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SISTEMA REPRODUTOR pai.

O cromossomo Y é essencial para o


desenvolvimento das características
Diferenciação Sexual
masculinas, como por exemplo, os
A diferença sexual entre machos e órgãos reprodutores sexuais.
fêmeas é programada no genoma. As
células somáticas possuem, no caso
dos humanos, 46 cromossomos, estes
encontram-se pareados, as células
germinativas, denominada haploides,
apresentam cromossomos não
pareados, os chamados cromossomos
sexuais; na espécie humana há 22
pares de cromossomos autossômicos e
um par de cromossomos sexuais. As
mulheres genéticas são caracterizadas
por apresentarem os cromossomos XX,
é interessante notar que nas células
somáticas das mulheres é encontrado o
corpúsculo de Barr, este é uma
compensação para a dupla carga
genética do cromossoma X nas A Diferenciação Sexual Ocorre no

mulheres, um dos cromossomos fica Início do Desenvolvimento

inativo, dessa forma apenas um dos O sexo do embrião é indiferenciado até


alelos se manifesta, o corpúsculo pode a sexta semana de desenvolvimento.
ser observado na interfase. Essa Antes que a diferenciação ocorra os
inativação é importante pois no caso de tecidos embrionários são considerados
alguma anomalia em um dos alelos este bipotenciais, isto é, podem diferenciar-
será preferencialmente inativado. O se em órgãos genitais masculinos ou
corpúsculo de Barr também é femininos.
fundamental no diagnóstico de
A gônada bipotencial possui um córtex
síndromes e anomalias cromossômicas
externo e uma medula interna. Sob
sexuais. Os homens genéticos possuem
ação de um estimulo, descrito mais
cromossomos XY.
afrente, a medula irá se diferenciar
As fêmeas herdam um cromossomo X formando os testículos, já na ausência
de cada um dos pais, já o homem herda desse sinal o córtex gonadal irá
um cromossomo X da mãe e um Y do desenvolver-se em ovário. A genitália
interna, bipotencial, é formada por dois do gene SRY (região determinante do
pares de ductos: os ductos de Wolff e os sexo do cromossomo Y) encontrado na
de Muller. Ao decorrer do ponta do braço curto do cromossomo Y.
desenvolvimento embrionário um dos O gene SRY expressa o fator
ductos será degenerado enquanto o determinante testicular (TDF), essa
outro alcançará plena maturação. A proteína regula a transcrição de genes
genitália externa se diferenciará que são indispensáveis a diferenciação
formando as características externas testicular da gônada. Esses genes
masculinas ou femininas, esse é o adicionais direcionam o
chamado sexo gonadal. A genitália desenvolvimento da medula da gônada
externa é formada pelas seguintes em testículo. A diferenciação testicular
estruturas, ainda não diferenciadas: não é dependente de testosterona, na
verdade a secreção desse hormônio só
 Tubérculo genital
é possível após a diferenciação do
 Pregas uretrais
testículo.
 Sulco uretral
 Eminência lábio-escrotal

Bipotenciais
Diferenciação embrionária dos tratos
reprodutores masculino e feminino.
Fonte: Imagem da internet.

Sexo Genético – Desenvolvimento Sexo Gonadal


Embrionário Masculino
A presença de testículos ou ovários é o
A diferenciação sexual está intimamente determinante do sexo gonadal. Nos
relacionada com o sexo genético. O testículos encontram-se as células
macho genético depende da presença germinativas, células de Sertoli e as
células de Leydig. Nos ovários também Desenvolvimento Embrionário
estão presentes as células Feminino
germinativas, além das células da
A ausência do gene SRY resultará no
granulosa e as células da teca. Todas
desenvolvimento do córtex da gônada
essas células desempenam funções
bipotencial em tecido ovariano. Sem a
indispensáveis ao correto
presença do AMH tem-se o
desenvolvimento embrionário, seja do
desenvolvimento dos ductos de Muller -
macho ou da fêmea.
em tubas uterinas – e da genitália
Sexo Fenotípico interna. A ausência de testosterona
provocará a degeneração dos ductos de
Os testículos são responsáveis pela
Wolff e sem o DHT a genitália externa
secreção de três hormônios que atuarão
apresentará características femininas.
no desenvolvimento das genitálias
masculinas, externa e interna. Reprodução – Controle
Neuroendócrino
As células de Sertoli secretam o
hormônio antimulleriano (AMH), o O sistema nervoso central é
qual inibe o desenvolvimento dos ductos responsável pela maturação das células
de Muller, que então se diferenciarão na germinativas. Neurônios parvicelulares
genitália interna feminina (tubas presentes nos núcleos hipotalâmicos –
uterinas, útero e terço superior da hipotálamo médio-basal e área pré-
vagina). As células de Leydig secretam optica (APO) – produzem e secretam
testosterona e seu derivado di- GnRH que, através do sistema porta-
hidrotestosterona (DHT), esses dois hipotálamo-hipofisário, atingirá a
androgênios promovem respostas adenohipófise estimulando a produção
distintas. A testosterona induz a e secreção de FSH e LH.
diferenciação dos ductos de Wolff em
No ovário, FSH e LH promoverão o
genitália interna masculina (epidídimo,
crescimento e maturação dos folículos
ducto deferente, vesículas seminais e
ovarianos, produção de hormônios
próstata), também é responsável pela
esteroides (progesterona e estrogênio),
descida dos testículos para o saco
ovulação e formação do corpo lúteo.
escrotal. Já o DHT assegura o
desenvolvimento da genitália externa e
suas características.
Sistema
Reprodutor

Organização
anatômica do trato
reprodutor masculino
onde se observam os
testículos, epidídimo,
dueto deferente, ducto
ejaculatório, vesícula
seminal e glândula
bulbouretral. A bexiga
urinária e o ureter
estão apresentados
para orientação e não
são componentes do
trato reprodutor.

Sistema Reprodutor Feminino -


fecundado. Tal processo é chamado
Anatomia e Fertilização
nidação. Esse ovócito maduro é
O sistema reprodutor feminino é liberado por um folículo dominante
formado basicamente por: produzido pelo ovário. Quando um
folículo atinge a maturidade, ação
 Ovário mediada por FSH, ele se rompe, ação
 Tubas Uterinas realizada por LH, sendo então liberado
 Útero o ovócito secundário que é capturado
 Vagina pelas fímbrias da tuba uterina
garantindo que ele chegue até a
A fertilização pode ocorrer após a
cavidade uterina, onde no meio do
relação sexual. O espermatozoide deve
percurso pode ser fecundado pelo
vencer a barreira do canal cervical e do
espermatozoide, a etapa de fecundação
colo do útero, estas são bastante
ocorre nas tubas uterinas.
estreitas. O canal cervical produz uma
mucosa que dificulta a entrada do Tem-se então o espermatozoide
espermatozoide no útero. Ao vencer nadando para cima nas tubas uterinas e
essa barreira o espermatozoide adentra o ovócito movimentando-se para baixo
a cavidade uterina, daí seguirá nadando em direção ao útero, vale notar que é o
até as tubas uterinas onde encontrará epitélio ciliado das tubas uterinas que
um ovócito secundário pronto para ser criam o movimento de líquido que, junto
com contrações musculares, irá permitir
a movimentação do ovócito ao longo Ciclo Menstrual
das tubas. Nesse caso pode ocorrer a
As mulheres produzem gametas em
fecundação do ovócito. O ovócito
ciclos mensais que podem durar de 28 a
fecundado se instalará no útero e se
46 dias. O período da menstruação dura
desenvolverá durante a gestação.
de 3 a 7 dias. O ciclo é caracterizado
O útero é composto de três camadas de pelas mudanças que ocorrem nos
tecidos, a saber: folículos ovarianos, ciclo ovariano, e
alterações endometriais, ciclo uterino
 Tecido conectivo
ou endometrial. A função principal do
 Miométrio
ciclo menstrual é preparar o corpo da
 Endométrio mulher para a gestação.

O endométrio é particularmente Por motivos didáticos vamos dividir o


importante na gestação, sua espessura ciclo menstrual em ovariano e
e características funcionais sofrem endometrial. O ciclo ovariano é
modificações ao longo do ciclo subdividido em três partes:
menstrual. Uma das características do
endométrio é que ele é bastante 1. Fase Folicular: Aqui ocorre o
vascularizado explicando desse modo o desenvolvimento e maturação
grande sangramento ocorrido quando dos folículos ovarianos. Essa
da sua descamação, evento conhecido fase dura aproximadamente 10
por menstruação. dias.
2. Ovulação: Nessa fase ocorre a
O ovário tem uma camada de tecido liberação do ovócito que
conectivo externa e outra camada encontra-se dentro de um
interna denominada estroma. No córtex folículo maduro. O ovócito
do ovário encontram-se diversos liberado é secundário.
folículos, com ovócitos, em diferentes 3. Fase Lútea: Ocorre após a
estágios de desenvolvimento, a medula ovulação e é marcada pelo
ovariana possui vasos sanguíneos e surgimento do corpo lúteo a
nervos. No ovário são produzidos partir do folículo que abrigava o
gametas e hormônios. No embrião há ovócito que foi liberado. O corpo
aproximadamente 7 milhões oogônias lúteo secreta hormônios que
que irão se desenvolver em meio milhão serão fundamentais para a
de ovócitos primários ao chegar na gestação, nessa fase ocorre um
puberdade, os demais sofrem atresia pico de secreção de
folicular. progesterona, há também
liberação de estrogênio e inibina. as fases do ciclo ovariano, o ciclo é
Se o ovócito não for fecundado o regulado por hormônios:
corpo lúteo irá involuir até o
1. Menstruação: Marcado pela
corpus albicans tornando-se
descamação do endométrio.
inativo, nesse caso há uma
Essa fase é concomitante ao
queda dos hormônios por ele
começo da fase folicular no
secretado e o ciclo ovariano será
ovário.
iniciado outra vez, o corpo lúteo
2. Fase Proliferativa:
apresenta ação secretora por 14
Corresponde a parte final da
dias, após isso ele será
fase folicular. Nessa fase o
absorvido pelo ovário. Caso
endométrio produz uma nova
ocorra a fecundação a
camada de células em
gonadotrofina coriônica humana
antecipação à gestação.
(hCG) de origem embrionária
manterá o corpo lúteo viável
durante toda a gestação.

Representação
esquemática (não em
escala) de um ovário
com seus folículos nas
principais etapas de
maturação, ovulação e
formação do corpo
lúteo. (C e D)

Representação
histológica do
endométrio (F).

O ciclo endometrial também é


subdividido em três fases sendo
3. Fase Secretória: Os
estas intimamente relacionadas com
hormônios produzidos pelo
corpo lúteo que estão em
alta (progesterona e Desenvolvimento embriológico do
estrogênio) convertem o Sistema Reprodutor Feminino
endométrio em uma
Como já dito anteriormente, até a 6°
estrutura secretora. A fase
semana de gestação a gônada é
lútea corresponde a fase
indiferenciada. Após 30 dias da
secretora. A progesterona é
fecundação surge, em cada lado do
a principal responsável por
embrião, uma gônada primitiva, nessa
tornar o endométrio em
estrutura são encontradas as células
tecido secretor, esse
germinativas que se distribuem entre
hormônio também atua
córtex e medula, a ausência do AMH
realizando o deposito de
garantirá o desenvolvimento do córtex
lipídios e glicogênio no
da gônada em ovário. Passadas 5-6
endométrio, sendo essa
semanas da gestação, as células
ação fundamental para
germinativas primordiais migram para a
garantir a nutrição do
crista genital, onde ao decorrer do
embrião, caso haja a
desenvolvimento do ovário darão
fecundação, enquanto este
origem, por mitose, às oogônias. Com 8-
estiver se desenvolvendo na
9 semanas de gestação algumas
placenta.
oogônias iniciarão a divisão meiótica
que dará origem aos ovócitos primários.
Antes de iniciar a meiose, ainda na vida
intrauterina, as oogônias induzem a
formação de uma camada única de

Órgão Reprodutor

Localização anatômica
do trato reprodutor
feminino e seus
principais órgãos:
vagina, tubas uterinas,
ovários e útero, vistos
frontalmente.
células pré-granulosas, ou células possuíam grande acumulo de tecido
foliculares, além da formação da lamina adiposo. A leptina atua no hipotálamo
basal que separa o folículo do estroma estimulando a secreção de GnRH, a
ovariano. As células pré-granulosas liberação desse hormônio ativa o eixo
possuem formato fusiforme. Esse adenohipófise-gônadas, dando início à
processo ocorre com 10-11 semanas de puberdade. Em estudos com ratos
gestação. As células foliculares mais as obesos que não produzem leptina foi
oogônias, que ainda não sofreram observado que estes apresentavam
meiose sendo então diploides, formam o infertilidade, ficou então demonstrado
folículo primordial, isso ocorre ainda na que alguma deficiência na via
vida intrauterina. De maneira resumida metabólica da produção de leptina pode
tem-se que: o folículo primordial afetar seriamente o desenvolvimento
encontrado no parênquima ovariano é sexual.
formado por uma oogônia (diploide) e
A ação de feedback positivo causada
pelas células da pré-granulosa.
pelo estradiol, que tem como efeito um
Após a formação do folículo primordial pico da secreção de LH pré-ovulatório, é
tem-se início a divisão meiótica da o último passo no desenvolvimento do
oogônia, que se transformará em eixo hipotálamo-hipófise-ovários (HHO).
ovócito primário, e a multiplicação das
Ciclo Ovariano
células fusiformes, que passarão a ter
formato cuboide, a esse novo conjunto No ciclo ovariano ocorre a maturação
de células dá-se o nome de folículo folicular que resultará na liberação de
primário. Os folículos primários são um ou dois ovócitos secundários
formados ainda na vida intrauterina e (ovulação) e na posterior formação do
são predominantes após o nascimento. corpo lúteo e, caso não ocorra a
fecundação, do corpos albicans.
Ação da Leptina - Puberdade

Controle Hormonal do Ciclo


A leptina é um hormônio produzido
Menstrual
pelos adipócitos que tem ação no SNC
causando redução da sensação de Os ciclos ovarianos e endometrial estão
fome. Estudos mostraram que existe sob controle primário de vários
uma relação entre esse hormônio e o hormônios:
início da puberdade. Meninas muito
magras apresentavam puberdade  GnRH do hipotálamo
precoce tendo em vista a baixa  FSH e LH da adenohipófise
produção desse hormônio já que não
 Estradiol, progesterona, inibina e também secretam hormônios e
AMH do ovário possuem receptores para LH.

Durante a fase folicular, o hormônio Crescimento, Desenvolvimento e


dominante é o estradiol (estrogênio). A Função do Folículo Ovariano
ovulação é desencadeada pelos picos
A formação do folículo primordial
de LH e FSH. Na fase lútea, a
quiescente ocorre na metade da
progesterona é dominante, embora o
gestação. As células germinativas
estrogênio esteja presente em menor
primordiais que migraram para a gônada
quantidade.
continuam a se dividir mitoticamente,

Fase folicular Inicial – Visão Geral como oogônias, até o quinto mês de
gestação em humanos. Tem-se
Na puberdade ocorre uma secreção aproximadamente 7 milhões de
pulsátil de GnRH. Antes do início de oogônias que entram em meiose e
cada ciclo a secreção de gonadotrofinas tornam-se ovócitos primários. Esses
aumenta. Em decorrência do aumento ovócitos vão ser circundados por células
da secreção de GnRH, há uma elevação pré-granulosas, dando origem ao
da produção e secreção, pela folículo primordial. As células foliculares
adenohipófise, de FSH e LH. Sob a ação não possuem suprimento de sangue,
desses hormônios, principalmente FSH, são avasculadas e possuem uma lamina
os folículos primários, formados ainda basal que as separa do parênquima do
na gestação e que cujo os gameta estão ovário. Algumas dessas células
parados em meiose I, vão retomar seu permanecem intimamente ligadas com
desenvolvimento. Na fase folicular
inicial ocorre um aumento das camadas
de células granulosas, 2 a 6 camadas,
formando a zona granulosa, que é
estratificada. Após um tempo essas
células secretarão um muco que dará
origem a zona pelúcida. As células da
granulosa produzem hormônios como
estradiol (E2). Sob efeito do FSH as o ovócito fornecendo nutrientes
células estromais diferenciam-se em necessários a seu desenvolvimento. A
células da teca, estas se arranjam em transferência desses nutrientes ocorre
volta do folículo. A camada mais por difusão já que não suprimento de
adjacente é a teca interna e a mais sangue direto. Na maturidade sexual a
exterior é a teca externa. Essas células mulher terá aproximadamente 300 mil
folículos primordiais dos quais apenas
450 sofrerão ovulação. Os folículos que
não serão ovulados serão reabsorvidos
pelo organismo. Nos folículos
primordiais os gametas, ovócitos
primários, estão parados na prófase I da
meiose I, mais especificamente no
estágio de diplóteno. O gameta pode
permanecer em meiose I por até 50
anos. A explicação para isso reside no
fato de que parece haver uma ausência
de proteínas necessárias a finalização
do ciclo celular.

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