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1. Thomas Münzer
Pouco se sabe sobre Münzer. Parte de sua história foi esquecida não
porque irrelevante, mas por conveniência. Cabe a pergunta: por quê?
Não se trata de responder as coisas de maneira adiantada ou simplista,
mas de traçar hipóteses e problematizar. Uma que propomos é: T. Münzer
é pouco conhecido porque foi um líder camponês, ou seja, ideologica-
mente não-alinhado à classe hegemônica, a burguesia. Passemos à aná-
lise mais detalhada.
Thomas Münzer nasceu em uma pequena vila chamada Stolberg
na atual Alemanha (BLOCH, 1973, p. 9), geograficamente localizada nas
Montanhas de Hartz situada a sudeste na Saxônia, ano de 1490, morreu
decapitado em 1525 pelos príncipes germânicos. Münzer foi o filho úni-
co de camponeses, gente pobre que servia aos grandes senhores. Seu pai
foi condenado à forca devido às arbitrariedades de um conde, já sua mãe
foi subjugada aos demais cidadãos do burgo, sendo maltratada e por
fim pretendiam expulsá-la da cidade, pois estava na completa miséria
(BLOCH, 1973, p. 9).
Eram os tempos intoleráveis da futura Alemanha. Ser pobre era
contra a lei e o abuso era a regra. E Münzer? Como vemos, Münzer expe-
rimentou desde cedo as amarguras da vergonha e da injustiça, fechou-se
em si mesmo, nada aceitou dos “outros”. Münzer viveu a necessidade do
2. A Alemanha
5 Carlos Kautsky (1854-1938), foi o principal teórico do socialismo marxista na social demo-
cracia alemã e posteriormente crítico revisionista do comunismo leninista (URDANOZ,
1985, p. 19).
8 Membros de uma comunidade cristã, considerada herética pela Igreja Católica, que se
organizou a partir da cidade boêmia de Tabor no século XV. Seus seguidores também
foram massacrados em 1434.
Poucos dias após a afixação deste texto, escrito pelo próprio Münzer,
quatro guardas passaram a acompanhar os passos do líder camponês
(BLOCH, 1973, p. 15), período no qual se iniciam as perseguições a
Münzer. É enxotado, renegado, considerado morto pelos próprios amigos
(BLOCH, 1973, p. 16).
A partir desse fragmento da obra de Bloch podemos notar qual era a
angústia de Münzer, ele reclama da avareza dos senhores, quando fala das
crianças que pedem pão, porém não havia ninguém para dividir com elas,
nem mesmo as migalhas. Münzer acredita que a Igreja perdeu sua prin-
cipal característica após a morte dos apóstolos, a comunhão. O fato de
colocar as coisas em comum é o que tornaria a vida possível para os cam-
poneses. Estas são as ideias que fundamentariam a reforma münzeriana.
Podemos caracterizar Münzer como uma espécie de “teólogo libertador”,
o que explica o porquê de Bloch intitulá-lo de Teólogo da Revolução.
Muitos podem pensar as revoltas camponesas sob um aspecto de re-
beldia do campesinato, pois a burguesia entendia os camponeses como
destruidores das ordens institucionais estabelecidas. A Igreja e o Estado,
comandado pelos príncipes, ao ver o movimento comandado por Münzer,
Considerações finais
Referências bibliográficas