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Comportamento
e Cognição
Reflexões teórico-conceituais e
implicações para pesquisas
Volume 20
ESETec
Editores A ssociados
2007
Copyright P desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2007.
Todos os direitos reservados
192 p. 23cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
________________________________________________________
ISBN - 85-88303-86-8
br
Sumário
Prefácio.............................. 7
Gilberto Hazana de Godoy
Apresentação.................... 9
Wander C. M. Pereira da Silva
9
Análises teóricas de
processos aplicados
Capítulo 1
A análise de contingências em
programação de ensino aplicada
na situação clinica1
' Texto apresentado em mesa redonda O desenvolvimento de tratamentos oomportamentais. impactce na dl nica, na escoffia e na divulgação
desse conhecimento. XV Encontro Brasíeiro de Psicotefapiae Medicina Comportamental. ABPMC/2006.
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' Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Sào Carlos. E-mal para contato: cbar>dini@supertg oom.br
Auxilio financeiro: Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado de São Paulo-FAPESP
2Professor do Departamento cie Psicologia da Universidade federal de São Carios e bolsista de produtividade cm pesquisa do CNPq E-
mail para conlato: iuliocderpset3)valu>n mm hr
’ As máquinas de ensinar efetivamente construídas por Skinner eram, na maior parte das vezes, grandes aparatos que funcionavam com rolos
de fita, onde os alunos podiam escreversuas respostas e cartões perfurados. N o s dias de hoje os microcoinputadoíes permitem implementar
de maneira muito mais edequada eflexlvei as propostas de Skinner. No entanto, o computador não ensina sozinho, ete garante aspectos
importantes, mas apenas pode implementar oa programas òe ensino. Assim, os princfpios expostos por Stdnner continuam válidos para a
construção destes programas a serem implementados por compíitadores
AEste procedimento tem duss características principais: 1) assegura a redução do esforço do aluno e a minimi2açéo de seus erros, visto que
programa a aquisição de comportamentos complexos, os quais envolvem passe® muitas ve2 es bastante extensos, passo a passo e em pequenos
avanços e 2) assegura que o comportamento do aluno seja emitido sempre em direção à aquisição do comportamento complexo final.
2 - Educação e liberdade
Para discutirmos o argumento skínneriano de um ensino capaz de formar alunos
livres e criativos, devemos, inicialmente, entender como Skinner concebe a noção de liberdade,
ou seja, como Uberdade pode ser compatível com controle. Por este motivo, iniciaremos este
tópico discutindo brevemente alguns aspectos do conceito de liberdade na teoria skinneriana.
Para Skinner (1968; 1971/2002), o conceito tradicional de liberdade, o qual
considera que o homem é livre para fazer o que quiser e que seu comportamento não é
controlado, mascara os aspectos essenciais da verdadeira liberdade. Desde que o
com portam ento obedeça ao pressuposto determ inista de ser sem pre controlado,
liberdade não pode ser equivalente à livre arbítrio, ou melhor, à falta de controle. O que
acontece é que a literatura tradicional, na visão de Skinner (1971/2002), se equivocou ao
não distinguir entre duas formas distintas de controle do ambiente: controle aversivo e
controle positivo. Mais que isso, a literatura tradicional fez uma equivalência equivocada
entre qualquer tipo de controle e controle aversivo, colocando como ideal de liberdade a
supressão de qualquer forma de controle. Vejamos como esclarecer melhor esta questão.
Para Skinner (1971/2002), controle positivo e controle aversivo são as formas de
controle do ambiente. Quando o controle é positivo, não parece existir qualquer tipo de
questionamento em relação à liberdade do homem: não se considera sem liberdade o
homem que vai ao cinema "porque gosta de ver filmes” ou que saí para jantar com a namorada
em um bom restaurante porque “adora a comida do restaurante e a companhia da namorada".
O comportamento, nestes dois casos, ir ao cinema ou de sair com a namorada para jantar,
também é controlado, mas aparentemente está sob controle de conseqüências reforçadoras
positivas5, embora aparente ser decorrente da livre vontade do indivíduo. Ao contrário, se
tomarmos os mesmo exemplos, contudo atribuindo o comportamento do homem de ir ao
cinema a uma imposição de sua mãe, que o obriga a ser um “amante da arte”, ou o
comportamento de levar a namorada para jantar a uma imposição da namorada, que terminará
o relacionamento caso ele não saia para jantar com ela toda a semana, consideraremos o
homem como um escravo, da mãe ou da namorada, ou seja, como um indivíduo sem liberdade.
Isso porque nos últimos dois casos ele “é obrigado a fazer o que não gostaria de fazer" em um
determinado momento. A questão aqui se toma clara: a liberdade está associada ao controle
positivo do comportamento, exemplificado nos dois primeiros casos, e a falta de liberdade, ou
5Alguns textos, além dos textos skinnerianos voltados à Educação, podem ser bastante úteis para que se compreenda eaprofunde as
questões relacionadas ao ensino nos moldes da anáise do comportamento. Para isso ver Botnmé (1979), Dube (1996), Sldman e Stoddard
(1967) e Stoddard e Sidman {1967).
' A Especificação dessas oonseqüêndas não ê uma tarefa simples e as conseqüências eíelivas podem variar de indivíduo para indivíduo. Por
exemplo, os refon^dores para o oomportamento de ir jantei com a namorada estão provavelmente mladanaOos à companhia da namorada,
mas s comida pode ser também relevante. Falar em ‘companhia da namorada’ evidentemente nâo especifica os reforçadoras, apenas indica
Ôe moda geral orxJe eles podem ser enconIrados, para alguns indivíduos, por exemplo, cs relorçadofes efetivos po
deci ser quase estritamente limitados ao ato sexual, enquanto para outros podem envolver aspectos bem mais amplos da riteraçâo letiva e
social Um ponto importante a considerar é que o Irxíviduo não vai jantar com a namorada sob controle dos reforçadoras positivos que
presumivelmente obteró ao fazer isso .mas sob controle de refòrçadores positivos obtidos por comportamentos simiiaree. ou seja, da mesme
classe, ocorridos no pasâado, na sua hislória prévia.
’Não estamos aqui afirmando que seguir regras consíitui-se um problema, mssmo porque seguir algumas regras é de extrema importância
para a sobrevivência do indivíduo. Segur a regra 'não pule da Jartela de seu apartamento, pois você morrerá’ habilita o indivíduo a não enlrar
em conta lo oom a conseqüência fatal que a regra descreve. Além disso, muito do comportamento humano é governado por regras porque
não poderíamos estabelecer o amplo repertório do homem moderno se tivéssemos que entrarem contato com todas as contingências qúe
podemos descrever. Assim, o cientista pode trabalhar basearido-se em equações e descobertas anteriores, o historiador pode recwitar urna
história sem ler eslado presente em épocas remotas, et£ O que queremos demonslrar, e o que Skinner (19Gfl) parece querer indicar nesta
passagem, é que depender em grande medida das regras e não das contingências pode fazer com que o indivíduo perca contato com muilas
conseqüências fornecidas pelo meio. as quais poderiam controlar oomportam ento útil para determinadas situações.
* Neste ponto,é importante destacar que existe uma diferença entre comportamento originá e comportamento simplesmente novo. Existem
comporta mentos que sSo nowos para o Indivíduo que os emite, contudo não sâo novos para a comunidade verbal na qual c indivfdjo está
inserido Estes podem ser denominados comportamentos nuvos Por exempta, resolver uma equação de segundo grau pode ser um
comportamento novo para o aluno do ensino médio, porém não é novo para a práeasofa que ensina este aluno ou para um aluno que íaz um
curso superior. De outro modo. existem comportamentos que sâo novos para o indrv(duo e para a comunidade verbal na qual ele estó
inserido. Estes são denominados comportamentos criativos ou comportamentos originais. Por exemplo, rescivcr a mesma equação por u m
método nunca antes uïüzado ou fabricar uma vadna para a prevenção da AIDS. Para malofes detalhes ver Bandini e de Rose, 20066.
4 - Conclusão
Consideramos que, após nossa apresentação, fica claro que uma tecnologia do
ensino nos moldes behavioristas tem o objetivo de colaborar para a formação de alunos livres
e criativos. Mais que isso, acreditamos que um ensino bem planejado tem, entre outras
funções, a função de tibertar o aluno das conseqüências aversivas, geralmente presentes em
situações de ensino deficiente. Isso porque, quando o aluno aprende em seu próprio ritmo,
elimina as conseqüências de ficar para trás ou de repetir o ano letivo. Quando avança em
pequenos passos, os quais guiam o comportamento até uma fonma complexa final, os erros
são diminuídos, ou desaparecem, e o aluno fica livre das conseqüências punitivas
frequentemente relacionadas ao erro como notas baixas, repreensões e etc. Além disso, um
ensino programado pode ser propício para formar alunos que explorem o ambiente de forma
eficaz, por colocar o comportamento do aluno sob oontrole facilmente generalizável. Todos
estes, segundo Skinner, são elementos importantes na formação de alunos criativos. Isso
porque, ao depender das coisas e não de outras pessoas e ao explorar o ambiente, há uma
maior probabilidade de que “contingências fortuitas'’ possam ser provocadas e, assim, novas
respostas possam surgir no repertório dos alunos. Neste sentido, um ensino bem planejado
pode ser primordial para que uma cultura tenha sua sobrevivência garantida, na medida em
que favorece o surgimento de comportamento criativo e, com isso, aumenta a chance de
resolver problemas novos ou ainda sem solução. Desde que os membros de uma cultura
estejam preparados para lidar com mudanças, ou seja, com o novo, a cultura deve ter suas
chances de sobrevivências aumentadas.
1Endereço para contato: Rua Misael Pedreira da Silva, n° 70. sala 905 - Ed. Medical Center - Praia do Suâ - Vilórla, ES. CEP: 29056-920
30 Alexandre Q. Brito, Felipe de C, Pimentd, Fabrído de Soma, Carolina O. de Brito e Thais T, Carvalho
pensamentos e crenças disfuncionais dos seus clientes. O psicoterapeuta levanta
hipóteses de como surgiram as crenças centrais apontando para o cliente as suas
inferências, sugerindo a sua confirmação se as identificações específicas condizem
com a realidade vivenciada por ele. Comprovada à hipótese, inicia-se a modificação da
crença disfunçional junto com o cliente assessorando o mesmo a encontrar novas
crenças centrais que não lhe cause prejuízos na sua vida diária (Abreu, 2004).
Segundo Abreu (2004, p.282) “uma das principais características da terapia cognitiva
é seu caráter breve e focal", dessa forma o psicoterapeuta estipula a quantidade de sessões,
informa ao cliente o objetivo da terapia, relatando as possíveis práticas de potencializar
novos movimentos, identificando e diminuindo os seus sintomas ansiosos até que o mesmo
possa fazer por conta própria (Abreu, 2004). Apresentada essa informação, adverte-se para
o fato de que o tratamento implica em uma cuidadosa ponderação que contém dados
históricos importantes da vida do sujeito que serão recolhidos na entrevista estruturada. Os
dados históricos permitem ao psicoterapeuta conhecer o cliente, identificando suas
potencialidades e dificuldades começando sua intervenção.
Conhecida a história de vida do cliente, suas metas para sessão e identificando
o suposto problema que o trouxe à psicoterapia, o psicoterapeuta cognitivo direcionará
o foco do seu trabalho para o problema específico apresentado, não mais buscando
justificativas para o problema e nem fazendo questionamentos constantes sobre suas
causas, reduzindo com isso o tem po do tratam ento, tendo em vista que intervém
diretamente na queixa. Apesar do direcionamento da intervenção, o psicoterapeuta está
de prontidão para discutir outros problemas que eventualmente vierem a ocorrer na
sessão, não se restringindo apenas ao seu foco de atuação. É interessante destacar
que nas sessões são criadas agendas contendo metas com técnicas para o cliente
realizar em casa e/ou na própria sessão (Freeman & Dattilio, 1998).
Com o uso da agenda, o psicólogo deve estar atento para cumprir os objetivos
determ inados com seu cliente, pois cada meta realizada e discutid a perm itirá ao
psicoterapeuta identificar os pensamentos automáticos e os pensamentos disfuncionais,
possibilitando que o cliente tenha consciência de suas crenças para modificá-la. Pelo fato
de o psicoterapeuta apontar e discutir com o cliente suas crenças disfuncionais e os
pensamentos disfuncionais, no final de cada sessão é solicitado ao cliente que elabore
um resumo do assunto que foi abordado, pretendendo assim, que o mesmo sintetize,
reflita e reaprenda os aspectos primordiais relatados de sua vida (Abreu, 2004).
A terapia cognitiva enfatiza a importância da autonomia do cliente e desse
modo, o psicoterapeuta treina o sujeito para que o mesmo exerça novas habilidades
alterando suas crenças absolutistas. Outra função dessa abordagem é de treinar o
sujeito para possíveis recaídas que eventualmente vierem acontecer durante e após o
tratamento. Em geral, pode-se dizer que a terapia cognitiva auxilia o cliente a enfocar
seus pensamentos e crenças disfuncionais, identificando, avaliando e respondendo as
situações disfuncionais de sua vida (Abreu, 2004).
Tradicionalmente, a terapia cognitiva é reconhecida por utilizar várias técnicas
cognitivas "para mudar o pensamento, o humor e o comportamento daquele que busca
ajuda" (Abreu, 2004, p .283), tendo como alvo principal, alte rar os pensam entos
disfuncionais e as crenças disfuncionais que acompanham o sujeito no seu dia-a-dia.
Existem várias técnicas cognitivas e comportamentais para tratar o transtorno de
ansiedade, como: flecha descendente;*verificação das opções e alternativas; reatribuição;
acalma-se; descatastrofização; vantagens e desvantagem; treinamento da positivjdade;
exposição; lição de casa; relaxamento; e meditação entre outras (Freeman & Dattilio, 4998).
32 Alexandre Q. Brilo, Felipe de C. Pimentel, Fabrícia de Souza, Carolina O. de Brito e Th ais T. Carvalho
... não apenas os eventos aversívos presentes no situação de estimulação aversiva
e as respostas emitidas na ocasião adquiriram propriedades aversivas, mas toda
a classe de estímulos privados adquiriu essa propriedade por meio de generalização
(Zamignani e Banaco, 2005, p.85)
Outra variável de riquíssima análise para entonder o processo de instalação de
com portam entos tidos como ansiosos, é a ve rifica çã o de qu ais esquem as de
reforçam ento vigentes mantém o comportamento problem a. Citando o transtorno
obsessivo compulsivo, involuntariamente a família pode exercer um papel importante
na manutenção das respostas ansiosas.
A família age de maneira inconsistente com o paciente portador do transtorno
obsessivo-compulsívo, em alguns momentos participando do ritual juntamente
com o paciente, em outros antecipando o ritual e cm outros ignorando ou mesmo
punindo o ritual. Este padrão de família tenderia a manter um quadro obsessivo-
compulsívo (Zamignai, 2001, p. 259).
Como o esquema de reforço é intermitente, o sujeito nunca sabe quando é que
suas atitudes vão contar com conseqüências de amparo e compreensão de sua família.
Comportamentos Adaptivos
A disposição das contingências de reforço raramente é colocada de maneira tão
simples quanto no modelo da supressão condicionada vivendada em laboratório, onde não
há nada que o sujeito possa fazer para evitar que o choque seja-lhe apresentado. A pessoa
geralmente tem outras saídas para evitar um aversivo; a psicoterapia é exemplo disso, “cabe
ao terapeuta demonstrar a ação dos eventos aversívos na vida do cliente e levá-lo a discriminar
como tais eventos adquiriram as funções aversivas" (Britto e Duarte, 2004, p. 166), para que
este possa então, planejar suas ações e emitir comportamentos mais adaptativos.
Comportamentos mais adaptativos são comportamentos que têm uma maior
probabilidade de obter reforços positivos. Sob esta perspectiva, não é seguro o terapeuta
simplesmente trabalhar diretamente com as respostas de fuga-esquiva características
das variadas topografias da ansiedade emitidas pelo cliente. O trabalho será constituído
de uma análise do desenvolvimento de determinados padrões de respostas, verificando
sua função atual e as contingências que o mantêm.
É devido verificar se há padrões alternativos que possam ser reforçados. Por
exemplo, se a emissão de comportamentos estereotipados da fobia social for a única
classe de respostas que recebe alguma forma de amparo social e familiar, extingui-la
de imediato poderá ser um passo arriscado no encaminhamento clínico de uma pessoa.
Pode-se então partir do pressuposto de que uma das melhores variáveis a scr
identificada estaria pairando sobre como fora desenvolvido o repertório comportamental
do sujeito, e que arranjo de contingências de reforço positivo estão mais presentes.
Os transtornos afetivos e ansiosos envolvem, em geral, dificuldades interpessoais e
de repertórios não sociais, tais como atividades na resolução de problemas, no
manejo de situações de estresse e/ou frustração (Vermes e Zamignani, 2002, p. 138).
Pode-se esperar então que, um sujeito, ao apresentar qualquer tipo de
transtorno ansioso, por responder ao ambiente de forma peculiar, receberá mais atenção
(reforço) dô familiares e amigos do que outrora. Esta situação só é reforçadora para a
pessoa, devido a uma baixa variabilidade de comportamentos que dificulta o contato do
sujeito com contingências outras, naturalmente mais reforçadoras.
A forma e intensidade que o sujeito com algum transtorno de ansiedade executará
comportamentos com função de receber afeto ou atenção dependerá diretamente das
Alexandrc Q. Brilu, Felipe de C. Pimentel, Fabrído de Sou7a, Carolina O. de Brito e Thais T. Carvalho
compulsivo, poderia ser o desenvolvimento de uma relação terapêutica íntima, visando o
desenvolvimento das habilidades sociais, para que o cliente sinta os efeitos do reforço
positivo de uma relação social profunda e passe a generalizar isso no ambiente fora da
clínica. Como nos mostra Cabalfo (2003), não existem evidências de uma inibição fisiológica
da ansiedade a partir de um comportamento socialmente habilidoso. Entretanto, é notável
que os clientes ajam menos nervosos, ou ansiosos, quando socialmente habilidosos.
Outra proposta de terapia que se encontra radicalmente embutida na ciência da
análise comportamento é chamada de a Terapia por Contingências de Reforço (TCR). A TCR
é mais bem classificada enquanto postura clínica, pois divergindo da FAP, não fornece ao leitor
técnicas ou métodos padronizados a serem seguidos. Para esta abordagem, ao desenvolver
novos repertórios, um sujeito ansioso pode ser positivamente consequênciado em suas
respostas, essas conseqüências, então, passarão a controlar novos comportamentos, pois
exercerão o papel de seus antecedentes. Para Skinner (1989/1995, p. 13):
A posição hehaviorista ê: volte aos eventos antecedentes para explicar o que
alguém faz e, ao mesmo tempo, o que a pessoa sente enquanto fa7 alguma coisa.
Para cada estado sentido é designado pelo nome de um sentim ento,
presumivelmente existe um evento ambiental anterior do qual cstc c produto A
terapia comportamental se interessa mais pelo evento antecedente do que pelo
sentimento.
Por fim, aparentem ente na bibliog rafia pesquisada, não foi encontrado
evidencias de que existam regras ou conjunto de procedimentos exclusivos para o
encaminhamento de transtornos de ansiedade. Na verdade, como fora discutido até o
momento, qualquer procedimento psicoterápico embasado unicam ente na filosofia
behaviorista radical, desconsidera procedimentos e técnicas prontas que incidem apenas
sobre sintomas, pelo simples fato de que a seleção pelas conseqüências que acometem
as respostas de um sujeito se restringfem tão somente a ele.
Finalizando, a terapia comportamental deve, para Skinner (1989/1995, p.114) construir:
Comportamentos fortes, removendo reforçadores negativos desnecessários e
multiplicando os positivos. Independentemente de as pessoas que tiveram seus
comportamentos fortalecidos dessa maneira viverem, ou não, mais que as outras,
ao menos pode-se dizer que elas viveram bem.
Divergências encontradas
Após a realização do levantamento bibliográfico acerca das bases teórico-
conceituais que permeiam as práticas embasadas na terapia comportamental e na terapia
cognitiva, pôde-se verificar uma falta notável no que diz respeito às incongruências
encontradas entre as duas teorias. Todavia, tais divergências incidem radicalmente sobre
a forma de entendimento humano, na construção de novos conhecimentos e nos modelos
práticos que instruem os profissionais influenciados por seus devidos pressupostos.
Obviamente, essas diferentes propostas de entendimento do comportamento
humano irão acarretar em diferentes práticas quando levadas para a aplicação de
conhecimento (Banaco, 2001, p. 199).
Eventuais confusões feitas pela comunidade acadêmica sobre as diferenças
entre as duas abordagens, em geral, parecem ocorrer devido à similaridade dos nomes
empregados para descrevê-las e pela proximidade do uso dos termos explicativos. Apesar
da naturalidade como este equívoco é dado atualmente, faz-se pertinente uma demarcação
de diferenças básicas entre as bases filosóficas que atravessam cada modelo.
36 Alexandre Q. Brito, Felipe tie C. Pimentel, Fabricio de Souza, Carolina O. de Brito e Thais T. Carvalho
área da saúde. 0 que encontra-se sob ressalva é o cuidado que se deve ter para não
esquecer que estas divisões de conceitos são especificações didáticas para ilustrar,
genericamente, formas comuns de arranjos de contingências coercitivas,
... esses sistemas dassificatóríos são no máximo uma descrição de topografias
de respostas e de freqüências com as quais elas se apresentam na vida da pessoa
(Banaco, 2001, p. 76).
Em sentido oposto ao que foi dito, na terapia cognitiva é encontrada grande
ênfase sobre o “tratam ento” dos sintomas gerados pelos pensam entos e crenças
disfuricionais, ou seja, objetiva-se a eliminação destas respostas, como se fossem
simples patologias que precisam ser erradicadas. Exclui-se a análise funcional das
condições ambientais que resultaram em tais pensam entos. O com portam ento é
explicado por uma abordagem determinista, intemalista e não contextuai. Traba!ha-se
exclusivamente com suas manifestações, logo, o trabalho limita-se a realização de
uma modificação cognitiva, Há uma busca por:
... critérios de normaüdade para definir doenças, transtornos ou stndromes
com portam entais bem como ocasiões e d escrições to p og rá fica s do
comportamento sobre os quais se deve aplicar a técnica (Banaco, 2001, p. 201).
Dentro do arcabouço teórico da terapia cognitiva fora possível verificar este tipo
de especificação metodológica. O processo psicoterápico é previamente delimitado de
acordo com o diagnóstico que fora realizado. Por exemplo, se for diagnosticado um
determinado transtorno de ansiedade, o terapeuta cognitivista irá procurar dentro de
seu arcabouço teórico, técnicas que melhor atuem na eliminação dos sintomas.
Essa limitação não só está referida às técnicas utilizadas como também à
duração do processo terapêutico; para esta abordagem, tentar limitar a terapia a um
número determinado de sessões tem o efeito de manter o terapeuta honesto. Com
isso, diz-se que o terapeuta deve estar ativamente envolvido em apressar o passo da
terapia, em vez de ficar sentado, permitindo que a terapia se desenvolva em alguma
direção vaga (Freeman & Dattilio, 1998).
Esta postura é completamente incompatível com a realização de uma análise
funcional. Para a terapia comporta mental, cada cliente é único em todos os aspectos devido
ao fato de que a complexidade encontrada na ontogênese nunca se repete. O papel do
terapeuta refere-se a aumentar o autoconhecimento do cliente no sentido de ensiná-lo a
discriminar as contingências que governam seu comportamento, desenvolver repertório
comportamental para o enfrentamento da situação apresentada e tomá-lo terapeuta de si
mesmo. O tempo necessário para a realização deste trabalho e as técnicas utilizadas não
podem ser previamente especificadas nesta abordagem, pois isso dependerá diretamente
de vários fatores como; a relação terapêutica, o papel da família, a limitação do repertório
apresentado inicialmente e etc. O que existe neste modelo é o estudo e o planejamento do
que será abordado na relação com o cliente. Neste enfoque os sintomas só recebem
atenção enquanto hipóteses para entendimento das contingências que estão operando.
Entretanto, na terapia cognitiva, o enfoque dos sintom as resulta em um
afastamento do estudo da história de vida da pessoa. Todavia, terapeuta e pesquisadores
cognitivistas se dão por satisfeitos com as explicações vernaculares e mentalistas.
Para Skinner (1990), o modelo cognitivista só tem tido tamanha aceitação na atualidade
devido a sua similaridade com a linguagem cotidiana. Por mais que seja observado na
descrição da filosofia cognitiva o enfoque inicial do terapeuta na história de vida do
sujeito, essas informações parecem ser descritas sim plesm ente para preencher o
prontuário do cliente. Segundo o material consultado, após a coleta de dados, o
/
Sobre Comportamento e Cognição 37
psicoterapeuta busca apenas novas formas de o sujeito reinterpretar seus pensamentos,
crenças e valores, não se importando com sua história de reforça mento, punição, fuga
e esquiva que selecionou os padrões de respostas ansiosas.
Um exemplo do cuidado que deve-se ter ao assumir uma postura terapêutica que
trabalha prioritariamente com sintomas pode ser dado no contexto da técnica de prevenção
de respostas. Esta técnica é utilizada tanto por terapeutas comportamentais como por
terapeutas cognitivistas. Ela tem em sua constituição a aversividade do estímulo que o
sujeito evita. O que diferencia a forma como cada abordagem trabalha este procedimento
repousa sobre sua influência filosófica. Se o terapeuta aplica a técnica pura e simplesmente
para eliminar sintomas (terapia cognitiva), sem reforçar outros comportamentos mais
adaptativos, ele estará desconsiderando o fato de que estes comportamentos ansiosos se
mantêm por estarem evitando as aversividades que a pessoa está em contato; neste
contexto, a técnica será mais uma forma de coerção a qua! o sujeito será submetido.
Não seria útil, portanto, agir unicamente sobre a resposta de esquiva se não for
desenvolvido um repertório eficaz que permita ao indivíduo eliminar ou esquivar-
se com sucesso da(s) fonte(s) de ansiedade, pois o comportamento problema,
neste caso, tenderá a ocorrer novamente, talvez em outra topografía (Zamignani e
Banaco, 2005, P.87).
Ao atuar com qualquer tipo de sintom as, o terapeuta coerente com os
pressupostos do behaviorismo radical deve ter discriminado quais contingências de
reforço mantém as respostas ansiosas. Se a utilização de um procedimento que visa à
exposição do sujeito aos estímulos aversivos for necessária, o psicólogo 7deve fazê-la
da forma mais funcional possível. Pode ser interessante que se faça este procedimento
com o intuito de fortalecer outras respostas que produzam reforçadores positivos, Vermes
e Zamignani (2002, p. 140) exemplificam da seguinte maneira:
Um adolescente que goste de futebol e que apresente obsessões de contaminação,
provavelmente seria mais motivado a se envolver [na técnica] usando bola em um
campo de futebol - inevitavelmente sujo - do que a passar a mão na sola dos
sapatos e não lavá-la depois.
Nesse contexto, é oferecida a este sujeito a oportunidade de entrar em contato
com contingências naturalmente reforçadoras, fortalecendo as respostas que este
produziu e enfraquecendo as respostas de fuga e esquiva.
Outro ponto de intensa contraste entre as duas teorias pode ser descrito no
quesito da variabilidade comportamental. O terapeuta behaviorista radical, por acordar
com a seleção por conseqüências, encara a amplitude de variação de comportamentos
como um dado fundamental para o desenrolar do processo psicoterápico. Segundo
este modelo, quanto mais variado for o repertório comportamental de uma pessoa,
maior a probabilidade dela exercer comportamentos funcionalmente mais adaptativos.
Deve-se trabalhar juntamente com o cliente o planejamento de instalação de um repertório
mais variado e que produza um maior número de reforçadores positivos. Uma pessoa
“vivida” tem mais chances de suportar as transformações do ambiente do que uma
pessoa extremamente protegida. Como ela foi reforçada em contingências variadas,
tenderá a se adaptar melhor do que a segunda.
Este ponto de divergência deve ser cuidadosamente trabalhado. Como, nos
artigos consultados, não fora possível encontrar na terapia cognitivista ênfase aos
aspectos da história de vida do sujeito, ela não parece ser capaz de planejar e alterar a
forma como este sujeito se relaciona com o mundo ao produzir seus reforços negativos
(padrão da ansiedade). Alterar a forma com que Luciana encara a sua ansiedade (por
38 Alexandre Q. Brito, Felipe de C. Pimentel, Fabrício de Souza, Carolina O. de Brito e Thais T. Carvalho
exemplo, aplicando-se técnica ACALME-SE) não é condizente ao dizer que se planejou
alterar a relação que ela tem com seu chefe extremamente coercitivo, ou seja, a ênfase
está na resposta, e não na contingência que a produziu. Logo, se a relação aversiva que
ela tem com seu chefe não for alterada, não deixará de ser sensível às punições advindas
do mesmo, por mais que ela exerça o “controle" de sua ansiedade. Neste ponto forma-
se um problem a fundam ental: se Luciana passa a controlar sim plesm ente suas
respostas topográficas de ansiedade, ela terá de apresentar outras formas de lidar com
a relação de trabalho para minimizar as fontes de aversivos provindas deste ambiente;
como não fora trabalhado um padrão de respostas alternativo, é possível que Luciana
continue mantendo a função de suas respostas, ou seja, ela não pode mais ficar ansiosa
no trabalho (topografia), mas pode passar a apresentar obsessão por organização.
Neste aspecto, não foi encontrado na literatura pesquisada referente à terapia
cognitiva, indicação, tópico ou suposição da importância de trabalhar com o cliente os
aspectos de sua variabilidade comporta mental. Além de negligenciar a importância do
trabalho relacionado com o aumento da variabilidade comportamental, não foi encontrado
na terapia cognitiva um enfoque significativo sobre a influência das contingências de
reforçamento positivo na modelagem de novos com portam entos com o intuito de
possibilitar ao sujeito, adquirir repertórios alternativos que visem a extinção dos
com portam entos que lhe causam ansiedade. Para esta concepção, o modelo da
ansiedade é formado pela interpretação errônea que o sujeito faz dos acontecimentos
habituais, logo, a modificação do comportamento dar-se-á por novas interpretações
dos estímulos e não na busca de novos reforçadores.
...ter uma habilidade adequada para prevenir uma ocorrência desagradável não
traz uma possibilidade de sucesso pois essa habilidade pode flutuar de acordo
com o grau de perigo antecipado (e imaginado) das situações, como: “Eu não
posso fazer nada errado, sfe o fizer será uma catástrofe" (Savoia, 2004, p.336).
Para a terapia comportamental, devem-se alterar não as respostas operantes e
respondentes que caracterizam a ansiedade, mas sim a relação de coerção à qual o sujeito
está embutido na atualidade. Se Joaquina tem sofrido devido aos seus estados de ansiedade,
procurar-se-á alterar as relações que produzem este tipo de padrão, reforçando inicialmente
padrões de fuga-esquiva alternativos e posteriormente padrões de reforçamento positivo.
Fica evidente outra diferenciação encontrada na terapia cognitiva em relação à
terapia comportamental, pois essa concepção enfatiza que a ansiedade é evocada
quando a pessoa ansiosa distorce seu pensamento atribuindo significados do seu
contexto não condizente com a sua realidade.
Por exemplo, se um paciente começar a sentir uma pequena pontada em seu
estômago justo antes de começar um discurso e imediatamente pensar "não posso
sentir nenhuma ansiedade", então este pensamento sozinho è suficientemente
capaz de aumentar sua ansiedade (Range e Bernik, 2004, p. 175).
Percebe-se então que, para a terapia cognitiva, as variáveis ambientais que
eliciam respondentes e discriminam operantes não recebem uma atenção especial.
Conclusão
A partir do que foi discutido, fica evidente o fato de que existem diferenças significativas
no tangente à concepção de homem sobre as duas práticas psicoterápicas apresentadas.
Trata-se de abordagens nitidamente divergentes desde suas raízes filosóficas até a extensão
de sua aplicação clínica. A ansiedade foi incluída a esta análise propositalmente enquanto
personagem que está em voga no cotidiano, ou seja, pôde-se ilustrar através deste modelo
t
Sobre Comportamento e Cognição 39
as formas de entendimento do comportamento humano exercida pelos diferentes paradigmas.
O levantamento das divergências encontradas no encaminhamento dado as
m anifestações de ansiedade, mostrou que o entendim ento destas duas terapias
enquanto compatíveis e complementares em suas formas de atuação demonstra uma
notável "incoerência teórica que só pode ser explicada pela ausência de familiaridade
com os pressupostos de uma ou outra orientação” (Costa, 2002, p. 44). Quando existem
pontos em comum nas duas abordagens (especialmente no caso de aplicação de
algumas técnicas), estes não se mostram suficientemente próxim os para justificar
uma igualação con ceitu ai. Enquanto o terapeuta com p o rta m e n ta l embasa sua
intervenção sobre os comportamentos do cliente e suas devidas funções (intervenção
externalista), o terapeuta cognitivista atua deforma consideravelmente diferente, focando
atenção sobre os conteúdos cognitivos ( intervenção in te rn a lis ta ) e as variáveis
encobertas. É importante demarcar a cautela que se deve ter ao atuar de acordo com
uma abordagem internalista, pois, segundo Zamignani e Banaco (2005, p.80),
... a atenção privilegiada que este tipo de estratégia dispensa às variáveis de
natureza encoberta (ansiedade, obsessões) pode ocultar o papel de outras variáveis
ambientais relevantes.
Contudo, apesar destas diferenças teórico-conceituais, viu-se também que
existe grande integração entre as duas abordagens tanto no cenário acadêmico quanto
no contexto clínico. Pode-se dizer que compreender o motivo de tamanha aproximação
entre elas é um fato um tanto quanto curioso, visto que o behaviorismo radical adota
uma postura enfática contra as explicações mentalistas.
A título de conclusão, vale ressaltar que de maneira alguma é objetivo deste
artig o d e sco n sid e ra r a re levâ ncia de nenhum a das p ro p o s ta s p sicoterá pica s
apresentadas, apenas propiciar novos debates que promovam um solo mais consistente
e coerente para ambas as teorias.
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' Mestre em Análise do Comportamento pela UEL-Universldade Estadual de Londrina. E-maü' iedabertola@botmail.coni
’ Docente do programa de mestrado em Análise do Comportamento da UEL-Universidaòe Estadual de Londrina. E-ma3: maur8@uel.br Texto
referente a curso ministrado no XV Encontro da ABPMC corn o Ululo Avanços nas análises dos efeitos comportamentais daa contingências
aversivas. Trabalho financiado pela Capes
2. 1 Reações emocionais
De acordo com Skinner (1953/2000), na contingência de punição, quando um organismo
apresenta uma resposta seguida por estimulação (conseqüência), cujo efeito suprima ou
reduza temporariamente a probabilidade de ocorrência do comportamento, ele normalmente,
também, pode reagir à estimulação de maneira respondente, ou seja, pode apresentar reações
emocionais que interferem na ocorrência do comportamento, cessando-o.
sRepertóriocfcazfvxle ser entendítio otxtto a probabilidade, relativamente alta, de comportamentos de i*m indivíduo prodiizlrtento
possibilidades cie reforço para comportamentos do pniprio indivíduo, quanto originar condições que aumentem as chances de sobrevivência
dc práticas culturais relevantes para a solução de problemas sociais (Skinner, 1972/1975; 1971/1577]
4. 2 Comportamento de enfrentamento
Para Lipp (2006), o comportamento de esquiva é, em princípio, extremamente
adaptativo. Porém, para ele ocorra, se faz necessário algum contato com estimulação aversiva.
Lipp (2006) afirma que comportamentos de esquiva favorecem a aprendizagem de
comportamentos de enfrentamento, imprescindíveis no dia-a-dia das sociedades modernas.
Hayes (1987) e Kohlenberg & Tsai (2001) defendem que a exposição do indivíduo a certas
contingências aversivas é necessária, para que o indivíduo aprenda a tolerar e a enfrentar
situações variadas da vida diária, nas quais a estimulação aversiva é inexorável. Assim, para
esses autores, os efeitos indiretos do controle aversivo não podem, necessariamente, ser
evitados, uma vez que a aprendizagem de comportamentos de enfrentamento depende,
necessariamente, de um mínimo de contato com a estimulação aversiva. Para os autores, a
estimulação aversiva tem como uma de suas funções principais mobilizar o organismo para
a ação, sendo isto extremamente adaptativo para o organismo e imprescindível para se
ensinar comportamentos clinicamente relevantes, como, por exemplo, resolver problemas.
4. 3 Resolução de problemas
Para Skinner (1966/1969; 1953/2000), um indivíduo apresenta um problema
quando está motivado (seja por privação ou pela presença de estimulação aversiva) para
responder de determinada maneira, mas em função das variáveis ambientais com as
quais se defronta, seu responder está impossibilitado. Gongora (2003) afirma que a
resolução de problema pode incluir muitas respostas que deveriam ser emitidas para
produzirem a condição necessária para a emissão da resposta final, a qual solucionaria
o problema. Desse modo, o comportamento de resolver problemas implica a manipulação
do ambiente peto indivíduo de modo a produzir as condições necessárias para a
apresentação da resposta final. Portanto, o contato com a situação problema pode ser
interpretado como um contato com estimulação aversiva e as respostas de manipular o
ambiente podem consistir em respostas de esquiva, pois eliminam a fonte de estimulação
aversiva (situação problema). Essa interpretação do com portam ento de solucionar
problemas, como um processo de esquiva, parece pertinente, uma vez que as respostas
que alteram o ambiente, "removem” os obstáculos que impossibilitam a ocorrência da
resposta final. De acordo com Skinner (1972/1975), comportamentos de esquiva podem
garantir uma variedade de respostas, que tende a favorecer a solução de problemas.
Cabe enfatizar, porém, que este contato não pode paralisar o indivíduo, uma vez
que, se isto ocorresse, o problema não poderia ser solucionado. Neste caso, deve
haver, ao mesmo tempo, tolerância e apresentação de respostas diversas para que
pelo menos uma delas remova a estimulação aversiva, a saber, a situação problema.
Pode-se considerar, ainda, que uma vez removidos os obstáculos, a apresentação da
resposta final, anteriormente inviável, produz reforçadores positivos.
5. Considerações finais
Com o objetivo de ampliar a análise sobre o controle aversivo do comportamento,
neste ensaio, procurou-se demonstrar que seu estudo pode “ ir além” das definições
operacionais (do reforço negativo e da punição) e dos seus subprodutos indesejáveis
predominantemente examinados na literatura da área. Com a apresentação das definições
operacionais das contingências aversivas procurou-se demonstrar a necessidade da análise
do controle aversivo não se limitar apenas à compreensão dos seus efeitos diretos, uma
vez que as principais críticas e questionamentos são direcionados aos seus subprodutos.
Os aspectos analisados indicam que os subprodutos do controle aversivo podem
ser, não só indesejáveis, mas, em certas circunstâncias, desejáveis. Estudar tais
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O que é o Coaching?
O coaching é um tipo de prática profissional que envolve diferentes abordagens
teóricas, conceitos, estruturas, processos, ferramentas de trabalho e instrumentos de
medição de resultados. Recentemente, o termo também tem sido usado para designar
um estilo de liderança nas organizações.
Existem muitas definições de co a ch in g na literatura, por exemplo, a descrita
por Killburg (2002) onde afirma que o coaching é um relacionamento de auxílio formado
entre um cliente, com autoridade e responsabilidades gerenciais dentro de uma
organização, e um consultor. A encontrada em publicação da HBSP (2004) onde o coaching
é visto como um processo interativo utilizado por gerentes e supervisores com o objetivo
de solucionar problemas de desempenho ou desenvolver competências profissionais
(HBSP, 2004), e a de Ting e Scisco (2006) que afirmam que o coaching diz respeito à
facilitação da aprendizagem, da mudança e do crescimento.
Definido de um modo genérico o coaching é um processo de aprendizagem e
crescimento, individual ou grupai, onde o coach, de forma confidencial e ética, oferece
ao(s) cliente(s)1 uma oportunidade única de descobrir(em) suas limitações e maneiras
de superá-las. O coach é o condutor de todo esse processo, mas o cliente é o alvo e a
razão das suas intervenções.
Existem também muito modelos e formas de coaching , dentre os mais conhecidos
estão o modelo GROW, o transformacional, o de auto-desempenho, o do jogo interior; o
modelo Achieve; GCP (o Processo de Coaching Goldsmith), o ontológico, o executivo, o
coaching baseado em evidências, o construtivista e o coaching comportamental (Krauz,
2007; Serey, 2004; Minerva, 2004; Grant, 2003 e Zeus & Skiffington, 2002).
O que há de comum entre todos esses modelos é que no processo de coaching
se busca compreender os estágios atuais do indivíduo ou da equipe, dos estágios que
deseja alcançar, trançando-se ob je tivos pontuais a serem atingidos através de
estratégias e possibilidades definidas conjuntamente com o(s) cliente(s).
Quem é o Coach?
O termo coach cfesigna o profissional que, oriundo das mais diferentes áreas de
conhecimento, como a psicologia, a educação, a administração, a economia, a medicina, e
até mesmo áreas de engenharia e tecnológicas, busca formação teórico-conceitual-Zeus, P;
1Também tem sido utilizado o termo c o a d tm e coochado para designar aquele que recebe o treinamento.
O processo de coaching
Enquanto processo, o coaching tem começo m eio e fim. Tudo começa com o
"convite” do cliente, equipe ou da empresa e o aceite do coach. A partir daí se estabelece
um v in c u lo profissional, onde o coach presta o serviço de “treinam ento” ao(s) seu(s)
cliente(s). O desenvolvimento do trabalho se dá por meio de encontros ou sessões, que
são previamente acertadas entre as partes. As sessões podem ser individuais ou em
grupo (dependendo da demanda) e são realizadas em local apropriado. Pode ser na
em presa, e s c ritó rio ou sala e sp e cia l para este fim , o im p o rta n te é g a ra n tir a
confidencialidade, segurança e ética durante o encontro. Dependendo das condições
de contato entre as partes também se lança mão de modalidades de coaching por meio
virtual, vídeo ou web conference, Internet (e-mail, Chat, programa de conversas tipo
M essenger, goo gle talk, S kyp e , ICQ, etc.) e por telefone.
O número de encontros, e a duração dos mesmos, pode variar para cada
objetivo estabelecido. Aconselhamos algo em tom o de uma a duas horas de encontro,
para indivíduos quanto e de três a quatro horas para grupos e equipes. Normalmente,
os encontros são sem anais, mas tam bém podem ser q u in zena is ou m en sais. O
importante é estabelecer regras bem claras e aceitas pelas partes.
Apesar da diversidade de modelos é técnicas, o processo tradicional de co a ch in g
segue mais ou menos um formato padrão (ver quadro 01). O ciclo de cada sessão
cumpre etapas que se repetem no processo como um todo. Por isso, é importante que
as sessões comecem e term inem com definições claras de possibilidades, m etas,
ESTÁGIO FOCO
1. Eslabelecer a Construção de confiança.
relação coach- Para isso, escute, rrie empatia e espfilfie de volta para o cliente o que está
clienlc percebendo. Busque entender o cliente e suas necessidades.
2. Formular o Definição do que faz e do que não faz parte do acordo.
acordo de Estabeleça e formalize as expectativas mútuas em relação ao processo.
Coaching
3. Focar na visão Focalrzação no futuro que o cliente almeja.
de futuro e não no Descubra o propósito e as qualidades do cenário que o diente deseja construir.
problema NBo dê ênfase ao que não está funcionando, construa s visio fu lu ra
4. Constmir um Desenvolvi monto de plano ou planos estratégicos voltados para o futuro.
cenário de Crie metas centradas no cliente e os passos a serem seguidos de acordo com a
mudança escala detempo definida peloeliente.
5. Resistência à Diminuição de resistência.
mudança Quando as metas tornam-se mais próximas de ser alcançadas é oomum que o
díente lenha dificuldades de continuar e cnconlre vários obstáculos. Náo é
papel do coach remover os obstáculos, mas estimular o cliente a fazer isto e a
tornar-se responsável pelas ações que conduzem ao alcance da meta. A
palavra chave aqui ó cooperação.
6. Desafiar, Associação de senso de propósito com a visão do resultado esperado.
investigar e Explore possibilidades e oportunidades. Desafie as zonas de conforto.
confrontar
7. Detalhar o novo Detalhes, tempo, pnoridades, integração e revisão.
cenário e Vaíide, reveja, revise e amplie o plano osfratégico.
aprofundar
relacionamento
9. Finalizar o CelcbíO os resultados atingidos pela interação.
relacionamento Valide e fortaleça o cliente pelo resultado atingido.
formal e iniciar a
fase de
acompanhamento
O coaching comportamental
Existe um modelo de coaching autodenominado de Coaching Comportamental
proposto pelo Behavioral Coaching fnstitute, empresa sediada nos estados unidos.
Mas este modelo não tem nenhuma ligação com a Análise do Comportamento e sua
fundamentação filosófica e epistemológica, o behaviorismo radical.
Na definição deste instituto Behavior based Coaching seria uma abordagem
científica através da qual a prática profissional é capaz de ser justificada em termos de
evidências baseadas na metodologia clinica e pesquisa organizacional, avaliação e
utilização de achados sistemáticos de pesquisas para apoiar as decisões acerca da
prática (Zeus & Skiffington, 2002 e 2004). Ainda segundo estes autores o termo coaching
comportamental é utilizado para distinguir a prática baseada em provas cientificas de
outras, que segundo eles são baseados em “achismos" e crenças.
No que diz respeito às premissas do coacnhing comportamental concordamos
com o pessoal do BCI, por exemplo, quando defendem que as ciências comportamentais
aplicadas se baseiam em mais de meio século de pesquisas e fornecem um método
confiável para entender e intervir no comportamento de profissionais. Mas suas opções
conceituais e epistemológicas diferem frontalmente daqueles defendidos pela análise
do comportamento e o behaviorismo radical.
Para Zeus & Skiffmgton (op. cit) principais defensores e divulgadores do “coaching
com portam ental" o com portamento equivale às ações das pessoas as quais são
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Objetos de estudo
Skinner, no livro Ciência e Comportamento Humano (2003), apresenta o
comportamento como seu objeto de estudo. É importante ressaltar que, para Skinner,
comportamento não é aquilo que o organismo faz, mas a relação entre a ação do
organismo e o seu ambiente (físico e social). O comportamento será o objeto de estudo
na medida em que o entendamos como relação. Na Análise do Comportamento, as
relações estudadas se darão entre a ação do indivíduo, o contexto em que a ação ocorre
e suas conseqüências. A interação entre esses três elementos forma a unidade de
investigação postulada por Skinner: a contingência de reforçamento.
Para sua interpretação da realidade histórica, Weber utiliza o conceito
fundamental de ação social. Para Weber, a ação é ligada a um sentido - uma significação
subjetiva - e se dirige a e!e. Assim, entre as ações com sentido está a ação social.
Weber definiria uma ação social como:
“(...) uma ação na qual o sentido sugerido pelo sujeito ou sujeitos refere-se ao
com portam ento de o u tro s e se orien ta nela na que d iz re sp e ito ao seu
desenvolvimento.’' (1992, p.400).
Para Skinner (2003), comportamento social é comportamento de duas ou mais
pessoas uma com a outra ou em relação a um ambiente comum. Critica as teorias que
dizem de “forças sociais” ou “pensamentos do grupo”, argumentando que é sempre o
indivíduo que se comporta e que o comportamento do indivíduo explica o fenômeno do
grupo. Isso nos deixa claro que Skinner e Weber concordam com o recorte que deve ser
feito ao estudar a sociedade. Em Weber o objeto de estudo não é definido como o grupo
social, força social, ou qualquer outra referência coletiva, mas o ponto de partida da
análise da sociologia é dado pela ação orientada a outros. Da mesma forma, Skinner
defende que para estudar o episódio social, devemos analisar o comportamento do
indivíduo que é controlado pelo outro.
" O termo 'causalidade* não seria o mais Indicado para òescrewer a proposta skinneriana, mas foge aos objetivos desse trabalho nos
debruçarmos numa análise mais aprofundada. Para máores delalhes sobre o assunto, cf. LAURENTI (2006).
1Como destacamos, os analistas Do comportamento usam a interpelação enquanto recurso pera o estudo da sociedade. Entrelanto, pelo fato
deesla Interpretação ter de estar necessariamente atrelada aos princípios estudados em laboratório, è raro o uso, por parte dos analistas do
comportamento, de Interpretações pruvindas de métodos de pesquisa quditativos.
* A estatística e a economia talvez possam ser consideradas as principais lomeoedoras" de métodos de pesquisa para a sociologia. A
evidência disso è o crescente aumerrlo dos estudos de caréter quantitativo em dândas sodals, principalmentefazendo uso de íécnicss de
pesquisa estatísticas. No que diz respeito à econotnia, vale ressaltar o fato de que, na sociologia e na ciência política, um método de
investigação que tem ganliado muito espaço í a teoria doa Jogos, que iomeoe modelos matemáticos de grande utiídade para a
operacionalização de certos estudos nas ciências sociais. Acreditamos que um Intercâmbio semelhante poderia ser feito envolvendo a análise
do comportamento, gerando resultados tão significativos quanto os que têm proporcionado 6 estatística e a economia
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Santo André: ESETec Editores Associados.
1É importante ressaltar que, para Weber, o posiaonamenlo do cienlista (rente aos resultados do sua pesquisa, dizendo o que poderia ser
feilo a partir deles em prol do desenvolvimento sodal. ê desaconselhável da ponto de vista ético Esse empreendimento pode ser assumido
enquanto tarefa de um agente político, mas não do cfenüstó Quando o dentista sodal organiza urna ação que pretende apícar o
conhecimento produzido, deixa de ser cientista e passa a ser político. Skinner nào via maiores barreiras para o envolvimento da cientista em
taretas de interwnçâo e afirma {1977, p . 8 ) : ) precisamos alterar considerável mente o comporta mento h umano’ Essa é uma polêmica que
mereoe ser melhor discutida
' Trabalho financiado pela Fapesp como parte da elaboração do projeto temático, processo n°. 0309928-4 e através de bolsa de doutoramento
pela mesma agência de fomento processo n904/05480-1.
! Psicóloga e Doutoranda no Programa de Pós-gradue<^la em Filosofia do Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências ds
Universidade Federal de São Cartos - UFSCar. Endereço para correspondência: camuchon@hotmaif.com
’ Professor do departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sào Carkjs - UFSCar. Endereço para correspondência
jakxxterose@yahoa.com.br
“Contingências entrelaçadas de reforço envolvem o comportamento considerado sodaL Nesse caso o comportamento de um indivíduo pode
passar a tef a função de estímulo discriminativo ou de consequência para o comportamento de outro indivíduo e vice-versa. A partir da
definição de comportamento social de Skinner (1953), Glenn (19Ô8.1991) defende que em contingências entrelaçadas de reforçoo
comportamento do Indivíduo teria tanto o papel de ação. como o de ambiente (para o comportamento de outros). Esse ‘duplo papefque o
comportamento dc cada Indfviduo desempenha nos processos sociais define as “contingências entrelaçadas de reforçamento".
sA metaconíngêncJa ê uma unidade de análise que envolve uma prática cultural em suas infinitas variações e os produtos agregados òe tais
variações (Glenn. 1988).
“ Em seu sistema étioo Skinner (1971 /20Q2) defende que o oomporfamenfo humano pode produzir três tipos de "bens' ou de valores: c *bem*do
>icfr.' (duo, o "bem" dos outras e o 'bem’ da cultura. Esses bens estão relacionados oom as conseqüências do comportamento. Simpllflcadamenle,
bens pessoais sáa aqueles que reforçam positivamente o comportamento de quem os produe. O comportamento que produz o "bem" dos outros
é aquele que produz conseqüências reforçadoras para as outraspesáoas, ou rémove retorçadores negativos relacionados ao comportamento de
outras pessoas, esse comportanento émantido por relações de reforçamento recíproco. Os comportamentos <JJeproduzem o bem da cütura
são aqueles que ao constituírem uma prática cultura fortalecem a cultura no sentido de tomá-la mais apta a restiver seus problemas. Assim, o
bem da cultura pode ser identificado com o fortalecimento e a sobrevivência da cultura em questão
3. Considerações finais
Propor um planejamento cultural baseado na teoria skinneriana implica em
compreender o processo de evolução cultural e, dentro disso, compreender como as
práticas culturais surgem e evoluem e que tipo de conseqüências elas produzem. Um
planejamento de acordo com essa perspectiva visa à sobrevivência da cultura, ou seja,
tem como critério de avaliação para a implementação ou manutenção de práticas o valor
primordial da filosofia moral de Skinner: o bem da cultura. Além disso, defendemos que
esse planejamento visa o equilíbrio entre o bem estar dos indivíduos e o bem da cultura.
Questões referentes ao conceito de liberdade tratadas pela teoria de Skinner
sugerem que para que uma cultura seja forte (no sentido skinneriano) seu planejamento
não busca apenas a “liberdade" de controles aversivos, nem a “liberdade" do controle
positivo com conseqüências aversivas postergadas, O planejamento cultural visa
primeiro, a identificação de todas as formas de controle do comportamento humano e,
posteriormente, o planejamento de contingências que controlem o comportamento dos
indivíduos de forma a favorecer o bem do indivíduo concomitante com o bem da cultura.
Deve-se pesquisar, portanto, que tipo de conseqüências os operantes, que constituem
as práticas de uma cultura, estão produzindo. Essas conseqüências devem favorecer o
fortalecimento da cuitura sem implicar sacrifícios ao indivíduo.
Uma cultura de “liberdade’' nos moldes skinnerianos vai “além da liberdade” (no
sentido tradicional): Que não será o de libertar os homens do controle, mas analisar e modificar
os diversos tipos de controle a que eles encontram-se submetidos (Skinner, 1971/2002, p, 42).
Referências
1Endereço para correspondência' Universidade Federei de Mato Grosso do Sul, Curso de Graduação em Psicologia. Av. Durval Rodngues
Lopes, n° 500. Centra, CEP TO500-000, ParanaibaA^S. Endereça eletrônico. caelopcs@te(ra com.br
2O terTTX)'fisicalisnKi' é empregado neste ensaio mais ou menoa no mesmo sentido proposto por Carnap (1932-33/1959), ooeno uma defesa da
pnondade da linguagem da Fisica no estudo dos fenómenos da natureza, irtduindo os fenômenos psicológicos No entanto, enquanto Carnap
tenta manter-se no nível eslrilamente eplstemotógco, argumentaremos, aqui, que é possível estender a concepção fisicalista até o òomlrlo
ontológico, defendendo, assim, que tudoé de natureza fisica. “ '
1Vale ressaltar que em alguns momentos de sua obra. Skinrwr parece defender ume concepção fisicalista de estímuto (d. nota 3). No
entarlo, isso não desiegitima a presente interpretação, uma vez que não estamos em busca da 'interpretação verdaderá, mas apenas de uma
interpretação plausivel. Nesse sentido, admrte-se
que tanto o interpretação fisicalista, quanto a pragmatista sSo plausiveis e a escolha por uma delas deve pautar-se petas oonseqüèndas
produzidas pela adoçáo de cada uma. (Para unta discussão sobre interpretação verdadeira versus interpretação
plausivei vw Lopes (2005))
Conclusão
A discussão apresentada sobre o conceito de estímulo nos leva a concluir que,
pelo menos em relação a esse assunto, um posicionamento satisfatório pede uma
discussão ontológica (sobre o que existe, e sobre a natureza dos entes). Como
conseqüência, podemos dizer que diferentes posicionamentos ontológicos conduzem
a investigações epistemológicas distintas.
No caso da Psicologia, o Fisicalismo, entendido como um posicionamento
ontológico, conduz à defesa de uma epistemologia ''fraca”5, o que quer dizer que uma
investigação comportamental é incapaz de falar sobre a verdadeira natureza dos fenômenos
psicológicos, ficando essa tarefa destinada a ciências naturais mais “maduras”. Isso culmina
em uma perspectiva reducionista, que defende que o comportamento deve ser compreendido
como mero “sintoma" do funcionamento físico do organismo (o que, geralmente, é
identificado com o funcionamento do sistema nervoso). Dessa forma, se alcançarmos uma
investigação física, ou nesse caso fisiológica, suficientemente desenvolvida, ela substituirá,
sem nenhum prejuízo, qualquer explicação comportamental.
Já o relacionismo, admite que o campo da investigação epistemológica
harmoniza-se com a ontologia (imanentismo). Dessa maneira, passamos a defender
uma epistemologia “forte", pois quando estudamos o comportamento, não estamos
lidando apenas com a aparência dos fenômenos psicológicos; os fenômenos
psicológicos são de natureza comportamental. Conseqüentemente, o reducionismo
fisicalista não pode ser defendido: não importa quão a Fisica ou a Fisiologia avancem,
suas explicações nunca poderão substituir uma análise funcional.
Referências
4O prôpno Skinner (1953), cm alguns momentos, parece fiRar-se a essa vtsão; ’ Qual é a esüutura òo mundo que vemos, ouvimos, tocamos,
cheiramos e degustam os7 Não devemos pré-julgar esses eventos a partir de seus efertos sobre o organismo, Eles devem ser descritos nos
termos usuais da fisica da luz e do som, da química dos odores ou das substâncias com goslo, e assim por diante‘ (p. 130).
* As expressões 'epistemotogia fraca' e ’forte' são definidas, aqui. em relação à ontologia. Portanto, o presente emprego nâo deve s p r
confundido com outros usos
encontradas na filosofia da dêocia (Para discussão de um outro tipo de uso desses termos ver AMb (1996).)
Carolina Laurenti1
UFSCar
1bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Pauto (FAPESP); endereço eletrônico' carolinapsicokxja@hotmsH.corn
JInstrumentalismo é considerado uma versão do pragmatismo elaborada por John Dewey. Como um pragmatismo, o instrumentalismo
compartilha da concepção instrumental de verdade jamesiana. Por outra lado, apresenta Igumas
diferenças. Por exemplo. James enfatiza o aspecto moral da teoria: "ele [JamesLcansiderou ooncepções e teorias puramente como
instrumentos que podem servir para constituir fatos futuras de uma maneira especifica. Mas James dedicou-se, primariamente, aos aspectos
morais da teoria (. ..). Ele nunca tenlou desenvolver uma teoria completa das formas ou "estruturas" ou das operações lógicas que são
fundadas sob sua concepção" (Dewey, l922/19S1.p 51) Por outro tado, o instrumentalismo de Dewey destaca o aspecto lógico: “0
instrumentalismo é uma tentativa de estabelecer uma teona lógica dos conceitos, de julgamentos e inferências em suas várias formas, ao
considerar, primariamente, como o pensamento funciona nas determinações experimentas das conseqüências futuras” (p 51).
3Metáfora sugerida por Cacioppo. Semin & Bemlson (2001, p. 214).
4Isso tea ciaro no seguinte comentario de Poppet (1970M98S) sobre sentido òa realismo aeritífioo 'n pror^imonto quA adotamos pode nos
levar ao sucesso, no sentido de que teorias conjecturais tercem progressivamente a nos aproximar da verdade, isto è, a descrições
verdadeiras de certos fatos, ou aspectos da reaüdsóa *(p 222).
1 0 2 Carolina Laurenti
considerada verdadeira. Se não cumprir essas tarefas, declara-se a falsidade da teoria
Em termos metafóricos, podemos dizer que uma inquisição judiciosa de Proteu
é valorosa, ou verdadeira, não porque ela revela a suposta essência de Proteu (uma
verdade absoluta), mas porque produz conhecimento que ajuda a resolver os problemas
dos seus inquiridores. Em vista disso, as múltiplas identidades que Proteu poderia
assumir não podem mais ser encaradas como mera aparência. Pelo contrário, cada
identidade é considerada como uma identidade verdadeira, se as conseqüências de
assumir tal identidade forem úteis. Nesse sentido, para o instrumentalismo, a descoberta
de uma suposta identidade verdadeira é o meio para alcançar determinados objetivos,
e nunca um fim em si mesmo. Em última análise, podemos dizer que o avanço científico
não depende de uma realidade última, mas das conseqüências de sc fazer ciência.
Seguindo a metáfora, podemos examinar algumas relações entre teoria e realidade,
em uma perspectiva behaviorista radica!, indagando: com que objetivo Skinner iniciaria um
diálogo com Proteu? Seria com o propósito de revelar a real identidade do demônio dos
mares? Ou Skinner manteria uma conversa acalorada com Proteu simplesmente porque
tal diálogo o ajudaria a resolver algum problema específico? Em suma, qual é a concepção
de teoria adotada pelo behaviorismo radical? Não é fácil encontrar respostas prontas e
definitivas para essas questões, uma vez que o texto skinneriarto abre o flanco para inúmeras
interpretações controversas. A despeito de eventuais ambigüidades do texto skinneriano,
que contribuem inclusive para sustentar interpretações realistas de alguns conceitos da
análise do comportamento (cf. Tonneau, 2005), argumentaremos, nesse texto, a favor de
uma concepção instrumentalista de teoria científica, na perspectiva behaviorista radical.
Conclusão
Tendo indicado alguns aspectos da filosofia dà ciência skinneriana que sugerem
uma compatibilidade entre sua concepção de teoria científica e a interpretação
instrumentalista-pragmatista, voltemos a mitologia grega. Consideremos que o oráculo
seja o objetivo da ciência (conseguir uma explicação verdadeira, uma predição, ou algo
do gênero), Proteu a natureza ou realidade, e o interlocutor o pesquisador ou cientista.
Do ponto de vista da interpretação realista das teorias científicas, o oráculo só será
obtido mediante a descoberta da rea! ou verdadeira identidade de Proteu. No contexto
cientifico, isso significa que uma explicação ou teoria verdadeira só será alcançada
quando descobrirmos ou desvelarmos uma realidade imutável e absoluta. Lembremos
que, na perspectiva realista, verdade é correspondência com a realidade.
A meta de desvelar a real identidade do demônio dos mares certamente tomaria
o diálogo com Proteu fervoroso e entusiástico, pois nos encorajaria a aperfeiçoar nossas
técnicas de argumentação, nos tornando interlocutores perspicazes. Da mesma
maneira, supõe-se que a crença na realidade última estimularia o pesquisador a réfinar
cada vez mais suas teorias, métodos e técnicas de cálculo, incentivando o cientista a
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Considerações Finais
O ciúme romântico é um fenômeno extremamente comum (Mullen & Martin, 1994),
contudo, ainda pouco estudado, a despeito de sua importância clínica (Costa, 2005; Leite,
2001). O presente trabalho teve como objetivo abordar o tema do ciúme romântico a partir de
um dos modelos cognitivos encontrados na literatura, de modo a apresentar resultados
encontrados em um estudo inédito que verifica a função das crenças neste fenômeno.
Deste modo, foi apresentado um estudo realizado por Carvalho e Kebleris, que
entre outros objetivos, visou realizar uma análise de crenças nos fatores de ciúme romântico.
Os resultados indicaram que o ciúme romântico parece estar relacionado com “crenças de
Referências
124 André Amaral Bravin, José Eduardo Pandossío e Alessandra Rocha dí Albuquerque
comportamentaí passou a ser um interesse de investigação empírica de um grupo de
pesquisadores no laboratório de psicobiologia de Harvard. Essa foi uma das principais
contribuições de Peter B. Dews, Roger T. Kelleher e William H. Morse, autores que
traçaram os principais alicerces dessa nova disciplina (Barrett, 2002).
Em 1955, Dews publica um trabalho considerado por muitos (Barrett, 2002, 1984;
Blackman & Pellon, 1993; Branch, 2006, 1991, 1984) como o marco histórico da
farmacologia comportamenjal. Esse trabalho consistiu em avaliar a ação de diferentes
doses de um mesmo agente farmacológico em um mesmo sujeito experimental que era
submetido a diferentes esqúerriáè de, reforçamento conseqüenciados pela apresentação
de alimento. Nesses termos, D'ew_s (1955) avaliava a hipótese explicativa de que fármacos
atuavam sobre estados emocionais subjacentes aos comportamentos. Uma vez que
escolheu esquemas de reforçamento distintos, porém com o uso de alimento como
reforço, presumivelmente a diferença dos estados emocionais subjacentes ao
comportamento não era uma variável do estudo (essa permanecia constante) e sim, o
esquema de apresentação do reforço. Ou seja, se ocorressem diferenças na resposta do
animal dada a administração de um fármaco, essa diferença só poderia ser atribuída ao
esquema de reforçamento ou a taxa de resposta que dele derivava.
Para tanto, Dews (1955) treinou pombos privados de alimento a bicarem um
disco que funcionava em um esquema FR2 50 ou FP 15 min. de apresentação de
comida, os quais geravam respectivamente alta e baixa taxa de resposta. Uma vez
atingido o desempenho estável nesse esquema, foram feitas sessões de teste, onde a
injeção intramuscular de diferentes doses (0,25; 0,5; 1,0; 2,0; 4,0 e 5,6) de pentobarbital
ou salina eram realizadas. Os resultados de Dews (1955) apontaram mudanças no
responder em comparação à linha de base (que constituiu na medida da taxa de resposta
do animal sob efeito da administração de salina) após a injeção do pentobarbital
(principalmente nas doses de 1,0 e 2,0 mg/kg). Sob efeito dessas doses, o responder
no esquema de Fl (esquema que produz naturalmente baixa taxa em estado estável)
teve sua taxa reduzida, ao passo que durante o esquema FR (esquema que produz
naturalmente aita taxa em estado estável) teve sua taxa aumentada. Uma vez que o
efeito das mesmas doses de uma mesma droga promoveram (em um mesmo
comportamento de um mesmo animal, mantido pelas mesmas conseqüências)
alterações diferenciadas em função de como os reforçamentos foram esquematizados,
conclui-se que variáveis ambientais poderiam modificar a forma como a droga influencia
topográfica ou funcionalmente o comportamento. Esse trabalho é amplam ente
reconhecido como o pioneiro na demonstração do efeito esquema-dependente de
drogas (Barrett, 2002, 1984; Blackman & Pellon, 1993: Branch, 2006, 1991, 1984).
De fato, o trabalho de Dews (1955) marca o inicio da farmacologia comportamentaí
dada a metodologia utilizada por ele, bem como o achado empírico decorrente desse trabalho.
3Esquema de Razão Fixa (Ftxed Rabo- FR): Esse esquema especifica o número de resposlas que deve ser emitida para um reforçamento
ser apresentado, desde a úHima entrega do estímulo reforçador Exempk): em um esquema de razão fixa de cinqüenta respostas (FR 50). a
próxima apresentação do eslirnukj reforçador soroenle ocorrerá após a qíiinqüagésirna pressão à barra efetuada por esse animal. Mudanças
induzidas na taxa de resposta produzirão grandes mudanças no número de reforços entregues, uma vez que os reforços existem em *jnçáo
do número de pressões executadas pelos animais. Logo. o r»'nnero rte re.ítvçfis a &Rf entregue nesse contexto depende exclusivamente da
performance do sujeito (Catênia, 1999).
’ Esquema de Intervalo Fixo {Fixed tnve/val- Fl): Esse esquema especifica que o reforço será
apresentado seguindo a primeira resposta emitida após um dado período de tempo que permanece fixo (constante). Exemplo: em um
esquema de intervalo fixo de quinze minutos (Fl 15 min), a próxima pressào a barra desse animal somente será seguida de reforço, desde
que tenham se passado quinze minutos. Qualqiter mudança induzida na taxa de resposta n&o produzirá grandes modanças no número de
reforços entregues, uma vez que os reforços requerem uma única resposta apó&.urn intervalo de tempo especificado ter s t passado, ou seja,
o número de reforços a ser entregue nesse contexto depende - somente em certa medida - da performance do sujeito; basta uma única
resposta no momento certo, para se t£r acesso ao reforçamento (Catânia 1999)
Década de 60
Tomou-se claro que o efeito de qualquer dose de droga depende da natureza
do comportamento que, por sua vez, depende do esquema de reforçamento que o
mantém (Blackman & Pellon, 1993). O conceito de uma curva dose-resposta taxa -
dependente traz princípios da análise do comportamento e da farmacologia,
desacreditando a possibilidade de prever o efeito da droga baseado meramente em
sua linha de base ou dose, mas apenas no contexto de interação destas duas grandes
* Essa metodologia traz atgumas pecuiiardades que são aportadas como vantajosas pera o estudo da farmacologia coniportamenlal Além
de possibilitar o estudo em um número reduzido de animais e propiciar o registro automático do comportamento, contingências de
reforçamento restringem a vartablidade e apenas um animal, tento em uma única sessão, quanto ao longo de várias sessões Essa linha de
base funciona como o controle na metodologia de sujeito único. O animal como controle de si mesmo exdul a veriabiRdade intra-sujerto
aumentando a sensibilidade do experimento inclusive a variáveis farmacológicas (Blackman & Pellon. 1993. Todorov, 1981) Para aprofundar
sobre metodologia de sujdto únioo ver Sidman (1960). Johnston e Pannypacker (1993).
4 Farmacologia Comportamental
6T-1
s brancfi of biological science that uses the tools and concepts o f experimentalpsycMogy and pharmacology to explore the behaviors! actions
o f drugs. The kxstsofexperimBatat psychology can, forpmsgntpurposas.becharzcterizedbyffiephrBSe "behj-tKxv!conirvt techniques'. The
principal toots'ofpharmacology ara drugs Thus, whether one a interostdd in controlling be/iavror lo de/inaats a cinjg's action or in using
drugs to analyze behavioral processes, the analysis falls in io the realm o f behavioral pharmacology" (pp 1-2)
Década de 70
A partir da segunda metade da década de 1970 houve um aumento das
publicações envolvendo os mecanismos comportamentais de ação e esses estudos
mostravam os limites da proposta taxa - dependente. Como exemplo, tem-se um
difundido estudo de Barrett (1976), onde o autor ensinou macacos privados de alimento
a responderem a um esquema múltiplo Fl 5 min de apresentação de comida ou esquiva
de choque. Seu experimento, portanto, mantinha equivalente o número de respostas
dos animais, só alterando a conseqüência para o responder. Ao delinear o experimento
dessa maneira, o autor mantinha a taxa de resposta equivalente para os animais de
maneira tal que essa não poderia ser entendida como uma variável no estudo; a taxa de
resposta mantinha-se constante em todas as condições experimentais. Portanto, se
alguma alteração no comportamento ocorresse, essa alteração não poderia ser atribuída
à taxa de resposta, e sim a variável manipulada, a saber, a conseqüência da resposta.
Segundo o pressuposto da taxa-dependência, uma vez que o experimentador mantinha
a taxa de resposta constante nos animais e que essa taxa de resposta era equiparável
' • A técnica de b/nding, ou lécnlca do Sgartte marcado, conjisle em um prooedlmento de auto- radiografia onde expõe-se faias do teddo oerebral
a uma solução contendo ligantes radoativos para um receptor específico. Posteriormente, lavam-se essas fatias de meneira que as únicas
substâncias radioativas que permanecem nesse preparo são das maíèctias dos Itgsntes marcados radloafivamentB em seus respectwos
receptores. Feito isso, utiliza-se o processo de suto-radografia para localizar os ligantes radioativos e, assim, seus receptores (Carison, 2002).
11 Agonista é Ioda droga que contribui com a ação de um determinado neorotransmissor. O GABA (áddo ^ama-amino^xitlrico) é um
neurotransmisaor que possui, em grande parte, funções inibitórias sobre oélulas neurals (isto é, efeito hiperpdarizante devido a maior parte
dos seus receptores serem inibitórios). Agonismo gabaérgico, portanto, refere-se a drogas que promovem uma ladílaçá
o ra ação do GABA.
130 André Amaral Bravin, José Eduardo Pandossio c Alessandra Rocha de Albuquerque
Com o sucesso desse nòvo paradigma para a explicação do efeito comportamentaí
das drogas, muitos pesquisadores desviaram sua atenção nas pesquisas das variáveis
comportamentais e passaram a avaliar substratos neurais subjacentes que poderiam
estar envolvidos tanto na manifestação do comportamento, quanto na sensibilidade de
ação de um determinado fármaco. Pouquíssimas áreas de investigação em farmacologia
comportamentaí resistiram a essa mudança. Uma delas seria a auto-administraçâo de
drogas (a droga como conseqüência para o responder). De fato, esses estudos enfati/am
os fatores comportamentais no estabelecimento e manutenção da auto-administração dc
drogas de maneira tal que os princípios farmacológicos não provinham uma base teórica
completa para a interpretação desses dados (Branch, 1984). Outra limitação desse
paradigma emergente para a interpretação pode derivar dos estudos que faziam uso de
esquemas múltiplos. Supostamente, um fármaco que se liga a seu receptor e provê uma
ação sobre o comportamento não deixa de ligar-se a esse receptor em função da alteração
de um determinado estímulo ambiental. Os estudos que utilizam esquemas múltiplos (p.
ex.: Barrett, 1976) apontam que diferenças no responder podem derivar da conseqüência
da resposta, não de sua taxa, ou do fármaco em questão. Lembre-se que Barrett (1976)
utilizava o mesmo animal sob a mesma dose do mesmo fármaco e observava alterações
no padrão de resposta quando o estímulo discriminativo que sinalizava a conseqüência da
resposta era alterado. Essa alteração no responder não poderia, portanto, derivar de
alterações na ligação da droga com o receptor, haja vista que a droga era a mesma e os
esquemas alteravam-se em pequenos intervalos de tempo. Dito de outro modo, a teoria
dos receptores pouco informa sobre fatos importantes envolvendo a produção de
reforçamento dependente de esquemas sob efeito de drogas. Presumivelmente, a exposição
de um sujeito que esteja respondendo sob um esquema de Fl ou FR e sob efeito de um
fármaco não influenciará sobre qual receptor essa droga irá se ligar. Porém, está claro que
um sujeito, respondendo nesses esquemas, pode modificar profundamente o tipo de efeito
da droga e essa evidência ainda carece de uma explicação.
A limitação da hipótese dos receptores pode ser vista no texto de Graeff (1989),
muito embora o autor aponte a necessidade de se buscar justificativas, no organismo,
para explicação desse fenômeno, ofuscando a evidência de que essas alterações podem
derivar de fatores ambientais.
"Em animais [...] as anfetaminas aumentam a atividade exploratória e a freqüência
da emissão de comportamentos instrumentais dirigidos à obtenção de recompensas
ou a evitar a punição. [...} Respostas que ocorrem a baixa freqüência na ausência
de drogas tendem a ser facilitadas pelas anfetaminas; porém, quando a mesma
ocorre com alta freqüência em condições basais, as anfetaminas tendem, ao
contrário, a deprimi-las [...]. Entretanto, os mecanismos neurais envolvidos nessa
ação continuam obscuros" (Graeff, 1989; P. 112).
O enfraquecimento da farmacologia comportamentaí como disciplina ou área de
investigação não parece derivar simplesmente do fato de a proposta da taxa-dependência
ter se mostrado menos efetiva, nem tampouco pelo fato de a proposição dos mecanismos
comportamentais de ação ter sofrido com a carência de uma sistematização, ou ainda
que a teoria dos receptores proveu uma base ínterpretativa mais generalizável. A questão
apontada é que, enquanto a farmacologia fomece um parâmetro organizado e lógico a
partir do qual idéias podem ser derivadas e interpretadas, os princípios comportamentais
não são tão amplamente aceitos, e o eram ainda menos nos prim órdios do
desenvolvimento dessa disciplina (Blackman & Pellon, 1993; Branch, 1984; Graeff, 1999).
Portanto, atualmente existe a tendência em se dar prioridade e importância às variáveis
farmacológicas nessa ciência interdisciplinar. Existe a tendência de se achar que as
variáveis farmacológicas são mais importantes e que as variáveis comportamentais
132 Aíidfé Am aral Bravin, José Eduardo Pandossio c Alessandra Rocha de Albuquerque
que a manipulação de determinados fatores da contingência (parâmetros comportamentais
da situação) podem afetar o comportamento de auto-administração de psicotrópicos,
podendo diminuir a ocorrência desse repertório (Blackman & Pellon, 1993).
Por fim, uma outra área de investigação versa sobre os efeitos tóxicos das drogas
sobre o comportamento operante. Basicamente, a investigação repousa na avaliação dos
próprios fármaços em altas doses. A investigação de outras substâncias tóxicas como
variáveis independentes, tais como chumbo, carbono, ozônio, tolueno, radiação, agrotóxicos,
para citar alguns, no comportamento de sujeitos que foram involuntariamente expostos a
esses agentes, seria do escopo de outra disciplina: a toxicologia com porta mental.
134 André Amaral Bravin, José Eduardo Pandossio e Alessandra Rocha dc Albuquerque
derivava de sua ligação com receptores específicos para aquela determinada droga,
contudo, essa explicação também não prevê um completo parâmetro a ponto de justificar
o diferente padrão de resposta dos ânimais quando esses eram submetidos em um
esquema múltiplo, e apresentavam diferentes perfis de resposta, independente do
receptor com o qual o fármaco tinha se ligado. A esse respeito, alguns autores (Branch,
1984) têm manifestado a opinião que todas as duas hipóteses explicativas (taxa-
dependência; receptores-alvos) referem-se a visões distintas e níveis de análise
diferentes para um mesmo fenômeno não sendo, portanto, necessariamente excludentes.
Uma coisa, contudo, permanece clara. Desde 1970 até os dias atuais, o termo
“farmacologia comportamentaí" não é mais empregado exclusivamente para uma
disciplina ou campo de estudo direcionado primeiramente à análise do ambiente
passado ou corrente e sua influência na ação de drogas; esse termo está bastante
contaminado e em diversos contextos é óbvia a sua confusão com a psicofarmacologia’2.
Barrett (2002) aponta que, para se propagar essa área de estudo, é fundamental posturas
críticas e inovadoras tais quais aquelas vividas na década de 1950. O autor cita que a
vitalidade da farmacologia comportamentaí irá depender da criatividade e de novas
abordagens como as adotadas pelos pioneiros Dews, Kelleher e Morse.
Ocorre que, atualmente, a farmacologia comportamentaí vem sofrendo pressões
em função do progresso e evolução de disciplinas correlatas, como a farmacologia
molecular, pesquisas genéticas, dentre outras, o que Barrett (2002) aponta como perigoso
devido ao fato de que essas pressões podem alterar a ênfase nos estudos em
farmacologia comportamentaí. Contudo, ao mesmo tempo em que esse pode ser um
momento de “crise”, pode ser possível pensar nesse momento histórico como um
contexto tão fértil ao desenvolvimento da farmacologia comportamentaí quanto aquele
ocorrido na década de 1950, Não foi o contexto histórico de 50 que propiciou a emergência
da farmacologia comportamentaí, mas o que os pioneiros fizeram do contexto; foi o fato
desses pesquisadores olharem criticamente para os fenômenos e hipóteses explicativas
(como a teoria dos estados emocionais subjacentes) que permitiram o desenvolvimento
dessa disciplina. Se esses pesquisadores eram agentes do tempo, somos também
nós diante de todo o desenvolvimento tecnológico que ocorre atualmente.
Uma modesta possibilidade de conciliar ou fazer uso dessas inovações para o
desenvolvimento da farmacologia comportamentaí é, por exemplo, o uso de contextos
experimentais (modelos animais) desenvolvidos pela psicobiologia para a avaliação do
efeito clínico de fármacos, Muitos dos estudos em farmacologia comportamentaí apontam
a eficácia da caixa de condicionamento operante para avaliar o efeito de fármacos. Contudo,
esse aparato não responde sobre a sensibilidade terapêutica para as drogas. Em outros
dizeres, a caixa de condicionamento operante é importante na medida em que aponta
uma diferença no responder de animais a ela submetida, a depender do esquema de
reforçamento, demonstrando que variáveis ambientais de controle do comportamento
estão em estreita relação com o controle da ação de fármacos. Contudo, dizer que uma
droga aumenta ou diminui um determinado padrão de resposta não explica em que
medida essas variáveis de contexto prejudicam a eficácia clínica da droga dado
determinado contexto, o que poderia contribuir na explicação de pessoas refratárias ao
uso de medicamentos. Nesse caso, essa avaliação poderia ser mais bem investigada
l! A Farmacologia Comportamentaí drí&e-se da Pstcofarmacologia em, peio menos, dois aspectos marcantes, um metodológico, e sobre o
nlvel da análise. Ao passo que a Farmacologia Comportamentaí prima pelo esludo do eleito de dragas utiSzando técnicas de condicionamento
operante fazendo uso de ‘ caixas de Skinner”, a Psicofarmacologia tende a utilizar modelos animais baseados no nicho e habitat para estudo
do efeito óesses fármacos, aíérn da já citada diferença entre metodologia de sujeito único e de grupo (aspecto relativo a metodologia). Além
disso, a Farmacologia Comportamentaí preocupa-se majorttariamente rom o esludo das influências ambientais e sua retaçso com a
responstvidade farmacológica A Paicofarmacologia, por outro lado, preocupa-se majofitaria mente em avaliar os mecanismos bioiógicos
subjacentes ao comportamento para eluddar questões relativas a responsividade farmacológica (aspecto relativo ao nfvd de análise)
Referências
136 André Am aral Bravin, José Eduardo Pandossio e Alessandra Rocha de Albuquerque
Relatos de pesquisa
Capítulo 13
Verbalizações de terapeuta e cliente sobre
sentimentos, emoções e estados
motivacionais na terapia
analítico- comportamental1
' Este artigo reproduz partes da Tese de Doutorado apresentada polo autor ao Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do
Comportamento. Universtíade Federal do Pará, orientado pelo Prnf Dr Emmanuel Zagury Tourinho Trabalho pardalmento firwncindo peia
Cooirienação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nlvel Superior, CAPES {bolsa PICDT-Processa n. 23067.5532/03-16).
í E-mall: llo@cemp.com.br
JShaver, P. R., Schwartz, J Kirson D.,&OCnnnor, C. (1987). Emotion knowledge: Further exploration of a proMype approach Journal of
Personality and Social Psyctvlogy, 52,1061 -1086.
Método
Participaram do estudo uma terapeuta analítico-comportamental com quatro anos
de experiência em atendimento clínico e uma cliente de 29 anos, sem históneo psiquiátrico,
e com queixa inicial de problemas conjugais. As sessões, sendo 36 ao todo e distribuídas
ao longo de um ano, foram registradas em áudio e posteriormente transcritas e analisadas.
O considerável período de acompanhamento do caso clínico propiciou a análise de um
maior número de sessões, facilitando a observação da evolução das categorias investigadas.
As categorias utilizadas por Barbosa (2006) foram:
a) categorias de funções básicas de verbalizações de terapeutas (FBVT): Informar (IFO),
investigar (INV), darfeedback (FBK), confrontar (CFR), dar conselho (CON), verbalizações
mínimas (MIN) e outras verbalizações (OUT);
b) categorias de análise do conteúdo de verbalizações de terapeuta e cliente, assim distribuídas:
b.1) Categorias do terapeuta:
T-EV: Terapeuta refere eventos da vida atual ou passada do cliente, pertinentes à sua
problemática, sem estabelecer relações (indagando, afirmando a ocorrência ou dando
feedback a uma descrição);
T-REL: Terapeuta aborda relação antecedente-resposta (T-REL-AR), resposta-
conseqüência (T-REL-RC), ou antecedente-resposta-conseqüência (T-REL-ARC) na
referência a eventos presentes ou passados da vida do cliente.
T-OUT: Verbatizações que não referem eventos ou relações pertinentes à problemática
do cliente (p. ex., “Chegou cedo hoje?’’).
b.2) Categorias do cliente:
C-EV: Cliente refere eventos da sua vida atual ou passada, pertinentes à sua
problemática, sem estabelecer relações (p. ex., "Eu tô péssima.");
C-REL: Cliente aborda relação antecedente-resposta (C-REL-AR), resposta-
conseqüência (C-REL-RC), ou antecedente-resposta-conseqüência (C-REL-ARC) na
referência a eventos presentes ou passados.
C-OUT: Verbalizações do cliente que não referem eventos ou relações pertinentes à sua
problemática.
Resultados
A evolução das categorias de FBVT ao longo das sessões é apresentada na
Figura 1. Pode-se observar que a categoria CFR foi a mais freqüente em 29 das 36
sessões. Nas outras sete, somente a categoria ÍNV ultrapassou CFR em número de
ocorrências, principalmente nas duas primeiras sessões, nas quais a terapeuta procurou
obter informações sobre as queixas da cliente e sobre sua história de vida.
*Neste e nos gráficos subseqüentes, as Bnhas que unem os pontos Indicadores dos resultados em cada sessão não signiícam que há um
conbnuum entre as sessões, pois os resultados representam dedos discretos das sessões
Discussão
Os resultados obtidos evidenciaram a ocorrência de diferentes categorias de FBVT,
mostrando que as intervenções verbais realizadas pela terapeuta variaram ao longo das
sessões. Isso reforça a idéia de que o terapeuta analítico-comportamental não adota um
modelo de intervenção padronizado, embora sua forma de intervir pareça estar parcialmente
controlada pelas contingências presentes na situação de atendimento. Em particular, pelos
comportamentos do cliente (Banaco, 1993; Brandão 2003; Zamignani. 2001).
Apesar da variação apresentada, foram freqüentes as categorias de caráter
ínvestigativo (INV) e as que confrontavam a cliente com uma afirmação de ocorrência de
eventos, condições ou relações, pertinentes a questões anteriormente abordadas pela
mesma (CFR). A prevalência de ambas as categorias nas verbalizações da terapeuta durante
todo o processo terapêutico é consistente com os resultados de outros estudos (cf. Margotto,
1998; Zamignani, 2001), apontando esses tipos de verbalização como as atividades mais
elementares do terapeuta analítico-comportamental. Além disso, esse resultado indica que
as intervenções da terapeuta foram coerentes com a idéia de favorecer o autoconhecimento
da cliente, de acordo com a noção behaviorista de que o terapeuta constitui-se numa
contingência social capaz de aumentar a auto-observaçao do cliente (Skinner, 1989/1991).
SESSÃO 5
E a ssim : e s s a fa lia dc v o n la d e . essa q u e s lá o , . o íã to de a c o rd a r ê tra b a lh a r, í u tá
p e rc e b e n d o is s o rna>s in le nsam en tc essa s e m a n a ? Ou vem p e r c e b e n d o há m ais de uma
sem ana?
SESSÃO 23
C o m o é e s s a v o n l a d e de n á u fa z* r n a d a , n é ? A s s Im t v o l t a um p o u q u i n h o á S e m a n a
S a n t a e, assum P o r q u e vocè me f al ou da I nd i s p o s i ç ã o e s t o m a c a l , n é ? A l g u m a coi sa
q u e te te z ma l . E, a s s i m , c o m o e r a e s s a f a l t a de vo n ta d a ? E l a v J n ha Junt o c o m o u t r o
s e n i l m e n t e ? T u t i n h a v o n t a d e de f i car s ó ? Me f a l a m a i s .
E as v e z e s gue te rJ á v o n ta d e de c h o ra r, q u a n d o tu c o n s e g u e c h o ra r, a s s im , tu v in c u la
Tfin e s s a v o n la d e a a lgum a c o is a ? Ou è aQ uele c h o ro que vo c ê não tem um a explicação?
Q u e v o c ê , p s e u d a m e n te (sic), não sa b e p o rq u e eu lò com e s s a vo n ta d e de c h o ra r?
O o m o é e s s a re la ç ã o tío s íp n b icado do ch o ro pra ti?
Considerações finais
Os resultados encontrados por Barbosa (2006) permitiram uma melhor observação
de como evoluem as verbalizações em um processo terapêutico analítico-comportamental.
Um dos fatores relevantes para se chegar a tais resultados parece ter sido a decisão
metodológica de analisar as verbalizações de terapeuta e cliente quanto à referência a relações
comportamentais, o que possibilitou a análise de como a cliente descrevia suas próprias
respostas e de como a terapeuta fazia uso de tais relatos, ao longo do processo terapêutico.
Por outro lado, ficaram evidentes algumas dificuldades metodológicas para o
estabelecimento de uma taxonomia para as intervenções verbais de terapeutas. Embora
as categorias de FBVT e as categorias de análise do terapeuta e do clienjte possam
representar um passo adiante frente à tarefa de identificar as funções comportamentais
presentes nas verbalizações dos interlocutores em um processo terapêutico, tais
categorias não conseguiram superar todos os problemas relativos à identificação e
análise das complexas e múltiplas relações de controle do comportamento verbal, na
referência aos sentimentos, emoções e estados motivacionais do cliente. É fundamental,
portanto, que outros pesquisadores tenham a iniciativa de testar novas propostas de
análise para a abordagem de SEM, relatados na terapia analítico-comportamental.
1O trabalho foi parcialmente financiado pelo CNPq através de bolsas PIBIC, concedidas aos T e 3-autores, e pelo Edital Universal 019/2004
(Proccsso No '176238/2004-8).
! E-rrail marajs_bentoft@yahoo.cotri.br
Método
Sujeitos
6 ratos albinos, machos, da espécie Rattus norvegicus, linhagem Wistar,
experimentalmente ingênuos. O regime alimentar para todos os sujeitos era a d libitum.
Em uso experimental eram privados de água por 24 horas, com fornecimento desta
após as sessões durante 20 minutos.
Equipamentos e Materiais
O aparato, uma Caixa de Condicionamento Operante Adaptada, e os parâmetros
do jato de ar quente, JAQ, foram os mesmos descritos por Carvalho Neto et al (2005).
Procedimento
O experimento foi dividido em 7 fases. Na Fase 1 foi estabelecida uma linha de
base inicial em nível operante. Na Fase 2 a resposta de pressionar uma barra (RPB) foi
estabelecida através do treino ao bebedouro e da modelagem. Na Fase 3 depois de
estabelecida a RPB foi fortalecida ao longo de cinco sessões de CRF. Na Fase 4 o JAQ
foi apresentado de modo contingente à resposta (RPB) em esquema Fi 1 minuto. Cada
JAQ durava 5 segundos e concorria com a água, apresentada simultaneamente em
CRF. Na Fase 5 foram realizadas sessões de recondicionamento da RPB. Na fase 6 o
JAQ foi novamente apresentado, mas agora de maneira não contingente. Vigorou para
o JAQ um esquema FT 1 minuto. Novamente, cada JAQ durava 5 segundos e concorria
150 Marcus Betites de C. Neto, Hemando B. N . Filho, Rubilenc P. Borges e Qracy Kelly da S. Tobias
com a água, apresentada simultaneamente em CRF. Na fase 7 foram realizadas sessões
de recondicionamento da RPB.
A figura 1 a seguir resume o delineamento:
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5 Fase 6 Fase 7
5sessóes CRF)
5 sessões
Resultados e discussão
A figura 2 mostra a freqüência absoluta da RPB de cada sujeito ao longo das sessões:
Figura 2: Freqüência absoluta da RPB dos três sujeitos (S1, S2 e S3) ao longo
das sessões.
Sessões
Figura 2 * Freqüência absoluta da RPB dos três sujeitos (S1, S2 e S3) ao longo das sessões.
152 Marcus Bentes de C . N eto, Hemando B. N . Filho, Rubilene P. Borges e Qracy Kelly da 5. Tobias
contingente. Mais especificamente, as respostas de ‘defecar" e “urinar” mantiveram o
mesmo nível, em médte, em íoçjqs as fases. A resposta de “Lamber as Patas Dianteiras
e Passar no Focinho" fembem se'manteve com mesmo nível de freqüência nas sessões
de CRF, de apresentação contingente do JAQ e de Recondicionamento, entretanto,
aumentaram em três vezes na fase de Apresentação não-contingente. Portanto, a resposta
“emocional” que aumentou diferencialmente na fase não-contingente foi o "Lamber as
Patas”, provavelmente em função do maior aumento da temperatura no piso pelo
acionamento mais sistemático do JAQ. Tal resposta seria provavelmente de fuga (e talvez
esquiva), mantida pelo resfriamento das patas. Tais dados diferem dos produzidos por
Carvalho Neto e colaboradores (2005), quando o defecar e o urinar aumentaram
consistentemente de freqüência no grupo ,não-contingente. A explicação talvez esteja no
delineamento em cada estudo. No trabalho citado o JAQ era apresentado de maneira ou
contingente ou não-contingente em cada um dos dois grupos. Cada sujeito só tinha
experiência com umà forma de apresentação do JAQ. No presente trabalho os mesmos
sujeitos recebiam primeiro o JAQ de maneira contingente e depois de maneira não-
contingente. Essa exposição iniciai ao JAQ de maneira controlável pode ter sido suficiente
para produzir tanto habituação ao aversivo, diminuindo o seu efeito eliciador, quanto
“vacinação", neutralizando ou reduzindo o efeito ''emocional” da incontrolabilidade posterior,
“imunizando” os sujeitos e também diminuindo a função eliciadora do defecar e do urinar.
Referências
Método
Participantes
Participaram do estudo cinco crianças, três meninas (P1- quatorze meses no
início do estudo; P3- cinco meses; P5 - três meses) e dois meninos (P2 e P4- três meses
no início do estudo), sendo P5 a única que tinha um irmão e era geralmente acompanhada
pelo pai e não pela mãe. Nenhum dos participantes apresentava limitações de audição e
visão ou apresentou problemas de saúde graves durante o período do estudo. As famílias
de P1 e P3 eram de nível sócio-econômico médio e as famílias de P2, P4 e P5 de nível
sócio-econômico baixo. Os responsáveis peias crianças assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido (conforme os critérios estabelecidos na resolução 196/
96 do Conselho Nacional de Saúde), autorizando o desenvolvimento do estudo.
Equipamento
Durante a filmagem das sessões de interação foi utilizada uma câmara de vídeo
(8 mm), um tripé e alguns brinquedos e objetos que as crianças dispunham no momento
da sessão. No processo de codificação das filmagens foram utilizadas a câmera
mencionada, uma televisão e folhas de registro divididas em intervalos de 5 minutos.
Procedimento
Foi realizada uma sessão por semana, sem dia fixo, na casa dos participantes,
inicialmente foram realizadas algumas visitas à família procurando habituar a criança e o
acompanhante à presença do experimentador e da câmera de vídeo. Uma vez estabelecida
esta habituação teve início o registro semanal das interações. Cada sessão possuía um
tempo de duração que dependia do momento de interação criança-acompanhante registrado
(uma média de 15 minutos por sessão), o qual poderia ser (a) uma situação de higiene
(banho ou troca de fraldas), (b) uma situação na qual a criança estivesse sendo alimentada,
ou (c) uma situação na qual o acompanhante estivesse brincando com a criança. Foi dada
preferência à situação (c), por ser o momento em que a criança mostrava-se mais participativa.
No início de cada sessão o experimentador ligava a câmera, posicionando-a
em um tripé, de modo a registrar o melhor ângulo frontal da interação, e então, iniciava
a filmagem, sem interferir nela. Em alguns casos, devido ao deslocamento de alguns
participantes, o uso do tripé foi descartado. Ao término da sessão, o experimentador
desligava a câmera e desmontava o equipamento.
REFERENTES N O M E AÇÕ ES E V A L O R E S C O R R E S P O N D E N T E S
(1 1 ), v e lh a (1 1) e o u tro s
M ãe m a m ã e ( 4 2 ), m ãe (2 0 )
Pai p a p a i (3 2 )
Avó v o v ô (16)
O re llia da m ãe o re lh a da m a m â e (7)
Den le da b o ne ca d e n te (11)
Pè da r.n a n ç a pé (9)
Boca da c r ia n ç a boca (1 6}
J o e lh o da criança jo e lh o (8)
C a b e lo da c ria n ç a c a b e lo (11)
O lh o da c ria n ç a o lh o (1 2 )
Mão da c ria n ç a m ào (2 2 ), m ã o z in h a (1 4 )
C a b e ç a da c ria n ç a cabeça (1 4)
G a lo g a to (1 1 ), g a tin h o (7 ), c h a n in h o (5)
C o t h er c o lh e r (6)
P ra ia p ra to (5)
L e ilfi l ei t e ( 1 0 )
0 c u l os óc ulos (7)
S ofá sofá (1 3 )
C h a ve chav e (1 3 }
V e lo c fp id e v e lo o ip id e (6 )
B o n e ca da m ânic3 m õnic a (6 )
C a c h o r r o de b rin q u e d o c a c h o rro (1 6)
T a b e la 1 - C o n tin u a ç ã o
P o r c o de b r i n q u e d o p o r c o (1 2 )
M a c a c o n a tv m a c a c o (6)
B o n e c o de b a n a n a b a n a n a (5)
Pape I p a p e l ( 1 4 ) , fo lh a em b ra n c o (G)
Caderno c a d e rn o (1 0 ), c a d e rn e ta (7 }, fo lh a (5 )
Ações o lh a r (5 1 ), p e g a r (4 5 ), e s c r e v e r (2 1 ), a b rir (2 0 ). Ia la r (1 9 ),
c o n v e rs a r (1 9 ), g u a rd a r (1 9 ), cham ar (1 7 ), d e s e n h a r (1 7 ),
Verbalizações da crianca
Cachorro de brin q u ed o au au (1 5)
Pé Pé (12)
Vovó v ó (6 )
Foto da avó v ó (3 )
Foto da m ãe mama(1 0)
Foto do balão ão(3)
Mão ão (2)
Sofá fá (2)
Tabela 1: freqüência das palavras que nomearam cada objeto/ação nas 10 sessões de P1.
Obs: Alguns referentes que foram nomeados menos de 5 vezes no total não
foram apresentados na tabela para não torná-la muito extensa, o mesmo ocorrendo
nas demais Tabelas.
C riança meu filho (61), “ nome do bobe’ (45), butiu {15), m enino (10). pai (7),
dim inutivo do 'n om e d o b e b è ' (7), filtunho da mam ãe (6). neném (6),
fcxperi montadora “ nome da e xpe rim e ntad o ra ' (14), m enina (7). iia (6)
T e le fo n e te le fo n e (13)
Meia fn ei a (12)
C adeado c a d e a d o (6)
Bois a bols a (7 )
P en te p e n te (21)
Ações olh a r (22). pular (29), b rin ca r (15), com er (1 1 ), p e g a r ( 1 1), ch am a r (9),
se nta r (8), levantar (8) .a n d ar (8), d ançar (7 ), p asse a r (7). tomar (7),
so rrir (7), m order (6), dorrrs ir (6), chorar (6), dizer (5), m exer (4), fazer
Tabela 2: freqüência das palavras que nomearam cada objeto/ação nas 20 sessões de P2
REFERENT ES NOMEAÇÕES E VA LO R E S C O R R E S P O N D E N TE S
cria n ça ” (31), bebê (29), bebezão (14), bebezinho tía mamãe (9),
a ções olh a r (24), pegar (20), dizer (6), fa la r (7), sentar(5), s e g u ra r (6),
dar (3), com er (3), largar (3), dorm ir (2). am assar (1), a n d a r (5),
ca ir (2), enxugar (2). molhar (1), ligar (1), rir (2), puxar (2), s a ir (1),
Tabela 3: freqüência das palavras que nomearam cada objeto/ação nas 20 sessões de P3.
Intervalos de análise
Figura 3: frequência acumulada da Contiguidade Temporal nas 20 sessões de P3
intervalos ae anaiise
Figura 5: Freqüência acumulada da Direção do Olhar r»as 20 sessões de P2
* l* I* ! 1 i i i i f i» r n i i i < i n "i t •
1 3 6 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 6â
Intervalos de análise
Figura 6: frequência acumulada da Direção do Olhar nas 20 sessões de P3
Referências
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Método
Participantes
Participaram do estudo cinco crianças, três meninas (P1- quatorze meses no
início do estudo; P3- cinco meses; P5 - três meses) e dois meninos (P2 e P4- três meses
no início do estudo), sendo P5 a única que tinha um irmão e era geralmente acompanhada
pelo pai e não pela mãe. Nenhum dos participantes apresentava limitações de audição e
visão ou apresentou problemas de saúde graves durante o período do estudo. As famílias
de P1 e P3 eram de nível sócio-econômico médio e as famílias de P2, P4 e P5 de nível
sócio-econõmico baixo. Os responsáveis peias crianças assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido (conforme os critérios estabelecidos na resolução 196/
96 do Conselho Nacional de Saúde), autorizando o desenvolvimento do estudo.
Equipamento
Durante a filmagem das sessões de interação foram utilizados uma câmara de
vídeo (8 mm), um tripé o alguns brinquedos e objetos que as crianças dispunham no
momento da sessão. No processo de codificação das filmagens foram utilizadas a câmera
mencionada, uma televisão e folhas de registro divididas em intervalos de 1 minuto.
Procedimento
Foi realizada uma sessão por semana, sem dia fixo, na casa dos participantes.
Inicialmente foram realizadas algumas visitas à família procurando habituar a criança e o
acompanhante à presença do experimentador e da câmera de vídeo. Uma vez estabelecida
esta habituação teve início o registro semanal das interações. Cada sessão possuía um
tempo de duração que dependia do momento de interação criança-acompanhante registrado
{uma média de 15 minutos por sessão), o qual poderia ser (a) uma situação de higiene
(banho ou troca de fraldas), (b) uma situação na qual a criança estivesse sendo alimentada,
ou (c) uma situação na qual o acompanhante estivesse brincando com a criança. Foi dada
preferência á situação (c), por ser o momento em que a criança mostrava-se mais participativa.
No início da sessão, o experimentador ligava a câmera, posicionando-a em um
tripé, de modo que registrasse o melhor ângulo frontal da interação, e então, iniciava a
filmagem, sem interferir nela. Em alguns casos, devido ao deslocamento de alguns
participantes, o uso do tripé foi descartado. Ao término da sessão o pesquisador
desligava a câmera e desmontava o equipamento.
Resultado e discussão
Foram registradas e analisadas 10 sessões das díades de P1 e P5 e 20 sessões
das demais díades. Os resultados das díades de P2, P4 e P5 foram semelhantes, e se optou
por mostrar apenas os resultados de P5. Os resultados da análise minuto a minuto para cada
tipo de variável são apresentados em Figuras de freqüência acumulada por minuto, nos quais
intervalos de aproximadamente 15 minutos correspondem a uma sessão (uma semana).
As Figuras 1 a 4 mostram, respectivamente, a freqüência acumulada de
comportamentos emitidos na díade de P1 nas categorias Estratégias de Ensino emitidas
pelos acompanhantes; Aquisições Cognitivas e Emissão de Sons da criança; Interações
Lingüísticas e protolingüisticas; Módulos Dinâmicos e Modos de Episódio das interações.
Pode-se observar nas interações da díade de P1 a ocorrência de um grande número
de itens na categoria Estratégias de Ensino: foi registrada a ocorrência de doze itens (itens
que apresentaram uma freqüência acumulada menor que 10, como 'elogiar’, 'incentivar',
‘aprovar’, não foram apresentados na Figura) enquanto nas sessões dos outros participantes
foi registrada um número menor (ver Figuras 5 e 9), e mesmo no caso no qual se verificou um
número também alto de itens dessa categoria (díade de P3- Figura 5, na qual não constam os
itens ‘elogiar5, ‘incentivar1, e ‘aprovar”, que apresentaram uma freqüência acumulada menor
que 10) a freqüência de ocorrência foi bem menor. Essa diferença parece indicar um ajuste do
acompanhante ao repertório verbal das crianças: P1 apresentou um repertório verbal maior e
mais complexo, em comparação com os demais participantes (ver os dados das freqüências
das categorias Aquisição Cognitiva e Emissão de Sons e Interações Lingüísticas e
protolingüisticas de todos os Participantes - Figuras 2, 3,6, 7, 10 e 11).
Pode-se observar nas Figuras 1 a 4 que a ocorrência (e mesmo o padrão de
distribuição) de comportamentos de Estratégia de Ensino como ‘perguntar’, ‘modelar’ e
‘repetir’ apresentaram uma distribuição que variou juntamente com comportamentos
da categoria Aquisição Cognitiva como ‘manipular’, ‘atender’ e Emissão de Sons, de
Figura 2: Freqüência acumulada das Aquisições Cognitivas e Emissão de Sons nas sessões de P1.
Minutos
Figura 9: Frequência acumulada das Estratégias de Ensino nas sessões de P5.
Figura 10: Freqüência acumulada das Aquisições Cognitivas e Emissão de Sons nas sessões de P5.
Minutos
Figura 12: Freqüência acumulada de Módulos Dinâmicos e Modos de Episódio nas sessões de P5.
Estes resultados, de maneira gerat, replicam aqueies obtidos por Souza e Affonso
(no prelo). Comparando os resultados de todos os participantes, quanto às freqüências de
Estratégias maternais de ensino e os comportamentos de Aquisições Cognitivas e Emissão
de Sons da criança, estes sugerem que o comportamento do acompanhante tende a se
ajustar ao comportamento da criança: o acompanhante modela, corrige e amplia o repertório
comportamental da criança, comportamento este que ao ser "modelado" pelo outro vai se
ajustando gradualmente às novas configurações do ambiente que a maturação sócio-
biológica permite (como se pode observar mais nitidamente no caso do Participante 1). A
fala materna contingente à Emissão de Sons e Aquisições Cognitivas da criança sugere um
padrão de ajuste funcional entre esses comportamentos: o comportamento materno mantém
a criança na interação, e as respostas destas reforçam a emissão dos comportamentos
interativos da mãe (Borges e Salomão, 2003, Ribes e Quintana, 2003).
Cruzando as informações de Interações Lingüísticas e Protolingüísticas com
aquelas dos padrões comportamentais observadas nas Figuras sobre Estratégias de
Ensino, verifica-se a existência de uma alta correlação entre a produção de Estratégias de
Referências
Borges, L.C., & Salomao, N.M.R (2003). Aquisição da linguagem: considerações da perspectiva da
interação social. Psicologia Reflexão e Critica, 16, 327-336.
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' Esse trabalho foi apresentado no XV Enoontro da ABPMC, reaifeadoem Brasilia-DF, em setembro de 2006.
! Bolsistas CNPq: Produtividade
em Pesquisa. E-maíl: hunziker@usp.br
J Bolsistas CNPq: Mestrado.
animais
humanos
Ftgura 2- Média dos níveis de variabilidade (U) das sequências emitidas por
grupos de sujeitos (arrimais e humanos) submetidos a reforçamento positivo
sob contingências LAG ou RDF, e seus respectivos controles ACO notar que
o grupo LAG 5 que não teve acoplamento), Da esquerda para a direita, as
colunas mostram os resultados sob LAG (nos valores 2, 5 e 8 para animais,
e 2, 4 e 8 para humanos, sendo a úttima relativa aos resultados em RDF. Os
ressultadosem ACO são apresentados pelos pontos negros dentro das colunas
(Hunziker, Yamada & Manfré, dados nào publicados)
, . ANIMAIS
Figura 3. Níveis de variabilidade (U) das seqüências emitidas por dais sujeitos (ratos) expostos ao
reforçamento em CRF (qualquer seqüência era sempre reforçada), VAR (Lag 4) ou ACO: na primeira
linha, o animal foi exposto a VAR antes de o ser a ACO; na linha abaixo, o segundo sujeito passou
por ordem inversa (adaptado de Hunziker, Caramori, Silva & Barba, 1998).
Figura 4 - índices U obtidos com sujeitos humanos: à esquerda os valores de U obtidos por universitários
expostos à ordem VAR/ACO , e è direita os submetidos à ordem inversa (adaptado de Hunziker, Lee,
Ferreira, Silva & Caramori, 2002)
R e fe rê n c ia s
Abreu-Rodrigues, J., Lattal, K. A., Santos, C. V., & M atos, R. A, (2005).Variaiion, repetition, and
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