diferenciais, para outros
ainda como classes de equivalência de pares constituídos por uma carta para um
aberto de ‘8 e um vector de ‘8 Þ Cada um desses métodos tem as suas vantagens
e desvantagens, entre estas últimas o facto de aparecerem amiúde isomorfismos
canónicos, nem sempre triviais, onde esperaríamos ter igualdades. À partida, em
vez de tomarmos partido por um desses métodos, preferimos definir quando é
que um espaço vectorial pode ser considerado como espaço tangente, deixando
assim um grau de liberdade ao utilizador que poderá, em cada caso, fazer a
escolha que se revele mais cómoda e, nalgumas situações, subordinar a escolha
de um espaço vectorial tangente a outras feitas anteriormente, de modo a
conseguir que certos isomorfismos sejam efectivamente igualdades. Examina-
mos em seguida, uma das concretizações da noção de espaço vectorial tangente
mais utilizada, aquela para a qual os vectores tangentes são definidos como
operadores diferenciais.
No fim de cada capítulo é apresentada uma lista de exercícios, nalguns casos
destinados a testar a compreensão do texto, noutros apresentando resultados que
complementam os estudados antes.
Na bibliografia, apresentada no fim do volume, encontram-se, além dos
trabalhos citados no texto, outros livros em que o leitor interessado poderá apro-
fundar, ou estudar doutro ponto de vista, os assuntos que foram aqui abordados.
De entre eles recomendamos especialmente os dois volumes do livro de Spivak
[25], o livro de Gray [8], este último com ênfase no estudo, com a ajuda do
computador, das curvas e superfícies em ‘$ e repleto de figuras elucidativas,
assim como os livros de Manfredo do Carmo [4,5].
Gostaríamos de terminar com uma palavra de agradecimento a todos aqueles
que contribuíram para melhorar a versão final do texto. A estudante Élia Ferreira
coligiu pacientemente dezenas de erros de dactilografia que figuravam numa
versão preliminar posta à disposição dos alunos. Os colegas Cecília Ferreira e
Luís Trabucho leram cuidadosamente partes do manuscrito e, para além da loca-
lização de outros erros de dactilografia, contribuíram com as suas observações
para a melhoria de vários pontos da exposição. Apraz-nos também registar o
empenho generoso e competente que este último tem dedicado à edição da
colecção em que este trabalho se insere, contribuíndo assim, de modo decisivo,
para a qualidade desta.
CAPÍTULO I
Revisão de Álgebra Linear e
Cálculo Diferencial
tes +5ß4 estão definidas pela condição de se ter 0ÐB4 Ñ œ ! +5ß4 C5 (ambos os
5ß4
5
2 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
1Trata-se de uma convenção que poderia ser facilmente prevista por quem possua um
razoável treino lógico: I ! é um conjunto com um único elemento ‡ (a única aplicação
cujo domínio é o conjunto vazio) e todas as aplicações de I ! em J são multilineares,
pelo que tudo o que temos que fazer é identificar cada uma dessas aplicações de I ! em J
com a imagem de ‡ por essa aplicação.
§1. Algumas propriedades dos espaços vectoriais… 3
EÀ PЊà J Ñ Ä J ,
definido por EÐ0Ñ œ 0Ð"Ñ; o isomorfismo inverso associa a cada C − J a
aplicação linear de Š em J definida por + È + C . Mais geralmente, para
cada : !, vai ter lugar um isomorfismo
EÀ P: Њà J Ñ Ä J ,
definido por
EÐ0Ñ œ 0Ð"ß á ß "Ñ,
e o isomorfismo inverso E" À J Ä P: Њà J Ñ associa a cada C − J a aplica-
ção multilinear de Š: em J definida por
E" ÐCÑÐ+" ß á ß +: Ñ œ +" â+: C.
definida por E" Ð0Ñ œ s0, aplicação linear essa que se constata imediatamente
ser mesmo um isomorfismo.
Mais geralmente, dados os espaços vectoriais, reais ou complexos,
I" ß á ß I: e J , vai ter lugar, para cada ! Ÿ 4 Ÿ : , um isomorfismo
E4 À PÐI" ß á ß I: à J Ñ Ä PÐI" ß á ß I4 à PÐI4" ß á ß I: à J ÑÑ,
definido por
E4 Ð0ÑÐB" ß á ß B4 ÑÐB4" ß á ß B: Ñ œ 0ÐB" ß á ß B4 ß B4" ß á ß B: ÑÞ
definida por
PÐ-" ß á ß -: à .ÑÐ0Ñ œ . ‰ 0 ‰ Ð-" ‚ â ‚ -: Ñ
ou seja,
PÐ-" ß á ß -: à .ÑÐ0ÑÐB" ß á ß B: Ñ œ .Ð0Ð-" ÐB" Ñß á ß -: ÐB: ÑÑÑ.
No caso particular em que todos os -4 À I4w Ä I4 são iguais a uma certa apli-
cação linear -À I w Ä I , usamos também a notação
§1. Algumas propriedades dos espaços vectoriais… 5
3
detÐ-Ñ œ detÐÐ+3ß4 ÑÑ. Por outras palavras, o traço e o determinante de - são
os da sua matriz numa base arbitrária de I .2
5
,3ß4 e -5ß4 , respectivamente, a última das quais é invertível, em particular tem
determinante não nulo, podemos escrever
5 5ß3
2Repare-se que, se I e J são espaços vectoriais distintos, com a mesma dimensão, não
definimos nem o traço nem o determinante de uma aplicação linear -À I Ä J .
8 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
-ÐB5 Ñ œ ! -4ß5 B4 . Podemos escrever -4ß5 œ +4ß5 3,4ß5 , com +4ß5 ß ,4ß5 − ‘, e
seja G , com elementos -4ß5 , a matriz de - nesta base, portanto a definida por
4
então, considerando a base B" ß á ß B8 ß 3B" ß á ß 3B8 de I , enquanto espaço
vectorial real, podemos escrever, lembrando que -Ð3B5 Ñ œ 3-ÐB5 Ñ,
Ú
Ý -ÐB5 Ñ œ ! +4ß5 B4 ! ,4ß5 3B4
Û
Ý -Ð3B5 Ñ œ ! ,4ß5 B5 ! +4ß5 3B4
4 4
Ü 4 4
Gw œ ”
E •
E F
.
F
\œ”
M8 •
M8 3M8
,
3M8
\œ” 8
M8 •
M 3M8
,
3M8
tem-se
\ ‚ Gw ‚ \ œ # ‚ ”
E 3F •
E 3F !
.
!
que I é sinónimo de I .
c) Quando I e J são espaços vectoriais complexos, chamámos aplicações
antilineares às aplicações lineares reais -À I Ä J que verificam a condição
-Ð-?Ñ œ - -Ð?Ñ, para cada - − ‚ e ? − I . Em consonância com o que se
disse em a), quando I e J são espaços vectoriais reais, vamos considerar
que as aplicações antilineares -À I Ä J são simplesmente as aplicações
lineares.
d) Quando I e J são espaços vectoriais complexos, diremos que uma aplica-
ção 0À I ‚ I Ä J é sesquilinear se ela é linear na primeira variável e
antilinear na segunda. Quando I e J são espaços vectoriais reais,
consideramos que uma aplicação sesquilinear 0À I ‚ I Ä J é precisamente
a mesma coisa que uma aplicação bilinear. É claro que uma aplicação
sesquilinear I ‚ I Ä J é precisamente a mesma coisa que uma aplicação
bilinear I ‚ I Ä J .
I.2.2 Seja I um espaço vectorial sobre Š, onde Š é ‘ ou ‚. Relembremos que
um produto interno sobre I é uma aplicação sesquilinear I ‚ I Ä Š,
notada usualmente ÐBß CÑ È ØBß CÙ, verificando as seguintes condições:
tendo então lugar a desigualdade de Schwarz, que nos afirma que, quaisquer
que sejam Bß C − I ,
lØBß CÙl Ÿ mBmmCm,
com lØBß CÙl œ mBmmCm se, e só se, B e C são linearmente dependentes.
Aos espaços vectoriais de dimensão finita, munidos de um produto interno,
dá-se o nome de espaços euclidianos ou espaços hermitianos, conforme
Š œ ‘ ou Š œ ‚.
I.2.3 O exemplo mais simples de espaço vectorial sobre Š com produto interno é
o espaço cartesiano Š8 , com o produto interno canónico, definido por
ØÐ+" ß á ß +8 Ñß Ð," ß á ß ,8 ÑÙ œ +" ," â +8,8 .
3No caso em que Š œ ‘, esta propriedade diz-nos que a aplicação bilinear é simétrica.
4É claro que a recíproca é também verdadeira. Mais geralmente, a bilinearidade real do
produto interno implica que se tem ØBß CÙ œ !, sempre que B œ ! ou C œ !.
§2. Espaços euclidianos e hermitianos 11
5Notamos, para cada complexo D , dÐDÑ e eÐDÑ a parte real e o coeficiente da parte
imaginária de D .
12 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
e
Ø?ß N Ð@ÑÙ‚ œ Ø?ß N Ð@ÑÙ‘ Ø?ß N ÐN Ð@ÑÑÙ‘ 3 œ
œ Ø?ß N Ð@ÑÙ‘ Ø?ß @Ù‘ 3 œ 3 Ø?ß @Ù‚ ,
Dem: É imediato que, para cada C − I , tem lugar uma aplicação linear de I
em Š, definida por B È ØBß CÙ, o que mostra que se pode definir uma
aplicação )À I Ä PÐIà ŠÑ pela igualdade do enunciado. É trivial constatar
que a aplicação ) é antilinear, isto é, é uma aplicação linear I Ä PÐIà ŠÑ,
§2. Espaços euclidianos e hermitianos 13
pelo que, uma vez que I e PÐIà ŠÑ têm a mesma dimensão, para vermos
que ela é um isomorfismo basta vermos que o seu núcleo é Ö!×. Ora, se
)ÐCÑ œ !, tem-se, em particular, ! œ )ÐCÑÐCÑ œ ØCß CÙ, donde C œ !.
I.2.10 Seja I é um espaço vectorial de dimensão finita sobre Š, munido de um
produto interno. Diz-se que dois vectores Bß C − I são ortogonais se se tem
ØBß CÙ œ !. Se J § I é um subespaço vectorial, chama-se complementar
ortogonal de J o conjunto J ¼ dos vectores B − I tais que ØBß CÙ œ !, para
todo o C − J .
I.2.11 Seja I um espaço hermitiano, com o produto interno complexo Ø ß Ù‚ e
seja Ø ß Ù‘ o produto interno real associado.
Se Bß C − I são vectores ortogonais, relativamente ao produto interno com-
plexo, então B e C são também ortogonais, relativamente ao produto interno
real, mas a recíproca já não é válida: Por exemplo, se B Á !, tem-se
Ø3Bß BÙ‚ œ 3ØBß BÙ‚ Á ! e Ø3Bß BÙ‘ œ !.
No entanto, no caso em que J § I é um subespaço vectorial complexo, o
complementar ortogonal J ¼ , relativamente a Ø ß Ù‚ , coincide com o comple-
mentar ortogonal relativamente a Ø ß Ù‘ .
Dem: É claro que, se B pertence ao complementar ortogonal de J ,
relativamente a Ø ß Ù‚ , então B também pertence ao complementar ortogonal
de J , relativamente a Ø ß Ù‘ . Suponhamos, reciprocamente, que B pertence ao
complementar ortogonal de J , relativamente a Ø ß Ù‘ . Para cada C − J , vem
também 3C − J , pelo que podemos escrever
dÐØBß CÙ‚ Ñ œ ØBß CÙ‘ œ !,
eÐØBß CÙ‚ Ñ œ dÐ3ØBß CÙ‚ Ñ œ dÐØBß 3CÙ‚ Ñ œ ØBß 3CÙ‘ œ !,
Bœ"
8
ØBß A4 Ù
A4 .
4œ"
ØA4 ß A4 Ù
ØBßA5 Ù
donde +5 œ ØA5 ßA5 Ù .
B œ " ØBß A4 Ù A4 .
8
4œ"
Dem: Vem
ØBß CÙ œ " +4 A4 ß " ,5 A5 ¡ œ " Ø+4 A4 ß ,5 A5 Ù œ
4ß5 4
6Recordemos que o símbolo de Kronecker $4ß5 é, por definição, igual a ", se 4 œ 5 , e igual
a !, se 4 Á 5 .
16 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
1J ÐBÑ œ "
7
ØBß A4 Ù
A4
4œ"
ØA4 ß A4 Ù
4œ"
Dem: Uma vez que C œ ! ØA4 ßA44 Ù A4 pertence evidentemente a J , tudo o que
ØBßA Ù
B Cß A5 ¡ œ ØBß A5 Ù "
7
ØBß A4 Ù
ØA4 ß A5 Ù œ
4œ"
ØA4 ß A4 Ù
ØBß A5 Ù
œ ØBß A5 Ù ØA5 ß A5 Ù œ !
ØA5 ß A5 Ù
e daqui segue-se que, para cada D − J , com D œ !,5 A5 ,
B Cß D ¡ œ " ,5 B Cß A5 ¡ œ !,
7
5œ"
5œ"
donde o resultado.
I.2.28 (Corolário) Sejam I um espaço vectorial de dimensão 8, munido de
produto interno, e -À I Ä I uma aplicação linear com adjunta -‡ À I Ä I .
Tem-se então
TrÐ-‡ Ñ œ TrÐ-Ñ, detÐ-‡ Ñ œ detÐ-Ñ.
para Bß C − I , B œ ! +4 A4 e C œ ! ,5 A5 , portanto
o que não é mais do que a condição a). Supondo que se verifica d), tem-se,
4 5
4 5
o que mostra que - é uma aplicação linear ortogonal. Reparemos agora que,
no caso em que Š œ ‚, a caracterização em c) implica, tendo em conta
I.2.22, que - é ortogonal, relativamente aos produtos internos complexos, se,
e só se, é ortogonal relativamente aos produtos internos reais associados. Por
esse motivo, para demonstrar a equivalência entre a) e b), que nos falta,
podemos examinar apenas o que se passa no caso em que Š œ ‘. Ora, a
condição a) implica evidentemente b) e, supondo que se verifica b), partimos
da identidade
ØB Cß B CÙ œ ØBß BÙ ØBß CÙ ØCß BÙ ØCß CÙ œ
œ ØBß BÙ #ØBß CÙ ØCß CÙ,
que implica que
"
ØBß CÙ œ ÐmB Cm# mBm# mCm# Ñ,
#
para deduzir que
"
Ø-ÐBÑß -ÐCÑÙ œ Ðm-ÐBÑ -ÐCÑm# m-ÐBÑm# m-ÐCÑm# Ñ œ
#
"
œ Ðm-ÐB CÑm# m-ÐBÑm# m-ÐCÑm# Ñ œ
#
22 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
"
????? œ ÐmB Cm# mBm# mCm# Ñ œ ØBß CÙ,
#
o que prova a).
I.2.31 Por exemplo, se I é um espaço euclidiano e N À I Ä I é uma estrutura
complexa, então N é uma estrutura complexa compatível se, e só se, é uma
aplicação linear ortogonal (e portanto uma isometria linear), o que é
equivalente a N ser antiautoadjunta.
Dem: O facto de N ser compatível se, e só se, é uma aplicação linear ortogo-
nal é simplesmente a definição. Por outro lado, a identidade N ‰ N œ M.I
garante que N é um isomorfismo, com N " œ N , e, pelo resultado prece-
dente, N é uma aplicação linear ortogonal se, e só se, N ‡ œ N " , ou seja, se, e
só se, N ‡ œ N .
Vimos em I.1.15 que todo o espaço vectorial real de dimensão par admite
uma estrutura complexa. Como exemplo de aplicação do que estabele-
cemos atrás, vemos agora que, quando o espaço é euclidiano, podemos
afirmar um pouco mais.
coeficiente de conformalidade - !.
Dem: É fácil de ver que, se - œ !, cada uma das condições a) a d) é equiva-
lente a - œ ! (reparar que a) pode-se escrever, de modo equivalente, na
forma ØBß -‡ ‰ -ÐCÑÙ œ ! e implica trivialmente b)). Se - !, as condições
a) a d) são respectivamente equivalentes a
aw ) Ø "- -ÐBÑß "- -ÐCÑÙ œ ØBß CÙ
bw ) m "- -ÐBÑm œ mBm
cw ) ( "- -ч ‰ Ð "- -Ñ œ M.I
dw ) "- -ÐA" Ñß á ß "- -ÐA7 Ñ é um sistema ortonormado de vectores de J ,
a primeira das quais corresponde a afirmar que "- - é uma aplicação linear
ortogonal e cada uma das outras reduz-se à condição correspondente em
I.2.30, para a aplicação linear "- -.
I.2.34 (Notas) a) Uma aplicação linear ortogonal -À I Ä J é precisamente a
mesma coisa que uma aplicação linear conforme com coeficiente de
conformalidade ".
b) No caso em que I e J são espaços vectoriais complexos, a condição c)
mostra que a aplicação linear complexa -À I Ä J é conforme, com
coeficiente de conformalidade - se, e só se, o é quando se olha para I e J
como espaços vectoriais reais, com os produtos internos reais associados.
c) No caso em que I tem dimensão ", a condição d) mostra que toda a
aplicação linear -À I Ä J é conforme.
4œ"
Ø - ‡ ß . ‡ Ù œ Ø - ß .Ù .
Alternativamente, fixadas bases ortonormadas A" ß á ß A7 de I e D" ß á ß D8
5 5
4œ"
Se nos lembrarmos que uma aplicação linear, que se anula nos elementos de
uma certa base, é nula, constatamos facilmente que fica assim definido um
produto interno no espaço vectorial PÐIà J Ñ. Para justificar a primeira
afirmação do enunciado, tudo o que teríamos que ver é que este produto
interno não depende da base ortonormada que fixámos em I . Para
verificarmos isso vamos utilizar um processo que nos permite, ao mesmo
tempo, demonstrar a segunda afirmação do enunciado, assim como a fórmula
que envolve as matrizes de - e . em bases ortonormadas arbitrárias.
Consideremos então uma base ortonormada D" ß á ß D8 de J , assim como o
produto interno em PÐJ à IÑ definido a partir desta base ortonormada. Se
verificarmos que se tem Ø-‡ ß .‡ Ù œ Ø-ß .Ù, a independência da escolha das
bases ortonormadas ficará demonstrada (o primeiro membro da igualdade
não depende da base fixada em I e o segundo não depende da base fixada
em J , pelo que nenhum deles pode depender de nenhuma das escolhas). Ora,
considerando as matrizes de - e . nas duas bases ortonormadas
consideradas, vem
I.3.3 Ao produto interno sobre PÐIà J Ñ que definimos atrás costuma-se dar o
nome de produto interno de Hilbert-Schmidt. Repare-se que a norma de
PÐIà J Ñ associada a este produto interno não é, em geral, a mesma que a
definida em I.1.9, a partir das normas de I e J associadas aos respectivos
produtos internos.
o que demonstra a primeira igualdade. Quanto à segunda, ela vai ser uma
consequência da primeira e da última conclusão de I.3.2, visto que podemos
escrever
Ø. ‰ -ß 0Ù œ ØÐ. ‰ -ч ß 0‡ Ù œ Ø-‡ ‰ .‡ ß 0‡ Ù œ
œ Ø.‡ ß -‡ ‡ ‰ 0‡ Ù œ Ø.‡ ß Ð0 ‰ -‡ ч Ù œ Ø.ß 0 ‰ -‡ ÙÞ
4œ"
Ø. ‰ - ß 0 Ù ‚ œ Ø .ß 0 ‰ - ‡ Ù ‚ .
4œ"
Ø-ß .Ù‚ œ " Ø-ÐA4 Ñß .ÐA4 ÑÙ‚ " Ø-Ð3A4 Ñß .Ð3A4 ÑÙ‚ œ
7 7
4œ" 4œ"
4œ" 4œ"
4œ"
com -3ß4 À I4 Ä J3 definida por -3ß4 œ 13w ‰ -ÎI4 , onde 13w À J Ä J3 são as
projecções associadas à segunda soma directa. A matriz é frequentemente
notada
Ô -"ß" â -"ß7 ×
Ö -#ß" â -#ß7 Ù
-"ß#
Ö Ù
-#ß#
Õ -8ß" â -8ß7 Ø
ã ã ä ã
-8ß#
I.3.7 Nas condições anteriores, dada uma matriz arbitrária de aplicações lineares
-3ß4 À I4 Ä J3 , com " Ÿ 3 Ÿ 8 e " Ÿ 4 Ÿ 7, vai existir uma, e uma só,
igualdade, tem-se, para cada B − I4 , -ÐBÑ œ ! -3ß4 ÐBÑ, com -3ß4 ÐBÑ − J3 ,
"Ÿ3Ÿ8
"Ÿ4Ÿ7
"Ÿ3Ÿ8
para cada 3, pelo que -3ß4 ÐBÑ œ 13w Ð-ÐBÑÑ.
I.3.8 (Functorialidade) Consideremos espaços vectoriais Iß J ß K e subespaços
vectoriais I" ß á ß I7 , de I , J" ß á ß J8 , de J , e K" ß á ß K: , de K , tais que
§3. Os produtos internos de Hilbert-Schmidt 29
Tem-se então:
a) A matriz da aplicação linear M.I À I Ä I é
Ô M.I" ! ×
Ö ! ! Ù
! â
Ö Ù.
M.I# â
Õ ! â M.I8 Ø
ã ã ä ã
!
b) Se -À I Ä J e .À J Ä K têm matrizes
Ô 3"ß" â 3"ß7 ×
Ö 3#ß" â 3#ß7 Ù
3"ß#
Ö Ù,
3#ß#
Õ 3:ß" â 3:ß7 Ø
ã ã ä ã
3:ß#
œ" " 13ww Ð.Ð-4ß5 ÐBÑÑÑ œ " " .3ß4 ‰ -4ß5 ÐBÑ,
"Ÿ4Ÿ8 "Ÿ4Ÿ8
com .3ß4 ‰ -4ß5 ÐBÑ − K3 , para cada 3, donde 33ß5 ÐBÑ œ ! .3ß4 ‰ -4ß5 ÐBÑ.
"Ÿ4Ÿ8
9Reparar na analogia com a matriz identidade e com a fórmula usual para o produto de
matrizes.
30 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
Tem-se então:
a) A aplicação linear -‡ À J Ä I tem matriz
Ô Ð-"ß" Ñ â Ð-8ß" ч ×
‡
Ð-#ß" ч
Ö Ð-"ß# ч â Ð-8ß# ч Ù
Ö Ù,
Ð-#ß# ч
Õ Ð-"ß7 ч ‡Ø
ã ã ä ã
Ð-#ß7 ч â Ð-8ß7 Ñ
tem-se ØCß C w Ù œ ! Ø13w ÐCÑß 13w ÐCÑÙ, uma vez que C œ ! 13w ÐCÑ, C w œ !
o que prova a). Quanto a b), comecemos por notar que, se Cß C w − J , então
"Ÿ3Ÿ8 3 3w
Uma vez que, fixada uma base ortonormada em cada I4 , a união dessas
bases vai ser uma base ortonormada de I , concluímos que
Ø-ß .Ù œ " Ø-ÎI4 ß .ÎI4 Ù œ " " Ø13w ‰ -ÎI4 ß 13w ‰ .ÎI4 Ù œ
"Ÿ3Ÿ8
"Ÿ4Ÿ7
§3. Os produtos internos de Hilbert-Schmidt 31
”- -#ß# •
-"ß" -"ß#
,
#ß"
Eœ”
E#ß# •
E"ß" E"ß#
,
E#ß"
@5 œ " +4ß5 ?4 .
8
4œ"
32 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
Repare-se que, embora tenhamos definido quando é que duas bases têm a
mesma orientação, não dissemos o que se deve entender por orientação de
uma base. É verdade que, no espaço vectorial dos vectores livres da nossa
Geometria euclidiana, estamos habituados a falar de bases directas e de
bases retrógradas, mas essa classificação é algo que ultrapassa a simples
estrutura de espaço vectorial e tem muito a ver com uma escolha arbitrária
de uma base como modelo.
Outra observação é a de que a ideia intuitiva que temos de duas bases
terem ou não a mesma orientação não corresponde directamente à defi-
nição que apresentámos acima11. Intuitivamente, duas bases ?" ß á ß ?8 e
@" ß á ß @8 têm a mesma orientação se pudermos deformar continuamente
a primeira na segunda, isto é, se existir uma aplicação contínua do
intervalo Ò!ß "Ó no conjunto H8 ÐIÑ das bases de I (uma parte do espaço
vectorial I 8 de dimensão 8# ), que em ! tome como valor a primeira base
e em " a segunda. É fácil provar que duas bases que tenham a mesma
orientação, neste sentido intuitivo, têm também a mesma orientação, no
sentido da definição que apresentámos: à deformação da primeira base na
segunda vai corresponder uma deformação da matriz identidade na matriz
de mudança de base, feita ao longo do conjunto das matrizes invertíveis, e
a função determinante, sendo contínua e nunca se anulando ao longo
dessa deformação, vai ter que ter sempre o mesmo sinal. A implicação
recíproca é também verdadeira, mas a respectiva demonstração é menos
elementar e não será aqui abordada (o leitor interessado poderá examinar
o exercício I.18 para o caso particular de duas bases ortonormadas e o
exercício III.6 para o caso geral). No caso particular do espaço vectorial
dos vectores livres do nosso espaço da Geometria euclidiana, esta
implicação recíproca pode ser demonstrada de modo simples se
admitirmos uma propriedade, que já todos “verificámos experi-
mentalmente” e que refere que, se não for possível deformar continua-
mente uma base ?" ß ?# ß ?$ numa base @" ß @# ß @$ , então é possível deformar
continuamente a primeira base na base @" ß @# ß @$ . Em qualquer caso, no
que se vai seguir utilizaremos a definição apresentada atrás e não o
conceito intuitivo de duas bases terem a mesma orientação.
11Uma criança consegue aprender qual é a sua mão direita antes de saber calcular o
determinante de uma matriz.
34 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
12Alguns autores definem orientação de um espaço vectorial como sendo uma classe de
equivalência, para a relação de equivalência definida em I.4.1. O que acabamos de dizer
mostra que, para um espaço vectorial distinto de Ö!×, esta definição é equivalente à que
apresentámos. No entanto, a definição apresentada por esses autores faz com que, ao
contrário do que acontece com a que estamos a utilizar, o espaço vectorial Ö!× tenha
apenas uma orientação, o que é uma flagrante injustiça.
§4. Orientação de espaços vectoriais reais 35
uma das duas semi-rectas abertas, aquela que vai ser constituída pelos vec-
tores positivos para a orientação.
então detÐ0Ñ é o determinante da matriz dos +5ß4 , que não é mais do que a
matriz de mudança da base B" ß á ß B8 para a base 0ÐB" Ñß á ß 0ÐB8 Ñ.
I.4.14 (Corolário) Sejam I um espaço vectorial complexo de dimensão 8 e
0À I Ä I um isomorfismo complexo. Considerando então I como espaço
vectorial real de dimensão #8, tem-se então que 0 conserva as orientações.
Dem: Basta atender a que, por I.1.23, det‘ Ð0Ñ œ ldet‚ Ð0Ñl# , em particular
det‘ Ð0Ñ !.
”! M•
E !
,
13Alguns autores usam uma convenção diferente, considerando como directa a base
B" ß á ß B8 ß 3B" ß á ß 3B8 . A convenção aqui seguida tem a vantagem de funcionar melhor
em relação com a definição em I.4.18.
38 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
forma
”! F•
M !
,
C œ + B " +4 ? 4 ,
8"
4œ"
Ô + !×
Ö +" !Ù
! ! â
Ö Ù
Ö +# !Ù
" ! â
Ö Ù
! " â
Õ +8" "Ø
ã ã ã ä ã
! ! â
Dem: Comecemos por reparar que, se ? − I é não nulo, então o espaço dos
vectores ortogonais a ? tem dimensão ", e portanto possui dois, e só dois,
vectores @ de norma m?m, um simétrico do outro, e que destes há um, e um
só, para o qual a base ?ß @ é directa.
Fixemos então um vector ?! − I com m?! m œ " e seja @! − I o vector para
o qual ?! ß @! é uma base ortonormada directa. Seja N À I Ä I a aplicação
linear definida pela condição de se ter N Ð?! Ñ œ @! e N Ð@! Ñ œ ?! , aplicação
linear que é um isomorfismo ortogonal, por aplicar a base ortonormada ?! ß @!
na base ortonormada @! ß ?! , e que verifica N ‰ N œ M.I , sendo portanto
uma estrutura complexa de I compatível com o produto interno. Se ? − I é
um vector não nulo arbitrário, podemos escrever ? œ +?! ,@! e então
N Ð?Ñ œ +N Ð?! Ñ ,N Ð@! Ñ œ ,?! +@! ,
o que mostra que mN Ð?Ñm œ +# , # œ m?m e que Ø?ß N Ð?ÑÙ œ !, pelo que
?ß N Ð?Ñ é uma base de I , esta base sendo directa uma vez que
detŒ”
+ •
+ ,
œ + # , # !.
,
ciabilidade.
Dem: Atender a que, afastando já o caso trivial em que ? œ !, deduz-se de
0 ÐB! >?Ñ œ 0 ÐB! Ñ 0Ð>?Ñ !ÐB! >?Ñ
que
0 ÐB! >?Ñ 0 ÐB! Ñ !ÐB! >?Ñ
œ 0Ð?Ñ ,
> >
onde
!ÐB! >?Ñ m!ÐB! >?Ñm
m m œ m?m Ä !,
> m>?m
quando > Ä !.
I.5.4 A diferenciabilidade de uma aplicação num ponto é uma noção local. Mais
precisamente, suponhamos que Y § I é um aberto, que 0 À Y Ä J é uma
aplicação, que Z § Y é outro aberto e que B! − Z . Tem-se então que 0 é
diferenciável em B! se, e só se, a restrição 0ÎZ À Z Ä J é diferenciável em B!
e, nesse caso, as aplicações lineares H0 ÐB! Ñ e H0ÎZ ÐB! Ñ coincidem.
I.5.5 Se Y § I é um aberto e se 0 À Y Ä J é uma aplicação constante, então 0 é
diferenciável em todos os pontos B − Y e com H0B œ !.
Se 0À I Ä J é uma aplicação linear, então 0 é diferenciável em todos os
pontos B − I e tem-se H0B œ 0.
I.5.6 Se Y § I é um aberto e B! − Y , então a derivação em B! de aplicações
com valores num espaço vectorial J de dimensão finita é um operador
linear, no sentido que, se 0 À Y Ä J e 1À Y Ä J são diferenciáveis em B! e
se + − ‘, então 0 1À Y Ä J e +0 À Y Ä J são ainda diferenciáveis em B!
e tem-se
HÐ0 1ÑB! œ H0B! H1B! , HÐ+0 ÑB! œ +H0B! .
isto é,
HÐ- ‰ 0 ÑB! Ð?Ñ œ -ÐH0B! Ð?ÑÑ.
§5. Cálculo Diferencial em espaços vectoriais… 45
isto é,
HÐ1 ‰ 0 ÑB! Ð?Ñ œ H10 ÐB! Ñ ÐH0B! Ð?ÑÑ.
facto de ela ser um pouco mais delicada que as dos resultados anteriores
leva-nos a apresentá-la aqui. Para uma melhor sistematização, dividimo-la
em várias alíneas:
a) Tendo em conta a definição, tudo o que temos que mostrar é que,
definindo uma aplicação #À Y Ä K por
1Ð0 ÐBÑÑ œ 1Ð0 ÐB! ÑÑ H10 ÐB! Ñ ÐH0B! ÐB B! ÑÑ #ÐBÑ,
podemos considerar &ww ! tal que, sempre que mC 0 ÐB! Ñm Ÿ &ww , tem-se
C−Z e
$
m" ÐCÑm Ÿ mC 0 ÐB! Ñm.
#ÐQ "Ñ
H2B! Ð?Ñ œ " ÐH0B! Ð?Ñß 1ÐB! ÑÑ " Ð0 ÐB! Ñß H1B! Ð?ÑÑ.
É claro que, em cada caso concreto, a fórmula anterior será apenas um passo
intermédio, muitas vezes não explicitado, e que o símbolo ‚ deverá ser
substituído no fim pelo significado que tem nesse caso.
Para além da multiplicação de números reais (ou complexos) apresentamos
agora exemplos de outras aplicações bilineares relativamente às quais é
comum aplicar a regra de Leibnitz:
a) J é um espaço vectorial sobre Š (igual a ‘ ou ‚) e " À Š ‚ J Ä J é a
multiplicação de um escalar por um vector.
b) J é um espaço vectorial real, munido de um produto interno, e
" À J ‚ J Ä ‘ é o produto interno de vectores.
c) " À ‘$ ‚ ‘$ Ä ‘$ é o produto externo usual de dois vectores de ‘$ .
d) J e K são espaços vectoriais de dimensão finita e " À PÐJ à KÑ ‚ J Ä K é
a aplicação de avaliação, definida por " Ð-ß CÑ œ -ÐCÑ.
e) Sendo `8 o espaço vectorial das matrizes (reais ou complexas) com 8
linhas e 8 colunas, " À `8 ‚ `8 Ä `8 é a multiplicação de matrizes.
Será talvez um exercício útil explicitar, em cada um destes exemplos, qual o
modo como se enuncia a correspondente regra de Leibnitz.
15A fórmula anterior tem por vezes algo de chocante para quem a examina pela primeira
vez: Para se calcular H0B! Ð?ÑÐ@Ñ, calcula-se primeiro 0 ÐBÑÐ@Ñ e depois deriva-se o resul-
tado em B! na direcção de ?. Poderia parecer mais natural considerar que o resultado
deveria ser H0B! Ð@ÑÐ?Ñ mas, se repararmos bem é aquele, e não este, que faz sentido: Se
0 é uma aplicação definida num aberto de I e com valores em PÐJ à KÑ, faz sentido deri-
vá-la num ponto na direcção de um vector de I e o resultado é então um elemento de
PÐJ à KÑ, que aplicado a um vector de J dá um vector de K .
50 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
Dem: Pode-se já supor que + ,, uma vez que o caso + œ , é trivial e que
aquele em que + , se reduz ao primeiro por troca do papel das variáveis.
Fixemos $ ! arbitrário. Consideremos o conjunto G dos > − Ò+ß ,Ó tais que
m0 Ð>Ñ 0 Ð+Ñm Ÿ ÐQ $ ÑÐ> +Ñ.
Trata-se de um subconjunto fechado de Ò+ß ,Ó, que é não vazio, por conter +,
pelo que podemos considerar o máximo - do conjunto G , que verifica
portanto a desigualdade
m0 Ð-Ñ 0 Ð+Ñm Ÿ ÐQ $ ÑÐ- +Ñ.
Se se tivesse - , , então o facto de se ter
0 Ð>Ñ 0 Ð-Ñ
lim m m œ m0 w Ð-Ñm Ÿ Q Q $
>Ä- >-
implicava a possibilidade de escolher >, com - > , tal que
0 Ð>Ñ 0 Ð-Ñ
m m Q $,
>-
de onde deduzíamos que
m0 Ð>Ñ 0 Ð+Ñm Ÿ m0 Ð>Ñ 0 Ð-Ñm m0 Ð-Ñ 0 Ð+Ñm Ÿ
Ÿ ÐQ $ ÑÐ> -Ñ ÐQ $ ÑÐ- +Ñ œ ÐQ $ ÑÐ> +Ñ,
É claro que toda a aplicação linear é uma aplicação afim, tendo ela mesmo
como aplicação linear associada.
I.6.7 Sejam I , J e K espaços vectoriais de dimensão finita, -À I Ä J uma
aplicação afim, de aplicação linear associada -, e Y § I e Z § J dois
conjuntos abertos tais que -ÐY Ñ § Z . Se 0 À Z Ä K é uma aplicação de
classe G 5 , tem-se então que 0 ‰ -ÎY À Y Ä K é também de classe G 5 e
Dem: Repare-se que o caso em que 4 œ ! é trivial e aquele em que 4 œ " não
56 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
Dem: Seja < ! tal que a bola fechada de centro B! e raio < esteja contida
em Y e que, para cada B nessa bola fechada, mHÐH0 ÑB HÐH0 ÑB! m Ÿ $ e
tomemos & œ #< . Seja ? − I tal que m?m Ÿ & e consideremos a aplicação 1Ð?Ñ ,
com valores em J , definida por
1Ð?Ñ ÐCÑ œ 0 ÐB! ? CÑ 0 ÐB! CÑ
assim como, evidentemente, a desigualdade que se obtém desta por troca dos
papéis de ? e @. Uma vez que a soma das quatro primeiras parcelas dentro da
norma no primeiro membro fica invariante por troca dos papéis de ? e @,
concluímos que, sempre que m?m Ÿ & e m@m Ÿ &, tem-se
mH# 0B Ð@ß ?Ñ H# 0B Ð?ß @Ñm Ÿ #$ m?mm@m.
Deduzimos agora que, se ? e @ são vectores não nulos arbitrários de I ,
podemos escrever
m?m &? m@m &@
?œ , @œ ,
& m?m & m@m
&? &@
com m?m e m@m vectores de norma &, pelo que podemos escrever
aplicações bilineares simétricas, o que implica que H5" ÐH# 0 ÑB aplica I 5"
em P#=37 ÐIà J Ñ.
I.6.22 Nas condições anteriores, para cada 5 , tem-se, mais geralmente, que as
derivadas H5 0B À I 5 Ä J são multilineares complexas e a aplicação
H5 0 À Y Ä P5‚ ÐIà J Ñ é holomorfa.
Dem: Demonstramos, por indução em 5 " que cada H5 0 À Y Ä P5‚ ÐIà J Ñ
é holomorfa e cada H5" 0B À I 5" Ä J é multilinear complexa, o caso 5 œ "
sendo o resultado precedente. Supondo o resultado verdadeiro para um certo
5 , podemos utilizá-lo com a aplicação holomorfa H0 À Y Ä P‚ ÐIà J Ñ para
garantir que
H5+1 ÐH0 ÑB À I 5" Ä P‚ ÐIà J Ñ
é multilinear complexa e a igualdade de definição
H5# 0B Ð?" ß á ß ?5# Ñ œ H5" ÐH0 ÑB Ð?" ß á ß ?5" ÑÐ?5# Ñ
para o elemento
H4 0 ÐB" ! ß á ß B: ! ÑÐ"Ñ œ EÐH4 0 ÐB" ! ß á ß B: ! ÑÑ − J
(? na posição 4),
4œ"
4œ"
onde
14 ÐB" ß á ß B: Ñ œ 0 ÐB" ! ß á ß B4" ! ß B4 ß B4" ß á ß B: Ñ
0 ÐB" ! ß á ß B4" ! ß B4 ! ß B4" ß á ß B: Ñ,
forma
H4 0 œ PÐ+4 à M.J Ñ ‰ H0 ,
Dem: Basta atender a que, tendo em conta I.6.14, é equivalente dizer que
`0
H4 0 À Y Ä PБà J Ñ é de classe G 5 e dizer que `B 4
À Y Ä J é de classe G 5 .
4œ"
H2B! Ð?Ñ œ " 0Ð0" ÐB! Ñß á ß 04" ÐB! Ñß H04 B! Ð?Ñß 04" ÐB! Ñß á ß 0: ÐB!ÑÑ
:
4œ"
4œ"
4œ"
5œ"
œ +4ß4 det ‰ F" Ð?" ß á ß ?4" ß ?4 ß ?4" ß á ß ?8 Ñ œ +4ß4
H detM.I Ð!Ñ œ " det ‰ F" Ð?" ß á ß !Ð?4 Ñß á ß ?8 Ñ œ " +4ß4 œ TrÐ!Ñ,
8 8
4œ" 4œ"
como queríamos.
pelo que, dado $ !, vem, sempre que m0 M.I m Ÿ minÐ #$ ß "# Ñ, tendo em
conta a conclusão de a),
m!Ð0Ñm Ÿ m0" mm0 M.I mm0 M.I m Ÿ
$
Ÿ # m0 M.I m œ $ m0 M.I m,
#
como queríamos.
d) Seja agora 0 − P3=9 ÐIà J Ñ arbitrário. Notemos GÀ PÐIà J Ñ Ä PÐIà IÑ e
sÀ PÐIà IÑ Ä PÐJ à IÑ as aplicações lineares definidas por
G
sÐ.Ñ œ . ‰ 0" ,
GÐ-Ñ œ 0" ‰ - , G
a primeira das quais aplica P3=9 ÐIà J Ñ sobre P3=9 ÐIà IÑ e 0 em M.I .
Notando agora F! a aplicação F no caso particular em que I œ J , o facto
de se ter, para cada - − P3=9 ÐIà J Ñ,
-" œ Ð0" ‰ -Ñ" ‰ 0" ,
o que mostra que 2ÐBÑ aplica F V Ð!Ñ em FV Ð!Ñ. O teorema do ponto fixo para
aplicações contractivas implica agora que, para cada B − Y œ F< ÐB! Ñ, existe
um, e um só, C − Z œ FV Ð!Ñ, tal que 2ÐBÑ ÐCÑ œ C , isto é, tal que
0 ÐBß CÑ œ !. Notando C œ 1ÐBÑ, resta-nos ver que a aplicação 1À Y Ä Z é de
classe G 5" . Seja Q mH" 0ÐB! ß!Ñ m. Suponhamos que V w foi escolhido
suficientemente pequeno para que, para cada B − FVw ÐB! Ñ e C − FVw Ð!Ñ, se
tenha mH" 0ÐBßCÑ m Ÿ Q ; pela fórmula da média, deduzimos então que, se
Bß Bw − Y e C − Z , tem-se
(6) m0 ÐBß CÑ 0 ÐBw ß CÑm Ÿ Q mB Bw m.
Usando (4), obtemos agora, para Bß Bw − Y ,
w
m1ÐBÑ 1ÐBw Ñm œ m2 ÐBÑ Ð1ÐBÑÑ 2 ÐB Ñ Ð1ÐBw ÑÑm Ÿ
w w w
Ÿ m2ÐBÑ Ð1ÐBÑÑ 2 ÐB Ñ Ð1ÐBÑÑm m2 ÐB Ñ Ð1ÐBÑÑ 2 ÐB Ñ Ð1ÐBw ÑÑm Ÿ
"
Ÿ m0 ÐBw ß 1ÐBÑÑ 0 ÐBß 1ÐBÑÑm m1ÐBÑ 1ÐBw Ñm Ÿ
#
w " w
Ÿ Q mB B m m1ÐBÑ 1ÐB Ñm,
#
de onde se deduz que "# m1ÐBÑ 1ÐBw Ñm Ÿ Q mB Bw m, ou seja,
(7) m1ÐBÑ 1ÐBw Ñm Ÿ #Q mB Bw m.
Esta última fórmula implica, em particular, a continuidade da aplicação 1.
Vamos agora ver que, para cada B" − Y , 1 é diferenciável em B" , e com
(8) H1B" œ ÐH# 0ÐB" ß1ÐB" ÑÑ Ñ" ‰ H" 0ÐB" ß1ÐB" ÑÑ .
a qual verifica s0 ÐB! ß !Ñ œ ! e H#s0 ÐB! ß!Ñ œ 0 ‰ H# 0ÐB! ßC! Ñ œ M.J . Aplicando o
lema anterior a s0 , concluímos a existência de um aberto Y de I , com
B! − Y , e de um aberto Z s de J , com ! − Z s , com a correspondente aplicação
de classe G 5"
(respectivamente holomorfa) s1À Y Ä Z s e, sendo
s
Z œ C! Z , Y e Z vão verificar as condições do enunciado, com 1À Y Ä Z
definido por 1ÐBÑ œ C! s1ÐBÑ.
§8. Teoremas da função implícita e da função inversa 71
4œ"
+ +
§9. Integral de funções vectoriais de variável real 73
+ + +
+ +
( B .> œ Ð, +ÑB,
,
tem-se
+ + +
+ +
I.9.7 Se 0 ß 1À Ò+ß ,Ó Ä ‘ são aplicações contínuas tais que 0 Ð>Ñ Ÿ 1Ð>Ñ, para cada
>, então
+ +
I.9.8 Sejam 0 À Ò+ß ,Ó Ä J uma aplicação contínua e - − Ò+ß ,Ó. Tem-se então
+ + -
74 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
Em particular, tem-se
(
+
0 Ð>Ñ .> œ !.
+
( 0 Ð>Ñ .> œ (
, +
0 Ð>Ñ .>.
+ ,
Verifica-se então, após uma discussão fácil, que são válidas, quaisquer que
sejam +ß ,ß - − N , as igualdades
( 0 Ð>Ñ .> œ (
, +
0 Ð>Ñ .>,
+ ,
+ + -
+
w
Tem-se então que 0 é diferenciável em todos os pontos e s0 Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ.
I.9.11 (Fórmula de Barrow) Sejam N § ‘ um intervalo aberto, J um espaço
vectorial de dimensão finita, 0 À N Ä J uma aplicação contínua e s0 À N Ä J
w
uma aplicação diferenciável em todos os pontos e com s0 Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ, para
cada > − N . Tem-se então, para cada +ß , − N ,
I.10.2 Mais geralmente, nas condições anteriores, tem lugar, para cada + − N ,
uma aplicação contínua 2À N ‚ E Ä J (misto de integral paramétrico e de
integral indefinido), definida por
+ +
+
Ÿ $ Ð, +ÑmB B! m,
EXERCÍCIOS
- Nw ‰ - ‰ N - Nw ‰ - ‰ N
1" Ð-Ñ œ , 1# Ð - Ñ œ .
# #
N e N˜ em P‚ ÐIà J Ñ
Mostrar ainda que as estruturas complexas induzidas por s
coincidem e as induzidas em P‚ ÐIà J Ñ são simétricas uma da outra.
d) Nas condições de c), e supondo que I e J estão munidos de produtos
internos complexos e que consideramos em P‘ ÐIà J Ñ o produto interno
complexo referido na alínea a) de I.3.5, mostrar que as parcelas directas de
P‘ ÐIà J Ñ referidas em c) são mutuamente ortogonais, em particular cada
uma é o complementar ortogonal da outra e 1" e 1# são as projecções ortogo-
nais sobre cada uma das parcelas.
Ex I.4 Mostrar que, se I é um espaço vectorial complexo, com estrutura
complexa N , munido de um produto interno real Ø ß Ù‘ , não obrigatoriamente
hermitiano, então I admite um produto interno real hermitiano Ø ß Ùw‘ , defi-
nido por
Ø?ß @Ù‘ ØN Ð?Ñß N Ð@ÑÙ‘
Ø?ß @Ùw‘ œ
#
(a divisão por # não é essencial; que interesse poderá ter?).
Ex I.5 Sejam I e J espaços vectoriais complexos, com estruturas complexas N
e N w , respectivamente, e K um espaço vectorial sobre Š (igual a ‘ ou ‚).
Diz-se que uma aplicação bilinear real 0À I ‚ J Ä K é circular (respectiva-
mente anticircular) se se tem 0ÐN Ð?Ñß @Ñ œ 0Ð?ß N w Ð@ÑÑ (respectivamente
0ÐN Ð?Ñß @Ñ œ 0Ð?ß N w Ð@ÑÑ), quaisquer que sejam ? − I e @ − J .
a) Mostrar que 0 é circular (respectivamente anticircular) se, e só se, quais-
quer que sejam ? − I e @ − J , se tem 0ÐN Ð?Ñß N w Ð@ÑÑ œ 0Ð?ß @Ñ (respecti-
vamente 0ÐN Ð?Ñß N w Ð@ÑÑ œ 0Ð?ß @Ñ). Mostrar ainda que os produtos internos
reais hermíticos são anticirculares e que, no caso em que Š œ ‚, as aplica-
ções bilineares complexas são circulares e as aplicações sesquilineares são
anticirculares.
b) Notemos P‘ ÐIß J à KÑ e P‘ ÐIß J à KÑ os subespaços vectoriais (sobre
Š) de P‘ ÐIß J à KÑ constituídos, respectivamente, pelas aplicações bilineares
circulares e pelas anticirculares. Mostrar que tem lugar a soma directa
P‘ ÐIß J à KÑ œ P‘ ÐIß J à KÑ Š P‘ ÐIß J à KÑ
e que as projecções 1" e 1# associadas a esta soma directa estão definidas
respectivamente por
0 0 ‰ ÐN ‚ N w Ñ 0 0 ‰ ÐN ‚ N w Ñ
1" Ð0Ñ œ , 1# Ð 0 Ñ œ .
# #
c) No caso em que Š œ ‚, Mostrar que tem lugar a soma directa de subes-
paços vectoriais complexos
Exercícios 79
17Esta última afirmação resulta também do que já foi feito na alínea b).
Exercícios 81
que pode ser usado para transportar um produto interno no primeiro espaço.
Ex I.13 Sejam I e J espaços vectoriais de dimensões 7 e 8 sobre Š, munidos
de produto interno, e -ß .À I Ä J duas aplicações lineares. Mostrar que o
produto interno de Hilbert-Schmidt Ø-ß .Ù é dado por Ø-ß .Ù œ TrÐ.‡ ‰ -Ñ.
Ex I.14 (Isomorfismos ortogonais na dimensão 1) Seja I um espaço
euclidiano ou hermitiano de dimensão ". Mostrar que, para cada + − Š, com
l+l œ ", tem lugar um isomorfismo ortogonal 0+ À I Ä I definido por
0+ ÐBÑ œ +B e que todo o isomorfismo ortogonal 0À I Ä I é da forma 0+ ,
para um único + naquelas condições (em particular, no caso em que Š œ ‘,
existem dois, e só dois isomorfismos ortogonais I Ä I , nomeadamente M.I
e M.I , o primeiro conservando e o segundo invertendo as orientações).
Ex I.15 (Isomorfismos ortogonais na dimensão #) Seja I um espaço
euclidiano de dimensão #. Seja N uma das duas estruturas complexas de I
compatíveis com o produto interno (cf. I.4.24). Consideremos, como
auxiliares, em I a estrutura de espaço vectorial complexo de dimensão "
definida por N e o produto interno complexo cujo produto interno real
associado é o dado.
a) Seja 0À I Ä I um isomorfismo ortogonal que conserve (respectivamente
inverta) as orientações. Mostrar que 0 é uma aplicação linear complexa
(respectivamente é antilinear) e lembrar que, no primeiro caso, 0 é também
um isomorfismo ortogonal relativamente ao produto interno complexo
correspondente.
b) Para cada > − ‘, seja 3> À I Ä I o isomorfismo ortogonal, conservando as
orientações, definido por
82 Cap. I. Álgebra Linear e Cálculo Diferencial
dimensão par.
d) Nas condições de c), mostrar que I w œ I Š I! é soma directa ortogonal
de uma família de subespaços vectoriais 0-invariantes J4 com dimensão #
tais que cada 0ÎJ4 conserve as orientações e concluir que I w admite uma
estrutura complexa N , compatível com o produto interno, relativamente à
qual 0ÎI w é ‚-linear (e portanto 0ÎI w − Y ÐI w Ñ). Sugestão: Fixar em cada J4
uma das duas estruturas complexas compatíveis e tomar para N a soma
directa destas estruturas complexas.
e) Utilizar a alínea c) do exercício precedente para concluir que, para cada
0 − WSÐIÑ œ S ÐIÑ, existe uma aplicação contínua (aliás, mesmo suave)
<À ‘ Ä S ÐIÑ tal que <Ð!Ñ œ M.I e <Ð"Ñ œ 0. Concluir daqui que, dados
0ß ( − S ÐIÑ (respectivamente 0ß ( − S ÐIÑ), existe uma aplicação
contínua (aliás, mesmo suave) <À ‘ Ä S ÐIÑ (respectivamente
<À ‘ Ä S ÐIÑ) tal que <Ð!Ñ œ 0 e <Ð"Ñ œ (. Concluir que S ÐIÑ e
S ÐIÑ são conexos por arcos, em particular conexos e que, portanto, salvo
no caso trivial em que I œ Ö!×, S ÐIÑ e S ÐIÑ são as componentes
conexas de I .
f) Fixada uma orientação em I , mostrar que o conjunto Z8 ÐIÑ das bases
ortonormadas de I é a união dos subconjuntos Z8 ÐIÑ e Z8 ÐIÑ, constituí-
dos respectivamente pelas bases ortonormadas directas e pelas bases ortonor-
madas retrógradas, que são abertos em Z8 ÐIÑ e ambos conexos por arcos, em
particular conexos. Deduzir que, salvo no caso trivial em que I œ Ö!×,
Z8 ÐIÑ e Z8 ÐIÑ são as componentes conexas de Z8 ÐIÑ.
Ex I.19 Se I é um espaço vectorial complexo de dimensão 8, que relação
existirá entre a orientação associada de I e a associada ao espaço vectorial
conjugado I ?
Ex I.20 Seja 0À I ‚ I Ä J uma aplicação bilinear. Seja 0 À I Ä J a aplicação
definida por 0 ÐBÑ œ 0ÐBß BÑ. Mostrar que 0 é diferenciável em todos os
pontos e que
H0B ÐAÑ œ 0ÐBß AÑ 0ÐAß BÑ.
1ÐBÑ œ (
"
0 Ð>BÑ .>
!
Sugestão: Fixado 0, atender a que, para cada ( − PÐIà IÑ, se tem detÐ(Ñ œ
detÐ( ‰ 0" ÑdetÐ0Ñ, derivando em seguida ambos os membros desta
identidade como funções de (, no elemento 0.
b) Deduzir a seguinte fórmula para a derivada de segunda ordem de det na
aplicação linear identidade:
H# detM.I Ð!ß " Ñ œ TrÐ" Ñ TrÐ!Ñ TrÐ" ‰ !Ñ.
19Este resultado, juntamente com o precedente, mostra que os conjuntos que podem ser
da forma tB! ÐEÑ são precisamente os cones fechados.
92 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
Ò+ß _Ò œ + Ò!ß _Ò, onde Ò!ß _Ò é um cone fechado em ‘, e o facto de
se ter t+ ÐÒ+ß _ÒÑ œ X+ ÐÒ+ß _ÒÑ œ ‘ resulta de + ser aderente ao interior
Ó+ß _Ò de Ò+ß _Ò. Para as restantes conclusões de a), basta atender a que
Ò+ß ,Ò e Ò+ß ,Ó coincidem com Ò+ß _Ò na vizinhança de +, porque todos têm a
mesma intersecção com o aberto Ó_ß ,Ò de ‘, que contém +. As conclusões
de b) são análogas, a partir do facto de se poder escrever Ó_ß ,Ó œ
, Ó_ß !Ó, onde Ó_ß !Ó é um cone fechado em ‘ e de , ser aderente ao
interior de Ó_ß ,Ó.
II.1.12 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita e B! − E § I . Tem-se
então
tB! ÐEÑ œ Ö!× Í t
B! ÐEÑ œ Ö!× Í B! é um ponto isolado de E.
0 ÐC8 Ñ Ä 0 ÐB! Ñ, concluímos que H0B! ÐAÑ − t0 ÐB! Ñ ÐFÑ. No caso em que se
tem mesmo A − tB! ÐEÑ, sabemos que se pode tomar atrás para ÐC8 Ñ a
sucessão com todos os termos iguais a B! , pelo que podemos concluir que se
tem mesmo H0B! ÐAÑ − t0 ÐB! Ñ ÐFÑ. Uma vez que o conjunto dos vectores de
XB! ÐEÑ, cuja imagem pela aplicação linear H0B! À XB! ÐEÑ Ä J está no
subespaço vectorial X0 ÐB! Ñ ÐFÑ de J , é um subespaço vectorial de XB! ÐEÑ,
que, pelo que vimos, contém t B! ÐEÑ, podemos agora concluir que ele é
precisamente o subespaço vectorial gerado XB! ÐEÑ, o que mostra que a
aplicação linear H0B! À XB! ÐEÑ Ä J aplica efectivamente XB! ÐEÑ em
X0 ÐB! Ñ ÐFÑ.
o que prova a). Quanto a b), se ? − XB! ÐEÑ œ tB! ÐEÑ, tem-se também
? − XB! ÐEÑ œ tB! ÐEÑ pelo que, aplicando a conclusão de a) a ? e a ?,
concluímos que H0B! Ð?Ñ Ÿ ! e
H0B! Ð?Ñ œ H0B! Ð?Ñ Ÿ !,
23É o que acontece no quadro das variedades sem bordo, estudadas adiante (cf. II.4.10).
§2. Funções diferenciáveis em conjuntos não abertos 97
XB! ÐEÑ ‚ XB! ÐEÑ em J (ou, melhor ainda, em X0 ÐB! Ñ ÐFÑ). Tudo o que
haveria a fazer seria tomar um prolongamento local de classe G # , 0 À Y Ä J ,
de 0 em B! e definir H# 0B! como a restrição da aplicação bilinear
H# 0 B! À I ‚ I Ä J . Esta definição não é, no entanto, legítima, visto que, em
geral, o resultado depende do prolongamento 0 (ver, por exemplo, o
exercício II.14 no final do capítulo).
HÐ1 ‰ 0 ÑB! ÐAÑ œ HÐ1 ‰ 0 ÑB! ÐAÑ œ H10 ÐB! Ñ ÐH0 B! ÐAÑÑ œ
œ H10 ÐB! Ñ ÐH0B! ÐAÑÑ œ H10 ÐB! Ñ ÐH0B! ÐAÑÑ,
que HÐ0 " Ñ0 ÐB! Ñ ‰ H0B! œ HÐ0 " ‰ 0 ÑB! é a identidade de XB! ÐEÑ e que
H0B! ‰ HÐ0 " Ñ0 ÐB! Ñ œ HÐ0 ‰ 0 " Ñ0 ÐB! Ñ é a identidade de X0 ÐB! Ñ ÐFÑ, o que
mostra que H0B! é um isomorfismo de XB! ÐEÑ sobre X0 ÐB! Ñ ÐFÑ, tendo
HÐ0 " Ñ0 ÐB! Ñ como isomorfismo inverso. Por fim, o facto de H0B! aplicar
tB! ÐEÑ sobre t0 ÐB! Ñ ÐFÑ e t
B! ÐEÑ sobre t0 ÐB! Ñ ÐFÑ vem de que, para cada
A − t0 ÐB! Ñ ÐFÑ (respectivamente A − t0 ÐB! Ñ ÐFÑ), tem-se Aw œ H0B! ÐAÑ, onde
w w
(respectivamente A − t
B! ÐEÑ).
II.2.15 É o resultado anterior que nos permite, em muitos casos, determinar
explicitamente, sem recorrer à definição, os cones tangentes, os cones
tangentes alargados e os espaços vectoriais tangentes. Bastará, para isso,
arranjar um difeomorfismo de classe G " entre o conjunto em questão e um
outro conjunto, relativamente ao qual aqueles conjuntos sejam conhecidos.
A título de exemplo, suponhamos que I e J são espaços vectoriais de
dimensão finita, que E § I e que 0 À E Ä J é uma aplicação de classe G " .
Consideremos o respectivo gráfico, que é o subconjunto F de I ‚ J ,
F œ ÖÐBß CÑ − I ‚ J ± B − E e C œ 0 ÐBÑ×.
Podemos então considerar um difeomorfismo de classe G " 1À E Ä F , defi-
nido por 1ÐBÑ œ ÐBß 0 ÐBÑÑ (reparar que a bijecção inversa de 1 é mesmo de
classe G _ , por estar definida por ÐBß CÑ È B). Concluímos assim que, para
cada B! − E, a aplicação linear
H1B! À XB! ÐEÑ Ä XÐB! ß0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ,
que está definida por A È ÐAß H0B! ÐAÑÑ, é um isomorfismo que aplica
tB! ÐEÑ sobre tÐB! ß0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ e t B! ÐEÑ sobre tÐB! ß0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ (em particular,
XÐB! ß0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ é o gráfico da aplicação linear H0B! ). Vemos portanto que, no
caso em que XB! ÐEÑ, tB! ÐEÑ e t B! ÐEÑ são conhecidos (por exemplo, se E for
um aberto de I ), ficamos a conhecer XÐB! ß0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ, tÐB! ß0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ e
t
ÐB! ß0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ.
25O exercício II.8, no fim do capítulo, mostra que nesta e na próxima inclusão a igualdade
dos dois membros pode não ser verificada.
§2. Funções diferenciáveis em conjuntos não abertos 101
aplicação linear, logo de classe G _ e com H14 ÐB" ! ßáßB8 ! Ñ œ 14 , a qual aplica
E" ‚ â ‚ E8 em E4 , concluímos que 14 aplica
XÐB" ! ßáßB8 ! Ñ ÐE" ‚ â ‚ E8 Ñ em XB4 ! ÐE4 Ñ,
tÐB" ! ßáßB8 ! Ñ ÐE" ‚ â ‚ E8 Ñ em tB4 ! ÐE4 Ñ,
t
ÐB" ! ßáßB8 ! Ñ ÐE" ‚ â ‚ E8 Ñ em tB4 ! ÐE4 Ñ,
4œ"
:Ð>Ñ œ œ
! , se > Ÿ !
.
/"Î> , se > !
:8s Ð>Ñ œ œ
! , se > Ÿ !
" ,
>8 /"Î> , se > !
J , que a cada B − E associa a soma ! 04 ÐBÑ (para cada B esta soma tem
4−N
4−N
apenas um número finito de parcelas não nulas).
Se tivermos uma família localmente finita de aplicações contínuas
04 À E Ä J , a sua soma ! 04 é ainda uma aplicação contínua de E em J .
4−N
Com efeito, para vermos que uma aplicação definida em E é contínua, basta
vermos que, para cada ponto B! − E, existe um aberto Z de E, com B! − Z ,
onde a restrição da aplicação é contínua, e, por definição, podemos escolher
esse aberto de modo que a restrição seja uma soma finita de aplicações
contínuas.
Com a mesma justificação, no caso em que E é uma parte arbitrária dum
espaço vectorial I de dimensão finita e temos uma família localmente finita
de aplicações de classe G 5 , 04 À E Ä J , a sua soma ! 04 é ainda uma aplica-
4−N
ção de classe G 5 de E em J .
II.3.4 (Primeira versão do teorema da partição da unidade) Sejam I um
espaço vectorial de dimensão finita e ÐY4 Ñ4−N uma família de conjuntos
abertos de I e notemos Y a união dos abertos Y4 . Existe então uma família
contável26 de aplicações suaves, 0# À Y Ä Ò!ß "Ó, onde # − >, verificando as
condições seguintes:
a) A família Ð0# Ñ#−> é localmente finita;
b) Para cada # − >, existe um índice 4 e um conjunto compacto G# § Y4 tais
que se tenha 0# ÐBÑ œ !, para cada B − Y Ï G# , por outras palavras, a
aplicação 0# tem suporte compacto contido em Y4 .
c) Para cada B − Y , tem-se ! 0# ÐBÑ œ ".27
# −>
Dem: Fixemos em I um produto interno e consideremos sobre I a norma
26Ao dizermos que a família é contável estamos a significar que o conjunto > dos índices
é finito ou numerável.
27É esta igualdade que está na origem do nome partição da unidade.
104 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
em particular a aplicação s0 8ßC é nula fora do compacto F <8ßC ÐCÑ contido num
dos Y4 .
Vamos agora verificar que a família das restrições das aplicações s0 8ßC a Y é
localmente finita (isto apesar de a família das aplicações s0 8ßC não ter que ser
localmente finita). Consideremos para isso D − Y arbitrário. Existe 8! tal que
D − O8! e então Z8! " é um aberto de Y , contendo D tal que, para cada
8 8! $ e C − M8 (portanto salvo para um número finito de pares Ð8ß CÑ),
s0 8ßC ÐBÑ œ ! para todo o B − Z8! " , visto que, se s0 8ßC ÐBÑ !, tinha-se
§3. Partições da unidade 105
A família contável das aplicações suaves s0 8ßC ÎY À Y Ä Ò!ß "Ò verifica assim as
que, para cada B − Y , tem-se ! s0 8ßC ÐBÑ !, uma vez que, escolhendo o
condições a) e b) do enunciado. Quanto a c), tudo o que podemos dizer é
e, a partir dela, uma família contável de funções suaves 08ßC À Y Ä Ò!ß "Ó,
onde 8 " e C − M8 , definidas por
s0 8ßC ÐBÑ
08ßC ÐBÑ œ ,
s0 ÐBÑ
4−N
Dem: Seja Ð0# Ñ#−> uma família nas condições de II.3.4 e notemos agora G s#
os correspondentes subconjuntos compactos de abertos Y4 fora dos quais os
0# se anulam. Para cada # − >, escolhamos um índice 4Ð# Ñ − N tal que
Gs # § Y4Ð#Ñ . Para cada 4 − N , seja >4 o conjunto dos # − > tais que 4 œ 4Ð# Ñ.
Os conjuntos >4 são evidentemente disjuntos dois a dois e de união > (alguns
deles podem ser vazios). Para cada 4 − N , a família Ð0# Ñ#−>4 é trivialmente
também localmente finita pelo que podemos definir uma aplicação suave
14 À Y Ä Ò!ß "Ó por
4−N
demonstrar a propriedade b) do enunciado. Seja, para cada 4 − N , [4 o
conjunto dos B − Y tais que 14 ÐBÑ ! e notemos G4 a aderência de [4 em
Y ; tudo o que temos que verificar é que se tem G4 § Y4 . Seja portanto
B − G4 arbitrário. Sejam Z uma vizinhança aberta de B em Y e >w § > uma
parte finita, de modo que, para cada # − > Ï >w , a restrição de 0# a Z seja
nula. Seja Z w uma vizinhança arbitrária de B em Y . O facto de B pertencer à
aderência de [4 implica a existência de C − Z Z w [4 ; tem-se então
14 ÐCÑ ! pelo que existe # − >4 tal que 0# ÐCÑ !, o que implica que
C−G s # e # − >w ; isto mostra que B é aderente à união finita dos G
s # , com
# − > >4 , união essa que é fechada, por ser uma união finita de
w
4−N
Existe então uma família Ð14 Ñ4−N , de funções suaves 14 À I Ä Ò!ß "Ó tal que:
a) A famíliaÐ14 Ñ4−N é localmente finita.
b) Para cada 4 − N , existe um subconjunto G4 de Y4 , fechado em I , tal que
14 ÐBÑ œ !, para cada B − I Ï G4 .
c) Para cada B − E, ! 14 ÐBÑ œ " e, para cada B − I , ! 14 ÐBÑ Ÿ ".
4−N 4−N
Dem: Basta aplicar a segunda versão do teorema da partição da unidade à
cobertura aberta de I formada pelos conjuntos abertos Y4 e I Ï E,
ignorando em seguida a função correspondente a este último aberto.
II.3.10 (Prolongamentos globais de aplicações de classe G 5 ) Sejam I e J
espaços vectoriais de dimensão finita, E § I um conjunto arbitrário e
0 À E Ä J uma aplicação de classe G 5 . Existe então um aberto Y de I , com
E § Y , e um prolongamento de classe G 5 0 À Y Ä J de 0 .
Dem: Para cada B − E, seja 0 ÐBÑ À YB Ä J um prolongamento local de classe
G 5 de 0 no ponto B. Seja Y a união dos abertos YB de I , com B − E, que é
um aberto de I , contendo E. Pela segunda versão do teorema da partição da
unidade, podemos considerar uma família localmente finita de funções
suaves 1ÐBÑ À Y Ä Ò!ß "Ó tal que cada 1ÐBÑ seja nula fora de um certo
B−E
s0 ÐBÑ À Y Ä J , de classe G 5 , definida por
s0 ÐBÑ ÐCÑ œ œ
! , se C Â YB
.
1ÐBÑ ÐCÑ0 ÐBÑ ÐCÑ , se C − YB
B − E, ! 14 ÐBÑ œ "Þ
14 é nula fora de uma certa parte G4 de E4 , fechada em E, e que, para cada
4−N
Como anteriormente, dizemos que a família das aplicações 14 é uma partição
da unidade de E subordinada à cobertura aberta de E constituída pelos
conjuntos E4 .
Dem: Para cada 4 − N , seja Y4 um aberto de I tal que E4 œ E Y4 . Sendo
Y a união dos Y4 , que é um aberto contendo E, podemos, por II.3.7,
considerar uma família localmente finita de funções suaves s14 À Y Ä Ò!ß "Ó tal
s 4 de Y4 , fechada em Y , e que,
!
que cada s14 seja nula fora de uma certa parte G
para cada B − Y , s14 ÐBÑ œ ". Basta-nos agora tomar para 14 À E Ä Ò!ß "Ó as
4−N
s 4 E.
restrições das aplicações s14 e para G4 as intersecções G
II.3.12 Sejam I e J espaços vectoriais de dimensão finita, E § I um
subconjunto, F um conjunto fechado em E e 0 À F Ä J uma aplicação de
classe G 5 . Existe então uma aplicação de classe G 5 , 0 À E Ä J , prolongando
a aplicação 0 .
Dem: Tendo em conta II.3.10, vai existir um aberto Y de I , com F § Y , e
um prolongamento s0 À Y Ä J , de classe G 5 , de 0 . Vem que Y E e E Ï F
são dois abertos em E, de união E, pelo que a versão precedente do teorema
da partição da unidade garante a existência de aplicações suaves
:ß <À E Ä Ò!ß "Ó tais que : se anula fora de uma certa parte G de Y E,
fechada em E, < se anula fora de uma certa parte G w de E Ï F , fechada em
E, e, para cada B − E, :ÐBÑ <ÐBÑ œ ". Em particular, para cada B − F ,
tem-se <ÐBÑ œ !, donde :ÐBÑ œ ". Seja agora 0 À E Ä J a aplicação de
classe G 5 definida por
§3. Partições da unidade 109
0 ÐBÑ œ œ
! , se B Â Y
s ÐBÑ Þ
:ÐBÑ0 , se B − Y
28Repare-se que podemos, em particular, tomar como função $ uma função de valor cons-
tante maior que !, caso em que o resultado garante a existência de uma aproximação
uniforme da aplicação contínua 0 por uma aplicação suave 1.
29No caso em que E é fechado em I , pode-se tomar Y œ I (cf. o exercício II.20, no fim
do capítulo), desde que se afaste o caso trivial em que G œ g (e portanto E œ gÑ.
30Esta demonstração baseia-se na demonstração de um resultado análogo em [16].
110 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
C
1À Y Ä J a aplicação suave definida por
1ÐBÑ œ " :C ÐBÑ 0 ÐCÑ
C−E
C−MB C−MB
Para cada B − F , tem-se 2ÐBÑ œ 0 ÐBÑ œ 0 ÐBÑ e, reparando que, sempre que
:ÐBÑ Á !, tem-se B − Y , e portanto m0 ÐBÑ 0 ÐBÑm $ ÐBÑ, vemos que, para
cada B − E,
m2ÐBÑ 0 ÐBÑm œ m:ÐBÑ0 ÐBÑ <ÐBÑ1ÐBÑ :ÐBÑ0 ÐBÑ <ÐBÑ0 ÐBÑm œ
œ m:ÐBÑÐ0 ÐBÑ 0 ÐBÑÑ <ÐBÑÐ1ÐBÑ 0 ÐBÑÑm Ÿ
Ÿ :ÐBÑm0 ÐBÑ 0 ÐBÑm <ÐBÑm1ÐBÑ 0 ÐBÑm
:ÐBÑ$ ÐBÑ <ÐBÑ$ ÐBÑ œ $ ÐBÑ,
como queríamos.
31Por vezes utiliza-se o termo variedade em vez de variedade sem bordo. A razão por que
utilizamos este último é a de que encontraremos mais adiante uma noção mais geral,
relativamente à qual empregaremos o termo variedade.
§4. Variedades sem bordo 113
Figura 1
Dizemos que o conjunto Q é uma variedade sem bordo se, para cada
B − Q , ÐQ ß BÑ é uma variedade sem bordo (com uma dimensão que pode
eventualmente variar de ponto para ponto32). No caso em que, para cada
B − Q , o par ÐQ ß BÑ é uma variedade sem bordo, com a mesma dimensão 8,
dizemos também que Q é uma variedade sem bordo com dimensão 8.
II.4.7 Intuitivamente, uma variedade sem bordo com dimensão 8 é portanto um
conjunto que, localmente, é parecido com um espaço vectorial de dimensão
8. Uma variedade sem bordo com dimensão " é o que estamos habituados a
chamar de curva e as variedades sem bordo com dimensão # correspondem à
noção usual de superfície.
No nosso caso estamos a atribuir à noção intuitiva de parecido o significado
difeomorfo. Se por parecido entendêssemos homeomorfo, obteríamos uma
noção mais fraca, a de variedade topológica. Por exemplo, pode-se verificar
que a união dos quatro lados dum quadrado é uma variedade topológica sem
bordo, embora não seja uma variedade sem bordo, no sentido que utilizamos
neste curso.
II.4.8 (Exemplos) a) Como primeiro exemplo, trivial, de variedade sem bordo
com dimensão 8, temos o de um aberto Y de um espaço vectorial I de
dimensão 8: Para cada B − Y , ÐY ß BÑ é, com efeito, localmente difeomorfo a
ÐIß BÑ (cf. II.4.4).
b) Um segundo exemplo trivial de variedade é o das variedades de dimensão
!: Se B! − Q § I , o par ÐQ ß B! Ñ é uma variedade sem bordo com dimensão
! se, e só se, B! é um ponto isolado de Q , isto é, se, e só se, o conjunto
unitário ÖB! × é aberto em Q . Para o constatarmos, basta reparar que um
espaço vectorial de dimensão ! é constituído pelo único vector ! e que uma
bijecção entre conjuntos unitários é sempre um difeomorfismo, uma vez que
as aplicações constantes são suaves.
c) Como primeiro exemplo não trivial de variedade sem bordo, podemos
considerar o duma hipersuperfície esférica. Consideremos em ‘8 , com
Dem: O facto de H0B! ser uma aplicação linear injectiva implica que
H0B! ÐJ Ñ é um subespaço vectorial de dimensão 7 de J s pelo que podemos
considerar um subespaço vectorial K de J s , com dimensão 8 7, tal que
tenha lugar a soma directa J s œ H0B! ÐJ Ñ Š K (por exemplo, o ortogonal de
H0B! ÐJ Ñ, relativamente a um produto interno que se considere em sJ ). Seja
1w À Z w ‚ K Ä Js a aplicação suave definida por
1w ÐBß DÑ œ 0 ÐBÑ D .
s está
Tem-se 1w ÐB! ß !Ñ œ 0 ÐB! Ñ e a aplicação linear H1wÐB! ß!Ñ À J ‚ K Ä J
definida por
H1wÐB! ß!Ñ Ð?ß AÑ œ H0B! Ð?Ñ A.
O facto de ter lugar a soma directa atrás referida e de a aplicação linear H0B!
ser injectiva implica trivialmente que a aplicação linear H1wÐB! ß!Ñ é também
injectiva pelo que, uma vez que J ‚ K e J s têm a mesma dimensão 8, esta
última aplicação linear vai ser um isomorfismo. Estamos assim em condições
de aplicar o teorema da função inversa para garantir a existência de um
aberto de J ‚ K , contendo ÐB! ß !Ñ e contido em Z w ‚ K , que podemos já
supor ser da forma Z ‚ [ , com B! − Z aberto de I e ! − [ aberto de K ,
tais que a restrição 1 de 1w a Z ‚ [ seja um difeomorfismo de Z ‚ [ sobre
um aberto Z s de J s , sendo imediato, pela definição de 1w , que se tem
1ÐBß !Ñ œ 0 ÐBÑ.
§4. Variedades sem bordo 119
ÐCw ßDÑÈCw
s ‚ [ qqqqqp
Z s
Z
:Æ Æ<
Y qqqqqp s
Y
0ÎY
II.4.23 Sejam ÐQ ß B! Ñ uma variedade sem bordo, F uma parte arbitrária dum
espaço vectorial I s de dimensão finita e 0 À Q Ä F uma imersão no ponto
B! . Existe então um aberto Y de Q , com B! − Y , tal que a restrição 0ÎY seja
122 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
difeomorfismo.
0.5
0.5
Figura 2
s Q Ñ œ ÖÐCß DÑ − Z ‚ [ ± D œ !×.
<" ÐY
agora que <w verifica quase a propriedade do enunciado (as plicas são por
causa do quase) e verificar em seguida que com uma restrição conveniente
de <w temos o problema resolvido. Em primeiro lugar, se ÐCß DÑ − Z w ‚ [ w é
tal que D œ !, vem <w ÐCß DÑ œ <w Ð<w " ‰ :ÐCÑÑ œ :ÐCÑ − Y w § Q pelo que
tudo o que seria necessário mostrar era que, se ÐCß DÑ − Z w ‚ [ w é tal que
<w ÐCß DÑ − Q , então D œ !. Isto, infelizmente, pode ser falso, pelo que vamos
tentar reduzir os abertos de modo a deitar fora os pontos pirata (cf. figura 3).
Figura 3
s Ä Q , definida por
considerar a aplicação suave 1À Y
1ÐCÑ œ :Ð<" ÐCÑß !Ñ,
a qual verifica 1ÐC! Ñ œ B! e
0 Ð1ÐCÑÑ œ <Ð<" Ð0 Ð:Ð<" ÐCÑß !ÑÑÑÑ œ <Ð<" ÐCÑÑ œ C .
Para provarmos a última afirmação do enunciado basta vermos que 0 ÐQ Ñ é
uma vizinhança de C! em Q s , visto que, se E for uma vizinhança de B! em
Q , podemos aplicar a referida conclusão à restrição de 0 a E, que ainda
verifica evidentemente a propriedade a) do enunciado. Ora o facto de 0 ÐQ Ñ
33Costuma-se traduzir esta última condição dizendo que 1 é uma secção suave de 0 sobre
s.
o aberto Y
126 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
ÐC w ß DÑ È C w .
ÐCw ßDÑÈCw
s ‚ [ qqqqqp
Z s
Z
: ºl ºl <
l l
Æ Æ
Y qqqqqp s
Y
0ÎY
s ‚ [ , tendo-se, por
Para cada B − Y , vem B œ :ÐC w ß DÑ, com ÐC w ß DÑ − Z
w
s
definição, B − Q se, e só se, 0 ÐBÑ − Q , ou, por outras palavras se, e só se,
w
sw Y
Cw œ <" Ð0 Ð:ÐC w ß DÑÑÑ − <" ÐQ s Ñ.
O facto de < ser um difeomorfismo e de Q sw Y s w,
s ser um aberto de Q
w
s Y
contendo C! , implica que <" ÐQ s Ñ é no ponto ! uma variedade sem
bordo com dimensão 8 . O que vimos atrás mostra-nos que
w
w
s Y
:" ÐQ w Y Ñ œ <" ÐQ sÑ ‚ [,
pelo que :" ÐQ w Y Ñ é no ponto Ð!ß !Ñ uma variedade sem bordo com
dimensão 8w Ð7 8Ñ. O facto de : ser um difeomorfismo implica agora
que Q w Y , e portanto também Q w , é no ponto B! uma variedade sem bordo
com dimensão 8w Ð7 8Ñ œ 7 Ð8 8w Ñ. Provemos por fim a afirmação
relativa aos vectores tangentes. O facto de se ter Q w § Q implica
trivialmente que XB! ÐQ w Ñ § XB! ÐQ Ñ. Dado ? − XB! ÐQ Ñ, o facto de H:Ð!ß!Ñ
ser um isomorfismo de J s ‚ K sobre XB! ÐQ Ñ, que aplica o espaço vectorial
" s w s
XÐ!ß!Ñ Ð< ÐQ Y Ñ ‚ [ Ñ sobre XB! ÐQ w Ñ, implica que se pode escrever
? œ H:Ð!ß!Ñ Ð@ß AÑ, com Ð@ß AÑ − J s ‚ K , e que se tem então ? − XB! ÐQ w Ñ se,
e só se
sw Y
Ð@ß AÑ − XÐ!ß!Ñ Ð<" ÐQ sw Y
s Ñ ‚ [ Ñ œ X! Ð<" ÐQ s ÑÑ ‚ K ,
pelo que o que dissemos atrás mostra que se tem ? − XB! ÐQ w Ñ se, e só se,
s w Ñ.
H0B! Ð?Ñ − XC! ÐQ
128 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
34Os vectores tangentes são portanto, neste caso, aqueles que são perpendiculares ao raio.
§4. Variedades sem bordo 129
portanto uma variedade sem bordo com dimensão !. Nesse caso, a aplicação
suave 0 À Q Ä ‘8 vai ter 8 componentes, que são as aplicações suaves
0" ß á ß 08 À Q Ä ‘ definidas por
0 ÐBÑ œ Ð0" ÐBÑß á ß 08 ÐBÑÑ,
e o conjunto Q w vai ser o conjunto dos pontos B − Q tais que se tenha
0" ÐBÑ œ ," , 0# ÐBÑ œ ,# ß á ß 08 ÐBÑ œ ,8 , ou seja, vai ser o conjunto das
soluções de um sistema de equações. Concluímos portanto que, se ÐQ ß B! Ñ é
uma variedade sem bordo com dimensão 7, o conjunto das soluções de um
sistema de 8 equações (verificadas pelo elemento B! ) vai ser em B! uma
variedade sem bordo com dimensão 7 8,35 isto se se verificar a hipótese
fundamental de a derivada H0B! ser uma aplicação linear sobrejectiva de
XB! ÐQ Ñ sobre ‘8 .36
Esta hipótese fundamental pode ser enunciada, de modo equivalente, em
termos das derivadas em B! das aplicações componentes 04 À Q Ä ‘,
4 œ "ß á ß 8, com a exigência de que as aplicações lineares
H0" ÐB! Ñß H0# ÐB! Ñß á ß H08 ÐB! ÑÀ XB! ÐQ Ñ Ä ‘
II.4.36 (Lema) Seja ÐQ s ß C! Ñ uma variedade sem bordo com dimensão 8 e seja
w
C! − Qs §Q s tal que ÐQ s w ß C! Ñ seja uma variedade sem bordo com dimensão
8w . Existe então um aberto Y s de Q s , com C! − Y s Ä ‘88w ,
s , e 1À Y
submersão no ponto B! tal que 1ÐC! Ñ œ !, de modo que se tenha
sw Y
Q s œ ÖC − Y
s ± 1ÐCÑ œ !×.
Por outras palavras, toda a subvariedade pode ser definida localmente por um
sistema de equações, verificando a hipótese de independência referida em
II.4.34.
Dem: Este lema vai ser uma consequência do resultado sobre fotografia
duma subvariedade referido em II.4.27. Esse resultado permite-nos
considerar espaços vectoriais J e K , com dimensões 8w e 8 8w , conjuntos
abertos Ys de Q s , com C! − Y
s , Z de J , com ! − Z , e [ de K , com ! − [ ,
e um difeomorfismo <À Z ‚ [ Ä Y s tal que <Ð!ß !Ñ œ C! e que
" s w s Ñ seja o conjunto dos ÐC ß DÑ − Z ‚ [ tais que D œ !. Podemos
w
< ÐQ Y
então considerar a aplicação suave s1À Y s Ä K , composta do difeomorfismo
" s
< À Y Ä Z ‚ [ com a segunda projecção 1# À Z ‚ [ Ä [ § K . Tem-se
s1ÐC! Ñ œ !, a aplicação linear H1 sC! é sobrejectiva, como composta da
aplicação linear sobrejectiva 1# À J ‚ K Ä K com o isomorfismo
s Ñ Ä J ‚ K,
HÐ<" ÑC! À XC! ÐQ
e Qsw Ys vai ser o conjunto dos C − Ys tais que s1ÐCÑ œ !. Por fim, para
88w
substituir K por ‘ , basta tomar para 1 a composta de s1 com um
w
isomorfismo .À K Ä ‘88 .
II.4.37 (Versão mais geral do resultado sobre construção de variedades
como imagens recíprocas) Sejam ÐQ ß B! Ñ e ÐQ s ß C! Ñ variedades sem bordo,
com dimensões 7 e 8, respectivamente e 0 À Q Ä Q s uma aplicação suave
w w
s §Q
tal que 0 ÐB! Ñ œ C! . Seja C! − Q s tal que ÐQs ß C! Ñ seja uma variedade
sem bordo, com dimensão 8w e suponhamos verificada a seguinte condição
de transversalidade:
w
s Ñ œ XC! ÐQ
H0B! ÐXB! ÐQ ÑÑ XC! ÐQ sÑ
s w Ñ œ Ö@ − XC! ÐQ
XC! ÐQ s Ñ ± H1C! Ð@Ñ œ !×.
w
s Ñ.
isto é, tais que se tenha H0B! Ð?Ñ − XC! ÐQ
s ß C! Ñ uma variedade sem bordo, com dimensão 8 e
II.4.38 (Corolário) Sejam ÐQ
Q e Q dois subconjuntos de Q
w s , contendo C! , e tais que ÐQ ß C! Ñ e ÐQ w ß C! Ñ
sejam variedades sem bordo, com dimensões 7 e 7w , respectivamente.
37É claro que esta condição se encontra automaticamente verificada no caso em que a
s Ñ é sobrejectiva, as duas condições sendo equi-
aplicação linear H0B! À XB! ÐQ Ñ Ä XC! ÐQ
w
s
valentes no caso em que Q é o conjunto unitário ÖC! ×.
132 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
com H0B! ÐH2" C! ÐAÑÑ − XC! ÐEÑ e H2# C! ÐAÑ − K œ XC! ÐEѼ , o que mostra
que H2#C! ÐAÑ é a projecção ortogonal de A sobre K, em particular, se
A − K, A œ H2#C! ÐAÑ.
e) Para cada C − [ , o facto de se ter C œ 0 Ð2" ÐCÑÑ 2# ÐCÑ, com 2" ÐCÑ − Y
e 2# ÐCÑ − Z , implica, pelo que vimos em a), que C − E se, e só se,
2# ÐCÑ œ !. O teorema de construção de variedades como imagens recíprocas
garante agora que [ E, e portanto E, é no ponto C! uma variedade sem
bordo.
s . O facto de se ter
é um subespaço vectorial de dimensão 8w de I
HÐ0 ‰ :" ÑÐCßDÑ Ð@ß AÑ œ @ H2ÐCßDÑ Ð@ß AÑ
que está naquele subespaço, tem que ser da forma @ H2ÐCßDÑ Ð@ß !Ñ, pelo
que, mais uma vez por ter lugar a soma directa referida, tem que ser @ œ !, e
portanto
H2ÐCßDÑ Ð!ß AÑ œ H2ÐCßDÑ Ð@ß !Ñ œ H2ÐCßDÑ Ð!ß !Ñ œ !.
pelo que
0 ÐY Ñ œ 0 ‰ :" ÐZ ‚ [ Ñ œ 0 ‰ :" ÐZ ‚ Ö!×Ñ.
O facto de a restrição de 0 ‰ :" a Z ‚ Ö!×, que está definida por
ÐCß !Ñ È C 2ÐCß !Ñ, ser um difeomorfismo sobre a sua imagem (que é
bijectiva resulta da soma directa referida e, pela mesma razão, a inversa está
definida por Cw È Ð1 sÐC w Ñß !Ñ) implica agora que 0 ÐY Ñ, tal como Z ‚ Ö!×, é
uma variedade sem bordo, com dimensão 8w .
Vamos estudar nesta secção alguns exemplos de variedade sem bordo que
aparecem com frequência nas aplicações. O primeiro exemplo é algo
trivial, na medida em que se está em presença de um aberto de um espaço
vectorial de dimensão finita, e é aqui apresentado apenas como referência.
orientações) e por aqueles que verificam detÐ0Ñ ! (ou seja, que invertem as
orientações). Aqueles subconjuntos são, em particular, variedades sem bordo,
com a mesma dimensão que SÐIÑ, e o primeiro é também um subgrupo e
portanto, trivialmente, um grupo de Lie. Uma vez que cada um dos conjuntos
S ÐIÑ e S ÐIÑ é o complementar do outro, estes conjuntos são também
fechados em SÐIÑ, e portanto compactos.
O grupo S ÐIÑ é também notado WSÐIÑ e conhecido como o grupo
ortogonal especial.39
II.5.9 Seja I um espaço vectorial, real ou complexo, de dimensão 8 ".
Tem-se então que o subconjunto WPÐIÑ de PÐIà IÑ, cujos elementos são as
aplicações lineares 0 com detÐ0Ñ œ ", é uma variedade sem bordo com
dimensão 8# ", no caso real, e dimensão #8# #, no caso complexo.
Tem-se além disso, para o espaço vectorial tangente em M.I − WPÐIÑ,
XM. ÐWPÐIÑÑ œ Ö! − PÐIà IÑ ± TrÐ!Ñ œ !×.
WPÐIÑ é um subgrupo de KPÐIÑ e portanto. também um grupo de Lie.
Dem: O facto de WPÐIÑ ser um subgrupo de KPÐIÑ é uma consequência
das propriedades do determinante em I.1Þ22. Tendo em conta I.7.9,
detÀ PÐIà IÑ Ä Š é uma aplicação suave e a sua derivada em M.I é a
aplicação linear complexa ! È TrÐ!Ñ, a qual é sobrejectiva, uma vez que
cada + − Š é igual a TrÐ 8+ M.I Ñ. O teorema de construção de subvariedades
como imagens recíprocas garante agora que WPÐIÑ é uma variedade em
M.I , com a dimensão e o espaço tangente indicados no enunciado. Para
vermos que WPÐIÑ é ainda uma variedade com a mesma dimensão em cada
0 − WPÐIÑ, basta repararmos que tem lugar um difeomorfismo
P0 À WPÐIÑ Ä WPÐIÑ, definido por P0 Ð(Ñ œ 0 ‰ ( (com P0" como
difeomorfismo inverso), o qual aplica M.I em 0.
”! ! •
! !‡#ß"
,
#ß"
40Por esse motivo, é útil pensar em KÐIÑ como sendo “moralmente” o conjunto dos
subespaços vectoriais de I .
§5. Alguns exemplos importantes de variedade 143
o que mostra que HFM.I À XM.I ÐSÐIÑÑ Ä X-! ÐKÐIÑÑ é uma aplicação linear
sobrejectiva. Ficou assim provado que X-! ÐKÐIÑÑ é o conjunto dos
! − P++ ÐIà IÑ tais que ! ‰ -! -! ‰ ! œ ! e, tendo em conta o segundo
teorema da submersão, que KÐIÑ é uma variedade em -! . Por II.4.28,
podemos garantir que FÐSÐIÑÑ é uma vizinhança de -! em KÐIÑ e portanto,
por FÐSÐIÑÑ estar contido em K5 ÐIÑ, K5 ÐIÑ é também uma vizinhança de
-! em KÐIÑ, o que mostra que cada K5 ÐIÑ é aberto em KÐIÑ. Vemos agora
que, se J w é um subespaço arbitrário de dimensão 5 , então, considerando
bases ortonormadas arbitrárias para J e para J w e prolongando-as em bases
ortonormadas de I , podemos considerar o isomorfismo ortogonal 0 − SÐIÑ
definido pela condição de aplicar a primeira base ortonormada de I na
segunda, isomorfismo esse que vai aplicar J sobre J w ; fica assim provado
que se tem mesmo FÐSÐIÑÑ œ K5 ÐIÑ pelo que, por SÐIÑ ser compacto,
K5 ÐIÑ é também compacto, em particular fechado em KÐIÑ. O facto de
KÐIÑ ser a união finita dos compactos K5 ÐIÑ implica que KÐIÑ é também
uma variedade compacta. Vejamos agora que X-! ÐKÐIÑÑ também admite as
caracterizações alternativas no enunciado. Se ! − PÐIà IÑ verifica
! ‰ -! -! ‰ ! œ ! então, se B − J , tem-se -! ÐBÑ œ B, donde
!ÐBÑ œ !Ð-! ÐBÑÑ -! Ð!ÐBÑÑ œ !ÐBÑ -! Ð!ÐBÑÑ,
portanto -! Ð!ÐBÑÑ œ !, ou seja, !ÐBÑ − J ¼ , e, se B − J ¼ , tem-se -! ÐBÑ œ !,
donde
!ÐBÑ œ !Ð-! ÐBÑÑ -! Ð!ÐBÑÑ œ -! Ð!ÐBÑÑ,
portanto !ÐBÑ − J . Reciprocamente, se !ÐJ Ñ § J ¼ e !ÐJ ¼ Ñ § J , então,
para cada B − J , !Ð-! ÐBÑÑ -! Ð!ÐBÑÑ œ !ÐBÑ ! œ !ÐBÑ e, para cada
B − J ¼ , !Ð-! ÐBÑÑ -! Ð!ÐBÑÑ œ !Ð!Ñ !ÐBÑ œ !ÐBÑ e portanto, uma vez
que I œ J Š J ¼ , !Ð-! ÐBÑÑ -! Ð!ÐBÑÑ œ !ÐBÑ, para todo o B − I . A
caracterização de X-! ÐKÐIÑÑ como o conjunto dos ! − P++ ÐIà IÑ tais que
!ÐJ Ñ § J ¼ e !ÐJ ¼ Ñ § J é trivialmente equivalente à caracterização
matricial referida no enunciado e esta última mostra que X-! ÐKÐIÑÑ é
isomorfo a PÐJ à J ¼ Ñ e tem portanto a dimensão no enunciado.
II.6.1 Dissemos atrás que uma variedade sem bordo, com dimensão 8, pode ser
olhada intuitivamente como um conjunto que é localmente parecido com um
144 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
Figura 4
41O termo aberto não tem aqui um significado topológico. A superfície em questão não é
evidentemente um conjunto aberto no espaço vectorial ambiente.
42Supomos naturalmente que o rato tem uma dentadura de classe G _ .
§6. Variedades com bordo 145
planos).
A# A#
A" A"
Figura 5
43Os autores que dão o nome de variedade ao que nós chamámos de variedade sem bordo
usam o termo variedade com bordo para designar o que aqui estamos a chamar de
variedade.
148 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
garantir que ‘8: œ ‘8: ‚ ‘: é uma variedade, tendo em cada ponto
Ð+" ß á ß +8 Ñ dimensão 8 (igual à soma das dimensões dos factores nos pontos
+4 ) e índice igual à soma dos índices de ‘ nos pontos +4 com 4 Ÿ 8 : com
os índices de ‘ nos pontos +4 com 4 8 :, isto é, igual ao número de
índices 4 8 : tais que +4 œ !.
II.6.17 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita e B! − Q § I tais que
ÐQ ß B! Ñ seja uma variedade com dimensão 8 e índice :. Tem-se então:
a) Existe um aberto Y de Q , com B! − Y , tal que, para cada B − Y , ÐQ ß BÑ
seja uma variedade com dimensão 8 e índice menor ou igual a :.
b) Qualquer que seja a vizinhança Z de B! em Q e qualquer que seja
! Ÿ 4 Ÿ :, existe B − Z tal que ÐQ ß BÑ seja uma variedade com dimensão 8
e índice 4.
Em particular, se Q é uma variedade conexa, então Q tem a mesma
dimensão em todos os pontos.
Dem: Seja :À Y Ä Y w um difeomorfismo local de ÐQ ß B! Ñ sobre Б8: ß !Ñ. É
então imediato que, para cada B − Y , : é um difeomorfismo local de ÐQ ß BÑ
sobre Б8: ß :ÐBÑÑ, que, pelo resultado anterior, é uma variedade com dimen-
são 8 e índice menor ou igual a :, o que nos permite concluir que ÐQ ß BÑ é
uma variedade com dimensão 8 e índice menor ou igual a :. Para demonstrar
b), e uma vez que, para cada vizinhança Z de B! , intÐZ Ñ é também, no ponto
B! , uma variedade com dimensão 8 e índice :, basta-nos provar que,
qualquer que seja ! Ÿ 4 Ÿ :, existe B − Q tal que ÐQ ß BÑ seja uma
variedade com dimensão 8 e índice 4. Ora, considerando, como acima, um
difeomorfismo local :À Y Ä Y w de ÐQ ß B! Ñ sobre Б8: ß !Ñ, esta conclusão é
uma consequência de que, pelo resultado anterior, vão existir pontos na
vizinhança aberta Y w de ! em ‘8: onde ‘8: é uma variedade com qualquer
índice 4 entre ! e : (tomar as últimas : 4 coordenadas estritamente posi-
tivas e suficientemente pequenas e todas as restantes iguais a !). A última
conclusão do enunciado resulta de que, tendo em conta a), para cada inteiro 8
o conjunto dos pontos de Q onde a dimensão é 8 é aberto em Q pelo que,
uma vez que Q é a união destes abertos que são disjuntos dois a dois, apenas
um deles pode ser não vazio.
II.6.18 Tendo em conta a alínea b) do resultado anterior, vemos que as únicas
variedades em que o índice é o mesmo em todos os pontos são aquelas em
que esse índice é !, isto é, as variedades sem bordo. Costuma-se também dar
o nome de variedades sem cantos àquelas em que o índice em cada ponto é
sempre ! ou ". Nesta ordem de ideias, chamam-se cantos duma variedade os
pontos desta em que o índice é maior ou igual a #.
II.6.19 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita e Q § I um conjunto.
Para cada : !, vamos notar `: ÐQ Ñ o conjunto dos pontos B − Q tais que
ÐQ ß BÑ seja uma variedade com índice : , conjunto a que daremos o nome de
bordo de índice : de Q .
§6. Variedades com bordo 151
Uma vez que, tendo em conta II.6.13 e II.6.3, o segundo membro é também
um subespaço vectorial de dimensão 8 :, concluímos finalmente a igual-
dade de ambos os membros da inclusão anterior.
II.6.21 (Algumas propriedades topológicas das variedades) Sejam I um
espaço vectorial de dimensão finita e Q § I uma variedade. Tem-se então:
a) Q é um espaço topológico localmente compacto, isto é, cada ponto
B − Q admite um sistema fundamental de vizinhanças compactas.
b) Q é um espaço topológico localmente conexo, isto é, cada ponto B − Q
admite um sistema fundamental de vizinhanças conexas.44 Em particular as
componentes conexas de Q são conjuntos abertos em Q , e portanto também
variedades, com a mesma dimensão e índice que Q em cada ponto.
Dem: Se atendermos a que um difeomorfismo é também um homeo-
morfismo, para provar a) e b), basta-nos provar que ! admite em ‘8: um
sistema fundamental de vizinhanças compactas e conexas. Ora, isso acontece
ao sistema fundamental de vizinhanças constituído pelos conjuntos
Ò<ß <Ó8: ‚ Ò!ß <Ó: , com < !.
II.6.22 (As variedades são localmente fechadas) Sejam I um espaço vectorial
de dimensão finita e Q § I uma variedade. Existe então um aberto Y de I ,
com Q § Y , tal que Q seja fechado em Y .
É bem conhecido o resultado de Topologia que nos diz que todo o espaço
topológico conexo, que seja localmente conexo por arcos, isto é, em que
cada ponto admita um sistema fundamental de vizinhanças conexas por
arcos, é também um espaço topológico conexo por arcos. Uma vez que o
raciocínio da demonstração de II.6.21 mostra também que toda a varie-
dade é localmente conexa por arcos, podemos concluir que toda a
variedade conexa é também conexa por arcos. De facto, torna-se muitas
vezes útil dispôr de um resultado mais forte em que se garante que dois
pontos podem ser unidos não só por um arco contínuo, mas também por
um arco suave. A demonstração, que apresentamos em seguida, é um
pouco mais delicada, na medida que temos que ser cuidadosos com o
modo como unimos dois arcos, para evitar o perigo dos cantos, que não
existia ao nível das aplicações contínuas.
2Ð>Ñ œ
"
1Ð#>Ñ , se > Ÿ #
" ;
s1Ð#> "Ñ , se > #
para a qual se tem 1Ð>Ñ œ B! , se > Ÿ "$ , e 1Ð>Ñ œ B, se > #$ , o que mostra
que B µ B! . Ficou portanto provado que Y está contido na classe de
equivalência em questão, o que mostra que esta é aberta.
II.6.24 (Corolário) Sejam Q § I uma variedade conexa, J um espaço
vectorial de dimensão finita e 0 À Q Ä J uma aplicação de classe G " tal que,
para cada B − Q , H0B œ ! − PÐXB ÐQ Ñà J Ñ. Tem-se então que 0 é uma apli-
cação constante.
Dem:45 Dados Bß C − Q , consideremos uma aplicação suave 1À ‘ Ä Q , tal
que 1Ð!Ñ œ B e 1Ð"Ñ œ C . Podemos então considerar a aplicação 2À ‘ Ä J ,
de classe G " , definida por 2Ð>Ñ œ 0 Ð1Ð>ÑÑ, para a qual se tem 2 w Ð>Ñ œ
H01Ð>Ñ Ð1w Ð>ÑÑ œ !, pelo que 2 é constante, em particular
0 ÐBÑ œ 2Ð!Ñ œ 2Ð"Ñ œ 0 ÐCÑ.
45Este enunciado pode ser também demonstrado facilmente sem recorrer ao resultado
precedente, mas parece-nos instrutivo apresentar esta demonstração.
154 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
e reparemos que H0B Ð?Ñ œ #ØB B! ß ?Ù, pelo que a aplicação linear
H0B À I Ä ‘ é sobrejectiva, excepto para B œ B! . Uma vez que I e ‘ são
variedades sem bordo com dimensões 8 e ", respectivamente, e que se tem
F < ÐB! Ñ œ 0 " Б Ñ, onde ‘ œ Ò!ß _Ò é uma variedade com dimensão ",
tendo índice " no ponto ! e índice ! nos restantes pontos, concluímos que
F < ÐB! Ñ é uma variedade, com a possível excepção do ponto B! , tendo
dimensão 8 em todos os pontos, índice ! nos pontos da bola aberta
F< ÐB! Ñ œ ÖB − I ± mB B! m <× e índice " nos pontos da esfera W< ÐB! Ñ œ
ÖB − I ± mB B! m œ <×. O resultado precedente não nos permite tirar direc-
tamente nenhuma conclusão sobre o que se passa no ponto B! − F < ÐB! Ñ, mas
vemos que, de facto, ele não é uma excepção, visto que, sendo um ponto
interior a F < ÐB! Ñ, este conjunto é naquele ponto uma variedade de dimensão
8 e índice ! (aliás, este mesmo raciocínio serviria também para mostrar que
F < ÐB! Ñ é uma variedade de dimensão 8 e índice ! em qualquer ponto da bola
aberta F< ÐB! Ñ).
Em conclusão F < ÐB! Ñ é uma variedade sem cantos com dimensão 8, tendo-se
`! ÐF < ÐB! ÑÑ œ F< ÐB! Ñ e `" ÐF < ÐB! ÑÑ œ W< ÐB! Ñ. É claro que, para cada
B − F < ÐB! Ñ, XB ÐF < ÐB! ÑÑ œ I (sendo um espaço vectorial de dimensão 8 não
pode ser outra coisa…) e, quanto ao cone tangente, tem-se tB ÐF < ÐB! ÑÑ œ I ,
para cada B − F< ÐB! Ñ (pontos onde o índice é !), e, aplicando mais uma vez
o resultado precedente, vemos que, para cada B − W< ÐB! Ñ,
tB ÐF < ÐB! ÑÑ œ Ö? − I ± H0B Ð?Ñ !× œ Ö? − I ± ØB B! ß ?Ù Ÿ !×
(o conjunto dos vectores que fazem um ângulo recto ou obtuso com o raio
B B! ).
II.6.31 Um caso particular de II.6.29, que se encontra frequentemente na prática,
é aquele em que Q s œ ‘8 ‚ ‘: , C! œ Ð!ß !Ñ e Q s w œ Ö!×8 ‚ ‘: , que é, no
ponto Ð!ß !Ñ, uma variedade com dimensão : e índice :. Sendo ÐQ ß B! Ñ uma
variedade sem bordo com dimensão 7 e 0 À Q Ä ‘8 ‚ ‘: uma aplicação
suave, podemos escrever
0 ÐBÑ œ Ð1" ÐBÑß á ß 18 ÐBÑß 2" ÐBÑß á ß 2: ÐBÑÑ
Repare-se que Q w pode ser olhado como o conjunto dos elementos de Q que
verificam um sistema de 8 equações e : inequações e que o número de
equações é igual à codimensão de Q w em B! e o número de inequações é
igual ao respectivo índice.
II.6.32 Vamos olhar de novo, com um pouco mais de atenção, para a situação
que acabamos de descrever.
Suponhamos que temos uma variedade sem bordo Q , com dimensão 7, e
8 : aplicações suaves 1" ß á ß 18 ß 2" ß á ß 2: À Q Ä ‘ e que consideramos o
subconjunto Q w de Q , definido por 8 equações e : inequações,
Q w œ ÖB − Q ± a 13 ÐBÑ œ !, a 24 ÐBÑ !×.
3 4
Por outras palavras, toda a variedade pode ser definida localmente por um
sistema de equações e de inequações, verificando a hipótese de independên-
cia referida em II.6.32.
Dem: Este lema vai ser uma consequência do resultado sobre fotografia de
uma subvariedade referido em II.6.31. Esse resultado permite-nos considerar
espaços vectoriais J e K , com dimensões 8w e 8 8w , um sector E de índice
: de J , conjuntos abertos Ys de Q
s , com C! − Y
s , Z de J , com ! − Z , e [
de K, com ! − [ , e um difeomorfismo <À Z ‚ [ Ä Y s , tal que
<Ð!ß !Ñ œ C! e que
w
s Y
<" ÐQ s Ñ œ ÖÐC w ß DÑ − Z ‚ [ ± C w − E, D œ !×.
w
Considerando um isomorfismo de ‘8 sobre J , que aplique o sector canónico
w w
‘8: sobre E, e um isomorfismo de ‘88 sobre K, vemos que, se necessário
compondo < com a restrição do produto cartesiano destes isomorfismos,
pode-se já supor que J œ ‘8 , E œ ‘8: œ ‘8 : ‚ ‘: e K œ ‘88 . Toma-
w w w w
47É claro que esta condição se encontra automaticamente verificada no caso em que a
s w ß C! Ñ não
s Ñ é sobrejectiva. No caso em que ÐQ
aplicação linear H0B! À XB! ÐQ Ñ Ä XC! ÐQ
tem bordo, reencontramos a condição em II.4.37.
160 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
Sendo então
w w
s Ñ œ ÖB − Q ± 0 ÐBÑ − Q
Q w œ 0 " ÐQ s ×,
" w w
Q w Y œ s0 ÐÖ!×88 ‚ ‘: Ñ œ ÖB − Y ± s0 ÐBÑ − Ö!×88 ‚ ‘: ×.
? − XB! ÐQ Ñ e de @ww − XC! Ð`: ÐQ s w ÑÑ tais que @w œ H0B! Ð?Ñ @ww , tendo-se
então H1C! Ð@ww Ñ œ !, pelo que
s B Ð?Ñ.
A œ H1C! Ð@w Ñ œ H1C! ‰ H0B! Ð?Ñ H1C! Ð@ww Ñ œ H0 !
w
s B Ð?Ñ − Ö!×88 ‚ ‘: ,
H1C! ÐH0B! Ð?ÑÑ œ H0 !
w
s Ñ.
isto é, tais que H0B! Ð?Ñ − tC! ÐQ
II.6.35 (Versão mais geral da construção de variedades como imagens recí-
procas) Sejam ÐQ ß B! Ñ uma variedade de dimensão 7 e índice :, ÐQ s ß C! Ñ
uma variedade sem bordo com dimensão 8 e 0 À Q Ä Q s uma aplicação
w
s s
suave tal que 0 ÐB! Ñ œ C! . Seja C! − Q § Q tal que ÐQs w ß C! Ñ seja uma
variedade com dimensão 8w e índice :w e suponhamos que
s w ÑÑ œ XC! ÐQ
H0B! ÐXB! Ð`: ÐQ ÑÑÑ XC! Ð`:w ÐQ sÑ
e portanto também
XB! Ð`: ÐQ ÑÑ œ tB! ÐQ Ñ ÐtB! ÐQ ÑÑ œ
œ Ö? − I ± H1B! Ð?Ñ œ !×.
48A novidade em relação à versão precedente está em que permitimos que a variedade
ÐQ ß B! Ñ tenha bordo. No entanto, a variedade de chegada ÐQ s ß C! Ñ continua a não ter
bordo. No caso em que a variedade de partida ÐQ ß B! Ñ também não tem bordo,
reencontramos a condição de transversalidade na versão precedente.
162 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
tais que
s B Ð?Ñ.
H0B! Ð?w Ñ @w œ @ H0 !
portanto
s w ‚ ÐÖ!×57 ‚ ‘: ÑÑÑ,
Ð@w ß !Ñ − XÐC! ß!Ñ Ð`::w ÐQ
4−N
- E4 é um conjunto magro.
c) Se ÐE4 Ñ4−N é uma família finita ou numerável de conjuntos magros, então
4−N
49Em rigor, não deveríamos dar o nome de “teorema de Sard” à versão que estudaremos,
na medida em que se trata de um resultado estabelecido anteriormente por Brown (ver,
por exemplo, [19] para uma discussão mais detalhada desta questão). Preferimos utilizar o
nome “teorema de Sard” por ser essa a designação pela qual é reconhecido pela comu-
nidade matemática actual um resultado deste tipo.
§7. Teorema de Sard 165
dades elementares podiam ter sido dadas no quadro dos espaços topoló-
gicos arbitrários e que só no teorema de Baire vamos utilizar o facto de
estarmos a trabalhar com espaços localmente compactos e separados.50
8 "
vamente compactos O8 , 8 ", de interior não vazio, verificando O8 §
O8" ÐQ Ï G8 Ñ. Para isso, atendemos a que intÐO8" Ñ é um aberto não
vazio, e portanto não contido em G8 , e daqui deduzimos que o aberto
intÐO8" Ñ ÐQ Ï G8 Ñ é não vazio, pelo que nos basta tomar para O8 uma
vizinhança compacta de um dos pontos deste aberto que esteja contida nele.
Vemos agora que
, O8 § O! Ð, Q Ï G8 Ñ œ O! ÐQ Ï . G8 Ñ œ g,
8 " 8 " 8 "
o que é absurdo, uma vez que se trata da intersecção de uma sucessão decres-
cente de compactos não vazios (os O! Ï O8 são abertos do compacto O! ,
com união O! , pelo que teria de haver uma união finita, igual a um dos
O! Ï O8 , que fosse igual a O! , o que implicava que O8 œ g).
50De facto o teorema de Baire também é verificado num enquadramento diferente, muito
importante, por exemplo para as aplicações à Análise Funcional, a saber o dos espaços
métricos completos, mas trata-se de um resultado que não teremos ocasião de aplicar no
nosso estudo.
166 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
51Olhamos para o conjunto vazio como sendo a união da família vazia de subconjuntos.
§7. Teorema de Sard 167
8 "
particular Q é 5-compacto.
Dem: Seja h uma base contável de abertos de Q e notemos ÐY8 Ñ8 " uma
sucessão cujo conjunto de termos seja o dos abertos pertencentes a h cuja
8 "
cada B − Q , vai existir uma vizinhança compacta Z de B e podemos então
escolher Y − h com B − Y § intÐZ Ñ, donde adÐY Ñ § Z , e portanto adÐY Ñ é
compacto. Construamos agora recursivamente uma sucessão estritamente
crescente Ð58 Ñ8 " de números naturais, do seguinte modo: 5" œ "; supondo
construído 58 , e notando O8 o compacto de Q
O8 œ . adÐY3 Ñ,
58
3œ"
O8 § . Y 3 .
58"
3œ"
então , + Ÿ ! Ð,4 +4 Ñ.
4−N
4−N
Dem: Vamos fazer a demonstração por indução no número de índices em N .
No caso em que N œ Ö4× tem um único elemento, o facto de se ter
+ß , − Ò+4 ß ,4 Ó implica que +4 Ÿ + e , Ÿ ,4 , donde , + Ÿ ,4 +4 e temos o
resultado. Suponhamos o resultado válido quando N tem 8 elementos e
vejamos o que sucede quando N tem 8 " elementos. Seja 4! − N tal que
+ − Ò+4! ß ,4! Ó, portanto +4! Ÿ + Ÿ ,4! . Podemos já supor que se tem , ,4! ,
sem o que Ò+ß ,Ó estava contido em Ò+4! ß ,4! Ó e tínhamos uma consequência
4Á4! 4Á4!
, ,4! Ÿ ! ,4 +4 , e portanto
segundo membro é fechado. Pela hipótese de indução, concluímos que
4Á4!
Isto pode ser visto facilmente a partir da Fórmula de Taylor mas, para não
ultrapassarmos a “revisão do Cálculo Diferencial” que apresentámos no iní-
cio, podemos apresentar um argumento directo alternativo, por indução em : ,
para o que convém generalizar o que se pretende provar, permitindo que o
espaço de chegada seja um espaço vectorial normado J , de dimensão finita,
substituindo em (1) o valor absoluto em ‘ pela norma em J e reparando que
a definição de G: Ð0 Ñ se estende trivialmente a este quadro mais geral. No
caso em que : œ ", a fórmula (1) resulta de aplicarmos duas vezes a segunda
versão da fórmula da média, desde que se tome para -" o máximo sobre o
compacto F < ÐBÑ da aplicação contínua que a A associa mHÐH0 ÑA m. Com
efeito, uma primeira aplicação garante que, para cada A no segmento de
extremidades C e D ,
mH0A m œ mH0A H0C m Ÿ -" mA Cm Ÿ -" mD Cm
e uma segunda aplicação garante então que m0 ÐDÑ 0 ÐCÑm Ÿ -" mD Cm# .
170 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
Por fim, supondo o resultado verdadeiro para um certo : ", vemos que,
sendo -:" a constante -: , correspondente à aplicação suave
H0 À Y Ä PБ7 à J Ñ, tem-se, para cada
C − F < ÐBÑ G:" Ð0 Ñ § F < ÐBÑ G: ÐH0 Ñ
com a união estendida aos índices ! para os quais existe C! nas condições
§7. Teorema de Sard 171
#$ Ÿ " #-7 Ð
#< 7" #< #7# -7 <7"
Ñ Ÿ #R 7 -7 Ð Ñ7" œ .
!
R R R
que vai ser assim uma variedade de dimensão 7 ". Para cada
C œ ÐC" ß á ß C4" ß ,4 ß C4" ß á ß C8 Ñ −
− Ó," <ß ," <Ò ‚ â ‚ Ö,4 × ‚ â ‚ Ó,8 <ß ,8 <Ò,
Concluímos assim que o conjunto dos valores críticos desta restrição tem
interior não vazio, e portanto não é magro em ‘4" ‚ Ö,4 × ‚ ‘84 , o que é
um absurdo, tendo em conta a hipótese de indução.
g) Vamos agora verificar que 0 ÐG: Ð0 Ñ Ï G:" Ð0 ÑÑ é magro. Seja
B! − G: Ð0 Ñ Ï G:" Ð0 Ñ arbitrário. Tem-se portanto H: 0B! œ ! e H:" 0B! Á !,
pelo que existem A" ß á ß A:" em ‘7 tais que H:" 0B! ÐA" ß á ß A:" Ñ Á ! e
podemos escolher uma componente 4 tal que H:" 04 B! ÐA" ß á ß A:" Ñ Á !.
Por continuidade, podemos escolher um aberto Z de Y , com B! − Z , tal que,
para cada B − Z , H:" 04 B ÐA" ß á ß A:" Ñ Á !. Tendo em conta o lema
II.7.12, o objectivo desta alínea estará alcançado se mostrarmos que o
conjunto 0 ÐZ ÐG: Ð0 Ñ Ï G:" Ð0 ÑÑÑ é magro. Seja 1À Z Ä ‘ a aplicação
suave definida por
1ÐBÑ œ H: 04 B ÐA# ß á ß A:" Ñ.
Uma vez que a definição de ponto crítico ou de valor crítico apenas faz
intervir a derivada de primeira ordem da função 0 , poderíamos ser
levados a pensar na possibilidade de o teorema de Sard ser verdadeiro
apenas com a exigência de 0 ser de classe G " . Se examinarmos a
demonstração precedente e os lemas nela utilizados, verificamos que
tivemos necessidade de trabalhar com derivadas de ordem superior e, de
facto, um exemplo clássico de Whitney (cf. [27]) mostra que a classe G "
não é em geral suficiente. Com uma demonstração mais cuidadosa,
pode-se verificar que, quando Q e Q s têm dimensões 7 e 8, o teorema é
válido para as aplicações de classe G : , onde o inteiro : depende apenas
de 7 e 8 (cf. [6], problema 2 de XVI.23). Por exemplo, quando 7 Ÿ 8,
pode-se mostrar que a classe G " é suficiente. De facto, examinando as
demonstrações que fizemos, constatamos que é suficiente exigir que a
aplicação 0 À Q Ä Q s seja de classe G 7" , onde 7 é a dimensão de Q ,
mas pode-se mostrar que, em geral, não é necessário exigir tanto.
O teorema de Sard e as definições de ponto crítico, ponto regular, valor
crítico e valor regular foram apresentados apenas no quadro das varieda-
des sem bordo. No entanto, eles são trivialmente generalizáveis à situação
em que a variedade domínio pode ter bordo:
pelo que H0B , sendo a composta de dois isomorfismos com uma aplicação
linear sobrejectiva, é uma aplicação linear sobrejectiva.
EXERCÍCIOS
justificando o resultado.
Ex II.12 Seja I um espaço vectorial de dimensão finita, munido de um produto
interno, e seja W § I a hipersuperfície esférica
W œ ÖB − I ± ØBß BÙ œ "×.
Mostrar que, se B! − W e se ? − XB! ÐWÑ, então ? é prependicular a B! , isto é,
Ø?ß B! Ù œ !. Sugestão: Considerar dois prolongamentos suaves da aplicação
identicamente igual a " sobre W e derivá-los na direcção de ?.
Ex II.13 Mostrar que, se I Á Ö!× é um espaço vectorial de dimensão finita e se
E § I é um subconjunto compacto e não vazio, então existe pelo menos um
ponto B! − E tal que tB! ÐEÑ Á I . Sugestão: Considerar em I um produto
interno e tomar um ponto B! − E de norma máxima.
Ex II.14 Seja E § ‘# , E œ ÖÐBß CÑ ± C œ B# ×, e seja 0 À E Ä ‘ a aplicação
suave definida por 0 ÐBß CÑ œ C . Mostrar que se podem escolher dois
prolongamentos suaves 0 e s0 de 0 a ‘# tais que as derivadas de segunda
ordem
H# 0 Ð!ß!Ñ ß H#s0 Ð!ß!Ñ À ‘# ‚ ‘# Ä ‘
s1ÐBÑ œ œ
:ÐBÑ1ÐBÑ <ÐBÑC! , se B − Y E
,
C! , se B − E Ï Y
onde :ß <À E Ä Ò!ß "Ó são as funções duma partição da unidade associada aos
abertos Y E e E Ï F de E.
4œ"
e que se tem 0 ÎF œ 0 .
Ex II.22 Seja F § ‘$ o conjunto
F œ ÖÐBß Cß DÑ ± B# C # D # œ ", B# #C # œ "×.
Mostrar que F é uma variedade sem bordo com dimensão " em todos os
pontos, com a excepção de Ð"ß !ß !Ñ e Ð"ß !ß !Ñ, e que nestes pontos F não é
uma variedade.
Ex II.23 Sejam Q § I e Q s §I s duas variedades sem bordo e 0 À Q Ä Q s uma
aplicação suave, injectiva e tal que, para cada B − Q , H0B seja um
s Ñ. Mostrar que então 0 ÐQ Ñ é aberto
isomorfismo de XB ÐQ Ñ sobre X0 ÐBÑ ÐQ
s
em Q e que 0 é um difeomorfismo de Q sobre 0 ÐQ Ñ.
Ex II.24 Sejam Q § I e Q s §I s duas variedades sem bordo e 0 À Q Ä Q s uma
aplicação suave. Seja O § Q um conjunto compacto tal que a restrição
0ÎO À O Ä Q s seja uma aplicação injectiva e que, para cada B − O , H0B seja
um isomorfismo de XB ÐQ Ñ sobre X0 ÐBÑ ÐQ s Ñ. Mostrar que existe então um
aberto Y de Q , com O § Y , tal que 0ÎY seja um difeomorfismo de Y sobre
Exercícios 181
um aberto Z de Q s .56
Sugestão: Demonstrar e utilizar o seguinte resultado de natureza puramente
topológica: Sejam Q e Q s espaços topológicos, o segundo dos quais de
Hausdorff. Seja 0 À Q Ä Q s uma aplicação contínua em todos os pontos de
um certo conjunto compacto O § Q tal que a restrição 0ÎO seja injectiva e
que, para cada B − O , exista um aberto YB de Q , com B − YB , tal que a
restrição 0ÎYB seja injectiva. Existe então um aberto Y de Q , com O § Y ,
tal que a restrição 0ÎY é injectiva. Para demonstrar este resultado utilizar duas
vezes a propriedade das coberturas abertas dum compacto, demonstrando,
como passo intermédio, que, para cada B! − O , existem abertos ZB! e [B! de
Q , com B! − ZB! e O § [B! , tais que, se B − ZB! , C − [B! e 0 ÐBÑ œ 0 ÐCÑ,
então B œ C .
Ex II.25 Seja I um espaço vectorial real, de dimensão 8 ", munido de
produto interno. Lembrar que uma aplicação linear 0À I Ä I se diz
autoadjunta se, quaisquer que sejam Bß C − I , se tem Ø0ÐBÑß CÙ œ ØBß 0ÐCÑÙ.
Mostrar que toda a aplicação linear autoadjunta 0À I Ä I admite um vector
próprio não nulo B! , isto é, um vector para o qual 0ÐB! Ñ œ +B! , para um
certo + − ‘. Sugestão: Lembrar que W œ ÖB − I ± mBm œ "× é uma
variedade sem bordo com dimensão 8 " e que, para cada B! − W , XB! ÐWÑ é
o conjunto dos vectores ? − I tais que ØB! ß ?Ù œ !. Tomar para B! um ponto
onde seja máxima a aplicação suave 0 À W Ä ‘, definida por
0 ÐBÑ œ Ø0ÐBÑß BÙ.
Ex II.26 Sejam B! − Q § I , C! − Q w § I w e D! − Q s §Is tais que ÐQ ß B! Ñ,
s ß D! Ñ sejam variedades sem bordo, com dimensões 7, 7w e 8,
ÐQ w ß C! Ñ e ÐQ
respectivamente. Sejam 0 À Q Ä Q s e 1À Q w Ä Qs duas aplicações suaves,
tais que 0 ÐB! Ñ œ D! œ 1ÐC! Ñ e que seja verificada a seguinte condição de
transversalidade:
s Ñ.
H0B! ÐXB! ÐQ ÑÑ H1C! ÐXC! ÐQ w ÑÑ œ XD! ÐQ
56Reparar que o teorema da função inversa não é mais do que o caso particular deste
resultado, em que o compacto O é um conjunto unitário.
182 Cap. II. Vectores Tangentes e Variedades
4 :
b) Mostrar que, se B − `: ÐQ Ñ, então, para cada ! Ÿ 4 Ÿ :, B é aderente a
`4 ÐQ Ñ.
Ex II.43 Sejam + , dois números reais. Mostrar que o intervalo Ò+ß ,Ó é uma
variedade de dimensão ", com `" ÐÒ+ß ,ÓÑ œ Ö+ß ,×.
Ex II.44 Mostrar que os seguintes conjuntos não são variedades no ponto
Ð!ß !Ñ − ‘# :
a) E œ ÖÐBß CÑ − ‘# ± B !, C !, BC œ !×.
b) F œ ÖÐBß CÑ − ‘# ± B ! ” C !×.
c) G œ ÖÐBß CÑ − ‘# ± B !, ! Ÿ C Ÿ B# ×.
Ex II.45 Considerar a pirâmide quadrangular E de ‘$ , constituída pelos pontos
que se podem escrever na forma Ð>Bß >Cß >Ñ, com B − Ò!ß "Ó, C − Ò!ß "Ó e
> − Ò!ß "Ó. Mostrar que E não é uma variedade no ponto Ð!ß !ß !Ñ.
Sugestão: Mostrar que o cone tangente tÐ!ß!ß!Ñ ÐEÑ não é um sector de ‘$ .
Ex II.46 Considerar o cone E de ‘$ , constituído pelos pontos que se podem
escrever na forma Ð>Bß >Cß >Ñ, com > − Ò!ß "Ó e B# C # Ÿ ". Mostrar que E
não é uma variedade no ponto Ð!ß !ß !Ñ.
Ex II.47 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita, B! − Q § I , tal que
ÐQ ß B! Ñ seja uma variedade com dimensão 8 e índice :, e 0 À Q Ä ‘ uma
aplicação suave. Mostrar que os conjuntos
K0 œ ÖÐBß CÑ − Q ‚ ‘ ± C œ 0 ÐBÑ×,
K0 œ ÖÐBß CÑ − Q ‚ ‘ ± C 0 ÐBÑ×,
K0 œ ÖÐBß CÑ − Q ‚ ‘ ± C Ÿ 0 ÐBÑ×,
5Á4
existe uma aplicação suave 0 À Y Ä ÓB! 4 &ß B! 4 &Ò tal que, para cada
5Á4
existe uma aplicação suave 0 À Y Ä ÓB! 4 &ß B! 4 &Ò para a qual se verifica
uma das duas condições seguintes:62
1) Se B − Ys , tem-se B − Q se, e só se, B4 0 ÐB" ß á ß B4" ß B4" ß á ß B8 Ñ;
2) Se B − Ys , tem-se B − Q se, e só se, B4 Ÿ 0 ÐB" ß á ß B4" ß B4" ß á ß B8 Ñ.
Sugestão: Aplicar a conclusão de a) à variedade `" ÐQ Ñ, no ponto B! , e ter
em conta a conclusão do exercício II.50.
Ex II.52 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita, + , dois números
reais e 0 À Ò+ß ,Ó Ä I uma aplicação suave, tal que 0 w Ð>Ñ Á !, para cada
> − Ò+ß ,Ó (um caminho regular). Mostrar que, se 0 é injectiva, então 0 é um
difeomorfismo de Ò+ß ,Ó sobre a sua imagem, em particular 0 ÐÒ+ß ,ÓÑ é uma
variedade de dimensão ", com bordo Ö0 Ð+Ñß 0 Ð,Ñ×. Determinar quais o cone
tangente e o espaço vectorial tangente em cada elemento de 0 ÐÒ+ß ,ÓÑ.
Ex II.53 Generalizar o que foi feito no exercício II.26, permitindo que as
variedades ÐQ ß B! Ñ e ÐQ w ß C! Ñ tenham bordo, à custa de reforçar convenien-
temente a condição de transversalidade.
Ex II.54 Sejam I um espaço vectorial de dimensão 8 e Q § I uma variedade
sem cantos, de dimensão igual à do espaço ambiente (portanto `4 ÐQ Ñ œ g,
para cada 4 #). Mostrar que existe um aberto Y de I , com Q § Y , e uma
aplicação suave 0 À Y Ä ‘ tal que, para cada B − `" ÐQ Ñ, H0B À I Ä ‘ seja
uma aplicação linear sobrejectiva e que se tenha
Q œ ÖB − Y ± 0 ÐBÑ !×,
`" ÐQ Ñ œ ÖB − Y ± 0 ÐBÑ œ !×
é um subconjunto magro de Q .
Ex II.59 Sejam Q § I e Q s §I s duas variedades, ambas eventualmente com
bordo e 0 À Q Ä Q s uma aplicação suave. Generalizando as definições em
II.7.1 e II.7.15, chamemos pontos regulares de 0 aos pontos B − Q tais
que, sendo B − `5 ÐQ Ñ, a aplicação linear
Exercícios 191
sÑ
HÐ0Î`5 ÐQ Ñ ÑÀ XB Ð`5 ÐQ ÑÑ Ä X0 ÐBÑ ÐQ
Como caso particular importante, temos mais uma vez aquele em que E s§E
e tomamos para 0 À Es Ä E a inclusão. A secção imagem recíproca 0 [ não ‡
que ÐCß BÑ é não nulo e ortogonal a ÐBß CÑ, concluímos que tem lugar o
campo de referenciais de X ÐWÑ constituído pela secção suave [ , definida
por [ÐBßCÑ œ ÐCß BÑ.
Não se deve pensar que este resultado seja generalizável para qualquer
dimensão. Por exemplo, pode-se provar, embora com instrumentos de que
não dispômos neste curso, que, sendo W w § ‘$ a superfície esférica de centro
Ð!ß !ß !Ñ e raio ",
W w œ ÖÐBß Cß DÑ − ‘$ ± B# C # D # œ "×,
X ÐW w Ñ não é um fibrado vectorial trivial, não existindo sequer uma secção
suave de X ÐW w Ñ que nunca se anule.63
III.1.11 Sejam E s§K s e E § K dois subconjuntos de espaços vectoriais reais de
dimensão finita e 0 À E s Ä E uma aplicação suave. Seja I œ ÐIB ÑB−E uma
família de subespaços vectoriais de I de base E, e consideremos a imagem
recíproca 0 ‡ I . Tem-se então:
a) Se I é um fibrado vectorial trivial, o mesmo acontece a 0 ‡ I ;
b) Se I é um fibrado vectorial, o mesmo acontece a 0 ‡ I .
Dem: Se I é um fibrado vectorial trivial, podemos considerar um campo de
referenciais [" ß á ß [8 de I e então é imediato que se obtém um campo de
referenciais 0 ‡ [" ß á ß 0 ‡ [8 para 0 ‡ I . Suponhamos agora que I é
simplesmente um fibrado vectorial. Dado C − E s arbitrário, vai existir um
aberto Y de E, com 0 ÐCÑ − Y , tal que I ÎY seja um fibrado vectorial trivial.
Pela continuidade de 0 , podemos considerar um aberto Z de E s, com C − Z ,
tal que 0 ÐZ Ñ § Y . Tem-se então que Ð0 IÑÎZ œ Ð0ÎZ Ñ I ÎY é um fibrado
‡ ‡
63Éeste facto que está na origem da impossibilidade, que se pode intuir experimental-
mente, de pentear uma bola cabeluda, sem permitir a formação de remoínhos.
§1. Fibrados vectoriais 197
07 ÐB" ß á ß B7 Ñ œ B7 "
7"
ØB7 ß 04 ÐB" ß á ß B4 ÑÙ
04 ÐB" ß á ß B4 Ñ.
4œ"
Ø04 ÐB" ß á ß B4 Ñß 04 ÐB" ß á ß B4 ÑÙ
Esta fórmula mostra, mais uma vez pela hipótese de indução, que
07 À Hw 7 ÐIÑ Ä I é suave e o facto de se ter ÐB" ß á ß B7 Ñ − H7 ÐIÑ se, e só
se, ÐB" ß á ß B7 Ñ − Hw 7 ÐIÑ e 07 ÐB" ß á ß B7 Ñ Á ! vai implicar que H7 ÐIÑ é
aberto em I 7 . Para cada ÐB" ß á ß B7 Ñ − H7 ÐIÑ, a mesma fórmula mostra
que 07 ÐB" ß á ß B7 Ñ, que, por construção, é ortogonal ao subespaço gerado
por B" ß á ß B7" , e portanto, em particular, ortogonal a cada 04 ÐB" ß á ß B4 Ñ
com 4 7, pertence ao subespaço vectorial gerado por B" ß á ß B7 , o que
implica que 0" ÐB" Ñß 0# ÐB" ß B# Ñß á ß 07 ÐB" ß á ß B7 Ñ é efectivamente uma base
ortogonal desse subespaço.
§1. Fibrados vectoriais 199
64Trata-sede um exercício simples de Álgebra Linear, que pode ser resolvido, por
exemplo, pelo exame das dimensões dos espaços em questão.
§1. Fibrados vectoriais 201
65Reparar que este resultado generaliza a conclusão do exercício II.38 e tem uma
demonstração mais simples que o argumento utilizado para a respectiva resolução.
202 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
66Lembrar que um vector tangente a KÐIÑs em 10ÐJ Ñ fica determinado pela sua restrição a
0ÐJ Ñ (cf. a caracterização matricial em II.5.13).
§1. Fibrados vectoriais 203
4œ"
206 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
ÈØ^B ß ^B Ù
^B ^B
^Bw œ œ
m^B m
é um vector de norma " deste espaço, constituindo uma base directa, ou seja,
^Bw œ [B . Deduzimos assim que a restrição de [ a Y é uma secção suave
de I ÎY , pelo que o facto de a noção de aplicação suave ser local implica que
[ é uma secção suave de I .
III.2.12 (Nota) O resultado precedente é um fenómeno exclusivo dos fibrados
vectoriais de dimensão ". Por exemplo, se W § ‘$ é a superfície esférica,
veremos em III.2.16 que o fibrado vectorial tangente X ÐWÑ é orientável e,
como já referimos, pode-se provar, embora com técnicas que não
examinaremos neste texto, que este fibrado vectorial não é trivial.
¨
III.2.13 (Exemplo: O fibrado vectorial de Mobius) Seja W § ‘# a circunferên-
cia de centro Ð!ß !Ñ e raio ":
W œ ÖÐBß CÑ − ‘# ± B# C # œ "×.
Sabemos que W é uma variedade sem bordo, com dimensão " e podemos
considerar a aplicação suave 0 À ‘ Ä W , definida por
0 Ð>Ñ œ ÐcosÐ>Ñß sinÐ>ÑÑ,
a qual se verifica imediatamente ser uma submersão sobrejectiva. Conside-
remos agora a família I œ ÐIÐBßCÑ ÑÐBßCÑ−W de subespaços vectoriais de ‘# ,
que a cada ÐBß CÑ − W , com ÐBß CÑ œ 0 Ð>Ñ, associa o subespaço vectorial
gerado pelo vector não nulo
> >
ÐcosÐ Ñß sinÐ ÑÑ − ‘#
# #
(cf. a figura 6).
208 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Figura 6
O facto de IÐBßCÑ estar bem definido vem de que, se =ß > − ‘ verificam
0 Ð=Ñ œ 0 Ð>Ñ, então = > é múltiplo de #1, pelo que #= #> é múltiplo de 1, o
que implica que ÐcosÐ=Î#Ñß sinÐ=Î#ÑÑ e ÐcosÐ>Î#Ñß sinÐ>Î#ÑÑ são iguais ou
simétricos, em qualquer caso geram o mesmo subespaço vectorial de ‘# .
Vamos agora verificar que I é um fibrado vectorial de dimensão " não
orientável, e portanto não trivial.
Para vermos que I é um fibrado vectorial, basta, tendo em conta a carac-
terização destes dada na alínea b) de III.1.18 e a propriedade das submersões
sobrejectivas referida em II.4.31, verificar que 0 ‡ I é um fibrado vectorial.
Ora 0 ‡ I é mesmo um fibrado vectorial trivial, por admitir o campo de
referenciais constituído por uma única secção suave, aquela que a cada >
associa ÐcosÐ>Î#Ñß sinÐ>Î#ÑÑ.
Para vermos que I é não orientável, vamos supor que I admitia uma
orientação suave ! e chegar a um absurdo. Então 0 ‡ ! era uma orientação
suave de 0 ‡ I , pelo que, uma vez que ‘ é conexo, o campo de referenciais de
0 ‡ I , constituído pela secção suave, que a > associa ÐcosÐ>Î#Ñß sinÐ>Î#ÑÑ,
seria directo ou retrógrado. Mas isso é impossível, visto que 0 Ð!Ñ œ 0 Ð#1Ñ e
que os vectores ÐcosÐ>Î#Ñß sinÐ>Î#ÑÑ, para > œ ! e > œ #1, são simétricos,
constituindo assim bases com orientações opostas.
III.2.14 Sejam I e K espaços vectoriais reais de dimensão finita, E § K , e
Is œ ÐIs B ÑB−E e I˜ œ ÐI˜ B ÑB−E dois fibrados vectoriais, com I s B ,I˜ B § I ,
munidos de orientações Ð! sB ÑB−E e Ð!˜B ÑB−E . Suponhamos que, para cada
B − E, I s B I˜ B œ Ö!× e seja, para cada B − E, IB œ I s B Š I˜ B e !B a
orientação de IB associada à soma directa (cf. I.4.18). Tem-se então:
a) I œ ÐIB ÑB−E é também um fibrado vectorial.
b) Se duas das orientações Ð! sB ÑB−E , Ð!˜B ÑB−E e Ð!B ÑB−E forem suaves, a
terceira também é suave.
Dem: Seja B! − E arbitrário. Sejam Z w e Z ww abertos de E, contendo B! , tais
§2. Orientação de fibrados vectoriais reais 209
67Repare-se que não definimos a derivada covariante duma secção senão quando o espaço
vectorial ambiente das fibras está munido de um produto interno. Essa derivada
covariante dependerá, em geral, do produto interno fixado.
§3. Derivação covariante e segunda forma fundamental 211
não pertence à fibra XÐ"ß!Ñ ÐWÑ. Uma vez que Ð"ß !Ñ é ortogonal a XÐ"ß!Ñ ÐWÑ,
tem-se, para a derivada covariante, f[Ð"ß!Ñ Ð!ß "Ñ œ Ð!ß !Ñ.
e a fórmula na alínea c) vai ser uma consequência de que, uma vez que, por
definição de projecção ortogonal, H[B! Ð?Ñ f[B! Ð?Ñ é ortogonal a IB! ,
podemos escrever
ØH[B! Ð?Ñ f[B! Ð?Ñß ^B! Ù œ !,
ou seja,
68Também podemos olhar para 0 como uma secção suave do fibrado vectorial constante
ŠE e, desse ponto de vista, a derivada covariante f0B! Ð?Ñ concide com a derivada usual
H0B! Ð?Ñ, pelo que a fórmula anterior pode ser reescrita, com um aspecto mais
homogéneo, fÐ0 [ ÑB! Ð?Ñ œ f0B! Ð?Ñ[B! 0B! f[B! Ð?Ñ.
212 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
e, analogamente,
Ø[B! ß f^B! Ð?ÑÙ œ Ø[B! ß H^B! Ð?ÑÙ.
ou seja, 1B! ÐH1B! Ð?ÑÐAÑÑ œ !, o que mostra que H1B! Ð?ÑÐAÑ pertence a
IB¼! . Do mesmo modo, no caso em que A − IB¼! , tem-se 1B! ÐAÑ œ !, pelo
que a igualdade em questão dá-nos
1B! ÐH1B! Ð?ÑÐAÑÑ œ H1B! Ð?ÑÐAÑ,
definida por
2B! Ð?ß AÑ œ H1B! Ð?ÑÐAÑ.
é IB! ;
c) No caso em que I é um espaço euclidiano ou hermitiano, para cada
B! − E, A! − IB! e ? − XB! ÐEÑ, o valor da segunda forma fundamental
2B! Ð?ß A! Ñ é o único vector de IB¼! tal que
Ð?ß 2B! Ð?ß A! ÑÑ − XÐB! ßA! Ñ ÐIÑ.
Uma vez que, para cada ÐBß AÑ − I , 1B ÐAÑ œ A, concluímos, por derivação
de ambos os membros desta igualdade no ponto ÐB! ß A! Ñ − I , na direcção de
um vector arbitrário Ð?ß DÑ − XÐB! ßA! Ñ ÐIÑ,
H1B! Ð?ÑÐA! Ñ 1B! ÐDÑ œ D ,
portanto
D 2B! Ð?ß A! Ñ œ 1B! ÐDÑ − IB! ,
ou seja, D − 2B! Ð?ß A! Ñ IB! . Por outro lado, podemos considerar uma
aplicação suave de E ‚ I em I , que a ÐBß AÑ associa ÐBß 1B ÐAÑÑ pelo que,
derivando esta aplicação em ÐB! ß A! Ñ − I na direcção de um vector
Ð?ß D w Ñ − XB! ÐEÑ ‚ I arbitrário, concluímos que
Ð?ß H1B! Ð?ÑÐA! Ñ 1B! ÐD w ÑÑ − XÐB! ßA! Ñ ÐIÑ.
Ficou assim provado que, para cada ? − XB! ÐEÑ e A! − IB! , o conjunto dos
D − I tais que Ð?ß DÑ − XÐB! ßA! Ñ ÐIÑ é igual a 2B! Ð?ß A! Ñ IB! , sendo
portanto um subespaço afim de I , cujo subespaço vectorial associado é IB! ,
subespaço afim esse que contém 2B! Ð?ß A! Ñ. Já sabemos que
2B! Ð?ß A! Ñ − IB¼! e o facto de este ser o único elemento do referido espaço
afim que pertence a IB¼! é uma consequência de III.3.18.
III.3.20 (Corolário) Sejam E § K, I um espaço vectorial de dimensão finita e
I œ ÐIB ÑB−E um fibrado vectorial, com IB § I , e consideremos o respec-
218 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Ð?ß H#s0 ! Ð?w ß @w ÑÑ œ ÐH0! Ð?w Ñß H#s0 ! Ð?w ß @w ÑÑ − XÐB! ß@ÑÐX ÐQ ÑÑ.
220 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Analogamente se tem
72Repare-seque a fórmula com que definimos o parêntesis de Lie Ò\ß ] Ó pode ser obtida
como o caso particular da fórmula precedente, em que se toma para 0 a inclusão de Q
em K.
222 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
s Ÿ mC Bm œ mAm <+ .
mC Bm
O que se passa é que Bs não é só um minimizante para a restrição da função a
s + , é mesmo um minimizante da função em todo o Q , podendo mesmo
G
dizer-se que, se Bw − Q verificasse mC Bw m Ÿ mC Bm
s vinha mC Bw m <+
portanto
mBw +m Ÿ mBw Cm mC Bm mB +m $<+ ,
s Ÿ mC Bm œ mAm <+ ,
mC Bm
que é suave por ter restrições suaves 0Ð+Ñ aos abertos H+ de união H sÞ Além
disso, para cada ÐBß AÑ − Hs, B é o único ponto de Q a distância mínima de
s0 ÐBß AÑ e A œ s0 ÐBß AÑ B, o que mostra que a aplicação s0 é injectiva, e
portanto uma bijecção de H s sobre Ys , sendo mesmo um difeomorfismo de H s
sobre Ys uma vez que a inversa é suave, por ter restrições suaves, iguais a
"
0Ð+Ñ s.
aos abertos Y+ de união Y
3) Vamos provar a existência de uma aplicação suave :À Q Ä Ó!ß "Ò tal que
o aberto H œ ÖÐBß AÑ − X ÐQ Ѽ ± mAm :ÐBÑ× de X ÐQ Ѽ , contendo
Q ‚ Ö!×, esteja contido no aberto H s referido em 2). Será então trivial que se
verificam as condições a) e b) no enunciado.
Subdem: Para cada + − Q seja Z+ œ ÖB − Q ± mB +m <+ ×, que é um
aberto de Q , contendo +. Consideremos uma partição da unidade associada à
cobertura aberta de Q pelos conjuntos Z+ , portanto uma família localmente
cada B − Q , ! :+ ÐBÑ œ " (cf. II.3.11). Vamos ver que a aplicação suave
finita de aplicação suaves :+ À Q Ä Ò!ß "Ó com :+ nula fora de Z+ e, para
+−Q
:À Q Ä ‘ definida por
:ÐBÑ œ " :+ ÐBÑ <+
+−Q
+−Q +−Q
s.
e, tem-se B − Z+" e mAm :ÐBÑ Ÿ <+" , portanto ÐBß AÑ − H+" § H
§3. Derivação covariante e segunda forma fundamental 225
Figura 7
Em ambos os casos as vizinhanças estão associadas a uma função
§3. Derivação covariante e segunda forma fundamental 227
5t B œ 2B Ð>tB ß t>B Ñ − XB ÐQ Ѽ .
5t B œ H>tB Ð>tB Ñ.
donde ØH>tB Ð>tB Ñß t>B Ù œ !, portanto H>tB Ð>tB Ñ − XB ÐQ Ѽ . Deduzimos agora que
tem lugar uma aplicação suave de Q no espaço total X ÐQ Ñ do fibrado
vectorial tangente, que a B associa ÐBß t>B Ñ. Derivando em B na direcção de t>B ,
228 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
obtemos
Ð>tB ß H>tB Ð>tB ÑÑ − XÐBß>tB Ñ ÐX ÐQ ÑÑ,
Dem: Tal como atrás, podemos considerar uma aplicação suave de Q para o
espaço total do fibrado vectorial tangente X ÐQ Ñ, que a cada B associa
ÐBß \B Ñ pelo que, por derivação, vemos que Ð\B ß H\B Ð\B ÑÑ −
XÐBß\B Ñ ÐX ÐQ Ñ. Tendo em conta III.3.22, concluímos que
74É claro que um caso particular deste resultado é aquele em que se toma para \B um
vector tangente unitário, caso em que caímos na situação estudada em III.4.3, com o
bónus de não termos que calcular a projecção ortogonal. A razão por que pode ser útil
este resultado está em que é frequentemente possível obter secções não unitárias de
X ÐQ Ñ com expressões mais simples que as correspondentes secções unitárias, que se
obtêm daquelas dividindo pelas respectivas normas.
§4. Aplicação ao estudo elementar das curvas 229
5B œ m5t B m
do vector curvatura. Se a curvatura de Q num ponto B é não nula, chama-se
plano osculador de Q no ponto B ao subespaço vectorial de I gerado pelos
§4. Aplicação ao estudo elementar das curvas 231
5t B 5t B
8tB œ œ .
m5t B m 5B
É claro que t>B ß 8tB é então uma base ortonormada do plano osculador.
III.4.9 Sejam I um espaço euclidiano e Q § I uma curva, com curvatura não
nula em cada B − Q , e notemos, para cada B − Q , JB o plano osculador a
Q no ponto B. Tem-se então:
a) É suave a aplicação 8t, de Q em I , que a cada B − Q associa a normal
principal 8tB ;
b) A família J œ ÐJB ÑB−Q é um fibrado vectorial, a que daremos o nome de
fibrado vectorial osculador de Q .
Dem: Uma vez que sabemos que é suave a aplicação que a cada B associa o
vector curvatura 5t B , a suavidade da aplicação 8t é uma consequência imediata
do facto de se ter 8tB œ 5t B Îm5t B m. Dado B! − Q arbitrário, podemos escolher
um aberto Y de Q , com B! − Y , tal que X ÐQ ÑÎY seja um fibrado vectorial
trivial, em particular orientável. Sabemos que tem então lugar uma aplicação
suave de Y em I , que a cada B − Y associa o vector unitário t>B de XB ÐQ Ñ,
que constitui um base directa deste espaço, bastando agora reparar que as
aplicações que a cada B − Y associam t>B e 5t B , respectivamente, vão
constituir um campo de referenciais para J ÎY .
III.4.10 Sejam I um espaço euclidiano e Q § I uma curva, com curvatura não
nula em cada ponto, e sejam J œ ÐJB ÑB−Q o respectivo fibrado osculador e,
s B À XB ÐQ Ñ ‚ JB Ä JB¼ , a segunda forma fundamental de
para cada B − Q , 2
J no ponto B. Dados B − Q e uma orientação de XB ÐQ Ñ, define-se o vector
torção de Q no ponto B (relativamente à orientação escolhida), como sendo
o vector
s B Ð>tB ß 8tB Ñ,
t7 B œ 2
onde t>B é a tangente unitária positiva e 8tB a normal principal. É claro que, se
trocarmos a orientação escolhida em XB ÐQ Ñ, o vector torção correspondente
vem multiplicado por ".75
75Em rigor, para definirmos o vector torção num ponto B! de Q não é necessário exigir
que a curvatura seja não nula em todos os pontos, bastando que ela seja não nula em B! .
Com efeito, deduz-se então, por continuidade, que ela é ainda não nula em todos os
pontos dum certo aberto Y de Q , contendo B! , e pode-se substituir nas considerações
precedentes a curva Q pela curva Y .
232 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
t, B œ t7 B œ t7 B
mt7 B m 7B
(mais uma vez, este vector vem multiplicado por ", se trocarmos a
orientação escolhida de XB ÐQ Ñ). Repare-se que, nas condições anteriores,
t>B ß 8tB ß t, B é um sistema ortonormado de vectores de I .
2s B! Ð>tB! ß t>B! Ñ œ !,
t7 B! œ 2 s B! Ð>tB! ß 8tB! Ñ œ 5B!t>B! H8tB! Ð>tB! Ñ.
portanto
ØH8tB Ð>tB Ñß 8tB Ù œ !.
Uma vez que, para cada B − Q , t>B − JB , portanto ÐBß t>B Ñ − J , obtemos, por
derivação em B na direcção de t>B ,
Mais uma vez pelo mesmo resultado, concluímos que t7 B œ 2 s B Ð>tB ß 8tB Ñ é a
projecção ortogonal de H8tB Ð>tB Ñ sobre JB¼ , pelo que, uma vez que t>B ß 8tB é
uma base ortonormada de JB ,
t7 B œ H8tB Ð>tB Ñ ØH8tB Ð>tB Ñß t>B Ù>tB ØH8tB Ð>tB Ñß 8tB Ù8tB œ
œ H8tB Ð>tB Ñ 5Bt>B .
"
t7 B! œ s¼ ÐH]B! Ð>tB! ÑÑ.
1
Ø]B! ß 8tB! Ù B!
Reparemos agora que, uma vez que ]B! − JB! e t>B! e 8tB! constituem uma
base ortonormada deste espaço, tem-se
]B! œ Ø]B! ß t>B! Ù t>B! Ø]B! ß 8tB! Ù 8tB!
Do mesmo modo que vimos atrás que a não nulidade do vector curvatura
estava ligada ao facto de uma curva não ser rectilínea, vamos agora ver
§4. Aplicação ao estudo elementar das curvas 235
pelo que, tendo em conta III.3.22, 20 Ð>Ñ Ð0 w Ð>Ñß 0 w Ð>ÑÑ vai ser a projecção
ortogonal de 0 ww Ð>Ñ sobre X0 Ð>Ñ ÐQ Ѽ . O resultado é agora uma consequência
de se ter 0 w Ð>Ñ œ m0 w Ð>Ñm>t0 Ð>Ñ , portanto
20 Ð>Ñ Ð0 w Ð>Ñß 0 w Ð>ÑÑ œ m0 w Ð>Ñm# 20 Ð>Ñ Ð>t0 Ð>Ñ ß t>0 Ð>Ñ Ñ œ m0 w Ð>Ñm# 5t0 Ð>Ñ ,
ØB B! ß 5t B! Ù !
:Ð>Ñ œ Ø0 Ð>Ñ B! ß 5t B! Ù.
donde, tendo mais uma vez em conta o facto de t>0 Ð>! Ñ ser ortogonal a 5t B! ,
o que mostra que : tem um mínimo relativo estrito em >! . Por outras
palavras, existe um aberto N w de N , com >! − N w , tal que, para cada
> − N w Ï Ö>! ×, :Ð>Ñ !, e basta agora tomar para Y o aberto 0 ÐN w Ñ de Q .
III.4.22 Sejam I um espaço euclidiano e Q § I uma curva, com curvatura não
nula em cada ponto, admitindo uma parametrização 0 À N Ä Q , e conside-
s a segunda
remos sobre Q a orientação associada. Tem-se então, notando 2
forma fundamental do fibrado osculador J œ ÐJB ÑB−Q ,
s 0 Ð>Ñ Ð0 w Ð>Ñß 0 ww Ð>ÑÑ œ m0 w Ð>Ñm$ 50 Ð>Ñ t7 0 Ð>Ñ .
2
pelo que, uma vez que 5t 0 Ð>Ñ œ 50 Ð>Ñ 8t0 Ð>Ñ e que, por III.4.10 e III.4.12,
s 0 Ð>Ñ Ð>t0 Ð>Ñ ß t>0 Ð>Ñ Ñ œ !,
2
s 0 Ð>Ñ Ð>t0 Ð>Ñ ß 8t0 Ð>Ñ Ñ œ t7 0 Ð>Ñ ,
2
obtemos
s 0 Ð>Ñ Ð0 w Ð>Ñß 0 ww Ð>ÑÑ œ m0 w Ð>Ñm 2
2 s 0 Ð>Ñ Ð>t0 Ð>Ñ ß 0 ww Ð>ÑÑ œ
œ m0 w Ð>Ñm$ 2 s 0 Ð>Ñ Ð>t0 Ð>Ñ ß 5t 0 Ð>Ñ Ñ œ m0 w Ð>Ñm$ 50 Ð>Ñ t7 0 Ð>Ñ ,
conclusão é agora uma consequência de t>0 Ð>Ñ ß 8t0 Ð>Ñ ser uma base ortonormada
de J0 Ð>Ñ .
III.4.23 (Corolário) Sejam I um espaço euclidiano e Q § I uma curva, com
curvatura não nula em cada ponto, admitindo uma parametrização
0 À N Ä Q , e consideremos sobre Q a orientação associada. Tem-se então:
a) Q tem torção nula no ponto 0 Ð>Ñ se, e só se, os vectores
0 w Ð>Ñß 0 ww Ð>Ñß 0 www Ð>Ñ são linearmente dependentes.
b) Se a torção em 0 Ð>Ñ for não nula, então o subespaço vectorial de dimensão
$ de I , gerado pelos vectores t>0 Ð>Ñ ß 5t 0 Ð>Ñ ß t7 0 Ð>Ñ ,76 é também gerado pelos
vectores 0 w Ð>Ñß 0 ww Ð>Ñß 0 www Ð>Ñ.
Dem: A torção é nula se, e só se, a projecção ortogonal de 0 www Ð>Ñ sobre J0¼Ð>Ñ
é nula, isto é, se, e só se, 0 www Ð>Ñ − J0 Ð>Ñ . No caso em que a torção é não nula,
já sabemos que t>0 Ð>Ñ e 5t 0 Ð>Ñ pertencem ao subespaço vectorial gerado por
0 w Ð>Ñß 0 ww Ð>Ñ, e portanto também ao gerado por 0 w Ð>Ñß 0 ww Ð>Ñß 0 www Ð>Ñ e o
resultado precedente mostra-nos que t7 0 Ð>Ñ pertence a este mesmo subespaço
vectorial.
5t B œ 5B 8tB ,
ou, o que é equivalente,
5B œ m5t B m œ l5B l.
Como exemplos de escolha da normal positiva, que é usual fazer-se, temos:
a) A curvatura de Q no ponto B é não nula e toma-se para normal positiva a
normal principal 8tB , de Q em B. Nesse caso a curvatura sinalizada é
simplesmente a curvatura, sendo portanto estritamente positiva.
b) I é um espaço vectorial orientado de dimensão # e a variedade Q está
orientada. Nesse caso é usual tomar para normal positiva em B o único vector
8tB − I , que tem norma ", é ortogonal a t>B e faz com que t>B ß 8tB seja uma
base directa de I (reparar que o subespaço vectorial ortogonal a XB ÐQ Ñ tem
dimensão "). Neste caso a curvatura sinalizada será positiva quando Q
curvar no sentido directo e será negativa quando Q curvar no sentido
retrógrado.
III.4.25 (A torção sinalizada) Sejam I um espaço euclidiano e Q § I uma
curva orientada, com curvatura diferente de ! em cada ponto. Seja t7 B o
vector torção num certo ponto B − Q , e suponhamos que se fixou, de
alguma maneira, um vector t, B de norma ", tal que t7 B − ‘t, B (dizemos
então que t, B é a binormal positiva de Q no ponto B). Define-se então a
torção sinalizada de Q no ponto B (relativamente à escolha da binormal
positiva) como sendo o número real 7B definido por
t7 B œ 7B t, B ,
ou, o que é equivalente, por
7B œ Øt7 B ß t, B Ù.
É claro que se tem
7B œ mt7 B m œ l7B l.
Como exemplos de escolha da binormal positiva, que é costume fazer-se,
temos os seguintes:
a) A torção de Q no ponto B é não nula e toma-se para binormal positiva a
binormal principal. Nesse caso a torção sinalizada é simplesmente a torção, e
portanto é estritamente positiva.
b) I é um espaço vectorial orientado de dimensão $. Nesse caso é usual
tomar para binormal positiva no ponto B o único vector t, B − I , que tem
norma ", é ortogonal a t>B e a 8tB e faz com que t>B ß 8tB ß t, B seja uma base
directa.
§5. Hipersuperfícies. Aplicação linear de Weingarten 241
Tal como acontecia com a curvatura e a torção, no caso das curvas, a não
nulidade da aplicação linear de Weingarten vai estar ligada ao facto de a
hipersuperfície não estar contida num hiperplano.
Dem: Uma vez que a aplicação linear H1B Ð?ÑÀ I Ä I é autoadjunta, para
cada ? − XB ÐQ Ñ, podemos escrever
Ø-B Ð?Ñß @Ù œ ØH1B Ð?ÑÐ8tB Ñß @Ù œ
œ Ø8tB ß H1B Ð?ÑÐ@ÑÙ œ Ø8tB ß 2B Ð?ß @ÑÙ,
2B Ð?ß @Ñ œ Ø2B Ð?ß @Ñß Ä
8 B ÙÄ
8 B œ Ø-B Ð?Ñß @ÙÄ8 B,
§5. Hipersuperfícies. Aplicação linear de Weingarten 243
"
2B Ð?ß @Ñ œ ØH^B Ð?Ñß @Ù^B .
m^B m#
-B Ð>tB Ñ œ Ø-B Ð>tB Ñß t>B Ù>tB œ Ø8tB ß 2B Ð>tB ß t>B ÑÙ>tB œ Ø8tB ß 5t B Ù>tB œ
œ Ø8tB ß 5B 8tB Ù>tB œ 5B Ø8tB ß 8tB Ù>tB œ 5Bt>B ,
implica que 2Bw ! Ð?ß ?Ñ − T! . Uma vez que 2Bw ! Ð?ß ?Ñ é ortogonal a XB! ÐQ w Ñ,
em particular ortogonal a ?, concluímos que 2Bw ! Ð?ß ?Ñ − ‘8tB , por outras
palavras, 2Bw ! Ð?ß ?Ñ − XB! ÐQ Ѽ . Por outro lado o facto de se ter Q w § Q
implica que X ÐQ w Ñ § X ÐQ Ñ, pelo que se tem também Ð?ß 2Bw ! Ð?ß ?ÑÑ −
XÐB! ß?Ñ ÐX ÐQ ÑÑ e portanto a caracterização da segunda forma fundamental de
Q dada na alínea c) de III.3.19 garante que se tem 2B! Ð?ß ?Ñ œ 2Bw ! Ð?ß ?Ñ.
78Em rigor estamos a fazer um pequeno abuso de linguagem: Apenos definimos vector
curvatura de uma curva e apenas podemos garantir que Q w é uma variedade de dimensão
" em B! , e portanto também num certo aberto Q s w de Q w , contendo B! . É ao vector
w
curvatura da curva Qs em B! que nos estamos a referir.
79Esta conclusão também podia ter sido obtida a partir do teorema de transversalidade
II.4.38.
§5. Hipersuperfícies. Aplicação linear de Weingarten 247
80Repare-se que ! é um vector próprio mas que, por definição, cada valor próprio admite
um vector próprio não nulo.
248 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Vamos terminar esta secção com o estudo da noção de ponto focal que,
como veremos, está intimamente ligada, no caso das hipersuperfícies, às
curvaturas principais.
" 5t B
B 8tB œ B # .
5B 5B
de ? e @, vemos também que H1B Ð?ÑÐ2B Ð@ß AÑÑ − IB , o que mostra que
VB Ð?ß @ß AÑ − IB . É evidente que VB , como aplicação
XB ÐEÑ ‚ XB ÐEÑ ‚ IB Ä IB ,
é uma aplicação trilinear.
III.6.2 Nas condições anteriores, o tensor de curvatura de I no ponto B é
antissimétrico nas duas primeiras variáveis, isto é, verifica a igualdade
VB Ð?ß @ß AÑ œ VB Ð@ß ?ß AÑ.
Em particular, tomando ? œ @,
VB Ð?ß ?ß AÑ œ !.
e portanto, no caso em que XB ÐEÑ tem dimensão ", o tensor de curvatura VB
é identicamente nulo.
Dem: A antissimetria de VB nas duas primeiras variáveis é uma
consequência imediata da definição, sendo também trivial que essa
antissimetria implica a fórmula VB Ð?ß ?ß AÑ œ !. Por fim, supondo que
XB ÐEÑ tem dimensão ", podemos considerar uma base ?! de XB ÐEÑ e então,
dados ?ß @ − XB ÐEÑ e A − IB , tem-se ? œ +?! e @ œ ,?! , portanto
VB Ð?ß @ß AÑ œ +,VB Ð?! ß ?! ß AÑ œ !.
Dem: O facto de H1B Ð@ÑÀ I Ä I ser uma aplicação linear autoadjunta per-
mite-nos escrever
ØH1B Ð@ÑÐ2B Ð?ß AÑÑß DÙ œ Ø2B Ð?ß AÑß H 1BÐ@ÑÐDÑÙ œ
œ Ø2B Ð?ß AÑß 2B Ð@ß DÑÙ
ØVB Ð?ß @ß AÑß DÙ œ Ø2B Ð?ß AÑß 2B Ð@ß DÑÙ Ø2BÐ@ß AÑß 2BÐ?ß DÑÙ œ
"
œ # ÐØAß ?ÙØDß @Ù ØAß @ÙØDß ?ÙÑ œ
<
œ # ÐØAß ?Ù@ ØAß @Ù?Ñ ß D ¡,
"
<
o que, tendo em conta o facto de o primeiro factor deste último produto
interno estar em XB ÐW< Ñ, implica que
"
VB Ð?ß @ß AÑ œ ÐØAß ?Ù@ ØAß @Ù?Ñ.
<#
Constatamos, em particular, que, no caso em que 8 $, VB não é nulo, mais
precisamente, para cada A Á ! em XB ÐW< Ñ, existem ?ß @ tais que
VB Ð?ß @ß AÑ Á !, por exemplo ? œ A e @ não nulo e ortogonal a ? (o espaço
vectorial tangente tem dimensão 8 " #).
III.6.8 Sejam E § K, E s§K s e 0À Es Ä E uma aplicação suave. Sejam I um
espaço euclidiano ou hermitiano e I œ ÐIB ÑB−E um fibrado vectorial, com
IB § I , e notemos V e V s os tensores de curvatura de I e do fibrado
vectorial imagem recíproca 0 ‡ I , respectivamente. Tem-se então, para cada
C−E s, ?ß @ − XC ÐEÑ
s e A − Ð0 ‡ IÑC œ I0 ÐCÑ ,
donde
Ðf\ f] [ ÑB œ 1B ÐHÐf] [ ÑB Ð\B ÑÑ œ
œ 1B ÐH1B Ð\B ÑÐH[B Ð]B ÑÑÑ
œ 1B ÐH# [s B Ð\B ß ]B ÑÑ 1B ÐH[
s B ÐH]B Ð\B ÑÑÑ.
Do mesmo modo,
Ðf] f\ [ ÑB œ 1B ÐH1B Ð]B ÑÐH[B Ð\B ÑÑÑ
œ 1B ÐH# [s B Ð]B ß \B ÑÑ 1B ÐH[
s B ÐH\B Ð]B ÑÑÑ.
82A razão por que exigimos aqui que a base seja uma variedade está em que só nesse
quadro definimos o parêntesis de Lie de dois campos vectoriais suaves.
§6. Tensor de curvatura 257
Sabemos que, numa variedade conexa, as funções que têm derivada nula
em todos os pontos são exactamente as funções constantes. Em geral,
quando a variedade domínio pode não ser conexa, as suas componentes
conexas são abertas, logo variedades pelo que as funções que têm
derivada nula são aquelas que são constantes sobre cada componente
conexa, ou, o que é equivalente, as que são localmente constantes. Se em
vez de funções tivermos secções dum fibrado vectorial, com as fibras
contidas num espaço euclidiano, não haverá muitas esperanças de ter
secções interessantes que sejam constantes, ou localmente constantes,
uma vez que as fibras variam de ponto para ponto. É natural tentar
portanto apresentar uma noção de secção que seja, tanto quanto possível,
localmente constante. São essas as secções paralelas que definimos em
seguida.
Poderíamos ser levados a pensar, por analogia com o que se passa com as
secções de derivada nula dos fibrados vectoriais constantes, que, fixado A
numa certa fibra IB dum fibrado vectorial I , existisse sempre uma
secção paralela de I que, no ponto B, tomasse o valor A, e que, no caso
em que a base Q fosse uma variedade conexa, tal secção seria única. A
afirmação de unicidade é verdadeira, embora só possa ser estabelecida
depois de se estudarem as equações diferenciais ordinárias sobre as
variedades. Já quanto à existência, e salvo certos casos particulares que
estudaremos mais tarde, ela não pode ser garantida. O tensor de curvatura
é como vamos ver, uma obstrução à existência de secções paralelas.
III.7.5 Sejam Q § I e Q s §I
s duas variedades e 0 À Q Ä Q s uma aplicação
suave. Sejam \ e ] dois campos vectoriais suaves sobre Q e \ se] s dois
campos vectoriais suaves sobre Q s tais que \ e \
s sejam 0 -relacionados e
que ] e ] s sejam 0 -relacionados. Tem-se então que os parêntesis de Lie
s ]
Ò\ß ] Ó e Ò\ß s Ó são também 0 -relacionados.
Dem: Sejam Y um aberto de I , com Q § Y , e 0 À Y Ä I um prolonga-
mento suave de 0 . Para cada B − Q , tem-se
s 0 ÐBÑ œ H0B Ð]B Ñ œ H0 B Ð]B Ñ,
]
ou seja,
s 0 ÐBÑ Ð\
H] s 0 ÐBÑ Ñ œ H# 0 B Ð\B ß ]B Ñ H0 B ÐH]B Ð\B ÑÑ.
compÐ0 ‰ !Ñ œ compÐ!Ñ
(a condição necessária é imediata e a condição suficiente não é difícil, no
caso das variedades sem bordo, se tivermos em conta I.2.30 e o facto de a
derivada do integral indefinido ser a função integranda; o caso geral pode
obter-se a partir daquele por um argumento de passagem ao limite no
bordo).
264 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Øf\s 0 ÐBÑ Ð^
s 0 ÐBÑ Ñß ]
s 0 ÐBÑ Ù Ø\
s 0 ÐBÑ ß f]
s 0 ÐBÑ Ð^
s 0 ÐBÑ ÑÙ œ
œ Øf\B Ð^B Ñß ]B Ù Ø\B ß f]B Ð^B ÑÙ.
Tendo em conta III.3.24, podemos escrever
f]B Ð^B Ñ œ f^B Ð]B Ñ Ò] ß ^ÓB
e, do mesmo modo,
s 0 ÐBÑ Ð^
f] s 0 ÐBÑ Ñ œ f^
s 0 ÐBÑ Ð]
s 0 ÐBÑ Ñ Ò]
s ß ^Ó
s 0 ÐBÑ
Øf\s 0 ÐBÑ Ð^
s 0 ÐBÑ Ñß ]
s 0 ÐBÑ Ù Ø\
s 0 ÐBÑ ß f^
s 0 ÐBÑ Ð]
s 0 ÐBÑ ÑÙ œ
œ Øf\B Ð^B Ñß ]B Ù Ø\B ß f^B Ð]B ÑÙ.
Por permutação circular dos papéis de \ , ] e ^ , obtemos sucessivamente
Øf]s 0 ÐBÑ Ð\
s 0 ÐBÑ Ñß ^
s 0 ÐBÑ Ù Ø]
s 0 ÐBÑ ß f\
s 0 ÐBÑ Ð^
s 0 ÐBÑ ÑÙ œ
œ Øf]B Ð\B Ñß ^B Ù Ø]B ß f\B Ð^B ÑÙ,
Øf^s 0 ÐBÑ Ð]
s 0 ÐBÑ Ñß \
s 0 ÐBÑ Ù Ø^
s 0 ÐBÑ ß f]
s 0 ÐBÑ Ð\
s 0 ÐBÑ ÑÙ œ
œ Øf^B Ð]B Ñß \B Ù Ø^B ß f]B Ð\B ÑÙ.
Multipliquemos ambos os membros da antepenúltima desigualdade por " e
84Repare-se que este resultado não é a priori evidente, visto que a derivada covariante é
definida através da derivada usual e das projecções ortogonais do espaço ambiente sobre
os espaços tangentes, noções relativamente às quais não faz sentido falar de invariância
por difeomorfismo ou por isometria.
§7. Invariância por isometria. Teorema Egrégio 265
somemos membro a membro a igualdade assim obtida com cada uma das
duas últimas igualdades. Obtemos então
s 0 ÐBÑ Ð\
#Øf] s 0 ÐBÑ Ñß ^
s 0 ÐBÑ Ù œ #Øf]B Ð\B Ñß ^B Ù.
Tendo em conta, mais uma vez, o facto de H0B ser uma isometria linear, a
igualdade anterior implica que
s 0 ÐBÑ Ð\
Øf] s 0 ÐBÑ Ñß ^
s 0 ÐBÑ Ù œ ØH0B Ðf]B Ð\B ÑÑß ^
s 0 ÐBÑ Ù.
III.7.9 Sejam Q § I e Q s §I
s duas variedades e 0 À Q Ä Q
s um difeomor-
fismo isométrico. Sejam
VB À XB ÐQ Ñ ‚ XB ÐQ Ñ ‚ XB ÐQ Ñ Ä XB ÐQ Ñ
e
s 0 ÐBÑ À X0 ÐBÑ ÐQ
V s Ñ ‚ X0 ÐBÑ ÐQ
s Ñ ‚ X0 ÐBÑ ÐQ
s Ñ Ä X0 ÐBÑ ÐQ
sÑ
é suave se existir uma aplicação suave - œ Ð-B ÑB−E À E Ä PÐIà I w Ñ tal que,
para cada B − E, a aplicação linear -B À IB Ä IBw seja uma restrição de
-B À I Ä I w (também se diz então que - é um prolongamento suave de -).
III.8.2 Sejam K e Kw espaços vectoriais de dimensão finita, Q § K e Q w § Kw
duas variedades e 0 À Q Ä Q w uma aplicação suave. Tem então lugar um
morfismo linear suave H0 œ ÐH0B ÑB−Q do fibrado vectorial tangente X ÐQ Ñ
para o fibrado vectorial imagem recíproca 0 ‡ X ÐQ w Ñ.
Dem: Repare-se que a razão por que se considera o fibrado vectorial imagem
recíproca 0 ‡ X ÐQ w Ñ é o facto de cada H0B ser uma aplicação linear de XB ÐQ Ñ
para X0 ÐBÑ ÐQ w Ñ. Tendo em conta II.3.10, podemos considerar um aberto Y de
K, com Q § Y , e uma aplicação suave 0 À Y Ä K w , prolongando 0 , e
obtemos então um prolongamento suave de H0 , associando, a cada B − Q , a
aplicação linear H0 B À K Ä K w .
III.8.3 Nas condições anteriores, tem lugar um morfismo linear suave M.I œ
ÐM.IB ÑB−E e, dado um terceiro fibrado vectorial I ww œ ÐIBww ÑB−E , com
IBww § I ww e morfismos lineares
- œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w , . œ Ð.B ÑB−E À I w Ä I ww ,
tem lugar um morfismo linear composto
. ‰ - œ Ð.B ‰ -B ÑB−E À I Ä I ww ,
268 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
o que mostra que -̃À I Ä I w é uma aplicação suave, e portanto, pelo resul-
tado precedente, - é um morfismo linear suave.
III.8.12 (Corolário) Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados
vectoriais de base E, com IB § I e IBw § I w e - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w um
morfismo linear suave tal que, para cada B − E, -B À IB Ä IBw seja um
272 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
3œ"
§8. Morfismos entre fibrados vectoriais 273
3œ"
3œ"
estas secções suaves são mesmo secções de ÐIBww ÑB−Y . Além disso, para cada
B − Y , os ^4 B , com 7 4 Ÿ 8, são linearmente independentes, e portanto
uma base de IBww , visto que, se fosse ! +4 ^4 B œ !, vinha
8
4œ7"
III.8.14 Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados vectoriais de base E,
com IB § I e IBw § I w e - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w um isomorfismo linear
suave.
a) Seja ! œ Ð!B ÑB−E uma orientação suave de I e seja, para cada B − E, !wB
a orientação de IBw para a qual o isomorfismo -B À IB Ä IBw conserva as
orientações (a orientação transportada). Tem-se então que a orientação
!w œ Ð!wB ÑB−E de I w é também suave.
b) Sejam ! œ Ð!B ÑB−E e Ð!wB ÑB−E duas orientações suaves, de I œ ÐIB ÑB−E
e I w œ ÐIBw ÑB−E respectivamente. Para cada B! − E tal que -B! À IB! Ä IBw !
conserve (respectivamente inverta) as orientações, existe uma aberto Y de E,
com B! − Y tal que, para cada B − Y , -B À IB Ä IBw conserva (respectiva-
mente inverte) as orientações.
c) No caso em que E é conexo, dadas orientações suaves ! œ Ð!B ÑB−E e
Ð!wB ÑB−E de I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E respectivamente, ou -B conserva
as orientações para todo o B ou -B inverte as orientações para todo o B
(diz-se então que - conserva as orientações e que - inverte as orientações,
respectivamente).
Dem: a) Dado B! − E, podemos considerar um aberto Y de E, com B! − Y
e um campo de referenciais [" ß á ß [8 de I ÎY tal que para cada B − Y a
base [" B ß á ß [8 B de IB seja directa ou para cada B − Y esta base seja
274 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
e, por outro lado, o valor H-B Ð?ÑÐAÑ -B Ð2B Ð?ß AÑÑ não depende do
prolongamento suave considerado. Por fim, o facto de se ter também
f-B Ð?ÑÐAÑ œ 1Bw ÐH-B Ð?ÑÐAÑ -B Ð2B Ð?ß AÑÑÑ
resulta de se ter
276 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
H-B Ð?ÑÐAÑ -B Ð2B Ð?ß AÑÑ œ f-B Ð?ÑÐAÑ 2Bw Ð?ß -BÐAÑÑ,
85Tal como acontecia com as secções paralelas, podemos olhar intuitivamente para os
morfismos lineares paralelos como sendo aqueles que são “tão localmente constantes
quanto possível”.
§8. Morfismos entre fibrados vectoriais 277
III.8.22 Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados vectoriais de base E,
com IB § I e IBw § I w . Sejam - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w um morfismo linear
278 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
III.8.23 (Regra de Leibnitz) Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados
vectoriais de base E, com IB § I e IBw § I w , onde I e I w estão munidos de
produto interno. Sejam - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w um morfismo linear suave e
[ œ Ð[B ÑB−E uma secção suave de I . Tem-se então, para a secção suave
-Ð[ Ñ œ Ð-B Ð[B ÑÑB−E de I w ,
f-Ð[ ÑB Ð?Ñ œ f-B Ð?ÑÐ[B Ñ -B Ðf[B Ð?ÑÑ.
Dem: Seja - œ Ð-B ÑB−E uma aplicação suave de E em PÐIà I w Ñ tal que cada
§8. Morfismos entre fibrados vectoriais 279
III.8.26 (Corolário) Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados vecto-
riais de base E, com IB § I e IBw § I w , onde I e I w estão munidos de
produto interno. Se - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w é um isomorfismo linear suave,
tem-se, para o isomorfismo linear suave inverso -" œ Ð-B" ÑB−E À I w Ä I ,
f(-" )B Ð?Ñ œ -B" ‰ Ðf-B Ð?ÑÑ ‰ -B" ,
280 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Dem: Uma vez que -" ‰ - œ M.I À I Ä I , que sabemos ser um morfismo
linear paralelo, podemos escrever
! œ fÐ-" ‰ -ÑB Ð?Ñ œ ÐfÐ-" ÑB Ð?ÑÑ ‰ -B -B" ‰ Ðf-B Ð?ÑÑ,
donde ÐfÐ-" ÑB Ð?ÑÑ ‰ -B œ -B" ‰ Ðf-B Ð?ÑÑ, e portanto
fÐ-" ÑB Ð?Ñ œ -B" ‰ Ðf-B Ð?ÑÑ ‰ -B" .
III.8.27 Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados vectoriais de base E,
com IB § I e IBw § I w , onde I e I w estão munidos de produto interno.
Tem-se então:
a) Se - œ Ð-B ÑB−E e . œ Ð.B ÑB−E são morfismos lineares suaves I Ä I w e
- − Š, então
fÐ- .ÑB Ð?Ñ œ f-B Ð?Ñ f.B Ð?Ñ,
f(c-)B Ð?Ñ œ -f-B Ð?Ñ.
Dem: Sendo - œ Ð-B ÑB−E uma aplicação suave de E em PÐIà I w Ñ tal que
cada -B seja uma restrição de -B , ficamos com uma aplicação suave
§8. Morfismos entre fibrados vectoriais 281
Es Ä PÐIà I w Ñ que a C associa -0 ÐCÑ , que prolonga -0 ÐCÑ œ Ð0 ‡ -ÑC pelo que,
lembrando III.3.13 e o teorema de derivação da aplicação composta,
fÐ0 ‡ -ÑC Ð@ÑÐAÑ œ H-0 ÐCÑ ÐH0C Ð@ÑÑÐAÑ -0 ÐCÑ Ð20 ÐCÑ ÐH0C Ð@Ñß AÑÑ
œ 20w ÐCÑ ÐH0C Ð@Ñß -0 ÐCÑ ÐAÑÑ œ
œ f-0 ÐCÑ ÐH0C Ð@ÑÑ.
é simétrica.
Dem: Uma vez que, para cada B − Q , H0 B À K Ä K w é um prolongamento
de H0B À XB ÐQ Ñ Ä X0 ÐBÑ ÐQ w Ñ, as duas caracterizações de " Ð0 ÑB Ð?ß @Ñ redu-
zem-se às caracterizações da derivada covariante na definição III.8.16, desde
que recordemos a fórmula para a segunda forma fundamental da imagem
recíproca 0 ‡ X ÐQ w Ñ a partir da de X ÐQ w Ñ referida em III.3.13. A simetria da
derivada de segunda ordem H# 0 B À K ‚ K Ä K w e a da segunda forma funda-
mental de uma variedade implicam agora que "Ð0 ÑB é efectivamente uma
aplicação bilinear simétrica.
III.8.32 (Segunda versão do teorema fundamental da geometria de
Riemann) Sejam K e Kw espaços euclidianos, Q § K e Q w § K w duas
variedades e 0 À Q Ä Q w uma aplicação suave tal que, para cada B − Q ,
H0B À XB ÐQ Ñ Ä X0 ÐBÑ ÐQ w Ñ seja uma aplicação linear ortogonal (diz-se então
que 0 é uma imersão riemaniana). Para cada B − Q , a aplicação bilinear
"Ð0 ÑB À XB ÐQ Ñ ‚ XB ÐQ Ñ Ä X0 ÐBÑ ÐQ w Ñ
86Repare-seque, tendo em conta III.8.24, a versão deste teorema em III.7.8 poderia ser
deduzida como corolário da versão agora apresentada, a qual tem uma demonstração com
o mesmo espírito mas um pouco mais simples que a daquela.
§8. Morfismos entre fibrados vectoriais 283
pelo que, somando membro a membro estas três igualdades, depois de multi-
plicar ambos os membros da primeira por " obtemos, tendo em conta a
simetria da Hessiana,
# Ø" Ð0 ÑB! Ð?ß @Ñß H0B! ÐAÑÙ œ !.
Vamos agora examinar rapidamente o modo como muito do que atrás foi
dito sobre morfismos lineares pode ser adaptado de modo a abarcar uma
situação ligeiramente diferente, a dos morfismos bilineares, definidos num
produto de dois fibrados vectoriais e com valores num terceiro fibrado
vectorial. Digamos, desde já, que tudo o que vamos referir sobre morfis-
mos bilineares pode ser estendido, sem dificuldades matemáticas acresci-
das, à noção mais geral de morfismo :-linear, definido num produto de :
fibrados vectoriais, onde : ", o caso dos morfismos lineares passando
então a constituir o caso particular em que : œ ". A razão por que nos
limitamos ao caso : œ # é a de procurarmos trabalhar com notações
menos pesadas e, por isso, mais claras mas o leitor não terá dificuldade
em fazer as adatações necessárias se quiser obter enunciados válidos para
qualquer :.
morfismo bilinear
. œ Ð.B ÑB−E À I ‚ I w Ä I ww
é suave se existir uma aplicação suave . œ Ð.B ÑB−E À E Ä PÐIß I w à I w Ñ tal
que, para cada B − E, a aplicação bilinear .B À IB ‚ IBw Ä IBww seja uma
restrição da aplicação bilinear .B À I ‚ I w Ä I ww (também se diz então que .
é um prolongamento suave de .).
III.8.34 Seja . œ Ð.B ÑB−E À I ‚ I w Ä I ww um morfismo bilinear. Tem-se então:
a) Se J œ ÐJB ÑB−E e J w œ ÐJBw ÑB−E são outros fibrados vectoriais e
- œ Ð-B ÑB−E À J Ä I e -w œ Ð-Bw ÑB−E À J w Ä I w são morfismos lineares,
então tem lugar um morfismo bilinear
. ‰ Ð- ‚ -w Ñ œ Ð.B ‰ Ð-B ‚ -Bw ÑÑB−E À J ‚ J w Ä I ww ,
o qual é suave se ., - e -w o forem.
b) Se J ww œ ÐJBww ÑB−E é outro fibrado vectorial e -ww œ Ð-Bww ÑB−E À I ww Ä J ww é
um morfismo linear, então tem lugar um morfismo bilinear
-ww ‰ . œ Ð-Bww ‰ .B ÑB−E À I ‚ I w Ä J ww ,
o qual é suave se . e -ww o forem.
Dem: A demonstração tem o mesmo espírito que a de III.8.3. Por exemplo,
no que diz respeito a a), no caso em que ., - e -w são suaves, podemos
w w
considerar aplicações suaves . œ Ð.B ÑB−E , - œ Ð-B ÑB−E e - œ Ð-B ÑB−E de
E para PÐIß I w à I ww Ñ, PÐJ à IÑ e PÐJ w à I w Ñ, respectivamente, cujos valores
são prolongamentos dos .B , -B e -Bw e então, utilizando a regra de Leibnitz,
na versão referida em I.7.8 relativamente à aplicação trilinear
PÐIß I w à I ww Ñ ‚ PÐJ à IÑ ‚ PÐJ w à I w Ñ Ä PÐJ ß J w à I ww Ñ,
Ð. ß - ß - w Ñ È . ‰ Ð - ‚ - w Ñ ,
w
obtemos uma aplicação suave E Ä PÐJ ß J w à I ww Ñ, B È .B ‰ Ð-B ‚ -B Ñ, com
w
cada .B ‰ Ð-B ‚ -B Ñ prolongando .B ‰ Ð-B ‚ -Bw Ñ.
III.8.35 Tal como em III.8.4, podemos utilizar o resultado precedente para con-
cluir que a suavidade ou não de um morfismo bilinear não se altera se
substituirmos um, ou mais dos espaços ambientes das fibras por um subes-
paço vectorial que ainda contenha estas.
III.8.36 Sejam K e K s espaços vectoriais reais de dimensão finita, E § K e
s s s Ä E uma aplicação suave. Sejam I œ ÐIB ÑB−E ,
E § K subconjuntos e 0 À E
I œ ÐIB ÑB−E e I œ ÐIBww ÑB−E três fibrados vectoriais de base E, com
w w ww
sobre IB e IB , respectivamente.
w
III.8.39 Tal como em III.8.8, o resultado precedente pode ser utilizado para
mostrar que a suavidade de morfismos bilineares é uma questão local: Para
mostrar que um morfismo bilinear entre fibrados vectoriais de base E é
suave, basta provar a existência de uma família de abertos E4 de E, com
união E, tal que a restrição do morfismo bilinear a cada E4 seja suave (ou,
equivalentemente, que, para cada B! − E, exista um aberto Z de E, com
286 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
de IB ‚ IBw .
b) Para mostrarmos que a projecção ortogonal de I ‚ I w sobre IB ‚ IBw é
1B ‚ 1Bw começamos por reparar que, se A − IB¼ e Aw − IBw ¼ , então vem
trivialmente ÐAß Aw Ñ − ÐIB ‚ IBw Ѽ e notamos então que, para cada ÐAß Aw Ñ
em I ‚ I w , vem
¼
ÐAß Aw Ñ œ Ð1B ÐAÑß 1Bw ÐAw ÑÑ Ð1B¼ ÐAÑß 1Bw ÐAw ÑÑ,
com Ð1B ÐAÑß 1Bw ÐAw ÑÑ − IB ‚ IBw e Ð1B¼ ÐAÑß 1Bw ¼ ÐAw ÑÑ − ÐIB ‚ IBw Ѽ . A
fórmula para a segunda forma fundamental de I ‚ I w resulta agora por
derivação, a partir da caracterização em III.3.11.
c) Basta repararmos que, dado ? − XB ÐEÑ, o conjunto dos ÐDß D w Ñ − I ‚ I w
tais que Ð?ß ÐDß D w ÑÑ − XÐBßÐAßAw ÑÑ ÐÐI ‚ I w ѵ Ñ e o conjunto daqueles tais que
Ð?ß DÑ − XÐBßAÑ ÐIÑ e Ð?ß D w Ñ − XÐBßAw Ñ ÐI w Ñ são dois subespaços afins com o
mesmo subespaço vectorial IB ‚ IBw associado e com o elemento comum
Ð2B Ð?ß AÑß 2Bw Ð?ß Aw ÑÑ.
ww
o que mostra que .À ˜ ÐI ‚ I w ѵ Ä I˜ é uma aplicação suave, e portanto,
pelo resultado precedente, . é um morfismo bilinear suave.
III.8.44 Como exemplos importantes de morfismos bilineares suaves entre
fibrados vectoriais temos:
a) Sejam K e I espaços vectoriais reais, o segundo dos quais munido de
produto interno, Q § K uma variedade e I œ ÐIB ÑB−Q um fibrado
vectorial, com IB § I . Sendo, para cada B − Q , 2B À XB ÐQ Ñ ‚ IB Ä IB¼ a
segunda forma fundamental,
2 œ Ð2B ÑB−Q À X ÐQ Ñ ‚ I Ä I ¼
é um morfismo bilinear suave.
b) Sejam K e Kw espaços euclidianos, Q § K e Q w § Kw duas variedades e
0 À Q Ä Q w uma aplicação suave. Sendo, para cada B − Q , " Ð0 ÑB À
XB ÐQ Ñ ‚ XB ÐQ Ñ Ä X0 ÐBÑ ÐQ w Ñ a Hessiana,
" Ð0 Ñ œ Ð" Ð0 ÑB ÑB−Q À X ÐQ Ñ ‚ X ÐQ Ñ Ä 0 ‡ X ÐQ w Ñ
é um morfismo bilinear suave.
Dem: a) Uma vez que tem lugar uma aplicação suave Q Ä PÐIà IÑ, que a
cada B associa a projecção ortogonal 1B de I sobre IB , podemos considerar
um aberto Y de K contendo Q e uma aplicação suave 1 sÀ Y Ä PÐIà IÑ tal
que 1sB œ 1B , para cada B − Q . Tendo em conta III.8.41, obtemos então uma
aplicação suave de Q para PÐKß Ià IÑ que a cada B associa a aplicação
bilinear Ð?ß AÑ È H1 sB Ð?ÑÐAÑ, aplicação bilinear essa que é um prolonga-
mento de 2B .
b) Sejam Y um aberto de K contendo Q e 0 À Y Ä K w uma aplicação suave
prolongando 0 . Tendo em conta a conclusão de a), podemos considerar uma
aplicação suave 2 œ Ð2B ÑB−Q de Q em PÐKß Kà KÑ tal que cada segunda
290 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
onde 1Bww é a projecção ortogonal de I ww sobre IBww . Tem-se além disso, para a
ww
correspondente aplicação suave .À ˜ ÐI ‚ I w ѵ Ä I˜ entre os espaços totais,
definida por .˜ÐBß ÐAß A ÑÑ œ ÐBß .B ÐAß A ÑÑ,
w w
resulta de se ter
H.B Ð?ÑÐAß Aw Ñ .B Ð2B Ð?ß AÑß Aw Ñ .B ÐAß 2Bw Ð?ß Aw ÑÑ œ
œ f.B Ð?ÑÐAß Aw Ñ 2Bww Ð?ß .B ÐAß Aw ÑÑ,
Dem: Seja . œ Ð.B ÑB−E uma aplicação suave de E em PÐIß I w à I ww Ñ tal que
cada .B seja uma restrição de .B . Vem então
f.Ð[ ß [ w ÑB Ð?Ñ œ H.Ð[ ß [ w ÑB Ð?Ñ 2Bww Ð?ß .B Ð[B ß [Bw ÑÑ œ
œ H.B Ð?ÑÐ[B ß [Bw Ñ .B ÐH[B Ð?Ñß [Bw Ñ
œ .B Ð[B ß H[Bw Ð?ÑÑ 2Bww Ð?ß .B Ð[B ß [Bw ÑÑ œ
œ H.B Ð?ÑÐ[B ß [Bw Ñ .B Ðf[B Ð?Ñß [Bw Ñ
œ .B Ð2B Ð?ß [B Ñß [Bw Ñ .B Ð[B ß f[Bw Ð?ÑÑ
œ .B Ð[B ß 2Bw Ð?ß [Bw ÑÑ 2Bww Ð?ß .B Ð[B ß [Bw ÑÑ œ
œ f.B Ð?ÑÐ[B ß [Bw Ñ .B Ðf[B Ð?Ñß [Bw Ñ .B Ð[B ß f[Bw Ð?ÑÑ.
III.8.50 (Corolário) Nas condições anteriores, um morfismo bilinear suave
. œ Ð.B ÑB−E é paralelo se, e só se, quaisquer que sejam as secções suaves
[ œ Ð[B ÑB−E de I e [ w œ Ð[Bw ÑB−E de I w , B! − E e ? − XB! ÐEÑ, tem-se
f.Ð[ ß [ w ÑB! Ð?Ñ œ .B! Ðf[B! Ð?Ñß [Bw ! Ñ .B! Ð[B! ß f[Bw ! Ð?ÑÑ.
s Bw e 2
sB , 2
Dem: Notemos 2B , 2Bw , 2Bww , 2 s wwB as segundas formas fundamentais dos
fibrados vectoriais I , I w , I ww , J , J w e J ww , respectivamente. Usando as
notações de III.8.34, podemos escrever, quanto a a),
294 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
e, quanto a b),
fÐ-ww ‰ .ÑB Ð?ÑÐAß Aw Ñ œ
œ HÐ-ww ‰ .ÑB Ð?ÑÐAß Aw Ñ -ww B Ð.B Ð2B Ð?ß AÑß Aw ÑÑ
s Bww Ð?ß -Bww Ð.B ÐAß Aw ÑÑÑ œ
-ww B Ð.B ÐAß 2Bw Ð?ß Aw ÑÑÑ 2
œ H-ww B Ð?ÑÐ.B ÐAß Aw ÑÑ -ww B ÐH.B Ð?ÑÐAß Aw ÑÑ
-ww B Ð.B Ð2B Ð?ß AÑß Aw ÑÑ -ww B Ð.B ÐAß 2Bw Ð?ß Aw ÑÑÑ
2s wwB Ð?ß -Bww Ð.B ÐAß Aw ÑÑÑ œ
œ f-Bww Ð?ÑÐ.B ÐAß Aw ÑÑ -ww B Ð2Bww Ð?ß .B ÐAß Aw ÑÑÑ
-ww B ÐH.B Ð?ÑÐAß Aw ÑÑ -ww B Ð.B Ð2B Ð?ß AÑß Aw ÑÑ
-ww B Ð.B ÐAß 2Bw Ð?ß Aw ÑÑÑ œ
œ f-Bww Ð?ÑÐ.B ÐAß Aw ÑÑ -Bww Ðf.B Ð?ÑÐAß Aw ÑÑ.
III.8.53 Sejam I œ ÐIB ÑB−E , I w œ ÐIBw ÑB−E e I ww œ ÐIBww ÑB−E fibrados vectoriais
de base E, com IB § I , IBw § I w e IBww § I ww , onde I , I w e I ww estão
munidos de produto interno. Tem-se então:
a) Se - œ Ð-B ÑB−E e . œ Ð.B ÑB−E são morfismos bilineares suaves
I ‚ I w Ä I ww e - − Š, então
fÐ- .ÑB Ð?Ñ œ f-B Ð?Ñ f.B Ð?Ñ,
f(c.)B Ð?Ñ œ -f.B Ð?Ñ.
condição NBw ‰ -B œ -B ‰ NB .
Por exemplo, no caso em que E § K, I e I w são espaços vectoriais
complexos e I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E são fibrados vectoriais comple-
xos, com IB § I e IBw § I w , sobre os quais se consideram as estruturas
quase complexas induzidas pelas estruturas de I e I w , os morfismos lineares
complexos - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w são exactamente os morfismos lineares, no
sentido dos fibrados vectoriais complexos.
Dem: Uma vez que, para cada B − E, tem-se NB ‰ NB œ M.IB , obtemos, por
derivação covariante de ambos os membros da identidade N ‰ N œ M.I ,
utilizando III.8.25 e III.8.20,
ÐfNB Ð?ÑÑ ‰ NB NB ‰ ÐfNB Ð?ÑÑ œ !
e, aplicando ambos os membros em A, obtemos a primeira fórmula. Supo-
nhamos agora que a estrutura quase complexa é compatível com o produto
interno e sejam B! − E, ? − XB! ÐEÑ e Aß Aw − IB! . Consideremos secções
suaves [ e [ w de I tais que [B! œ A e [Bw ! œ Aw . Uma vez que, para cada
B − E, tem-se
Ø[B ß [Bw Ù œ ØNB Ð[B Ñß NB Ð[Bw ÑÙ,
obtemos, derivando ambos os membros em B! na direcção de ? e tendo em
298 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
pelo que, subsituindo A por NB! ÐAÑ na igualdade anterior, obtemos final-
mente
! œ ØfNB! Ð?ÑÐAÑß Aw Ù ØAß fNB! Ð?ÑÐAw ÑÙ.
Figura 8
Dem: Seja A − XB! ÐWÑ, portanto ØAß B! Ù œ !. Tem-se A Á B! e os
elementos da recta afim que contém A e B! são os da forma
B! >ÐA B! Ñ, com > − ‘ pelo que, para mostrar que esta recta afim tem
um único elemento em W Ï ÖB! ×, basta mostrar a existência de um único
> Á 0 tal que B! >ÐA B! Ñ − W , ou seja, tal que
ØB! >ÐA B! Ñß B! >ÐA B! ÑÙ œ ".
Esta condição é equivalente a
" #>ØB! ß A B! Ù ># ØA B! ß A B! Ù œ ",
ou seja, a #> Ð" mAm# Ñ># œ !, o que mostra que temos realmente uma
#
única solução não nula, nomeadamente > œ "mAm # . Ficou assim provado que
o que mostra que H0A! À XB! ÐWÑ Ä X0 ÐA! Ñ ÐWÑ é uma aplicação linear con-
#
forme, com coeficiente de conformalidade "mA !m
# . Tendo em conta I.4.25,
para verificar que cada isomorfismo H0A! À XB! ÐWÑ Ä X0 ÐA! Ñ ÐWÑ é uma
aplicação linear complexa, basta verificar que ele conserva as orientações,
por outras palavras, basta verificar que o morfismo linear suave H0 , do
fibrado vectorial constante de base XB! ÐWÑ e fibra XB! ÐWÑ para o fibrado
§9. Estruturas quase complexas e aplicações holomorfas 303
b) Tendo em conta II.4.25, já sabemos que 1 é uma aplicação suave pelo que
tudo o que temos que verificar é que, para cada D − Q ww , H1D é uma
aplicação linear complexa. Ora, tendo em conta o facto de H01ÐDÑ e
HÐ0 ‰ 1ÑD serem aplicações lineares complexas, podemos escrever, para cada
? − XD ÐQ ww Ñ,
w
H01ÐDÑ ÐN1ÐDÑ ÐH1D Ð?ÑÑÑ œ N0 Ð1ÐDÑÑ ÐH01ÐDÑ ÐH1D Ð?ÑÑÑ œ N0 Ð1ÐDÑÑ ÐHÐ0 ‰ 1ÑD Ð?ÑÑ œ
œ HÐ0 ‰ 1ÑD ÐNDww Ð?ÑÑ œ H01ÐDÑ ÐH1D ÐNDww Ð?ÑÑÑ,
”! ! •
! !‡#ß"
,
#ß"
” 3! • œ”
! •
! 3!‡#ß" ! Ð3!#ß" ч
.
#ß" ! 3! #ß"
Além disso KÐIÑ, com esta estrutura quase complexa, é mesmo uma
variedade holomorfa.
b) Consideremos o aberto KPÐIÑ do espaço vectorial complexo PÐIà IÑ
cujos elementos são os isomorfismos 0À I Ä I (cf. II.5.2). Fixado - œ
1J − KÐIÑ, tem lugar uma submersão holomorfa GJ À KPÐIÑ Ä KÐIÑ que
a cada isomorfismo 0 associa a projecção ortogonal 10ÐJ Ñ de I sobre 0ÐJ Ñ.
Dem: Vamos dividir a demonstração em várias partes:
1) Fixemos um subespaço vectorial J e reparemos que - œ 1J e #- M.I
vão ter, relativamente à soma directa ortogonal I œ J Š J ¼ , respectiva-
mente matrizes
” ! !• ” ! M.J ¼ •
M.J ! M.J !
, ,
”! ! •
! !‡#ß"
,
#ß"
” 3! ! • ” 3!#ß" ! •
! 3!‡#ß" ! Ð3!#ß" ч
œ ,
#ß"
em particular vai pertencer a X1J ÐKÐIÑÑ. Ficou assim bem definida uma
aplicação linear N- À X- ÐKÐIÑÑ Ä X- ÐKÐIÑÑ e a sua caracterização matricial
mostra que se tem N- ÐN- Ð!ÑÑ œ !, isto é, que N- é uma estrutura complexa
do espaço vectorial X- ÐKÐIÑÑ. Consideremos então a estrutura quase com-
plexa ÐN- Ñ-−KÐIÑ da variedade de Grassmann KÐIÑ.
2) Provemos agora que cada aplicação GJ À KPÐIÑ Ä KÐIÑ é suave. Para
isso, tendo em conta III.1.18, basta-nos mostrar que tem lugar um fibrado
vectorial de base KPÐIÑ, que a cada 0 − KPÐIÑ associa o subespaço
vectorial 0ÐJ Ñ § I . Ora, isso é uma consequência de que temos mesmo um
fibrado vectorial trivial, uma vez que, sendo A" ß á ß A5 uma base de J ,
obtemos um campo de referenciais associando a cada 0 − KPÐIÑ a base
0ÐA" Ñß á ß 0ÐA5 Ñ de 0ÐJ Ñ.
3) Tem-se GJ ÐM.I Ñ œ 1J . Apesar de não termos nenhuma fórmula explícita
para a aplicação GJ , vamos ver que podemos apresentar uma caracterização
matricial da derivada HÐGJ ÑM.I À PÐIà IÑ Ä X1J ÐKÐIÑÑ relativamente à
soma directa ortogonal I œ J Š J ¼ , nomeadamente que, se " − PÐIà IÑ
tem matriz
”" "#ß# •
""ß" ""ß#
,
#ß"
”" ! •
‡
! "#ß"
.
#ß"
”# ! •
‡
! ##ß"
,
#ß"
pelo que ficamos reduzidos a mostrar que se tem ##ß" œ "#ß" , isto é, que, para
cada A − J , tem-se HÐGJ ÑM.I Ð" ÑÐAÑ œ 1J ¼ Ð" ÐAÑÑ. Ora, sendo A − J ,
tem-se, para cada 0 − KPÐIÑß 0ÐAÑ − 0ÐJ Ñ, portanto GJ Ð0ÑÐ0ÐAÑÑ œ 0ÐAÑ
pelo que, por derivação de ambos os membros como funções de 0 em M.I na
direcção de " , obtemos
HÐGJ ÑM.I Ð" ÑÐM.I ÐAÑÑ GJ ÐM.I ÑÐ" ÐAÑÑ œ " ÐAÑ,
ou seja
HÐGJ ÑM.I Ð" ÑÐAÑ œ " ÐAÑ 1J Ð" ÐAÑÑ œ 1J ¼ Ð" ÐAÑÑ,
como queríamos.
§9. Estruturas quase complexas e aplicações holomorfas 309
88cf. III.1.21.
310 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Dem: Tudo o que temos que verificar é que, para cada 1J − KÐIÑ, a deri-
vada
s
HÐ0‡ Ñ1J À X1J ÐKÐIÑÑ Ä X10ÐJ Ñ ÐKÐIÑÑ
”! ! •
! !‡#ß"
#ß"
s
relativa à soma directa ortogonal I œ J Š J ¼ o elemento de X10ÐJ Ñ ÐKÐIÑÑ
com matriz
” •
! Ð10ÐJ Ѽ ‰ 0 ‰ !#ß" ‰ Ð0ÎJ Ñ" ч
10ÐJ Ѽ ‰ 0 ‰ !#ß" ‰ Ð0ÎJ Ñ" !
Vamos agora associar a cada estrutura quase complexa suave sobre uma
variedade Q e a cada B − Q uma aplicação bilinear, que apesar de ter
uma definição que parece algo artificial, vai ter propriedades de
invariância importantes. Trata-se de um fenómeno semelhante com o que
já encontrámos com o tensor de curvatura de uma variedade e a sua
invariância por isometria.
III.9.28 Seja Q § K uma variedade sem bordo, munida de uma estrutura quase
complexa suave ÐNB ÑB−Q . Fixado um produto interno auxiliar em K , tem
lugar, para cada B − Q , uma aplicação bilinear real
RB À XB ÐQ Ñ ‚ XB ÐQ Ñ Ä XB ÐQ Ñ,
a que se dá o nome de tensor de Nijenhuis ou tensor de torção da estrutura
quase complexa em B,89 definida por
RB Ð?ß @Ñ œ fNB Ð?ÑÐNB Ð@ÑÑ fNB Ð@ÑÐNB Ð?ÑÑ fNB ÐNB Ð?ÑÑÐ@Ñ fNBÐNBÐ@ÑÑÐ?Ñ
89Veremos adiante que esta aplicação não depende do produto interno considerado em K.
§9. Estruturas quase complexas e aplicações holomorfas 311
fNB Ð?ÑÐNB Ð@ÑÑ œ HN B Ð?ÑÐNB Ð@ÑÑ N BÐ2BÐ?ß NBÐ@ÑÑÑ 2BÐ?ß N BÐN BÐ@ÑÑÑ
fNB Ð@ÑÐNB Ð?ÑÑ œ HN B Ð@ÑÐNB Ð?ÑÑ N BÐ2BÐ@ß NBÐ?ÑÑÑ 2 BÐ@ß N BÐN BÐ?ÑÑÑ
fNB ÐNB Ð?ÑÑÐ@Ñ œ HN B ÐNB Ð?ÑÑÐ@Ñ N B Ð2B ÐNB Ð?Ñß @ÑÑ 2BÐNBÐ?Ñß N BÐ@ÑÑ
fNB ÐNB Ð@ÑÑÐ?Ñ œ HN B ÐNB Ð@ÑÑÐ?Ñ N BÐ2BÐNBÐ@Ñß ?ÑÑ 2BÐN BÐ@Ñß N BÐ?ÑÑ
Dem: Por derivação covariante das identidades H0B ‰ NB œ N0w ÐBÑ ‰ H0B ,
obtemos, tendo em conta III.8.25 e III.8.28,
ÐfH0B Ð?ÑÑ ‰ NB H0B ‰ ÐfNB Ð?ÑÑ œ
œ ÐfN0w ÐBÑ ÐH0B Ð?ÑÑÑ ‰ H0B N0w ÐBÑ ‰ ÐfH0B Ð?ÑÑ,
œ " Ð0 ÑB ÐNB Ð?Ñß NB Ð@ÑÑ H0B ÐfNB ÐNB Ð?ÑÑÐ@ÑÑ N0w ÐBÑÐ"Ð0 ÑBÐNBÐ?Ñß @ÑÑ
œ " Ð0 ÑB ÐNB Ð@Ñß NB Ð?ÑÑ H0B ÐfNB ÐNB Ð@ÑÑÐ?ÑÑ N0w ÐBÑÐ"Ð0 ÑBÐNBÐ@Ñß ?ÑÑ œ
œ H0B ÐfNB Ð?ÑÐNB Ð@ÑÑÑ H0B ÐfNB Ð@ÑÐNB Ð?ÑÑÑ H0B ÐfNBÐNBÐ?ÑÑÐ@ÑÑ
œ H0B ÐfNB ÐNB Ð@ÑÑÐ?ÑÑ œ H0B ÐRB Ð?ß @ÑÑ.
o que mostra que a Hessiana é linear complexa na segunda variável. Uma vez
que a Hessiana é uma aplicação bilinear simétrica, podemos agora escrever
" Ð0 ÑB ÐNB Ð?Ñß @Ñ œ " Ð0 ÑB Ð@ß NB Ð?ÑÑ œ N0w ÐBÑ Ð"Ð0 ÑB Ð@ß ?ÑÑ œ N0w ÐBÑÐ"Ð0 ÑBÐ?ß @ÑÑ,
e então:
a) Esta aplicação é sempre antilinear na segunda variável, isto é,
fNB Ð?ÑÐNB Ð@ÑÑ œ NB ÐfNB Ð?ÑÐ@ÑÑ.
que acabámos de obter, assim como as duas que se podem obter dela por
permutação circular dos vectores ?ß @ß A:
316 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
EXERCÍCIOS
B œ " 04 ÐÐB" ß á ß B5 Ñß BÑ B4 .
5
4œ"
Figura 9
no caso particular em que 0 œ M.I . Reparar então que tem lugar um isomor-
fismo ortogonal P0 À PÐIà IÑ Ä PÐIà IÑ, definido por P0 Ð(Ñ œ 0 ‰ (.
b) Mostrar que a segunda forma fundamental de SÐIÑ está definida por
"
20 Ð - ß . Ñ œ Ð - ‰ . ‡ ‰ 0 0 ‰ . ‡ ‰ - Ñ
#
e que esta fórmula pode também ser escrita
"
20 Ð - ß . Ñ œ 0 ‰ Ð - ‡ ‰ . . ‡ ‰ - Ñ .
#
91reparar s œ g.
que esta condição é trivial no caso em que F
324 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
Figura 10
Mostrar que 0 é um difeomorfismo de ‘ sobre a hélice Q œ 0 Ð‘Ñ e, consi-
derando sobre a curva Q a orientação associada à parametrização 0 , deter-
minar, para cada > − ‘, a curvatura e a torção de Q no ponto 0 Ð>Ñ.
Ex III.28 Consideremos em ‘# o produto interno usual e seja Q § ‘# a elipse
de semi-eixos + e , , com + , .
B C
Q œ ÖÐBß CÑ − ‘# ± Ð Ñ# Ð Ñ# œ "×.
+ ,
Mostrar que a curvatura de Q no ponto ÐBß CÑ é dada por
+% , %
5ÐBßCÑ œ
Ð+% C # , % B# Ñ$Î#
e deduzir que esta curvatura é máxima nos pontos Ð+ß !Ñ e Ð+ß !Ñ, com o
valor +Î, # , e é mínima nos pontos Ð!ß ,Ñ e Ð!ß ,Ñ, com o valor ,Î+# .
Ex III.29 Seja N § ‘ um intervalo com mais que um ponto e seja 0 À N Ä ‘
uma aplicação suave. Seja Q œ ÖÐ>ß 0 Ð>ÑÑ×>−N o gráfico de 0 . Mostrar que
Q é uma variedade de dimensão " e que o vector curvatura de Q no ponto
Ð>ß 0 Ð>ÑÑ é dado por
Exercícios 325
5t Ð>ß0 Ð>ÑÑ œ Š ‹.
0 ww Ð>Ñ0 w Ð>Ñ 0 ww Ð>Ñ
ß
Ð" 0 Ð>Ñ Ñ Ð" 0 w Ð>Ñ# Ñ#
w # #
Deduzir daqui que a curvatura em Ð>ß 0 Ð>ÑÑ é nula se, e só se, 0 ww Ð>Ñ œ ! (caso
em que pode haver um ponto de inflexão do gráfico) e que o sinal de 0 ww Ð>Ñ
determina se o vector curvatura em Ð>ß 0 Ð>ÑÑ aponta para cima ou para baixo
(o sentido da concavidade).
Ex III.30 Sejam I um espaço euclidiano e Q § I uma curva orientada com
curvatura e torção não nulas em todos os pontos. Generalizando o processo
que conduziu à definição dos vectores curvatura e torção, definir um vector
“torção de segunda ordem” (ou, melhor talvez, “curvatura de terceira
ordem”) em cada ponto e, nos pontos em que este é não nulo, uma “trinormal
principal”. No mesmo espírito que em III.4.7 e III.4.15, verificar que a curva
está contida num subespaço afim de dimensão $ se, e só se, a curvatura de
terceira ordem for nula. Obter neste quadro o resultado correspondente a
III.4.12. No mesmo espírito que em III.4.19 e III.4.22, mostrar que, se
0 À N Ä Q é uma parametrização de Q , induzindo a orientação dada, então a
curvatura de terceira ordem é igual ao produto de
"
70 Ð>Ñ 50 Ð>Ñ m0 w Ð>Ñm%
( m0 Ð>Ñm .>.
,
w
+
Figura 11
Q œ ÖÐBß Cß DÑ − ‘$ ± D œ BC×
e a cada um dos pontos Ð"ß "ß "Ñ e Ð"ß !ß !Ñ.
Ex III.38 Mesma questão que nos dois exercícios anteriores, mas relativamente à
superfície cilíndrica
Q œ ÖÐBß Cß DÑ − ‘$ ± B# C # œ "×
e a um ponto arbitrário desta superfície.
Ex III.39 Sejam I um espaço euclidiano de dimensão 8 $, Q § I uma
hipersuperfície sem bordo, B − Q e 8tB uma das normais unitárias de Q no
ponto B. Seja ? − XB ÐQ Ñ, com m?m œ ". Seja 8 sB − I , tal que 8 s B  XB Ð Q Ñ ,
m8 sB m œ " e Ø8 sB ß ?Ù œ !. Notemos T! o plano vectorial gerado por ? e 8 sB e
seja T œ B T! o correspondente plano afim passando por B.
a) Mostrar que Q s œ Q T é, no ponto B, uma variedade de dimensão " e
índice ! e notar Q s w um aberto de Q s , contendo B, tal que Q s w seja uma curva
sem bordo.
b) Seja 2 s w Ñ ‚ XB ÐQ
s B À XB ÐQ s w Ñ Ä XB ÐQs w Ѽ a segunda forma fundamental de
Q s w no ponto B e seja 5t B o respectivo vector curvatura. Mostrar que
5t B − ‘8 sB e notar s 5 B a correspondente curvatura sinalizada, definida por
t
5B œ 5B8s sB .
c) Seja 2B À XB ÐQ Ñ ‚ XB ÐQ Ñ Ä XB ÐQ Ѽ a segunda forma fundamental de
Q no ponto B. Mostrar que, para o vector ? − XB ÐQ Ñ que se está a
considerar, tem-se
s B Ð?ß ?Ñß 8tB Ù8tB œ s
2B Ð?ß ?Ñ œ Ø2 sB ß 8tB Ù8tB .
5 B Ø8
Figura 12
b) Determinar a matriz da aplicação linear de Weingarten de Q na base atrás
considerada e deduzir daí que a curvatura média de Q é igual a ! em todos
os pontos (Q é uma superfície mínima).
Ex III.43 Sejam Y § ‘: um aberto conexo, I um espaço vectorial real de
dimensão finita e 0 À Y Ä I uma aplicação suave tal que, para cada
330 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
”! !#ß# •
È”
! •
!"" !"ß# ! !"ß#
.
#ß" !#ß"
Ex III.53 Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados vectoriais, com
IB § I e IBw § I w , onde I e I w estão munidos de produto interno e
notemos 1B e 1Bw as projecções ortogonais de I sobre IB e de I w sobre IBw ,
respectivamente. Seja - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w um morfismo linear suave e
consideremos o prolongamento -¼ œ Ð-B¼ ÑB−E À E Ä PÐIà I w Ñ correspon-
dente, com -B¼ œ -B ‰ 1B . Mostrar que, para cada B − E e ? − XB ÐEÑ, a
derivada covariante f-B Ð?ÑÀ IB Ä IBw está definida por
f-B Ð?ÑÐAÑ œ HÐ-¼ ÑB Ð?ÑÐAÑ 2Bw Ð?ß -B ÐAÑÑ œ 1Bw ÐHÐ-¼ ÑBÐ?ÑÐAÑÑ.
Deduzir que, para cada B − E, ? − XB ÐEÑ, A − IB e Aw − IBw , tem-se
Øf-B Ð?ÑÐAÑß Aw Ù œ ØHÐ-¼ ÑB Ð?ÑÐAÑß Aw Ù.
Ex III.59 Sejam I œ ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados vectoriais, com
IB § I e IBw § I w , e - œ Ð-B ÑB−E À I Ä I w um morfismo linear. Mostrar
que - é suave se, e só se, qualquer que seja a secção suave [ œ Ð[B ÑB−E de
I , a secção -Ð[ Ñ œ Ð-B Ð[B ÑÑB−E de I w é também suave. Sugestão: Uma
das implicações é já conhecida; para a outra lembrar que a suavidade de um
morfismo linear é uma questão local e reparar que, dado B! − E, se pode
considerar uma base A" ß á ß A8 de XB! ÐEÑ e que então têm lugar secções
suaves Ð1B ÐA4 ÑÑB−E de I que, restringidas convenientemente, vão dar um
campo de referenciais da restrição de I tendo então em conta III.8.11.
Enunciar e demonstrar uma condição análoga para a suavidade de um morfis-
mo bilinear.
Ex III.60 (Morfismos lineares como secções) Sejam I œ ÐIB ÑB−E e
I w œ ÐIBw ÑB−E dois fibrados vectoriais, com IB § I e IBw § I w , onde I e
I w estão munidos de produto interno e notemos 1B e 1Bw as projecções
ortogonais de I sobre IB e de I w sobre IBw , respectivamente.
a) Mostrar que, para cada B − E, tem lugar um isomorfismo de PÐIB à IBw Ñ
sobre um subespaço vectorial P¼ ÐIB à IBw Ñ de PÐIà I w Ñ, que a cada - associa
o seu prolongamento -¼ œ - ‰ 1B associado ao produto interno de I .
b) Verificar que P¼ ÐIB à IBw Ñ é o conjunto dos - − PÐIà I w Ñ tais que
-ÐIÑ § IBw e -ÎIB¼ œ !, isto é, em termos de matrizes de aplicações lineares
relativas às decomposições em soma directa ortogonal I œ IB Š IB¼ e
I w œ IBw Š IBw ¼ , o conjunto daqueles cuja matriz é do tipo
” ! !•
-"ß" !
,
-"ß" È ”
!•
-"ß" !
.
!
”- -#ß# •
È ” "ß"
!•
-"ß" -"ß# - !
.
#ß" !
” ! !•
-B !
,
” ! ! •
f-B Ð?Ñ !"ß#
,
#ß"
"
2B Ð@ß AÑ œ Ø@ß AÙ B.
<#
Mostrar que W< tem segunda forma fundamental paralela, isto é, que o mor-
fismo bilinear suave Ð2B ÑB−W< À X ÐW< Ñ ‚ X ÐW< Ñ Ä X ¼ ÐW< Ñ é paralelo.
Ex III.67 Sejam E § K, I um espaço euclidiano ou hermitiano e I œ ÐIB ÑB−E
um fibrado vectorial com IB § I . Sejam )À I Ä PÐIà ŠÑ e, para cada
B − E, )B À IB Ä PÐIB à ŠÑ os isomorfismos associados aos produtos
internos (cf. I.2.9). Sejam [ œ Ð[B ÑB−E uma secção de I e
- œ Ð-B ÑB−E À I Ä ŠE o morfismo linear definido por -B œ )B Ð[B Ñ.
Mostrar que a secção [ é suave se, e só se, o morfismo linear - é suave e
que, quando isso acontecer, tem-se f-B Ð?Ñ œ )B Ðf[B Ð?ÑÑ. Sugestão:
Mostrar que o prolongamento de -B œ )B Ð[B Ñ associado ao produto interno,
-B¼ À I Ä Š, não é mais do que )Ð[B Ñ e atender à conclusão do exercício
III.53.
Ex III.68 Sejam E § K, I e I w espaços euclidianos ou hermitianos e I œ
ÐIB ÑB−E e I w œ ÐIBw ÑB−E fibrados vectoriais, com IB § I e IBw § I w . Seja
-À I ‚ I Ä I w um morfismo bilinear suave simétrico (respectivamente,
antissimétrico), isto é, tal que cada -B À IB ‚ IB Ä IBw seja uma aplicação
bilinear simétrica (respectivamente antissimétrica). Mostrar que, para cada
B − E e ? − XB ÐEÑ, f-B Ð?ÑÀ IB ‚ IB Ä IBw é uma aplicação bilinear simé-
trica (respectivamente antissimétrica). Sugestão: Reparar que os prolonga-
mentos -B¼ À I ‚ I Ä I w associados ao produto interno de I são ainda
aplicações bilineares simétricas (respectivamente antissimétricas) e utilizá-los
para calcular a derivada covariante.
Ex III.69 Sejam K um espaço euclidiano, Q § K uma variedade e 0 À Q Ä ‘
uma aplicação suave com gradiente gradÐ0 Ñ œ ÐgradÐ0 ÑB ÑB−Q , que sabemos
ser uma secção suave de X ÐQ Ñ (cf. o exercício III.18). Mostrar que a
Hessiana " Ð0 ÑB À XB ÐQ Ñ ‚ XB ÐQ Ñ Ä ‘ é dada por
"Ð0 ÑB Ð?ß @Ñ œ Øf gradÐ0 ÑB Ð?Ñß @Ù œ ØH gradÐ0 ÑBÐ?Ñß @Ù.
92Este exercício pode ser generalizado para formas diferenciais de grau : (o exercício
precedente correspondendo então ao caso : œ ") mas preferimos não apresentar essa
generalização para evitar expressões mais pesadas e a necessidade de examinar alguns
instrumentos algébricos que não nos interessam de momento.
340 Cap. III. Fibrados Vectoriais e o Ambiente Euclidiano
93Este exercício e o precedente, são mais exemplos do que uma teoria geral da derivada
de Lie. Pode-se definir, mais geralmente, a derivada de Lie de um morfismo multilinear
suave cujo domínio é um produto de factores X ÐQ Ñ e o espaço de chegada é X ÐQ Ñ ou
um fibrado vectorial constante JQ .
Exercícios 341
Lembrar que, como se viu em III.5.6, tem-se -B Ð@Ñ œ H<B Ð@Ñ, para cada
@ − XB ÐQ Ñ.
a) Mostrar que X<ÐBÑ ÐWÑ œ XB ÐQ Ñ, que - œ Ð-B ÑB−Q À X ÐQ Ñ Ä X ÐQ Ñ é um
morfismo linear suave e que, quaisquer que sejam ?ß @ − XB ÐQ Ñ,
f-B Ð?ÑÐ@Ñ œ " Ð<ÑB Ð?ß @Ñ.
Lembrar que, por definição da segunda forma fundamental, tem-se, para cada
@ − XB ÐQ Ñ e A − IB ,
s B Ð@ß AÑ œ H:B Ð@ÑÐAÑ.
2
4œ"
e deduzir que
Exercícios 349
é também holomorfa.
Sugestão: Considerar um prolongamento 0 de 0 a um aberto de I contendo
w w
Q e aplicações suaves N œ ÐN B ÑB−Q , de Q em PÐIà IÑ e N œ ÐN C ÑC−Q w ,
w
de Q w em PÐI w à I w Ñ, com N B prolongando NB e N C prolongando NCw . Para
provar a igualdade
w
HX Ð0 ÑÐBß?Ñ ÐN˜ ÐBß?Ñ Ð@ß DÑÑ œ N˜ Ð0 ÐBÑßH0BÐ?ÑÑ ÐHX Ð0 ÑÐBß?Ñ Ð@ß DÑÑ,
N˜ :ÐBß?Ñ ÐH:ÐBß?Ñ Ð@ß DÑÑ H:ÐBß?Ñ ÐN˜ ÐBß?Ñ Ð@ß DÑÑ œ Ð!ß RBÐ?ß @ÑÑ.
\" ÐB" ß B# ß B$ ß B% ß B& ß B' ß B( ß B) Ñ œ ÐB# ß B" ß B& ß B' ß B$ ß B% ß B) ß B(Ñ
\# ÐB" ß B# ß B$ ß B% ß B& ß B' ß B( ß B) Ñ œ ÐB$ ß B& ß B" ß B) ß B# ß B(ß B'ß B%Ñ
\$ ÐB" ß B# ß B$ ß B% ß B& ß B' ß B( ß B) Ñ œ ÐB% ß B' ß B) ß B" ß B( ß B# ß B& ß B$ Ñ
\% ÐB" ß B# ß B$ ß B% ß B& ß B' ß B( ß B) Ñ œ ÐB& ß B$ ß B# ß B( ß B" ß B) ß B% ß B'Ñ
\& ÐB" ß B# ß B$ ß B% ß B& ß B' ß B( ß B) Ñ œ ÐB' ß B% ß B( ß B# ß B) ß B" ß B$ ß B& Ñ
\' ÐB" ß B# ß B$ ß B% ß B& ß B' ß B( ß B) Ñ œ ÐB( ß B) ß B' ß B& ß B% ß B$ ß B"ß B#Ñ
\( ÐB" ß B# ß B$ ß B% ß B& ß B' ß B( ß B) Ñ œ ÐB) ß B( ß B% ß B$ ß B' ß B& ß B# ß B" Ñ.
Estas soluções, embora possam ser encontradas experimentalmente, têm a
sua origem na existência de estruturas algébricas excepcionais em ‘#
(álgebra dos complexos), ‘% (álgebra dos quaterniões) e ‘) (álgebra não
associativa dos números de Cayley).
CAPÍTULO IV
Equações Diferenciais Ordinárias
em Variedades
e reparemos que 1w Ð>Ñ œ <0 Ð>Ñ assim como, por hipótese, 0 Ð>Ñ Ÿ 1Ð>Ñ. Seja
2À Ò+ß ,Ó Ä ‘ a aplicação de classe G " definida por
2Ð>Ñ œ 1Ð>Ñ /<Ð>+Ñ .
Vem 2Ð+Ñ œ 5 e
§1. Solução geral e fluxo de um campo vectorial 357
2w Ð>Ñ œ 1w Ð>Ñ /<Ð>+Ñ < 1Ð>Ñ /<Ð>+Ñ œ /<Ð>+Ñ Ð< 0 Ð>Ñ < 1Ð>ÑÑ Ÿ !,
pelo que 2Ð>Ñ Ÿ 2Ð+Ñ œ 5 e portanto
0 Ð>Ñ Ÿ 1Ð>Ñ œ 2Ð>Ñ /<Ð>+Ñ Ÿ 5 /<Ð>+Ñ .
aplicação a que daremos o nome de solução geral94 de \ , uma vez que ela
contém informação sobre todas as curvas integrais de \ .
Usando a linguagem corrente, =Ð=ß >ß BÑ vai ser o local onde estaremos no
instante =, se no instante > estivermos em B. Um dos objectivos
fundamentais deste capítulo é o de estabelecer algumas propriedades
básicas de =; veremos, por exemplo, que = é uma aplicação de classe G "
e que, no caso em que a aplicação \ À E Ä I é de classe G 5 , com 5 ",
o mesmo vai acontecer á aplicação =.
Dem: Uma vez que 0+ßB À N+ßB Ä E é uma curva integral admitindo a
condição inicial Ð>ß 0+ßB Ð>ÑÑ, concluímos que, sendo 0 À N Ä E a curva
integral máxima com esta última condição inicial, tem-se N+ßB § N e 0+ßB é
uma restrição de 0 . Em particular, vem 0 Ð+Ñ œ 0+ßB Ð+Ñ œ B, pelo que 0
admite a condição inicial Ð+ß BÑ, o que implica que N § N+ßB , donde
N œ N+ßB .
IV.1.10 (Invariância por translação) Sejam E § I e \À E Ä I uma
aplicação de classe G " . Para cada +ß > − ‘ e B − E, tem-se então
N+>ßB œ + N>ßB e, para cada ? − N+>ßB , 0+>ßB Ð?Ñ œ 0>ßB Ð? +Ñ. Por outras
palavras, fazendo ? œ + =, podemos dizer que Ð+ =ß + >ß BÑ − H se, e
só se, Ð=ß >ß BÑ − H e que, nesse caso,
=Ð+ =ß + >ß BÑ œ =Ð=ß >ß BÑ.
94Se quiséssemos ser mais precisos, diríamos que = é a solução geral do problema de
valores iniciais para a equação diferencial definida por \ , mas trata-se manifestamente de
uma frase demasiado longa.
360 Cap. IV. Equações Diferenciais Ordinárias em Variedades
Usando mais uma vez uma linguagem corrente, =ÐCß =ß >ß BÑ vai ser o local
onde estaremos no instante =, se fixarmos o valor C do parâmetro e se
estivermos em B no instante >.
IV.2.2 Repare-se que existe uma maneira trivial de aplicar ao caso não para-
métrico os resultados sobre soluções gerais, que vamos demonstrar no caso
paramétrico. Com efeito, se E § I e se \À E Ä I é uma aplicação de
classe G " , com a respectiva solução geral =À H Ä E, podemos tomar
qualquer espaço vectorial J de dimensão finita (por exemplo J œ Ö!×…) e
considerá-lo artificialmente como espaço de parâmetros, definindo a aplica-
s J ‚ E Ä I , \ÐCß
ção de classe G " , \À s BÑ œ \ÐBÑ. Nota-se então que a res-
pectiva solução geral paramétrica =s está trivialmente definida em J ‚ H por
sÐCß =ß >ß BÑ œ =Ð=ß >ß BÑ. Observação análoga se pode evidentemente fazer
=
sobre a aplicação ao caso não paramétrico de resultados sobre os fluxos para-
métricos.
IV.2.3 (Lema) Sejam I e J espaços vectoriais de dimensão finita, E § I e
\À E Ä J uma aplicação de classe G " . Para cada parte compacta O § E,
existem então <ß V ! tais que, para D − O e Bß C − E, com mB Dm Ÿ < e
mC Dm Ÿ <, se tenha m\ÐCÑ \ÐBÑm Ÿ VmC Bm.95
Dem: Suponhamos que este resultado era falso. Podíamos então escolher
sucessões de números reais estritamente positivos <8 e V8 , com <8 Ä ! e
V8 Ä _ (por exemplo <8 œ 8" e V8 œ 8…) e escolher então, para cada 8,
elementos D8 − O e B8 ß C8 − E, com mB8 D8 m Ÿ <8 , mC8 D8 m Ÿ <8 e
m\ÐC8 Ñ \ÐB8 Ñm V8 mC8 B8 m.
Pela compacidade de O , podemos supor, eventualmente tomando subsuces-
sões, que existe D − O tal que D8 Ä D . Sejam <ß V ! tais que, quaisquer
que sejam Bß C − F< ÐDÑ E, se tenha m\ÐCÑ \ÐBÑm Ÿ VmC Bm (cf.
IV.1.3). Fixemos 8! tal que, para cada 8 8! , mD8 Dm <Î#, <8 <Î# e
V8 V . Para cada 8 8! , tem-se então que B8 e C8 estão em F< ÐDÑ E,
portanto
m\ÐC8 Ñ \ÐB8 Ñm Ÿ VmC8 B8 m Ÿ V8 mC8 B8 m,
o que é absurdo.
se tenha
m\ÐÐC w ß Bw ÑÑ \ÐÐC ww ß Bww ÑÑm Ÿ VmÐC w ß Bw Ñ ÐC ww ß Bww Ñm
(tomamos, para fixar ideias, a norma do máximo em J ‚ I ). Seja dado
$ !. Fixemos $ w !, com $ w minÐ$ ß <Ñ. Seja & œ $ w /V . Seja C˜ − J tal
que mC˜ Cm Ÿ & e que exista uma curva integral 1À Ò!ß "Ó Ä I de \ÐCÑ ˜ , com
a condição inicial Ð!ß !Ñ.
Seja X o conjunto dos > − Ò!ß "Ó tais que, para cada = − Ò!ß >Ó, se tenha
m1Ð=Ñ 0 Ð=Ñm Ÿ $ w . Tem-se ! − X , pelo que podemos considerar o supremo
+ de X , e a continuidade de 0 e de 1 implica que se tem ainda
m1Ð+Ñ 0 Ð+Ñm Ÿ $ w $ , pelo que tudo o que temos que provar é que + œ ".
Suponhamos que se tinha + " e tentemos chegar a uma contradição.
O facto de se ter m1Ð+Ñ 0 Ð+Ñm < implica, pela continuidade de 0 e de 1,
que existe , − Ò!ß "Ó, com + , ", tal que, para cada = − Ò+ß ,Ó,
m1Ð=Ñ 0 Ð=Ñm <, esta desigualdade sendo também trivialmente verificada
para = − Ò!ß +Ó. Para cada = − Ò!ß ,Ó, temos agora, uma vez que
mC˜ Cm Ÿ & Ÿ $ w <,
˜ 1Ð=ÑÑ ÐCß 0 Ð=ÑÑm,
˜ 1Ð=ÑÑ \ÐCß 0 Ð=ÑÑm Ÿ VmÐCß
m\ÐCß
donde
Ÿ V ( mÐCß
=
˜ 1Ð?ÑÑ ÐCß 0 Ð?ÑÑm .?,
!
portanto
s
\ÐÐCß =ß >ß BÑß DÑ œ Ð= >Ñ\ÐCß B DÑ.
w
Tem-se s0 Cß=ß>ßB Ð?Ñ œ \ÐÐCßs =ß >ß BÑß s0 Cß=ß>ßB Ð?ÑÑ, pelo que temos uma curva
integral s0 Cß=ß>ßB À Ò!ß "Ó Ä I de \ s , com a condição inicial Ð!ß !Ñ. Podemos
passar agora à prova da continuidade de =. Sejam ÐCß =ß >ß BÑ − H e $ !.
Aplicando o lema anterior, com J ‚ ‘ ‚ ‘ ‚ I como espaço de
parâmetros, vemos que existe & ! tal que, para cada elemento
˜ =ß
ÐCß ˜ BÑ
˜ >ß ˜ − H, com mÐCß ˜ =ß ˜ BÑ
˜ >ß ˜ ÐCß =ß >ß BÑm Ÿ &, se tenha
s Cß=ß>ßB s $
m0 ˜ ˜ ˜ ˜ Ð"Ñ 0 Cß=ß>ßB Ð"Ñm Ÿ ,
#
de onde podemos deduzir, supondo já que & foi escolhido de modo a ser
& $ Î#,
˜ =ß
m=ÐCß ˜ BÑ
˜ >ß ˜ =ÐCß =ß >ß BÑm œ m0Cß>ßB ˜ 0Cß=ß>Ð=Ñm œ
˜ ˜ ˜ Ð=Ñ
s s
˜ ˜ ˜ ˜ Ð"Ñ 0 Cß=ß>ßB Ð"Ñ B˜ Bm Ÿ
œ m0 Cß=ß>ßB
364 Cap. IV. Equações Diferenciais Ordinárias em Variedades
$
lala Ÿ & Ÿ $,
#
o que demonstra a continuidade.
fechada do espaço de Banach GÐÒ!ß -Óß IÑ, com centro na aplicação de valor
constante B e raio <Î#. Se 0 − U , tem-se, para cada = − Ò!ß -Ó,
mÐCß 0 Ð=ÑÑ ÐC! ß B! Ñm Ÿ mÐCß 0 Ð=ÑÑ ÐC! ß BÑm mÐC! ß BÑ ÐC!ß B!Ñm Ÿ
< <
Ÿ œ <,
# #
pelo que ÐCß 0 Ð=ÑÑ − E e m\ÐCß 0 Ð=ÑÑm Ÿ R , o que nos permite definir uma
aplicação contínua X 0 À Ò!ß -Ó Ä I , por
donde
Ÿ V ( m0 Ð=Ñ 1Ð=Ñm .= Ÿ
>
!
Ÿ V - m0 1m,
o que implica que mX 0 X 1m Ÿ V - m0 1m. O facto de U ser não vazio e,
sendo fechado em GÐÒ!ß -Óß IÑ, ser um espaço métrico completo implica,
pelo teorema do ponto fixo para aplicações contractantes, a existência de
0 − U tal que X 0 œ 0 , isto é, a existência de uma aplicação contínua
0 À Ò!ß -Ó Ä I tal que, para cada > − Ò!ß -Ó,
o que implica que 0 Ð!Ñ œ B e 0 w Ð>Ñ œ \ÐCß 0 Ð>ÑÑ. Concluímos portanto que
0 é uma curva integral de \ÐCÑ , com a condição inicial Ð!ß BÑ.
IV.3.3 (Lema) Sejam I e J espaços vectoriais de dimensão finita, J! § J , E
um conjunto aberto em J! ‚ I e \À E Ä I uma aplicação de classe G " .
Seja C − J! tal que exista uma curva integral 0 À Ò!ß "Ó Ä I de
\ÐCÑ À EÐCÑ Ä I , com a condição inicial Ð!ß !Ñ. Existe então < ! tal que,
qualquer que seja C˜ − J! , com mC˜ Cm Ÿ <, existe uma curva integral
1À Ò!ß "Ó Ä I de \ÐCÑ ˜ Ä I , com a condição inicial Ð!ß !Ñ.
˜ À EÐCÑ
Dem: Seja =À H Ä I a solução geral paramétrica de \ . Uma vez que
366 Cap. IV. Equações Diferenciais Ordinárias em Variedades
ÖC× ‚ 0 ÐÒ!ß "ÓÑ é uma parte compacta de E, podemos, pelo lema anterior,
fixar - ! tal que, para cada ÐCß ˜ − J! ‚ I , verificando a condição
˜ BÑ
˜ ÖC× ‚ 0 ÐÒ!ß "ÓÑÑ Ÿ - , se tenha ÐCß
˜ BÑß
.ÐÐCß ˜ − E e exista uma curva
˜ BÑ
integral 2À Ò!ß -Ó Ä I de \ÐCÑ ˜ , com a condição inicial Ð!ß BÑ
˜ , por outras
palavras, ÐCß ˜ − H. Por IV.2.5, sabemos que = é uma aplicação
˜ -ß !ß BÑ
contínua, pelo que = vai ser uniformemente contínua (no sentido forte) no
conjunto compacto ÖC× ‚ Ò!ß "Ó ‚ Ö!× ‚ Ö!× § H. Isto implica que podemos
fixar <, com ! < Ÿ - , tal que, para cada ÐCß
˜ =ß !ß !Ñ − H, com = − Ò!ß "Ó e
mC˜ Cm Ÿ <, se tenha
˜ =ß !ß !Ñ =ÐCß =ß !ß !Ñm Ÿ - ,
˜ =ß !ß !Ñ 0 Ð=Ñm œ m=ÐCß
m=ÐCß
donde também (consideramos em J ‚ I a norma do máximo),
˜ =ß !ß !ÑÑ ÐCß 0 Ð=ÑÑm Ÿ - ,
˜ =ÐCß
mÐCß
portanto, pelo que vimos atrás,
˜ =ÐCß
ÐCß ˜ =ß !ß !ÑÑ − E,
˜ =ß !ß !ÑÑ − H,
˜ -ß !ß =ÐCß
ÐCß
o que mostra que s0 Cß=ß>ßB é uma curva integral, com condição inicial Ð!ß !Ñ e
s E
com parâmetro ÐCß =ß >ß BÑ, da aplicação de classe G " \À s Ä I , definida por
s ˜ =ß
\ÐÐCß ˜ BÑß
˜ >ß ˜ DÑ ˜
˜ œ Ð=˜ >Ñ\ÐCß ˜ ,
˜ B˜ DÑ
no conjunto
s œ ÖÐÐCß
E ˜ =ß ˜ BÑß
˜ >ß ˜ DÑ
˜ ± ÐCß ˜ − E×,
˜ B˜ DÑ
que é aberto em ÐJ! ‚ ‘ ‚ ‘ ‚ IÑ ‚ I . Podemos portanto aplicar o lema
anterior para garantir a existência de uma vizinhança Z de ÐCß =ß >ß BÑ em
J! ‚ ‘ ‚ ‘ ‚ I tal que, para cada ÐCß ˜ =ß ˜ BÑ
˜ >ß ˜ − Z , exista uma curva integral
1À Ò!ß "Ó Ä I de \ s , com o parâmetro ÐCß ˜ =ß ˜ BÑ
˜ >ß ˜ e a condição inicial Ð!ß !Ñ.
Vamos ver que se tem então ÐCß ˜ =ß ˜ BÑ
˜ >ß ˜ − H, o que terminará a demonstração.
O facto de se ter ÐÐCß ˜ =ß ˜ BÑß
˜ >ß ˜ !Ñ − E s implica que ÐCß ˜ − E, pelo que a
˜ BÑ
asserção anterior é trivial no caso em que =˜ œ >˜. Suponhamos portanto que
=˜ Á >˜. Podemos então notar N o intervalo Ò>ß ˜ =Ó
˜ , se >˜ =˜, e o intervalo Ò=ß ˜,
˜ >Ó
se =˜ >˜, e definir uma aplicação 2À N Ä I , por
@ >˜
2Ð@Ñ œ B˜ 1Ð Ñ.
=˜ >˜
˜ œ B˜ e
Vem 2Ð>Ñ
" w @ >˜ @ >˜
2w Ð@Ñ œ 1Ð ˜ B˜ 1Ð
Ñ œ \ÐCß ˜ 2Ð@ÑÑ,
ÑÑ œ \ÐCß
=˜ >˜ =˜ >˜ =˜ >˜
˜ BÑ
pelo que 2 é uma curva integral de \(C̃) , com a condição inicial Ð>ß ˜ , o que
mostra que ÐCß
˜ =ß ˜ ˜ − H, como queríamos.
˜ >ß BÑ
última condição verificada no caso trivial em que o intervalo N não tem mais
que um ponto). Para cada > − N , diz-se ainda que Ð>ß 0 Ð>ÑÑ é uma condição
inicial da solução.
IV.4.2 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita, E § ‘ ‚ I e
\À E Ä I uma aplicação de classe G " . Para cada Ð>ß BÑ − E, existe então
uma, e uma só, solução 0 À N Ä I da equação diferencial definida por \ ,
com a condição inicial Ð>ß BÑ, com a propriedade de qualquer outra solução,
com a mesma condição inicial, ser uma restrição dela. Além disso, sendo
s E Ä ‘ ‚ I a aplicação de classe G " definida por
\À
s BÑ œ Ð"ß \Ð=ß BÑÑ,
\Ð=ß
a curva integral máxima de \ s , com a condição inicial Ð>ß Ð>ß BÑÑ, está definida
em N por = È Ð=ß 0 Ð=ÑÑ.
Dem: Seja s0 À N Ä E § ‘ ‚ I a curva integral máxima de \ s , com a
condição inicial Ð>ß Ð>ß BÑÑ e sejam 0" À N Ä ‘ e 0 À N Ä I as duas compo-
nentes de s0 . De se ter s0 Ð>Ñ œ Ð>ß BÑ, concluímos que 0" Ð>Ñ œ > e 0 Ð>Ñ œ B.
Uma vez que 0"w Ð=Ñ œ ", sai 0" Ð=Ñ œ =, para cada =, pelo que podemos agora
concluir que
0 w Ð=Ñ œ \Ð0" Ð=Ñß 0 Ð=ÑÑ œ \Ð=ß 0 Ð=ÑÑ,
o que mostra que 0 À N Ä I é uma solução da equação diferencial definida
por \ , com a condição inicial Ð>ß BÑ. Por outro lado, sendo 1À N w Ä I outra
solução desta equação diferencial, com a mesma condição inicial, podemos
considerar a aplicação s1À N w Ä E, definida por s1Ð=Ñ œ Ð=ß 1Ð=ÑÑ, que verifica
s1Ð>Ñ œ Ð>ß BÑ e
s1w Ð=Ñ œ Ð"ß 1w Ð=ÑÑ œ Ð"ß \Ð=ß 1Ð=ÑÑÑ œ \Ð1Ð=ÑÑ
ss ,
>
>
>
Ÿ ¸( m0 1m .?¸ œ
>
5 :" V :" l? >l:
= :x
Ÿ ( m# ÐCß
˜ =Ñ # ÐCß =Ñm .= ( m>ÐCß
> >
˜ =Ñ † Ð0ÐCÑ
˜ Ð=Ñ 0ÐCÑ Ð=ÑÑm .=
! !
blablablablablablablablablabl ( mÐ>ÐCß
>
˜ =Ñ >ÐCß =ÑÑ † 0ÐCÑ Ð=Ñm .= Ÿ
!
por
#
sÐÐCß =ß >ß BÑß ?Ñ œ Ð= >Ñ#ÐCß Ð" ?Ñ> ?=Ñ
œ Ð= >Ñ>ÐCß Ð" ?Ñ> ?=Ñ † B,
s
>ÐÐCß =ß >ß BÑß ?Ñ œ Ð= >Ñ>ÐCß Ð" ?Ñ> ?=Ñ,
a igualdade anterior pode ser escrita
s0 wCß=ß>ßB Ð?Ñ œ s sÐÐCß =ß >ß BÑß ?Ñ † s
# ÐÐCß =ß >ß BÑß ?Ñ > 0 Cß=ß>ßBÐ?Ñ,
$
Fixemos $ w 0 tal que $ w Ÿ " e $ w Ÿ "V w /
ÐV"Ñ
.
Pela continuidade uniforme, no sentido forte, de H\ no compacto O ,
podemos fixar < ! tal que, sempre que ÐCß ˜ >ß DÑ − E, com > − Ò!ß "Ó e
˜ >ß DÑ ÐCß >ß 1ÐCß >ÑÑm Ÿ <, se tenha
mÐCß
(4) ˜ >ß DÑ H\ ÐCß >ß 1ÐCß >ÑÑm Ÿ $ w
mH\ ÐCß
e vamos já supor que escolhemos < menor que o mínimo estritamente
positivo das distâncias dos pontos do compacto O ao fechado
ÐJ ‚ ‘ ‚ IÑ Ï E (ignoramos esta condição no caso em que
E œ J ‚ ‘ ‚ I ), de modo que, se ÐCß ˜ >ß DÑ − J ‚ ‘ ‚ I , com > − Ò!ß "Ó,
verifica mÐCß
˜ >ß DÑ ÐCß >ß 1ÐCß >ÑÑm Ÿ <, então tem-se automaticamente
˜ >ß DÑ − E.
ÐCß
Do mesmo modo, pela continuidade uniforme, no sentido forte, de 1 sobre o
378 Cap. IV. Equações Diferenciais Ordinárias em Variedades
compacto ÖC× ‚ Ò!ß "Ó, podemos fixar <w !, já com <w <, de modo que, se
C˜ − J e mC˜ Cm Ÿ <w , então C˜ − Y e, para cada > − Ò!ß "Ó,
˜ >Ñ 1ÐCß >Ñm <.
m1ÐCß
i) Suponhamos que A − J verifica mAm Ÿ <w . Seja )ÐAÑ À Ò!ß "Ó Ä I a aplica-
ção definida por
(5) )ÐAÑ Ð>Ñ œ 1ÐC Aß >Ñ 1ÐCß >Ñ 0ÐCß >ÑÐAÑ
Vem também
mH$ \ ÐCß >ß 1ÐCß >ÑÑÐ1ÐC Aß >Ñ 1ÐCß >ÑÑ
Ÿ H$ \ ÐCß >ß 1ÐCß >ÑÑÐ0ÐCß >ÑÐAÑm Ÿ
(8)
Ÿ mH$ \ ÐCß >ß 1ÐCß >ÑÑmm1ÐC Aß >Ñ 1ÐCß >Ñ 0ÐCß >ÑÐAÑm Ÿ
Ÿ Vm)A Ð>Ñm,
donde
em particular, m)A Ð"Ñm Ÿ $ mAm, o que, tendo em conta (5), mostra que 2 é
diferenciável em C e com derivada 0ÐCß "Ñ. Tal como observámos em g),
atingimos assim o objectivo apontado na alínea c).
j) Vamos demonstrar, por fim, que =À H Ä I é uma aplicação de classe G : .
Consideramos, para isso, uma nova equação diferencial, tendo como espaço
de parâmetros J ‚ ‘ ‚ ‘ ‚ I . Seja assim
s § ÐJ ‚ ‘ ‚ ‘ ‚ IÑ ‚ ‘ ‚ I
E
o aberto
s œ ÖÐÐCß =ß >ß BÑß ?ß DÑ ± ÐCß Ð" ?Ñ> ?=ß D BÑ − E×,
E
s Ä I a aplicação de classe G : definida por
sÀ E
e seja \
s ÐÐCß =ß >ß BÑß ?ß DÑ œ Ð= >Ñ\ÐCß Ð" ?Ñ> ?=ß D BÑ.
\
s0 wCß=ß>ßB Ð?Ñ œ Ð= >Ñ\ ÐCß Ð" ?Ñ> ?=ß =ÐCß Ð" ?Ñ> ?=ß >ß BÑÑ œ
œ Ð= >Ñ\ ÐCß Ð" ?Ñ> ?=ß s0 Cß=ß>ßB Ð?Ñ BÑ œ
s ÐÐCß =ß >ß BÑß ?ß s0 Cß=ß>ßB Ð?ÑÑ.
œ\
`0
Ð=Ñ œ \3 Ð=ß 0 Ð=ÑÑ.
`=3
Do mesmo modo que, no caso das equações diferenciais ordinárias,
apenas nos interessávamos pelas soluções definidas em intervalos, no caso
das equações diferenciais totais vão ser especialmente importantes as
soluções definidas em abertos que são estrelados relativamente ao instante
inicial. Relembremos que um subconjunto N de um espaço vectorial K ,
diz-se estrelado relativamente ao elemento > − N se, para cada = − N , o
segmento de extremidades > e =, conjunto dos Ð" ?Ñ> ?=, com
? − Ò!ß "Ó, está contido em N .
pelo que, sendo Ẽ § Ò!ß "Ó ‚ I o conjunto constituído pelos Ð?ß DÑ tais que
˜ E˜ Ä I a aplicação de classe G " definida por
ÐÐ" ?Ñ> ?=ß D Ñ − E e \À
˜ DÑ œ \ÐÐ" ?Ñ> ?=ß D ÑÐ= >Ñ,
\Ð?ß
vemos que : é uma solução da equação diferencial ordinária, dependente do
tempo, definida por \˜ , com a condição inicial Ð!ß BÑ. Do mesmo modo, :˜ é
uma solução da mesma equação diferencial, com a mesma condição inicial,
pelo que concluímos que : œ :˜, em particular,
0 Ð=Ñ œ :Ð"Ñ œ :̃Ð"Ñ œ 0˜ Ð=Ñ.
O resultado que se segue vai dar, nos casos mais gerais que se encontram
na prática, condições necessárias para a existência de soluções com condi-
ções iniciais arbitrárias.
aplicação de classe G " tal que, para um certo Ð>ß BÑ − E, exista uma solução
0 À N Ä Q da equação diferencial total definida por \ , com a condição
inicial Ð>ß BÑ. Tem-se então:
a) A aplicação linear \Ð>ß BÑ − PÐKà IÑ aplica K em XB ÐQ Ñ;
b) A aplicação bilinear K ‚ K Ä I , definida por
˜,
˜ È H\Ð>ßBÑ ÐAß \Ð>ßBÑ ÐAÑÑÐAÑ
ÐAß AÑ
é simétrica.
Dem: Uma vez que N é um aberto de K e que a aplicação 0 À N Ä Q § I
verifica 0 Ð>Ñ œ B e H0 Ð=Ñ œ \Ð=ß 0 Ð=ÑÑ, o facto de \ ser uma aplicação de
classe G " permite-nos concluir sucessivamente que 0 é contínua (por ser
diferenciável em todos os pontos), que 0 é de classe G " (por H0 ser
contínua) e que 0 é de classe G # (por H0 ser de classe G " ). Deduzimos
agora, em primeiro lugar, que \Ð>ß BÑ œ H0 Ð>Ñ é uma aplicação linear de K
em XB ÐQ Ñ. Em segundo lugar, obtemos, para cada = − N e cada Aß Ã − K,
H0= ÐAј œ \Ð=ß 0 Ð=ÑÑÐAј , donde
H# 0= ÐAß ÃÑ œ H\Ð=ß0 Ð=ÑÑ ÐAß H0= ÐAÑÑÐAÑ ˜ œ
˜,
œ H\Ð=ß0 Ð=ÑÑ ÐAß \Ð=ß0 Ð=ÑÑ ÐAÑÑÐAÑ
em particular
H# 0> ÐAß AÑ ˜,
˜ œ H\Ð>ßBÑ ÐAß \Ð>ßBÑ ÐAÑÑÐAÑ
e , escalares, donde
1Ð?ß @Ñ œ +, 1ÐAß AÑ œ 1Ð@ß ?Ñ.
:w Ð?Ñ œ @\s Ð=ß ?@ß :Ð?ÑÑ œ @\ÐÐ" ?@Ñ> ?@=ß :Ð?ÑÑÐ= >Ñ œ
œ \ ÐÐ" ?Ñ> ?ÐÐ" @Ñ> @=Ñß :Ð?ÑÑÐÐ" @Ñ> @ = >Ñ œ
œ\ s ÐÐ" @Ñ> @=ß ?ß :Ð?ÑÑ,
1Ð=ß ?Ñ œ 1Ð=ß !Ñ (
?
`1
Ð=ß @Ñ .@ œ
! `@
œB(
?
\ ÐÐ" @Ñ> @=ß 1Ð=ß @ÑÑÐ= >Ñ .@.
!
`
ÐH 1 ÐAÑÑ œ H\ÐÐ"?Ñ>?=ß1Ð=ß?ÑÑ Ð?Aß H" 1Ð=ß?Ñ ÐAÑÑÐ= >Ñ
(2) `? " Ð=ß?Ñ
\ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐAÑ.97
Consideremos, por outro lado, >, B, = e A estando fixados, a aplicação
2À Ò!ß "Ó Ä I, definida por
2Ð?Ñ œ ?\ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐAÑ.
Vem 2Ð!Ñ œ ! e, uma vez que ? È 1Ð=ß ?Ñ é solução da equação diferencial
s,
paramétrica definida por \
s Ð=ß ?ß 1Ð=ß ?ÑÑÑÐAÑ
2w Ð?Ñ œ ?H\ÐÐ"?Ñ>?=ß1Ð=ß?ÑÑ Ð= >ß \
\ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐAÑ,
s e a hipótese b) do enunciado,
donde, tendo em conta a definição de \
2w Ð?Ñ œ ?H\ÐÐ"?Ñ>?=ß1Ð=ß?ÑÑ Ð= >ß \ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐ= >ÑÑÐAÑ
œ \ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐAÑ œ
œ ?H\ÐÐ"?Ñ>?=ß1Ð=ß?ÑÑ ÐAß \ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐAÑÑÐ= >Ñ
(3)
œ \ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐAÑ œ
œ H\ÐÐ"?Ñ>?=ß1Ð=ß?ÑÑ Ð?Aß 2Ð?ÑÑÐ= >Ñ
œ \ ÐÐ" ?Ñ> ?=ß 1Ð=ß ?ÑÑÐAÑ.
A ideia será agora mostrar que as condições (2) e (3) podem ser interpretadas
como afirmando que as aplicações de Ò!ß "Ó em I , que a ? associam
H" 1Ð=ß?Ñ ÐAÑ e 2Ð?Ñ, respectivamente, são soluções de uma mesma equação
diferencial ordinária linear, com coeficientes contínuos; se o virmos, o facto
de ambas aquelas soluções terem a condição inicial Ð!ß !Ñ implica que elas
são iguais, em particular
H0= ÐAÑ œ H" 1Ð=ß"Ñ ÐAÑ œ 2Ð"Ñ œ \Ð=ß 0 Ð=ÑÑÐAÑ,
IV.8.6 Por analogia com o que se passava no caso das equações diferenciais
ordinárias, dizemos que a aplicação 0 À N Ä Q , definida no enunciado do
teorema de Frobenius, é a solução máxima da equação diferencial total
definida por \ , com a condição inicial Ð>ß BÑ. É, no entanto, importante ter
bem presente que a maximalidade se refere apenas às soluções definidas em
abertos estrelados relativamente a >.
Para cada ÐCß >ß BÑ − E, seja 0Cß>ßB À NCß>ßB Ä Q a solução máxima da equação
390 Cap. IV. Equações Diferenciais Ordinárias em Variedades
diferencial total definida pela aplicação \ÐCÑ À EÐCÑ Ä PÐKà IÑ (notação com
o significado habitual), com a condição inicial Ð>ß BÑ. Consideremos ainda
H § J! ‚ K ‚ K ‚ Q , o conjunto dos ÐCß =ß >ß BÑ tais que ÐCß >ß BÑ − E e
= − NCß>ßB , e =À H Ä Q , a solução geral paramétrica, definida por
=ÐCß =ß >ß BÑ œ 0Cß>ßB Ð=Ñ.
Tem-se então:
1) H é aberto em J! ‚ K ‚ K ‚ Q e =À H Ä Q é uma aplicação de classe
G ";
2) No caso em que a aplicação \À E Ä PÐKà IÑ é mesmo de classe G : ,
onde : ", a aplicação =À H Ä Q é também de classe G : .
Dem: Consideremos J ‚ K ‚ K como novo espaço de parâmetros, seja E so
aberto em ÐJ! ‚ K ‚ KÑ ‚ Ò!ß "Ó ‚ Q , constituído pelos ÐÐCß =ß >Ñß ?ß BÑ tais
s E
que ÐCß Ð" ?Ñ> ?=ß BÑ − E, e seja \À s Ä I a aplicação de classe G "
definida por
s
\ÐÐCß =ß >Ñß ?ß BÑ œ \ÐCß Ð" ?Ñ> ?=ß BÑÐ= >Ñ,
a qual é mesmo de classe G : , no caso em que isso acontece a \ . Sendo
= s Ä Q a solução geral da equação diferencial paramétrica, dependente
sÀ H
do tempo, definida por \ s , os resultados que conhecemos sobre equações
diferenciais ordinárias garantem que H s é aberto em
aplicações que a Ð=ß >Ñ associam respectivamente =Ð=ß # Ð>ß BÑÑ e # Ð>ß =Ð=ß BÑÑ;
b) Se B − Q e < ! são tais que, quaisquer que sejam =ß > em Ó<ß <Ò,
=Ð=ß # Ð>ß BÑÑ œ # Ð>ß =Ð=ß BÑÑ, então Ò\ß ] ÓB œ !;
c) Se, para cada B − Q , Ò\ß ] ÓB œ !, então, para cada B − Q , existe < !
tal que, sempre que =ß > − Ó<ß <Ò,
=Ð=ß # Ð>ß BÑÑ œ # Ð>ß =Ð=ß BÑÑ.98
Dem: Uma vez que H é aberto em ‘ ‚ Q e contém Ð!ß BÑ, concluímos que,
para cada = − ‘ suficientemente próximo de ! e cada B˜ − Q suficientemente
próximo de B, Ð=ß BÑ ˜ − H. Uma vez que > é um aberto de ‘ ‚ Q , contendo
Ð!ß BÑ, e que # é uma aplicação contínua, concluímos que, para cada > − ‘,
suficientemente próximo de !, tem-se Ð>ß BÑ − > e # Ð>ß BÑ é suficientemente
próximo de #Ð!ß BÑ œ B, donde, somando as duas conclusões, sempre que = e
> estão suficientemente próximos de !, =Ð=ß # Ð>ß BÑÑ está bem definido. Do
mesmo modo se vê que, se = e > estão suficientemente próximos de !, então
# Ð>ß =Ð=ß BÑÑ está bem definido. A propriedade a) fica assim estabelecida.
Mostremos agora que, dados B − Q e < !, o facto de se ter, para cada
=ß > − Ó<ß <Ò,
(1) =Ð=ß # Ð>ß BÑÑ œ # Ð>ß =Ð=ß BÑÑ,
é equivalente à existência de uma aplicação suave :À Ó<ß <Ò# Ä Q ,
verificando as condições :Ð!ß !Ñ œ B e
`:
Ð=ß >Ñ œ \Ð:Ð=ß >ÑÑ,
(2) `=
`:
Ð=ß >Ñ œ ] Ð:Ð=ß >ÑÑ.
`>
Supondo, em primeiro lugar, a igualdade (1) verificada, podemos definir a
aplicação :, pondo
=Ð=ß # Ð>ß BÑÑ œ :Ð=ß >Ñ œ # Ð>ß =Ð=ß BÑÑ,
e então resulta, da primeira igualdade, ``=: Ð=ß >Ñ œ \Ð:Ð=ß >ÑÑ e, da segunda
igualdade, ``>: Ð=ß >Ñ œ ] Ð:Ð=ß >ÑÑ, tendo-se, evidentemente, :Ð!ß !Ñ œ B.
Suponhamos, reciprocamente, a existência de uma aplicação suave, :,
verificando :Ð!ß !Ñ œ B e as condições (2). Concluímos então, fazendo > œ !
na primeira igualdade de (2), que a aplicação = È :Ð=ß !Ñ é uma curva inte-
gral de \ , com a condição inicial Ð!ß BÑ, pelo que :Ð=ß !Ñ œ =Ð=ß BÑ, e
deduzimos então, da segunda igualdade de (2), que, para cada =, a aplicação
> È :Ð=ß >Ñ, é uma curva integral de ] com a condição inicial Ð!ß =Ð=ß BÑÑ,
donde :Ð=ß >Ñ œ # Ð>ß =Ð=ß BÑÑ; de modo simétrico :Ð=ß >Ñ œ =Ð=ß #Ð>ß BÑÑ, o
que implica, em particular, a igualdade (1).
98A conclusão de c) pode ser melhorada. Ver a propósito o exercício IV.37, no fim do
capítulo.
§8. Equações diferenciais totais. Teorema de Frobenius 393
isomorfismo que aplica 0 em Ð0Ð/" Ñß 0Ð/# ÑÑ). Esta igualdade exprime o facto
de : ser uma solução da equação diferencial total (independente do tempo)
definida por \ s . O facto de \ e ] serem campos vectoriais, implica que cada
\s B aplica ‘# em XB ÐQ Ñ. Tendo em conta o teorema de Frobenius, a
existência de uma aplicação suave :, verificando :Ð!ß !Ñ œ B e as condições
(2), ficará assegurada desde que, para cada B − Q , seja simétrica a aplicação
bilinear ‘# ‚ ‘# Ä I , que a ÐAß AÑ ˜ associa H\ s B Ð\
s B ÐAÑÑÐAј , condição
que é equivalente à de exigir que as imagens de Ð/" ß /# Ñ e Ð/# ß /" Ñ coincidem;
uma vez que estas imagens são respectivamente H]B Ð\B Ñ e H\B Ð]B Ñ, a
condição equivale ainda à afirmação que Ò\ß ] ÓB œ H]B Ð\B Ñ H\B Ð]B Ñ é
nulo. Do mesmo modo, a existência de uma aplicação suave, :, verificando
:Ð!ß !Ñ œ B e as condições (2) vai implicar, por IV.8.3, a simetria da
aplicação bilinear ÐAß AÑ ˜ È H\ s B Ð\
s B ÐAÑÑÐAÑ
˜ , o que, como vimos atrás,
implica que Ò\ß ] ÓB œ !.
Ò\ß ] Ó verifica Ò\ß ] ÓB! − IB! . De facto, para garantir a condição de integra-
bilidade em B! − Q , basta mostrar que, sempre que Aß A˜ − IB! , existem
secções suaves \ e ] de I , com \B! œ A, ]B! œ A˜ e Ò\ß ] ÓB! − IB! . Em
particular, a condição de integrabilidade, não depende do produto interno de
I e podemos passar a referi-la sem supor fixado um produto interno em I .
Dem: Para cada B − Q , seja 1B À I Ä IB a projecção ortogonal. Sejam \ e
] duas secções suaves de I , que são, em particular, dois campos vectoriais
sobre Q . Tem-se, para cada B − Q , ]B œ 1B Ð]B Ñ, pelo que
H]B Ð\B Ñ œ H1B Ð\B ÑÐ]B Ñ 1B ÐH]B Ð\B ÑÑ œ
œ 2B Ð\B ß ]B Ñ 1B ÐH]B Ð\B ÑÑ.
Analogamente, H\B Ð]B Ñ œ 2B Ð]B ß \B Ñ 1B ÐH\B Ð]B ÑÑ, pelo que, subtrain-
do membro a membro as duas igualdades anteriores, e atendendo a que
Ò\ß ] ÓB œ H]B Ð\B Ñ H\B Ð]B Ñ, ficamos com
(1) Ò\ß ] ÓB œ 2B Ð\B ß ]B Ñ 2B Ð]B ß \B Ñ 1B ÐÒ\ß ] ÓBÑ.
Se I verifica a condição de integrabilidade em B! , a igualdade (1) mostra
que Ò\ß ] ÓB! œ 1B! ÐÒ\ß ] ÓB! Ñ, pelo que Ò\ß ] ÓB! − IB! . Suponhamos que,
sempre Aß A˜ − IB! , existem secções suaves \ß ] de I , com \B! œ A,
]B! œ A˜ e Ò\ß ] ÓB! − IB! . Tem-se assim 1B! ÐÒ\ß ] ÓB! Ñ œ Ò\ß ] ÓB! pelo que
deduzimos de (1) que
˜ AÑ œ 2B! Ð\B! ß ]B! Ñ 2B! Ð]B! ß \B! Ñ œ !,
˜ 2B! ÐAß
2B! ÐAß AÑ
referenciais [ s "ß á ß [s 8 de I
s s definido por [ s 4 œ H00 " ÐCÑ Ð[4 " Ñ, o
ÎY C 0 ÐCÑ
que mostra que I s é efectivamente um fibrado vectorial. Para cada B − Q ,
tem-se Is 0 ÐBÑ œ H0B ÐIB Ñ e portanto H0 " ÐI s 0 ÐBÑ Ñ œ IB , o que mostra que
0 ÐBÑ
I é o fibrado vectorial transportado de I s por meio de 0 " . Suponhamos que
s s
I œ ÐI C ÑC−Qs verifica a condição de integrabilidade em C! − Q s . Sejam
\ œ Ð\B ÑB−Q e ] œ Ð]B ÑB−Q campos vectoriais suaves em Q tais que,
para cada B − Q , \B − IB e ]B − IB . Consideremos os correspondentes
campos vectoriais suaves \ se]s sobre Qs , definidos por
s C œ H00 " ÐCÑ Ð\0 " ÐCÑ Ñ, ]
\ s C œ H00 " ÐCÑ Ð]0 " ÐCÑ Ñ
Tem-se 0B! œ M.I pelo que, uma vez que o conjunto dos isomorfismos é
aberto em PÐIà IÑ, vai existir um aberto Z w de Q , que supomos já ser
conexo, com B! − Z w , tal que, para cada B − Z w , 0B seja um isomorfismo de
I sobre I .
Uma vez que a restrição de 0B a IB vai coincidir trivialmente com a restrição
de 1B! a IB , concluímos, em particular, que, para cada B − Z w , a restrição de
1B! a IB é um isomorfismo de IB sobre IB! (reparar que se trata de espaços
vectoriais com a mesma dimensão por Z w ser conexo).
2) Seja agora \À Z w Ä PÐIB! à IÑ a aplicação suave definida pela condição
de \B À IB! Ä I ser a restrição a IB! do isomorfismo 0B" À I Ä I . Por
outras palavras, \B vai ser o isomorfismo de IB! sobre IB , inverso da
restrição de 1B! a IB . Vamos verificar que \ verifica as hipóteses do
teorema de Frobenius (cf. IV.8.5), onde o “espaço vectorial temporal” é IB!
e a equação é “independente do tempo”.
Subdem: Em primeiro lugar, para cada B − Z w , \B aplica IB! em
IB § XB ÐQ Ñ. Dados B − Z w e Aß A˜ − IB! , consideremos a identidade
A œ 0C Ð\C ÐAÑÑ, válida para cada C − Z w , e derivemo-la em B na direcção de
um vector ? − XB ÐQ Ñ. Obtemos então
! œ H0B Ð?ÑÐ\B ÐAÑÑ 0B ÐH\B Ð?ÑÐAÑÑ œ
œ ÐM.I 1B! ÑÐH1B Ð?ÑÐ\B ÐAÑÑ 0B ÐH\B Ð?ÑÐAÑÑ œ
œ ÐM.I 1B! ÑÐ2B Ð?ß \B ÐAÑÑÑ 0B ÐH\B Ð?ÑÐAÑÑ,
EXERCÍCIOS
s e se = − ‘, então Ð=ß =
a) Se Ð>ß BÑ − H s se, e só se, Ð= >ß BÑ − H
sÐ>ß BÑÑ − H s
e, nesse caso,
=
sÐ=ß =
sÐ>ß BÑÑ œ =
sÐ= >ß BÑ.
b) Mostrar que, para cada >, existe um G : -difeomorfismo :> À Y> Ä Y> ,
definido por :> ÐBÑ œ =
sÐ>ß BÑ, difeomorfismo cujo inverso é :> .
Ex IV.17 Seja I um espaço vectorial de dimensão finita, munido de um produto
interno.
a) Mostrar que, dados < !, B! − I e Bß C − F< ÐB! Ñ (bola aberta de centro
B! e raio <), existe um difeomorfismo 0 À I Ä I , tal que 0 ÐBÑ œ C e que,
para cada D  F< ÐB! Ñ, 0 ÐDÑ œ D .
Sugestão: Considerar um difeomorfismo do tipo referido no exercício ante-
rior.
b) Sejam Y um aberto conexo de I e Bß C − Y . Mostrar que existe um
compacto O § Y e um difeomorfismo 0 À Y Ä Y , tal que 0 ÐBÑ œ C e que,
para cada D  O , 0 ÐDÑ œ D .
c) Sejam J um espaço vectorial de dimensão finita e Q § J uma variedade
conexa sem bordo. Mostrar que, dados Bß C − Q , existe um compacto
O § Q e um difeomorfismo 0 À Q Ä Q tal que 0 ÐBÑ œ C e que, para cada
D  O , 0 ÐDÑ œ D . Sugestão: Utilizar a conclusão de b).
Ex IV.18 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita e Y § I um aberto.
Sejam + , , finitos ou infinitos, e 0 À Ó+ß ,Ò Ä Y uma aplicação suave,
injectiva, com 0 w Ð>Ñ Á ! para cada >, e tal que, para cada compacto O § Y ,
existam + +w , w , tais que 0 Ð>Ñ Â O , sempre que > +w ou > , w (isto
é, 0 Ð>Ñ convirja para o ponto do infinito de Y , quando > converge para qual-
quer das extremidades do domínio). Mostrar que existe então uma aplicação
suave \À Y Ä I , tal que 0 seja uma curva integral máxima de \ , para uma
certa condição inicial. Sugestão: Mostrar que 0 ÐÓ+ß ,ÒÑ é fechado em Y e que
0 é um difeomorfismo de Ó+ß ,Ò sobre 0 ÐÓ+ß ,ÒÑ.
Ex IV.19 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita, Y § I um aberto e
\À Y Ä I uma aplicação de classe G " (ou G # , se quisermos simplificar).
Seja = s Ä Y o fluxo de \ , que está definido num aberto H
sÀ H s de ‘ ‚ I .
Mostrar que, para cada A − I , a derivada parcial H# =sÐ>ßBÑ ÐAÑ verifica a
seguinte equação diferencial linear (chamada equação às variações), com a
condição inicial H# =
sÐ!ßBÑ ÐAÑ œ A:
`
H# = sÐ>ßBÑ ÐAÑÑ.
sÐ>ßBÑ ÐAÑ œ H\=sÐ>ßBÑ ÐH# =
`>
dependente do tempo, definida por \ , que sabemos ser uma aplicação suave,
definida num aberto H de J ‚ N ‚ N ‚ I . Mostrar que, para cada =ß > − ‘,
sendo HÐ=ß>Ñ o conjunto aberto de J ‚ I , formado pelos ÐCß BÑ tais que
ÐCß =ß >ß BÑ − H, é holomorfa a aplicação =Ð=ß>Ñ À HÐ=ß>Ñ Ä I , definida por
=Ð=ß>Ñ ÐCß BÑ œ =ÐCß =ß >ß BÑ. Sugestão: Sendo N w o intervalo de extremidades =
e >, verificar que a aplicação de N w em PÐJ ‚ Ià IÑ, que a ? associa
H=Ð?ß>Ñ ÐCß BÑ, é solução de uma certa equação diferencial linear.
Ex IV.26 (O fluxo e a derivada de Lie) Sejam Q § I uma variedade sem
bordo e \ œ Ð\B ÑB−Q um campo vectorial suave.
a) Sendo = s Ä Q o fluxo de \ , mostrar que, para cada = − ‘, o conjunto
sÀ H
Y= , dos B − Q tais que Ð=ß BÑ − H s, é um aberto de Q e tem lugar um
difeomorfismo := À Y= Ä Y= , definido por := ÐBÑ œ = sÐ=ß BÑ, difeomorfismo
cujo inverso é := .
Nota: Trata-se essencialmente duma repetição do que se fez no exercício
IV.16.
b) Seja - œ Ð-B ÑB−Q À X ÐQ Ñ Ä X ÐQ Ñ um morfismo linear suave tal que a
derivada de Lie _\ Ð-Ñ seja ! (cf. o exercício III.74). Mostrar que, para cada
= − ‘, o difeomorfismo := À Y= Ä Y= verifica a condição
HÐ:= ÑB Ð-B Ð?ÑÑ œ -:= ÐBÑ ÐHÐ:= ÑB Ð?ÑÑ,
para cada B − Y= e ? − XB ÐQ Ñ.
`
Sugestão: Lembrar que = sÐ!ß BÑ œ B e que `= =
sÐ=ß BÑ œ \=sÐ=ßBÑ . A condição
pretendida pode ser escrita na forma
H=
sÐ=ßBÑ Ð!ß -B Ð?ÑÑ œ -=sÐ=ßBÑ ÐH=
sÐ=ßBÑ Ð!ß ?ÑÑÞ
para cada B − Y= e ?ß @ − XB ÐQ Ñ.
Sugestão: A igualdade anterior pode ser escrita na forma
406 Cap. IV. Equações Diferenciais Ordinárias em Variedades
99Nesta alínea não intervêm equações diferenciais, mas enunciamo-la para sublinhar o
paralelismo com as alíneas b) e d).
Exercícios 407
Mostrar que, para cada B − I existe uma, e uma só, aplicação de classe G "
0 À N Ä I tal que 0 Ð>Ñ œ B e que, para cada = − N e A − K ,
H0= ÐAÑ œ 1Ð>= ÐAÑß 0 Ð=ÑÑ #= ÐAÑ
(a esta última igualdade pode-se dar o nome de equação diferencial total
linear). Sugestão: Aplicar o teorema de Frobenius IV.8.5, tendo em conta a
caracterização explícita que se dá aí do domínio da solução máxima.
Ex IV.36 Sejam Q § I uma variedade sem bordo, \À Q Ä I um campo vec-
torial suave e = s Ä Q o respectivo fluxo. Sejam, para cada = − ‘, Y= o
sÀ H
aberto de Q constituído pelos B − Q tais que Ð=ß BÑ − Hs e := À Y= Ä Y= o
difeomorfismo definido por := ÐBÑ œ =s Ð=ß BÑ , cujo inverso é := (cf. o
exercício IV.26).
a) Mostrar que, se ] À Q Ä I é um campo vectorial suave, então, para cada
B − Q,
H:= Ð:= ÐBÑÑÐ]:= ÐBÑ Ñ ]B
Ò\ß ] ÓB œ lim ,
=Ä! =
o que apresenta o parêntesis de Lie Ò\ß ] ÓB como uma espécie de derivada
do campo vectorial ] (por este motivo, a Ò\ß ] ÓB também se costuma dar o
nome de derivada de Lie do campo vectorial ] na direcção de \ ).
Reencontrar a partir daqui a conclusão da alínea c) do exercício IV.28.
Sugestão: Uma vez que \ e ] admitem prolongamentos suaves a um aberto
de I contendo Q , pode-se já supor que Q é um aberto de I . A existência e
o valor do limite considerado são equivalentes a afirmar que se tem
1w Ð!Ñ œ Ò\ß ] ÓB , onde
sÐ=ß=sÐ=ßBÑÑ Ð!ß ]=sÐ=ßBÑ Ñ.
1Ð=Ñ œ H:= Ð:= ÐBÑÑÐ]:= ÐBÑ Ñ œ H=
b) Sob as hipóteses da alínea a), mostrar que se tem, mais geralmente, para
s,
cada > − ‘ tal que Ð>ß BÑ − H
H:=> Ð:=> ÐBÑÑÐ]:=> ÐBÑ Ñ H:> Ð:> ÐBÑÑÐ]:> ÐBÑ Ñ
lim œ
=Ä! =
œ H:> Ð:> ÐBÑÑÐÒ\ß ] Ó:> ÐBÑ Ñ.
Tem-se
^>w œ [>w 1>w Ð[> Ñ 1> Ð[>w Ñ œ 1> Ð[>w Ñ − I>
pelo que, uma vez que f^> Ð"Ñ é a projecção ortogonal de ^>w sobre a fibra
I>¼ , concluímos que f^> Ð"Ñ œ ! e portanto que ^ é uma secção paralela do
fibrado vectorial I ¼ . Uma vez que ^+ œ A 1+ ÐAÑ œ !, a parte de unici-
dade já demonstrada implica que a secção ^ é identicamente nula, portanto,
para cada > − N , [> œ 1> Ð[> Ñ − I> .
Vamos olhar para \ como definindo uma equação diferencial total, em que
K é o espaço da variável temporal e I é a variedade. Trata-se portanto de
uma equação diferencial total independente do tempo. Tendo em conta a
propriedade da segunda forma fundamental enunciada na alínea c) de
III.3.19, sabemos que, para cada ÐBß DÑ − I e cada ? − K , tem-se
\ÐBßDÑ Ð?Ñ − XÐBßDÑ ÐIÑ, o que mostra que a condição a) do teorema de Frobe-
nius em IV.8.5 está verificada. Quanto à condição b) desse teorema, vemos
que
H\ÐBßDÑ Ð\ÐBßDÑ Ð@ÑÑÐ?Ñ œ Ð!ß H# 1B Ð@ß ?ÑÐDÑ H 1B Ð?ÑÐ2BÐ@ß DÑÑÑ,
H0B œ \0 ÐBÑ . Resulta então de IV.8.7, ou, directamente, por indução a partir
da equação diferencial total, que 0 é uma aplicação suave. Consideremos
agora as aplicações suaves 1À Z Ä K e [ À Z Ä I , definidas por
0 ÐBÑ œ Ð1ÐBÑß [ ÐBÑÑ. Tem-se 1ÐB! Ñ œ B! e H1B Ð?Ñ œ ?, portanto, por Z
ser conexo, 1ÐBÑ œ B, para cada B − Z , o que implica, em particular, que
Z § Y e que [ é uma secção de I ÎZ . Vemos agora que [B! œ A e que
H[B Ð?Ñ œ 2B Ð?ß AÑ, o que, tendo em conta a caracterização da derivada
covariante em III.3.14, mostra que [ é uma secção paralela de I ÎZ .100 Para
terminar a demonstração basta mostrar que se pode tomar Z œ Y . Repare-
mos que o teorema de Frobenius diz-nos que se pode tomar para Z o
conjunto dos B − K tais que exista uma aplicação :À Ò!ß "Ó Ä I com :Ð!Ñ œ
ÐB! ß AÑ e :w Ð=Ñ œ \:Ð=Ñ ÐB B! Ñ. Seja então B − Y arbitrário. Sendo
!À Ò!ß "Ó Ä Y a aplicação suave definida por !Ð=Ñ œ Ð" =ÑB! =B, con-
cluímos a partir de V.1.1 a existência de uma secção suave [ s de !‡ I , que
s ! œ A. De
seja paralela e verifique [
concluímos que
s w= œ H1!Ð=Ñ ÐB B! ÑÐ[
[ s =Ñ
pelo que, sendo :À Ò!ß "Ó Ä I a aplicação suave definida por :Ð=Ñ œ
s = Ñ, sai :Ð!Ñ œ ÐB! ß AÑ e
Ð!Ð=Ñß [
s = ÑÑ œ \:Ð=Ñ ÐB B! Ñ,
:w Ð=Ñ œ ÐB B! ß H1!Ð=Ñ ÐB B! ÑÐ[
100Se apenas pretendêssemos a existência de uma secção paralela local, o que seria
suficiente para o resultado a seguir, a demonstração poderia terminar aqui.
418 Cap. V. Aplicações Geométricas das Equações Diferenciais
camente nulo pelo que podemos aplicar o lema anterior para garantir a
existência de uma secção paralela [ s de :‡ I , verificando [
s ! œ A. Tendo
em conta III.3.5, vemos agora que a secção [ de I ÎZ , imagem recíproca de
[s por :" À Z Ä Y , é paralela e toma em B! o valor A.
ou ainda, que
H\B Ð\B Ð/3 ÑÑÐ/4 Ñ œ H\B Ð\B Ð/4 ÑÑÐ/3 Ñ,
uma aplicação suave, que pode ser olhada como descrevendo um movimento
na variedade Q . Para cada > − N podemos então considerar o vector
velocidade de 0 no instante101 >,
0 w Ð>Ñ œ H0> Ð"Ñ − X0 Ð>Ñ ÐQ Ñ,
pelo que ficamos com uma secção suave 0 w œ Ð0 w Ð>ÑÑ>−N do fibrado vectorial
0 ‡ X ÐQ Ñ, de base N . Para cada > − N , define-se a aceleração intrínseca de 0
no instante > como sendo o vector
$0 w
Ð Ñ> œ f0>w Ð"Ñ − X0 Ð>Ñ ÐQ Ñ.102
$>
Tendo em conta as caracterizações conhecidas da derivada covariante, pode-
mos assim escrever
$0 w
(A) Ð Ñ> œ 10 Ð>Ñ Ð0 ww Ð>ÑÑ,
$>
101O termo instante é aplicado para apoiar a interpretação cinemática do que estamos a
discutir.
102A aceleração usual é o vector 0 ww Ð>Ñ − I , que, em geral, não pertence a X
0 Ð>Ñ ÐQ Ñ, pelo
que não apresenta grande interesse do ponto de vista da geometria de Q .
§3. Geodésicas e aplicação exponencial 421
o que mostra que 0 ww Ð>Ñ é ortogonal a X0 Ð>Ñ ÐWÑ. Podemos concluir assim que a
aplicação 0 é uma geodésica da variedade W . Repare-se que esta geodésica
verifica as condições 0 Ð!Ñ œ B e 0 w Ð!Ñ œ A. No caso particular em que I
tem dimensão $, e portanto W é a superfície esférica usual, é fácil constatar
que a geodésica 0 precorre um círculo máximo de W (a intersecção de W com
um plano passando pelo centro).
V.3.6 Sejam K um espaço euclidiano e Q § K uma variedade sem bordo.
Vimos em III.1.27 que o espaço total do fibrado vectorial tangente
X ÐQ Ñ § Q ‚ K é também uma variedade sem bordo e, tendo em conta a
alínea c) de III.3.19, vai ter lugar um campo vectorial \ sobre esta
variedade, definido por
\ÐBßAÑ œ ÐAß 2B ÐAß AÑÑ,
e 0 vai ser uma geodésica se, e só se, s0 for uma curva integral do campo
vectorial geodésico. Além disso, toda a curva integral do campo vectorial
geodésico, definida num intervalo não trivial, vai ser o levantamento
canónico de uma geodésica de Q .
Dem: Sendo 0 À N Ä Q uma aplicação suave, sabemos que, para cada > − N ,
0 w Ð>Ñ œ H0> Ð"Ñ − X0 Ð>Ñ ÐQ Ñ, pelo que
s0 Ð>Ñ œ Ð0 Ð>Ñß 0 w Ð>ÑÑ − X ÐQ Ñ,
w
verifica 0˜ Ð+Ñ œ 0 Ð!Ñ œ B e 0˜ Ð+Ñ œ =+"
0 w Ð!Ñ œ A, pelo que podemos
concluir que Ð=ß +ß ÐBß AÑÑ − H, o que termina a demonstração.
V.3.12 Sejam K um espaço euclidiano e Q § K uma variedade sem bordo e
notemos =À H Ä Q a respectiva solução geral geodésica. Tem então lugar
um subconjunto aberto W de X ÐQ Ñ, constituído pelos ÐBß AÑ tais que
Ð"ß !ß ÐBß AÑÑ − H e uma aplicação suave expÀ W Ä Q , definida por
expÐBß AÑ œ =Ð"ß !ß ÐBß AÑÑ,
a que se dá o nome de aplicação exponencial da variedade Q .
Em consequência, para cada B − Q , tem lugar um aberto WB de XB ÐQ Ñ,
constituído pelos A tais que ÐBß AÑ − W, e uma aplicação suave
expB À WB Ä Q , definida por expB ÐAÑ œ expÐBß AÑ, a que se dá o nome de
aplicação exponencial da variedade Q no ponto B.
V.3.13 (Reformulação de V.3.11) Nas condições anteriores, tem-se:
a) Para cada B − Q , ÐBß !Ñ − W e expÐBß !Ñ œ B;
b) Se ÐBß AÑ − X ÐQ Ñ e se +ß = − ‘, tem-se Ð=ß +ß ÐBß AÑÑ − H se, e só se,
ÐBß Ð= +ÑAÑ − W e, nesse caso,
=Ð=ß +ß ÐBß AÑÑ œ expÐBß Ð= +ÑAÑ.
EXERCÍCIOS
> Ÿ &, e 0 Ð>Ñ œ C , para cada > " &.104 Dados 0 ß 1 − GÐBß CÑ, vamos
dizer que 0 e 1 são equivalentes, e escrever 0 µ 1, se existir uma aplicação
suave LÀ Ò!ß "Ó ‚ ‘ Ä Q tal que LÐ!ß >Ñ œ 0 Ð>Ñ, LÐ"ß >Ñ œ 1Ð>Ñ e exista
& ! com LÐ=ß >Ñ œ B, sempre que > Ÿ &, e LÐ=ß >Ñ œ C , sempre que
> " &.105
a) Mostrar que, se 0 ß 1 − GÐBß CÑ são equivalentes, então existe uma aplica-
ção suave LÀ ‘ ‚ ‘ Ä \ e & ! tais que:
1) LÐ=ß >Ñ œ 0 Ð>Ñ, sempre que = Ÿ &;
2) LÐ=ß >Ñ œ 1Ð>Ñ, sempre que = " &;
3) LÐ=ß >Ñ œ B, sempre que > Ÿ &;
4) LÐ=ß >Ñ œ C , sempre que > " &.
Sugestão: Mostrar que o teorema da partição da unidade garante a existência
de uma aplicação suave !À ‘ Ä Ò!ß "Ó, tal que !Ð=Ñ œ !, sempre que = Ÿ "$ , e
que !Ð=Ñ œ ", sempre que = #$ .
b) Mostrar que a relação µ em GÐBß CÑ é uma relação de equivalência.
Sugestão: Rever o que se fez na demonstração de II.6.23.
Notaremos VÐBß CÑ o conjunto das classes de equivalência de elementos de
GÐBß CÑ, para a relação µ , e Ò0 Ó a classe de equivalência do elemento
0 − GÐBß CÑ.
c) Mostrar que a variedade Q é conexa se, e só se, quaisquer que sejam
Bß C − Q , VÐBß CÑ (ou GÐBß CÑ) é não vazio. Sugestão: Ter em conta II.6.23.
d) Dados Bß Cß D − Q , mostrar que se pode definir uma aplicação de
GÐBß CÑ ‚ GÐCß DÑ em GÐBß DÑ, que a cada par Ð0 ß 1Ñ associa a aplicação
0 ‡ 1À ‘ Ä Q , definida por
0 ‡ 1Ð>Ñ œ
"
0 Ð#>Ñ se > Ÿ #
" .
1Ð#> "Ñ se > #
Mostrar que esta aplicação passa ao quociente, isto é, que fica bem definida
uma aplicação de VÐBß CÑ ‚ VÐCß DÑ em VÐBß DÑ, que a cada par ÐÒ0 Óß Ò1ÓÑ
associa Ò0 Ó ‡ Ò1Ó œ Ò0 ‡ 1Ó.
e) (Existência de elementos neutros) Para cada B − Q , notemos B s a
aplicação de ‘ em Q , com valor constante B, que é evidentemente um
elemento de GÐBß BÑ, assim como a respectiva classe de equivalência em
VÐBß BÑ. Mostrar que, se 0 − GÐBß CÑ, então B
s ‡ 0 e 0 ‡ sC são equivalentes a
0 , por outras palavras,
104Os elementos de GÐBß CÑ podem ser olhados como definindo movimentos ou viagens
de B para C. Poderia parecer mais natural considerar como elementos de GÐBß CÑ as
aplicações suaves de Ò!ß "Ó em \ , que aplicam ! em B e " em C , mas isso levantaria
dificuldades técnicas quando tentássemos combinar movimentos de B para C com
movimentos de C para D .
105Reparar que dar a aplicação L equivale a dar, para cada = − Ò!ß "Ó, um elemento
0= − GÐBß CÑ; as duas primeiras condições dizem que 0! œ 0 e 0" œ 1, e a última que se
pode escolher um mesmo & para todos os 0= .
432 Cap. V. Aplicações Geométricas das Equações Diferenciais
s ‡ Ò0 Ó œ Ò0 Ó,
B
Ò0 Ó ‡ sC œ Ò0 Ó.
s Ò!ß "Ó ‚ ‘ Ä Q definidas por
Sugestão: Considerar as aplicações Lß LÀ
LÐ=ß >Ñ œ œ
=
B se > Ÿ #
ß
0 Ð #>=
#= Ñ se > =
#
#> #=
0 Ð #= Ñ se > Ÿ
s >Ñ œ
LÐ=ß #
ß
#=
C se > #
Figura 13
f) (Associatividade) Sendo 0 − GÐBß CÑ, 1 − GÐCß DÑ e 2 − GÐDß AÑ, mostrar
que Ð0 ‡ 1Ñ ‡ 2 e 0 ‡ Ð1 ‡ 2Ñ são equivalentes em GÐBß AÑ, isto é,
ÐÒ0 Ó ‡ Ò1ÓÑ ‡ Ò2Ó œ Ò0 Ó ‡ ÐÒ1Ó ‡ Ò2ÓÑ
(como é habitual, pode-se notar simplesmente Ò0 Ó ‡ Ò1Ó ‡ Ò2Ó este elemento).
Figura 14
Sugestão: Considerar (cf. a figura 14) a aplicação LÀ Ò!ß "Ó ‚ ‘ Ä Q
definida por
Exercícios 433
Ú
Ý 0 Ð #=
%>
Ñ se > Ÿ #=
LÐ=ß >Ñ œ Û 1Ð%> # =Ñ
%
Ý %>$=
se #= > $=
ß
Ü 2Ð "= Ñ
% %
se > $=
%
g) Para cada 0 − GÐBß CÑ, mostrar que tem lugar um elemento 0˜ − GÐCß BÑ
definido por 0˜ Ð>Ñ œ 0 Ð" >Ñ. Mostrar que 0 ‡ 0˜ é um elemento de GÐBß BÑ
equivalente a Bs e que 0˜ ‡ 0 é um elemento de GÐCß CÑ equivalente a sC , por
outras palavras, que se tem
Ò0 Ó ‡ Ò0˜ Ó œ B
s,
˜
Ò0 Ó ‡ Ò0 Ó œ sC .
Figura 15
1) Se > Ÿ "# & , então " Ð>Ñ œ #> e, se > Ÿ "# , então " Ð>Ñ #>;
2) Se > "# & , então " Ð>Ñ œ # #> e, se > "# , então " Ð>Ñ # #>.
(Subsugestão: Começar por construir a aplicação " " ). Reparar que a
aplicação que a > associa 0 Ð" Ð>ÑÑ não é mais do que a aplicação 0 ‡ 0˜ e
considerar a aplicação suave LÀ Ò!ß "Ó ‚ ‘ Ä \ definida por LÐ=ß >Ñ œ
0 Ð=" Ð>ÑÑ.
h) À família dos conjuntos VÐBß CÑ, com Bß C − \ , juntamente com a família
de aplicações VÐBß CÑ ‚ VÐCß DÑ Ä VÐBß DÑ, dá-se o nome de grupóide
fundamental (suave)106 da variedade sem bordo Q . Mostrar que, para cada
" Ð>Ñ œ
"
Ð!ß !Ð#>ÑÑ se > Ÿ #
" ß
Ð!Ð#> "Ñß "Ñ se > #
# Ð>Ñ œ
"
Ð!Ð#>Ñß !Ñ se > Ÿ #
" ß
Ð"ß !Ð#> "ÑÑ se > #
pelo que basta ver que é nula a sua derivada, como função de >. Essa
derivada é soma de duas parcelas, uma das quais é nula, por > È :Ð>ß AÑ ser
uma geodésica e para ver que a outra é nula basta derivar, como função de A,
ambos os membros da igualdade obtida em a).
Nota: Notando, para cada ! + <, W+ a hipersuperfície esférica de
s+ § Q , W
XB ÐQ Ñ, com centro ! e raio +, e W s + œ expB ÐW+ Ñ, que é portanto
uma variedade compacta, sem bordo, de dimensão 8 ", a conclusão de b)
garante que a geodésica, que a > associa :Ð>ß AÑ, é ortogonal às variedades
s +.
W
Ex V.26 Coloquemo-nos nas hipóteses e com as notações utilizadas no exercício
precedente. Para cada aplicação suave 0 À Ò!ß " Ó Ä Q , consideremos o seu
comprimento compÐ0 Ñ, definido por
compÐ0 Ñ œ (
"
m0 w Ð>Ñm .>.
!
s
de 1 está contida em F < Ï ÖB×. Escrever então
1Ð>Ñ œ :Ð3Ð>Ñß [ Ð>ÑÑ,
com 3À Ò!ß " Ó Ä Ó!ß <Ò e [ À Ò!ß " Ó Ä W aplicações suaves e, utilizando o
exercício precedente (lema de Gauss), mostrar que [ w Ð>Ñ œ ! e 3w Ð>Ñ !.
b) Seja ! , <. Mostrar que, para cada A − W , a aplicação 0 À Ò!ß ,Ó Ä Q ,
definida por 0 Ð>Ñ œ :Ð>ß AÑ œ expB Ð>AÑ, é uma geodésica verificando
0 Ð!Ñ œ B, 0 Ð,Ñ − W s , e compÐ0 Ñ œ , e que, se 1À Ò!ß " Ó Ä Q é uma
aplicação suave, com 1Ð!Ñ œ B e 1Ð" Ñ − W s , , então compÐ1Ñ , , tendo-se
compÐ1Ñ œ , se, e só se, existe A − W e uma aplicação suave
3À Ò!ß " Ó Ä Ò!ß ,Ó, crescente (no sentido lato) e verificando 3Ð!Ñ œ !,
3 Ð" Ñ œ , e
1Ð>Ñ œ :Ð3Ð>Ñß AÑ œ expB Ð3Ð>ÑAÑ.
Sugestão: Considerar o máximo !w dos > − Ò!ß " Ó tais que 1Ð>Ñ œ B e aplicar
a conclusão da alínea precedente à restrição de 1 a cada intervalo Ò>ß " Ó, com
!w > " , passando ao limite para > Ä !w .
Exercícios 441
c) Mostrar que, se 1À Ò!ß " Ó Ä Q é uma aplicação suave tal que 1Ð!Ñ œ B e
s < , então compÐ1Ñ <.
1Ð" Ñ Â F
Ex V.27 Sejam K um espaço euclidiano e Q § K uma variedade sem bordo, e
seja 1À Ò!ß " Ó Ä Q uma geodésica. Mostrar que existe então & ! tal que,
qualquer que seja Ò# ß $ Ó § Ò!ß " Ó, com $ # Ÿ &, o comprimento da restrição
de 1 a Ò# ß $ Ó é menor ou igual ao de qualquer outra aplicação suave
2À Ò-ß .Ó Ä Q , verificando 2Ð-Ñ œ 1Ð# Ñ e 2Ð.Ñ œ 1Ð$ Ñ (a restrição de 1 a
Ò# ß $ Ó é uma geodésica minimizante). Sugestão: Aplicar o exercício prece-
dente e a alínea b) do exercício V.23.
CAPÍTULO VI
Estruturas Diferenciáveis
e Variedades Abstractas
108Se quisermos ser mais precisos, a carta não é simplesmente a bijecção :, mas sim o
par formado por esta e pelo espaço vectorial I que se considera como ambiente de F (um
mesmo conjunto F pode estar contido num espaço vectorial I e nalgum dos seus
subespaços vectoriais).
444 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
Dem: É claro que, fixado um produto interno em I , ficamos com uma carta
:À †ÐIÑ Ä KÐIÑ que define uma estrutura diferenciável em †ÐIÑ. O que
temos que verificar é que esta não depende do produto interno que se
considera em I . Para isso, consideramos um segundo produto interno, para o
qual notamos 1 sJ as projecções ortogonais, KÐIÑs § PÐIà IÑ o conjunto
destas últimas e : s
sÀ †ÐIÑ Ä KÐIÑ a carta que a J associa 1 sJ e ficamos
reduzidos a mostrar que as duas cartas : / : s são compatíveis, isto é, que a
bijecção : s
s ‰ :" À KÐIÑ Ä KÐIÑ , que a 1J associa 1
sJ , é um difeomorfismo
e isso já foi verificado em III.1.22. As propriedades relativas à topologia
associada de †ÐIÑ resultam de :À †ÐIÑ Ä KÐIÑ ser um homeomorfismo
que aplica †5 ÐIÑ sobre K5 ÐIÑ, uma vez que, como foi provado em II.5.13,
KÐIÑ § PÐIà IÑ é compacto, e evidentemente separado, e os seus
subconjuntos K5 ÐIÑ são simultaneamente abertos e fechados em KÐIÑ.
VI.1.10 Sejam E um espaço topológico e E s § E um subconjunto, sobre o qual
se considera, naturalmente, a topologia induzida. Tem-se então:
a) Se :À E Ä F § I é uma carta de E, então a restrição
s Ä :ÐEÑ
:ÎEs À E s §I
110O autor sente-se um pouco envergonhado ao enunciar uma propriedade tão trivial mas
pensa, apesar de tudo, que isso possa ter algum interesse formativo.
448 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
onde : s‰:
s é G: e <
s ‰ 0 ‰ :" À F Ä F s" À F s e : ‰ <" À G Ä F são
sÄG
difeomorfismos.
s é uma aplicação constante, 0 é trivialmente
VI.1.15 Por exemplo, se 0 À E Ä E
suave.
VI.1.16 a) Sejam E é um espaço topológico, munido de uma estrutura diferen-
ciável, e Es § E um subconjunto, sobre o qual se considera a estrutura
diferenciável induzida. A inclusão +À Es Ä E é então uma aplicação suave.
Em particular, a aplicação identidade M.E À E Ä E é uma aplicação suave.
b) Sejam E, E s e E˜ espaços topológicos, munidos de estruturas
s e 1À E
diferenciáveis, e 0 À E Ä E s Ä E˜ duas aplicações de classe G : . Então
que a aplicação composta 1 ‰ 0 À E Ä E˜ é também de classe G : .
Dem: Para a alínea a) basta escolher uma carta :À E Ä F § I da estrutura
diferenciável de E e utilizar esta carta para o espaço de chegada e a carta
s Ä :ÐEÑ
:ÎEs À E s § I para o domínio, notando que
s ÄF
: ‰ M.E ‰ Ð:ÎEs Ñ" À :ÐEÑ
111Dentro do espírito do que foi dito em I.5.13, este facto pode ser enunciado intuitiva-
mente dizendo que o produto de aplicações G : é G : . É claro que um caso particular
importante é aquele em que temos, como aplicação bilinear, a multiplicação dos
escalares, ‘ ‚ J Ä J ou ‚ ‚ J Ä J , caso em que a expressão “produto de aplicações
G : ” se aplica num sentido mais estrito.
§1. Estruturas diferenciáveis e aplicações suaves 453
que não é mais do que M.E" ‚ â ‚ M.E8 , é simultaneamente uma carta local
de ambas as estruturas diferenciáveis de E" ‚ â ‚ E8 . Quanto à alínea b),
s" ‚ â ‚ E
basta verificarmos que a estrutura diferenciável induzida em E s8
pela estrutura diferenciável produto de E" ‚ â ‚ E8 verifica a condição
que define a estrutura produto de Es" ‚ â ‚ E s8 e isso é uma consequência
§1. Estruturas diferenciáveis e aplicações suaves 455
s4 .
são as aplicações de classe G : 04 ‰ 14 À E" ‚ â ‚ E8 Ä E
VI.1.32 (Prolongamento de funções suaves) Sejam E um espaço topológico,
munido de uma estrutura diferenciável, Ew § E um subconjunto, K um
espaço vectorial de dimensão finita e 0 À Ew Ä K uma aplicação de classe G : .
Existe então um aberto Y de E, com Ew § Y e uma aplicação de classe G :
0 À Y Ä K cuja restrição a Ew seja 0 .
Dem: Seja :À E Ä F § J uma carta da estrutura diferenciável de E.
Aplicando II.3.10 à aplicação G : 0 ‰ Ð:" ÑÎ:ÐEw Ñ À :ÐEw Ñ Ä K , podemos
considerar um aberto Z de J , contendo :ÐEw Ñ, e um prolongamento G :
1À Z Ä K de 0 ‰ Ð:" ÑÎ:ÐEw Ñ . Tem-se então que Z F é um aberto de F
contendo :ÐEw Ñ, pelo que Y œ :" ÐZ FÑ é um aberto de E contendo Ew , e
podemos então considerar o prolongamento G : 0 À Y Ä K de 0 definido por
0 ÐBÑ œ 1Ð:ÐBÑÑ.
VI.1.33 (Teorema da partição da unidade) Sejam E um espaço topológico,
munido de uma estrutura diferenciável, e ÐE4 Ñ4−N uma família de abertos de
E de união E. Existe então uma família localmente finita de funções suaves
4−N
Como na secção II.3, dizemos que a família das aplicações 14 é uma partição
da unidade de E subordinada à cobertura aberta de E constituída pelos
conjuntos E4 .
Dem: O resultado deduz-se trivialmente da versão demonstrada em II.3.11,
através da consideração de uma carta :À E Ä F § J da estrutura diferenciá-
vel de E.
VI.1.34 (Prolongamento global de funções suaves) Sejam E um espaço
topológico, munido de uma estrutura diferenciável, Ew § E um subconjunto
fechado, K um espaço vectorial de dimensão finita e 0 À Ew Ä K uma
456 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
8 "
da unidade, relativo à cobertura aberta de E constituída pelos abertos
intÐO8 Ñ, podemos agora considerar uma família localmente finita de funções
e que, para cada B − E, ! 18 ÐBÑ œ ". Uma vez que a família das funções
suaves 18 À E Ä Ò!ß "Ó, onde 8 ", tal que 18 ÐBÑ œ !, para cada B  intÐO8 Ñ,
8 "
818 À E Ä Ò!ß _Ò é trivialmente também localmente finita, pode-se definir
uma função suave )À E Ä Ò!ß _Ò por
8œ"
)ÐBÑ œ " 818 ÐBÑ " Ð5 "Ñ18 ÐBÑ œ Ð5 "Ñ" 18ÐBÑ œ 5 " < ,
_ _ _
serem números bem definidos no quadro das variedades que são subcon-
juntos de espaços vectoriais de dimensão finita.
VI.2.6 Sejam Q um espaço topológico, munido de uma estrutura diferenciável,
B! − Q e E § Q uma vizinhança de B! . Tem-se então que ÐQ ß B! Ñ e
ÐEß B! Ñ são localmente difeomorfos (a identidade de intÐEÑ é um difeomor-
fismo local), em particular ÐQ ß B! Ñ é uma variedade de dimensão 8 e índice
: se, e só se, isso acontecer a ÐEß B! Ñ.
VI.2.7 Seja Q um espaço topológico, munido de uma estrutura diferenciável.
Diz-se que Q é uma variedade (ou uma variedade abstracta112) se, para
cada B − Q , o par ÐQ ß BÑ é uma variedade de dimensão 8 e índice : (a
dimensão e o índice podendo variar de ponto para ponto).
No caso em que a dimensão 8 é a mesma em todos os pontos, diz-se que Q é
uma variedade de dimensão 8 e no caso em que o índice é ! em todos os
pontos, diz-se que Q é uma variedade sem bordo.
VI.2.8 Seja Q um espaço topológico discreto. Tem-se então que Q admite uma
estrutura diferenciável se, e só se, Q é finito ou numerável e, nesse caso,
uma tal estrutura é única e torna Q uma variedade de dimensão !.
Dem: Suponhamos que Q admite uma estrutura diferenciável, definida por
uma carta :À Q Ä F § I. Uma vez que : é um homeomorfismo, segue-se
que F tem a topologia discreta, sendo assim uma variedade de dimensão !,
em particular um conjunto finito ou numerável (cf, a alínea c) de II.7.8).
Concluímos assim que Q é também finito ou numerável e uma variedade de
dimensão !. Para provar a unicidade supomos que Q tem outra estrutura
diferenciável, definida por uma carta <À Q Ä G § J . Como antes, G tem a
topologia discreta e daqui resulta que a bijecção < ‰ :" À F Ä G , cujo
inverso é : ‰ <" À G Ä F é um difeomorfismo, uma vez que ela e a sua
inversa são aplicações suaves, por terem restrições constantes, e portanto
suaves, a cada um dos subconjuntos unitários dos seus domínios que
constituem uma cobertura aberta destes. As duas cartas : e < são assim
compatíveis, o que mostra que as duas estruturas diferenciáveis coincidem.
Resta-nos provar a existência de uma tal estrutura diferenciável para
qualquer espaço topológico discreto finito ou numerável Q . Para isso,
consideramos um subconjunto discreto F § ‘ com o mesmo número de
elementos que Q , por exemplo o conjunto , se F é infinito, ou o conjunto
dos números naturais entre " e 8, se Q tem 8 elementos e consideramos uma
bijecção :À Q Ä F , a qual vai ser um homeomorfismo, uma vez que toda a
aplicação cujo domínio tem a topologia discreta é contínua. A estrutura
diferenciável de Q definida pela carta : é então compatível com a topologia
discreta.
112A designação variedade abstracta aparece por oposição às variedades concretas, que
são aquelas que se estudam no quadro dos subconjuntos de espaços vectoriais de dimen-
são finita. Note-se que uma variedade concreta vai ser, em particular, uma variedade
abstracta.
§2. Variedades abstractas 459
s ‰ 0 ‰ <" Ñ<ÐB Ñ œ
HÐ< !
com
s‰:
HÐ< s" Ñ:sÐ0 ÐB! ÑÑ À X:sÐ0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ
s Ä Xs s
<Ð0 ÐB! ÑÑ ÐGÑ
HÐ: ‰ <" Ñ<ÐB! Ñ À X<ÐB! Ñ ÐGÑ Ä X:ÐB! Ñ ÐFÑ
isomorfismos e
s
s ‰ 0 ‰ :" Ñ:ÐB! Ñ À X:ÐB! Ñ ÐFÑ Ä X:sÐ0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ
HÐ:
é também injectiva.
VI.2.15 Sejam E e E s dois espaços topológicos munidos de estruturas diferen-
s uma aplicação suave. Dizemos que 0 é uma imersão se,
ciáveis e 0 À E Ä E
para cada B − E, 0 é uma imersão no ponto B.
VI.2.16 Sejam E e E s dois espaços topológicos munidos de estruturas diferen-
ciáveis e 0 À E Ä Es uma aplicação suave. Vamos dizer que 0 é uma
submersão no ponto B! − E se existirem cartas :À E Ä F § I e
: sÄF
sÀ E s§I s das estruturas diferenciáveis tais que a aplicação suave
s ‰ 0 ‰ :" À F Ä F
: s seja uma submersão no ponto :ÐB! Ñ. Quando isso
acontecer, tem-se, mais geralmente, quaisquer que sejam as cartas
<À E Ä G § J e < sÄG
sÀ E s §Js das estruturas diferenciáveis, que
s s
< ‰ 0 ‰ < À G Ä G é ainda uma submersão no ponto <ÐB! Ñ.
"
Dem: Tem-se
s ‰ 0 ‰ <" œ Ð<
< s‰:
s" Ñ ‰ Ð:
s ‰ 0 ‰ :" Ñ ‰ Ð: ‰ <" Ñ,
s‰:
onde < s" À F s e : ‰ <" À G Ä F são difeomorfismos, pelo que
sÄG
s ‰ 0 ‰ <" Ñ<ÐB Ñ œ
HÐ< !
com
s‰:
HÐ< s" Ñ:sÐ0 ÐB! ÑÑ À X:sÐ0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ
s Ä Xs s
<Ð0 ÐB! ÑÑ ÐGÑ
HÐ: ‰ <" Ñ<ÐB! Ñ À X<ÐB! Ñ ÐGÑ Ä X:ÐB! Ñ ÐFÑ
isomorfismos e
462 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
s
s ‰ 0 ‰ :" Ñ:ÐB! Ñ À X:ÐB! Ñ ÐFÑ Ä X:sÐ0 ÐB! ÑÑ ÐFÑ
HÐ:
é também sobrejectiva.
VI.2.17 Sejam E e E s dois espaços topológicos munidos de estruturas
s uma aplicação suave. Dizemos que 0 é uma
diferenciáveis e 0 À E Ä E
submersão se, para cada B − E, 0 é uma submersão no ponto B.
VI.2.18 No caso em que E e E s são subconjuntos de espaços vectoriais I e I
s , de
dimensões finitas, com as estruturas diferenciáveis canónicas, uma aplicação
suave 0 À E Ä E s é uma imersão (respectivamente submersão) num ponto
B! − E, no sentido das definições precedentes se, e só se, H0B! À XB! ÐEÑ Ä
s é uma aplicação linear injectiva (respectivamente sobrejectiva),
X0 ÐB! Ñ ÐEÑ
isto é, se, e só se, 0 é uma imersão (respectivamente submersão) em B! , no
sentido já conhecido anteriormente.
Dem: Basta considerar as cartas M.E e M.Es das estruturas diferenciáveis de E
eE s, respectivamente.
VI.2.31 (Lema) Sejam I um espaço euclidiano e F" Ð!Ñ a respectiva bola aberta
de centro ! e raio ". Existe então um difeomorfismo GÀ I Ä F" Ð!Ñ, definido
por GÐBÑ œ È"mBmB
# , cujo difeomorfismo inverso G
"
À F" Ð!Ñ Ä I está defi-
È"mCm# .
C
nido por G" ÐCÑ œ
Dem: É imediato que as expressões para G e G" no enunciado definem
aplicações suaves I Ä I e F" Ð!Ñ Ä I , respectivamente, e que se tem
mBm# mCm#
mGÐBÑm# œ " , m G "
ÐCÑm #
œ ,
" mBm# " mCm#
em particular G toma valores em F" Ð!Ñ. Verifica-se agora facilmente que
G" ÐGÐBÑÑ œ B, para cada B − I , e que GÐG" ÐCÑÑ œ C , para cada
C − F" Ð!Ñß pelo que as aplicações G e G" são inversas uma da outra.
466 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
114Como é referido em [10], Whitney demonstrou que se pode obter a mesma conclusão
com a dimensão #7 " substituída por #7, mas essa demonstração utiliza técnicas
bastante mais elaboradas.
§2. Variedades abstractas 467
" m0 ÐB4 Ñm
)ÐB4 Ñ Ÿ <
mAm
pelo que as hipóteses feitas em e) sobre a aplicação ) garantem a existência
de um compacto O § Q w tal que, para cada 4 4! , B4 − O . Tem-se então
que E O é fechado em O , e portanto compacto, pelo que 0 ÐE OÑ é
§2. Variedades abstractas 469
A aplicação M.E À Ew Ä Eww ia então ser contínua, visto que isso acontecia à
sua restrição a cada um dos abertos E4 , de união E, por em E4 as topologias
induzidas por Ew e Eww coincidirem. Pela mesma razão M.E À Eww Ä Ew era
também contínua, o que prova que Ew œ Eww .
Seja agora h a classe dos subconjuntos Y § E tais que, para cada 4, Y E4
5 5 5 5
válidas para toda a família não vazia de subconjuntos de E, implicam que
toda a intersecção finita de conjuntos pertencentes a h pertence a h e que
toda a união de conjuntos pertencentes a h pertence a h . Provámos assim a
existência de uma topologia sobre E cujos abertos são os conjuntos perten-
centes a h e vamos verificar que esta topologia verifica as condições do
enunciado. Em primeiro lugar, o facto de cada E3 ser aberto em E resulta da
hipótese de, para cada 4, E3 E4 ser aberto para a topologia dada em E4 .
Resta-nos provar que a topologia induzida em cada E4 pela topologia que
definimos em E é a topologia dada originalmente. Ora, se Z é aberto em E4
para a topologia induzida, vai existir um aberto Y de E tal que Z œ Y E4
e então, por definição dos abertos de E, Z é aberto em E4 para a topologia
original. Reciprocamente, se Z é aberto em E4 para a topologia original,
então, para cada índice 3, Z E3 œ Z E3 E4 é aberto em E3 E4 para a
topologia induzida pela de E4 , que coincide com a induzida pela de E3 , pelo
que, por E3 E4 ser aberto em E3 , Z E3 é aberto em E3 , o que, pela
definição da topologia de E, implica que Z é aberto em E, e portanto
também aberto em E4 para a topologia induzida.
VI.3.6 É claro que, se E é um espaço topológico e ÐE4 Ñ4−N uma família de
abertos de E, com união E, sobre os quais consideramos as topologias
induzidas, então estas topologias são mutuamente compatíveis e a topologia
dada em E é a colagem das topologias dos E4 .
117Esta condição exprime que, “moralmente” as aplicações 0! À E Ä Ò!ß "Ó são suaves, já
que essa suavidade não faz sentido por E não ter ainda uma estrutura diferenciável.
474 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
0! ÐBÑ œ œ
0˜ ! ÐBÑ, se B − E!
!, se B Â E!
<! ÐBÑ œ œ
0! ÐBÑ:! ÐBÑ, se B − E!
!, se B Â E!
e reparemos que se tem mesmo <! ÐBÑ œ !, para cada B − E Ï G! , uma vez
que, se fosse também B − E! , tinha-se 0! ÐBÑ œ !. Além disso, para cada
" Ÿ " Ÿ :, a restrição <! ÎE" À E" Ä I! é suave, por ter restrições suaves aos
abertos E" E! e E" Ï G! , de união E" a segunda por ser identicamente
§3. A colagem de variedades: O teorema de Whitney 475
que tem restrição suave a cada conjunto E" . Vamos verificar que a aplicação
: é injectiva. Sejam, com efeito, Bß C − E tais que :ÐBÑ œ :ÐCÑ. O facto de
se ter 0" ÐBÑ â 0: ÐBÑ " implica a existência de " Ÿ ! Ÿ : tal que
0! ÐBÑ œ 0! ÐCÑ Á !, em particular tem-se então Bß C − G! § E! , e portanto
<! ÐBÑ <! ÐCÑ
:! ÐBÑ œ œ œ :! ÐCÑ,
0! ÐBÑ 0! ÐCÑ
o que implica, por :! À E! Ä F! ser bijectiva, que B œ C .
d) Sendo G œ :ÐEÑ, :À E Ä G § I" ‚ â ‚ I: ‚ ‘: é uma bijecção
contínua, por ter restrição suave, em particular contínua, a cada um dos
abertos E" de E, cuja união é E.
e) Reparemos agora que, para cada ÐC" ß á ß C: ß =" ß á ß =: Ñ − G , tem-se, para
cada " Ÿ " Ÿ :, =" − Ò!ß "Ó e =" â =: ", pelo que existe " Ÿ " Ÿ :
tal que =" !. O conjunto G é assim união de subconjuntos abertos
Z" ß á ß Z: , onde
Z" œ ÖÐC" ß á ß C: ß =" ß á ß =: Ñ − G ± =" !}
e, para cada ÐC" ß á ß C: ß =" ß á ß =: Ñ œ :ÐBÑ − Z" , tem-se 0" ÐBÑ œ =" !,
portanto B − E" e C" œ <" ÐBÑ œ 0" ÐBÑ:" ÐBÑ œ =" :" ÐBÑ, o que implica que
C"
=" œ :" ÐBÑ − F" e que
C"
:" ÐC" ß á ß C: ß =" ß á ß =: Ñ œ B œ :"" Ð Ñ.
="
suave. Por outro lado :ÐE! Ñ é a união dos subconjuntos :ÐE! Ñ Z" ,
" Ÿ " Ÿ :, que são abertos em :ÐE! Ñ, e a restrição de Ð:ÎE! Ñ" a
:ÐE! Ñ Z" é uma aplicação suave :ÐE! Ñ Z" Ä E! uma vez que, como
vimos em f), ela toma valores em E" e é suave como aplicação
:ÐE! Ñ Z" Ä E" e, por hipótese, as estruturas diferenciáveis induzidas em
E! E" pelas de E! e E" coincidem. Concluímos agora que
Ð:ÎE! Ñ" À :ÐE! Ñ Ä E! é também suave, e portanto :ÎE! À E! Ä :ÐE! Ñ é
efectivamente um difeomorfismo.
sœ- E
que são portanto também cartas das estruturas diferenciáveis dos Q8 , e
definir uma bijecção :À Q Ä E s8 § ‘#7" pela condição de ter
8 "
restrição :8 a cada Q8 . Esta bijecção é um homeomorfismo por ter restrição
contínua a cada um dos abertos Q8 cuja união é Q e por a sua inversa ter
restrição contínua a cada um dos abertos Es8 œ :ÐQ8 Ñ œ Es F" Ð#8/" Ñ cuja
união é E s. Consideremos, enfim, a estrutura diferenciável de Q definida
pela carta :. A estrutura diferenciável induzida em cada Q8 admite
:ÎQ8 œ : s8 como carta, sendo assim a estrutura diferenciável dada em Q8 .
Esta estrutura diferenciável de Q é assim a colagem procurada.
E# œ . Y$8" œ Y# Y& Y) â
8 "
E$ œ . Y$8# œ Y$ Y' Y* â,
8 "
8 "
8 "
Subdem: Uma vez que os Y8 são variedades com dimensão menor ou igual a
7 em cada ponto, podemos aplicar VI.3.12 para concluir a existência em Y
de uma estrutura diferenciável colagem das dos Y8 . Vamos agora verificar
que esta estrutura diferenciável permite deduzir que Y é efectivamente um
bom aberto, ou seja, vamos verificar que, para cada 8, a estrutura diferenciá-
vel induzida em Y Q4 pela de Y coincide com a induzida pela de Q4 Þ Ora,
isso é uma consequência do resultado sobre a unicidade das colagens VI.3.4,
visto que Y Q4 é a união dos abertos Y8 Q4 , 8 ", e as estruturas
diferenciáveis induzidas em Y8 Q4 pelas de Y e de Q4 coincidem, por a
primeira ser a induzida pela de Y8 .
g) Vamos agora aplicar o lema VI.3.13 para terminar a demonstração.
Começamos por notar que a classe h dos abertos de Q que estão contidos
nalgum dos Q3 é uma base de abertos que, pelo que vimos em d), é formada
480 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
s ‚Q
Dem: Seja ? § Q s o conjunto diagonal,
s ‚Q
? œ ÖÐDß DÑ×D−Qs œ ÖÐDß D w Ñ − Q s ± D œ D w ×.
tem a derivada
s Ñ ‚ X0 ÐCÑ ÐQ
H2ÐBßCÑ À XB ÐQ Ñ ‚ XC ÐQ Ñ Ä X0 ÐBÑ ÐQ sÑ
definida por H2ÐBßCÑ Ð?ß @Ñ œ ÐH0B Ð?Ñß H0B Ð@ÑÑ, sendo portanto, uma aplica-
ção linear sobrejectiva. Podemos assim concluir que G œ 2" Ð?Ñ é fechado
em Q ‚ Q e, tendo em conta II.4.32, que G é uma variedade sem bordo,
com dimensão 7 8 Ð#5 5Ñ œ 7 8 5 em cada ponto ÐBß CÑ tal que
7, 8 e 5 sejam as dimensões de Q em B, de Q em C e de Q s em
0 ÐBÑ œ 0 ÐCÑ, respectivamente. O mesmo resultado garante também que, para
cada ÐBß CÑ − G , XÐBßCÑ ÐGÑ é o conjunto dos Ð?ß @Ñ − XB ÐQ Ñ ‚ XC ÐQ Ñ tais
que H2B Ð?ß @Ñ − XÐ0 ÐBÑß0 ÐCÑÑ Ð?Ñ, isto é, tais que H0B Ð?Ñ œ H0C Ð@Ñ.
§4. Variedades quociente 483
Subdem: Começamos por reparar que o facto de, para cada B − Y , se ter
ÐBß BÑ − G implica, por derivação, que, para cada ? − I , se tem
Ð?ß ?Ñ − XÐ!ß!Ñ ÐGÑ. Para cada Ð?ß @Ñ − I ‚ I , podemos escrever @ ? œ
A Aw , com A − J e Aw − K e então
Ð?ß @Ñ œ Ð?ß ?Ñ Ð!ß AÑ Ð!ß Aw Ñ,
com Ð?ß ?Ñ Ð!ß AÑ − XÐ!ß!Ñ ÐGÑ e Ð!ß Aw Ñ − Ö!× ‚ K . Uma vez que, pela
definição de J e por se ter J K œ Ö!×, XÐ!ß!Ñ ÐGÑ e Ö!× ‚ K têm, evidente-
mente, intersecção ÖÐ!ß !Ñ×, concluímos que tem lugar a soma directa
pretendida.
2) Seja 1À G ‚ K Ä I ‚ I a aplicação suave definida por
1ÐÐBß CÑß DÑ œ ÐBß C DÑ,
que verifica 1ÐÐ!ß !Ñß !Ñ œ Ð!ß !Ñ. Vamos verificar a existência de um aberto
Y w de I , com ! − Y w § Y , de um aberto Z de K , com ! − Z , e de um
§4. Variedades quociente 485
está definida por ÐÐ?ß @Ñß AÑ È Ð?ß @Ñ Ð!ß AÑ, sendo portanto um isomor-
fismo, tendo em conta a soma directa referida em 1). Basta então aplicar o
teorema da função inversa concluir a asserção.
3) Consideremos um aberto Z˜ de I , tal que Z œ Z˜ K e notemos [†ß! o
aberto de I , contendo !, constituído pelos B tais que ÐBß !Ñ − [ . Seja
Y ww œ Y w [†ß! Z˜ ,
0 Ð Y 4 Ñ œ -0 ÐY
" - s
e isso é uma consequência das igualdades 0 " ÐgÑ œ g, 0 " ÐQ sÑ œ Q,
" s 4 Ñ e 0 ÐY
" s Zs Ñ œ 0 ÐY
" s Ñ 0 ÐZ
" s Ñ.
2) Consideremos em Q s a topologia referida em 1). A aplicação 0 À Q Ä Q s
fica contínua e aberta.
Subdem: A continuidade de 0 é uma consequência imediata da caracteri-
zação da continuidade a partir das imagens recíprocas dos conjuntos abertos,
mas já o facto de 0 ser uma aplicação aberta não é tão evidente. O que temos
que mostrar é que, se Y é um aberto de Q , então 0 ÐY Ñ é um aberto de Q s,
ou seja, por definição, que 0 " Ð0 ÐY ÑÑ é um aberto de Q . Ora, isso resulta de
que a restrição de 1" À Q ‚ Q Ä Q a G é uma submersão, em particular
uma aplicação aberta (cf. VI.2.28) e de que se tem
0 " Ð0 ÐY ÑÑ œ ÖB − Q ± b 0 ÐBÑ œ 0 ÐCÑ× œ
C−Y
œ ÖB − Q ± b ÐBß CÑ − G× œ 1" ÐÐQ ‚ Y Ñ GÑ,
C−Y
com ÐQ ‚ Y Ñ G aberto em G .
3) A topologia que estamos a considerar em Q s é separada e de base
contável.
Subdem: Sejam D Á D w em Q s . Vem D œ 0 ÐBÑ e D w œ 0 ÐCÑ, com ÐBß CÑ Â G
e o facto de G ser fechado em Q ‚ Q implica então que existem abertos Y
e Y w de Q , com B − Y , C − Y w e ÐY ‚ Y w Ñ G œ g e então os abertos
s , contendo D e D w , respectivamente, são disjuntos, visto
0 ÐY Ñ e 0 ÐY w Ñ de Q
que, se 0 ÐBÑ
˜ œ 0 ÐCј , com B˜ − Y e C˜ − Y w , vinha ÐBß ˜ − ÐY ‚ Y w Ñ G .
˜ CÑ
§4. Variedades quociente 487
119Esta condição não é normalmente explicitada uma vez que a maioria dos autores
apenas considera variedades com a mesma dimensão em todos os pontos, caso em que a
condição se verifica trivialmente. No quadro geral em que nos colocamos, ela parece ser
verificada na maioria dos casos interessantes e será utilizada adiante.
490 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
a topologia induzida) pelo que não pode haver mais que um destes conjuntos
que seja não vazio.
VI.5.4 Sejam Q uma variedade abstracta e ÐEÑ uma subvariedade imersa. Sejam
Es um conjunto, munido de uma estrutura diferenciável, e 1À Es Ä Q uma
aplicação de classe G tal que 1ÐEÑ
: s § E e que 1À E s Ä ÐEÑ seja contínua.
s Ä ÐEÑ é de classe G : .
Tem-se então que 1À E
Dem: Basta aplicar VI.2.25 à imersão inclusão +À ÐEÑ Ä Q .
VI.5.5 Sejam Q uma variedade abstracta e ÐEÑ uma subvariedade imersa.
Tem-se então que a topologia associada de ÐEÑ é mais fina120 que a
topologia induzida pela de Q , sendo igual a esta se, e só se, a estrutura
diferenciável de ÐEÑ for a induzida pela de Q (ou seja, se, e só se, ÐEÑ œ E).
Dem: Uma vez que M.E À ÐEÑ Ä E é uma aplicação suave, em particular
contínua, podemos concluir que a topologia de ÐEÑ é mais fina que a de E. É
também evidente que, se ÐEÑ œ E, então a topologia de ÐEÑ é a induzida
pela de Q . Reciprocamente, se a topologia de ÐEÑ é a induzida pela de Q ,
segue-se que a imersão M.E À ÐEÑ Ä Q é uma homeomorfismo de ÐEÑ sobre
E e portanto, tendo em conta VI.2.26, é um difeomorfismo de ÐEÑ sobre E, o
que implica que ÐEÑ œ E.
VI.5.6 (Corolário) Sejam Q uma variedade abstracta e ÐEÑ uma subvariedade
imersa compacta. Tem-se então ÐEÑ œ E, ou seja, ÐEÑ é mesmo uma subva-
riedade.
Dem: Basta atender a que a bijecção M.E À ÐEÑ Ä E é contínua, com ÐEÑ
compacto e E separado, pelo que é um homeomorfismo, o que quer dizer que
as topologias de ÐEÑ e de E coincidem.
VI.5.7 (Corolário) Sejam Q uma variedade abstracta e ÐEÑ uma subvariedade
imersa sem bordo, tendo em cada ponto a mesma dimensão que a de Q
(uma subvariedade imersa sem bordo de dimensão máxima). Tem-se então
ÐEÑ œ E, ou seja, ÐEÑ é mesmo uma subvariedade, e E é aberto em Q .
Dem: A igualdade das dimensões implica que a imersão +À ÐEÑ Ä Q é
também uma submersão e, tendo em conta a alínea c) de VI.2.22, a sua
imagem está contida na variedade sem bordo `! ÐQ Ñ. Tendo em conta
VI.2.28, +À E Ä `! ÐQ Ñ é uma aplicação aberta, em particular E é aberto em
`! ÐQ Ñ, e portanto também em Q , e M.E À ÐEÑ Ä E é uma bijecção contínua
120Recordemosque uma topologia num conjunto E se diz mais fina que outra topologia
sobre o mesmo conjunto se M.E À E Ä E for contínua da primeira topologia para a
segunda.
§5. Subvariedades imersas e torema de Frobenius global 491
que é suave por ter restrições suaves a cada um dos três abertos Ó#ß "Ò,
Ö!× e Ó"ß #Ò de F e que é uma imersão por essas restrições serem imersões.
Figura 16
Tem-se ‘ œ 0 ÐFÑ, que é, trivialmente, uma subvariedade sem bordo, conexa
121Na linguagem de Warner [26], podemos dizer que ÐEÑ é a subvariedade imersa asso-
ciada ao par ÐFß 0 Ñ.
§5. Subvariedades imersas e torema de Frobenius global 493
de dimensão " de ‘. No entanto, notando Ð‘Ñ este mesmo conjunto mas com
a estrutura diferenciável para a qual 0 À F Ä Ð‘Ñ é um difeomorfismo, Ð‘Ñ é
uma subvariedade imersa, sem bordo, distinta de ‘. De facto a topologia de
Ð‘Ñ não é conexa, por ‘ ser a união disjunta dos abertos de Ð‘Ñ Ó_ß !Ò, Ö!×
e Ó!ß _Ò.
Note-se que a subvariedade imersa Ð‘Ñ não é normal, uma vez que ela tem
dimensão ! em ! e dimensão " em todos os outros pontos.
c) Este exemplo é uma pequena variante do exemplo em b). Seja F § ‘ a
variedade com bordo de dimensão ", Ó_ß !Ó Ó"ß _Ò. Seja 0 À F Ä ‘ a
aplicação definida por
0 Ð>Ñ œ œ
>, se > − Ó_ß !Ó
,
> ", se > − Ó"ß _Ò
que é suave por ter restrições suaves a cada um dos dois abertos Ó_ß !Ó e
Ó"ß _Ò de F e que é uma imersão por essas restrições serem imersões.
Figura 17
Tem-se ‘ œ 0 ÐFÑ, que é, trivialmente, uma subvariedade sem bordo, conexa
de dimensão " de ‘. No entanto, notando Ð‘Ñ este mesmo conjunto mas com
a estrutura diferenciável para a qual 0 À F Ä Ð‘Ñ é um difeomorfismo, Ð‘Ñ é
uma subvariedade imersa normal, com bordo, de dimensão ", distinta de ‘.
De facto a topologia de Ð‘Ñ não é conexa, por ‘ ser a união disjunta dos
abertos de Ð‘Ñ Ó_ß !Ó e Ó!ß _Ò.
d) Sejam 0 ß 1À Ò!ß #1Ó Ä ‘# as aplicações suaves definidas por
0 Ð>Ñ œ ÐsinÐ>Ñß sinÐ#>ÑÑ, 1Ð>Ñ œ ÐsinÐ>Ñß sinÐ#>ÑÑ,
Figura 18
Reparando que
0 Ð!Ñ œ 0 Ð1Ñ œ 0 Ð#1Ñ œ Ð!ß !Ñ, 1Ð!Ñ œ 1Ð1Ñ œ 1Ð#1Ñ œ Ð!ß !Ñ
Figura 19 Figura 20
Estas bijecções são imersões injectivas pelo que definem em E duas
estruturas de subvariedade imersa normal, conexa, de dimensão " e sem
bordo, que notaremos ÐEÑw e ÐEÑww , respectivamente.
Sendo :À Ó!ß #1Ò Ä Ó!ß #1Ò a aplicação definida por
§5. Subvariedades imersas e torema de Frobenius global 495
Ú 1 >, se ! > 1
:Ð>Ñ œ Û 1,
Ü $ 1 >,
se > œ 1 ,
se 1 > #1
verificamos facilmente que, para cada > − Ó!ß #1Ò, 1Ð>Ñ œ 0 Ð:Ð>ÑÑ, por outras
palavras,
: œ Ð0ÎÓ!ß#1Ò Ñ" ‰ 1ÎÓ!ß#1Ò À Ó!ß #1Ò Ä Ó!ß #1Ò.
implica que XÐ!ß!Ñ ÐEÑ œ ‘# , e portanto que E não pode ser uma variedade
em Ð!ß !Ñ.
e) Retomemos o exemplo em d) da subvariedade imersa normal de dimensão
" e sem bordo, ÐEÑw , de ‘# . Seja F § E o subconjunto
1 $1 1 $1
F œ 1ÐÓ ß ÒÑ œ 0 ÐÓ!ß Ò Ö1× Ó ß #1ÒÑ
# # # #
sobre o qual consideramos duas estruturas diferenciáveis ÐFÑw e ÐFÑww ,
induzidas pelas de ÐEÑw e ÐEÑww , respectivamente, ou seja, definidas pela con-
dição de as restrições de 0 e de 1, respectivamente, serem difeomorfismos.
Figura 21
ÐFÑww é uma subvariedade imersa conexa sem bordo normal e com dimensão
" de ‘# , mas não é uma subvariedade imersa de ÐEÑw . De facto, a inclusão
496 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
+EßF À ÐFÑww Ä ÐEÑw não é suave, visto que, composta com os difeomorfismos
1 $1
1ÎÓ 1# ß $#1 Ò À Ó ß Ò Ä ÐFÑww Ð0ÎÓ!ß#1Ò Ñ" À ÐEÑw Ä Ó!ß #1Ò
# #
é a restrição da aplicação :, considerada em c), ao interalo Ó 1# ß $#1 Ò, a qual não
é contínua em 1.
Pelo contrário ÐFÑw é mesmo uma subvariedade sem bordo de ÐEÑw , em
particular uma subvariedade imersa normal de ÐEÑw , a qual não é conexa e
tem dimensão ! em Ð!ß !Ñ œ 0 Ð1Ñ e dimensão " nos restantes pontos
(situação semelhante à do exemplo b)). Observe-se que, no entanto, ÐFÑw é
uma subvariedade imersa de ‘# , mas não uma subvariedade imersa normal
de ‘# .
122Exigimos que ÐEÑ fosse sem bordo, mas não que E fosse sem bordo.
498 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
: ", num ponto do seu domínio. Uma vez que ainda não examinámos o
conceito de espaço vectorial tangente a um conjunto munido de uma
estrutura diferenciável, limitamo-nos a estudar o caso em que o espaço de
chegada é uma parte de um espaço vectorial de dimensão finita.
o que implica que a imagem de HÐ0 ‰ ! ‰ :" Ñ:ÐBÑ está contida na imagem
de HÐ0 ‰ <" Ñ<Ð!ÐBÑÑ , sendo mesmo igual a esta última se a aplicação linear
HÐ< ‰ ! ‰ :" Ñ:ÐBÑ é sobrejectiva, isto é, se ! é submersão no ponto B.
s .
G " , vem, para cada B − E e ? − XB ÐÐEÑÑ, H0B Ð?Ñ − X0 ÐBÑ ÐÐEÑÑ
Dem: Seja :À ÐEÑ Ä F § J uma carta de ÐEÑ. Tem-se ? œ H::"ÐBÑ Ð?w Ñ,
com ?w − X:ÐBÑ ÐFÑ e, nas hipóteses de a), como 0 ‰ :" œ 1 ‰ :" ,
H0B Ð?Ñ œ HÐ0 ‰ :" Ñ:ÐBÑ Ð?w Ñ œ HÐ1 ‰ :" Ñ:ÐBÑ Ð?w Ñ œ H1B Ð?Ñ.
s ÄF
Nas hipóteses de b), sendo <À ÐEÑ s§J s uma carta de ÐEÑs , a aplicação
s é a composta das aplicações G "
de classe G " 0 ‰ :" À F Ä Q
s,
< ‰ 0ÎE ‰ :" À F Ä F sÄQ
<" À F s,
donde
H0B Ð?Ñ œ HÐ0 ‰ :" Ñ:ÐBÑ Ð?w Ñ œ H<<"Ð0 ÐBÑÑ ÐHÐ< ‰ 0ÎE ‰ :" Ñ:ÐBÑ Ð?w Ñ
s .
pertence à imagem de H<<"Ð0 ÐBÑÑ , igual a X0 ÐBÑ ÐÐEÑÑ
123Ou, mais geralmente, um conjunto com uma estrutura diferenciável com topologia
associada localmente conexa.
124Comparar com VI.5.4. A novidade é que não precisámos de exigir a continuidade de 0
de Qs para ÐEÑÞ
502 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
nalgum aberto fatiável, um dos abertos fatiáveis que o contém. Sejam Z8ß-8 ,
-8 − [8 , as fatias do aberto Z8 . Chamemos fatias escolhidas, aos conjuntos
Z8ß-8 , com 8 − e -8 − [8 que, por serem subvariedades integrais sem
bordo, são abertos de ÐQ Ñ, com ÐZ8ß-8 Ñ œ Z8ß-8 . Tendo em conta a alínea a)
do lema VI.5.27, dado 7 − , cada Z7ß-7 intersecta, para cada 8, apenas um
número contável de fatias Z8ß-8 e portanto cada Z7ß-7 intersecta apenas um
número contável de fatias escolhidas. Seja B! − Q4 um ponto fixado.
Construamos recursivamente, para cada : − ß um conjunto contável h: de
fatias escolhidas, do seguinte modo: h" é o conjunto das fatias escolhidas que
contêm B! (para cada 7, no máximo um dos Z7ß-7 ). h:" é o conjunto das
fatias escolhidas que intersectam pelo menos uma das fatias escolhidas em
h: , conjunto que contém evidentemente h: . Uma vez que qualquer conexo
de ÐQ Ñ que intersecte a sua componente conexa Q4 está contido em Q4
verificamos por indução que todas as fatias escolhidas pertencentes a h:
estão contidas em Q4 . Seja h o conjunto contável união de todos os h: . Seja
Y a união de todas as fatias em h , que é assim um aberto de ÐQ Ñ contendo
B! e contido em Q4 , portanto também um aberto de ÐQ4 Ñ. Para C − Q4 que
não pertença a Y , podemos considerar uma fatia escolhida Z8ß-8 que
contenha C , e portanto, como anteriormente, é um aberto de ÐQ Ñ contido em
Q4 , e portanto um aberto de ÐQ4 Ñ; além disso Z8ß-8 não pode intersectar
nenhuma das fatias em h (senão pertenceria a h ) pelo que Z8ß-8 não
intersecta Y , o que prova que Y é também fechado em ÐQ4 Ñ. Uma vez que
ÐQ4 Ñ é conexo, concluímos que Y œ Q4 . Concluímos finalmente que ÐQ4 Ñ é
uma união contável dos abertos Z7ß-7 em h , os quais, por serem variedades,
têm base contável de abertos, pelo que ÐQ4 Ñ tem base contável de abertos
(escolhendo uma base contável para cada Z7ß-7 , a união dessas bases é uma
base contável para ÐQ4 Ñ).
VI.5.32 (A estrutura de variedade das folhas) Sejam I um espaço vectorial de
dimensão finita, Q § I uma variedade sem bordo, e I œ ÐIB ÑB−Q um
fibrado vectorial com IB § XB ÐQ Ñ, verificando a condição de integra-
bilidade. Notemos ÐQ Ñ o conjunto Q com a topologia fina e sejam ÐQ4 Ñ,
com as topologias induzidas, as correspondentes folhas. Tem-se então:
a) Cada ÐQ4 Ñ admite uma única estrutura de subvariedade imersa sem bordo
de Q (a estrutura canónica de variedade das folhas).
b) Cada ÐQ4 Ñ é uma subvariedade imersa integral conexa de I .
c) Qualquer que seja a subvariedade imersa integral sem bordo ÐEÑ de I ,
com E § Q4 , E é aberto em ÐQ4 Ñ e a estrutura diferenciável de ÐEÑ é a
induzida pela de ÐQ4 Ñ.
Dem: Consideremos a classe das subvariedades imersas integrais sem bordo
ÐEÑ de I , assim como a subclasse constituída pelas que verificam E § Q4 , e
lembremos que, tendo em conta VI.5.30, para cada uma daquelas a topologia
de ÐEÑ é a induzida pela de ÐQ Ñ e E é aberto em ÐQ Ñ, e portanto, para cada
uma das da subclasse, ÐEÑ tem a topologia induzida pela de ÐQ4 Ñ e é aberto
§5. Subvariedades imersas e torema de Frobenius global 505
cada C − F ,
XC Ð0 ‰ :" Ñ œ X:" ÐCÑ Ð0 Ñ § I0 Ð:" ÐCÑÑ
é de classe G : .
A conclusão de b) é claramente um caso particular da de a), se tivermos em
conta VI.5.9.
VI.5.34 (Functorialidade) Sejam I e I s espaços vectoriais de dimensão finita,
s s
Q § I e Q § I variedades sem bordo, e I œ ÐIB ÑB−Q e I s œ ÐIsCÑ s
C−Q
fibrados vectoriais com IB § XB ÐQ Ñ e I s C § XC ÐQ
s Ñ, verificando a condição
de integrabilidade, e sejam ÐQ4 Ñ, onde 4 − N , e ÐQ s 5 Ñ, onde 5 − O , as folhas
de I e de I s . Seja 0 À Q Ä Q s uma aplicação de classe G : , : ", tal que,
para cada B − Q , H0B ÐIB Ñ § I s 0 ÐBÑ . Tem-se então:
s
a) A aplicação 0 À ÐQ Ñ Ä ÐQ Ñ é contínua.
b) Para cada 4 − N , existe 5 − O tal que 0 ÐQ4 Ñ § Q s 5 e então
0ÎQ4 À ÐQ4 Ñ Ä ÐQ s 5 Ñ é uma aplicação de classe G : .
Dem: Dado 4 − N , tem-se, para cada B − Q4 , considerando a inclusão
+4 À ÐQ4 Ñ Ä Q ,
s 0 ÐBÑ
XB Ð0ÎQ4 Ñ œ XB Ð0 ‰ +4 Ñ œ H0B ÐXB Ð+4 ÑÑ œ H0B ÐIB Ñ § I
Figura 22
c) Para cada ÐDß AÑ − Q , tem-se XÐDßAÑ ÐQ Ñ œ XD ÐWÑ ‚ XA ÐWÑ. Fixemos um
número real + ! e notemos, para cada ÐDß AÑ − W ,
[ÐDßAÑ œ Ð3Dß +3AÑ − XÐDßAÑ ÐQ Ñ,
0ÐDw ! ßA! Ñ Ð>Ñ œ Ð#13D! /#13> ß #13+A! /#13+> Ñ œ #1[0ÐD!ßA!Ñ Ð>Ñ − I0ÐD!ßA!Ñ Ð>Ñ .
Em particular, vemos que 0ÐD! ßA! Ñ À ‘ Ä Q é uma imersão e, notando QÐD! ßA! Ñ
a folha que contém ÐD! ß A! Ñ, resulta de VI.5.33 que 0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ § QÐD! ßA! Ñ e
que 0ÐD! ßA! Ñ À ‘ Ä (QÐD! ßA! Ñ Ñ ainda é suave, e portanto uma imersão. Uma vez
que ‘ e (QÐD! ßA! Ñ Ñ são variedades sem bordo com dimensão ", segue-se que a
imersão 0ÐD! ßA! Ñ À ‘ Ä (QÐD! ßA! Ñ Ñ é também uma submersão, e portanto uma
aplicação aberta. Em particular, 0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ é aberto e conexo em (QÐD! ßA! Ñ Ñ, e
portanto também em ÐQ Ñ.
e) Reparemos agora que, dados ÐD! ß A! Ñ e ÐD" ß A" Ñ em Q e >ß = − ‘, tem-se
0ÐD! ßA! Ñ Ð>Ñ œ 0ÐD" ßA" Ñ Ð=Ñ Í ÐD! /#13> ß A! /#13+> Ñ œ ÐD" /#13= ß A" /#13+= Ñ Í
Í ÐD" ß A" Ñ œ ÐD! /#13Ð>=Ñ ß A! /#13+Ð>=Ñ Ñ Í
Í ÐD" ß A" Ñ œ 0ÐD! ßA! Ñ Ð> =Ñ.
f) O que vimos em e) implica que, se 0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ 0ÐD" ßA" Ñ Ð‘Ñ Á g, então
0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ œ 0ÐD" ßA" Ñ Ð‘Ñ e daqui deduzimos que 0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ, que já sabíamos
ser aberto em ÐQ Ñ, é também fechado em ÐQ Ñ, por o seu complementar ser
união de conjuntos do mesmo tipo. Tendo em conta o lema topológico
VI.5.36, vemos que 0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ é uma das componentes conexas de ÐQ Ñ, ou
seja, 0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ coincide com a folha QÐD! ßA! Ñ .
g) Tem-se
0ÐD! ßA! Ñ Ð>Ñ œ ÐD! ß A! Ñ Í ÐD! /#13> ß A! /#13+> Ñ œ ÐD! ß A! Ñ Í
Í /#13> œ /#13+> œ " Í
Í > − ™ • +> − ™
de onde deduzimos que QÐD! ßA! Ñ œ 0ÐD! ßA! Ñ Ð‘Ñ œ 0ÐD! ßA! Ñ ÐÒ!ß 8ÓÑ e a restrição
de 0ÐD! ßA! Ñ é uma bijecção de Ò!ß 8Ò sobre a folha QÐD! ßA! Ñ . Em particular
ÐQÐD! ßA! Ñ Ñ é compacto, o que, tendo em conta VI.5.6, implica que
ÐQÐD! ßA! Ñ Ñ œ QÐD! ßA! Ñ e que QÐD! ßA! Ñ é mesmo uma subvariedade. De facto
(ver o exercício VI.22 no fim do capítulo), verifica-se facilmente que QÐD! ßA! Ñ
é uma variedade difeomorfa à circunferência W .
Nas figuras 23, 24 e 25 estão ilustrados os casos + œ "", + œ "" # e+ œ $ .
""
§5. Subvariedades imersas e torema de Frobenius global 511
Figura 23 Figura 24
Figura 25
i) Verifiquemos, enfim, o que sucede no caso em que + é irracional. Como
referimos em g), tem-se 0ÐD! ßA! Ñ Ð>Ñ œ 0ÐD! ßA! Ñ Ð=Ñ se, e só se > = − ™ •
+Ð> =Ñ − ™, condição que só é possível quando = œ >. Podemos assim
concluir que 0ÐD! ßA! Ñ À ‘ Ä ÐQÐD! ßA! Ñ Ñ é bijectiva e portanto, uma vez que se
trata de uma submersão entre variedades sem bordo, é um difeomorfismo (a
suavidade da inversa resulta de VI.2.29).
Figura 26 Figura 27
Ilustramos, na figura 26, parte duma das folhas, no caso em que + œ #1, e,
nas figuras 27 e 28, partes sucessivamente maiores da mesma folha; em cada
caso omitimos, para uma maior clareza, a imagem do próprio toro.
512 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
Figura 28
Pode mostrar-se que, como as figuras sugerem, as folhas QÐD! ßA! Ñ , no caso em
que + é irracional, são densas em Q (apesar de, como sempre acontece, elas
serem fechadas em ÐQ Ñ). Ver, nesse sentido, o exercício VI.23 no fim do
capítulo. Em particular, as folhas QÐD! ßA! Ñ , no caso em que + é irracional, não
são subvariedades de Q , são apenas subvariedades imersas (lembrar II.6.22
e VI.5.14).
(costuma-se dizer que este é um diagrama comutativo, uma vez que as duas
aplicações compostas sugeridas por ele são iguais).
VI.6.2 Sejam E um conjunto, munido de uma estrutura diferenciável, e B − E.
Tem-se então:
a) Existe sempre um espaço vectorial X , de dimensão finita, admitindo uma
apresentação como espaço vectorial tangente a E no ponto B.
b) Se X é um espaço vectorial de dimensão finita nas condições de a), então
a relação µ , na classe das apresentações de X como espaço vectorial
tangente a E no ponto B, é uma relação de equivalência.
c) Se Ð:ß -Ñ é uma apresentação de X como espaço vectorial tangente a E no
ponto B, onde :À E Ä F § I é uma carta de E e -À X Ä X:ÐBÑ ÐFÑ é um
isomorfismo, então, qualquer que seja a carta <À E Ä G § J de E, existe
um, e um só, isomorfismo .À X Ä X<ÐBÑ ÐGÑ tal que Ð:ß -Ñ µ Ð<ß .Ñ.
Dem: A alínea a) resulta de que, se considerarmos uma carta :À E Ä F § I
da estrutura diferenciável de E, então o espaço vectorial de dimensão finita
X œ X:ÐBÑ ÐFÑ admite uma apresentação como espaço vectorial tangente a E
no ponto B, nomeadamente o par Ð:ß M.X Ñ. A alínea c) é uma consequência
trivial da definição. Resta-nos então verificar que a relação µ é de
equivalência. A reflexividade resulta trivialmente da definição. Suponhamos
que se tem Ð:ß -Ñ µ Ð<ß .Ñ e Ð<ß .Ñ µ Ð3ß / Ñ, onde :À E Ä F § I ,
<À E Ä G § J , 3À E Ä H § K , -À X Ä X:ÐBÑ ÐFÑ, .À X Ä X<ÐBÑ ÐGÑ e
/À X Ä X3ÐBÑ ÐHÑ. Podemos então escrever
o que mostra que Ð:ß -Ñ µ Ð3ß / Ñ. Por fim, a simetria, embora pudesse ter
uma demonstração directa simples, pode ser deduzida do que já foi provado:
Se Ð:ß -Ñ µ Ð<ß .Ñ, sabemos que existe -w tal que Ð<ß .Ñ µ Ð:ß -w Ñ e então,
514 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
126Sublinhamos, mais uma vez, que tanto a designação “espaço vectorial tangente a E em
B” como a notação XB ÐEÑ referem-se não só ao espaço vectorial em questão mas também
à estrutura de espaço vectorial tangente que se está a considerar.
127Verificaremos em breve que duas escolhas de espaço vectorial tangente a E em B são
sempre isomorfas.
§6. Espaço vectorial tangente 515
tal que
s ‰ H0B œ HÐ:
- s ,
s ‰ 0 ‰ :" Ñ:ÐBÑ ‰ -À XB ÐEÑ Ä X:sÐ0 ÐBÑÑ ÐFÑ
Para além disso a aplicação linear H0B À XB ÐEÑ Ä X0 ÐBÑ ÐEÑ s não depende da
escolha das apresentações Ð:ß -Ñ e Ð: sß -Ñ nas condições acima.128
s
Dem: Em primeiro lugar, a definição de aplicação suave garante a existência
de cartas :À E Ä F § I , de E, e : sÄF
sÀ E s§I s , de Es, tais que
s ‰ 0 ‰ :" seja suave e sabemos então que existem isomorfismos
:
-À XB ÐEÑ Ä X:ÐBÑ ÐFÑ e - s Ä X:sÐ0 ÐBÑÑ ÐFÑ
sÀ X0 ÐBÑ ÐEÑ s tais que as apresentações
Ð: ß - Ñ e Ð : s
sß -Ñ definam as estruturas de espaço vectorial tangente de XB ÐEÑ e
de X0 ÐBÑ ÐEÑ s . A existência e unicidade de uma aplicação linear
H0B À XB ÐEÑ Ä X0 ÐBÑ ÐEÑs , verificando a igualdade
s ‰ H0B œ HÐ:
- s ‰ 0 ‰ :" Ñ:ÐBÑ ‰ -
s ser um isomorfismo, esta última é
vem de que, tendo em conta o facto de -
trivialmente equivalente a
"
s
H0B œ - s ‰ 0 ‰ :" Ñ:ÐBÑ ‰ -.
‰ HÐ:
Tudo o que temos agora que mostrar é que, dadas outras apresentações
sß .
Ð< ß . Ñ e Ð < sÑ que também definam as estruturas de espaço vectorial
tangente de XB ÐEÑ e de X0 ÐBÑ ÐEÑs , com as cartas <À E Ä G § J e
sÀ E
< sÄG s §J s , tem-se também
. s ‰ 0 ‰ <" Ñ:sÐBÑ ‰ ..
s ‰ H0B œ HÐ<
128Se isso não acontecesse, não faria muito sentido utilizar a notação H0B .
516 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
. s‰:
s ‰ H0B œ HÐ< s ‰ H0B œ
s" Ñ:sÐ0 ÐBÑÑ ‰ -
s‰:
œ HÐ< "
s Ñ:sÐ0 ÐBÑÑ ‰ HÐ: s ‰ 0 ‰ :" Ñ:ÐBÑ ‰ - œ
como queríamos. Note-se que a dedução anterior pode ser seguida no dia-
grama
M. H0B M.
XB ÐEÑ qqqp XB ÐEÑ qqqp s
X0 ÐBÑ ÐEÑ qqqp s
X0 ÐBÑ ÐEÑ
.Æ. -Æ- s Æ -s
- .
s Æ .s
X<ÐBÑ ÐGÑ qqqp X:ÐBÑ ÐFÑ qqqp s
X:sÐ0 ÐBÑÑ ÐFÑ qqqp s .
X<s Ð0 ÐBÑÑ ÐGÑ
"
HÐ:‰< Ñ<ÐBÑ HÐ: "
s‰0 ‰: Ñ:ÐBÑ s ‰:
"
HÐ< s Ñ:sÐ0 ÐBÑÑ
VI.6.7 Nas condições anteriores, a aplicação linear H0B À XB ÐEÑ Ä X0 ÐBÑ ÐEÑ s
toma o nome de derivada da aplicação suave 0 no ponto B (relativamente à
s ). Por exemplo, se
escolha dos espaços vectoriais tangentes XB ÐEÑ e X0 ÐBÑ ÐEÑ
0À E Ä E s é uma aplicação constante, é trivial que H0B œ !.
vem
M.XB ÐEÑ œ HÐM.E ÑB œ HÐ0 " Ñ0 ÐBÑ ‰ H0B
"
M.X0 ÐBÑ ÐEÑ
s œ HÐM.E
s Ñ0 ÐBÑ œ H0B ‰ HÐ0 Ñ0 ÐBÑ .
-˜ ‰ 0 œ HÐ:
s ‰ 0 ‰ :" Ñ:ÐBÑ ‰ - œ M.X:ÐBÑ ÐFÑ ‰ - œ -,
donde -˜ œ - ‰ 0" œ -
s.
VI.6.14 (Corolário) Sejam E um conjunto, munido de uma estrutura diferen-
ciável, B − E e XB ÐEÑ uma escolha de um espaço vectorial tangente a E em
B. Sejam Xs B ÐEÑ um espaço vectorial de dimensão finita e )À XB ÐEÑ Ä X
s B ÐEÑ
um isomorfismo. Existe então uma, e uma só, estrutura de espaço vectorial
tangente de Xs B ÐEÑ, tal que ) seja o correspondente isomorfismo canónico.130
Dem: Basta aplicar o resultado anterior ao difeomorfismo M.E À E Ä E.
s Ä XB ÐEÑ. Resta-nos
o que mostra que se tem realmente +w œ H+B À XB ÐEÑ
provar a unicidade. Suponhamos então que existem dois subespaços
s e X
vectoriais XB ÐEÑ s de XB ÐEÑ, munidos de estruturas de espaço
s B ÐEÑ
s s Ä XB ÐEÑ e a
vectorial tangente a E em B, tais que a inclusão +w À XB ÐEÑ
§6. Espaço vectorial tangente 521
cada ? − XB ÐEÑ s ,
era igual a essa mesma projecção, e portanto que esse isomorfismo era a
identidade. Consideremos então Ð:ß -Ñ definindo a estrutura de espaço
524 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
HÐ0 ‚ 1ÑÐBßCÑ
s s œ H0B
s sw w
s ÐEÑ ‚ XsC ÐE Ñ Ä XB ÐEÑ ‚ XC ÐE Ñ.
s ‚ H1sC À XB
s e 0B! ߆ À Ew Ä E
Sejam 0†ßC! À E Ä E s as aplicações suaves definidas por
pelo que basta agora atendermos à linearidade de H0ÐB! ßC! Ñ e ao facto de se ter
Ð?ß @Ñ œ Ð?ß !Ñ Ð!ß @Ñ.
O leitor que teve a paciência de acompanhar o que foi feito até agora
nesta secção poderá porventura perguntar-se se valeu a pena perder tanto
tempo para obter tão poucos resultados palpáveis. Possivelmente essa
pergunta até terá alguma razão de ser e por alguma razão colocámos esta
secção como a última deste livro… Deve, de qualquer modo, dizer-se que
a noção de espaço vectorial tangente a uma variedade está omnipresente
em qualquer texto de Geometria pelo que é importante conhecer o seu
significado, mesmo quando soubermos como a podemos dispensar. Uma
das situações em que a noção de espaço vectorial tangente se torna
interessante é quando é possível exibir um espaço vectorial tangente que
veícule alguma informação geométrica interessante. É o que fazemos em
seguida com o exemplo da variedade de Grassmann abstracta †ÐIÑ dos
subespaços vectoriais dum espaço vectorial I (cf. VI.1.9 e VI.2.9).
”! ! •
! !‡#ß"
.
#ß"
HÐ0‡ Ñ1J
X1J ÐKÐIÑÑ qqqqp s
X10ÐJ Ñ ÐKÐIÑÑ
3J Æ Æ 30ÐJ Ñ ,
s
PÐJ à I
JÑ
I
qqqqp PÐ0ÐJ Ñà 0ÐJ ÑÑ
0æ
s
onde, notando Ò0ÓÀ I
J Ä
I
0ÐJ Ñ a aplicação resultante de 0 por passagem ao
s
quociente, 0æ À PÐJ à I I
J Ñ Ä PÐ0ÐJ Ñà 0ÐJ Ñ Ñ é a aplicação linear definida por
0æ Ð" Ñ œ Ò0Ó ‰ " ‰ Ð0ÎJ Ñ .
"
H A1 J
X1J ÐKÐIÑÑ qqqqp s
X1J ÐKÐIÑÑ
3J Æ Æs3J
PÐJ à I
JÑ qqqqp PÐJ à I
JÑ
M.
Dem: Trata-se do caso particular do resultado precedente em que se toma
para 0 a identidade de I , com o primeiro produto interno no domínio e o
segundo produto interno no espaço de chegada.
VI.6.31 (O espaço vectorial tangente à variedade de Grassmann abstracta)
Seja I um espaço vectorial, real ou complexo, de dimensão 8 e consi-
deremos na variedade de Grassmann †ÐIÑ dos subespaços vectoriais de I a
sua estrutura diferenciável canónica. Se J − †ÐIÑ, o espaço vectorial
I
XJ ІÐIÑÑ œ PÐJ à Ñ
J
530 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
I s
HÐ: 3"
s ‰ :" Ñ1J ‰ 3J" œ s J À PÐJ à Ñ Ä X1sJ ÐKÐIÑÑ .
J
Ora isso é uma consequência imediata do corolário precedente, uma vez que
: s
s ‰ :" À KÐIÑ Ä KÐIÑ é precisamente o difeomorfismo A que aí foi
referido.
VI.6.32 Sejam I e I s espaços vectoriais de dimensão finita e 0À I Ä Is uma
aplicação linear injectiva e consideremos a correspondente aplicação suave
0‡ À †ÐIÑ Ä †ÐIÑs definida por 0‡ ÐJ Ñ œ 0ÐJ Ñ (cf. VI.1.20). Para cada
J − †ÐIÑ, considerando as estruturas canónicas de espaço vectorial
tangente em XJ ІÐIÑÑ œ PÐJ à I Ñ e em X0ÐJ Ñ Ð†ÐIÑÑ s œ PÐ0ÐJ Ñà Is Ñ,
J 0ÐJ Ñ
tem-se então que a aplicação linear derivada
I Is
HÐ0‡ ÑJ À PÐJ à Ñ Ä PÐ0ÐJ Ñà Ñ
J 0ÐJ Ñ
s
é a aplicação 0æ À PÐJ à I I
J Ñ Ä PÐ0ÐJ Ñà 0ÐJ Ñ Ñ definida por 0æ Ð" Ñ œ
s
Ò0Ó ‰ " ‰ Ð0ÎJ Ñ" , onde Ò0ÓÀ I I
J Ä 0ÐJ Ñ é a aplicação resultante de 0 por
passagem ao quociente.
Dem: Fixemos produtos internos em I e I s e consideremos as corresponden-
tes cartas :À †ÐIÑ Ä KÐIÑ e : s Ä KÐIÑ
sÀ †ÐIÑ s . Por definição, a aplicação
s
linear HÐ0‡ ÑJ À PÐJ à I I
J Ñ Ä PÐ0ÐJ Ñà 0ÐJ Ñ Ñ é aquela que torna comutativo o
diagrama
HÐ0‡ ÑJ s
PÐJ à I
JÑ qqqqqqqp I
PÐ0ÐJ Ñà 0ÐJ ÑÑ
3J" Æ - s
-Æ3 "
0ÐJ Ñ
X1J ÐKÐIÑÑ qqqqqqqp s ÑÑ,
X10ÐJ Ñ ÐKÐI
s ‰ 0‡ ‰ :" Ñ1J
HÐ:
s ‰ 0‡ ‰ :" Ñ1J
HÐ:
X1J ÐKÐIÑÑ qqqqqqp s
X10ÐJ Ñ ÐKÐIÑÑ
3J Æ Æ 30ÐJ Ñ Þ
s
PÐJ à I
JÑ qqqqqqp I
PÐ0ÐJ Ñà 0ÐJ ÑÑ
HÐ0‡ ÑJ
O facto de se ter efectivamente HÐ0‡ ÑJ œ 0æ é agora uma consequência de
VI.6.29, uma vez que a aplicação : s está definida
s ‰ 0‡ ‰ :" À KÐIÑ Ä KÐIÑ
por 1J È 10ÐJ Ñ , sendo assim aquela que notámos 0‡ naquele resultado.
VI.6.33 (Corolário) Sejam I um espaço vectorial, real ou complexo, de
dimensão 8 e I w § I um subespaço vectorial e lembremos que, como se viu
em VI.1.13, †ÐI w Ñ § †ÐIÑ e a estrutura diferenciável induzida em †ÐI w Ñ
pela estrutura diferenciável canónica de †ÐIÑ é a sua estrutura diferenciável
canónica. Para cada J − †ÐI w Ñ, considerando as correspondentes estruturas
w
de espaço vectorial tangente de XJ ІÐI w ÑÑ œ PÐJ à IJ Ñ e de XJ ІÐIÑÑ œ
PÐJ à IJ Ñ, tem-se que a primeira coincide com a estrutura de espaço vectorial
tangente que resulta de olhar para †ÐI w Ñ como parte de †ÐIÑ (cf. VI.6.16).
Dem: Tendo em conta a definição da estrutura induzida de espaço vectorial
tangente em VI.6.16, basta mostrarmos que a derivada da inclusão
w
+À †ÐI w Ñ Ä †ÐIÑ no ponto J é a inclusão de PÐJ à IJ Ñ em PÐJ à I J Ñ e isso é
o caso particular do resultado precedente, em que se toma para 0 a inclusão
de I w em I .
VI.6.34 (Variedades de Grassmann abstractas e fibrados vectoriais) Sejam
I um espaço vectorial, real ou complexo, de dimensão 8, K um espaço
vectorial real de dimensãi finita, E § K e I œ ÐIB ÑB−E um fibrado vectorial
com IB § I . Consideremos a correspondente aplicação suave
FÀ E Ä †ÐIÑ, definida por FÐBÑ œ IB (cf. VI.1.21). Para cada B − E,
considerando a estrutura canónica de espaço vectorial tangente em
XIB ІÐIÑÑ œ PÐIB à IIB Ñ, a derivada
I
HFB À XB ÐEÑ Ä XIB ІÐIÑÑ œ PÐIB à Ñ
IB
admite as duas seguintes caracterizações alternativas:
1) Fixado um produto interno auxiliar em I , com a correspondente segunda
forma fundamental 2B À XB ÐEÑ ‚ IB Ä IB¼ ,
HFB Ð?ÑÐAÑ œ Ò2B Ð?ß AÑÓIB .
s ß 0 ÐB! ÑÑ é trivial.
A linearidade da aplicação 0‡ À W/<ÐQ ß B! Ñ Ä W/<ÐQ
s e Q˜ e as aplicações sua-
VI.6.38 (Functorialidade) Dadas as variedades Q , Q
s s ˜
ves 0 À Q Ä Q e 1À Q Ä Q , tem-se, para cada B! − Q e A − W/<ÐQ ß B! Ñ,
Ð1 ‰ 0 ч ÐAÑ œ 1‡ Ð0‡ ÐAÑÑ − W/<ÐQ˜ ß 1Ð0 ÐB! ÑÑÑ.
Em consequência, e uma vez que, para a aplicação suave M.Q À Q Ä Q , se
tem trivialmente que ÐM.Q ч À W/<ÐQ ß B! Ñ Ä W/<ÐQ ß B! Ñ é a identidade,
s é um difeomorfismo, então
concluímos que, se 0 À Q Ä Q
s ß 0 ÐB! ÑÑ
0‡ À W/<ÐQ ß B! Ñ Ä W/<ÐQ
s ß 0 ÐB! ÑÑ Ä W/<ÐQ ß B! Ñ.
é um isomorfismo e Ð0‡ Ñ" œ Ð0 " ч À W/<ÐQ
Dem: Trata-se de uma consequência imediata das definições.
VI.6.39 Sejam Q e Q s variedades, 0 À Q Ä Q s uma aplicação suave e B! − Q e
suponhamos escolhidos espaços vectoriais tangentes XB! ÐQ Ñ e X0 ÐB! Ñ ÐQ s Ñ.
Para cada ? − XB! ÐQ Ñ, tem-se então 0‡ ÐH? Ñ œ HH0B! Ð?Ñ , por outras palavras,
é comutativo o diagrama
H0B!
XB! ÐQ Ñ qp sÑ
X0 ÐB! Ñ ÐQ
Æ Æ ,
0‡
W/<ÐQ ß B! Ñ qp s ß 0 ÐB! ÑÑ
W/<ÐQ
14 ÐBÑ œ
s4 ÐBÑ,
:ÐBÑ1 s
se B − Y
!, s
se B Â Y
4œ"
04 ÐBÑ œ (
"
`1
Ð>BÑ .>,
! `B4
! !
se tem ? − X! ÐQ Ñ e H? œ A.
c) Vamos mostrar nesta alínea que, para cada aplicação suave 1À ‘8 Ä ‘,
tem-se AÐ1ÎQ Ñ œ H1! Ð?Ñ.
como queríamos.
d) Tendo em conta o lema VI.6.42, podemos considerar aplicações suaves
14 À ‘8 Ä ‘ tais que 14 ÎQ œ ! e que, para cada @ − ‘8 , se tenha @ − X! ÐQ Ñ
se, e só se, para cada 4, H14 ! Ð?Ñ œ !. O que vimos em c) implica então que,
para cada 4,
H14 ! Ð?Ñ œ AÐ1ÎQ Ñ œ AÐ!Ñ œ !,
definido por ? È H? .
b) Seja :À Q Ä F § I uma carta da estrutura diferenciável de Q e seja
-À W/<ÐQ ß B! Ñ Ä X:ÐB! Ñ ÐFÑ o isomorfismo tal que a estrutura de espaço
vectorial tangente de W/<ÐQ ß B! Ñ seja definida pela apresentação Ð:ß -Ñ.
Tem-se então que o isomorfismo -" aplica cada @ − X:ÐB! Ñ ÐFÑ na derivação
A − W/<ÐQ ß B! Ñ definida por
AÐ!Ñ œ HÐ! ‰ :" Ñ:ÐB! Ñ Ð@Ñ.
-" Ð@ÑÐ!Ñ œ )ÐH::"ÐB! Ñ Ð@ÑÑÐ!Ñ œ H!B! ÐH::"ÐB! Ñ Ð@ÑÑ œ HÐ! ‰ :" Ñ:ÐB! ÑÐ@Ñ,
EXERCÍCIOS
œ <ÐBÑ œ B # ,
<Ð_Ñ œ !
mBm se B Á _
ñ
e que a bijecção inversa <" À I Ä I Ï Ö!× está definida por <" Ð!Ñ œ _ e
B
<" ÐBÑ œ mBm # , se B Á !.
ñ
cujo inverso 1" À I Ä W está definido por 1" Ð_Ñ œ Ð!ß "Ñ e
#C " mCm#
1" ÐCÑ œ Ð ß Ñ
" mCm# " mCm#
ñ
(A existência de um tal difeomorfismo costuma ser lembrada dizendo que I
é uma esfera de dimensão 8). Sugestão: Reparar que 1 é a composta da
projecção estereográfica
0 " À W Ï ÖÐ!ß "Ñ× Ä XÐ!ß"Ñ ÐWÑ
136Este produto interno coincide com o produto interno canónico de ‚, quando identifi-
cado a ‘# .
ñ
137Tendoem conta o que vimos na alínea f) do exercício VI.6, ‚ é difeomorfa à esfera de
Riemann referida em III.9.18.
Exercícios 545
138Podem-se utilizar sucessões, uma vez que K é metrizável, por ser homeomorfo a uma
parte dum espaço vectorial de dimensão finita.
Exercícios 547
ˆ +Ð" Ñ ß ,Ð" Ñ ß ‰,
- - .
# # #
e interpretar geometricamente a imagem deste difeomorfismo.
Ex VI.22 No contexto do exemplo em VI.5.38, verificar que, no caso em que
+œ 7 8 , com 7 e 8 números naturais primos entre si, as folhas QÐD! ßA! Ñ são
difeomorfas à circunferência W § ‚. Sugestão: Relembrando as conclusões
enunciadas na respectiva alínea h), considerar a aplicação que a cada
0ÐD! ßA! Ñ Ð>Ñ associa /#13>Î8 , reparando que 0ÐD! ßA! Ñ À ‘ Ä QÐD! ßA! Ñ e a aplicação
‘ Ä W , > È /#13>Î8 , são submersões sobrejectivas.
Ex VI.23 (Folhas densas no toro)
a) (Subgrupos aditivos de ‘) Consideremos ‘ como grupo, com a operação
, e seja K § ‘ um subgrupo distinto de Ö!×. Mostrar que, ou existe , !
tal que K œ ™, œ Ö:,×:−™ , ou K é denso em ‘. Sugestão: O grupo K tem
elementos em Ó!ß _Ò. Se o ínfimo dos elementos de K em Ó!ß _Ò for !, K
548 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
139De facto, é mesmo verdade um resultado mais forte, que não propomos neste exercí-
cio: Se, quando se considera ‘ como espaço vectorial sobre o corpo do números
racionais, "ß +ß , são linearmente independentes, o conjunto dos elementos da forma
0 Ð8,Ñ, com 8 − , já é denso em W ‚ W .
Exercícios 549
Figura 29
d) Verificar que, dados +ß , − ‘, ou 0+ Б Ï Ö!×Ñ 0, Б Ï Ö!×Ñ œ g, ou
tem-se simultaneamente 0+ ÐÓ_ß !ÒÑ œ 0, ÐÓ_ß !ÒÑ e 0+ ÐÓ!ß _ÒÑ œ
0, ÐÓ!ß _ÒÑ. Concluir que Q é a união disjunta de W ‚ Ö!× com conjuntos
dos tipos 0+ ÐÓ_ß !ÒÑ e 0, ÐÓ!ß _ÒÑ e deduzir que estes conjuntos são as
folhas de I .
e) Reparar que a folha W ‚ Ö!× está contida na aderência de cada uma das
restantes folhas.
Ex VI.25 (Para quem conheça a noção de espaço afim) Seja I um espaço
afim, de dimensão 8, com espaço vectorial associado It e considerar em I a
estrutura natural de variedade sem bordo com dimensão 8 (cf. o exercício
VI.2).
a) Mostrar que, para cada B! − I , existe em It uma estrutura natural de
espaço vectorial tangente a I em B! , o que nos permite escrever
XB! ÐIÑ œ It , e constatar que, se J § I é um subespaço afim, com
subespaço vectorial associado Jt , então, para cada B! − J , XB! ÐJ Ñ œ Jt ,
coincidindo as estruturas de espaço tangente a J em B! que vêm de J , como
parte de I e de J , como espaço afim.
b) Constatar que, se I é um espaço vectorial, então, para cada B! − I ,
coincidem, em XB! ÐIÑ œ I , as estruturas de espaço vectorial tangente que
resultam de I ser espaço vectorial e de I ser espaço afim, com I como
espaço vectorial associado.
c) Mostrar que, se J é outro espaço afim, com espaço vectorial associado Jt ,
e se -À I Ä J é uma aplicação afim, com -tÀ It Ä Jt como aplicação linear
associada, então, para cada B! − I , H-B! œ -t.
550 Cap. VI. Estruturas Diferenciáveis e Variedades Abstractas
` `Ð! ‰ :" Ñ
Ð Ñ C Ð !Ñ œ Ð:ÐCÑÑ
`B3 `B3
Exercícios 551
`
(derivada parcial em relação à variável 3) e que os Ð `B 3
ÑC constituem uma
base de W/<ÐQ ß CÑ. Sugestão: Ter em conta a alínea b) de VI.6.48.
Ex VI.31 Sejam I um espaço vectorial de dimensão finita, Q § I uma
variedade e \ œ Ð\B ÑB−Q um campo vectorial sobre Q (por outras
palavras, para cada B − Q , \B − XB ÐQ Ñ). Lembrar que, como foi referido
em III.3.25, para cada espaço vectorial J de dimensão finita e cada aplicação
suave 0 À Q Ä J , fica definida uma aplicação H\ 0 À Q Ä J por
ÐH\ 0 ÑB œ H\B Ð0 Ñ œ H0B Ð\B Ñ,
aplicação essa que é suave se o campo vectorial Ð\B ÑB−Q for suave.
a) Mostrar que o campo vectorial Ð\B ÑB−Q é suave se, e só se, para cada
! − YQ (ou seja, para cada aplicação suave !À Q Ä ‘Ñ, H\ ! − YQ .
Sugestão: Fixar uma base A" ß á ß A8 de I e considerar as aplicações
lineares (em particular suaves) 0" ß á ß 08 À I Ä ‘, definidas por
A œ " 04 ÐAÑ A4 ,
8
4œ"
Vamos dizer que o campo vectorial é suave se, qualquer que seja ! − YQ ,
tem-se H\ ! − YQ .
a) Verificar que, se o campo vectorial \ œ Ð\B ÑB−Q é suave, então, mais
geralmente, para cada espaço vectorial J de dimensão finita e cada aplicação
suave 0 À Q Ä J , a aplicação H\ 0 À Q Ä J é suave. Sugestão: Fixar uma
base em J e considerar as funções componentes de 0 nessa base.
b) Generalizando o espaço total do fibrado vectorial tangente a uma
variedade concreta, notamos X ÐQ Ñ o conjunto dos pares ÐBß AÑ com B − Q
e A − XB ÐQ Ñ, a que podemos dar ainda o nome de espaço total do fibrado
vectorial tangente a Q .141 . Dada uma carta :À Q Ä F § I da variedade
Q , verificar que tem lugar uma bijecção X Ð:ÑÀ X ÐQ Ñ Ä X ÐFÑ, definida por
X Ð:ÑÐBß AÑ œ Ð:ÐBÑß H:B ÐAÑÑ, e que esta bijecção pode ser utilizada para
munir X ÐQ Ñ de uma estrutura de variedade abstracta, a qual não depende da
carta escolhida.
c) Considerando a estrutura de variedade em X ÐQ Ñ atrás referida, mostrar
que um campo vectorial \ œ Ð\B ÑB−Q é suave se, e só se, for suave a
aplicação de Q para X ÐQ Ñ, B È ÐBß \B Ñ.
d) Se Q s é outra variedade abstracta, para a qual também se escolheu, para
cada C − Q s , um espaço vectorial tangente XC ÐQs Ñ, e se 0 À Q Ä Q
s é uma
aplicação suave, mostrar que tem lugar uma aplicação suave
s Ñ, X Ð0 ÑÐBß AÑ œ Ð0 ÐBÑß H0BÐAÑÑ.
X Ð0 ÑÀ X ÐQ Ñ Ä X ÐQ
141Apesar de existir uma noção de fibrado vectorial abstracto, que generaliza os fibrados
vectoriais “concretos”, que estudámos no capítulo III, essa noção não será abordada neste
trabalho. A definição que apresentámos deve portanto ser olhada como um todo, inde-
pendentemente do que queira dizer, no quadro abstracto, “fibrado vectorial tangente”.
Índice de Símbolos
PÐIà J Ñ 1
P‚ ÐIà J Ñ, P‘ ÐIà J Ñ 2
PÐI" ß á ß I: à J Ñ 2
P: ÐIà J Ñ 2
E À P : Ð Šà J Ñ Ä J 3
E" À PÐIß I w à J Ñ Ä PÐIà PÐI w à J ÑÑ 3
E4 À PÐI" ß á ß I: à J Ñ Ä PÐI" ß á ß I4 à PÐI4" ß á ß I: à J ÑÑ 3
m0 m 4, 4
mÐB" ß á ß B: Ñm œ max mB4 m 4
"Ÿ4Ÿ:
PÐ-" ß á ß -: à .ÑÀ PÐI" ß á ß I: à J Ñ Ä PÐI"w ß á ß I:w à J w Ñ 5
P: Ð-à .ÑÀ P: ÐIà J Ñ Ä P: ÐI w à J w Ñ 5
I 6
TrÐ-Ñ, detÐ-Ñ 7
Tr‚ Ð-Ñ, det‚ Ð-Ñ, Tr‘ Ð-Ñ, det‘ Ð-Ñ 8
ØBß CÙ 10
ØBß CÙ‚ 11
ØBß CÙ‘ 11
dÐDÑ 11
)À I Ä PÐIà ŠÑ 12
J¼ 13
1J 14
$4ß5 15
-‡ À J Ä I 17
P++ ÐIà IÑ, P++ ÐIà IÑ 18
ØÐB" ß á ß B: Ñß ÐC" ß á ß C: ÑÙ œ ØB" ß C" Ù â ØB: ß C: Ù 24
Ø-ß .Ù œ ! Ø-ÐA4 Ñß .ÐA4 ÑÙ
7
24
H5 0 À Y Ä P5 ÐIà J Ñ 53
0 Ð5Ñ À N Ä J 57
H4 0 Ð+" ß á ß +: Ñ=H4 0Ð+" ßáß+: Ñ − PÐI4 à J Ñ 62
`0
`B4 Ð+" ß á ß +: Ñ − J 62
+ 72
Y ÐIÑ 83
W" § ‚ 83
Z8 ÐIÑ § I 8 83, 83, 183
SÐIÑ, S ÐIÑ œ WSÐIÑ, S ÐIÑ 83, 138, 139
KPÐ8ß ŠÑ 87
tB! ÐEÑ, t
B! ÐEÑ, XB! ÐEÑ 89, 514
H0B! À XB! ÐEÑ Ä J 95
W< ÐB! Ñ 128
KPÐIÑ, KP‘ ÐIÑ, KP‚ ÐIÑ 136
KP ÐIÑ, KP ÐIÑ 137
SÐIà J Ñ, Y ÐIà J Ñ 137
Y ÐIÑ 138
Y w ÐIÑ 139
Y ÐIÑ 140
†5 ÐIÑ, K5 ÐIÑ 141
‘ œ Ò!ß _Ò, ‘8: œ ‘8: ‚ ‘: 147
`: ÐQ Ñ 150, 460
GÐ0 Ñ 171
WPÐ8ß ŠÑ 182
\‡ 182, 183
SÐ8Ñ 182
Y Ð8Ñ 183
I œ ÐIB ÑB−E 193
0 ‡ I œ ÐI0 ÐCÑ ÑC−Es 193
I ÎEs œ ÐIB ÑB−Es 193
0‡ I œ Ð0ÐIB ÑÑB−E 194
0 ‡ [ œ Ð[0 ÐCÑ ÑC−Es 194
[ÎEs 194
0‡ [ œ Ð0Ð[B ÑÑB−E 194
JE œ ÐJ ÑB−E 195
X ÐQ Ñ œ ÐXB ÐQ ÑÑB−Q 195
H7 ÐIÑ, 07 À H7 ÐIÑ Ä I 198
17 À H7 ÐIÑ Ä I 199
1B À I Ä IB , 1B¼ À I Ä IB¼ 199
I ¼ œ ÐIB¼ ÑB−E 201
I˜ œ ÖÐBß AÑ − K ‚ I ± B − E, A − IB × 204
Índice de Símbolos 555
X ÐQ Ñ œ ÖÐBß AÑ ± B − Q , A − XB ÐQ Ñ× 552
sÑ
X Ð0 ÑÀ X ÐQ Ñ Ä X ÐQ 552
s
)À X ÐQ Ñ Ä X ÐQ Ñ 552
\ÎQ w œ Ð\B ÑB−Q w 552
Índice Remissivo