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NEUROPSICOPEDAGOGIA
SUGESTÕES DE TEMAS
7) NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
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50) O FRACASSO ESCOLAR COMO QUESTÃO INSTITUCIONAL: a
lógica excludente da educação escolar
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68) O PROFESSOR NA MEDIAÇÃO CULTURAL: as contribuições de
reuven feuerstein junto a alunos com necessidades especiais
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99) A PRODUÇÃO SOCIAL DA DEFICIÊNCIA MENTAL LEVE
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131)PSICOPEDAGOGIA E SAÚDE: reflexões sobre a atuação
psicopedagógica no contexto hospitalar
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150)COMPREENDENDO O FIO, A REDE E O/A EQUILIBRISTA: teoria e
busca em psicopedagogia
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168)ANÁLISE DOS FATORES QUE CAUSAM OU INTERFEREM NO
FRACASSO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE
OU REFERENCIA
RESUMO:
São analisados os dispositivos referentes à educação especial na nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, que apontam uma ação mais ligada aos sistemas e
programas do ensino regular. Indicam-se algumas implicações e perspectivas para a
área, no contexto das reformas educacionais em curso.
INTRODUÇÃO
É certo que o registro legal, por si, não assegura direitos, especialmente numa
realidade em que a educação especial tem reduzida expressão política no contexto
da educação geral, reproduzindo talvez a pequena importância que se concede às
pessoas com necessidades especiais - ao menos aquelas denominadas deficientes -
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em nossas políticas sociais. Daí se entendem manifestações, comuns na área, de
que postulam que a legislação fundamental já está dada e se trata de fazer cumpri-
la.
De todo modo, o texto contém aspectos importantes para a educação especial, além
da parte específica, que também constituem desdobramentos de itens da
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Constituição, como as disposições sobre educação infantil. A flexibilidade dos
critérios para admissão e promoção escolar, aspecto identificado como positivo por
Demo (1997), pode ser também benéfica para a escolarização de alunos com
necessidades especiais.
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ser mais bem avaliada no triênio 1997-1999, prazo concedido pela lei para que as
creches e pré-escolas se integrem aos respectivos sistemas de ensino.
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Em síntese, o momento que a nova Lei e seu contexto colocam para a educação
geral — e, em particular, para a educação especial — sinaliza alterações
REFERÊNCIAS
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CONSELHO Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica. "Proposta de
regulamentação da Lei 9.394/96" e "Trabalho preliminar de interpretação da LDB".
Brasília, 1997, mimeo. [ Links ]
DEMO, Pedro. A nova LDB: Ranços e avanços. Campinas: Papirus, l997. [ Links ]
FERREIRA, J.R. e NUNES, Leila R.O.P. "A educação especial na nova LDB".
Comentário sobre a educação especial na LDB". In: Alves, N. e Villardi, R. (org.).
Múltiplas leituras da nova LDB. Livro organizado por N. Alves e R. Villardi. Rio de
Janeiro: Dunya, 1997, pp.17-24, no prelo. [ Links ]
PINO, Ivany. "Os novos rumos da LDB: Dos processos e conteúdos". Educação e
Sociedade, 51. 1995, pp. 356-378. [ Links ]
SOUZA, Paulo N. e SILVA, Eurides B. Como entender e aplicar a nova LDB. São
Paulo: Pioneira, 1997. [ Links ]
Cadernos Cedes, ano XIX, nº 46, setembro/98
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Educação & Sociedade
Print version ISSN 0101-7330
Educ. Soc. vol.23 no.80 Campinas Sept. 2002
doi: 10.1590/S0101-73302002008000016
RESUMO:
Este artigo tem por objetivo refletir sobre o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil no contexto das políticas públicas para educação infantil do
Governo Fernando Henrique Cardoso. Inicia com uma análise das reformas
educacionais implementadas na área da educação infantil, com base em
legislações, pareceres, resoluções e documentos encaminhados pelo MEC desde a
LDB nº 9.394/96 enfatizando aspectos relativos ao financiamento para a educação
infantil e à formação de suas professoras. Em seguida, retoma o debate em torno do
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil situando-o como mais uma
ação do governo no contexto das reformas em andamento e, por último, apresenta
algumas das tendências e utopias que têm inspirado os educadores da área.
INTRODUÇÃO
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última década, enfatizando aspectos relativos ao financiamento para a educação
infantil e à formação de suas professoras.1 Em seguida, retomo o debate em torno
Para fazer uma análise das definições estabelecidas na LDB nº 9.394/96 com
relação à educação infantil recorro a Saviani, que indica que esta deve ser
analisada tanto do ponto de vista dos objetivos proclamados quanto dos objetivos
reais, uma vez que os primeiros indicam as finalidades gerais e amplas e, os
segundos, os alvos concretos das ações:
Isso porque o percurso que foi da gestação do projeto inicial até a aprovação final 2
Vale destacar que a LDB foi construída tendo por base a Constituição de 1988 que
reconheceu como direito da criança pequena o acesso à educação infanti
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creches e pré-escolas. Essa lei colocou a criança no lugar de sujeito de direitos em
vez de tratá-la, como ocorria nas leis anteriores a esta, como objeto de tutela. Nesta
mesma direção, a LDB também pela primeira vez na história das legislações
brasileiras proclamou a educação infantil como direito das crianças de 0 a 6 anos e
dever do Estado. Ou seja, todas as famílias que optarem por partilhar com o Estado
a educação e o cuidado de seus filhos deverão ser contempladas com vagas em
creches e pré-escolas públicas.
trabalho a ser realizado, seja pela faixa etária (0 a 3 anos ou 3 a 6 anos), ou ainda
pelo tempo de atendimento na instituição (parcial ou integral), seja pelo nome dado
à instituição (creches ou pré-escolas).
Neste sentido, pode-se dizer que a versão final da LDB incorporou na forma de
objetivo proclamado as discussões da área em torno da compreensão de que trazer
essas instituições para a área da educação seria uma forma de avançar na busca
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de um trabalho com um caráter educativo-pedagógico6 adequado às especificidades
das crianças de 0 a 6 anos, além de possibilitar que as profissionais que com elas
trabalham viessem a ser professoras com direito a formação tanto inicial quanto em
serviço e a valorização em termos de seleção, contratação, estatuto, piso salarial,
benefícios, entre outros.
Com relação às profissionais da educação infantil, a lei proclama ainda que todas
deverão até o final da década da educação ter formação em nível superior, podendo
ser aceita formação em nível médio, na modalidade normal. Ou seja, até o ano de
2007 todas as profissionais que atuam diretamente com crianças em creches e pré-
escolas, sejam elas denominadas auxiliares de sala, pajens, auxiliares do
desenvolvimento infantil, ou tenham qualquer outra denominação, passarão a ser
consideradas professoras e deverão ter formação específica na área. É importante
ressaltar o desafio que esta deliberação coloca uma vez que muitas dessas
profissionais não possuem sequer o ensino fundamental.
Quanto ao locus dessa formação, a LDB define que esta se dará em cursos de
licenciatura, de graduação plena em universidades e em institutos superiores de
educação. Vale destacar que foi essa lei que criou a figura dos institutos superiores
de educação e dos cursos normais Superiores. Se, por um lado, esta deliberação
sobre a necessidade de formação específica em nível superior das professoras de
educação infantil pode ser vista como um avanço na direção da profissionalização
da área, por outro, a criação dos institutos superiores de educação revela que este
avanço é relativo tal como veremos na continuidade deste texto.
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reais presentes na LDB e nas regulamentações legais dela decorrentes. De acordo
com Saviani,
Além disso, vale destacar que não há nenhuma articulação entre as ações da
assistência social com as da educação. Podemos dizer, então, que essa portaria
trouxe de volta o discurso da educação compensatória da década de 1970, já
amplamente criticado e superado. Esse é mais um objetivo real das reformas
educacionais implantadas pelo governo brasileiro.
Outro aspecto que é preciso destacar diz respeito ao fato de que ainda é um
objetivo proclamado a defesa do direito de todas as crianças à educação infantil, já
que apenas algumas crianças, filhas de mulheres trabalhadoras, têm tido acesso a
esses serviços. Ou seja, permanece a concepção de que as vagas nas creches
públicas devem ser preenchidas pelas crianças, cujas mães trabalham fora e
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ganham pouco. As vagas, portanto, permanecem apenas como direito das mulheres
trabalhadoras que têm filhos e não das crianças.
Com relação à formação das professoras em geral, várias têm sido as investidas do
governo brasileiro no sentido de implementar seu projeto de reforma educacional 10
evidente que, dentro do quadro das reformas educacionais propostas pelo governo
brasileiro, essa formação, que historicamente tem sido realizada nos cursos de
pedagogia das universidades, está fortemente ameaçada,12 tendo sido objeto
inclusive de um decreto presidencial,13 que em seu art. 3º, parágrafo 2º, definiu que
"a formação das professoras de educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental far-se-á exclusivamente em cursos normais superiores". Diante do teor
desse decreto houve ampla mobilização, tendo ocorrido várias manifestações
realizadas pelo movimento em defesa da formação das professoras. Diante da
pressão, o governo editou o Decreto nº 3.554/2000, no qual a palavra
"exclusivamente" foi substituída pela palavra "preferencialmente".
Em relação à formação das profissionais que hoje atuam com as crianças pequenas
em creches e pré-escolas, vê-se uma avalanche de cursos chamados emergenciais,
em sua grande maioria pagos, e que são justificados pelo prazo estabelecido pela
LDB, de dez anos desde a sua publicação, para que todas tenham formação
específica em nível superior, podendo ser aceito magistério, em nível médio. Mais
uma vez o governo delega a essas professoras a responsabilidade por sua
formação, sem assumir como sua a tarefa de fornecer as condições objetivas para
que elas se profissionalizem.
a curta trajetória deste novo direito conquistado (das crianças à educação infantil)
impõe procedimentos criteriosos para a sua inclusão numa política integrada e
coerente para a infância (...). De repente fomos atropelados com os Referenciais
(...) e com a troca da coordenação da COEDI. (1999, p. 2).
Em outubro de 1998 a versão final do RCNEI foi divulgada sem que os apelos dos
pareceristas por mais tempo para debates e discussões fossem atendidos. Outro
aspecto que merece destaque é que o RCNEI atropelou também as orientações do
próprio MEC, uma vez que foi publicado antes mesmo que as Diretrizes Curriculares
Nacionais, estas sim mandatórias, fossem aprovadas pelo Conselho Nacional de
Educação. Havia uma urgência por parte do MEC na divulgação do documento.
Segundo Kuhlmann Jr.:
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A versão final do RCNEI foi organizada em três volumes: Introdução; Formação
pessoal e social e Conhecimento do mundo. A leitura do primeiro volume do RCNEI,
denominado "Introdução", permite constatar um texto bem cuidado esteticamente,
com especial destaque às belíssimas fotografias (que acompanham os três
volumes), a maior parte delas assinadas por Iolanda Huzak, que revelam a
diversidade cultural das crianças brasileiras nem sempre contemplada pelo
documento. Com relação ao conteúdo verificamos a presença de conceitos
importantes para a área, uma vez que têm sido considerados princípios que
permitem avançar na delimitação da especificidade da educação infantil. São eles, a
ênfase em: criança, educar, cuidar, brincar, relações creche-família, professor de
educação infantil, educar crianças com necessidades especiais, a instituição e o
projeto educativo. Fala ainda em condições internas e externas com destaque para
a organização do espaço e do tempo, parceria com as famílias, entre outros
aspectos. É preciso destacar ainda que a bibliografia citada contempla grande parte
da produção recente da área.
Uma análise desse volume permite vislumbrar que, em termos gerais, essas
concepções estão presentes na Introdução do RCNEI. Além de incluir esses que
têm sido considerados pela área princípios orientadores da educação infantil, chama
a atenção a aparente articulação e continuidade dos documentos que vinham sendo
produzidos pela COEDI/MEC (1994-1998). Digo aparente porque, se há apropriação
das concepções presentes nos cadernos da COEDI,18 no volume l do RCNEI, no
É importante ressaltar que a suposta incorporação dos princípios que têm sido
construídos pela área, em busca da especificidade da educação infantil feita pelo
RCNEI, evidencia o alerta feito por Kuhlmann Jr.:
Neste sentido, a concepção de educação infantil que de fato orienta os três volumes
do RCNEI está distante das concepções presentes nos documentos publicados pela
COEDI de 1994 a 1998 e que vinham sendo considerados pelas profissionais da
área um avanço no encaminhamento de uma Política Nacional de Educação Infantil.
Em especial o documento e o vídeo denominados "Critérios para um atendimento
em creches e pré-escolas que respeite os direitos fundamentais das crianças"
(MEC, 1995), que apresenta princípios orientadores para o trabalho em creches e
pré-escolas tendo por foco a criança e seus direitos fundamentais. Longe de se
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apresentar como uma "proposta curricular", esse texto, de forma simples, direta e
incisiva, indica critérios relativos à organização e ao funcionamento interno das
creches, que dizem respeito principalmente às práticas concretas adotadas no
trabalho direto com as crianças tendo seus direitos19 como eixo.
(...) a educação infantil pela sua especificidade ainda não estava madura
para produzir um referencial único para as instituições de educação infantil
no país. Os pesquisadores e pesquisadoras da área revelam nestes
pareceres que o fato de a educação infantil não possuir um documento
como este não era ausência ou falta, mas sim especificidade da área que
precisa ainda refletir, discutir, debater e produzir conhecimentos sobre
como queremos que seja a educação das crianças menores de sete anos
em creches e pré-escolas. (Cerisara, 1999, p. 44).
Dentro desse contexto o RCNEI deve ser lido como um material entre tantos outros
que podem servir para as professoras refletirem sobre o trabalho a ser realizado
com as crianças de 0 a 6 anos em instituições coletivas de educação e cuidado
públicos. Além disso, vale reforçar que ele não é obrigatório ou mandatório. Ou seja,
nenhuma instituição ou sistema de ensino deve se subordinar ao RCNEI a não ser
que opte por fazê-lo. Como orientação nacional a área dispõe das "Diretrizes
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Curriculares Nacionais"20 que de forma clara apresentam as diretrizes obrigatórias a
Tendências e utopias
Notas
3. Concepção neoliberal está sendo utilizada neste texto sob a perspectiva indicada
por Saviani: o significado correntemente atribuído ao conceito neoliberal implica em:
valorização dos mecanismos de mercado, apelo à iniciativa privada e às
organizações não-governamentais em detrimento do lugar e do papel do Estado e
das iniciativas do setor público, com a conseqüente redução das ações e dos
investimentos públicos.
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4. O uso dos termos 'educar' e 'cuidar' deve-se à busca de superação da dicotomia
10. Sobre este tema ver Shiroma; Moraes e Evangelista, Política educacional.
12. A ameaça seria: conceber-se o professor como técnico e não como intelectual e
considerar-se que a formação universitária deve ser para os especialistas da
educação (orientadores, supervisores, diretores, gestores) e não para os
professores docentes.
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15. Com destaque para o Referencial Pedagógico Curricular para a Formação de
Docentes da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental (1997) e o
Plano Decenal de Educação para Todos (1993).
20. O parecer da relatora Regina de Assis vale a pena ser conferido, na medida em
que defende e justifica de forma brilhante as diretrizes apresentadas.
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21. No exato momento em que escrevo este artigo, mais uma investida contra as
crianças brasileiras está em andamento no Conselho Nacional de Educação: o
pedido de regulamentação das creches domiciliares.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Programa de desenvolvimento profissional continuado. Brasília, DF:
MEC, 1999.[ Links ]
CERISARA, A.B. Educar e cuidar: por onde anda a educação infantil? Perspectiva,
Florianópolis, v. 17, n. especial, p. 11-24, jul./dez. 1999[ Links ]
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ROCHA, E.A.C. A pesquisa em educação infantil no Brasil: trajetória recente e
perspectivas de consolidação de uma pedagogia. 1999. 187f. Tese (Doutorado em
Campinas. [ Links ]
*
Agradeço ao professor João Josué da Silva Filho, à professora Déborah Tomé
Sayão e à professora Ana Lúcia Goulart de Faria, que carinhosamente leram
versões deste artigo e fizeram preciosas sugestões.
**
Professora do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Educação
www.ced.ufsc.br/~nee0a6). E-mail:
anabea@ced.ufsc.br
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Educação & Sociedade
Print version ISSN 0101-7330
Educ. Soc. vol.20 n.68 Campinas Dec. 1999
doi: 10.1590/S0101-73301999000300003
RESUMO:
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No primeiro, por se constituir em elemento importante do processo de
universalização da educação proposto pelos organismos internacionais dele
promotores. Aqui no Brasil, nos desdobramentos que sucederam à Conferência, a
formação dos professores volta a ser destacada. Inicialmente, no Acordo Nacional e
no Pacto pela Valorização do Magistério e Qualidade da Educação, ambos
documentos-síntese das intenções e prioridades do Plano Decenal de Educação
para Todos, consenso possível firmado (e posteriormente ignorado pelo governo
atual) entre o poder público, as organizações governamentais e as entidades
acadêmicas e sindicais do movimento de educadores brasileiros. Depois a formação
reaparece nos estudos do planejamento estratégico realizados pelo Fórum
Permanente pela Valorização do Magistério e Qualidade da Educação, responsável
pelos encaminhamentos do Plano Decenal. Desta feita, contextualizada como um
dos "nós críticos" da educação brasileira dentro do problema da desvalorização do
magistério.
LDB.
Na LDB – lei nº 9394/96 –, o segundo evento atual apontado por nós como
instigador desse temário, até chegar à formulação final, os percalços foram muitos e
tortuosos foram os caminhos.
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de lei entre a Câmara de Deputados e o Senado Nacional. Em apenas seis artigos,
a lei pretende definir os fundamentos, delimitar os níveis e o locus da formação e
relacioná-la aos requisitos da valorização do magistério. O resultado de tamanho
"enxugamento" é a ausência da conceituação dos profissionais da educação,
referenciados no texto da lei com base nas exigências para sua formação, além de
algumas contradições, que analisaremos mais adiante, no tocante aos próprios
cursos e espaços de formação.
É, portanto, um processo inicial e continuado que deve dar respostas aos desafios
do cotidiano escolar, da contemporaneidade e do avanço tecnológico. O professor é
um dos profissionais que mais necessidade têm de se manter atualizados, aliando à
tarefa de ensinar a tarefa de estudar. Transformar essa necessidade em direito é
fundamental para o alcance da sua valorização profissional e desempenho em
patamares de competência exigidos pela sua própria função social.
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Recente pesquisa realizada em parceria pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE) e pelo Laboratório de Psicologia do Trabalho,
da Universidade de Brasília, sobre as condições de trabalho e a saúde dos
trabalhadores em educação, revelou indicadores no mínimo perturbadores acerca
da prática educativa relacionada a apropriação/expropriação de competências. O
novo perfil do aluno, como sujeito social que leva para a escola novos padrões de
comportamento; a competição com outros agentes educativos/informativos fora da
escola; a celeridade do avanço tecnológico, nem sempre ao alcance de todos, são
fatores que interferem na relação do professor com o conhecimento, objeto primeiro
do seu trabalho, que precisa ser entendido como processo, portanto matéria ao
mesmo tempo cumulativa e provisória.
Uma política de formação profissional direcionada para essa realidade precisa, pois,
nascer no chão da escola para voltar-se a ele, atentando para as múltiplas
dimensões em sua formulação e implementação, capazes de construir
competências coletivas e definir a intencionalidade da prática educativa.
É evidente que não podemos prescindir da reflexão sobre a própria prática como
elemento constitutivo das políticas de formação, principalmente porque essa leitura
crítica desvelará espaços de tensão a serem trabalhados. Porém, é necessário que
a reflexão, ao tempo em que contribua para superação de limites e construção de
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possibilidades, esteja fundamentada em sólidas bases teóricas e epistemológicas,
assim como as defende Frigotto (1996):
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em primeiro ciclo ou fase inicial (1ª a 4ª série) e segundo ciclo ou fase final (5ª a 8ª
série), deixando as outras modalidades totalmente excluídas das prioridades dos
programas de governo – educação infantil, educação especial, educação de jovens
e adultos.
Ora, esse salutar nível de exigência para uma prática pedagógica que ultrapasse a
visão puramente instrumental, resumida à transmissão de conhecimentos e ao
tarefismo de "dar aulas", precisa influenciar os programas oficiais de formação, a ser
considerada em toda sua complexidade. Do contrário, a sensação que aos poucos
vai se consolidando é de que novas e mais complexas atribuições são delegadas
aos professores, sem que sejam acompanhadas das condições objetivas de realizá-
las. Se, por um lado, esse grau de responsabilidade fortalece e revigora a função
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social do magistério e da própria escola, por outro, se não for muito bem articulado,
poderá gerar fortes e perigosos sentimentos de frustração e de impotência.
Nesse aspecto, convém lembrar uma das contradições que estamos vivendo na
conjuntura educacional: no momento em que o ato educativo se torna mais
complexo e as exigências de escolarização mais presentes, ocorre um certo
empobrecimento cultural e reduzem-se as metas e os objetivos da formação
docente, evidenciando grande descompasso entre as políticas de formação e os
objetivos proclamados de melhorar a qualidade da educação pública.
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Nacional de Educação e das argumentações e proposições de entidades
representativas dos educadores.
87, que exige, até o final da Década da Educação (ano 2006), que todos os
professores sejam habilitados em nível superior ou formados por treinamentos em
serviço. Mais uma vez omite-se a exigência da licenciatura plena.
Esse leque de opções, ou quem sabe a intencionalidade que ele encerra ou ainda
os objetivos e as metas dos programas de formação, tem possibilitado que a
consecução das políticas de governo seja marcada pela fragmentação e pelo
aligeiramento, não apenas no aspecto organizativo e temporal, mas também no
tocante ao aprofundamento de conteúdos e à apropriação de competências.
O segundo aspecto diz respeito à concepção de professor que nasce dessa política
de formação. Não mais o professor que identifica na necessidade de formação
especializada os pré-requisitos e os critérios para construir o seu perfil profissional.
Não mais o professor que se dedica à formação própria para a docência para
afirmar/reafirmar a sua própria identidade. Agora pode ser professor aquele portador
de diploma de curso superior que "queira se dedicar à educação básica" (artigo 63, I
da LDB). É um cheiro de diletantismo no ar, quando os ares da modernidade
pretendem maior rigor nos critérios de profissionalização. E por que não para os
professores?
Por fim, como síntese dos aspectos anteriores, o terceiro aspecto: de como os
programas de formação estão se difundindo nos sistemas de ensino.
Nos programas de formação não tem sido diferente. Os dados do próprio MEC
indicam a premência em investir na formação dos professores da educação básica.
O problema é como e para quê. Nesse assunto o Ministério é extremamente
pragmático e, ao mesmo tempo, inteiramente submisso aos ditames do Banco
Mundial. Dessa maneira, as áreas prioritárias nos programas de formação atendem
às políticas traçadas pelo Banco Mundial, na forma e no conteúdo.
Os critérios são, pois, seletivos, excluindo uma parcela dos professores dos
programas de aperfeiçoamento, além de evidenciarem uma tônica de treinamento
em serviço, em detrimento de uma política de formação includente, reflexiva e
crítica. A perspectiva da qualidade, compreendida como direito ao saber, à ciência e
à tecnologia, é prejudicada.
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A esse respeito há de se destacar, também, uma certa confusão que paira sobre os
programas de formação ora em vigor: capacitação e formação docentes teriam o
mesmo significado?
Destaca-se, ainda, que essa concepção de formação continuada, por não favorecer
o acesso a níveis superiores de graduação, não tem qualquer repercussão na
carreira do professor, não se situando, pois, como componente das políticas de
valorização do magistério.
No contexto desse debate, embora com dez anos de atraso, a disputa de projetos
que envolve a tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE) é um fato
significativo para (re)colocarmos algumas das questões em movimento nos
programas de formação para os professores da educação básica.
Entretanto, há dois sinais bem nítidos do significado que o PNE/MEC possa vir a ter
para as políticas de formação caso seja aprovado como foi proposto e que
avançam, negativamente, na concepção presente na LDB. Um deles diz respeito à
desregulamentação dos processos de formação profissional, os quais perdem a
escola como locus privilegiado de troca de aprendizagens e de enriquecimento
cultural, secundarizando portanto a escolarização como direito do professor. A outra
consideração retorna aos critérios que defendemos como basilares para a
valorização profissional: o PNE/MEC não articula formação, carreira e jornada como
componentes de um mesmo campo de perfil profissionalizante do professor.
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Programas de formação e organização curricular
Há uma tônica presente nos documentos e nas propostas de formação do MEC que
é a relação com a organização curricular.
Outro enfoque que merece ser tratado são as alterações curriculares dos níveis e
das modalidades de ensino, em curso no Conselho Nacional de Educação (CNE),
trazendo mudanças significativas na organização dos tempos e espaços escolares.
Do CNE já emanaram as diretrizes curriculares para o ensino fundamental; para o
ensino médio; para a educação infantil; para a educação indígena, e, está em
debate, para a educação profissional.
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governo. Não são sem motivo as preocupações das entidades de classe e de vários
acadêmicos sobre o destino das licenciaturas e do curso de pedagogia.
O Conselho Nacional de Educação tem sido enfático, nos relatórios que subsidiam
suas resoluções curriculares, em explicitar, como fundamentos norteadores das
novas propostas pedagógicas, os princípios éticos (da autonomia, da
responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum), os princípios
políticos (dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do
respeito à ordem democrática), os princípios estéticos (da sensibilidade, da
criatividade, da ludicidade, da qualidade e da diversidade de manifestações
artísticas e culturais).
Assim sendo, abre-se mais uma exigência nos programas de formação: tratar as
questões pertinentes à organização curricular na perspectiva de considerar o
professor como sujeito do seu próprio processo de formação e como construtor do
projeto político pedagógico da escola, capaz de intervir, em conjunto com outros
atores, na implementação dessas diretrizes curriculares. O contrário é tratá-lo como
mero executor de políticas governamentais.
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Se é verdade, e acreditamos sê-lo, que a natureza dessas mudanças curriculares
ocorre em meio a um processo ao mesmo tempo de ruptura e de transição, urge
dimensionar os programas de formação para o atendimento dessa realidade.
Hoje, novas demandas estão postas para a escola e, portanto, para os profissionais
que nela atuam. Um dos desafios atuais diz respeito, exatamente, à definição do
perfil e da identidade desses profissionais.
Para nós, a identidade é constituída com base no vínculo com o trabalho educativo,
o que nos remeterá a exigências de formação profissional específica, na perspectiva
de consolidar essa identidade e qualificar o próprio trabalho educativo.
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Diferentemente de propostas oficiais que pretendem entregar tarefas educativas a
qualquer profissional não habilitado, a nossa tese está diretamente ligada a uma
formação específica para atuar na área da educação. As experiências nos têm
mostrado a grande contribuição que essa concepção traz para a valorização
profissional e a qualidade da educação.
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5. garantir recursos para projetos de formação profissional na lei orçamentária em
âmbito estadual e municipal;
BIBLIOGRAFIA
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FRIGOTTO, Gaudêncio. "A formação e a profissionalização do educador: Novos
caminhos". In: GENTILI, P & T.T. (orgs.). Escola S.A. Quem ganha e quem perde no
mercado educacional do neoliberalismo. Petrópolis; Brasília: Vozes/CNTE1996.
[ Links ]
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Educação & Sociedade
Print version ISSN 0101-7330
Educ. Soc. vol.21 n.71 Campinas July 2000
doi: 10.1590/S0101-73302000000200009
RESUMO:
O objetivo desse texto é registrar reflexões que permitam uma maior compreensão
do conceito de simbolização para introduzir a questão da constituição do sujeito
simbólico, comprometido pela deficiência mental. As reflexões passam por
encontros com diferentes autores, de áreas diversas do conhecimento, com a
intenção de marcar a escolha da perspectiva histórico-cultural como a que melhor
responde às interrogações sobre o ser humano capaz de dar significado ao mundo,
mesmo quando impedido por problemas orgânicos. São fundamentais as
contribuições de Vigotski e Bakhtin que concebem o homem como ser que significa
e se constitui nas relações concretas de vida.
Introdução
Meus encontros semanais com Bianca, a jovem deficiente mental, que aconteceram
durante três anos (do início de 1997 até o final de 1999) são descritos e analisados,
levando em conta como fundamental, como essencial, como princípio, o processo
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de simbolização na constituição da subjetividade e, de modo particular e especial, a
constituição da subjetividade do sujeito comprometido pela deficiência mental. A
tentativa é de compreender o desenvolvimento desse sujeito simbólico, cultural e
histórico, representado pela jovem Bianca, que nasceu com agenesia parcial do
corpo caloso e diminuição do hemisfério esquerdo e que se encontrava seriamente
comprometida em seu desenvolvimento cognitivo.
Nessa investigação, o viver junto os conflitos da história de vida. Viver junto que
precisou do olhar para os detalhes do fazer-se, captando o quase imperceptível
através da microanálise. Olhar que implicou a participação da pesquisadora como
elemento fundante da relação. Participação que exigiu que o registro e a análise
tomassem como possibilidade interpretativa as atividades significativas de
linguagem. Possibilidade interpretativa que se delineou a partir da dimensão
histórico-cultural do desenvolvimento humano como opção teórico-metodológica –
ou seja – tomar as ações e palavras, as relações sociais, em seu movimento,
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que ignoramos ou descartamos a dimensão histórica das definições, das
determinações, dos diagnósticos, tanto melhor para aqueles que detêm o poder
sobre o status quo e tanto pior para os que desejam compreender as possibilidades
de desenvolvimento humano.
Georges Canguilhem, fazendo um exame crítico de tais conceitos afirma que a vida
é normativa, institui normas: "a vida não é indiferente às condições nas quais ela é
possível [...] a vida é de fato uma atividade normativa" (1995, p. 96). Deste ponto de
vista, não existe o normal ou o patológico em si mesmos, mas exprimem, tanto um
quanto o outro, outra lógica, suportável ou não. O patológico não seria, portanto,
ausência de norma, mas uma outra norma, diferente das que foram inventadas pelo
gênero humano, como gênero exemplar de vida.
É possível dizer, a partir deste estudo, que alguns aspectos do desenvolvimento que
do ponto de vista neurológico anunciam deficiência mental e limitações podem ser
superados, mesmo que tais superações possam apenas ser demonstradas em
alguns níveis, por que por mim delimitados esses aspectos e captados esses níveis,
num tempo também delimitado.
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O que pude captar sobre o desenvolvimento de Bianca quando do período da
avaliação pedagógica, revelou-me que ela se apresentava com uma insuficiente
densidade expressiva, e por isso sem gestos significativos, interpretáveis – um ator
ainda em princípio de carreira, com pouco ensaio do simbólico, ainda que um ser
humano social, histórico e simbólico. O corpo, vítima dos problemas neurológicos
que tem, atrapalhava a entrada dela no mundo do simbólico: sua família, suas
professoras, os outros adultos e crianças de seu meio não se faziam entender por
ela e pouco entendiam dela. Se as possibilidades de produção e interpretação de
signos não têm limites, há limitações na nossa compreensão, nos recursos
disponíveis, nos conhecimentos – tão incipientes ainda...
O funcionamento simbólico não tem sido privilegiado nos programas das escolas ou
nas instituições de educação especial. De sujeito que se insere na cultura, dela
participa, não se fala nos documentos oficiais sobre diagnóstico da deficiência. De
doença e de diagnóstico fala-se muito e de forma muitas vezes equivocada.
Sem cada uma das vidas entrelaçadas, depois e a partir de nosso primeiro
encontro, não haveria uma Bianca que fala, que pede, que negocia seus direitos,
que interpreta e se faz interpretar, que usa gestos, que narra, que joga, que brinca,
que estuda, da forma como faz, mesmo sendo deficiente.
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Sem o encontro destas duas vidas e de outras que vão se juntando à nossa, não
haveria uma pesquisadora mais humana, mais preparada para a luta em seu campo
de trabalho, mais próxima dos deficientes e de suas vidas, com uma compreensão
melhor da família deles. Nem uma pessoa mais inconformada com os diagnósticos
com base em testes que dizem medir a inteligência e a capacidade de pensar; com
o que se tem proposto nas escolas especiais (com algumas exceções). Sem este
encontro, eu ficaria devendo alguns conhecimentos sobre os processos cognitivos
mediados pelos processos de simbolização na constituição do sujeito.
faz sobre si e sobre o mundo acompanham o homem desde tempos ainda não bem
calculados. O desejo de compreender o que nos assemelha e o que nos diferencia
dos animais tem perpassado os estudos sobre desenvolvimento humano. São
explicações diferentes que buscam esclarecer a natureza do homem e sua
diferença em relação aos animais. Mesmo partindo de pressupostos não
coincidentes, a maioria dos estudos concorda num ponto – cultural é diferente de
biológico.
Neste ponto, é interessante trazer a questão do uso dos instrumentos como ponto
distintivo do homem e do animal. O uso criativo dos objetos da natureza e a criação
deles transformam o homem – ao mesmo tempo que a produção progride com o
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Nem sempre o que foi dito sobre o processo de simbolização quis dizer a mesma
coisa pois, como os estudos sobre o humano são mais antigos do que as chamadas
ciências humanas, as investigações realizaram-se de diferentes maneiras através
dos tempos e em diferentes espaços.
O encontro com autores que tomam a matriz marxista como referência indica-me a
busca do próprio Marx. Um dos pontos cruciais é o que ele fala sobre o trabalho –
Henri Wallon (1986), que definiu seu método de trabalho como sendo o do
materialismo dialético, assume que o progresso intelectual do ser humano acontece
com o desenvolvimento da função simbólica. A passagem do ato motor (inteligência
sensório-motora), para esta outra forma de inteligência (do plano simbólico), supõe
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a vida social – um meio humano – em que a linguagem e a emoção desempenham
papel constituidor.
Angel Pino, nesta mesma linha de pensamento, diz que esse meio humano supõe
um universo cultural entendido como "o meio próprio dos homens, construído por
eles ao longo da história. Um meio feito de produções simbólicas – onde as próprias
Para Vigotski, conhecer o homem, estudar sua vida psíquica, era fundamentalmente
estudar este homem em suas relações concretas de vida, adotando como método o
materialismo dialético histórico. As relações concretas de vida acontecem nas
práticas discursivas – ações humanas integradas em ações significativas.
psicológica superior foi externa; isto significa que ela foi social; antes de se tornar
uma função, foi a relação social entre duas pessoas" (Vygotsky 1989, p. 56).
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Vigotski, em suas anotações sobre a Psicologia Concreta do Homem, marca as
bases para a compreensão do simbólico: os signos são os mediadores das relações
entre os homens, relações estas que constituem esses homens; o uso de signos
marca o ser social dos indivíduos e a palavra é o signo por excelência. Foi no
significado das palavras que Vigotski (1993) encontrou a unidade de análise do
pensamento e da fala. Para ele, uma palavra sem significado é um som vazio. No
entanto, o significado não é considerado algo pronto, acabado, imutável, mas, pelo
contrário, "o significado das palavras evolui", transforma-se, altera-se, também nas
relações concretas de vida social.
A palavra, signo por excelência, ganha sentido com o outro ser humano.
Impregnada de história, a palavra adquire sentido contextualizado, situado
historicamente. Bakhtin enfatiza a importância da natureza social do signo, em
particular da palavra enunciada e de como esta enunciação desdobra-se
dialogicamente. Partindo da concepção de que não há nada só individual, as
categorias tais como espaço, tempo, causalidade, estão sendo construídas
socialmente – a história se faz pelos homens – "todo signo, inclusive o da
A deficiência mental tomada como doença, tal como está até hoje inscrita nos
manuais da medicina, também tem uma sintomatologia e uma nosografia, para ser
coerente com o modelo médico que ainda a sustenta. O aspecto físico (o corpo do
deficiente); sua linguagem (a forma de falar e a coerência); o tempo de seus
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movimentos e de suas palavras; a atenção (quanto é capaz de acompanhar
movimentos ou falas e depois imitar e/ou interpretar); a autonomia para lidar com
situações da vida social; a história da gravidez e do parto; as doenças da mãe; a
comparação das ações do deficiente com as ações de crianças mais novas (idade
mental); os variados tipos de exames que são solicitados; os diagnósticos; os
encaminhamentos; o tratamento; a exclusão...
Michel Foucault diz que "no instante mesmo em que ela [a sociedade] diagnostica a
doença, exclui o doente" (1991, p. 74).
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As linhas gerais de seu pensamento sobre o desenvolvimento e a aprendizagem
dos deficientes foram, na verdade, propostas inovadoras, tanto para o campo das
pesquisas quanto para a atuação educacional. Encontramos alguns aspectos deste
tipo no núcleo de suas proposições, que ainda hoje são pertinentes. Além de
inovadora e pertinente, sua proposta é revolucionária. Perturba profissionais e
estudiosos das questões da psicologia e da educação, com sua visão prospectiva
do desenvolvimento.
Para ele, não é o defeito que decide o destino das pessoas, mas, sim, as
conseqüências sociais desse defeito. A análise dos problemas, segundo Vigotski
não deve ser retrospectiva, apenas levando em consideração o passado, mas deve
visualizar o futuro da personalidade: é indispensável compreender a vida em seu
"movimento eterno", descobrir possibilidades, olhar dialeticamente para os
fenômenos humanos: "na teoria da estrutura da personalidade e do caráter, a nova
compreensão introduz a perspectiva de futuro" (1989, p. 30).
linguagem... Vem a força dos desejos, das fantasias, das tendências psicológicas
que criam as possibilidades de vencer as dificuldades.
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positividade da deficiência com o conceito de compensação proposto por Vigotski,
dita de forma explícita quando afirma que qualquer defeito origina estímulos para a
formação de compensação, alertando para o fato de que não basta determinar o
grau ou a gravidade do defeito, mas o que se deve é encontrar "processos
edificadores e equilibradores no desenvolvimento e na conduta da criança" (1989, p.
5).
realidades concretas por algo que não pertence ao real concreto, ou seja, por
realidades simbólicas. No momento em que a conheci, revelava a existência de
processos simbólicos bastante elementares. Durante três anos de intervenção
pedagógica, num trabalho sistemático, houve alterações significativas nos
processos cognitivos mediados por processos simbólicos: na qualidade da narrativa,
na expressão através de gestos significativos, na possibilidade de participar de
jogos, nos desenhos, nas trocas de papéis das atividades próprias de dramatização,
no uso significativo dos objetos culturais – ou seja, Bianca passou a ocupar lugares
do mundo... A avaliação vai sendo composta: quem diz, o quê, para quem, em que
situação, com quais propósitos? Era preciso introduzir Bianca nos usos da
linguagem... O que é que aquilo quer dizer? Que sentido tem? Por que meios ou
processos um enunciado é produzido como tendo sentido? Que significação tem?
O gesto
coisa servia para olhar ou tentar pegar, mas largava com a mesma rapidez com que
se aproximava deles. Talvez fosse por isso que seus pais reclamavam que "ela não
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toma banho sem a gente brigar... não lava as mãos, não escova os dentes sozinha,
não se limpa após ir ao banheiro...não aprende a ler... fala apenas por
monossílabos..."
Não se trata de condicionar ações, pois, como diz Wallon, "o movimento, em sua
materialidade aparente, não constitui o ato" (1986, p. 88). Inserção cultural, pertença
ao grupo social com seus usos e costumes são práticas discursivas.5
O sujeito aparece nas práticas sociais e discursivas e aí aparecem seus gestos, sua
atenção, sua memória, seus desejos, o controle da vontade...
Um ano depois de termos iniciado o trabalho com Bianca, ela já realizava gestos
indicativos, seus movimentos já eram signos visíveis para o outro; estavam
tornando-se significativos, compreensíveis: o simbólico tomando conta do
movimento. Se, antes, seu gesto era contido e o riso forçado; os seus braços não
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davam vida às palavras e ao andar, que era pausado e cambaleante – indícios de
que os objetos culturais não se constituíam em realidades simbólicas para ela –, já
Bianca estava precisando do gesto para dar ciência de seu corpo a si mesma e ao
outro. A corporeidade precisava ficar mais expressiva porque mais próxima da
corporeidade das moças de sua idade, na sua comunidade. Mas, não foi treinando
posturas que tudo aconteceu. Foi porque o papel da linguagem é ser expressiva da
corporeidade. A corporeidade traduz sentimentos e consciência. A consciência
corporal é fundamental para a linguagem do corpo. Ultrapassando limites, abre
possibilidades novas. Bakhtin, numa expressão feliz, parte de uma análise que faz
sobre o autor e o herói em sua Estética da criação verbal, diz que "quando
abraçamos o corpo, abraçamos também a alma encerrada nesse corpo e que se
expressa por ele" (1992b, p. 61). A alma tem expressão no corpo. O corpo do
deficiente mental, muitas vezes não consegue revelar ou expressar sua alma
porque está caído, desarrumado, desarmônico, inexpressivo, doente; seus
movimentos sem sentido não falam ao outro sobre sua alma. É preciso desenvolver
a consciência de si para que seja possível expressá-la nos movimentos do corpo, ao
mesmo tempo em que os movimentos do corpo ajudam a tomar consciência de si.
O corpo necessita do outro para lhe atribuir sentido e lhe dar forma. É preciso captar
a significação do ato tanto quanto a significação da palavra. O sujeito aparece nas
práticas sociais e discursivas e aí aparecem seus gestos, sua atenção, sua
memória, seus desejos, o controle de sua vontade.
com ele uma maior intimidade, pelo contato corpo a corpo. Mocinhas carregam seus
irmãos. Bianca não podia fazê-lo sem alguém por perto, carregando junto. Agora
pode. A queixa de que Bianca não realizava sozinha as atividades de higiene, muito
se relacionavam com os movimentos bastante limitados de seu braço direito. Bianca
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estava realizando ações cuja semelhança com as ações das pessoas de sua
comunidade promove a sua participação nos costumes e modos de lidar com o
corpo e os objetos. Sem ligação com o treinamento motor por si mesmo. "O
movimento, em sua materialidade aparente, não constitui o ato", diz Wallon (1986,
p. 88). Na verdade, um corpo cada vez mais expressivo, porque possível de fazer o
outro captar os seus sinais.
O corpo simbólico, que por seus gestos de afeto, indicam o carinho; que por seus
gestos de lavar o rosto, representa atitude de higiene – pessoa educada, que está
sempre limpa, que atrai o outro para perto de si... É captar a significação do ato; é
ver finalidade; é controlar a vontade para alcançar a finalidade do ato que é signo.
Nomear o que está à sua frente já acontecia com a mediação do próprio objeto ou
cena representada, com uma necessidade cada vez menor de que começássemos
a palavra para ela completar. O desenho ganhava forma e sentido no contexto que
criávamos ou que nos era imposto. Narrativa, gesto e desenho se articulavam. As
histórias da vida e a vida nas histórias... Lidar com objetos não presentes. Imaginar
o que já viu, trazer de volta, convertido em fala própria... Aparentemente simples,
mas ainda muito difícil para Bianca. No entanto, inegavelmente, fazendo uso da
linguagem de forma mais precisa, mais coerente... Ainda que seja na alternância de
falas, própria do diálogo. Chama a nossa atenção para uma série de procedimentos
que, via de regra, estão negligenciados nas avaliações do deficiente mental.
As ações humanas são ações significativas, são, portanto, ações simbólicas: criam
relações entre os objetos, entre os objetos e as palavras, entre palavra e palavra. As
condições de produção dessas ações significativas devem ser compreendidas como
relações entre a linguagem, a cognição e a cultura. As nossas ações, minhas e de
Bianca, são ações sociais, cognitivas, discursivas e pragmáticas.6 Incluídas estão as
formas de agir sobre o mundo: com o corpo, com os movimentos desse corpo, com
o olhar, com as expressões de afeto, amor e ódio, com as palavras, com os
silêncios...
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na educação infantil e na educação especial, muito mais como material didático do
que como uma das formas culturais de entretenimento e lazer.
Bianca, que não sabia jogar aos dezessete anos, aprendeu. Passou ser parceira no
jogo de baralho, nos jogos com dados: companheira em jogos diversos, que presta
atenção, que ri e se diverte, que ganha e que perde.
Bianca não é mais a mesma jovem deficiente mental. Nem sua deficiência é a
mesma. Os problemas já não são os mesmos. Ampliou a consciência do próprio
corpo e do corpo do outro. A linguagem, mais desenvolvida, a constitui companheira
de conversa, negociadora de sentidos... anuncia e denuncia. Diz de si e dos outros.
Dramatiza situações de vida, agindo como se fosse o outro – coloca-se no lugar do
outro – expressão do desenvolvimento cognitivo e cultural. Joga, desenha, escreve
seu nome, conhece e reconhece números. Usa os instrumentos culturais com mais
propriedade – escova os dentes para ficar mais bonita e passa baton... penteia-se
para que o rapaz de quem gosta a veja bonita. Quer passar creme, perfume. Às
vezes chega e diz: "Cheira. Olha como estou cheirosa." "Ganhei um anel..." "Viu
minha blusa nova?" "Fui na manicure." "Limpeza de pele... eu fiz." Queixa-se.
Reclama: "Minha mãe não quer pôr aparelho no meu dente..." "Meu pai foi embora
de casa..." "Não quero falar..." "Me empresta um modess? Esqueci..." "Posso ir no
banheiro? Vou lavar a mão... já volto..."
Bianca necessita da palavra do outro, das dicas, das retomadas nos momentos de
fracasso de suas expressões... é preciso que esse outro recorra a estratégias para
que selecione o caminho mais adequado de produção do discurso. Precisa da
mediação efetiva do outro na organização do contexto discursivo, no contexto de
aprendizagem, tanto das palavras quanto dos conteúdos para que forme conceitos,
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generalize, transfira conhecimentos para outras situações – criando e interpretando
signos – portanto, criando e interpretando o que é cultural, humano, do sujeito...
A escola especial precisa, antes de mais nada, definir-se quanto à sua concepção
de sujeito, de mundo, de sociedade, de deficiência, de eficiência, de
desenvolvimento e aprendizagem, para poder conhecer mais e melhor sobre as
características das crianças e jovens que nela estão e dela esperam um papel
crucial no desenvolvimento cognitivo em todas as esferas do simbólico. E isso só é
possível a partir de um projeto político-pedagógico que defina, com clareza, seu
papel de conhecer, reconhecer e programar a sua tarefa de criação positiva de
formas de trabalho, que respondam às particularidades de seus educandos; tanto as
particularidades pessoais de gênese biológica quanto as que são construídas na
vida social, nas relações concretas de vida de cada um.
Vigotski chama de "novo ponto de vista" o que temos chamado de "um novo olhar"
para as limitações e possibilidades dos deficientes; insiste que a validade social é a
finalidade da educação. E para ele, o que é cultural é social, os signos são sociais,
as ferramentas são sociais, todas as funções superiores desenvolvem-se de modo
social, as significações são sociais – a base da estrutura da personalidade é social.
Bianca começou a ser atendida em 1997. Não falava sequer uma palavra sem que
alguém começasse a dizê-la. Não permanecia num mesmo tópico por mais de
alguns segundos. Seu corpo não fazia parte de seu discurso e não se dava a
mostrar aos outros como um corpo de uma jovem – tinha um corpo que costuma ser
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chamado de "corpo de deficiente", com "jeito de deficiente"... Seus olhos pareciam
olhar para o nada. Seus movimentos eram descoordenados e desarmônicos. Não
sorria, porque parecia sorrir o tempo todo (e sorriso é só para certas ocasiões).
86). No caso de Bianca, demoram mais, pedem maior compreensão de quem está
com ela, exigem intencionalidade nas perguntas, na espera pelas respostas, na
ajuda para dizer. Authier-Revuz diz mais: as palavras são "porosas" (carregadas de
outros discursos); "embutidas" (palavras caleidoscópias); "faltam" (ficam ausentes).
É nesse espaço "da não coincidência" que o discurso vai acontecendo e que as
esferas do simbólico vão desenvolvendo, ampliando, modificando, ganhando formas
e sentidos múltiplos.
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se separa das suas condições de produção; a concepção de Bakhtin de que a
comunicação verbal está absolutamente entrelaçada a outras formas de
comunicação e se faz, num crescendo, "no terreno comum da situação de
produção" e que "graças a esse vínculo concreto com a situação, a comunicação
verbal é sempre acompanhada por atos sociais de caráter não verbal (...)" (1992a,
p. 124), entre os quais Bakhtin aponta os gestos, os rituais, os atos simbólicos.
Foi (e é) minha intenção, deixar marcas: com palavras, com fatos, com a vida da
Bianca, com os autores que trouxe, com a articulação teórica que fiz, com a
introdução de termos e expressões não costumeiras nas discussões sobre
deficiência mental, com a detalhada descrição do papel do outro como mediador do
uso dos instrumentos culturais em atividades com sentido. Inserção social é isso! O
sentido das palavras e ações... Quis firmar o papel do outro como fundamental para
que aconteça a plasticidade cerebral e, dessa forma aconteça, simultaneamente e
articuladamente, o desenvolvimento semiótico, que por sua vez mobiliza funções
cerebrais.
Foram três anos de encontro semanal com Bianca. Três anos que só
aparentemente podem ser delimitados entre março de 1997 e dezembro de 1999.
Digo "aparentemente" porque há retomadas constantes do passado, que é
constitutivo do sujeito, tanto quanto seu presente e seu futuro. O que Bianca é hoje
revela seus anos de vida social antes de nos conhecermos. O que eu sou hoje, por
causa de Bianca, transforma meu passado e me abre perspectivas para o futuro.
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Alguns aspectos da esfera do simbólico foram privilegiados por mim: a) o gesto –
Desenho que acompanha a fala e é permeado por ela: processo decisivo para o
desenvolvimento da escrita, segundo Vigotski; e) a participação em jogos – aspecto
lúdico que, via de regra não está presente nos meios educativos ou familiares dos
deficientes porque, quase sempre, dirigidos a um "pedagogês" que desrespeita e
devassa o sujeito. No jogo, operar com o significado dos objetos, do tempo, do
espaço, das regras, é um modo semiótico de lidar com o real e o imaginário. Com o
jogo, unido ao prazer, ao gosto, ao lúdico, Bianca "aprende a seguir os caminhos
mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela
quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o
caminho para o prazer no brinquedo" (idem, 113); f) o uso significativo dos objetos
culturais – no lugar do condicionamento para o uso do pente, da escova, do
sabonete, do lenço, do lápis, do papel, do correio, dos livros... olhar para as ações
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humanas em sua absoluta interação com os objetos construídos pela/na cultura.
Interação que depende das práticas discursivas e é constituída nelas e por elas,
tornando-se, ele mesmo, o uso dos objetos, uma prática discursiva. Interpretar e
produzir signos – eis o processo de simbolização. O uso dos objetos não são fins
Notas
4. Vigotski diz que a defectologia, para ele, é uma ciência que tem como objeto
especial de estudo os processos de desenvolvimento infantil com uma quantidade
quase ilimitada dos seus diferentes tipos. Desta forma, deve estabelecer os ciclos,
as transformações deste desenvolvimento, suas desproporções, revelando as leis
de sua diversidade.
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em Psicologia. Cognição e linguagem – a questão da integração do deficiente; nº 2,
1995.[ Links ]
______. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988. [ Links ]
* Este texto refere-se à pesquisa que resultou na tese de doutorado, orientada pelo
Prof. Dr. Angel Pino e co-orientada pela profª Dra. Maria Irma Hadler Coudry.
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versão impressa ISSN 0103-863X
Paidéia (Ribeirão Preto) v.16 n.34 Ribeirão Preto maio/ago. 2006
doi: 10.1590/S0103-863X2006000200005
PESQUISAS TEÓRICAS
RESUMO
Como e por que as crianças brincam? Qual o significado desta atividade em cada
cultura? Estas questões da temática da brincadeira e sua relevância para a
compreensão científica do desenvolvimento infantil são discutidas neste estudo.
Analisa-se o conceito da atividade de brincar a partir de diferentes autores,
privilegiando quem a vê como socialmente construída. Aborda-se a importância da
brincadeira do faz-de-conta como atividade que promove a representação e a
metarepresentação no desenvolvimento da criança. Finalmente reflete-se sobre a
brincadeira no contexto pedagógico vivenciado pelas crianças em instituições de
educação infantil, o papel do professor no desenvolvimento e educação infantil.
Introdução
Hoje, pode-se afirmar que já foi superado parte do equívoco, de que o conteúdo
imaginário do brinquedo determinava a brincadeira da criança. Segundo Benjamin
(1984),
"a criança quer puxar alguma coisa, torna-se cavalo, quer brincar com areia e torna-
se padeiro, quer esconder-se, torna-se ladrão ou guarda e alguns instrumentos do
brincar arcaico desprezam toda a máscara imaginária (na época, possivelmente
vinculados a rituais): a bola, o arco, a roda de penas e o papagaio, autênticos
brinquedos, tanto mais autênticos quanto menos o parecem ao adulto." (pp. 76- 77).
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seus desejos. Assim, um pedaço de madeira pode virar um cavalo; com areia, ela
faz bolos, doces para sua festa de aniversário imaginária; e, ainda, cadeiras se
transformam em trem, em que ela tem a função de conduto, imitando o adulto
(Benjamin, 2002).
"A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no
âmbito familiar" (Kishimoto, 2002, p. 139) e continua com seus pares. Inicialmente,
ela não tem objetivo educativo ou de aprendizagem pré-definido. A maioria dos
autores afirma que ela é desenvolvida pela criança para seu prazer e recreação,
mas também permite a ela interagir com pais, adultos e coetâneos, bem como
explorar o meio ambiente.
A brincadeira das crianças evolui mais nos seis primeiros anos de vida do que em
qualquer outra fase do desenvolvimento humano e neste período, se estrutura de
forma bem diferente de como a compreenderam teóricos interessados na temática
(Brougère, 1998). A partir da brincadeira, a criança constroi sua experiência de se
relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomadas de
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decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é
característica importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da
autonomia, criatividade e responsabilidade quanto a suas próprias ações.
Fein (Spodek & Saracho, 1998) afirma que é muito "difícil definir a brincadeira, mas,
em certo sentido, ela se auto-define" (p. 210). A preocupação em conceituar o que é
a brincadeira não é apenas dos educadores, mas está na pauta de outros
profissionais, dentre eles psicólogos, filósofos, historiadores e antropólogos.
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significados social e historicamente produzidos são construídos, quanto novos
podem ali emergir. A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados
como espaços de construção de conhecimentos pelas crianças, na medida em que
os significados que ali transitam são apropriados por elas de forma específica.
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O autor afirma, ainda, que o desenvolvimento humano é um processo dialético,
marcado por etapas qualitativamente diferentes e determinadas pelas atividades
mediadas. O homem, enquanto sujeito é capaz de transformar sua própria história e
a da humanidade, uma vez que por seu intermédio muda o contexto social em que
se insere, ao mesmo tempo em que é modificado.
Na brincadeira, a criança pode dar outros sentidos aos objetos e jogos, seja a partir
de sua própria ação ou imaginação, seja na trama de relações que estabelece com
os amigos com os quais produz novos sentidos e os compartilha (Cerisara, 2002).
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com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que
expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
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esportivos podem ser outro exemplo (não apenas os esportes atléticos, mas os que
têm como regra, ganhadores e perdedores). Estes são freqüentemente
acompanhados de desprazer para a criança que não alcança o resultado favorável,
isto é, aquela que perde a partida.
Assim, o prazer não pode ser visto como uma característica definidora da
brincadeira (Cerisara, 2002). Entretanto, não se deve ignorá-lo, pois ela preenche
necessidades da criança e cria incentivos para colocá-la em ação, que é de
fundamental importância, uma vez que contribui para mudanças nos níveis do
desenvolvimento humano. Para Cerisara (2002), todo avanço nestes está
relacionado a alterações acentuadas nas motivações, tendências e incentivos.
Torna-se, então, necessário lembrar que os interesses mudam em função do
desenvolvimento e da maturidade do sujeito, pois, o que atrai um bebê não o faz a
uma criança um pouco mais velha. Portanto, a maturidade das necessidades é um
tópico importante na teoria da Psicologia histórico-cultural.
Vygotsky (1998) afirma que não é possível ignorar que a criança satisfaz algumas
necessidades por meio da atividade do brincar. As pequenas tendem a satisfazer
seus desejos imediatamente, e o intervalo entre desejar e realizar, de fato, é bem
curto. Já as crianças entre dois e seis anos de idade são capazes de inúmeros
desejos, e muitos não podem ser realizados naquele momento, mas posteriormente
por meio de brincadeiras. Vygotsky (1998) diz que,
Com isto, no espaço da sala de aula, a criança procura satisfazer seus desejos não
realizáveis imediatamente envolvendo-se em um mundo imaginário, onde os não
realizáveis podem ser concretizados; a este mundo é que se chama da brincadeira.
O autor concebe a imaginação como:
Há, portanto, uma crença de senso comum que o brincar da criança é imaginação
em ação. Vygotsky (1998) considera que isto deveria ser invertido, uma vez que a
imaginação, nas crianças em idade da educação infantil e nos adolescentes, é o
brinquedo sem ação. Desta forma, fica claro que o prazer que estas vivenciam é
controlado por motivações diferentes das experimentadas por um bebê ao chupar
sua chupeta.
Para o autor, nem todos os desejos não satisfeitos dão origem à brincadeira;
quando uma criança quer andar de velocípede e isto não pode ser imediatamente
concretizado, ela não vai para seu quarto e faz de conta que está andando de
velocípede para satisfazer seu desejo, pois não tem consciência das motivações e
emoções que dão origem à brincadeira. Nessa perspectiva, Vygotsky (1998) diz que
o brinquedo difere muito do trabalho e de outras formas de atividade, uma vez que
nele a criança cria uma situação imaginária, algo reconhecido pelos estudiosos, e
que portanto não é novo. Ele afirma que a imaginação é característica definidora da
brincadeira e não um atributo de subcategorias específicas do brinquedo.
Cerisara (2002) coloca que toda situação imaginária que envolve o brinquedo já
pressupõe regras, ocultas ou não e que o contrário é verdadeiro, ou seja, todo jogo
tem, explicitamente ou não, uma situação imaginária envolvida. Nesse sentido, o
faz-de-conta é em especial significativo para o desenvolvimento infantil, por estar
relacionado à imaginação.
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Valsiner (1988) acrescenta que para analisar o desenvolvimento infantil deve-se
considerar os ambientes em que ocorre a atividade da brincadeira, que são
fisicamente estruturados, segundo os significados culturais das pessoas
responsáveis pela criança. Valsiner (2000) aponta, ainda, que ela ocupa um papel
ativo na organização de suas atividades, construindo uma versão pessoal dos
eventos sociais que lhe são transmitidos pelos membros de sua cultura. Esta
construção é elaborada pelos processos de interação social, canalização e trocas,
fazendo uso de recursos e instrumentos semióticos co-construídos, cujos
significados estão presentes na "cultura coletiva". Por último, o autor afirma que é
preciso considerar que a criança expressa a compreensão do mundo por meio da
ação, e que cada classe social tem um sistema de significação cultural próprio,
relacionado às práticas típicas de seu grupo.
Pedrosa (1996), em consonância com Valsiner, afirma que a criança desde o seu
nascimento interage com um mundo de significados construídos historicamente; na
relação com seus parceiros sociais se envolve em processos de significação de si,
dos outros e dos acontecimentos de seu contexto cultural, construindo e
reconstruindo ativamente significados.
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A cultura, na concepção de Valsiner (2000), refere-se à organização estrutural de
normas sociais, valores, regras de conduta e sistemas de significados
compartilhados pelas pessoas que pertencem a certo grupo com uma história de
convivência e relações de pertencimento. Para ele, a cultura tem duas faces: a)
como entidade coletiva (significados compartilhados); b) como entidade pessoal
(significados pessoais). A primeira é aprendida pela criança no contexto de suas
experiências em diferentes tipos de ambientes. Especialmente os pais e
profissionais responsáveis pelos cuidados e educação (escola, creches), devem
procurar organizar o ambiente de forma que este seja brincável, isto é, explorável
(Dantas, 2002), e que incentive o brincar.
As crenças dos adultos sobre a brincadeira infantil são geradas em seus sistemas
de significado cultural. Neste sentido, Valsiner (1988) destaca que a criança, como
ser ativo, no processo viver a brincadeira, vai além da cultura de seus pais e
professores, uma vez que reconstrói as experiências adquiridas nos espaços
familiares, escolares e comunitários. Ela, assim, cria, para suas brincadeiras,
funções e cenários novos para as sugestões sociais, oferecidas por seu grupo;
assim, ela externaliza sua subjetividade sobre os eventos sociais e, ao mesmo
tempo, reconstrói o significado social da brincadeira.
A subjetividade da criança vai se formando nas interações que estabelece com seus
parceiros nos contextos cotidianos. Valsiner (1989) acrescenta que o mundo adulto,
dependendo de seus valores culturais, oferece à criança uma variedade de
sugestões e modos de interação semioticamente marcados pelos modelos sexuais,
muitas vezes estereotipados como masculino, feminino ou indiferenciado. Esta é
uma das sugestões sociais que levam a criança a brincadeiras marcadas pelo
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gênero, de acordo com a cultura coletiva, o que frequentemente ocorre naqueles em
que o menino só pode brincar de carrinho, e menina, de casinha de boneca. As
famílias canalizam as ações, as percepções e representações da criança na direção
de assumir um papel social aprovado de acordo com suas crenças e valores.
Para Packer (1994) brincar é uma atividade prática, "na qual a criança constrói e
transforma seu mundo, conjuntamente, renegociando e redefinindo a realidade" (p.
273); "uma construção da realidade, a produção de um mundo e a transformação do
tempo e do lugar em que ele pode acontecer" (p. 271). A participação da criança
nesta atividade "requer um senso de realidade compartilhado do que é verdadeiro
ou falso, certo ou errado" (p.271).
Dentre as brincadeiras realizadas pelas crianças, na faixa etária dos três aos sete
anos, o faz-deconta é a que mais desperta o interesse e tem sido estudada em
detalhes. Alguns pesquisadores que trabalham com as teorias do desenvolvimento
cognitivo destacam a sua importância como comunicação integrada, ou seja, o faz-
de-conta é uma atividade complexa e constituinte do sujeito, diferente das que
caracterizam o cotidiano da vida real, que já aparece nos jogos de esconde-esconde
que ela tem com os adultos, quando aprende que desaparecer, no jogo, não é algo
real, mas inventado para poder brincar (Oliveira, 1996). Piaget (1978), face ao
desenvolvimento do pensamento infantil, afirma que a brincadeira de faz-de-conta:
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"está intimamente ligada ao símbolo, uma vez que por meio dele, a criança
representa ações, pessoas ou objetos, pois estes trazem como temática para essa
brincadeira o seu cotidiano (contexto familiar e escolar) de uma forma diferente de
brincar com assuntos fictícios,contos de fadas ou personagens de televisão (p.76).
Neste sentido, ele diz que o pensamento da criança pequena não é suficientemente
preciso e maleável para comunicar um conjunto de idéias, então, o símbolo assume
a função de mediador, dando oportunidade à criança de expressar seu pensamento.
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Os resultados desse estudo evidenciaram que as crianças utilizaram mais as
atividades de metarepresentação em relação às categorias "formas planejadas" e o
"entender o faz-de-conta no outro" que as de termos mentais: "expressão do
desejo", "direção da interação", "modulação da asserção" e "expressão do estado
mental";e mais a categoria de "expressão do desejo" que a "direção de interação".
Concluiu-se que a atividade metarepresentativa apresentou- se tanto na brincadeira
faz-de-conta quanto no uso de termos mentais das pré-escolares investigadas.
Portanto, nessa faixa etária, ela pode possuir uma teoria da mente, à medida que
evidencia a habilidade em entender a sua e a dos outros.
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Essa intervenção dá-se em dois níveis: De um lado, a não destrutiva do interesse
pelo brinquedo; Do outro, a proposição, no momento propício e em associação com
a brincadeira, de atividades dirigidas que tenham uma lógica, elaborada em função
de objetivos pedagógicos, intencionalmente promovidos pelos educadores,
tornando-se cada vez mais importantes à medida que a criança cresce. Intervir na
brincadeira nunca dá certeza do que vai acontecer, mas deve ser assegurada a
intenção de a atividade continuar a beneficiar o grupo.
Outra forma que o professor pode usar para enriquecer a brincadeira é propondo
atividades que incentivem a curiosidade das crianças; por exemplo, a troca de
cartas e bilhetes com os parceiros, leva à escrita e comunicação, sendo
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experiências que poderão ajudar a criança, mais adiante, a investir nestas
habilidades no faz-de-conta.
Considerações Finais
De outro lado, existe a versão construída pela criança sobre os padrões sociais, a
partir dos referenciais transmitidos pelo grupo a que pertence, mas que são
ressignificados no seu cotidiano e nas suas interações com seus pares e com
'outros sociais. Desta forma, a criança recria seu espaço de brincadeira, com novos
cenários, inventando funções para os objetos, dando-lhe um sentido de acordo com
os padrões aprovados socialmente.
A brincadeira oferece às crianças uma ampla estrutura básica para mudanças das
necessidades e tomada de consciência: ações na esfera imaginativa, criação das
intenções voluntárias, formação de planos da vida real, motivações intrínsecas e
oportunidade de interação com o outro, que, sem dúvida contribuirão para o seu
desenvolvimento.
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Os princípios norteadores da política educacional congelados no papel não
provocarão mudanças no contexto educacional. Mas, a administração pública deve
proporcionar uma formação continuada aos professores; diante de situações de
insegurança, isto é, de ministrar novos conteúdos e realizar propostas educativas
que exigem conhecimentos diferentes dos que os profissionais acreditam, a
tendência dos educadores é desprezá-las, muitas vezes fazendo críticas
infundadas, apesar de reconheceram a importância dos novos conteúdos para o
processo de melhoria da qualidade de ensino. É preciso que o professor reconheça
a importância do princípio da brincadeira para o desenvolvimento infantil,
estabelecido no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, como uma
conquista e efetivação dos direitos da criança integrada à modalidade de educação
infantil.
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[HTML] Histórias da educação infantil brasileira
[HTML] de uaemex.mxM Kuhlmann Jr - Revista Brasileira de educação, 2000 -
redalyc.uaemex.mx ... ca. Em 1985, no decorrer desse processo, a Secretaria.
Municipal de Educação da cidade de São Paulo publi-. cou um número especial da
revista Escola Municipal,. ... educação infantil. No teatro da História, outros
espetáculos já haviam sido e continuaram a ser realizados. ... Citado por 28 - Artigos
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Tabulação especial da PNAD ... No I Simpósio Nacional sobre Educação Infantil
realizado em Brasília em agosto de 1994, representante da Secretaria Estadual de
Edu- cação do Estado da Bahia ...
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[CITAÇÃO] Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a educação
infantil
S Kramer, ABC Pereira, MLMB Oswald… - 1994 - Editora Atica
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[PDF] Por que e para que uma política de formação do profissional de educação
infantil?
[PDF] de dominiopublico.gov.brAMRF Barrêto - … de formação do profissional de
Educação Infantil - dominiopublico.gov.br
... Page 10. ANCHA M. RABELO E. BARRETO Educação Infantil proposta pelo MEC
e apoiada por órgãos de governo e entidades da Sociedade Civil, em especial as
que integram a Comissão Nacional de Educação Infantil (MEC/SEF/DPE/COEDI,
1993). ...
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supletivo):(Art. 58 a 60) cursos e exames. ... 1 ano 2 ano 3 ano... Ensino
fundamental 100% 100% 100% 100% Educação
Infantil - 33,33% 66,66% 100% Ensino Médio - 33,33% 66,66% 100% EJA - ...
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[HTML] de scielo.brA Arce - Educação & Sociedade, 2001 - SciELO Brasil
... 7. A esta questão gostaria de agregar uma outra que já foi apresentada nos
diversos pareceres e em especial no de Palhares & Martinez (1999), que se refere à
descontinuidade que marca o documento em relação às políticas para a educação
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[HTML] de scielo.brAML Padilha - Educação e Sociedade, 2000 - SciELO Brasil
... Entendo que o jogo é uma das esferas do simbólico, é uma das manifestações
culturais. Porém, o jogo tem estado presente, na educação infantil e na educação
especial, muito mais como material didático do que como uma das formas culturais
de entretenimento e lazer. ...
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A fonoaudiologia na relação entre escolas regulares de ensino fundamental e
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Brasília, 1 abr. 2005. [ Links ]. ...
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[HTML] A formação de educadores ea constituição da educação de jovens e adultos
como campo pedagógico
[HTML] de scielo.brVM Ribeiro - Educação & Sociedade, 1999 - SciELO Brasil
... portanto, pensar em formas de prover essa especialização aos educadores que
por ela se interessem, qualquer que seja a instância formativa, na mesma medida
em que isso seria apropriado para outras modalidades como a educação infantil,
especial, fundamental, média ...
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A educação infantil no contexto das políticas públicas
[HTML] de scielo.brAMRF Barreto - Rev. Bras. Educ - SciELO Brasil
... Pesquisa atual: Crenças, Valores e Práticas de Professores de Educação Infantil.
E-mail:
amrfbarreto@uol.com.br * Trabalho apresentado na sessão especial promovida pelo
GT Educação da Criança de 0 a 6 anos, na 25ª Reunião Anual da ANPEd, realizada
em Caxambu ...
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[CITAÇÃO] Educação inclusiva e municipalização: a experiência em educação
especial de Paraguaçu Paulista
AAS Oliveira… - Revista Brasileira de Educação Especial, 2002
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[PDF] A educação inclusiva: um meio de construir escolas para todos no século XXI
[PDF] de rs.gov.brPA Sánchez - SUMÁRIOOUTUBRO2005 - rsacessivel.rs.gov.br
... es 07 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: um meio de construir escolas para todos no
século XXI INCLUSÃO-Revista da Educação Especial-Out/2005 7 1 Resumo Este
artigo analisa o conceito de diversidade no campo da educação inclusiva. ...
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ORIENTAÇÕES PARA BUSCA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS NO
SCIELO
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Siga os passos indicados:
Para iniciar sua pesquisa, digite o site do SciELO no campo endereço da
internet e, depois de aberta a página, observe os principais pontos de pesquisa: por
artigos; por periódicos e periódicos por assunto (marcações em círculo).
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Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavras-
chave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar “e”,
“ou”, “de”, “a”, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em pesquisar.
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Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolha-
as com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema
escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for
relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras-chave
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poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se nada
aparecer, tente outras palavras.
Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para
aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras
fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo).
A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam:
nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação,
volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções
de visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em
português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo
o artigo.
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Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da
página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do
artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso
queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador.
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É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os
artigos, sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do
autor do texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra.
Tais atitudes podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que
farão a correção do artigo.
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