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TREINAMENTO DESPORTIVO

CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA – EAD


Treinamento Desportivo – Prof. Murilo Bastos

Meu nome é Murilo Bastos. Sou graduado em Licenciatura Plena em


Educação Física (2003), com Pós-Graduação em Fisiologia do Exercício
(2006) e mestrando em Educação Física (Desempenho Esportivo),
ambos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atuo como
professor de musculação desde 2001. Atuei, também, como preparador
físico durante três anos na modadelidade Natação, trabalhando com
atletas de níveis estadual, nacional e internacional. Fui técnico de corrida
de endurance durante seis anos, com prescrição de treinamento de
corrida para atletas iniciantes e intermediários. Desde 2013, atuo como
tutor presencial no Centro Universitário Claretiano.
E-mail: professormurilobastos@gmail.com

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Prof. Murilo Bastos

TREINAMENTO DESPORTIVO

Guia do Curso
Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2016 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Claretiano - Centro Universitário

Curso: Treinamento Desportivo


Versão: set./2016

Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva


Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida

Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Evandro Luís Ribeiro


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Eduardo Henrique Marinheiro
Carolina de Andrade Baviera Felipe Aleixo
Cátia Aparecida Ribeiro Filipi Andrade de Deus Silveira
Dandara Louise Vieira Matavelli Juliana Biggi
Elaine Aparecida de Lima Moraes Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Josiane Marchiori Martins Rafael Antonio Morotti
Rodrigo Ferreira Daverni
Lidiane Maria Magalini
Sônia Galindo Melo
Luciana A. Mani Adami
Talita Cristina Bartolomeu
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Vanessa Vergani Machado
Patrícia Alves Veronez Montera
Raquel Baptista Meneses Frata Projeto gráfico, diagramação e capa
Simone Rodrigues de Oliveira Bruno do Carmo Bulgarelli
Joice Cristina Micai
Videoaula Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Fernanda Ferreira Alves Luis Antônio Guimarães Toloi
Marilene Baviera Raphael Fantacini de Oliveira
Renan de Omote Cardoso Tamires Botta Murakami

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.

Claretiano - Centro Universitário


Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
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SUMÁRIO

GUIA DO CURSO
1 CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO........................................................ 7
2 METODOLOGIA DE ESTUDO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA............................ 24
3 PERGUNTAS E RESPOSTAS RELEVANTES PARA O INÍCIO DOS ESTUDOS ..... 30
4 NORMAS INSTITUCIONAIS E INFORMAÇÕES LEGAIS SOBRE O
CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO E SEUS CURSOS ............................ 32
5 INFRAESTRUTURA TÉCNICO-ADMINISTRATIVA DO CLARETIANO – CENTRO
UNIVERSITÁRIO................................................................................................. 33
6 BIBLIOTECA ....................................................................................................... 34
7 PRADI (PROGRAMA DE APOIO AO DISCENTE) ............................................... 40
8 NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE E EDUCAÇÃO ESPECIAL................................... 40
9 SECRETARIA GERAL .......................................................................................... 41
10 CALL CENTER .................................................................................................... 41
11 C OMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E OUVIDORIA ............................................ 43
12 DADOS GERAIS DO CURSO............................................................................... 44
13 C ONSIDERAÇÕES............................................................................................... 47
14 B IBLIOGRAFIA BÁSICA...................................................................................... 48
15 B IBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR..................................................................... 48

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO

APRESENTAÇÃO......................................................................................................... 51

Unidade 1 – PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 53
2 CONTEÚDO........................................................................................................ 53
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE............................................... 53
4 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 54
5 PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO................................................ 54
6 AVALIAÇÃO DA UNIDADE................................................................................. 65
7 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 66
8 E-REFERÊNCIA................................................................................................... 66
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 66

Unidade 2 – TREINAMENTO DE ENDURANCE


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 69
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 69
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 69
4 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 70
5 FISIOLOGIA – SISTEMAS ENERGÉTICOS.......................................................... 70
6 TREINAMENTO DE ENDURANCE...................................................................... 73
7 AVALIAÇÃO DA UNIDADE................................................................................. 78
8 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 79
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 79

Unidade 3 – TREINAMENTO DE VELOCIDADE


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 81
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 81
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 81
4 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 82
5 FISIOLOGIA DA VELOCIDADE........................................................................... 83
6 TREINAMENTO DE VELOCIDADE...................................................................... 84
7 AVALIAÇÃO DA UNIDADE................................................................................. 87
8 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 87
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 88

Unidade 4 – TREINAMENTO DE AGILIDADE


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 89
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 89
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 89
4 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 90
5 FISIOLOGIA DA AGILIDADE............................................................................... 91
6 TREINAMENTO DE AGILIDADE......................................................................... 91
7 AVALIAÇÃO DA UNIDADE................................................................................. 93
8 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 94
9 E-REFERÊNCIA................................................................................................... 94
10 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 94

Unidade 5 – TREINAMENTO DE FORÇA


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 97
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 97
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 97
4 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 98
5 FISIOLOGIA DA FORÇA...................................................................................... 98
6 TREINAMENTO DE FORÇA................................................................................ 100
7 AVALIAÇÃO DA UNIDADE................................................................................. 104
8 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 104
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 104

AVALIAÇÃODO CURSO......................................................................................... 107


Guia do Curso

1
GC

1. CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO

Missão Institucional
"A Missão do Claretiano – Centro Universitário consiste em
capacitar a pessoa ao exercício profissional e ao compromisso com
a vida, mediante sua formação integral, envolvendo a investigação
da verdade, o ensino e a difusão da cultura, tudo inspirado nos va-
lores éticos, cristãos e no carisma claretiano com pleno significado
à vida humana" (PROJETO EDUCATIVO CLARETIANO).

Objetivo Institucional
O objetivo do Claretiano – Centro Universitário é ser uma
Instituição de Ensino Superior que propicie experiências de ensino
e aprendizagem de excelência e qualidade, contribuindo de forma
significativa para a formação para a vida, para sociedade e para
o trabalho. Para isso, o Claretiano adota princípios fundamentais
8 © Treinamento Desportivo

que devem conduzir todas as ações institucionais rumo à inves-


tigação e à busca da verdade em um ambiente ético, dinâmico e
criativo.

Projeto Educativo e Princípios do Claretiano – Centro Universitário


O Projeto Educativo Claretiano propõe uma metodologia de
base humanista cristã e, por isso, incide profundamente no desen-
volvimento da personalidade, na autorrealização e na autonomia
de ser e de aprender do aluno. A educação proposta pela Institui-
ção não se baseia em métodos, mas, sim, em princípios que de-
vem anteceder todas as ações educativas, a saber: Singularidade,
Abertura, Integralidade, Transcendência, Autonomia, Criatividade
e Sustentabilidade, todos baseados no Projeto Educativo Claretia-
no e numa concepção antropológica, tendo como centro os valo-
res humanos, concebidos pelo Projeto Educativo Claretiano, para
orientar os propósitos educacionais e gerenciais da organização.
Os sete princípios orientam todas as ações relativas à edu-
cação, à administração, ao contato com a comunidade, à forma de
relação entre as pessoas e à gestão da Instituição. Cabe ressaltar
que todos os princípios são teleológicos, ou seja, apontam uma
finalidade; são abrangentes e respondem aos anseios mais amplos
e urgentes das pessoas e de uma organização educacional de tra-
dição católica. Dessa forma, os princípios orientam todo o trabalho
institucional e, por isso, são, em certo aspecto, transcendentais e
devem superar os modismos da gestão contemporânea. Os pro-
blemas pontuais de toda a rede devem ser respondidos à luz dos
princípios, do sentido e do valor inerente a cada um deles.
A Instituição adota uma visão humanista e toma como fun-
damento a compreensão do que é o ser humano e suas necessi-
dades, buscando radicalizar tal concepção em todas as ações da
organização. Assim, as características essenciais do ser pessoa são
transpostas para a Instituição, que assume como Missão o com-
promisso com a vida, a ética, a investigação da verdade e o anún-
cio da Palavra, ao estilo e à luz do carisma de Santo Antônio Maria
Claret.
© Guia do Curso 9

É importante salientar que todos os princípios têm significa-


do particular no contexto da educação claretiana e só fazem senti-
do no conjunto; dessa forma, eles têm sua força na unidade de sua
inter-relação e não se sustentam isoladamente. A seguir, apresen-
tamos os princípios com sua explicação no contexto da educação
Claretiana e sua motivação carismática.

Princípio da Singularidade
Cada pessoa merece atenção, respeito e valorização na co-
munidade educativa.

Definição à luz da Missão e do Projeto Educativo Claretiano


A singularidade é a unicidade da qual toda pessoa é dotada.
Apresenta-se como uma característica do ser da pessoa humana,
que a faz única, irrepetível, singular, genuína, original, insubstituí-
vel, incomparável e consciente de suas possibilidades e limitações.
Na Comunidade Educativa Claretiana, a singularidade é estabeleci-
da na relação da pessoa com a comunidade, de tal forma que cada
pessoa é única diante das demais, numa relação de multiplicidade
e diversidade. A manifestação dinâmica dessa singularidade é a
originalidade de cada pessoa, na condição de colaboradora da co-
munidade educativa.
Dessa compreensão, nasce o amor, que é o valor absoluto,
a ação por excelência da Comunidade Educativa Claretiana. Amor
na comunidade é a atitude de reconhecimento da dignidade de
cada pessoa, da vida humana, do mundo, de si mesmo e de toda
a criação enquanto obra aberta para atuação do ser humano. O
amor é o mandamento máximo da tradição cristã e, na experiência
claretiana, é uma exigência carismática da atuação apostólica de
Claret. A singularidade exige acolhida e altruísmo, e, por conse-
quência, abertura e contato nas relações, sejam estas educativas,
gerenciais ou sociais de modo geral, expressando-se, assim, o Ca-
risma Claretiano.

Claretiano - Centro Universitário


10 © Treinamento Desportivo

Palavras-chave
Amor; respeito; sensibilidade; dignidade; diversidade; flexi-
bilidade; unicidade; individualidade; valorização; atenção; identi-
dade.

Inspiração bíblica:
"Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu
seu Filho único" (Jo 3,16).

Inspiração Claretiana
Amor ao próximo
Ó querido próximo, eu te amo por mil razões. Amo-te porque Deus
assim o quer. Amo-te porque Deus me manda que te ame. Amo-te
porque Deus te ama. Amo-te porque Deus te criou à sua imagem e
te destinou para o céu. Amo-te porque foste redimido pelo sangue
de Jesus Cristo. Amo-te pelo muito que Jesus fez e sofreu por ti. E,
como prova de meu amor por ti, suportarei por ti todas as dificul-
dade e trabalhos, até a morte, se for necessário. Amo-te porque
Maria Santíssima, minha queridíssima mãe, te ama. [...] Amo-te
e, por este amor, te instruirei e te mostrarei os males que deves
evitar e as virtudes que deves praticar; enfim, te acompanharei nos
caminhos das boas obras rumo ao céu (Aut. 448).

Princípio da Abertura
A Comunidade Educativa está aberta ao diálogo e deseja ser-
vir às pessoas, à sociedade e ao mundo.

Definição à luz da Missão e do Projeto Educativo Claretiano


Abertura é a capacidade humana de colocar-se em contato
com o mundo, com o outro, com o transcendente e consigo mes-
mo, percebendo potencialidades, valores e superando o egoísmo
e o individualismo. Esse princípio orienta a educação e as práticas
de gestão para as relações de colaboração. A abertura é, também,
capacidade de recepção, de alteridade, de diálogo, de altruísmo,
de colaboração, de superação de preconceitos e de inimizade.
© Guia do Curso 11

O ser humano tem sede de contato e busca sentido para


tudo o que faz. Abertura é a capacidade humana de deixar-se to-
car pela realidade histórica, pelo mundo e pelo outro. O serviço é
expressão máxima de abertura. Somente pela abertura a pessoa é
capaz de reconhecer o diferente e aceitar seus próprios limites. A
abertura exige uma relação de confiança, diálogo e respeito; sig-
nifica sensibilizar-se, solidarizar-se e deixar-se tocar pela história,
pela natureza, pela sociedade, pela cultura, pelos outros seres
humanos e por Deus. Na Comunidade Educativa Claretiana, cada
pessoa deve estar aberta à investigação da verdade, ao diálogo, às
mudanças, às inovações, às transformações das estruturas, à crí-
tica fraterna, à revisão do comportamento organizacional, à evo-
lução dos modelos educacionais, às diferenças e aos desafios da
sociedade, que exige respostas coerentes e responsáveis.

Palavras-chave
Contato; alteridade; compromisso; acolhida; confiança; diá-
logo; receptividade; cooperação; comunicação; solidariedade; ser-
viço; resiliência; generosidade.

Inspiração bíblica
"Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua
palavra" (Lc 1,38).
"Fiz-me tudo para todos a fim de ganhar a todos"(I Cor 9, 22).

Inspiração Claretiana:
Claret aberto a compreender a vontade de Deus em sua vida:
Ó Senhor, eu sou teu servo, filho de tua serva. Eis aqui teu servo,
faça-se em mim segundo a tua vontade. Senhor, que queres que eu
faça? Ensina-me a fazer tua vontade, pois tu és o meu Deus. Con-
cede, pois, ao teu servo um coração dócil, capaz de fazer justiça ao
teu povo e discernir entre o bem e o mal (Aut. 656).

Claretiano - Centro Universitário


12 © Treinamento Desportivo

Princípio da Integralidade
A Comunidade Educativa é profética e facilitadora da cons-
trução responsável de si e da investigação da verdade.

Definição à luz da Missão e do Projeto Educativo Claretiano


A integralidade é o processo dinâmico e contínuo de huma-
nização, pelo qual cada ser humano tem a chance de construir sua
história, sua personalidade e a cultura. É pela formação da pessoa
enquanto ser complexo, uma totalidade de múltiplas dimensões,
que a personalização é alcançada. O ser humano é um ser em pro-
cesso e na vida é convidado a humanizar-se, a transformar o mun-
do e a transformar-se, desenvolvendo todas as suas potencialida-
des no cultivo do seu ser numa relação integral. O diferencial do
Projeto Educativo Claretiano é garantir a noção de integralidade,
sendo este o serviço da Comunidade Educativa ao mundo. A inte-
gralidade é explicitada no espírito de serviço e é uma atitude evan-
gélica. A Comunidade Educativa Claretiana, com seu patrimônio
humano e intelectual, quer ser percebida no seu serviço missioná-
rio, na diaconia da vida e na investigação da verdade.

Palavras-chave
Personalização; pessoalidade; totalidade; complexidade;
multidimensionalidade; formação integral; autenticidade; integri-
dade; humanização; personalidade.

Inspiração Bíblica
"Eu vim não para ser servido, mas para servir e dar a vida por
resgate de muitos" (Mc 10,45).

Inspiração Claretiana
A prudência diante de todas as coisas:
© Guia do Curso 13

Ó meu Deus, dai-me um zelo discreto e prudente, a fim de executar


todas as coisas com fortaleza, mas ao mesmo tempo suavemente,
com mansidão e bons modos! Em tudo espero portar-me com uma
santa prudência, lembrando que a prudência é uma virtude que
nasce naturalmente com o homem, se cultiva com a instrução, se
fortifica com a idade, se elucida na convivência com os sábios e se
consuma com a experiência dos acontecimentos (Aut. 383).

Princípio da Transcendência
Queremos melhorar o que somos e fazemos.

Definição à luz da Missão e do Projeto Educativo Claretiano


A transcendência é a capacidade de autossuperar-se, de ir
além do que está dado no cotidiano, ou posto como natural, defi-
nitivo ou normal; é a capacidade de aspirar a valores; é pela trans-
cendência que o ser humano atribui sentido ou renova o sentido
da existência, percebendo-se e tendo consciência de sua condi-
ção de "ser-no-mundo". Transcendência tem relação com o nosso
desejo de melhoria, de superação, que não tem necessariamente
relação com a divindade, expressa na linguagem teológica. Trans-
cender é, antes de tudo, dar valor ou atribuir sentido àquilo que
originalmente é desprovido de sentido; é atribuir significado às
ações, superar limites.
A compreensão da transcendência implica uma atitude de
respeito e cuidado de si, do outro, da Instituição e do mundo. O
cuidado e o respeito com as pessoas e o mundo expressam-se na
promoção da qualidade de vida, no despertar para uma consciên-
cia ecológica e na preservação do meio ambiente e do patrimônio
cultural e histórico. A transcendência tem como ápice a abertura
para Deus, mas, antes disso, nasce do exercício do serviço genero-
so ao próximo e ao mundo. Dela vem a justiça social, que ultrapas-
sa a justiça legal, visto que almeja a superação das desigualdades.
O princípio da transcendência, na Comunidade Educativa,
deve comprometer cada colaborador com a excelência dos servi-

Claretiano - Centro Universitário


14 © Treinamento Desportivo

ços prestados, com a responsabilidade social, com a sustentabili-


dade, com a qualidade da informação e comunicação, com eficácia
dos recursos tecnológicos e atendimento pleno às necessidades
humanas, formativas e profissionais.

Palavras-chave
Autossuperação; perfeição; melhoria contínua; sentido; cui-
dado; altruísmo; sinergia; transformação; excelência; valores; jus-
tiça; generosidade; qualidade; melhoria.

Inspiração bíblica
"O Reino dos céus é semelhante a um negociante que procu-
ra pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor, vai, vende
tudo o que possui e a compra" (Mt 13, 45-46).

Inspiração Claretiana
Claret propõe-se a fazer sempre o melhor
Proponho-me a executar bem, e do modo que me parecer melhor,
as coisas comuns. Diante de duas alternativas, procurarei escolher
sempre a melhor, mesmo que custe sacrifício à vontade própria, e
particularmente escolherei o que for mais pobre, humilde ... (Aut.
649).

Princípio da Autonomia
Na Comunidade Educativa, cada um deve responder com
empenho pelo bem de todos.

Definição à luz da Missão e do Projeto Educativo Claretiano


Autonomia é a capacidade de responder perante si e os ou-
tros mediante o uso da liberdade. Ser autônomo significa ser ca-
paz de responder aos desafios da realidade de forma emancipada;
assim, é a capacidade de pensar e agir por si mesmo sem a tutela
de outrem, isto é, a capacidade de autorregular-se. A autonomia
© Guia do Curso 15

dá-se pelo emprego da vontade pessoal no uso da liberdade, de tal


forma que a pessoa pode tornar-se sujeito de si, responsável por
seus atos e pensamentos. Essa responsabilidade faz a pessoa preo-
cupar-se com a sustentabilidade da Instituição, do mundo onde
vivemos e com o bem de todas as pessoas. Não se trata do fazer
livre, inconsequente, sem compromisso, mas, ao contrário, do fa-
zer e do pensar comprometido com o bem comum.
É pela autonomia que cada pessoa pode exercer sua criativi-
dade de forma racional, livre, responsável, independente, susten-
tável, porém com comprometimento, zelo e sentido para com os
outros, para consigo e para com o mundo. Trata-se de suscitar nos
alunos, nos agentes educacionais e nos gestores uma atitude cul-
tural de responsabilidade e liberdade nas ações cotidianas, sem-
pre à luz dos princípios e valores cultivados pela Instituição e por
cada pessoa. Assim, a Comunidade Educativa Claretiana deve ser
educada para a autonomia, para a emancipação e para a transfor-
mação da realidade injusta, e, por isso, trata-se de uma educação
profética.

Palavras-chave:
Responsabilidade; liberdade; emancipação; atuação; prota-
gonismo; profetismo; transparência; coerência; sustentabilidade;
competência.

Inspiração bíblica:
"Toda árvore boa dá bons frutos; [...] pelos frutos os conhe-
cereis" (Mt 7, 17.20).

Inspiração Claretiana:
Definição de Missionário:
Um filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde
em caridade e abrasa por onde passa; que deseja eficazmente e
procura por todos os meios inflamar o mundo no fogo do divino
amor (Aut. 494).

Claretiano - Centro Universitário


16 © Treinamento Desportivo

Princípio da Criatividade
Queremos ser criativos e proativos no cumprimento de nos-
sa Missão.

Definição à luz da Missão e do Projeto Educativo Claretiano


Criatividade é a capacidade de criar, recriar e intervir na rea-
lidade de forma ativa. Na medida em que o ser humano é capaz de
ser criativo, intervindo na história, na vida das pessoas e na trans-
formação do mundo, ele torna-se cocriador e participa do projeto
do Deus criador. Cada indivíduo deve ser educado para ser pessoa
consciente de si mesma e consciente de sua história e das possi-
bilidades de intervenção e transformação de si e da realidade. A
finalidade da educação é a emancipação dos indivíduos como pes-
soas criativas, atuantes e responsáveis, tornando-se, assim, autô-
nomas e não meras repetidoras. A educação e todos os trabalhos
no âmbito da rede devem promover processos de "ex-sistência",
processos de autonomia criativa, responsável, livre e plena de sen-
tido.
A criatividade é uma característica missionária e uma das
marcas carismáticas de Claret. Pela criatividade, a Instituição res-
ponde aos desafios da educação e da sua autogestão, bem como
se renova e ganha perenidade e reconhecimento diante do mer-
cado, do estado e dos alunos. A criatividade Claretiana, na cons-
tituição organizacional e gerencial, é um desdobramento da au-
tonomia e da transcendência, que possibilita a emancipação dos
sujeitos. A criatividade é a fonte da inovação, da geração de novos
conhecimentos, da busca por soluções, da melhoria contínua, da
avaliação dos diversos processos, da proposição de novas tecnolo-
gias e de seus modos de operacionalização, bem como da qualida-
de da educação, produtos e serviços institucionais, que impactam
diretamente na busca permanente da eficácia das ações e da vida
plena dos alunos e dos colaboradores.
© Guia do Curso 17

Palavras-chave:
Iniciativa; empreendedorismo; inovação; atividade; desen-
volvimento; ousadia; sagacidade; renovação; efetividade.

Inspiração bíblica:
"Eis que faço novas todas as coisas" (Ap 21, 5).

Inspiração Claretiana:
Difusão de livros e folhetos curtos para alcance popular.
A experiência me ensinou que um dos meios mais poderosos para
a pregação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo que é a arma
mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por
meio da imprensa podem-se produzir muitos livros bons e folhe-
tos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou podem ouvir a
divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom
livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o
livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando,
porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca
se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido
pouco ou muito, lido ou não uma ou mil vezes, não se ofende por
isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor
(Aut. 310).

Missionário a pé:
Como sempre andava a pé, procurava juntar-me aos tropeiros e de-
mais viajantes, a fim de falar-lhes alguma coisa de Deus e instruí-los
nas coisas da religião, e com isso percorríamos sem perceber o ca-
minho e nos sentíamos conformados (Aut. 461).

Princípio da Sustentabilidade
Queremos que a Instituição viva e faça viver; por isso, com
passos firmes no presente, olhamos para o futuro.

Definição à luz da Missão e do Projeto Educativo Claretiano


Sustentabilidade é a capacidade e a consciência institucional
do cuidado, da prudência, do fomento do bem-estar, do zelo pela
comunidade educativa e sua perenidade, bem como sua melho-
Claretiano - Centro Universitário
18 © Treinamento Desportivo

ria contínua e qualidade diante da sociedade, da congregação e


de cada um dos membros da e na comunidade educativa. Abarca
todas as estruturas e relações sociais, financeiras e ambientais na
comunidade educativa. A sustentabilidade tem relação profunda
com a geração de valor para a sociedade, com a gestão de pessoas,
a ecologia, com a ética, com o bem da sociedade, com a gestão
econômica para justiça e paz, com a responsabilidade social públi-
ca e prestação de contas com o governo e a congregação.
A sustentabilidade está relacionada à vivência de todos os
princípios da rede na condução de todos trabalhos e projetos do
Claretiano – Rede de Educação, superando, assim, a pobreza, a in-
justiça e as desigualdades na construção de um mundo melhor no
tempo presente e para as gerações futuras.
Vivemos um tempo de mudança de época, num mundo em
constantes e rápidas transformações em seus conceitos e práticas.
O Claretiano quer estar atento às mudanças, à história e à tradi-
ção, fazendo parte desse novo tempo, com passos firmes e espírito
inovador, tendo em vista o carisma e a sua Missão Educativa Cla-
retiana. O Princípio da Sustentabilidade é um eixo transversal que
perpassa toda as estruturas e ações da rede.

Palavras-chave:
Eficácia; eficiência; cuidado; solidez; zelo; economia; ecolo-
gia; corresponsabilidade; coerência; perenidade; legalidade; cons-
ciência; planejamento.

Inspiração bíblica:
"Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em
prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua
casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram
os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu,
porque estava edificada na rocha" (Mt 7, 24-25).
© Guia do Curso 19

Inspiração Claretiana:
Claret cria a caixa econômica para auxiliar na manutenção
dos bens materiais e espirituais de sua diocese:
Criei também na diocese a Caixa Econômica, cuja regulamentação
e aprovação estão na mesma obra, para auxiliar as necessidades
dos pobres, porque percebi que os pobres, quando são bem orien-
tados e se lhes proporciona um modo digno de ganhar a vida, são
pessoas honradas e virtuosas; caso contrário, se aviltam. Por isso
eu me empenhava em cultivar tanto o espiritual como o corporal.
Assim, a ajuda de Deus, tudo me saiu muito bem. Que tudo seja
para a glória de Deus (Aut 569).

No contexto educacional marcado pela diversidade de mo-


delos e metodologias de ensino, o Claretiano apresenta-se de
forma ímpar ao se pautar em princípios e valores inerentes à sua
Missão. A motivação para o projeto de EaD do Claretiano parte da
Missão e de uma visão de mundo. Os recursos tecnológicos, nes-
se contexto, são acessórios que deverão auxiliar a atualização das
estratégias pedagógicas, os processos de inovação e criatividade
humana, bem como as demandas advindas das políticas públicas.
A qualidade do modelo Claretiano pode ser identificada na
satisfação do aluno, no alto nível de aprendizado, na transforma-
ção da sociedade, mas, sem dúvida, será plenamente alcançada
por meio do cumprimento da Missão Institucional na vida de cada
egresso.
É preocupação constante da Coordenadoria de Educação a
Distância que o modelo de EaD e todas as estratégias de educa-
ção mediadas por tecnologias sejam conduzidos com o máximo de
rigor pedagógico e que sigam alinhados aos princípios do Projeto
Educativo Claretiano. A Educação a Distância não permite impro-
visações; por isso, todos os processos devem passar por constante
avaliação à luz da Missão.

Claretiano - Centro Universitário


20 © Treinamento Desportivo

Origem carismática do Projeto Educativo Claretiano

Santo Antônio Maria Claret

Vida
Santo Antônio Maria Claret (1807-1870) nasceu em Sallent,
Catalunha, Espanha, e faleceu exilado na França. Exerceu várias
atividades, foi missionário apostólico na Espanha e Cuba, pregador
itinerante em várias regiões, pároco, diretor de escola e promotor
da educação, diretor espiritual, fundador de duas congregações
e vários movimentos, arcebispo de Santiago de Cuba (de 1850 a
1857), confessor real e fecundo escritor e divulgador da boa im-
prensa. Escreveu várias obras, criou escolas técnicas e agrárias em
Cuba, sendo autor de 15 livros, 81 opúsculos e tradutor de ou-
tras 27 obras. Foi presidente do Mosteiro El Escorial (de 1859 a
1868), importante escola espanhola, onde criou uma verdadeira
"universidade eclesiástica"; incentivou a Congregação de Missio-
nários para que trabalhasse com esse importante e eficaz meio de
evangelização.
Sua educação e formação foram afetadas pelo "vai e vem"
de uma época agitada. Depois das primeiras letras, aprendidas na
escola de Sallent, foi a Barcelona para uma formação específica,
orientada a melhorar os negócios da família. Ele aprendeu, traba-
lhou e estudou; enfrentou a vida, saboreou o êxito, experimentou
a decepção e acariciou projetos ambiciosos; mas, movido pela Sa-
grada Escritura, descobriu um horizonte novo e, ao completar 22
anos, ingressou no Seminário. A partir de então, viveu para Deus e,
num longo e intenso processo de discernimento, foi descobrindo
sua vontade. Curiosamente, nunca esqueceu os estudos de técnica
têxtil: deixou os teares, mas logo começou a tecer com o fio do
Evangelho.
Ordenado sacerdote em 1835, foi destinado à sua cidade na-
tal, onde enfrentou os desafios por que a Igreja passava na época;
© Guia do Curso 21

viveu junto ao povo atento às necessidades de seus irmãos e logo


sentiu que Deus o chamava para algo mais, sentindo que o coração
pulsava por uma evangelização sem fronteiras.
Em 1839, ofereceu-se à Congregação da "Propaganda Fide"
para ser Missionário Apostólico: evangelizar como os apóstolos,
edificar a Igreja onde fosse necessário. Ingressou no Noviciado da
Companhia de Jesus (Jesuítas), mas, depois de seis meses, aban-
donou-o em razão de uma enfermidade. Regressou à sua diocese
de origem, porém a vontade de ser Missionário Apostólico logo
se veria confirmada com a nomeação oficial da Santa Sé para a
propaganda da fé. Teve, com isso, a certeza de que Deus o queria
missionário.

Obra
Claret pregou incansavelmente durante oito anos, percor-
rendo sua terra natal. Porém, seu sonho de ir a outras terras se
realizou em 1848, quando foi enviado às Ilhas Canárias. A atividade
desses anos não se restringiu à pregação, mas se enriqueceu com
o apostolado escrito. Fundou a Livraria Religiosa, criou associa-
ções, atendia durante várias horas no confessionário, bem como
em direções espirituais. Na intensa pregação do Evangelho, Cla-
ret chegou a algumas conclusões: o povo está faminto da Palavra
de Deus, a messe é grande, o campo é imenso e os operários são
poucos. Esse discernimento o fez procurar colaboradores que se
sentissem animados pelo mesmo espírito evangelizador. Por isso,
fundou, em 16 de julho de 1849, a Congregação dos Missionários
Filhos do Imaculado Coração de Maria (Missionários Claretianos).
Pouco depois de ter fundado a Congregação, foi nomeado
Arcebispo de Santiago de Cuba. Aceitou a nomeação por obediên-
cia, porém com clara determinação de ser um Arcebispo Missio-
nário. Os seis anos que passou em Cuba foram transformados em
uma grande campanha evangelizadora. Tudo o que aprendera foi
aplicado ao seu serviço missionário. Preocupou-se tanto pela for-

Claretiano - Centro Universitário


22 © Treinamento Desportivo

mação moral, catequética e cristã como pela educação, a promo-


ção social e a dignificação humana dos fiéis da diocese. Nesse pe-
ríodo, colaborou com Antônia Paris na fundação da Congregação
das Religiosas de Maria Imaculada (Missionárias Claretianas).
Como toda grande personalidade, não só teve colaboradores
eminentes, mas também reuniu inimizades. Em 1856, em Holguín,
sofreu um atentado que quase acabou com sua vida. Chamado
pela rainha Isabel II para ser seu confessor, em 1857, deixou Cuba
e regressou à Espanha.
Em Madri, passou onze anos como confessor da jovem Ra-
inha e, ao mesmo tempo, evangelizador da Corte, da cidade e de
toda a Espanha, pois tinha de acompanhar a soberana em suas
viagens oficiais. Foram os anos mais duros da sua vida. Sentia que
o palácio real era uma jaula de ouro, mas com sabedoria pastoral
aproveitou de todas oportunidades para evangelizar. Em colabora-
ção com o Núncio, fez de seu cargo um serviço para a reforma de
toda a Igreja, implicando-se a delicada questão da nomeação dos
Bispos. Se em Cuba sofrera perseguições, em Madri acentuou-se
a tormenta: nem todos entendiam seu trabalho pastoral, e alguns
o consideravam um personagem incômodo e atentavam repetidas
vezes contra sua fama, sua honra e sua vida. Ele orava, trabalhava
e padecia.
O silêncio foi-lhe imposto; se não podia pregar nas Igrejas,
pregava nos conventos, onde também atendia confissões; se não
podia agir, fazia que outros trabalhassem: organizou associações e
promoveu iniciativas nas quais os leigos podiam ser cada vez mais
ativos; discretamente, apoiou seus Missionários para que amplias-
sem seu serviço evangelizador. Viveu pobre; era tudo, menos um
cortesão.
Em 1868, abandonou a Espanha, sendo exilado com a ra-
inha; em Paris, apesar de suas enfermidades, ajudou na pastoral
da ampla colônia latino-americana da capital francesa. Muito de-
bilitado de saúde, participou do Concílio Vaticano I. Morreu no dia
© Guia do Curso 23

24 de outubro de 1870, na Abadia cisterciense de Fontfroide, no


sul da França.
Antônio Claret foi beatificado no dia 25 de fevereiro de 1934
pelo Papa Pio XI, que o considerou "apóstolo incansável dos tem-
pos modernos". No dia 7 de maio de 1950, foi canonizado por Pio
XII.

História do Claretiano – Centro Universitário

Do Colégio São José ao Claretiano


Depois de várias décadas de funcionamento como internato
(de 1925 a 1969), os Missionários Claretianos decidiram dar nova
orientação ao Colégio São José de Batatais, transformando-o em
um Centro de Ensino Superior. O Projeto Educativo Claretiano,
desde o início, teve foco na formação de professores e profissio-
nais em geral, com espírito cristão e sólida formação humana.
Inspirada por sua Missão, a atividade educativa dos Mis-
sionários Claretianos manteve-se atenta ao processo histórico da
educação no país, pautando-se pelo princípio de que a educação
é promotora da dignidade da pessoa humana e de seu desenvolvi-
mento integral. Coerentes com essas diretrizes, intensificaram-se
as reflexões sobre as questões básicas da educação em todos os
segmentos da Instituição, com o intuito de promover o crescimen-
to harmônico de toda a comunidade educativa.
A dedicação dos Missionários Claretianos à Educação Supe-
rior no Brasil começou no ano de 1970, com a fundação da Fa-
culdade de Educação Física de Batatais, que abriu as portas para
o surgimento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras "José
Olympio". Posteriormente, as Faculdades Claretianas, que contam
com campi nas cidades de Batatais, Rio Claro e São Paulo, transfor-
maram-se em Faculdades Integradas – União das Faculdades Cla-
retianas (Uniclar). Em março de 2001, a unidade de Batatais obteve
o credenciamento do MEC como Centro Universitário Claretiano.

Claretiano - Centro Universitário


24 © Treinamento Desportivo

Em 2013, a partir da criação do Claretiano – Rede de Educação, a


Instituição passou a chamar-se Claretiano – Centro Universitário.

Atuação do Claretiano hoje


Atualmente, o Claretiano oferece cursos de Graduação e
Pós-graduação nas modalidades presencial e a distância nas áreas
de Administração, Direito, Educação, Engenharia, Informática e
Saúde. São oferecidos, também, cursos de Pós-graduação em ní-
vel de especialização presencial e a distância, além de cursos de
Extensão Universitária em diversas áreas.
A Extensão Universitária, juntamente com o Ensino e a Pes-
quisa, constitui as bases do trabalho educativo do Claretiano. En-
tre as finalidades da Extensão Universitária, pode-se nomear a de
"difundir à comunidade a atualização de conhecimentos e técnicas
de trabalho, desenvolvidas no âmbito acadêmico" (BRASIL, 2008).
A oferta de cursos de Extensão Universitária a distância foi autori-
zada pela Resolução n. 08/2005 do Centro Universitário Claretiano.
Dessa forma, o Claretiano – Centro Universitário de Batatais
tem se apresentado como uma Instituição de Ensino Superior com
vocação para o desenvolvimento e a inserção tecnológica, buscan-
do sempre a excelência e a melhoria de seus processos.

2. METODOLOGIA DE ESTUDO NA EDUCAÇÃO A DIS-


TÂNCIA
A Educação a Distância não se diferencia da Educação Pre-
sencial na finalidade, mas, sim, na metodologia rigorosa de pre-
paração dos conteúdos e na exigência de autonomia no que diz
respeito aos estudos. A seguir, apresentamos algumas definições
sobre as diferentes modalidades de ensino e aprendizagem:
© Guia do Curso 25

MODALIDADE DEFINIÇÃO
É a modalidade que conhecemos dos cursos
tradicionais. Sua principal característica é a de que
Presencial professores e alunos devem estar no mesmo local
ao mesmo tempo (sala de aula) para que ocorra o
processo de ensino-aprendizagem.
É a modalidade que pode ter ou não momentos
presenciais, mas, por definição, professores, tutores
e alunos estão separados física e temporalmente.
Em outras palavras, não precisam estar ao mesmo
tempo no mesmo local para que o processo de ensino
A distância
e aprendizagem ocorra. Esse processo é mediado
por diferentes tecnologias, e o aluno tem acesso aos
materiais didáticos e às ferramentas de comunicação
de acordo com sua disponibilidade, mas seguindo um
cronograma bem definido pelo tutor.

Por sua especificidade, a EaD pressupõe uma ação sistemá-


tica e conjunta dos diversos agentes envolvidos no processo edu-
cativo (equipes multidisciplinares e multifuncionais, tutores, pro-
fessores, coordenadores e alunos), todos articulados por recursos
midiáticos e pedagógicos que possibilitem a aprendizagem efi-
ciente e efetiva, marcada pela autonomia e pela responsabilidade.
Cada vez mais, esses dois conceitos deixam de ser utilizados, visto
que, aos poucos, as duas metodologias vão incorporando recipro-
camente elementos que favorecem o aprendizado dos alunos. Em
um futuro próximo, talvez não faça mais sentido tal distinção.

Quais as vantagens da Educação a Distância?


A EaD apresenta várias vantagens, entre as quais destacamos:
1) Flexibilidade: amplia as possibilidades de escolha de lo-
cal e horário de estudo e permite maior adaptação ao
ritmo de aprendizagem do participante.
2) Desenvolvimento de competências: promove a autono-
mia de aprendizagem e a organização do trabalho inte-
lectual.

Claretiano - Centro Universitário


26 © Treinamento Desportivo

3) Incentivo à pesquisa: favorece a troca de informações e


de experiências com os melhores profissionais da área e
com os demais participantes.
4) Amplitude: possibilita atender a um grande número
de pessoas, situadas em diferentes localidades, simul-
taneamente, sem frequentes deslocamentos de casa
ou do trabalho. Além disso, a EaD não apenas atende a
necessidades específicas, mas também possibilita a per-
sonalização de cursos, de acordo com a necessidade da
organização, com rapidez e qualidade.
Enfim, essa é uma modalidade que permite a aprendizagem
individual e em grupo, com a mediação de recursos didáticos orga-
nizados, veiculados em diferentes tecnologias de informação e de
comunicação, com o apoio de um Sistema Gerenciador de Apren-
dizagem.

Como estudar a distância?


O quadro a seguir apresenta algumas situações que podem
dificultar seus estudos e algumas dicas para superar tais dificulda-
des:
PROBLEMAS QUE PODEM OCORRER NA
COMO SOLUCIONAR TAIS PROBLEMAS
HORA DE ESTUDAR
... motivar-se e tornar claras as metas e
Falta de atitude e motivação...
os motivos que levam você a estudar.
Distração e falta de concentração... ... concentrar-se e autodisciplinar-se.

Dificuldade de diferenciar as partes


... melhorar meu hábito de leitura para
principais das secundárias e não saber
melhor compreensão das partes do texto
encontrar uma lógica de conexão entre
e da leitura do contexto.
os conteúdos

Dificuldade de análise do material


... fazer uma crítica pessoal de cada texto.
estudado...

Dificuldade de reter o que estudo indica


... exercitar o hábito da memorização.
que preciso melhorar a minha...
© Guia do Curso 27

PROBLEMAS QUE PODEM OCORRER NA


COMO SOLUCIONAR TAIS PROBLEMAS
HORA DE ESTUDAR

Leitura de forma desordenada, sem


uma sequência lógica, de acordo com ... planejar minha leitura, enfatizando e
os níveis de dificuldade demonstra a priorizando os conteúdos mais difíceis.
necessidade de...

... programar a quantidade de material a


Leitura de forma lenta e sem parâmetros
ser lido e fazer exercícios de leitura mais
é um sinal de que preciso...
acelerada quando for o caso.

Desconhecer os guias e orientações e


... minha capacidade de síntese de
basear os estudos apenas em leituras
leitura.
mostram que preciso aprimorar a...

Ter dificuldade em enfatizar o que


é relevante indica a necessidade de ... técnicas e recursos.
adotar...

A dificuldade em fazer um trabalho prático ... recursos oferecidos como estágios,


pode ser superada quando utilizo... atividades práticas etc.

Quais os recursos e as ferramentas disponíveis para o estudo de


meu curso?
São vários os recursos mediadores de aprendizagem e as fer-
ramentas disponíveis para o estudo de seu curso, dentre as quais
podemos destacar as que estão nos subtópicos a seguir.

Material Didático Mediacional (MDM)


O conceito de Material Didático Mediacional do Claretiano
– Centro Universitário é abrangente e aplica-se a todo recurso tec-
nológico mediador de aprendizagem, que vai desde o livro-texto
(no formato impresso ou digital) até a videoaula e conteúdos com-
plementares disponibilizados na internet.

Sistema Gerenciador de Aprendizagem – Sala de Aula Virtual


(SGA-SAV)
Pode-se realizar a aprendizagem a distância por meio de mí-
dia digital (DVD), pela internet ou por uma mix de mídias. Algumas
Claretiano - Centro Universitário
28 © Treinamento Desportivo

ferramentas de comunicação facilitam o processo de aprendiza-


gem, o acompanhamento dos alunos e a interação entre alunos e
tutores. Entre elas, pode-se destacar o e-mail e o Skype.
O ambiente virtual de aprendizagem denomina-se "Sistema
Gerenciador de Aprendizagem – Sala de Aula Virtual" (SGA-SAV)
e é nele que ocorrem constantes interações. Será possível ver sua
utilização em desenvolvimentos específicos de trabalho, que deve-
rão ser feitos em grupo ou individualmente. Essa ferramenta pos-
sibilita uma comunicação assíncrona e compartilhada pelo aluno,
pelo tutor ou por quem mais for decidido integrar o grupo. A SAV
poderá ser utilizada para desenvolver:
• trabalho individual ou em grupo;
• atividades de orientação de prática e projetos integrado-
res;
• atividades de orientação para o Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC);
• outras atividades que necessitem de uma orientação e de
coordenação específica e individual (Atividades Acadêmi-
co-Científico-Culturais, Estágios, Atividades Teórico-Práti-
cas, entre outras).
Nesse ambiente, encontram-se várias ferramentas disponí-
veis que possibilitam interações mediante processos de comuni-
cação síncrona ou assíncrona. Para que tais conceitos sejam mais
bem compreendidos, apresenta-se o quadro a seguir:
A comunicação síncrona necessita que todos estejam presentes
Comunicação ao mesmo tempo (tempo real, on-line, presencialmente), para
síncrona que a interação ocorra, mesmo que essa interação seja mediada
pela tecnologia. Exemplos: chat, videoconferência.

A  comunicação assíncrona  não necessita que todos estejam


presentes ao mesmo tempo para que a interação ocorra. Os
Comunicação
alunos podem se comunicar sem as limitações impostas pelo
assíncrona
tempo e pelo espaço geográfico. Exemplos:  e-mail, Correio,
Fórum, Portfólio e Mural.
© Guia do Curso 29

No quadro a seguir, é possível identificar a lista das inter-


faces disponíveis na Sala de Aula Virtual para a comunicação e
informação durante todo o curso:
É a página de entrada da disciplina na Sala de Aula Virtual.
Inicialmente, deverá conter uma apresentação do tutor.
Orientações Na sequência da disciplina, o tutor orientará o processo de
(assíncrona) aprendizagem. Nessa ferramenta, é possível verificar os horários
de atendimento pelo 0800 e pela internet, bem como o polo em
que seu tutor faz esse atendimento.

É a ferramenta que deverá ser acessada para realizar, em versão


Material
para impressão econômica, o download do CDM e dos conteúdos
(assíncrona)
complementares.

Correio É uma forma de e-mail disponibilizado dentro da SAV, cuja


mensagem pode ser enviada para uma única pessoa ou para todos
(assíncrona) os integrantes da turma.
Deve-se respeitar a educação entre os participantes de uma lista,
para que o convívio seja agradável e proveitoso. No ambiente
virtual, a educação denomina-se "netiqueta". A seguir, seguem
alguns links nos quais se pode conhecer o que são netiquetas:
• UOL.  Mundo digital  – Beabá: etiqueta na rede. Disponível em:
<http://www1.uol.com.br/mundodigital/beaba/etiqueta.htm>.
Acesso em: 14 nov. 2014.
Correio • UFPA. Netiqueta. Disponível em: <http://ufpa.br/dicas/net1/lis-
(assíncrona) neti.htm>. Acesso em: 14 nov. 2014.
• ICMC – USP.  Introdução à netiqueta. Disponível em: <http://
www.icmc.usp.br/manuals/BigDummy/netiqueta.html>. Acesso
em: 14 nov. 2014.
Essas "netiquetas" se aplicam a todas as ferramentas disponíveis e
à utilização da internet. Representam um conjunto de regras e de
conselhos para uma boa utilização da web. A netiqueta baseia-se
muito no simples e elementar "bom senso".

Também denominado "Fórum de Discussão", é uma ferramenta


que possibilita a discussão de um assunto em grupo. No Fórum, o
aluno compartilha com seus colegas suas ideias, opiniões, dúvidas
Fórum e conhecimentos acerca do assunto proposto. O Fórum prevê
(assíncrona) mensagens de texto descritas no próprio campo para digitação,
além da possibilidade de anexar arquivos. Como as mensagens
são públicas e serão lidas por outras pessoas, recomenda-se que
o aluno não inclua informações ou dados de caráter reservado.

Claretiano - Centro Universitário


30 © Treinamento Desportivo

Também chamado de chat. É uma ferramenta que possibilita que


pessoas distantes fisicamente possam conversar entre si, utilizando
o computador e a internet como ferramenta de mediação.
Bate-papo
(síncrona) No Bate-papo da Sala de Aula Virtual, é possível entrar em contato
com os colegas de turma, tirar dúvidas com o tutor (caso ele
esteja conectado ao mesmo tempo), ou ter sessões agendadas, se
necessárias, para o esclarecimento de dúvidas.
Essa ferramenta se diferencia de todas as outras formas de
Portfólio relacionamento virtual (e-mail, Bate-papo, Correio etc.) porque as
informações compartilhadas nela apenas podem ser lidas e alteradas
(assíncrona) por pessoas autorizadas, geralmente pelo próprio aluno, os alunos do
grupo (quando a atividade é realizada em grupo reservado) e o tutor.

Funciona como um post-it, ou seja, um local em que se poderão


Mural
colocar pequenos recados.

Permite a visualização de todos os recados enviados à turma por


Recados
coordenadores e tutores.

3. PERGUNTAS E RESPOSTAS RELEVANTES PARA O


INÍCIO DOS ESTUDOS

Que orientações devo seguir no material didático para facilitar


minha aprendizagem?
Será disponibilizado na Sala de Aula Virtual, em cada item do
Material, um Bloco de Anotações, que você poderá abrir oportu-
namente para registrar suas dúvidas, comentários, observações,
resumos etc.
Como você poderá observar no Caderno de Referência de
Conteúdo, procuramos elaborar um texto em uma linguagem dia-
lógica, mediacional, interativa e de fácil compreensão.
Para estimular a reflexão, aguçar seu senso crítico e forta-
lecer sua autonomia, inserimos, ao longo do texto, orientações,
questões e atividades práticas, como a participação no Fórum e no
Correio. O que foi organizado para a sua aprendizagem é o ponto
de partida para que você desenvolva sua autonomia na construção
de novos conhecimentos.
© Guia do Curso 31

Como será minha avaliação?


A avaliação do seu aproveitamento será feita mediante a en-
trega e a análise pelo tutor das atividades propostas ao longo da
realização do curso.

Preciso ter um computador em casa para fazer o curso nessa


modalidade?
Você não precisa ter um computador em casa, mas deverá
ter acesso de alguma forma à internet para postar seus trabalhos
e ter acesso às orientações dos professores; isso é imprescindível
para o adequado aproveitamento do curso. Esse acesso poderá ser
realizado no Polo de Apoio Presencial, em casa, no trabalho, em
polos ou instituições conveniadas, quando o número de alunos ou
iniciativas particulares justificarem esses convênios.

E se eu tiver dificuldades com a metodologia e com a tecnologia?


O curso prevê uma assistência direta aos discentes. Está
prevista uma estrutura de acompanhamento técnico (help desk)
para atendimento aos discentes, a fim de minimizar dificuldades
que possam surgir. Esse serviço poderá ser solicitado pelo 0800
dos polos de Batatais e Rio Claro ou pelo e-mail: <suporteead@
claretiano.edu.br>.
Quanto à parte pedagógica do curso, o apoio será dado pelo
tutor. Em virtude da facilidade do ambiente virtual de aprendiza-
gem, deverá ser estimulada uma maior integração entre tutores,
tutores e coordenação, tutores e alunos, alunos e coordenação,
bem como entre alunos, tudo para facilitar a interdisciplinarida-
de do processo.

Com quem posso tirar dúvidas relacionadas ao curso?


Utilizando as ferramentas de comunicação disponíveis no
SGA-SAV, você terá à sua disposição um tutor, responsável por di-
rimir dúvidas de conteúdo específico dos temas abordados. Con-

Claretiano - Centro Universitário


32 © Treinamento Desportivo

tudo, sugerimos que, antes de entrar em contato com os tutores,


você se certifique de que suas dúvidas não foram sanadas neste
Guia do curso, no Caderno de Referência de Conteúdo ou na FAQ.
Caso tenha dúvidas sobre a organização geral do curso, se-
guem as informações para contato com a coordenadoria de Exten-
são Universitária:
MEIO OBSERVAÇÕES
E-mail extensao@claretiano.edu.br Todos os e-mails serão
cursodeextensao@claretiano.edu.br respondidos

Segunda a sexta-feira:
Telefone (16) 3660-1577 8h00 às 12h00
14h00 às 17h00
Rua Dom Bosco, 466 Segunda a sexta-feira:
Pessoalmente Bairro Castelo 8h00 às 12h00
Batatais – SP 14h00 às 17h00
Fax (16) 3660-1780
Homepage http://claretianobt.com.br/

4. NORMAS INSTITUCIONAIS E INFORMAÇÕES LE-


GAIS SOBRE O CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁ-
RIO E SEUS CURSOS
Todo funcionamento da Instituição é regulado pelo Regimen-
to Interno. O Claretiano – Centro Universitário possui autonomia
universitária e, por isso, o Conselho Superior é o órgão competen-
te e autônomo para criar novos cursos ou suprimi-los.
O Claretiano prima pela qualidade e seriedade de seus pro-
cessos e, dessa forma, mantém regularizadas, no Ministério da
Educação a sua documentação e a de cada um de seus cursos.
Mais informações podem ser obtidas no site do Ministério da Edu-
cação, ou no site do Claretiano.
© Guia do Curso 33

5. INFRAESTRUTURA TÉCNICO-ADMINISTRATIVA DO
CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO

Coordenadorias
Os cursos do programa EaD do Claretiano contam com o
apoio acadêmico das seguintes coordenadorias:
1) Coordenadoria Geral de Educação a Distância: Prof. Ms.
Evandro Luis Ribeiro.
2) Coordenadoria Geral de Ensino: Prof.ª Ms. Pricila Berta-
nha.
3) Coordenadoria de Material Didático Mediacional: J. Al-
ves.
4) Coordenadoria Geral de Pós-graduação: Prof. Ms. Luís
Cláudio de Almeida.
5) Coordenadoria Geral de Extensão: Prof. Dr. César Augus-
to Bueno Zanella.
6) Coordenadoria Geral de Pesquisa e Iniciação Científica:
Prof. Rafael Menari Archanjo.
7) Coordenadoria de Tecnologias da Informação e da Co-
municação – CTIC: Danilo da Silva.
8) Secretária Geral: Léa Mara Lelis Dal Picolo Biagini.

Núcleos e Setores Acadêmicos


1) Núcleo de Assistência Social: Marcos Henrique Silva.
2) Núcleo de Estágio: Kelly dos Reis Canavez.
3) NUGEP – Núcleo de Gestão de Pessoas: Valéria do Nas-
cimento Fogaça.
4) Bibliotecária: Cristina de Cássia Bueno Mendes.
5) Secretaria de Provas: Roselaine Araújo.
6) Núcleo de Formação Continuada de Tutores: Ricardo
Boone e Karina Serrazes.
7) Núcleo de Acessibilidade e Educação Especial: Ana Ma-
ria Tassinari.

Claretiano - Centro Universitário


34 © Treinamento Desportivo

É importante ressaltar que, embora a modalidade do curso


seja a distância, todas as dependências da Instituição estão cons-
tantemente à disposição dos discentes.

6. BIBLIOTECA

Natureza
A Biblioteca do Claretiano – Centro Universitário tem por
objetivo fornecer suporte adequado às atividades acadêmicas em
seus aspectos didático-pedagógicos, bem como proporcionar o in-
centivo à pesquisa dos alunos e professores, servindo, inclusive, a
toda a comunidade na sede em Batatais e em cada um dos polos.
Para isso, tem buscado a melhoria contínua dos serviços presta-
dos.
O acervo da Biblioteca divide-se em duas partes: uma para
consulta e outra circulante apenas para docentes, alunos e funcio-
nários do Claretiano – Centro Universitário. As obras de referência
e as obras raras excluem-se do regime de empréstimos.

Biblioteca Setorial nos Polos


Nos polos, o aluno também tem a seu dispor os serviços da
Biblioteca, contando com um acervo de obras básicas e comple-
mentares dos cursos em funcionamento. Esse serviço está dispo-
nível no horário de funcionamento de cada polo e no dia do en-
contro presencial.
Os livros podem ser enviados aos alunos pelo correio, por so-
licitação via e-mail, pelo endereço  biblioteca@claretiano.edu.br,
mediante pagamento da taxa do valor do Sedex para envio. Caso o
aluno prefira, o livro solicitado poderá ser levado pelo responsável
do polo no dia do encontro presencial, sem custo.
© Guia do Curso 35

Biblioteca Virtual da Pearson


Com o objetivo de oferecer mais uma possibilidade de aces-
so ao conhecimento, o Claretiano – Centro Universitário firmou
parceria com a Pearson Education do Brasil, mantenedora da Bi-
blioteca Virtual Universitária 3.0. Disponibilizando agora, além de
suas bibliotecas físicas, acesso a um acervo considerável de livros
das mais variadas áreas do conhecimento que o usuário poderá
conectar de qualquer computador com acesso à internet. São li-
vros completos, totalmente em português, para leitura na íntegra
de editoras renomadas como Ática, Casa do Psicólogo, Contexto,
InterSaberes, Manole, Papirus, Pearson, Scipione, Companhia das
Letras, Educs, Rideel e Jaypee Brothers.
O Claretiano, em parceria com a Pearson, disponibiliza o
acesso a 2.000 títulos nas áreas de administração, marketing, en-
genharia, economia, direito, letras, história, geografia, jornalismo,
computação, educação, medicina, enfermagem, psicologia, psi-
quiatria, gastronomia, turismo e outras. Para facilitar o acesso às
obras, a Biblioteca Virtual conta com ferramentas que enriquecem
e agilizam sua pesquisa e estudo, como: pesquisa inteligente; mar-
cadores de páginas; anotações personalizadas; impressões de pá-
ginas avulsas e capítulos avulsos (opcional).
A Biblioteca Virtual detém os direitos autorais sobre as obras
que disponibiliza. Assim, todas as operações relacionadas estão
protegidas pela Lei 9.610, que regulamenta os direitos autorais.

Inscrição para utilização da biblioteca física


Para utilizar as obras da Biblioteca, o usuário (aluno, tutor e
funcionário) deve, inicialmente, efetuar sua inscrição, comprome-
tendo-se a respeitar o Regulamento.

Claretiano - Centro Universitário


36 © Treinamento Desportivo

Normas Gerais
As normas gerais para o adequado uso dos recursos da Bi-
blioteca são:
• As pesquisas ao acervo poderão ser realizadas nos termi-
nais, em computadores disponíveis na Biblioteca ou em
qualquer computador com acessoon-line.
• O empréstimo do material bibliográfico pertencente ao
acervo da Biblioteca só é permitido aos alunos, professo-
res e funcionários do Claretiano – Centro Universitário.
• O usuário (alunos, professores e funcionários), ao utilizar
a Biblioteca, deverá cadastrar sua digita, para realização
de empréstimo por meio da biometria. Em locais onde
o sistema biométrico não é utilizado, deverá apresentar
crachá e carteirinha para realização do empréstimo.

Condições para empréstimo


Ao aluno da modalidade presencial devidamente cadastra-
do, poderão ser emprestados, por vez, cinco livros, com devolução
em até cinco dias úteis. Ao aluno da modalidade EaD devidamente
cadastrado, poderão ser emprestados, por vez, até três livros, com
devolução sempre programada para o próximo encontro presen-
cial de alunos.
Caberá à Biblioteca colocar em regime especial de consulta e
empréstimo as obras de leitura básica ou recomendada.
As obras emprestadas poderão ser renovadas até três vezes
pela internet ou no balcão de atendimento, desde que não tenham
sido reservadas; para renovações realizadas no balcão, o aluno de-
verá trazer o livro.
Os usuários poderão reservar até duas obras via internet,
quando estas estiverem emprestadas no sistema.
© Guia do Curso 37

O livro reservado ficará à disposição do usuário apenas por


24 horas (um dia), a partir do momento em que ele é devolvido.
O não comparecimento do aluno no dia e hora marcados para a
retirada do livro implica a suspensão automática da reserva.
Os periódicos só poderão ser utilizados na Biblioteca.
Os livros retirados pelos usuários não podem ser transferi-
dos à responsabilidade de terceiros sem o competente registro da
Biblioteca.
Fica suspenso o empréstimo aos usuários que solicitarem
trancamento de matrícula, ou que vierem a se desligar do Claretia-
no – Centro Universitário.

Serviços oferecidos pela biblioteca


Os serviços oferecidos são de responsabilidade da Institui-
ção, à qual devem ser dirigidas quaisquer dúvidas e/ou sugestões.
• Informações dos usuários: a Biblioteca está totalmente
informatizada e em condições de atender aos alunos e
demais usuários, que podem contar com o auxílio, nos
terminais de consulta, dos funcionários e bibliotecárias
para a realização de suas pesquisas e localização de ma-
teriais.
• Site  informativo: o Sistema Integrado de Bibliotecas do
Claretiano disponibiliza, em sua página, informações so-
bre as bibliotecas do Claretiano, horário de funcionamen-
to, regulamento, lista de aquisições, bases e periódicos
on-line, acesso aos sistemas Pergamum e Pearson, entre
outras informações úteis aos seus usuários.
• Empréstimo: para que o tutor, aluno ou funcionário da
Instituição possa utilizar esse serviço, é necessário estar
cadastrado na Biblioteca.
• Exposição dos livros novos: livros comprados no mês.

Claretiano - Centro Universitário


38 © Treinamento Desportivo

• Serviço de referência: oferece ao usuário assistência e


instrução no uso da Biblioteca – seus catálogos, seu acer-
vo e seus serviços.
• Levantamentos bibliográficos: a Biblioteca elabora levan-
tamentos bibliográficos sobre temas especializados por
intermédio da base de dados e da internet, mediante so-
licitação do usuário.
• Resumos de artigos de periódicos correntes digitaliza-
dos: resumo de artigos de periódicos assinados não exis-
tentes em meio eletrônico digitalizado pela Biblioteca.
• Comutação bibliográfica: serviço que possibilita a obten-
ção de cópias de documentos técnico-científicos, teses e
dissertações, entre outros trabalhos. Rede de comutação
bibliográfica coordenada pelo Instituto Brasileiro de In-
formação em Ciência e Tecnologia.
• Visita orientada e capacitação de usuário: se você tem
interesse em conhecer a Biblioteca, seus serviços e seu
acervo, consulte a bibliotecária para agendar uma visita
orientada.
• Atendimento especial: a Biblioteca facilita a vida acadê-
mica dos alunos com dificuldade de locomoção. Esses alu-
nos  poderão  fazer empréstimos via internet, e os livros
podem ser retirados por um aluno previamente indicado.
• Acessibilidade: a Biblioteca matriz conta com piso tátil,
computador e scanner próprios, devidamente adaptados
para pessoas com deficiência visual, além de contar com
funcionários treinados em libras e balcão de atendimento
adaptado para pessoas com deficiência.
• Reserva de espaço: a Biblioteca conta com uma sala equi-
pada com TV 29 polegadas, aparelho de DVD e aparelho
de videocassete. Para utilizar essa estrutura, é necessário
solicitar autorização ao responsável pelo setor, enviando
um e-mail para o seguinte endereço: <biblioteca@clare-
tiano.edu.br>.
© Guia do Curso 39

É dever do usuário
• Preservar o patrimônio da Biblioteca, não danificando
obra, mobiliário ou qualquer outro material.
• Respeitar os funcionários da Biblioteca e manter a disci-
plina.
• Manter o silêncio na Biblioteca.
 A alegação do não conhecimento do regulamento não isen-
ta o usuário de qualquer sanção a ser-lhe imputada.

É vedado aos usuários


• Fotocopiar livros, de acordo com o Inciso V do Artigo 40
da Lei n. 5.988/73.
• Alimentar-se dentro da Biblioteca, por questões de higie-
ne e prevenção contra insetos e animais roedores.
• Fumar nas dependências da Biblioteca, por questões de
segurança e de saúde, de acordo com a Lei Estadual nº
9.760/97.
• Usar trajes inadequados no interior da Biblioteca, por
questão de cultura e de respeito.
• Conversar em alta voz e portar-se de maneira inadequa-
da.

Penalidades
Caso a devolução/renovação não seja efetuada na data esta-
belecida, o usuário (aluno, professor e funcionário) pagará multa
de R$ 2,00 por dia e por livro em atraso.
Para as obras que não circulam (livros de consulta, dicioná-
rios e periódicos) e que forem retiradas sem autorização, a multa é
de R$ 8,00 por dia e por obra.
O usuário ficará impedido de efetuar novos empréstimos en-
quanto não efetuar o pagamento de sua multa.

Claretiano - Centro Universitário


40 © Treinamento Desportivo

Nos casos de perda ou dano, o usuário deverá repor o mes-


mo título ou equivalente indicado pela Biblioteca, não ficando dis-
pensado de multa nos casos de atraso.
A não devolução do material emprestado implicará o impe-
dimento da colação de grau.
O usuário que não devolver os periódicos (revistas) nas duas
horas determinadas pelo sistema estará sujeito à multa de R$ 8,00
em caso de atraso.
O uso indevido dos computadores de pesquisa da Biblioteca
implicará a suspensão do aluno por tempo determinado pela res-
ponsável da Biblioteca.
Setor Telefone
Biblioteca (16) 3660 1616

7. PRADI (PROGRAMA DE APOIO AO DISCENTE)


O Pradi consiste em um programa de ação profissional con-
cebido para o desenvolvimento de serviços de atendimento, de
orientações nas áreas acadêmica, espiritual, social, vocacional e
psicopedagógica, tendo como público-alvo os discentes do Clare-
tiano. Os atendimentos presenciais na sede podem ser agendados
na Secretaria de Ação Comunitária e pretendem contribuir para
o bem-estar discente, tendo em vista uma melhor qualidade de
vida. Para os alunos que não residem em Batatais, o atendimento
ocorrerá por meio de conferências por Skype ou telefone.

8. NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE E EDUCAÇÃO ESPECIAL


O Núcleo de Acessibilidade e Educação Especial é composto
por uma equipe de professores especialistas na área que busca ga-
rantir a acessibilidade por meio de atendimento educacional espe-
cializado aos estudantes com deficiências e/ou com necessidades
educacionais especiais, que necessitem de recursos, estratégias e
© Guia do Curso 41

adequações para a efetivação do processo de ensino e aprendi-


zagem. O aluno com necessidades educacionais especiais poderá
entrar em contato com a coordenação do núcleo, presencialmente
na sede, por telefone ou preenchendo o formulário na ferramenta
Acessibilidade, disponível no Sistema Gerenciador de Aprendiza-
gem – Sala de Aula Virtual.

9. SECRETARIA GERAL
A Secretaria Geral é o setor ligado à Reitoria que cuida de
toda a documentação relacionada à vida acadêmica dos docentes
e discentes. Responde pela integridade e exatidão dos documen-
tos expedidos, desde diplomas até simples declarações de qual-
quer ordem ou finalidade; responsabiliza-se pelo arquivo e integri-
dade de toda documentação acadêmica de alunos e professores
da Instituição. Dispõe de quadros de avisos e espaços de publica-
ção na sala de aula virtual, nos quais divulga todos os atos ou fatos
de interesse dos alunos e tutores, tais como:
1) editais, portarias, avisos e circulares;
2) boletins de resultados e índices de frequência;
3) horários;
4) calendário de provas e exames.

Núcleo de Atendimento
O Núcleo de Apoio é a instância diretamente ligada à Secre-
taria Geral e destina-se ao atendimento mais direto aos docentes e
discentes, no que concerne às suas necessidades acadêmicas e ao
cumprimento das normas e obrigações a estes relacionadas.

10. CALL CENTER


O Claretiano – Centro Universitário conta com uma central
de relacionamentos para apoio ao aluno e, também, ao candidato
interessado em conhecer os cursos de Graduação, Pós-graduação e

Claretiano - Centro Universitário


42 © Treinamento Desportivo

Extensão Universitária oferecidos pela Instituição nas modalidades


presencial e a distância.
O atendimento do Call Center acontece de segunda-feira a
sexta-feira, das 8h às 22h, e aos sábados, das 7h30 às 17h. Para
facilitar esse atendimento, o Claretiano disponibiliza números dis-
tintos para cada tipo de serviço, a saber:
1) 0800 34 4177 (Claretiano) – é o número para atendimen-
to exclusivo aos candidatos interessados em conhecer
detalhes do funcionamento dos cursos de Graduação,
Pós-graduação e Extensão Universitária nas modalida-
des a distância e presencial. Esse número não possibilita
o acesso às informações acadêmicas e de secretaria.
2) 0800 941 0006 (Claretiano de Batatais) – é o número
utilizado para contato com tutores e esclarecimento de
dúvidas pedagógicas referentes às atividades de tutoria.

Sempre verifique, na Sala de Aula Virtual, o local e o horário de


atendimento do Professor Responsável, do Tutor a Distância e do
Tutor Presencial de cada turma e disciplina.

Outros polos também contam com serviços de 0800 para


atendimento ao candidato. São os de:
1) Belo Horizonte – 0800 283 3397;
2) Campinas – 0800 707 0994;
3) Curitiba – 0800 725 1881;
4) Porto Velho – 0800 647 6677;
5) Rio Claro – 0800 722 6440;
6) São José dos Campos – 0800 725 7799;
7) São Paulo – 0800 774 1888;
8) Taguatinga – 0800 643 6043.
9) (16) 3660-1777 (Claretiano de Batatais) – é o número
que permite o contato com os demais setores da Insti-
tuição para tratamento de questões financeiras e jurídi-
cas, conversa com coordenadores ou obtenção de infor-
mações gerais das equipes das diversas secretarias.
© Guia do Curso 43

11. COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E OUVIDORIA


Cada um dos setores do Claretiano está à disposição dos alu-
nos e da comunidade para o esclarecimento de dúvidas e para o
recebimento de críticas e sugestões; porém, quando uma ques-
tão, mesmo após consultas a outras instâncias, não é respondida,
a Ouvidoria pode ser acionada, visto que está diretamente ligada
à Reitoria.
A Ouvidoria é um departamento da Instituição direcionado
para atendimento de todo aluno ou cidadão da comunidade que
deseja fazer elogios, reclamações ou resolver problemas, caso al-
gum setor da Instituição não tenha conseguido dar uma devolutiva.
Implantada em março de 2009, a Ouvidoria busca dar res-
postas efetivas, garantindo a comunidade e aos alunos o direito à
informação.
No setor, são recebidas, analisadas, encaminhadas e respondi-
das as solicitações de reclamações, sugestões, elogios e/ou dúvidas.
Tais solicitações comporão os relatórios enviados à Reitoria periodi-
camente, favorecendo, assim, uma cultura de melhoria contínua e
maior vinculação entre comunidade e a Direção da Instituição.
A Ouvidoria age com transparência, respeitando a hierarquia
da Instituição, bem como o regimento interno e as normas de cada
um dos setores.
Na home page do Claretiano, a Ouvidoria tem fácil acesso. O
link para utilização está sempre próximo ao Fale Conosco – uma das
primeiras ferramentas do solicitante ao entrar em contato com a
Instituição. É também possível o registro de solicitações por meio de
correspondência, pelo endereço Rua Dom Bosco, 466 – Bairro Cas-
telo – Batatais/SP – CEP: 14.300-000 – Aos cuidados da Ouvidoria.
Todas as solicitações recebem um número de protocolo e
compõem as estatísticas de atendimento do setor.

Claretiano - Centro Universitário


44 © Treinamento Desportivo

Recomenda-se que os alunos tentem sempre resolver suas


dúvidas e dificuldades entrando em contato com os setores ou
as pessoas responsáveis por cada processo, de tal forma que a
Ouvidoria só seja acionada quando não houver resposta sobre o
problema. Cumpre ressaltar que o Coordenador de Curso é o res-
ponsável por toda gestão do curso; dessa forma, procure também
conversar com ele antes de recorrer a instâncias superiores.

12. DADOS GERAIS DO CURSO

Apresentação
Caro aluno, seja bem-vindo ao curso de Extensão Universitá-
ria intitulado Treinamento Desportivo!
Iniciaremos nossos estudos abordando os Princípios do Trei-
namento. Essa primeira abordagem embasará os conhecimentos
que serão aplicados nas demais unidades de ensino deste curso.
Apesar de ser um curso teórico, o caráter prático se faz presente,
pois a aplicabilidade dos conhecimentos aqui abordados é vasta.
O conteúdo será apresentado em cinco unidades, nas quais
estudaremos, como já mencionamos, os Princípios do Treinamen-
to Desportivo, bem como os treinamentos de endurance, velocida-
de, agilidade e força.
Desejamos êxito na realização de suas pesquisas, interativi-
dade e atividades!

Ementa
Princípios que norteiam a prescrição do Treinamento Des-
portivo. Aplicabilidade dos conhecimentos de fisiologia humana
ao treinamento de endurance, velocidade, agilidade e força.
© Guia do Curso 45

Objetivo geral
Os alunos do curso de Extensão Universitária Treinamento
Desportivo na modalidade EaD do Claretiano, dado o Sistema Ge-
renciador de Aprendizagem e suas ferramentas, serão capazes de
ampliar conhecimentos técnicos e refletir sobre a prescrição do
treinamento para os mais variados esportes, pois o estudo abor-
dará as capacidades físicas básicas presentes na maioria das mo-
dalidades esportivas.
Com esse intuito, os alunos contarão com recursos técnico-
-pedagógicos facilitadores de aprendizagem, como Material Didá-
tico Mediacional, bibliotecas físicas e virtuais, ambiente virtual,
bem como acompanhamento do professor responsável, do tutor
a distância e do tutor presencial, complementados por debates no
Fórum.
Para melhor compreensão do nosso estudo, é aconselhável
ter acesso a algum livro de Fisiologia do Exercício para possíveis
consultas.
Ao final do curso, de acordo com a proposta orientada pelo
professor responsável e pelo tutor a distância, realizarão uma ati-
vidade que demonstre sua aprendizagem sobre os conteúdos es-
tudados. Para esse fim, levarão em consideração as ideias deba-
tidas na Sala de Aula Virtual, por meio de suas ferramentas, bem
como o que produziram durante o estudo.

Objetivos específicos
• Fornecer conhecimento básico sobre a prescrição do trei-
namento desportivo.
• Tornar os alunos aptos a elaborar programas de treina-
mento e preparação física para diferentes modalidades
esportivas.

Claretiano - Centro Universitário


46 © Treinamento Desportivo

Competências, habilidades e atitudes


Ao final deste estudo, os alunos do curso de Extensão Uni-
versitária Treinamento Desportivo contarão com uma sólida base
teórica para fundamentar criticamente sua prática profissão. Além
disso, adquirirão as habilidades necessárias não somente para
cumprir seu papel nesta área do saber, mas também para agir com
ética e com responsabilidade social.

Carga horária
A carga horária do curso Treinamento Desportivo é de 40 ho-
ras, com dedicação média de dez horas semanais. Este curso terá
duração de um mês para o desenvolvimento do conteúdo e para
a realização da avaliação final. No decorrer desse percurso, desen-
volveremos atividades e interatividades a distância.
Observe, no quadro demonstrativo a seguir, a carga horária e
as semanas em que serão desenvolvidas as atividades:

UNIDADES SEMANAS ATIVIDADES A DISTÂNCIA


1 1ª semana 10 h
2 2ª semana 10 h
3e4 3ª semana 10 h
5 4ª semana 10 h
TOTAL 40h

Os temas e os conteúdos das cinco unidades, bem como a


avaliação proposta para o curso, estão no Caderno de Referência
de Conteúdo (CRC), anexo a este Guia do Curso.

Metodologia de estudo do curso


Durante um mês, estudaremos e debateremos juntos os
conteúdos das cinco unidades que estruturam o curso Treinamen-
to Desportivo. Como você poderá observar no CRC, procuramos
elaborar um texto em uma linguagem simples, dialógica, media-
cional, interativa e de fácil compreensão.
© Guia do Curso 47

Lembre-se de que você poderá utilizar a ferramenta Correio


para eliminar eventuais dúvidas, realizar comentários ou descre-
ver suas sugestões.

13. CONSIDERAÇÕES
Neste Guia do Curso, você encontrou as orientações e as in-
formações práticas necessárias para o estudo do curso Treinamen-
to Desportivo.
O curso é interessante por tratar-se de um estudo que au-
xiliará em sua formação. A teoria e a prática estarão relacionadas
nas propostas.
Os conhecimentos adquiridos nas leituras das unidades e
nas discussões possibilitarão ao aluno maior conhecimento acerca
da elaboração de programas de treinamento físico para várias mo-
dalidades esportivas. A abordagem das capacidades físicas mais
básicas e presentes na maioria das modalidades esportivas, sepa-
radamente, facilitará o entendimento do processo de treinamento
e da aplicação de métodos eficientes de aprimoramento da perfor-
mance física esportiva.
É imprescindível que os alunos deste curso continuem se
atualizando com leituras complementares sobre o assunto. Essas
leituras podem, inclusive, ser solicitadas ao professor do curso
para que artigos relacionados sejam disponibilizados.
Portanto, aproveite esta oportunidade de ampliar seus co-
nhecimentos pessoais e profissionais sobre o Treinamento Despor-
tivo, pois essa é uma forma de obtenção de conteúdo com aplica-
ção prática bastante ampla e que certamente contribuirá para a
formação dos técnicos e professores de Educação Física.
Desejamos êxito em seus estudos e em sua vida profissional!

Claretiano - Centro Universitário


48 © Treinamento Desportivo

14. BIBLIOGRAFIA BÁSICA


BOMPA, T. O. Periodização – Teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. Guarulhos:
Phorte Editora, 2002.
COSTIL, D. L.; WILMORE, J. H. Physiology of sport and exercise. Champaign: Human
Kinetics, 1994.
ISSURIN, V. B. New horizons for the methodology and physiology of training periodization.
Sports Medicine, v. 40, n. 3, p. 189-206, 2010.

15. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR


CORMIE, P.; McGUIGAN, M. R.; NEWTON, R. U. Developing maximal neuromuscular
power. Part 1 – Biological Basis of Maximal Power Production 41, n. 1, p. 17-38, jan.
2011.
DREW, M. K.; FINCH, C. F. The relationship between training load and injury, illness and
soreness: a systematic and literature review. Sports Medicine, v. 46, n. 6, p. 861-83, 2016.
FAUDE, O.; KINDERMANN, W.; MEYER, T. Lactate threshold concepts: how valid are they?
Sports Medicine, v. 39, n. 6, p. 469-90, 2009.
FOLLAND, J. P.; WILLIAMS, A. G. The adaptations to strength training: morphological and
neurological contributions to increased muscle strength. Sports Medicine, v. 37, n. 2, p.
145-68, 2007.
GABBETT, T. J. The training-injury prevention paradox: should athletes be training smarter
and harder? British Journal of Sports Medicine, v. 0, p. 1-9, 2016.
GARCÍA-RAMOS, A.; et al. Training load quantification in elite swimmers using a modified
version of the training impulse method. European Journal of Sport Science, v. 15, n. 2, p.
85-93, 2015.
GOMES, A. L. M.; DANTAS, E. H. M.; CAMERON, L. C. Respostas fisiológicas e mecânicas
do Treinamento Intervalado, de alta intensidade, de distâncias curtas a longas em atletas
de natação. Fitness & Performance Journal, v. 2, n. 2, p. 75-80, 2003.
HELEN ALEXIOU, A. J. C. A comparison of methods used for quantifying internal
training load in women soccer players. International Journal of Sports Physiology and
Performance, v. 3, p. 320-30, 2008.
JOYNER, M. J.; COYLE, E. F. Endurance exercise performance: the physiology of champions.
The Journal of Physiology, v. 586, p. 35-44, 2008.
KRAEMER, W. J.; RATAMESS, N. A. Hormonal Responses and Adaptations to Resistance
Exercise and Training. Sports Medicine, Auckland, v. 35, n. 4, p. 339-61, 2005.
KUBUKELI, Z. N.; NOAKES, T. D.; DENNIS, S. C. Training techniques to improve endurance
exercise performances. Sports Medicine, Auckland, v. 32, n. 8, p. 489-509, 2002.
MAUGHAN, R. J. Distance running in hot environments: a thermal challenge to the elite
runner. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, v. 20, suppl. 3, p. 95-102,
2010.
MIDGLEY, A. W.; McNAUGHTON, L. R.; JONES, A. M. Training to enhance the physiological
© Guia do Curso 49

determinants of long-distance running performance: can valid recommendations be


given to runners and coaches based on current scientific knowledge? Sports Medicine,
Auckland, v. 37, n. 10, p. 857-80, 2007.
NUNES, J. A.; et al. Monitoramento da carga interna no basquetebol. Revista Brasileira de
Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 13, n. 1, p. 67-72, 2011.
OLIVEIRA, F. R.; LIMA, J. R. P.; COSTA, V. P. Identificação de limiares metabólicos em curvas
de freqüência cardíaca ajustadas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São
Paulo, v. 21, n. 3, p. 219-27, jul./set. 2007.
RHEA, M. R.; et al. A meta-analysis to determine the dose response for strength
development. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 35, n. 3, p. 456-64, 2003.
WISLØFF, U.; et al. Strong correlation of maximal squat strength with sprint performance
and vertical jump height in elite soccer players. British Journal of Sports Medicine, v. 38,
n. 3, p. 285-8, 2004.

Claretiano - Centro Universitário


Claretiano - Centro Universitário
Apresentação
EAD

Seja bem-vindo(a) ao estudo do curso de Extensão Universi-


tária denominado Treinamento Desportivo, o qual está disponível
para você em ambiente virtual (Educação a Distância).
No Guia do Curso, você pôde ter uma ideia do que vamos dis-
cutir, debater e aprender juntos. Nesta parte, denominada Cader-
no de Referência de Conteúdo (CRC), encontraremos o conteúdo
das cinco unidades a serem estudadas durante quatro semanas.
Desse modo, vamos estudar os conceitos e aplicações que
regem a aplicação de programas de treinamento desportivo, par-
tindo de publicações recentes.
Num primeiro momento, retomaremos os Princípios do Trei-
namento Desportivo para que, posteriormente, possamos estudar
a aplicação prática desses conceitos no treinamento das capacida-
des físicas básicas para a maioria dos esportes.
Bons estudos!
52 © Treinamento Desportivo
EAD
Princípios do Treinamento
Desportivo

1
1. OBJETIVOS
• Compreender os princípios de treinamento.
• Saber aplicar, de forma prática, os princípios de treina-
mento.

2. CONTEÚDO
• Princípios do Treinamento Desportivo.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) É aconselhável que você tenha disponível um livro de
Fisiologia do Exercício para consulta de possíveis dúvidas
que venham a surgir no decorrer dos seus estudos.
2) Procure encontrar relações com a sua prática cotidiana
para que o conteúdo fixe de forma mais fácil.
54 © Treinamento Desportivo

3) Não deixe de consultar as bibliografias indicadas no final


da unidade. A pesquisa é fundamental na Educação a
Distância!

4. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo! Você iniciará o estudo da Unidade 1, a qual
abordará os Princípios do Treinamento Desportivo.
Esta unidade foi elaborada com o objetivo de embasar a
aplicação de programas de treinamento físico, pois os princípios
explanados devem ser utilizados para a elaboração e aplicação de
todos os programas de treinamento físico esportivo.
Boa leitura!

5. PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO


Treinamento pode ser definido, segundo Billat (2001),
como exercícios para melhorar a performance no esporte. Além
do esporte, o treinamento pode ser utilizado para melhorar
componentes da aptidão física (força, capacidade aeróbia etc.)
para indivíduos que não têm como objetivo a prática esportiva.
Porém, mesmo considerando o treinamento como uma ferramenta
positiva para o aprimoramento das capacidades físicas, não é
dessa forma que o organismo recebe os estímulos de treinamento.
Em 1950, Hans Selye publicou um artigo intitulado "Stress e
Síndrome de Adaptação Geral", em que aponta o estresse como
uma fonte de adaptação para o organismo, podendo causar,
dependendo da sua magnitude, adaptações positivas, negativas
ou nenhuma adaptação. Essa teoria foi desenvolvida com animais,
porém é considerada uma importante fonte de informação para se
entender o processo do treinamento em seres humanos.
Em se tratando de treinamento desportivo, devemos
considerar que, para que o treinamento seja bem-sucedido, ou
© U1 - Princípios do Treinamento Desportivo 55

seja, para que ocorra aprimoramento das capacidades físicas


pretendidas, ele seja guiado por um conhecimento sistematizado.
Podemos considerar que os Princípios do Treinamento
Desportivo, também chamados de Princípios Fisiológicos do
Treinamento Desportivo, são uma síntese do que se conhece da
Fisiologia do Exercício, aplicado à rotina de treinamento, ou seja,
que esses princípios são o conhecimento sistematizado necessário
ao sucesso do processo de treinamento.
Vejamos, a seguir, os Princípios do Treinamento Desportivo.

Princípio da individualidade biológica


De acordo com Tubino (1984, p. 93), "individualidade bioló-
gica é o fenômeno que explica a variabilidade entre os indivíduos
da mesma espécie, o que resulta no fato de não existirem pesso-
as iguais entre si". Portanto, como cada ser humano possui biolo-
gia própria, a aplicação do treinamento físico deve respeitar cada
particularidade biológica do indivíduo. Obviamente, grupos com
características biológicas semelhantes facilitam a aplicação do trei-
namento (LUSSAC, 2008).
Podemos entender o conjunto de características biológicas
de cada indivíduo como fenótipo, sendo o resultado da influência
do meio ambiente (treinamento) sobre a carga genética individual
(genótipo).
Segundo Dantas (1995), o que faz com que um indivíduo seja
um campeão é o fato de ele ter nascido geneticamente favoreci-
do (genótipo) e que tenha um treinamento adequado (ambiente).
Assim, o potencial genético de um atleta é a combinação de cente-
nas de genes dentro do corpo, formando a constituição genética.
Fenótipo (características anatômicas, fisiológicas e comportamen-
tais) é a constituição observável que resulta da interação do genó-
tipo com as influências ambientais (SMITH, 2003).
Para enteder melhor, observe a Figura 1.

Claretiano - Centro Universitário


56 © Treinamento Desportivo

Figura 1 Esquema da interação da carga genética com o ambiente e que resulta no


fenótipo.

Considerando a importância dos fatores ambientais e do fe-


nótipo do atleta, devemos, consequentemente, ressaltar a impor-
tância do treinador, do profissional de Educação Física e da quali-
dade do treinamento para o sucesso do atleta.

Princípio da adaptação
O Princípio da adaptação teve origem na teoria da adaptação
geral de Hans Selye intitulada "Stress e Síndrome de Adaptação
Geral". Essa teoria foi fruto da experiência da reação do organis-
mo de animais frente a um agente estressor e que, posteriormen-
te, veio a ser empregada pelos cientistas do treinamento, fazendo
parte de um dos Princípios do Treinamento Desportivo.
A Síndrome de Adaptação Geral, segundo Selye (1956), descre-
ve a habilidade do corpo em reagir e se adaptar ao estresse. Ela é de-
senvolvida em três estágios, até que o agente estressante na sua ação
atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação do organismo
• 1º estágio: reação de alarme.
• 2º estágio: estágio de resistência (adaptação).
• 3º estágio: estágio de exaustão (SELYE, 1950, p. 4.667).
© U1 - Princípios do Treinamento Desportivo 57

Quando exposto a um novo ou maior estresse, sua resposta


inicial envolve uma temporária queda na performance que é clas-
sificada como fase ou estágio de alarme.
A fase de resistência representa o período em que o corpo
passa pelo processo de adaptação e é tipicamente associado com
a performance.
Contudo, se o estresse for muito grande ou longo, as adap-
tações desejadas não serão possíveis e, sob estas circunstâncias,
tem-se a fase de exaustão alcançada, e, caso ela permaneça, o atle-
ta possivelmente entra em supertreinamento (STONE; O’BRYANT,
1987; SELYE, 1956; GARHAMMER, 1979).
De acordo com Weineck (1991), a adaptação é a lei mais uni-
versal e importante da vida. Adaptações biológicas possibilitam
mudanças nas características dos indivíduos em resposta aos es-
tímulos do ambiente, ocorrendo na maioria dos sistemas do cor-
po humano. Na Biologia, entendemos "adaptação" como ajustes
fisiológicos que, em reação a estímulos de sobrecarga interna e
externa, adaptam-se na tentativa de evitar novos estresses.
Em outras palavras, adaptação é o processo pelo qual o cor-
po passa como resposta a um estímulo (estresse) que perturba
sua homeostase. Pode ser entendido como o equilíbrio estável do
organismo humano em relação ao meio ambiente e pode ser divi-
dido em:
1) Estímulos débeis => não acarretam consequências;
2) Estímulos médios => apenas excitam;
3) Estímulos médios para fortes => provocam adaptações;
4) Estímulos muito fortes => causam danos (TUBINO, 1984,
p. 101).
Para Dantas (1995), o conceito de homeostase é relacionado
ao aparente estado de equilíbrio mantido entre os sistemas fisioló-
gicos. Sempre que a homeostase é perturbada, o organismo reage
de forma a compensar o seu desequilíbrio –agudo ou crônico –,
podendo resultar em uma resposta adequada. Nesse sentido, o
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58 © Treinamento Desportivo

organismo está sempre sob influência das características ambien-


tais, e, caso elas exijam mais do que o habitual orgânico, ou seja,
quebrem a homeostase, ele reagirá para se reequilibrar.
Para Tubino (1984), no momento em que o organismo é es-
timulado, os mecanismos de compensação começam a reagir para
suprir as exigências fisiológicas impostas. Assim, verifica-se que
ocorre uma estreita relação entre os estímulos do treinamento e o
estresse sofrido pelo organismo, mecanismos estes envolvidos no
processo de adaptação.
É importante termos em mente o Princípio da adaptação frente
a qualquer tipo de prescrição, pois nos permitirá entender que a mag-
nitude do estímulo de treinamento deve ser adequada ao objetivo
específico do treinamento – nem muito pequena, nem muito grande.

Princípio da sobrecarga
Na Grécia Antiga, Mílon de Crotona foi o primeiro a enten-
der, de certa forma, a ação da sobrecarga no resultado da prepara-
ção. Ele iniciou seu treinamento com o objetivo de aumentar sua
força, carregando um bezerro nos seus afazeres. À medida que o
bezerro aumentava sua massa corporal, Mílon também aumenta-
va sua força, pois precisava se adaptar para continuar carregando-
-o. Assim, ele acabou se tornando uma lenda nos esportes antigos
devido a sua enorme força.
Esse relato demonstra o mecanismo pelo qual o organismo
reage às cargas que lhe são impostas, buscando adaptar-se. Esse
fenômeno é conhecido como supercompensação.
A supercompensação é a resposta do organismo frente a um
estímulo e ocorre ao longo dos dias que o sucedem. Basicamente,
após ter sua homeostase perturbada, o organismo perde capaci-
dade de trabalho. Porém, logo após cessar o estímulo, há uma res-
posta compensatória para retomar os níveis iniciais. Importante
destacarmos que a resposta compensatória ultrapassa os níveis
iniciais na tentativa de evitar novos desequilíbrios.
© U1 - Princípios do Treinamento Desportivo 59

Observe a Figura 2 que apresenta a curva de supercompen-


sação.

Figura 2 Curva de supercompensação.

O correto planejamento do treinamento permite um


melhor aproveitamento deste fenômeno, pois permite a soma de
estímulos de sobrecarga com o tempo ideal para que o organismo
atinja picos na sua supercompensação.
Segundo Tubino (1984), o momento exato em que o
organismo atinge o pico de supercompensação em resposta aos
estímulos de treinamento é um dos pontos mais discutíveis do
Treinamento Esportivo. Podemos teorizar que o ponto ótimo
de aplicação do próximo estímulo seria no ápice da curva de
supercompensação, permitindo, dessa forma, uma adaptação
positiva, de acordo com a teoria de Selye.
Nas Figuras 3, 4 e 5 podemos verificar os possíveis tipos de
adaptação, de acordo com a teoria mencionada:

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60 © Treinamento Desportivo

Figura 3 Exemplo de adaptação positiva.

Figura 4 Exemplo de adaptação negativa.

Figura 5 Exemplo de adaptação nula.


© U1 - Princípios do Treinamento Desportivo 61

Com relação às possibilidades de adaptação, caso o estímulo


seja aplicado antes da fase de supercompensação, não haverá pro-
gresso da capacidade funcional e, se isso se repetir, possivelmente
o indivíduo entrará em processo de supertreinamento ou overtrai-
ning.
Essa situação ocorre principalmente quando existe um gran-
de desequilíbrio entre a magnitude da carga de treino e o tempo
de recuperação. Já se o indivíduo tiver um novo estímulo muito
distante do estímulo anterior, a supercompensação da capacida-
de funcional do primeiro estímulo sofrerá nova redução e, conse-
quentemente, o indivíduo não evoluirá. Essas são duas situações
que os técnicos e educadores físicos devem evitar.
Tubino (1984) aponta que, para a aplicação do princípio da
sobrecarga, algumas variáveis de treinamento podem ser apli-
cadas, sendo o volume e a intensidade do treinamento as mais
comuns. Contudo, essas variáveis são consideradas cargas exter-
nas de treinamento. Podemos ainda considerar os efeitos dessas
cargas externas nos aspectos fisiológicos do indivíduo, sendo esta
considerada a carga interna de treinamento.
Dominar os conceitos do princípio da sobrecarga é funda-
mental para prescrever com qualidade, aumentando as chances
de se obter sucesso no treinamento e evitar excessos.

Princípio da continuidade
Dar continuidade ao treinamento é a única forma de se al-
cançar as metas estabelecidas. Essa afirmação parece bastante
óbvia quando estamos falando de atletas que só evoluem sua
performance quando se mantêm treinando. Porém, na prática de
exercícios e esportes por indivíduos iniciantes, devemos conside-
rar que a continuidade não é tão óbvia assim.
Segundo Tubino (1984), a continuidade do treinamento deve
ser sistematizada. Mesmo que diferentes objetivos de treinamen-
to possam cessar para dar lugar a outros mais importantes para

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62 © Treinamento Desportivo

aquele momento da periodização, não podemos permitir uma


quebra na rotina de treinamento.
Lussac (2008) afirma que a continuidade do treinamento ga-
rante que o treinador cumpra todas as etapas planejadas e que
elas são importantes para a formação atlética de um esportista.
Em geral, um atleta que atingiu o alto desempenho possivelmente
teve uma continuidade ao longo de sua preparação, treinamento
e também do aprendizado do esporte praticado.
Como corroborado por Ericsson, Krampe e Tesch-Romer
(1993), com a Teoria da Prática Deliberada, a quantidade de tempo
que um indivíduo se dedica a uma atividade é diretamente relacio-
nada ao seu rendimento naquela atividade.
É importante destacarmos que a continuidade do treina-
mento deve estar presente em qualquer prescrição de treinamen-
to físico, seja para amadores ou profissionais, pois apenas com a
continuidade dos estímulos de treinamento é que o organismo
apresentará as adaptações biológicas pretendidas.

Princípio da interdependência volume-intensidade


Quanto à aplicação das cargas de treinamento, podemos en-
tender de forma simplória que, quanto maior for a intensidade do
estímulo, menor será o volume. Ou seja, volume e intensidade no
treinamento tem uma relação inversa.
Porém, de acordo com Tubino (1984), atletas de alto nível
realizam grandes cargas de treinamento, com volumes e intensida-
des bastantes elevados, mas devidamente adequados às fases pe-
riodizadas, de como atingir o objetivo específico de cada fase. Essa
informação deve ser levada com muita cautela, já que atletas de
alto nível normalmente tem um baixíssimo nível de treinabilidade,
sendo necessárias grandes cargas de treinamento para se obterem
pequenos avanços na performance.
© U1 - Princípios do Treinamento Desportivo 63

Podemos afirmar, também, como regra geral, que apenas


uma das variáveis deve ser aumentada, pois fazê-lo com as duas
variáveis juntas também aumentam as chances de lesão e adapta-
ções negativas.

Princípio da especificidade
O conceito de treinamento geral – com objetivos gerais –
vem perdendo espaço no esporte, sendo substituído pelo conceito
da especificidade do treinamento. Basicamente, o princípio da es-
pecificidade aponta que são necessários apenas aprimoramentos
específicos das modalidades pretendidas (DANTAS, 1995).
Ainda com relação ao conceito da especificidade da moda-
lidade esportiva pretendida, podemos destacar, inclusive, o seg-
mento corporal mais exigido na modalidade ou a via metabólica
predominante neste esporte.
Portanto, podemos definir o princípio da especificidade
como o conjunto de características específicas da modalidade que
deve ser treinada. Em outras palavras, refere-se ao que é mais im-
portante aprimorar na modalidade em questão e aquilo que seria
ignorado.
De acordo com Dantas (1995), podemos destacar a qualida-
de física predominante no esporte (força, resistência etc.), a via
metabólica predominante (aeróbio, anaeróbio etc.), o segmento
corporal e as habilidades psicomotoras e coordenativas. Em outra
via, podemos afirmar que estímulos específicos causam adapta-
ções específicas.
Assim, destacamos duas categorias básicas: os aspectos me-
tabólicos e os aspectos neuromusculares. Para classificar quais
aspectos são necessários, devemos realizar uma análise detalhada
do desporto a ser treinado a fim de identificar de quais caracterís-
ticas físicas ele mais depende. Podemos citar – como exemplo do
princípio da especificidade – o treinamento de força para algumas
modalidades esportivas que dependem de potência.

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64 © Treinamento Desportivo

Ao se treinar força, de acordo com Cormie, Mcguigan e


Newton (2011), devemos nos atentar a movimentos, cargas e velo-
cidades de movimento específicas do esporte pretendido. Além dis-
so, no quesito "movimentos específicos", ainda devemos analisar o
método de treinamento utilizado, como, por exemplo, treinamento
resistido tradicional, balístico, pliometria ou levantamento de peso.
Por fim, temos no princípio da especificidade um conceito
extremamente simples e de fundamental importância no treina-
mento desportivo. Ressaltamos, ainda, que uma análise detalha-
da das características do esporte a ser aprimorado é ponto básico
para a aplicação de programas de treinamento de sucesso.

Princípio da variabilidade
De acordo com Lussac (2008), o princípio da variabilidade
fundamenta-se na ideia do Treinamento Total, ou seja, no desen-
volvimento global – o mais completo possível – do indivíduo. As-
sim, se houver uma diversificação de estímulos de treinamento,
evitamos acomodamentos no processo de adaptação. Contudo, de
acordo com Gomes da Costa (1996), estas diversificações devem
estar em conformidade com os conceitos de segurança e eficiência
da atividade em si.
É importante destacarmos que esse princípio não deve ferir
nenhum outro princípio de treinamento, principalmente o princí-
pio da especificidade.
Este princípio é muito importante para evitar a estagnação
ou o plateau no processo de treinamento, que pode ser simples-
mente uma condição fisiológica – mais comum em atletas bem
treinados – ou que pode ser proveniente de uma queda na moti-
vação no treinamento.

Princípio da saúde
Ao tratarmos de esporte de alto rendimento, talvez este
princípio seja o mais discutível entre os estudantes, já que existe
© U1 - Princípios do Treinamento Desportivo 65

um certo consenso de que o esporte de rendimento não é sinôni-


mo de saúde.
Contudo, esse consenso deveria ser melhor analisado antes
de relacioná-lo, de forma negativa, ao esporte de rendimento e à
saúde física, pois um atleta nunca atingirá um rendimento satisfa-
tório se não estiver saudável.
Outro aspecto a ser analisado, ao tratarmos da população
em geral, é a falta de exercício físico, muito prejudicial para a saú-
de. Logo, devemos, a princípio, ter em mente estas informações
antes de afirmarmos que esporte não é saúde.
A ciência ainda caminha lentamente para esclarecer alguns
aspectos relacionados à saúde e ao treinamento. Assim, acredi-
tamos que estudos longitudinais que acompanhem ex-atletas se-
riam muito interessantes e contribuiriam nesse sentido. Poderia
ser feita uma análise sobre quais os problemas de saúde que mais
acometem esses ex-atletas e compará-los com a população em ge-
ral, especialmente sedentários ou com baixos níveis de atividade
física. Isso certamente enriqueceria o assunto em questão!

6. AVALIAÇÃO DA UNIDADE

Interatividade
A prescrição de programas de treinamento eficazes e segu-
ros é dependente de uma grande quantidade de conhecimento
nas mais variadas áreas, desde ciências básicas, como Fisiologia
e Anatomia, até conhecimentos mais específicos da modalidade
esportiva em questão.
Discuta com seus colegas, no Fórum, qual é ou quais são os
princípios que você julga mais importantes na prescrição de pro-
gramas de treinamento. Defenda as razões para sua escolha discu-
tindo com seus colegas.
Essa discussão fará parte do processo de avaliação do curso.

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66 © Treinamento Desportivo

7. CONSIDERAÇÕES
O conteúdo que abordamos nesta primeira unidade forne-
ceu a você conhecimentos básicos para a compreensão e aplicabi-
lidade dos conteúdos que estarão presentes nas demais unidades.
Importante reforçarmos que a aplicação dos princípios de treina-
mento deve estar presente em todas as prescrições de exercício
físico, desde iniciantes recém-saídos da vida sedentária até atletas
avançados.
Na Unidade 2, iniciaremos o estudo do treinamento das ca-
pacidades físicas mais comuns nos esportes, começando pelo trei-
namento de endurance. Propiciaremos um melhor entendimento
dos métodos de treinamento aplicados em esportes de endurance,
como a maratona, o ciclismo de estrada, o triatlo etc.
Até lá!

8. E-REFERÊNCIA
LUSSAC, R. M. P. Os princípios do treinamento esportivo: conceitos, definições, possíveis
aplicações e um possível novo olhar. Revista Virtual Efdeportes, Buenos Aires, ano 13, n.
121, jun. 2008. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd121/os-principios-do-
treinamento-esportivo-conceitos-definicoes.htm>. Acesso em: 31 ago. 2016.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BILLAT, V. L. Interval training for performance: a scientific and empirical practice. Special
recommendations for middle – and long – distance running. Part I: Aerobic interval
training. Sports Medicine, v. 31, p. 13-31, fev. 2001.
BENDA, R. N.; GRECO, P. J. (Orgs.). Iniciação esportiva universal – Da aprendizagem
motora ao treinamento técnico. 2ª edição. Belo Horizonte: UFMG, 2001. v. 1.
CORMIE, P.; McGUIGAN, M. R.; NEWTON, R. U. Developing maximal neuromuscular
power. Part 2: Training considerations for improving maximal power production. Sports
Medicine, v. 41, n. 2, p. 125-46, 2011.
COSTA, M. G. Ginástica localizada. Rio de Janeiro: 1ª edição. Sprint, 1996.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 3. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1995.
ERICSSON, K. A.; KRAMPE, R. T.; TESCH-ROMER, C. The role of deliberate practice in the
acquisition of expert performance. Psychological Review, v. 100, n. 3, p. 363-406, 1993.
© U1 - Princípios do Treinamento Desportivo 67

GARHAMMER, J. Periodization of strength training for athletes. Track Tech, v. 73, p. 2398-
9, 1979.
HEGEDÜS, J. La ciencia del entrenamiento deportivo. Buenos Aires: Editorial Stadium,
1985.
SELYE, H. Stress and the General Adaptation Syndrome. British medical journal. London.
V. 1 p- 1383-1392, 1950.
SELYE, H. The stress of life. New York: McGraw-Hill, 1956.
SMITH, D. J., A Framework for Understanding the Training Process Leading to Elite
Performance. Spots med. Auckland, v. 33, p-1103-1126, 2003.
STONE, M. H.; O’BRYANT, H. S. Weight training: a scientific approach. Edina: Burgess
International Group, 1987.
TUBINO, M. J. G. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3. ed. São Paulo:
Ibrasa, 1984.
WEINECK, J. Manual de Treinamento Esportivo. 2. ed. São Paulo: Manole, 1989.
______. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole, 1991.

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EAD
Treinamento
de Endurance

2
1. OBJETIVOS
• Compreender as bases fisiológicas do treinamento de en-
durance.
• Saber aplicar, de forma prática, os métodos de treina-
mento de endurance.

2. CONTEÚDOS
• Fisiologia – sistemas energéticos.
• Treinamento de endurance.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Novamente reforçamos que é interessante você ter em
mãos algum material básico de Fisiologia para esclareci-
70 © Treinamento Desportivo

mento de possíveis dúvidas, sejam elas sobre a própria


Fisiologia ou sobre alguns termos específicos do treina-
mento de endurance.
2) O treinamento de endurance envolve termos bastan-
te específicos de cada desporto como, por exemplo,
no caso do treinamento de maratonistas, treino longo,
pace, economia de corrida. Portanto, busque se familia-
rizar com esses termos ao longo do estudo da unidade.
3) Como este curso tem um caráter teórico, é fundamental
a aplicação prática dos métodos aqui abordados como
forma de melhor fixar o conteúdo. Sugerimos que, ao
fazê-lo, utilize alguma ferramenta de controle do treino,
como cronômetros e monitores de frequência cardíaca.

4. INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, você estudou os Princípios do Treinamento
Desportivo, que são uma das bases do planejamento e da aplica-
ção de métodos de treinamento, independente da modalidade a
ser treinada. Demos destaque ao princípio da especificidade, o
qual nesta Unidade 2 ganha importância, sendo abordado, especi-
ficamente, o treinamento de endurance. Assim, lembre-se de que
estímulos específicos causam adaptações específicas.
Além dos assuntos abordados naquela unidade, lembre-se, tam-
bém, de tentar aplicar os conhecimentos de Fisiologia que já adquiriu.
Iniciaremos o estudo desta Unidade 2 com um embasamen-
to fisiológico para depois abordarmos, mais especificamente, os
métodos de treinamento de endurance.
Bom estudo!

5. FISIOLOGIA – SISTEMAS ENERGÉTICOS


O treinamento de endurance, também chamado de "treina-
mento aeróbio", tem como objetivo melhorar a performance em
© U2 - Treinamento de Endurance 71

esportes cíclicos de longa duração. Nesta Unidade 2, abordaremos


os aspectos mais importantes desse treinamento, sendo os fisioló-
gicos os mais relevantes.
Para compreendermos o treinamento de endurance, vamos,
primeiramente, destacar as vias energéticas. Para que o exercício
possa ser mantido durante um período mais prolongado, é neces-
sário que a quebra de ATP (energia) seja igual a sua ressíntese. Os
mecanismos fisiológicos existentes no organismo para essa ressín-
tese são: o sistema dos fosfagênios (ATP-CP), a glicólise anaeróbia
láctica (anaeróbios) e o metabolismo oxidativo (aeróbio).
É muito importante não existir linhas que separem o que
ocorre no organismo, ou seja, as reações acontecem todas ao
mesmo tempo, havendo apenas predominância de umas sobre as
outras.
O sistema ATP-CP é a via que fornece energia mais rapida-
mente, sendo responsável para o início de todas as atividades. As
moléculas que são quebradas para o fornecimento de energia são
o ATP e a creatina fosfato (CP).
Vamos entender melhor.
O ATP é a molécula que, ao ser quebrada, fornece energia
para as contrações musculares, sendo a CP responsável apenas
pela sua ressíntese. Esse sistema tem uma capacidade bem pe-
quena, e seus estoques são depletados em poucos segundos.
A glicólise anaeróbia láctica fornece energia, predominan-
temente, para as contrações musculares a partir do momento em
que o sistema ATP-CP vai se esgotando. Esta via ressintetiza ATP
pela quebra da molécula de glicose, sendo essa quebra parcial e
resultando em subprodutos que tendem a se acumular – depende
da demanda de energia para o exercício.
Os produtos da reação glicolítica são o ATP e o lactato, subs-
tâncias de fundamental importância para se entender o processo
de treinamento de endurance.

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72 © Treinamento Desportivo

Duas situações devem ser consideradas no processo de trei-


namento de endurance: a grande demanda de energia (ATP) e a
baixa demanda de energia.
Com relação a uma grande demanda de energia, a veloci-
dade de quebra de glicose é elevada e existe uma tendência a um
acúmulo de lactato na célula muscular, o que, por si só, tende a
limitar a quebra de glicose pela inibição de enzimas responsáveis
por esse processo, como a fosfofrutoquinase (PFK). Essa seria uma
situação em que o exercício não poderia ser mantido na mesma
intensidade.
Ao se tratar de uma baixa demanda de energia, não existiria
acúmulo de lactato e, possivelmente, esse exercício poderia ser
mantido, sendo, instantes mais tarde, a ressíntese de ATP realiza-
da, predominantemente pelo metabolismo oxidativo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As explicações anteriores são bastante simplistas, pois são muitos detalhes
que cercam a cinética do lactato e a produção de ATP via glicólise anaeróbia
láctica. Porém, o importante é termos algum conhecimento, mesmo que pouco
aprofundado, para poder compreender o treinamento de endurance.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O terceiro sistema de ressíntese de ATP é o metabolismo
oxidativo. Esse sistema tem um retardo no início da sua contribui-
ção com a ressíntese de ATP, mas, em contrapartida, fornece uma
grande quantidade de ATP, decorrente da quebra total da molécu-
la de glicose. O metabolismo oxidativo é dividido em três etapas:
a glicólise, o Ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons,
o que explica o fato desta via metabólica levar mais tempo para
fornecer energia para a ressíntese de ATP.
Importante destacarmos que as últimas duas etapas aconte-
cem na mitocôndria, organela celular de extrema importância no
que concerne as adaptações ao treinamento de endurance.
Na Figura 1, temos um resumo das vias energéticas da que-
bra de carboidratos. Perceba que as primeiras reações atuam como
fornecedores de íons H+ (elétrons) para a cadeia transportadora
© U2 - Treinamento de Endurance 73

de elétrons, na qual é produzida a maior parte da energia (ATP) e o


oxigênio participa, caracterizando o metabolismo oxidativo.

Figura 1 Vias energéticas simplificadas.

6. TREINAMENTO DE ENDURANCE
Após ter uma breve ideia de como as vias metabólicas ocor-
rem no organismo humano, podemos tratar de forma direta do
treinamento aeróbio.
Primeiramente, devemos esclarecer que treinamento aeró-
bio consiste, basicamente, em melhorar a eficiência do organismo
em produzir trabalho, utilizando como fonte principal de energia o
metabolismo aeróbio ou oxidativo. Isso significa aprimorar as rea-
ções químicas oxidativas da via de produção de energia.
Outro ponto importante que devemos destacar é que o trei-
namento aeróbio também significa aprimorar a capacidade de re-
sistência do indivíduo, e resistência é uma valência relacionada à
duração do exercício.
Há, basicamente, duas formas de se treinar endurance, são
elas: Treinamento Contínuo (TC) e Treinamento Intermitente ou
Intervalado (TI).

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74 © Treinamento Desportivo

Vejamos, a seguir, o objetivo principal de cada uma delas.

Treinamento Contínuo
O TC é a forma mais simples de se treinar endurance e esti-
mula de forma direta a capacidade de resistência. Basicamente,
podemos entender o TC como manter uma atividade cíclica – cor-
rida ou ciclismo, por exemplo – em uma sessão de treino, com uma
intensidade que permita que o exercício se prolongue durante um
maior período de tempo.
Para que o TC atinja os resultados desejados, a intensidade
do treinamento deve ser ao mesmo tempo ótima – para que for-
neça o devido estímulo fisiológico para o organismo – e de leve
a moderada – para que permita o prolongamento da sessão de
exercício.
Obviamente, para atletas iniciantes, intensidades de treinos
de leve a moderada provocam melhoras no desempenho, já que
o nível de treinabilidade neste grupo é bem maior. Nesse sentido,
trata-se de uma forma muito interessante de treinamento para tal
público.
Já para atletas mais experientes, as intensidades de treina-
mento devem ser escolhidas mais cuidadosamente para que o
aprimoramento da performance no endurance seja de fato alcan-
çado.
Como prescrever e controlar, porém, o treinamento de en-
durance?
De forma simples, podemos controlar a intensidade do trei-
namento de endurance por meio de alguns parâmetros, tais como:
velocidade, pace (minutos/km), frequência cardíaca e escala de
percepção subjetiva de esforço.
A dúvida que permanece é: como representar uma intensi-
dade ótima de treinamento para cada um desses parâmetros?
© U2 - Treinamento de Endurance 75

Segundo Weltman et al (1990), percentuais da Frequência


Cardíaca (FC) e do VO2máx podem ser utilizados como formas de
controlar o treinamento de endurance. O VO2máx tem uma aplica-
ção prática bastante limitada para controle, porém o fato de ele
ter uma relação linear com a FC faz do controle de treinamento
– quando utilizamos os percentuais da FC – uma ferramenta útil.
Em geral, de acordo com o objetivo fisiológico da sessão de
treino, o técnico estabelece faixas de FC para a sessão, sendo este
método normalmente utilizado com atletas iniciantes.
O controle do treinamento pela FC tem, porém, uma série de
limitações. Primeiro, deve-se estabelecer faixas de FC que sejam
baseadas em testes de desempenho e não simplesmente em per-
centuais da FCmáx predito por fórmulas. Mas, mesmo que o técnico
conheça a FCmáx individual de cada atleta, este é um método bas-
tante criticado – segundo Weltman et al (1990) –, sendo um pobre
indicador do esforço fisiológico do organismo do atleta.
Tanto Billat et al (2003), Foster et al (2001) quanto Seiler e
Kjerland (2006) propõem que a intensidade do treinamento de en-
durance pode também ser controlada por percentuais da veloci-
dade máxima ou pace de corrida, mas que essa forma de controle
tem sido muito debatida. Novamente, essas velocidades de trei-
namento devem ter como base um teste de esforço ou uma boa
referência de desempenho máximo obtido de uma prova.
Vale destacar que, atualmente, controlar a intensidade de
treinamento de endurance por meio da velocidade tornou-se mais
simples com a utilização e popularização do uso de GPS portátil,
que fornece esses dados de forma confiável (SCHUTZ; HERREN,
2000).
Outra forma de controle de intensidade de treinamento que
cresceu nos últimos tempos é a utilização de escalas de percepção
subjetiva de esforço, sendo a Escala de Borg a mais conhecida. A
Escala de Borg original, RPE (Rating of Perceived Exertion), preten-
dia refletir a relação entre o esforço percebido e a FC, demonstran-

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76 © Treinamento Desportivo

do uma relação linear FC/intensidade do exercício. A classificação


variava entre seis (nenhuma sensação) e 20 (máximo).
Os métodos de controle de treino mencionados anterior-
mente, para que sejam confiáveis, devem, porém, ser baseados
em mensurações fisiológicas obtidas por meio de testes incremen-
tais realizados em campo, consultório médico ou laboratórios de
Fisiologia do Exercício.
As duas principais variáveis obtidas por meio desses testes
são o VO2máx e a Limiar de Lactato. As velocidades ou potências de
trabalho obtidas para cada uma dessas medidas têm uma excelen-
te aplicação prática.
Ao tratarmos de controle de intensidade no TC, essas variá-
veis se mostram fundamentais e sua aplicação, quando temos as
velocidades correspondentes para cada variável, torna-se de fácil
aplicação e controle.
Observe um exemplo no Quadro 1:
Quadro 1 Exemplo de programa semanal de treinamento com
base nas velocidades dos limiares anaeróbios.
SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO
60 minutos 90 minutos
30 minutos 30 minutos
de corrida de corrida
de corrida de corrida
abaixo do abaixo do
acima do acima do
Limiar de Limiar de
Limiar de Limiar de
Lactato. Descanso Descanso Lactato. Descanso
Lactato. Lactato.
Velocidade Velocidade
Velocidade Velocidade
menor menor
acima de acima de
do que do que
12km/h. 12km/h.
12km/h. 12km/h.

Como você pode verificar nesse Quadro 1, há uma distribui-


ção das sessões de treinamento ao longo de uma semana. Cada
sessão de treinamento tem como parâmetro de intensidade as ve-
locidades correspondentes aos limiares de lactato ou anaeróbios.
Essa é uma forma bastante direta de prescrever com base em in-
formações obtidas por meio do teste ergoespirométrico, pois ga-
© U2 - Treinamento de Endurance 77

rante que as cargas de treino sejam objetivas com relação ao nível


de sobrecarga pretendido.

Treinamento Intervalado
Outro método de treinamento de endurance, inclusive mui-
to citado atualmente, é o TI. Ele consiste na realização de esforços
com distâncias ou tempo de realização predeterminados, separa-
dos por períodos de descanso, ativo ou passivo.
Esse método é uma ótima forma de treinar em intensidades
mais elevadas do que conseguiríamos no TC e se mostra muito
eficaz para aprimorar as vias energéticas relacionadas ao treina-
mento. Além disso, é um método bastante comum, sendo utiliza-
do desde os anos 50.
Para prescrever o TI, devemos ter um bom conhecimento das
vias metabólicas envolvidas, principalmente com comportamento
do lactato, assunto que já abordamos no início desta Unidade 2.
Por exemplo, se prescrevermos um TI com tiros que tenham
uma previsão de 30 segundos de duração, com intensidades acima
do Limiar de Lactato e intervalos curtos de aproximadamente 30
segundos, devemos ter o conhecimento de que esse treinamento
irá ter um acúmulo de lactato ao longo das repetições. Contudo,
devido ao fato de que a concentração elevada de lactato no início
da série deverá inibir as reações químicas que o produzem, o orga-
nismo deverá produzir energia por meio do metabolismo aeróbio,
elevando o consumo de oxigênio a níveis próximos do máximo.
Esse é um bom exemplo de TI com o objetivo de estimular a
melhora do VO2máx. É óbvio que devemos levar em conta o número
de repetições desses tipos de treinamento, mas ter em mente os
estímulos fisiológicos que ocorrem facilita o processo de prescri-
ção de treinamento.
Outro bom exemplo de TI é utilizarmos tiros de alta intensi-
dade e com aproximadamente 30 segundos de duração, mas com

Claretiano - Centro Universitário


78 © Treinamento Desportivo

intervalos maiores do que um minuto. Nesse tipo de treinamento,


há grandes chances de o atleta conseguir alcançar maiores con-
centrações de lactato sanguíneo, pois o intervalo maior dá a opor-
tunidade de o organismo reduzir a concentração de lactato muscu-
lar, transportando-o para a corrente sanguínea, evitando, assim, a
inibição das enzimas atuantes no metabolismo glicolítico.
As adaptações desse tipo de treinamento melhoram a efici-
ência das enzimas envolvidas neste tipo de produção energética,
tendo como resultado a melhora do Limiar de Lactato, considerado
como a capacidade do organismo em produzir energia com elevadas
concentrações de lactato. Na prática, o atleta consegue manter ní-
veis de intensidade mais elevadas durante um tempo maior.
Importante frisarmos que o Treinamento Desportivo é uma
área científica bastante limitada no que concerne ao rendimento
esportivo, pois os cientistas têm acesso limitado às técnicas utili-
zadas pelos técnicos e atletas, e isso não é diferente com o treina-
mento de endurance.
Nesta Unidade 2, procuramos trazer mais conhecimento fi-
siológico para a prática da prescrição, mesmo que de forma bem
simplificada e objetiva, mas de aplicação prática. Evitamos, contu-
do, tratar de receitas prontas de prescrição de treinamento, pois
os Princípios de Treinamento devem estar presentes na elabora-
ção de todas as prescrições de exercício.

7. AVALIAÇÃO DA UNIDADE

Interatividade
Discuta com seus colegas, no Fórum, qual é o método de
controle de treinamento de endurance mais confiável e aplicável
no que se refere a atletas de nível básico e intermediário. Busque
defender as razões para essa escolha, discutindo com seus colegas.
Essa discussão fará parte do processo de avaliação do curso.
© U2 - Treinamento de Endurance 79

8. CONSIDERAÇÕES
O conteúdo abordado nesta segunda unidade apresentou
aspectos fisiológicos e metodológicos do treinamento de enduran-
ce. É importante que esses aspectos não sejam aplicados de forma
separada, pois cada estímulo de treinamento deve ter como obje-
tivo uma resposta fisiológica específica. Assim, no que concerne
ao treinamento de endurance, a aplicação dos métodos abordados
deve ser embasada pelos conhecimentos fisiológicos tratados no
início desta Unidade 2.
Na Unidade 3, iremos abordar o treinamento de outra ca-
pacidade física, a velocidade. Descreveremos os métodos neces-
sários para o aprimoramento físico, bem como alguns aspectos
fisiológicos que embasam o ganho de performance em esportes
de velocidade.
Até mais!

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALKAHTANI, S. A. et al. Effect of interval training intensity on fat oxidation, blood lactate
and the rate of perceived exertion in obese men. Springerplus, v. 2, n. 1, p. 532, 2013.
BILLAT V. L. et al. Training and bioenergetic characteristics in elite male and female
Kenyan runners. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 35, n. 2, p. 297-304, fev. 2003.
______. Interval training for performance: a scientific and empirical practice. Special
recommendations for middle – and long – distance running. Part I: Aerobic interval
training. Sports Medicine, v. 31, n. 1, p. 13-31, 2001.
BORG, G. An introduction to Borg’s RPE-scale. Nova York: Mouvement Publications, 1985.
COSTIL, D. L.; WILMORE, J. H. Physiology of sport and exercise. Champaign: Human
Kinetics, 1994.
FOSTER, C. et al. A new approach to monitoring exercise training. The Journal of Strength
& Conditioning Research, v. 15, n. 1, p. 109-15, fev. 2001.
SCHUTZ, Y.; HERREN, R. Assessment of speed of human locomotion using a differential
satellite global positioning system. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 32, n.
3, p. 642-46, 2000.
SEILER, K. S.; KJERLAND, G. Ø. Quantifying training intensity distribution in elite
endurance athletes: is there evidence for an "optimal" distribution. Scandinavian Journal
of Medicine & Science in Sports, v. 16, n. 1, p. 49-56, fev. 2006.

Claretiano - Centro Universitário


80 © Treinamento Desportivo

WELTMAN, A. et al. Percentages of maximal heart rate, heart rate reserve and VO2max
for determining endurance training intensity in male runners. International Journal of
Sports Medicine, v. 11, n. 3, p. 218-22, 1990.
EAD
Treinamento
de Velocidade

3
1. OBJETIVOS
• Compreender os mecanismos fisiológicos que levam ao
aprimoramento da velocidade.
• Compreender e saber aplicar treinamentos específicos
para velocidade no esporte.

2. CONTEÚDOS
• Conceito de velocidade.
• Treinamento de velocidade.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Para melhor entendimento dos aspectos fisiológicos en-
volvidos no treinamento de velocidade, iniciaremos esta
Unidade 3 com uma breve revisão sobre as vias metabó-
82 © Treinamento Desportivo

licas de produção de energia. Porém, para melhor com-


preensão, sugerimos que você assista à seguinte video-
aula sobre o assunto em questão:
• TREINAMENTO ESPORTIVO.COM. Videoaula: Bioe-
nergética – Sistema ATP CP, 2011. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=JOrDT7ZhxB8>.
Acesso em: 5 set. 2016.
2) O treinamento de velocidade possui métodos semelhan-
tes com o treinamento de endurance, portanto, procure
ter em mente que o que diferencia os métodos é o seu
objetivo, ou seja, o aprimoramento da velocidade.
3) Para enriquecer as relações da prática do treinamento
de velocidade, assista ao vídeo que aborda o treinamen-
to do recordista mundial dos cem metros rasos do atle-
tismo, Usain Bolt:
• LEIBLANG, G. Usain Bolt – Train Like Usain. In: ______,
Usain Bolt: The Fastest Man Alive (Documentário),
2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=0b_KrJf9uic>. Acesso em: 5 set. 2016.

4. INTRODUÇÃO
Na Unidade 2, você estudou o treinamento de endurance, que
abordou, além dos aspectos fisiológicos deste tipo de treinamento,
os métodos mais utilizados nas rotinas de preparação. Basicamente,
abordamos o Treinamento Contínuo (TC), que deve ser realizado em
intensidades bem definidas, e o método de Treinamento Intervala-
do (TI), que engloba a realização de períodos de exercício separados
por intervalos de menor intensidade ou de repouso.
Você estudará, nesta Unidade 3, o treinamento de veloci-
dade. Inicialmente, vamos abordar as bases fisiológicas que com-
põem o desempenho de velocidade e, depois, o aspecto treina-
mento, com os métodos ideais para melhorar o componente de
aptidão física ou capacidade física (velocidade).
Bons estudos!
© U3 - Treinamento de Velocidade 83

5. FISIOLOGIA DA VELOCIDADE
O componente de aptidão física ou capacidade física (velo-
cidade) está presente em vários esportes, tanto nos individuais –
como as corridas de velocidade – quanto nos esportes coletivos
– como o futebol de campo. Portanto, entender os mecanismos
que levam ao aprimoramento da velocidade é fundamental para
técnicos e profissionais do esporte.
Abordaremos quais aspectos fisiológicos e princípios de trei-
namento são mais importantes no que se refere à velocidade, se é
que podemos destacar apenas um.
Inicialmente, é importante relembrarmos as vias metabóli-
cas responsáveis pela produção de energia, principalmente a via
que irá fornecer energia para deslocamentos em velocidade.
Nesse sentido, destacamos, a princípio, a via anaeróbia
aláctica ou via do ATP-CP, muito importante quando o objetivo
é imprimir grande velocidade de deslocamento, com uma grande
quantidade disponível de energia de forma rápida. Essa via utiliza
como fonte de energia estoques de ATP e creatina fosfato (CP),
compostos energéticos fáceis de quebrar e, assim, fornecer ener-
gia para as contrações musculares.
A CP mantém os estoques de ATP enquanto a atividade se
prolonga. Entretanto, a capacidade desta via energética é bastante
limitada, levando poucos segundos para que os estoques de ATP-
-CP se esgotem. Em contrapartida, essa via também se recompõe
de forma relativamente rápida, tendo seus estoques recompostos
em mais da metade da concentração inicial por volta de 30 segun-
dos. O seu processo de recomposição se dá por meio do metabo-
lismo aeróbio.
Após esgotada a via do ATP-CP, o organismo irá depender do
fornecimento de energia originário da via anaeróbia láctica que,
dependendo da demanda energética e da duração do exercício,
causará um acúmulo de lactato muscular e sanguíneo, tendo como

Claretiano - Centro Universitário


84 © Treinamento Desportivo

fonte de fornecimento de energia o carboidrato, a glicose e o glico-


gênio (GASTIN, 2001).
Outro aspecto fisiológico muito importante relacionado ao
desempenho de velocidade é o processo de recrutamento muscu-
lar. Para que o indivíduo possa desenvolver a velocidade de deslo-
camento de forma eficaz, no que concerne à velocidade pura, o re-
crutamento dos seus músculos deve ser feito de forma sincronizada,
tanto entre grupos musculares quanto entre unidades motoras.
Portanto, fisiologicamente, um sujeito veloz tem uma habi-
lidade grande em recrutar sua massa muscular de forma rápida e
forte, gerando deslocamentos velozes.

6. TREINAMENTO DE VELOCIDADE
Para iniciarmos o assunto deste tópico, devemos relembrar
um dos princípios de treinamento mais presentes no treinamento
desportivo, o princípio da especificidade. Afinal, para melhorar a
velocidade da corrida, o atleta deve, basicamente, executar movi-
mentos e deslocamentos velozes, ou seja, deve correr o mais rápi-
do possível.
Apesar de o princípio da especificidade parecer um tanto
óbvio, podemos destacar uma análise mais detalhada de métodos
utilizados para melhorar a velocidade de deslocamento, como a
tentativa de corrida de velocidade na areia.
Como já abordamos anteriormente, para melhorar a veloci-
dade de corrida devemos correr rápido, e isso se traduz em rápidos
e fortes contatos do pé com o solo, o que não ocorre na corrida em
areia fofa. Ou seja, treinar velocidade na areia fofa só melhora a
velocidade de corrida de atletas que correm na areia fofa.
Para treinar velocidade de forma consistente, devemos ter
em mente que o treinamento deverá incluir deslocamentos com
máxima velocidade, e eles devem ser, preferencialmente, os mais
específicos possíveis.
© U3 - Treinamento de Velocidade 85

Treinamento Intervalado (TI)


O método de treinamento da velocidade mais utilizado é o
TI. Esse método é utilizado pela grande maioria dos técnicos e atle-
tas de esportes que tenham como requisito importante a capaci-
dade de se deslocar o mais rápido possível.
A elaboração de programas de TI se baseia na manipulação
das variáveis de treinamento:
1) velocidade da corrida;
2) tempo da corrida;
3) intervalo entre cada repetição;
4) tipo de intervalo;
5) número de repetições.
Ao manipular essas variáveis, podemos objetivar diferentes
metas da sessão de treino, como velocidade máxima ou resistên-
cia de velocidade. Vale a pena relembrar que essas capacidades
físicas relacionadas à velocidade são dependentes da recuperação
total ou parcial das vias energéticas envolvidas no processo de
treinamento.
O treinamento de velocidade máxima é bem simples, pois,
como o próprio nome sugere, a cada repetição o atleta deve atin-
gir sua velocidade máxima. Porém, para ter condição de fazê-lo, o
atleta deve estar com seus estoques de energia completamente
repostos a cada repetição, o que implica grandes intervalos – de
um a três minutos, dependendo da duração da repetição.
Basicamente, podemos separar os treinamentos de veloci-
dade máxima em repetições lançadas, em que o atleta deve cobrir
uma certa distância na sua velocidade máxima, e em treinos de
aceleração máxima, nos quais o atleta deve alcançar a sua veloci-
dade máxima durante breves segundos. Em ambos, a duração das
repetições não deve ser muito longa, pois excede em demasia a
capacidade energética da via anaeróbia aláctica.

Claretiano - Centro Universitário


86 © Treinamento Desportivo

Quanto ao treinamento de resistência de velocidade, deve-


mos manipular as variáveis de treinamento de forma que, a cada
repetição da sessão, o atleta inicie com os estoques de energia
mais reduzidos. Ou seja, o intervalo a cada repetição não é sufi-
ciente para recompor todos estoques de ATP-CP, o que faz com
que o organismo produza energia por meio de outras vias, como
a via metabólica anaeróbia láctica, também fazendo com que, a
cada repetição, mais fadiga se acumule. Obviamente, mais fadiga
se acumula se a duração das repetições forem maiores.
Portanto, resistência de velocidade pode ser definida como a
capacidade que o atleta tem em manter velocidades elevadas, com
recuperações insuficientes a cada repetição. Isso se aplica muito
aos esportes coletivos, como o futebol, em que há uma exigência
específica, de acordo com o ritmo de jogo, que o atleta mantenha
uma determinada capacidade de se deslocar velozmente seguidas
vezes, em certos momentos da partida, com intervalos muito cur-
tos entre cada deslocamento.
Na literatura, encontramos essa habilidade denominada de habi-
lidade de sprints repetidos. Essa afirmação é reforçada por pesquisado-
res que, usando a análise de movimento, destacaram a importância de
repetições de 10-20m ou dois a três segundos em aceleração em vez de
sprints em velocidade máxima (VIGNE et al, 2010; SPENCER et al, 2005).

Vale ressaltar que os deslocamentos em velocidade também são


aplicáveis ao treinamento de outras modalidades, como a natação
e o ciclismo, mas procuramos dar mais destaque à corrida para
que o aprendizado seja mais didático.

Outro aspecto interessante da velocidade é que ela está di-


retamente relacionada à capacidade do atleta em gerar potência,
e esta é uma capacidade física diretamente relacionada ao nível de
força do atleta.
Seitz, Trajano e Haff (2014), por exemplo, encontraram uma
correlação positiva entre a força no agachamento e o desempenho
© U3 - Treinamento de Velocidade 87

em sprints de 20m. Porém, este será um assunto que abordaremos


com mais detalhes na Unidade 5, na qual daremos enfoque ao trei-
namento de força.
É importante tentarmos compreender que, no que concerne
aos esportes coletivos, especialmente os esportes de rendimento,
podemos ter atletas que são naturalmente velozes e outros, não.
Devemos avaliar a necessidade de se treinar velocidade para
atletas que não têm essa característica. Obviamente, esses atletas
podem ter algum ganho de desempenho, mas mesmo assim serão
limitados pela sua composição genética, especialmente em se tra-
tando de uma possível menor concentração de fibras do tipo II, ou
fibras de contração rápida.
Infelizmente, há pouca literatura específica voltada para o
estudo da velocidade, o que torna o trabalho do pesquisador um
pouco mais difícil. Assim, podemos apenas fazer comparações das
características do treinamento com a fisiologia do esforço e procu-
rar, dessa forma, encontrar respostas plausíveis para os efeitos do
treinamento.

7. AVALIAÇÃO DA UNIDADE

Interatividade
Discuta com seus colegas, no Fórum, qual é a vantagem em
se utilizar séries de TI com o objetivo de aumentar a velocidade
máxima em atletas de esportes coletivos.
Essa discussão fará parte do processo de avaliação do curso.

8. CONSIDERAÇÕES
Com o estudo desta Unidade 3, você pôde compreender a
importância de se treinar velocidade da forma mais específica pos-

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88 © Treinamento Desportivo

sível, com destaque especial ao fato de que só se melhora essa


capacidade física se os deslocamentos forem executados em altas
velocidades. Além disso, abordamos as bases fisiológicas do trei-
namento de velocidade para que o estudo se tornasse mais confi-
ável e consistente.
Esperamos, portanto, que você, ao concluir o estudo de mais
esta unidade, obtenha um entendimento básico do treinamento
de velocidade, para que possa aplicar de forma segura e responsá-
vel os métodos aqui abordados.
Na Unidade 4, iniciaremos o estudo do treinamento da agili-
dade, que é uma capacidade física presente na maioria dos espor-
tes coletivos. O objetivo será compreender o que compõe essa ca-
pacidade física e quais as formas de aprimorá-la para atingir uma
melhor performance esportiva. Também será abordado o embasa-
mento fisiológico básico deste tipo de treinamento.
Até logo!

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTIL, D. L.; WILMORE, J. H. Physiology of sport and exercise. Champaign: Human
Kinetics, 1994.
GASTIN, P. B. Energy system interaction and relative contribution during maximal
exercise. Sports Medicine, v. 31, n. 10, p. 725-41, 2001.
SEITZ, L. B.; TRAJANO, G. S; HAFF, G. G. The back squat and the power clean: elicitation
of different degrees of potentiation. International Journal of Sports Physiology and
Performance, v. 9, n. 4, p. 643-9, 2014.
SPENCER, M. et al. Physiological and metabolic responses of repeated-sprint activities:
specific to field-based team sports. Sports Medicine, v. 35, n. 12, p. 1025-44, 2005.
VIGNE, G. et al. Activity profile in elite Italian soccer team. International Journal of Sports
Medicine, v. 31, p. 304-10, 2010.
EAD
Treinamento
de Agilidade

4
1. OBJETIVOS
• Compreender os mecanismos fisiológicos que levam ao
aprimoramento da agilidade.
• Compreender e saber aplicar treinamentos específicos
para agilidade no esporte.

2. CONTEÚDOS
• Conceito de agilidade.
• Treinamento de agilidade.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
90 © Treinamento Desportivo

1) Como a análise prática deve estar presente no estudo da


agilidade, segue o link de um vídeo que traz um exemplo
prático do treinamento de agilidade:
• CASSOL, N. Agilidade e Potência II – Futebol, 2010.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=y4sRUNTrayo>. Acesso em: 6 set. 2016.
2) Seria interessante você retomar a leitura da Unidade 1
sobre os princípios de treinamento, principalmente o
princípio da especificidade, para fazer uma relação da
teoria com a prática do treinamento da agilidade.
3) Assista, ainda, ao vídeo indicado a seguir, que apresenta
os princípios de treinamento:
• BASTOS, M. Princípios do treinamento desportivo.
Metodologia do treinamento desportivo. Disponí-
vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=kSjk-
-2gIn30>. Acesso em: 6 set. 2016.

4. INTRODUÇÃO
Na Unidade 3, você estudou o treinamento da velocidade,
que basicamente discutiu o embasamento fisiológico dessa capa-
cidade física. Lembre-se de que, para aprimorar a velocidade, é
necessário um treinamento que propicie ao atleta estímulos que
o façam se deslocar com velocidade bastante elevada, pois, só as-
sim, o organismo tem possibilidade de se adaptar, aumentando a
velocidade dos deslocamentos.
Você iniciará, nesta Unidade 4, os estudos relacionados ao
treinamento de agilidade. Como fizemos nas demais unidades, dis-
cutiremos as bases fisiológicas do treinamento da agilidade, prin-
cipalmente os aspectos metabólicos, para, depois, analisarmos os
métodos de treinamento.
Bom estudo!
© U4 - Treinamento de Agilidade 91

5. FISIOLOGIA DA AGILIDADE
O componente de aptidão física ou capacidade física (agi-
lidade) está presente em vários esportes, tanto nos individuais –
como as lutas – quanto nos coletivos – como o futebol de campo, o
basquetebol etc. Portanto, entender os mecanismos que levam ao
aprimoramento da agilidade é fundamental para técnicos e profis-
sionais do esporte.
Quanto à fisiologia do desempenho em agilidade, devemos
destacar que atividades envolvidas com essa capacidade física ou
componente de aptidão física tem uma relação direta com a velo-
cidade e com a potência muscular.
Os mesmos conhecimentos relacionados às vias metabólicas
que envolvem as atividades dependentes de velocidade e explosão
estão presentes no estudo do treinamento da agilidade. Essa é a
razão principal de o assunto "agilidade" estar programado para a
mesma semana de estudo do assunto "treinamento de velocidade".
Quanto à dependência energética, já sabemos que o com-
ponente de aptidão física (agilidade) depende basicamente do
fornecimento rápido de energia advinda da via anaeróbia aláctica.
Porém, também é envolvido na agilidade a rápida tomada de deci-
são, ou seja, ela tem um componente de velocidade de raciocínio
muito presente. Infelizmente, não temos um conhecimento muito
claro sobre o seu funcionamento devido às raras publicações so-
bre o assunto.
Como já mencionado, temos uma limitação quanto ao estudo
da fisiologia da agilidade, o que nos permitirá somente tecer compa-
rações baseadas nos conhecimentos fisiológicos já existentes.

6. TREINAMENTO DE AGILIDADE
Esportes coletivos são conhecidos pela sua natureza inter-
mitente, que alterna breves períodos de alta intensidade com lon-

Claretiano - Centro Universitário


92 © Treinamento Desportivo

gos períodos de baixa intensidade (MOHR; KRUSTRUP; BANGSBO,


2003; VARLEY; GABBETT; AUGHEY, 2014; REILLY; THOMAS, 1976).
Essa realidade também pode ser observada em alguns esportes
individuais – como o tênis – e em algumas lutas.
Apesar de Young, James e Montgomery (2002) terem apon-
tado vários componentes da agilidade, cognitivos e físicos, agilida-
de pode ser definida como qualquer mudança de velocidade ou
direção realizada em resposta a um estímulo (SHEPPARD; YOUNG,
2006).
Podemos entender que agilidade é a capacidade que o atleta
tem de mudar rapidamente – de velocidade ou de direção – fren-
te a um estímulo, na grande maioria das vezes inesperado, como
uma ação do adversário em uma dada situação de jogo, podendo,
inclusive, ser chamada de agilidade reativa (SHEPPARD; YOUNG,
2006).
Contudo, o treinamento da agilidade, em se tratando do
princípio da especificidade, torna-se difícil de ser realizado, jus-
tamente por esta ser uma capacidade estimulada pelo acaso da
situação específica do jogo. O que podemos afirmar, baseado nos
conhecimentos fisiológicos já abordados, é que estímulos os quais
melhorem a potência poderiam ter bons resultados no que se re-
fere à mudança de direção de forma rápida.
Assim, Treinamentos Intervalados (TI) – de curta duração e
longos intervalos, de preferência em situações que simulem a re-
alidade específica de cada desporto – são a melhor opção para
o desenvolvimento da agilidade. No futebol, por exemplo, treina-
mentos com séries de sprints (máxima velocidade) – não lineares
(com mudança de direção) – são uma boa opção.
Na Figura 1 a seguir, temos um exemplo desse tipo de trei-
namento. Observe:
© U4 - Treinamento de Agilidade 93

Figura 1 Circuito para treinamento de agilidade com mudança de direção.

Apesar de o Treinamento Intervalado (TI) com sprints repeti-


dos ser uma boa opção do ponto de vista metabólico e neuromus-
cular, já que envolve potência, ele ainda deixa a desejar no que
se refere à imprevisibilidade exigida na rápida tomada de decisão,
fator de extrema importância na agilidade.
Logo, o treinamento de agilidade ainda é uma lacuna muito
grande no que se refere à objetividade e especificidade do treina-
mento.

7. AVALIAÇÃO DA UNIDADE

Interatividade
Discuta com seus colegas, no Fórum, qual é a desvantagem
do treinamento utilizado atualmente nos esportes coletivos, no
que se refere à agilidade.
Essa discussão fará parte do processo de avaliação do curso.

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94 © Treinamento Desportivo

8. CONSIDERAÇÕES
Como a agilidade é uma capacidade física bastante divergen-
te na literatura, o estudo fica mais escasso. Uma solução interes-
sante é abordarmos o conceito de que agilidade está relacionada
com a velocidade de deslocamento e a capacidade de mudar de
direção rapidamente, sendo que estas são exigências encontradas
na maioria dos esportes coletivos.
Assim, o treinamento da agilidade acaba sendo muito pare-
cido com o treinamento de velocidade, apenas com o acréscimo
do aspecto da mudança de direção e, se possível, da imprevisibili-
dade, aproximando o treinamento da realidade de jogo.
Na Unidade 5, discutiremos o treinamento de força e os mé-
todos de aprimoramento dessa capacidade física. Como em todas
as capacidades físicas já abordadas, a próxima unidade inicia com
um embasamento fisiológico da capacidade física (força) para me-
lhor compreendermos os métodos de treino, que serão abordados
na sequência.

9. E-REFERÊNCIA
Figura 1 Circuito para treinamento de agilidade com mudança de direção. Disponível
em: <http://www.hebertsoares.com.br/2014/10/agility-test-for-soccer-teste-de.html>.
Acesso em: 6 set. 2016.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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and reactive agility in young highly trained soccer players. Journal of Sports Science and
Medicine, v. 15, n. 2, p. 314-9, jun. 2016.
COSTIL, D. L.; WILMORE, J. H. Physiology of sport and exercise. Champaign: Human
Kinetics, 1994.
MOHR, M.; KRUSTRUP, P.; BANGSBO, J. Match performance of high-standard soccer
players with special reference to development of fatigue. Journal of Sports Sciences, v.
21, n. 7, p. 519-28, jul. 2003.
© U4 - Treinamento de Agilidade 95

REILLY, T.; THOMAS, V. A motion analysis of work-rate in different positional roles in


professional football match-play. Journal of Human Movement Studies, v. 2, p. 87-97,
1976.
SHEPPARD, J. M.; YOUNG, W. B. Agility literature review: classifications, training and
testing. Journal of Sports Sciences., v. 24, n. 9, p. 919-32, set. 2006.
VARLEY, M. C.; GABBETT, T.; AUGHEY, R. J. Activity profiles of professional soccer, rugby
league and Australian football match play. J Sports Sci, v. 32, p. 1858-66, 2014.
YOUNG, W. B., JAMES, R., MONTGOMERY, I. Is muscle power related to running speed
with changes of direction? Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v. 42, n. 3, pg
282-8, set. 2002.

Claretiano - Centro Universitário


Claretiano - Centro Universitário
EAD
Treinamento
de Força

5
1. OBJETIVOS
• Compreender os mecanismos fisiológicos que levam ao
aprimoramento da força.
• Compreender e saber aplicar treinamentos específicos
para força no esporte.

2. CONTEÚDOS
• Fisiologia do ganho de força.
• Treinamento de força.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
98 © Treinamento Desportivo

1) O conhecimento das vias metabólicas é parte importan-


te do entendimento da fisiologia do treinamento de for-
ça, e esse assunto foi abordado nas unidades anteriores.
Portanto, sugiro que, em caso de dúvidas, retome a lei-
tura das Unidades 1, 2, 3 e 4 para saná-las.
2) O treinamento de força é amplamente conhecido devido
a sua presença nas academias de musculação. Porém, é
interessante que, ao longo do estudo desta Unidade 5,
você procure encontrar relação com a prática diária da
prescrição do treinamento com pesos.
3) É importante salientar que esta unidade trata de forma
mais objetiva do treinamento de força e que ele é dife-
rente do treinamento de hipertrofia, que é mais presen-
te nas academias.

4. INTRODUÇÃO
Na Unidade 4, você estudou o treinamento de agilidade que
consiste, basicamente, na união da valência ou capacidade física
(velocidade) com mudanças de direção, sendo estas de caráter im-
previsível ou não. Assim, tanto os aspectos fisiológicos quanto os
métodos de treinamento são bastante semelhantes.
Iniciaremos, nesta Unidade 5, os estudos relacionados ao
treinamento de força. Abordaremos, inicialmente, as bases fisio-
lógicas que compõem o desempenho de força e, em seguida, o
aspecto "treinamento", com os métodos ideais para melhorarmos
o componente de aptidão física ou capacidade física (força).
Boa leitura!

5. FISIOLOGIA DA FORÇA
A força está presente em várias modalidades esportivas,
principalmente naquelas que são dependentes de potência nos
movimentos.
© U5 - Nome da Unidade 99

Existe uma grande variedade no tipo de dependência da


força nos esportes: por exemplo, os que dependem dos desloca-
mentos de grandes massas e baixa velocidade; esportes que de-
pendem do deslocamento de massas médias, mas, também, com
máxima velocidade possível; e, por fim, os que envolvem acelerar
pequenas massas, geralmente apenas a massa corporal própria, a
grandes velocidades.
Não cabe aqui abordarmos a fisiologia da contração muscular
de forma detalhada, mas é de extrema importância que você se lem-
bre dos seus conceitos básicos. Todavia, o aspecto fisiológico relacio-
nado à fisiologia da força e da potência muscular que abordaremos
será o mecanismo envolvido na taxa de produção de força e potência.
Basicamente, de acordo com Cormie, Mcguigan e Newton
(2011), o gráfico a seguir (Figura 1) demonstra a relação entre ve-
locidade e força. Observe que a força e a velocidade têm valores
inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a força, me-
nor a velocidade. O gráfico nos mostra, também, que existe uma
relação ótima entre força e velocidade para que se produza uma
potência excelente.

Fonte: Cormie, McGuigan e Newton (2011, p. 19).


Figura 1 Relação entre velocidade e força.

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Primeiramente, devemos compreender que a capacidade fí-


sica (força) é altamente dependente do recrutamento coordenado
dos músculos e das unidades motoras, ou seja, se quisermos gerar
o máximo de força possível, é necessário recrutarmos várias uni-
dades motoras por unidade de tempo e, além disso, os músculos
antagonistas devem estar relaxados.
Temos, assim, que a capacidade de gerar força máxima é al-
tamente neuromuscular, ou seja, depende da habilidade do indi-
víduo em acionar os seus músculos por meio da propagação de
impulsos nervosos dos seus neurônios motores até às fibras mus-
culares.
Outro aspecto importante na geração e no treinamento de
força é a composição de fibras musculares do indivíduo. Segun-
do Thorstensson, Grimby e Karlsson (1976) tanto quanto Tihanyi,
Apor e Fekete (1982), fibras do tipo II têm uma maior capacidade
de hipertrofiar e gerar força, sendo que a área de secção transver-
sa da fibra muscular é diretamente proporcional à sua capacidade
de gerar força.
Quanto a via metabólica que fornece energia para as ações
musculares relacionadas a força, basicamente temos uma depen-
dência das vias metabólicas anaeróbias aláctica e lácticas, sendo
que a via do ATP-CP é a via principal para o fornecimento de energia.
Como é possível perceber, abordamos conhecimentos bas-
tante básicos acerca da fisiologia da geração de força no organismo
com o objetivo de realizar uma breve revisão sobre os principais
assuntos. Sugerimos, portanto, que você consulte alguns livros de
fisiologia do exercício, caso alguma dúvida permaneça.

6. TREINAMENTO DE FORÇA
É fundamental termos em mente que o treinamento de for-
ça visa, principalmente, ao aumento de força.
© U5 - Nome da Unidade 101

Por mais que essa afirmação pareça bastante óbvia, ela


serve para esclarecer que, por mais que tenhamos a hipertrofia
muscular também como resultado do treinamento de força, não
estamos falando de treinamento visando esse objetivo. Essa outra
afirmação, por sua vez, é corroborada pela simples observação de
que fisiculturistas normalmente tem menos força do que levan-
tadores de peso, mesmo que tenham uma maior quantidade de
massa muscular.
Outro aspecto do treinamento de força é que, normalmente,
tem o objetivo de preparação básica para algum desporto, ou seja,
ele faz parte da preparação física do atleta. Obviamente, isso não
se aplica quando nos referimos ao treinamento de força dos levan-
tadores olímpicos e de peso.
Trataremos neste tópico do treinamento de força propria-
mente dito, abordando as metodologias e as variáveis de treina-
mento presentes neste tipo de treinamento.
As variáveis presentes no treinamento de força são, basica-
mente: carga levantada, intervalo, velocidade de movimento, nú-
mero de séries e repetições.
Vamos detalhá-las melhor!

Carga levantada
Normalmente, quanto à carga, o Colégio Americano de Me-
dicina Esportiva (ACSM, de American College of Sports Medicine)
orienta que, para iniciantes e intermediários, a carga seja de 60-
70% de 1RM. Para indivíduos avançados, a carga deve ser de 80-
100% de 1RM.
É importante salientar que, para indivíduos iniciantes, a trei-
nabilidade é muito maior, ou seja, a sua capacidade em responder
ao treinamento de força é bem grande (WILSON et al, 1993).

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Intervalo
No que se refere ao intervalo, o programa de treinamento de
força deve ter como objetivo primário a manutenção de altos níveis
de intensidade por meio de longos intervalos entre as séries, de dois
a cinco minutos (ACSM, 2002; BAECHLE; EARLE; WATHEN, 2000).
O principal objetivo de se ter um longo intervalo entre as sé-
ries é assegurar uma grande recuperação energética que propicie
a manutenção das altas intensidades de treinamento, ou seja, que
garanta que o indivíduo continue realizando bastante força para
superar a carga imposta.

Número de séries e repetições


Quanto ao número de séries por exercício, as recomenda-
ções do ACSM (2009) são de 1-3 séries de 8-12 repetições para in-
divíduos iniciantes e, para indivíduos intermediários e avançados,
múltiplas séries são recomendadas, com variações sistemáticas no
volume e intensidade, podendo-se utilizar um número maior de
séries com um número reduzido de repetições, de acordo com a
intensidade (carga, %RM) desejada.
Ainda existe pouco consenso na literatura com relação ao
número de séries e repetições, inclusive com numerosas revisões
e metanálises que possuem resultados conflitantes (FISHER; STEE-
LE; SMITH, 2013). Portanto, a recomendação ainda válida, de acor-
do com os níveis de evidências, é a do ACSM.
Quanto aos tipos de exercícios, com relação ao treinamento
de força tradicional, podemos utilizar máquinas e pesos livres. Im-
portante frisar que não existem recomendações específicas quan-
to ao nível dos indivíduos.

Velocidade de movimento
Quanto à velocidade de execução, para indivíduos destreina-
dos (iniciantes), a recomendação é de uma execução lenta ou mo-
© U5 - Nome da Unidade 103

derada, especialmente na fase concêntrica. Já para indivíduos avan-


çados, a escolha da velocidade vai depender do objetivo específico.
Outro aspecto atual do treinamento de força é a realização
de séries de exercícios com repetições realizadas até a falha con-
cêntrica; há estudos que apontam maiores ganhos com séries rea-
lizadas até a falha (GIESSING et al, 2016).
Mais estudos ainda são necessários para que essas recomen-
dações sejam reconhecidas, pois as populações estudadas nestas
publicações ainda trazem fatores de confusão. Contudo, trata-se
de uma teoria bastante tentadora, principalmente pela necessida-
de de um número inferior de séries a serem executadas.
Por fim, devemos salientar que, no que concerne ao trei-
namento de força, é necessária uma análise detalhada dos ob-
jetivos do programa, pois apenas dessa forma será possível pro-
gramarmos exercícios de força que permitam alcançar resultados
positivos.
Além disso, devemos destacar sempre que, no que se refere
ao treinamento de força visando um esporte, este deve ser o mais
específico possível, com movimentos que se aproximem à realida-
de da modalidade em questão.
Um bom exemplo é a escolha do exercício "agachamento",
que tem um padrão de movimento bastante similar a movimen-
tos utilizados na maioria dos esportes, o que o torna uma esco-
lha bem interessante. Porém, não só a escolha do exercício deve
ser levada em conta, mas, também, o padrão de movimento do
esporte, já que alguns esportes podem não ter um resultado tão
visível, o que pode, inclusive, resultar em piora da performance
esportiva.

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7. AVALIAÇÃO DA UNIDADE

Interatividade
Discuta com seus colegas, no Fórum, qual seria a vantagem
de se utilizar o treinamento de força em esportes de lutas, enfati-
zando que tipo de exercício seria mais interessante.
Essa discussão fará parte do processo de avaliação do curso.

8. CONSIDERAÇÕES
A capacidade física força está presente em vários esportes,
pois tem um potencial de aprimoramento da performance bastante
significativo. Portanto, compreender como prescrever – de forma
segura e eficiente – programas de treinamento de força é essencial
para o profissional de Educação Física envolvido com o esporte.
Foi nesse sentido que, nesta quinta e última unidade, discu-
timos os principais aspectos do treinamento de força, com o obje-
tivo de proporcionar um conhecimento inicial para que os interes-
sados em atuar com a preparação esportiva possam fazê-lo com
um algum embasamento científico.
Portanto, esperamos que você termine esta Unidade 5 – e
o curso como um todo – com um entendimento básico, para que
assim possa aplicar, de forma segura e responsável, os métodos de
treinamento aqui abordados.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE – ACSM. American College of Sports Medicine
position stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine &
Science in Sports & Exercise, v. 34, n 2, p. 364-80, fev. 2002.
______. American College of Sports Medicine position stand. Progression models in
resistance training for healthy adults. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 41, n.
3, p. 687-708, 2009.
© U5 - Nome da Unidade 105

BAECHLE, T. R.; EARLE, R. W.; WATHEN, D. Resistance training. In: Essentials of strength
training and conditioning. 2. ed. Champaign: Human Kinetics, 2000.
CORMIE, P.; McGUIGAN, M. R.; NEWTON, R. U. Developing maximal neuromuscular
power. Part 1: Biological basis of maximal power production. Sports Medicine, v. 41, n. 1,
p. 17-38, jan. 2011.
______. Developing Maximal Neuromuscular Power. Part 2: Training considerations for
improving maximal power production. Sports Medicine, v. 41, p. 125-146, 2011.
COSTIL, D. L.; WILMORE, J. H. Physiology of sport and exercise. Champaign: Human
Kinetics, 1994.
FISHER, J.; STEELE, J.; SMITH, D. Evidence-based resistance training recommendations for
muscular hypertrophy. Medicina Sportiva, v. 17, n. 4, p. 217-35, 2013.
GIESSING, J. et al. A comparison of low volume "high-intensity-training" and high volume
traditional resistance training methods on muscular performance, body composition,
and subjective assessments of training. Biology of Sport, v. 33, n. 3, p. 241-9, 2016.
THORSTENSSON, A.; GRIMBY, G.; KARLSSON, J. Force-velocity relations and fiber
composition in human knee extensor muscles. Journal Applied Physiology, v. 40, n. 1, p.
12-6, 1976.
TIHANYI, J.; APOR, P.; FEKETE, G. Force-velocity-power characteristics and fiber
composition in human knee extensor muscles. European Journal Applied Physiology and
Occupational Physiology, v. 48, n. 3, p. 331-43, 1982.
WILSON, G. J. et al. The optimal training load for the development of dynamic athletic
performance. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 25, n. 11, p. 1279-86, nov. 1993.

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EAD
Avaliaçãodo Curso

No Portfólio, elabore um programa de treinamento que


aborde uma das capacidades físicas tratadas neste curso, buscan-
do embasar esse programa com ao menos três princípios do trei-
namento desportivo.
Bom trabalho!

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