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Lei 10.

261/68 p/ TJ-SP
Teoria e exercícios comentados
Prof Marcos Van Acker – Aula 00

AULA 00: Introdução à Lei 10.261/68

SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação 1
2. Cronograma 2
3. Introdução 3
4. Aplicabilidade do Estatuto hoje 6
5. Noções essenciais 7
6. Questões comentadas 11
7. Lista das questões apresentadas 18
8. Gabarito 21

Olá, amigos.

Para mim é um grande prazer estar aqui, no ESTRATÉGIA CONCURSOS,


para conversar com vocês a respeito da Lei 10.261/68, que é o Estatuto
dos Servidores Públicos Civis do Estado de São Paulo, em mais uma etapa
de preparação para o concurso do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo.

Estudar a Lei 10.261/68 é fundamental, por duas razões – uma, para


enfrentar a prova e conseguir a aprovação; outra porque, depois de
aprovado, sua vida funcional será regida por este diploma, que estabelece
uma série de direitos e obrigações para todo servidor público do Estado
de São Paulo.

Gostaria de me apresentar. Meu nome é Marcos Van Acker, sou servidor


público do Estado de São Paulo há mais de 10 anos, atualmente sou
Agente Fiscal de Rendas, da Secretaria da Fazenda, aprovado no último
concurso de 2009. Anteriormente, trabalhei na Assembléia Legislativa do
Estado de São Paulo, aprovado no concurso de 1999; em todo este
período no setor público trabalhei em áreas relacionadas à Gestão de
Recursos Humanos. Minha área de formação é em Letras, bacharelado
pela FFLCH-USP, licenciado pela FEUSP.

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Nosso curso sobre a Lei 10.261/68 – extensão e objetivos

A Lei 10.261/68 procura regular todos os aspectos da vida funcional do


servidor público, sendo por isso extensa, com mais de 300 artigos.

Neste curso, não vamos abordar toda a lei; vamos tratar dos artigos mais
importantes, e que têm mais chance de serem alvo de questões da banca
examinadora. Na medida do possível, usaremos questões de concursos
anteriores. Nossa intenção é revelar a simplicidade do assunto, e tratá-lo
de forma objetiva.

Vamos estudar a matéria de forma a tratar dos pontos mais importantes,


para que ninguém seja surpreendido na prova para o Tribunal de Contas!

Cronograma

Aula 0 - 24/09/2012

O que é o estatuto. Sua extensão. Aplicabilidade. Noções esseciais do


Estatuto – cargo, carreira.

Aula 1 – 08/10/2012

Formas de Provimento e Vacância. Posse e Exercício.


Direitos e Deveres do Servidor Público.

Aula 2 – 22/10/2012

Vedações. Apuração Preliminar. Processo Administrativo Disciplinar.


Penalidades.

Nota: Nesta aula inicial, de demonstração, vamos tratar de noções


introdutórias ao Estatuto, por isso a aula tem uma extensão um pouco
menor; as seguintes terão conteúdo mais extenso, e mais questões de
prova. Inclusive, nas aulas seguintes, teremos a participação
especialíssima do Prof. CYONIL BORGES, comentando diversas questões de
prova! Trata-se de um excelente professor, referência no Direito
Administrativo. Pois bem, meus amigos, então vamos ao Estatuto!

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O que, afinal, é o Estatuto?

A Lei 10.261, de 28 de outubro de 1968, instituiu o Estatuto dos


Servidores Públicos Civis do Estado de São Paulo. Que nome comprido,
não?

Estatuto é um conjunto de regras de organização; pode ser aplicado, por


exemplo, às regras de organização de uma associação. No nosso caso, a
Lei 10.261/68 estabelece regras relativas a um certo grupo social.

Este é um uso comum da palavra. Ouvimos todos os dias falar em


Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e do Adolescente. No nosso caso,
o grupo social objeto das regras estatutárias é composto de Servidores
Públicos. Especificamente, os do Estado de São Paulo. E, entre estes,
apenas os civis, ou seja, excetuados os policiais militares (que têm lei
própria).

O nome é comprido, mas o conceito é simples, não?

Para facilitar, a partir deste ponto, para nos referirmos ao Estatuto dos
Servidores Públicos Civis do Estado de São Paulo, diremos apenas
“Estatuto”, ou “EFP”.

Da mesma forma, quando nos referirmos a “servidores”, entendam que


falamos sobre os servidores civis.

Vimos então que o EFP é genérico, trata em princípio de todos os


servidores públicos paulistas.

Isto é estabelecido em seu Artigo 1°:


Artigo 1º — Esta lei institui o regime jurídico dos funcionários
públicos civis do Estado.
Parágrafo único — As suas disposições, exceto no que colidirem com
a legislação especial, aplicam-se aos funcionários dos 3 Poderes do
Estado e aos do Tribunal de Contas do Estado

1.2 Alcance do Estatuto

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O Estatuto é o regime jurídico dos servidores públicos.

Em outras palavras, o Estatuto rege, regula a relação jurídica existente


entre a Administração Pública, o Estado, e seus servidores. Esta relação
é plenamente compreendida se recordarmos dois princípios da
administração pública, que vocês, concursandos atentos, lembram-se
bem:

- Princípio da supremacia do interesse público, segundo o qual o interesse


público, entendido como interesse de toda a coletividade, tem
preponderância sobre os interesses particulares;

- Princípio da legalidade, segundo o qual a ação da autoridade pública tem


de contar com permissão legal para ser válida.

Pois bem, a relação estatutária entre servidor e Estado é de Direito


Público, e por meio dela o servidor, ao ser investido em cargo público,
assume deveres legais, todos os que a Lei prescreve. Assim, no exercício
do cargo o servidor tem deveres aos quais não pode furtar-se, sendo os
primeiros os decorrentes dos princípios acima nomeados.

Além disso, ao assumir os deveres do cargo, que não são outros que os
do Estado, o servidor público passa a fazer parte de uma relação
contratual unilateral, em que seus direitos estão previamente
estabelecidos por Lei, e não podem ser objetos de negociação.

Vejam como isso tem relação direta com os princípios da legalidade e da


impessoalidade.

Notem a diferença em relação à relação trabalhista de caráter privado,


entre empresa e trabalhador, que pode, em tese, ser negociada, com
direitos e deveres estipulados por meio de livre negociação entre as
partes.

1.3 – O Estatuto é universal

Vemos, no parágrafo único do artigo 1°, que o Estatuto, no Estado de São


Paulo, aplica-se a todos os servidores dos 3 poderes do Estado.

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As exceções ficam para os casos em que leis específicas dispuserem em
contrário do Estatuto. Assim, temos que o Estatuto tem aplicação
universal, e é genérico, seus dispositivos não descem ao nível de minúcia
que uma lei específica, por exemplo, reguladora de uma carreira, pode
chegar. Se houver conflito nesse caso, prevalece a lei específica. A
previsão consta do Estatuto.

Assim, aplicam-se as normas do Estatuto a todos os servidores da


administração direta dos 3 poderes; em princípio, não são regidos pela
norma estatutária os servidores da administração indireta, ou seja, de
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia
mista, a não ser que haja previsão legal específica.

Esta delimitação encontra-se no Artigo 2° do Estatuto.

Artigo 2º — As disposições desta lei não se aplicam aos empregados


das autarquias, entidades paraestatais e serviços públicos de
natureza industrial, ressalvada a situação daqueles que, por lei
anterior, já tenham a qualidade de funcionário público.
Parágrafo único — Os direitos, vantagens e regalias dos funcionários
públicos só poderão ser estendidos aos empregados das entidades a
que se refere este artigo na forma e condições que a lei estabelecer.

Com isso, vimos o alcance das normas do Estatuto, que é fundamental


para compreender a lei.

O tema pode ser cobrado em provas, como na questão a seguir:

1) 1. (FCC/Casa Civil/Executivo Público/2010 - adaptada) Com relação ao


Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo ( Lei n°
10.261/68), considere as seguintes proposições:

I. As disposições do Estatuto não se aplicam aos empregados das


autarquias, entidades paraestatais e serviços públicos de natureza
industrial, ressalvada a situação daqueles que, por lei anterior, já tenham
a qualidade de funcionário público.
II. A norma Estatutária tem caráter de lei geral, e portanto não derroga
leis específicas que regulem carrerias ou cargos públicos específicos
III. Os funcionários de uma autarquia estadual não serão nunca sujeitos
dos direitos que o EFP garante aos funcionários públicos.

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São proposições CORRETAS

a) I e III
b) II e III
c) I e II
d) Somente I
_______________
Comentários:

Vamos analisar cada uma das proposições para encontrarmos a


alternativa correta.

A proposição I reproduz literalmente o caput do Artigo 2° do EFP, veja a


transcrição mais acima; portanto está correta.

A proposição II está correta, vimos que o EFP é universal e genérico para


os servidores públicos de SP; no caso de lei especial ou específica, se
houver conflito, o EFP pode ser derrogado pela lei especial, apenas para
os servidores regidos por tal lei, continuando plenamente válido para os
demais!

A proposição III traz uma “pegadinha”, pois de fato os funcionários


autárquicos não têm garantidos os direitos assegurados pelo EFP aos
servidores, mas a proposição diz que eles não serão nunca sujeitos
desses direitos, e há a ressalva do parágrafo único do Artigo 2º, que
garante a esses servidores tais direitos, se houver previsão legal para
tanto.

Assim, a proposição não está correta. Temos como corretas as


proposições I e II, o que nos leva à alternativa c.

Gabarito: C

2. Aplicabilidade do Estatuto hoje

O concursando atento já percebeu que a Lei 10.261/68 tem mais de


quarenta anos de idade. No entanto, continua em pleno vigor.

Em grande parte, isso se deve ao fato de ser uma lei de princípios, geral.

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Em muitos pontos, evidentemente, o Estatuto já foi derrogado por outras


leis, mais recentes. Por exemplo, havia previsão, na redação original do
EFP, da prisão administrativa. Era uma forma de penalidade; a autoridade
administrativa poderia recorrer à prisão de servidor faltoso. Estava
prevista nos artigos 264 e seguintes, cuja redação foi totalmente alterada
pela LC 942/2003.

Muito embora a revogação expressa destes dispositivos só se tenha dado


em 2003, é evidente que tais artigos não tinham sido recepcionados pela
Constituição Federal. Notem que o EFP entrou em vigor em ordem
constituicional anterior à vigente, sob a Constituição de 1967, durante o
regime militar.

Em outros pontos, não houve revogação formal, mas há debate sobre se


certos dispositivos podem ser recepcionados pela CF/88. Por exemplo, a
forma de provimento chamada acesso (art. 11, IV) é por vezes alvo dessa
discussão. Os defensores de sua não-recepção apegam-se ao fato de que
o acesso é uma forma de provimento diversa da do concurso público,
prevista na CF.

Não nos aprofundaremos nesse tipo de discussão, pois foge do escopo do


edital.

Devemos reter o seguinte, o Estatuto continua em pleno vigor, e só pode


ser alterado por Lei Complementar. Diz-se que ele tem eficácia de lei
complementar, embora não seja originalmente uma lei complementar, já
que essa espécie legislativa nem existia quando foi promulgado. Mas é a
previsão do item 10 do parágrafo único do Artigo 23 da Constituição
Estadual. A competência para propôr leis relativas a cargos e funcionários
públicos é do governador.

3. Noções Essenciais do Estatuto

As noções de Funcionário, Cargo e Carreira são importantíssimas na


organização interna do EFP, e são definidas uma em função da outra.
Vejamos como.

3.1 Funcionário Público

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Funcionário Público, segundo o EFP, é a pessoa legalmente investida em
cargo público. Chegamos agora a uma noção pessoal. Uma das hipóteses
de investidura é a aprovação em concurso público. Sim, meus amigos!
Agora o Estatuto está falando de vocês!! Futuros aprovados no concurso
do TJ-SP!!

Veremos logo, logo as diversas formas de investidura; se a pessoa que


assume cargo público pelas formas legais de investidura torna-se
Funcionário Público, para o EFP, precisamos entender o que é o tal cargo
público. Mas antes faz-se necessário um parêntese.

3.1.1. Distinção entre Servidor Público e Funcionário Público

Simplesmente não há distinção entre servidor e funcionário público. Este


último é o termo consagrado pelo Estatuto; a CF, por sua vez, preferiu o
termo “servidor”. Para que não haja confusão ou receio, deixemos bem
claro isso. Ambos serão os ocupantes dos cargos públicos. Vamos em
frente?

3.2 Cargo

O EFP reza que cargo público é o conjunto de atribuições e


responsabilidades cometidas a um funcionário. Somos tentandos a
acrescentar que tais atribuições e responsabilidades são necessariamente
previstas em lei, na lei de regência do cargo – a tal legislação especial do
parágrafo único do Art. 1º.

Portanto, o cargo público é um feixe de deveres que assumimos ao tomar


posse. O cargo público só pode ser criado por Lei. Em São Paulo, Lei
Complementar de iniciativa do Governador.

Vejam que as noções do Estatuto são simples, não cabe complicá-las ou


montar teorias a respeito. É necessário compreender cada passo, e logo
teremos uma visão do conjunto.

Então, o EFP trata o cargo como conjunto de responsabilidades cometidas


a funcionário, investido nessa condição por meio legalmente previsto.

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Importante também relembrar noções que você já aprendeu no Direito
Administrativo, e que o EFP não se preocupa em definir à minúcia, mas
são importantes:

Cargo efetivo é o assim definido em lei,


e provido mediante realização de
concurso público.
Cargo em comissão é aquele para cuja
nomeação a autoridade competente
tem ampla discricionariedade, bem
como para a exoneração; diz-se cargo
demissível ad nutum, ou seja,
instantaneamente.
Função comissionada é também uma
subespécie de cargo, pois a ela devem
estar associadas responsabilidades e
atribuições; é atribuível a quem ocupa
cargo efetivo, para o exercício de
funções de direção, chefia e
assessoramento.

3.2.1 Classe, Carreira e Quadro

Trata-se de conjuntos formados a partir da unidade Cargo Público.

Classe é o conjunto de cargos da mesma denominação. Suponhamos que


haja um cargo de Supervisor de Obras Públicas, da Secretaria de Obras.
Todos os cargos de Supervisor de Obras Públicas pertencem à mesma
Classe.

Carreira para o EFP é o conjunto de classes da mesma natureza de


trabalho, escalonadas segundo o nível de complexidade e o grau de
responsabilidade.

Quadro é o conjunto de carreiras e de cargos isolados. Entenda-se cargos


isolados aqueles que não estão agrupados em carreira.

Geralmente o quadro está relacionado a órgãos, ou entes, p.ex, o Quadro


do TJ, o Quadro da Secretaria da Cultura abriga tais e tais carreiras, etc.

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Existe um conceito estranho ao Estatuto, que é o de emprego público,
introduzido no ordenamento jurídico pela EC 19/98, no âmbito da
chamada “reforma do Estado” à época empreendida, uma forma híbrida,
à qual se pretendia cometer atribuições de cargos públicos submetida no
entanto a regime de trabalho contratual da CLT, numa relação “quase
privada”. Havia à época a inteção de política de descaracterizar o cargo
público, igualando o trabalhador do setor público aos demais.

Notar que o Estatuto qualifica e define o servidor público como tal.


Lembrar que emprego público é instituto diverso do cargo público, não
são a mesma coisa.

3.3 Lotação

A definição dada pelo próprio EFP consta do seu Artigo 58, que diz:

Entende-se por lotação, o número de funcionários de carreira e de cargos


isolados que devam ter exercício em cada repartição ou serviço.

Lotação é a quantidade desejável de cargos ocupados por funcionários,


em cada sub-unidade, ou “repartição”, de um órgão público.

Enquanto tal número não é atingido, temos por consequência cargos


vagos naquela unidade administrativa. Não se admite excesso de lotação,
ou seja, número superior ao estipulado.

A noção de lotação tem relação com racionalizar e quantificar as


necessidades de pessoal.

: lotação não é o mesmo que o número de cargos; o


quantitativo de cargos está determinado na Lei de sua criação e regência.
A partir daí, tais cargos podem ser distribuídos nas unidades
administrativas dos órgãos para os quais o cargo foi criado.

Imaginemos um exemplo, uma Secretaria de Esportes; dentro dela,


imaginemos uma sub-unidade chamada Divisão de Apoio ao Esporte
Amador, “repartição” única, sem mais subdivisões.

Ora, a Lei n° XXXX criou 100 cargos de Técnico Esportivo, a ser provido
em caráter efetivo.

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A lotação da nossa Divisão, conforme Resolução do Secretário, é de 20


Técnicos Esportivos, e mais 05 Auxiliares Administrativos, cargo regido
por Lei diversa. Além disso, a nossa unidade administrativa conta com 3
ocupantes da função comissionada de Supervisor de Esporte, privativa de
ocupantes do cargo de Técnico Esportivo, e um cargo em comissão de
Diretor de Divisão, de livre provimento.

A lotação da nossa Divisão compreende todos os cargos enumerados, e


totaliza 29 servidores (20 + 5 + 3 + 1).

Muito bem, compreendemos algumas questões essenciais do Estatuto


nessa aula introdutória.

Seguem algumas questões para você rever a matéria.

Questões Comentadas

2. (FCC/TRT 8ª/Técnico Judiciário – adm /2010) Sobre cargo público é


correto afirmar:

A) Cargo público e emprego público são expressões sinônimas.


B) Os cargos públicos são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei e aos estrangeiros, na forma da lei.
C) Cargo em Comissão pode ser provido em caráter permanente.
D) Nem todo cargo tem função, mas a toda função corresponde um
cargo.
E) A criação de cargo pode se feita por decreto do Chefe do Poder
Executivo.
________________
Comentário:

Examinemos todas as alternativas. A primeira trata como sinônimos cargo


público e emprego público. Definitivamente, não são a mesma coisa. O
emprego público foi introduzido no ordenamento pela EC 19/98, e
permanece estranho ao EFP. A afirmativa portanto é incorreta.

A alternativa seguinte está correta, é mandamento constitucional


relacionado ao cargo público, embora estranho ao EFP. Importante que

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conheçamos o Artigo 37 e seguintes da CF, a alternativa reproduz o inciso
I do art. 37. Está correta portanto.

Continuemos nosso exame. A alternativa c trata do provimento de cargo


em comissão, que, como vimos, é alvo de grande discricionariedade da
autoridade competente para nomeação, sendo demissível ad nutum.
Portanto, não tem caráter permanente. Vê-se que a alternativa não está
correta.

A afirmativa seguinte contém uma armadilha. Função é uma subespécie


de cargo, como vimos, quanto à função comissionada; o ocupante de
cargo pode não ocupar função, e geralmente as funções são destinadas a
quem ocupa cargo. Há no entanto regimes em que há contratos
temporários para desempenho de funções; esses regimes tendem à
extinção hoje. Em São Paulo, tivemos a Lei 500/74, que permitia a
contratação para desempenho de funções. A alternativa está incorreta.

Por fim, a alternativa e menciona a criação de cargo por meio de decreto.


Isso é impossível, o cargo público só pode ser criado por Lei, e em São
Paulo por Lei Complementar de iniciativa do Governador, como vimos.
Incorreta a alternativa, ficamos então com a opção b.

Gabarito: B

3. Os servidores públicos obedecem a normas constitucionais e


infraconstitucionais, como o Estatuto. Acerca disso, analise as proposições
e indique a correta

a) O Estatuto como lei específica pode derrogar as normas constitucionais


acerca dos servidores públicos em geral
b) A CF/88 recepcionou integralmente o Estatuto, que por isso tem pleno
vigor
c) O Estatuto tem plena vigência hoje, apenas acerca de alguns
dispositivos pode haver discussão acerca de sua recepção face à CF;
d) A CF/88 inovou grandemente em relação aos servidores públicos, e
com isso não recepcionou a maioria dos dispositivos do Estatuto, o que o
torna praticamente inaplicável hoje em dia

_______________
Comentários:

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A primeira alternativa faz um pequeno jogo com conceitos para atrapalhar


o candidato. De fato, mencionamos que a lei específica pode derrogar a
lei geral, mas o Estatuto, norma infraconstitucional, não pode derrogar a
norma da Lei Maior. Está portanto incorreta a proposição.

A proposição seguinte faz supor que o Estatuto foi recepcionado


integralmente pela CF, o que não é o caso, como vimos; demos inclusive
o exemplo da prisão administrativa.

A alternativa seguinte atenua a afirmação anterior, ao dizer que a


recepção pela CF de alguns de seus dispositivos ainda pode ser discutida;
outros já foram derrogados por leis mais recentes. É afirmativa correta.

Com isso, a derradeira proposição fica evidentemente inválida; a CF aliás


não inovou tanto em matéria de servidor público, houve antes uma
consolidação de direitos já anteriores à própria Carta. Inovação houve
alguma com a EC 19/98, que no entanto não invalidou de forma alguma o
EFP, que continua em pleno vigor.

Gabarito: C

4. A norma relativa ao servidor público no Estado de São Paulo


I- Está inscrita necessariamente no Estatuto do Servidor Público
II – que constar do EFP aplica-se aos servidores dos 3 poderes
III - que altere direitos para servidor, de qualquer que seja dos 3
Poderes, é de iniciativa do Governador do Estado
IV - de caráter específico pode derrogar o Estatuto, e é de iniciativa do
Titular do Poder, caso trate específicamente de servidores de um dos
Poderes.

Estão incorretas as proposições


a – I e IV
b – II e III
c – III e IV
d - I e III
_________________
Comentário:

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Vamos analisar as proposições. A primeira contém uma generalização,
armadilha conhecida do concursando experiente: sabemos já que nem
toda norma relativa a servidor público estará no Estatuto, que tem caráter
de lei geral. Incorreta portanto.

A alternativa seguinte nos relembra apenas da aplicabilidade do EFP aos


servidores dos 3 poderes do Estado, que aprendemos no Artigo 1° da lei.
Está correta. A iniciativa da legislação que altere o EFP, conforme
aprendemos, é do Governador; no entanto, se for legislação específica
para os servidores de outros poderes que não o Executivo, a iniciativa
caberá então ao titular do Poder: ao Presidente do Tribunal de Justiça, ou
à Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. De outra forma, teríamos
ingerência de um Poder sobre outro, ferindo o princípio constitucional da
serparação dos poderes. Assim, está incorreta a proposição.

A última proposição nos faz relembrar que a norma específica pode


derrogar o Estatuto, a própria Lei o prevê no parágrafo único de seu
Artigo 1°, e da questão da iniciativa legislativa tratada acima: via de
regra, é do Governador; se tratar-se apenas de servidores de um dos
Poderes que não o Executivo, será do Titular do Poder. Está correta,
portanto.

A questão pede as alternativas incorretas; vimos que são a I e a III, o


que nos leva à alternativa d.

Gabarito: d

5. A Lei 10.261/68 é uma lei ordinária criada sob a égide da Constituição


de 1967. Podemos dizer que essa Lei

I- pode ser alterada por lei ordinária, de iniciativa do Governador;

II- embora tenha eficácia de lei complementar, formalmente é lei


ordinária, e pode ser alterada por norma dessa espécie;

III- pode ser alterada por Decreto do Governador, pelo fato de a


Constituição de 1967 prever a figura do Decreto-Lei;

IV- pode ser alterada por lei de iniciativa de qualquer dos titulares de um
dos Poderes do Estado.

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Quantas afirmativas acima estão corretas?

a) nenhuma
b) uma
c) duas
d) todas
_______________
Comentário:

Uma questão que pede a análise de todas as afirmativas oferecidas. A


primeira, devemos compreender que o Estatuto é formalmente lei
ordinária, com eficácia de lei complementar; embora sua alteração seja
de iniciativa do Governador, deve ser feita por lei complementar. Está
incorreta a afirmativa.

A segunda, pelo fundamento visto acima, está incorreta; de fato, o EFP


tem eficácia de lei complementar, e é por isso mesmo que deve ser
alterado por outra lei complementar.

O Estatuto, tendo sido recepcionado pela CF/88, hoje faz parte da ordem
constitucional atual, não importando a ordem constitucional vigente
durante sua aprovação. Está incorreta alternativa, então.

O Estatuto é, como vimos, norma geral sobre os servidores públicos;


como tal, só pode ser alterado por projeto de iniciativa do Governador. Os
titulares dos outros Poderes poderão criar leis sobre servidores desde que
específicas para os servidores daqueles Poderes, nunca normais gerais
sobre os servidores dos 3 Poderes. Assim, a afirmativa é incorreta. Com
isso, nenhuma das afirmativas está correta, o que nos leva à alternativa
a.

Gabarito: A

6. João ocupa um cargo em caráter efetivo, e Maria um cargo em


comissão na mesma repartição. O superior hierárquico deles decide
designar João para uma função comissionada. Visto isso, assinale a
alternativa correta:

a) Maria terá de ser exonerada de seu cargo, ad nutum.

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b) João terá de pedir exoneração de seu cargo.
c) Maria poderia ter sido designada para a função para a qual João será
designado.
d) A função a ser desempenhada por João será de direção, chefia ou
assessoramento.
_________________
Comentário:

Para resolver essa questão simples, basta relembrar que cargo efetivo é o
assim definido em lei, e provido mediante realização de concurso público;
Cargo em comissão é aquele para cuja nomeação a autoridade
competente tem ampla discricionariedade, bem como para a exoneração;
diz-se cargo demissível ad nutum, ou seja, instantaneamente. Função
comissionada é também uma subespécie de cargo, pois a ela devem estar
associadas responsabilidades e atribuições; é atribuível a quem ocupa
cargo efetivo, para o exercício de funções de direção, chefia e
assessoramento.

Assim, a designação de João para uma função comissionada não tem


relação com o exercício por Maria de cargo em comissão, visto serem
coisas distintas cargo em comissão e função comissionada.

A função comissionada não é um novo cargo efetivo, representa antes um


número adicional de responsabilidades que o servidor assume, mantendo
as que já assumira com o cargo. Cessada a designação, o servidor volta
ao exercício do seu cargo automaticamente. Assim, João não precisa
exonerar-se para assumir a função comissionada. Aliás, se fosse
exonerado, aí é que não poderia assumir a função comissionada, que é
privativa do ocupante de cargo efetivo.

Por esse motivo, Maria não poderia assumir a função, uma vez que ocupa
cargo em comissão.

A última alternativa, por fim, é a correta, pois como vimos a função


comissionada é atribuível a quem ocupa cargo efetivo para exercer
funções de direção, chefia ou assessoramento.

Gabarito: D

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7. A Divisão de Estudos Especiais da Secretaria de Assuntos Especiais do
Estado da Pampônia conta com efetivo de 2 ocupantes de cargo em
comissão e 21 servidores efetivos, além de que 3 ocupam função
comissionada. A lotação da repartição é de 35 servidores. Portanto,

a) Há nove cargos vagos


b) Há 12 cargos vagos
c) Pode haver mais de 35 servidores na Divisão de Estudos Especiais
d) Há 14 cargos vagos

Uma questão sobre o lotação, noção estudada na aula, com a qual já


introduzimos a noção de Provimento, que será estudada na próxima aula!
Vimos que a criação de cargos, e sua quantificação, é feita por Lei. Ora,
nem todos os cargos criados são providos automaticamente! Cargos
criados e não exercidos por um funcionário são cargos vagos. Assim
também, cargo exercido por um funcionário que se aposenta, por
exemplo, torna-se novamente vago.

Vimos que lotação é o número de funcionários de carreira e de cargos


isolados que devam ter exercício em cada repartição ou serviço. Vimos
também que não se admite excesso de lotação, não podem ser alocados
mais servidores que o previsto na unidade.

Assim, de cara descartamos a alternativa c, pois o enunciado já nos diz


que a lotação é de 35 servidores. No entanto, o total de cargos
efetivamente exercido é de 2 + 21 + 3 = 26.Assim, da lotação total
encontram-se vagos nove cargos, o que nos leva à alternativa a.

Gabarito: A

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Lista de questões apresentadas nesta aula

1) 1. (FCC/Casa Civil/Executivo Público/2010 - adaptada) Com relação ao


Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo ( Lei n°
10.261/68), considere as seguintes proposições:

I. As disposições do Estatuto não se aplicam aos empregados das


autarquias, entidades paraestatais e serviços públicos de natureza
industrial, ressalvada a situação daqueles que, por lei anterior, já tenham
a qualidade de funcionário público.
II. A norma Estatutária tem caráter de lei geral, e portanto não derroga
leis específicas que regulem carrerias ou cargos públicos específicos
III. Os funcionários de uma autarquia estadual não serão nunca sujeitos
dos direitos que o EFP garante aos funcionários públicos.

São proposições CORRETAS

a) I e III
b) II e III
c) I e II
d) Somente I

2. (FCC/TRT 8ª/Técnico Judiciário – adm /2010) Sobre cargo público é


correto afirmar:

A) Cargo público e emprego público são expressões sinônimas.


B) Os cargos públicos são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei e aos estrangeiros, na forma da lei.
C) Cargo em Comissão pode ser provido em caráter permanente.
D) Nem todo cargo tem função, mas a toda função corresponde um
cargo.
E) A criação de cargo pode se feita por decreto do Chefe do Poder
Executivo.

3. Os servidores públicos obedecem a normas constitucionais e


infraconstitucionais, como o Estatuto. Acerca disso, analise as proposições
e indique a correta

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a) O Estatuto como lei específica pode derrogar as normas constitucionais
acerca dos servidores públicos em geral
b) A CF/88 recepcionou integralmente o Estatuto, que por isso tem pleno
vigor
c) O Estatuto tem plena vigência hoje, apenas acerca de alguns
dispositivos pode haver discussão acerca de sua recepção face à CF;
d) A CF/88 inovou grandemente em relação aos servidores públicos, e
com isso não recepcionou a maioria dos dispositivos do Estatuto, o que o
torna praticamente inaplicável hoje em dia.

4. A norma relativa ao servidor público no Estado de São Paulo


I- Está inscrita necessariamente no Estatuto do Servidor Público
II – que constar do EFP aplica-se aos servidores dos 3 poderes
III - que altere direitos para servidor, de qualquer que seja dos 3
Poderes, é de iniciativa do Governador do Estado
IV - de caráter específico pode derrogar o Estatuto, e é de iniciativa do
Titular do Poder, caso trate específicamente de servidores de um dos
Poderes.

Estão incorretas as proposições


a – I e IV
b – II e III
c – III e IV
d - I e III

5. A Lei 10.261/68 é uma lei ordinária criada sob a égide da Constituição


de 1967. Podemos dizer que essa Lei

I- pode ser alterada por lei ordinária, de iniciativa do Governador;


II- embora tenha eficácia de lei complementar, formalmente é lei
ordinária, e pode ser alterada por norma dessa espécie;
III- pode ser alterada por Decreto do Governador, pelo fato de a
Constituição de 1967 prever a figura do Decreto-Lei;
IV- pode ser alterada por lei de iniciativa de qualquer dos titulares de um
dos Poderes do Estado.

6. João ocupa um cargo em caráter efetivo, e Maria um cargo em


comissão na mesma repartição. O superior hierárquico deles decide
designar João para uma função comissionada. Visto isso, assinale a
alternativa correta:

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a) Maria terá de ser exonerada de seu cargo, ad nutum.


b) João terá de pedir exoneração de seu cargo.
c) Maria poderia ter sido designada para a função para a qual João será
designado.
d) A função a ser desempenhada por João será de direção, chefia ou
assessoramento.

7. A Divisão de Estudos Especiais da Secretaria de Assuntos Especiais do


Estado da Pampônia conta com efetivo de 2 ocupantes de cargo em
comissão e 21 servidores efetivos, além de 3 que ocupam função
comissionada. A lotação da repartição é de 35 servidores. Portanto,

a) Há nove cargos vagos


b) Há 12 cargos vagos
c) Pode haver mais de 35 servidores da Divisão de Estudos Especiais
d) Há 14 cargos vagos

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Gabarito

Questão Alternativa
1 C
2 B
3 C
4 D
5 A
6 D
7 A

Pessoal, espero que tenham gostado. Como observamos no início, foi uma
aula demonstrativa, introdutória, e por isso um pouco mais breve.
Preparem-se para as próximas, em que poderemos apresentar conteúdo
mais extenso e mais questões de prova.

Obrigado a vocês, e até a próxima aula!

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