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Dalmiro Camanducaia
Direito Tributário
3 - COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA.
3.1 – DEFINIÇÃO
Nota-se que não se trata de obrigação de tributar e sim de uma faculdade, vale
dizer, uma potestade,“... um complexo de aptidões que o ordenamento jurídico
confere a alguém, cujo exercício implique modificações de situações jurídicas
titularizadas por outrem.”1
O texto constitucional, em seu art. 146, diz ser reserva de lei complementar a
definição de normas gerais em matéria tributária.
Normas gerais são aquelas de observância compulsória por todos aqueles que
desejarem exercer a competência tributária. A CF, 146, III, traz um rol não
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(Greco, Dinâmica da Tributação 2007)
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Ser dotado de competência tributária não implica poder fazer o que quiser em
matéria tributária, pois o exercício dessa competência já nasce limitado pelo
texto constitucional. Em termos comparativos, seria a Constituição dizendo a
quem recebe a competência tributária o seguinte: “Você que recebe a
competência tributária é capaz de fazer qualquer coisa em matéria tributária
desde que eu, Constituição, esteja de acordo”.
Forma de Estado é o modo pelo qual o Estado organiza seus elementos, quais
sejam, população, o território e poder.
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UNIÃO
ESTADOS
PODER
PODER
ESTADO
ESTADO
FEDERAL
UNITÁRIO
(BRASILEIRO)
DISTRITO
FEDERAL
MUNICÍPIOS
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Constituição, art 1º.
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Constituição, art 2º.
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A edição pela União dessas normais gerais não impede que os Estados as
suplementem de modo a atender suas necessidades regionais.
Sendo então o CTN o veículo das normas gerais em matéria tributária, deve ser
observado por todos aqueles a quem a CF outorgou competência tributária,
quando de seu exercício.
4
quem
5
quanto
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Mudando o que deve ser mudado, ao Distrito Federal, que pode exercer
competência tributária atribuída aos Estados e aos Municípios, aplicam-se as
limitações constantes de sua lei orgânica.
Então, fica claro que a Constituição Federal não cria tributo, mas,
simplesmente, outorga a competência tributária.
Ainda no mundo privado, nada impede que essa atividade possa ser entregue a
terceiros (ex: uma empresa especializada em cobrança). Vale observar que a
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(Sabbag, 2011)
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STJ-396:
A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a
cobrança da contribuição sindical rural.
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Repare que, de acordo com o artigo supra citado, o Banco do Brasil, por
exemplo, não possui capacidade tributária ativa, pois a ele somente foi
entregue o encargo de arrecadar tributos.
Deter a capacidade tributária ativa implica poder estar no polo ativo de uma
relação jurídico-tributária e, dessa forma, se pode concluir que o sujeito ativo
numa relação jurídico-tributária será uma pessoa jurídica de direito público.
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Dizemos que o tributo tem natureza FISCAL quando sua função fundamental é
abastecer os cofres públicos.
Lado outro, dizemos que o tributo tem natureza EXTRAFISCAL quando sua
finalidade principal é regular determinadas atividades.
Não resta dúvida de que aquilo que se arrecada com o tributo de natureza
EXTRAFISCAL serve para abastecer os cofres públicos. Então ainda que se
atribua a determinado tributo a condição de EXTRAFISCAL, ele não deixa de
ter seu lado fiscal. A classificação deve levar em conta sua função
predominante.
É possível a utilização dos tributos com efeito extrafiscal desde que haja
autorização constitucional. Vejamos alguns exemplos:
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(Paulsen, Direito Tributário - Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência 2008)
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(Baretta 2003)
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(Carrazza, Curso de Direito Constitucional Tributário 2004)
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Por sua vez, o prof. Paulo de Barros Carvalho10 se limita a reconhecer três
qualidades: indelegabilidade, irrenunciabilidade e incaducabilidade.
A Lei Complementar 101, tal como as demais leis, retiram seu fundamento do
texto constitucional. Não vejo como razoável a ideia de que lei (ainda que
complementar) pudesse vir a alterar o texto constitucional.
- não instituir todos os tributos cuja competência lhe foi entregue e ficar
impedido de receber transferências voluntárias.
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(Carvalho, Curso de Direito Tributário 2007)
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