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Tratemos da Igreja Católica que é a única Igreja de Cristo, porque convém tratar, por primeiro,

do maior erro eclesiológico que pode haver: a heresia de não atribuir a Igreja Católica o cargo,
por assim dizer, de única Igreja de Cristo. Deve haver outras maneiras de se provar que a Igreja
Católica é a única Igreja de Cristo, mas achei conveniente esta que se segue.

Portanto dê-se, a princípio, a definição tradicional de Igreja.

A Igreja é o corpo de Cristo, conforme o Apóstolo: “[Jesus Cristo] é a Cabeça do corpo, da


Igreja (...).” – Epístola de S. Paulo aos Colossenses, I.XVIII.

Convém que saibamos que igreja, do grego ekklesia, significa primeiramente reunião e
assembléia. Inferimos, portanto, que Igreja deve ser a assembléia e reunião daqueles que
fazem parte do corpo de Cristo (ora, assembléia ou reunião implicam pluralidade de pessoas).

Parece-me que a definição mais conveniente de Igreja é a sociedade [perfeita, porque Cristo,
cabeça desta sociedade, é perfeito] dos cristãos. Lembre-se, cristãos são chamados aqueles
seguidores de Cristo.

Mas qualquer que se declarasse ligado a sociedade chamada Igreja não poderia, tão somente
por dizê-lo, ser membro deste corpo. Para entender isso, trataremos agora da Igreja enquanto
se apresenta de forma visível. A princípio, tratamos do governo da Igreja.

Ora, sabemos que toda sociedade precisa de governo. E sabemos que Cristo, máximo
governante da Igreja, não está pessoalmente na Terra para governá-la. Assim, faz-se
necessário um governo na Igreja aqui na Terra, feito por homens em nome de Cristo (leia-se,
vigários). Por isso, Cristo instituiu São Pedro por governante máximo de sua Igreja na Terra
(Evangelho segundo S. Mateus, XVI.XVIII; Evangelho segundo S. João XXI.XV-XVII; etc.), e os
outros Apóstolos por governantes junto de São Pedro (Evangelho segundo S. Mateus,
XVIII.XVIII).

Para estar na comunhão com Cristo, é preciso estar em comunhão com aqueles que Cristo
mesmo estabeleceu para governar-nos na Terra. Caso contrário, negaríamos a autoridade do
Senhor, uma vez que os governantes da Igreja visível são instituídos, de algum modo, pelo
próprio Cristo. Assim, precisamos estar em comunhão com os bispos, sucessores dos
Apóstolos, e, de forma máxima, com o Papa, bispo de Roma, sucessor de São Pedro.

Em segundo lugar, o evangelho é o próprio Cristo. Esta é a boa-mensagem (evangelho, do


grego euangelion, significa boa-mensagem): que Cristo possibilita ao homem a reconciliação
com Deus com sua vida, morte e ressurreição. E Cristo é a verdade, conforme suas palavras:
“Eu sou (...) a verdade” (Evangelho segundo S. João, XIV.VI)”. Portanto, se sabemos por razão
que não podem haver duas verdades contraditórias ao mesmo tempo e no mesmo sentido,
deduz-se que só há uma verdade sobre o Cristo. Crendo em Cristo, crê-se nessa verdade, por
razão. Por isso o Apóstolo diz: “Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos
anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.”
(Epístola de S. Paulo aos Gálatas, I.VIII).

Assim, deve haver uma só verdade para se crer sobre o Senhor. Isso se confirma pela fala do
Apóstolo: “Há (...) uma só fé” (Epístola de S. Paulo aos Efésios, IV.V).

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