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3.

Equações Diferenciais de Segunda Ordem


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Profa. Dra Simone de Aviz Cardoso


2 Aula3.nb

3. Equações diferenciais de segunda ordem lienares


A forma padrão de uma EDO linear homogênea de segunda ordem é:
a2 HxL y" + a1 HxL y' + a0 HxL y = 0 H1L
TEOREMA 1: Princípio da superposição - Equações homogêneas
Sejam y1, y2, ..., yk , soluções da equação diferencial homogênea de ordem n em um intervalo I. Então a combinação linear:
y=c1y1(x)+c2y2(x)+...+ck yk (x)
onde ci , i = 1,2,3,...k são constantes arbitrárias, e também uma solução no intervalo.
COROLÁRIOS DO TEOREMA 1:
• Um múltiplo constante y=c1y1(x) de uma solução y1(x) de uma equação diferencial homogênea é também uma solução.
• Uma equação diferencial linear homogênea sempre tem a solução trivial y = 0.
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3.1 Dependência e Independência Linear


Os dois conceitos abaixos são básicos no estudo de equações diferenciais lineares.
Definição 1: Dependência/Independência linear
Um conjunto de funções f1(x), f2(x),..., fn(x) será chamada de linearmente dependente em um intervalo I, se houver constantes c1, c2, ..., cn não todas
nulas, de forma que:
c1 f1 HxL + c2 f2 HxL + ....+cn fn HxL = 0
para todo x no intervalo. Se o conjunto de funções não for linearmente dependente no intervalo, será chamado de linermente independente.

Em outras palavras, um conjunto de funções é L. I. em um intervalo I, se as únicas constantes para as quais


c1 f1 HxL + c2 f2 HxL + ....+cn fn HxL = 0
para todo x no intervalo forem c1=c2=....=cn=0.
Exemplo 1
O conjunto de funções f1(x)=Cos2x, f2(x)=Sen2x, f3(x)=Sec2x e f4(x)=Tg2x é L.I. no intervalo (-p/2, p/2)?
É L.I. pois c1 Co s2 x + c2 Se n2 x + c3 Se c2 x + c4 T g 2 x = 0
onde c1=c2=1, c3=-1 e c4=1.
Cos2x+Sen2x=1 e 1+Tg2x=Sec2x
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\ Soluções de Equações Diferenciais - Estamos interessados primordialmente em funções L. I. ou, mais propriamente, em soluções L.I. de uma
equação diferencial linear. Embora pudéssemos sempre apelar diretamente para a definição 1, a questão de se o conjunto de n soluções y1, y2, ...,yn de
uma equação diferencial linear homogênea de ordem n e L.I. pode ser resolvida de uma forma mais ou menos mecânica usando um determinante.
Definição 2: Wronskiano
Suponha que cada uma das funções f1HxL, f2(x), ..., fn(x) tenha pelo menos n-1 derivadas. O determinante
f1 f2 ... fn

1 f Œ ... fŒ
2 n
W(f1, f2, ..., fn)= (2)
: : ... :
fn-1
1 fn-1
2 ... fn-1
n
onde as linhas denotam derivadas, é chamado de Wronskiano de funções.
TEOREMA 2: Critério para Independência Linear
Sejam y1, y2,..., yn n soluções da equação diferencial linear homogênea de ordem n em um intervalo I. Então, o conjunto de soluções será L. I. se e
somente se W(f1, f2, ..., fn)¹0 para todo x no intervalo.

Um conjunto de n soluções L.I. de uma equação diferencial linear homogênea de ordem n recebe um nome especial.
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Definição 3: Conjunto fundamental de soluções


Qualquer conjunto y1, y2, ...,yn de soluções no intervalo L.I. da equação diferencial linear homogênea de ordem n em um intervalo I é chamado de
conjunto fundamental de soluções no intervalo.
TEOREMA 3: Existência de um conjunto fundamental
Existe um conjunto fundamental de soluções para a equação diferencial linear homogênea de ordem n em um intervalo I.

Toda solução de uma equação diferencial linear homogênea de ordem n em um intervalo I pode ser expressa como uma combinação linear de n
soluções linearmente independentes em I. Em outras palavras, n soluções L.I. y1, y2, ...,yn constituem os tijolos para a construação da solução geral
da equação.
TEOREMA 4: Solução geral - Equações homogêneas
Seja y1, y2, ...,yn um conjunto fundamental de soluções da equação diferencial linear homogênea de ordem n em um intervalo I. Então, a solução
geral da equação no intervalo é:
y = c1 y1 HxL + c2 y2 HxL + ....+cn yn HxL
onde ci , i=1,2,3,...,n são constantes arbitrárias.
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3.2 Equações não homogêneas


A forma padrão de ED linear não homogênea de segunda ordem é:
a2 HxL y" + a1 HxL y' + a0 HxL y = g HxL
TEOREMA 5: Solução geral - Equações não homogêneas
Seja yp uma solução particular qualquer da equação diferencial linear homogênea de ordem n em um intervalo I, e seja y1, y2, ...,yn um conjunto
fundamental de soluções da equação diferencial homogêneas associada no intervalo I. Então, a solução geral da equação no intervalo é:
y = c1 y1 HxL + c2 y2 HxL + ....+cn yn HxL + yp
onde ci , i=1,2,3,...,n são constantes arbitrárias.

3.3 Redução de uma EDO linear homogênea de segunda ordem a uma de primeira ordem
Suponha que y1 denote uma solução não trivial da eq. (1) e que esteja definida em um intervalo I. Procuramos uma segunda solução, y2, de tal forma
que o conjunto y1, y2 seja L.I. em I.

y2 HxL
Assim, o quociente y2/y1 não é uma constante em I, isto é, =u(x) ou y2=y1HxLu(x). A função u(x) pode ser encontrada substituindo-se y2=y1HxLu(x)
y1 HxL
na EDO fornecida.

Esse método é denominado Redução de Ordem, pois precisamos resolver uma EDO de primeira ordem para encontrar u.
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Exemplo 2
Dado que y1=ex é uma solução de y’’- y = 0 no intervalo (-¥,¥), reduza a ordem para encontrar uma segunda solução y2:

3.4 Caso geral


Supor que a eq.(1) seja dividida por a2(x) a fim de colocar a eq. (1) na forma padrão:
y" + P HxL y' + Q HxL y = 0 H3L
onde P(x) e Q(x) são contínuas em algum intervalo I. Vamos supor que y1(x) seja uma solução conhecda da eq. (3) em I e que y1(x)=0 para todo x no
intervalo.

Se definirmos y=u(x)y1(x), segue que:


y '=uy Π+y u';
1 y "=uy " +2 y Πu'+u"y
1 1 1 1

u y1"+ 2 y1Πu' + u" y1 + P HxLAu y1Π+ y1 u'E + Q HxL u HxL y1 = 0


uAy " + P HxL y Π+ Q HxL y E + 2 y Πu' + u" y + P HxL y u' = 0
1 1 1 1 1 1

2 y1Πu' + u" y1 + P HxL y1 u' = 0


u'@2 y Π+ P HxL y D + u" y = 0
1 1 1 u' = w, u" = w'
w@2 y1Π+ P HxL y1D + w ' y1 = 0
w' @2 y1Π+ P HxL y1D w' @2 y1Π+ P HxL y1D
=- ” Ln = -à âx
w y1 w y1
2 y1Œ
Ln HwL = - à B + P HxLF âx ” Ln HwL = -2 Ln Hy1L - à P HxL âx + C1
y1

Ln HwL + 2 Ln Hy1L = - à P HxL âx + C1 ” Ln Iw y12M = - à P HxL âx + C1

w y12 = C1 e-Ù P HxL âx ” u' y12 = C1 e-Ù P HxL âx


C1 e-Ù P HxL âx e-Ù P HxL âx
u' = ” u = C1 à âx + C2
y21 y21
Fazendo C1=1 e C2=0, com base em y=u(x)y1(x) que a segunda solução da eq. (3) é:
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e-Ù P HxL âx
y2 = y1 u = y1 à âx H4L
y21
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Exemplo 3
A função y1=x2 é uma solução de x2y’’- 3xy +4y= 0. Ache a solução da ED no intervalo (0,¥):

3.5 Equações lineares homogêneas com coeficientes constantes


ay" + by' + cy = 0 H5L
mx
Se tentarmos uma solução da forma y=e , então, após a substituição da Eq. (5) torna-se:
y' = m emx, y" = m2 emx
a m2 emx + bm emx + c emx = 0
emx Ia m2 + bm + cM = 0

-b + b2 + 4 ac -b - b2 + 4 ac
a m2 + bm + c = 0” m1 = ; m2 =
2a 2a
m1 e m2 , são reais e distintas
m1 e m2 , são reais e iguais
m1 e m2 , são números complexos conjugados
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Caso 1: m1 e m2 reais e distintos


Tem-se duas soluções y1=em1 x e y2=em2 x e são L. I. em (-¥,¥) e, portanto, formam um conjunto fundamental. A solução geral é:
y = C1 em1 x + C2 em2 x H6L

Caso 2: m1 e m2 reais e repetidas


Quando m1=m2, temos y1=em1 x e uma segunda solução da equação através da eq. (4) e fica:

e-Ù P HxL âx e-Ù a


b
âx
y2 = y1 à âx = em1 x
à âx
y21 e2 m1 x
b
e- a x
-b
à
m1 x
y2 = e âx m1 =
e2 m1 x 2a
e2 m1 x
y2 = em1 x à âx ” y2 = em1 x à 1 âx
e2 m1 x
y2 = xem1 x
y = C1 em1 x + C2 xem1 x H7L
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Caso 3: m1 e m2 raízes complexas conjugadas


Se m1 e m2 forem complexas então podemos escrever m1=a+ib e m2=a-ib, onde a e b >0 são reais e i 2=-1. Formalmente, não há diferença entre
esse caso e o caso 1. Portanto:
y = C1 eHa+ibL x + C2 eHa-ibL x
Fazendo uso da forma de Euler:
eiq = Cosq + iSenq
então q é um real qualquer.
eibx = Cosbx + iSenbx; e-ibx = Cosbx - iSenbx
Cos H-bxL = Cosbx; Sen H-bxL = -Senbx
Fazendo
eibx + e-ibx = 2 Cosbx
eibx - e-ibx = 2 iSenbx
Fazendo C1=C2=1, tem-se
y1 = eHa+ibL x + eHa-ibL x ; y2 = eHa+ibL x - eHa-ibL x
y1 = eax eibx + eax e-ibx ; y2 = eax eibx - eax e-ibx
y1 = eax Ieibx + e-ibxM ; y2 = eax Ieibx - e-ibx M
y1 = eax 2 Cosbx ; y2 = eax 2 iSenbx
y = C1 y1 + C2 y2 ” y = C1 eax 2 Cosbx + C2 eax 2 iSenbx
y = K1 Cosbx + K2 Senbx H8L
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Exemplo 4
Resolva as seguintes equações diferenciais:
aL 2 y" - 5 y' - 3 y = 0
bL y" - 10 y' + 25 y = 0
cL y" + 4 y' + 7 y = 0

3.6 Variação de Parâmetros


Seja a EDO a2 HxL y" + a1 HxL y' + a0 HxL y = g HxL, coloca-se a EDO na forma pela divisão por a2 HxL:
y" + P HxL y' + Q HxL y = f HxL H9L
A eq. (9) é análoga de segunda ordem da equação linear de primeira ordem y + P HxL y = g HxL.
'

Na eq. (9) vamos supor que P(x), Q(x) e f(x) sejam contínuas em algum intervalo I.
Hipóteses: Encontrar uma yP =u1HxL y1(x)+u2HxL y2(x)
yŒ Œ Œ Œ Œ
P = u1 y1 + y1 u1 + u2 y2 + y2 u2
y" = u y" + yŒ uŒ + y u" + yŒ uŒ + u y" + yŒ uŒ + y u" + yŒ uŒ
P 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2
y"P
= + 2 yŒ
u1 y"1 Π" " ΠΠ"
1 u1 + y1 u1 + u2 y2 + 2 y2 u2 + y2 u2
Substituindo yΠe y" na Eq. (9):
P P
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y" + P HxL y' + Q HxL y = f HxL


1 u1 + y1 u1 + u2 y2 + 2 y2 u2 + y2 u2 + P HxL@u1 y1 + y1 u1 + u2 y2 + y2 u2 D + Q HxL@u1 y1 + u2 y2D = f HxL
u1 y"1 + 2 yŒ Œ " " Œ Œ " Œ Œ Œ Œ
u Ay" + P HxL yŒ + Q HxL y E + u Ay" + P HxL yŒ + Q HxL y E + 2 yŒ uŒ + y u" + 2 yŒ uŒ + y u" + P HxL@y uŒ + y uŒD = f HxL
1 1 1 1 2 2 2 2 1 1 1 1 2 2 2 2 1 1 2 2

1D
â@y1 uŒ 2D
â@y2 uŒ
+ + P HxL@y1 uΠ1 + y2 u2 D + y1 u1 + y2 u2 = f HxL
Œ Œ Œ Œ Œ
âx âx
â@y1 uŒ1 + y2 u2 D
Œ
+ P HxL@y1 uŒ1 + y2 u2 D + y1 u1 + y2 u2 = f HxL
Œ Œ Œ Œ Œ
âx
Hipótese adicional: y1 uŒ Œ
1 + y2 u2 = 0 ficando
y1 u1 + y2 u2 = f HxL
Œ Œ Œ Œ
y1 uŒ Œ
1 + y2 u2 = 0
Pela regra de Cramer:
w1 -y2 f HxL w2 y1 f HxL

1 = = ; uŒ2 = = onde
w w w w
w= Œ Œ ¤; w1= ¤ ; w2= Œ ¤
y1 y2 0 y2 y1 0
y1 y2 f HxL yŒ2 y 1 f HxL
As funções u1 e u2 ficam:
y2 f HxL y1 f HxL
u1=-Ù â x; u2=Ù âx
w w
e w é o Wronskiano de y1 e y2, finalmente
y2 fHxL y1 fHxL
yP = -y1 à âx + y2 à âx
w w
e
y = yP + yh
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Exemplo 5
Resolva as seguintes equações diferenciais:
aL y" - 4 y' + 4 y = Hx + 1L e2 x
bL 4 y" + 36 y = Csc3x

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