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Leitura Etnográfica I – Prof.

Jeremy Paul Jean Loup Deturche


Evans-Pritchard, E. E., Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande. Rio de
Janeiro, 2005, Jorge Zahar Editor.
Fichamento – Pedro Luiz de Oliveira Soares

I – Bruxaria É um Fenômeno Orgânico e Hereditário

O argumento central do primeiro capítulo é o de que a bruxaria, entre os azande,


é hereditária e transmitida de progenitores em direção à prole do mesmo sexo, ou seja,
filhas herdam a bruxaria da mãe, filhos a herdam do pai. A bruxaria, mangu, é dotada de
substancialidade e se encontra nos corpos mesmo dos bruxos.
O mangu pode-se encontrar nos corpos do bruxo ou bruxa em estado ‘frio’ ou
‘quente’, correspondendo à sua inatividade ou atividade, ou seja, se um dado bruxo em
questão tem operado ou não a bruxaria de que é intrinsicamente dotado. É comum
perguntar-se ao oráculo de veneno se o mangu daquela pessoa se encontra assim frio ou
quente naquele momento em que se o questiona, de onde se nota que sua ‘temperatura’
pode se alterar ao longo da vida do bruxo.
Da mesma maneira que a bruxaria é transmitida em linhagens de mesmo sexo,
igualmente é contra pessoas de mesmo sexo que a bruxaria opera.
Fundamental salientar, nesse capítulo: a) toda morte (ou quase toda) é fruto de
magia, assim como qualquer acidente ou malefício inesperado; b) a vingança por um
parente que tenha sido embruxado é praticamente uma obrigação social; c) os oráculos
de veneno, instrumentos hábeis e com chancela legal para apontar os autores de nefastas
bruxarias, acabam gerando uma rede de vinganças por bruxaria, como se com a morte
de um indivíduo X, seus parentes se vingassem contra Y, que por sua vez se vingaria
contra Z, etc. Assim que a bruxaria e seu sistema de vinganças acabam por formar uma
malha da política zande.

II – A Noção de Bruxaria como Explicação de Infortúnios

O que se destaca nesse capítulo é que a bruxaria serve para justificar


praticamente qualquer infortúnio – cerâmica arranhada, praga no amendoim, mulher
mal-humorada, escassez de caça ou pesca, celeiros que desmoronam e, é claro, a morte
de um indivíduo. Parece não haver qualquer acontecimento nocivo que não tenha uma
causalidade, ainda que parcial, na bruxaria. Assim que os azande de Evans-Pritchard
não ignoram uma causalidade natural, digamos, algo semelhante à nossa, mas ocorre
que a causa natural não dá conta de explicar o porquê um acontecimento qualquer – o
celeiro que desaba, por exemplo – se torna não apenas um evento cotidiano, mas sim
um evento nocivo: o celeiro desaba sobre alguém; eis a umbaga. Umbaga, ou segunda
lança: a bruxaria é essa segunda lança, parte da cadeia causal. Ela atua conjuntamente à
causa natural que derruba o celeiro (a madeira estava podre, os cupins lhe tinham
atacado, etc.) e faz com que ele desabe não em qualquer momento, mas naquele
momento em que a vítima da bruxaria estava sob ele. Assim que da morte e dos demais
infortúnios pode-se dizer, entre os azande, que eles são ao mesmo tempo um fato natural
e um fato social, presos a cadeias causais naturais e sobrenaturais.

III- As Vítimas de Infortúnio Buscam os Bruxos entre os Inimigos

Além de uma série de comportamentos ligados aos bruxos (que variam desde
comer sem lavar as mãos até urinar e defecar em terra alheia, passando por uma série de
humores como a irritabilidade, a gula e o rancor, e hábitos como o de pedir coisas aos
outros com frequência) descritos nesse capítulo, o que há de central para a descrição
pretendida pelo livro é o fato de que as vítimas de bruxaria, ou seus parentes, buscam
seus algozes bruxos entre seus inimigos, ou seja, é entre aqueles da vizinhança (porque
a bruxaria atua na vizinhança, como foi mostrado em capítulo anterior) com quem se
tem relações tensas, queixas (inclusive de bruxaria), dívidas ou outros inconvenientes da
convivência, que se identificam os autores da bruxaria de que se é vítima; tanto nos
casos em que se consulta o oráculo (a minoria deles, segundo o autor nos deixa saber
nesse capítulo), quanto naqueles em que não se chega a consulta-lo (a farta maioria) e
em que a bruxaria fica no campo da acusação não chancelada por um oráculo e a
suspeita.
Importante salientar que aqui, como em quase todo o livro, o autor nos deixa
claro que a bruxaria entre os azande é uma função das relações sociais, e que esta
envolve uma gama de juízos morais. Percebe-se também que praticamente todos são
bruxos, ou podem vir a ser em alguma ocasião.

IV – Os Bruxos Tem Consciência de seus Atos?


Algumas ideias se articulam aqui; como vimos anteriormente, a bruxaria é
hereditária, daí que os azande parecem assumir que não há culpa por se carregar a
bruxaria na barriga, aquele que assim a carrega, e coberto de inocência de suas
intenções, pode, por tanto, fazer contrições e assoprar água fresca para que seu mangu
permaneça em estado frio em sua barriga, ainda que tal bruxo – pois que ser bruxo é
qualidade intrínseca a ter em seu corpo o mangu, independentemente de usá-lo
perniciosamente ou não – jamais tenha sido acusado de bruxaria, pode-se identifica-lo
como tal por sua linhagem hereditária. Tais práticas de ‘resfriamento’ do mangu
explicitam sua boa conduta.
Também se nota aqui que o esquema de vinganças que envolve a bruxaria, já
comentado no primeiro capítulo, é mais uma vez trazido à tona, ou seja, os parentes de
alguém que tenha morrido poderão matar alguém por vingança, por sua vez, os parentes
do bruxo morto assim por vingança, poderão vingar-se de outro bruxo, criando uma
espécie de rede de acusações de bruxaria e vinganças por ela.

V - Os Adivinhos

Nota-se aqui que os adivinhos – profissionais corporativos especialistas –


exercem papel importante na questão da bruxaria zande. Eles podem predizer futuras
bruxarias e são dotados de poder mágico para proteger suas vítimas potenciais e de
destruir mesmo tal bruxaria; ou seja, o adivinho, é ele também um mágico: “o adivinho
zande é também um mágico. Na condição de adivinho, indica os bruxos; como mágico,
impede-os de fazer mal” (p. 90). Tais pessoas dançam em sessões públicas,
acompanhadas de tambores, e adornadas de paramentos rituais constituídos, por
exemplo, de chifres, peles e chapéus emplumados, podendo eles ver assim a bruxaria e
afastá-la de suas vítimas: trata-se de guerreiros contra a bruxaria.
Importante dizer, no entanto, que embora os azande se mostrem atentos às
predições desses especialistas, suas afirmações não são dotadas de valor legal, como o
oráculo de veneno o é, não se podendo, por isso, acusar formalmente um bruxo baseado
na palavra de um adivinho, sem a corroboração do oráculo. Também digno de nota é
que “a corporação zande de adivinhos congrega profissionais especializados, com o
monopólio do conhecimento de drogas mágicas” (p. 91).
Salienta-se que os membros da nobreza (os avongara) não se tornam adivinhos,
assim como não são acusados de bruxaria (informação constante no primeiro capítulo
desse livro).

VI – O Treinamento de um Noviço na Arte da Adivinhação

O treinamento dos novos adivinhos é feito desde tenra idade, comumente como
por volta dos 16 anos, aquele que deseja tornar-se adivinho busca um idoso da
corporação e este se torna seu patrono; não é raro, no entanto, que crianças de até 4 ou 5
anos de idade sejam vagarosamente treinados por seus pais ou tios que queiram que
suas crianças sigam tal carreira, fazendo com que ingiram drogas e dancem como os
mais velhos. Quando o processo se dá como no primeiro caso, o treinamento é
significativamente mais rápido e “ficando ainda ao sabor dos pagamentos feitos” (p.
111). A magia aqui é, por tanto, um bem a ser comprado.
Segue-se a descrição de uma comensalidade ritual, onde se exorta às drogas que
serão ingeridas proteção e bons agouros; mais uma vez a necessidade de pagamento
àquele que as prepara, se mostra: a magia deve ser comprada; adverte-se mesmo que se
as drogas não testemunhassem seu pagamento, poderia chegar a perder sua eficácia
mágica.
Ainda sobre a necessidade de pagamento vemos, sobre o treinamento do noviço,
que “a magia deve ser comprada como qualquer outro bem, e a parte realmente
significativa na iniciação é a lenta transmissão de conhecimento sobre as plantas do
professor ao aluno, em troca de uma longa série de pagamentos” (p. 117).
Registro ainda que a habilidade do adivinho está intimamente ligada ao mangu
que ele carrega intrinsicamente e à qualidade das drogas que ele ingeriu.

VII – O Lugar dos Adivinhos na Sociedade Zande

Os adivinhos azande parecem dotados de um estamento social respeitável,


embora se tratem sempre de plebeus (os avongara nunca se tornam adivinhos, como se
salientou no capítulo V). Sua importância está diretamente relacionada à sua agudeza
profissional. Sua função principal, como já foi dito alhures, é a de localizar e combater a
bruxaria, mas também a de curar enfermos e alertar sobre os perigos.
É dito que um adivinho bem sucedido é também um bruxo, assim que ele
carrega mangu e ngua, bruxaria e magia (por drogas), estando apto, por tanto, a matar
ou curar, ferir ou proteger.
A adivinhação trata-se de uma especialização social, profissional e corporativa.
É usual que seus membros dancem para a corte ou nos domínios de plebeus abastados,
ainda que, sobretudo entre a nobreza, sua posição social não seja exaltada.

VIII – O Oráculo de Veneno na Vida Diária

Pode-se afirmar, com este capítulo, que o oráculo de veneno regula a vida social
zande, inclusive porque sua sentença tem força legal.
Embora, como foi afirmado no capítulo III, a menor parte dos casos de suspeita
de bruxaria chegue à consulta ao oráculo de veneno, uma sorte de temas pode ser
averiguada por ele, como o sucesso de um parto, se se recobrará a saúde ou se a morte é
iminente, se houve adultério, se não é auspicioso que alguém se torne adivinho,
resultado de caçadas, e até relevantes questões políticas como mudanças na corte ou
decisão de envolvimento em guerra.
Há uma hierarquia quanto à assertividade do oráculo idêntica à hierarquia do
estamento social zande, de modo que o oráculo principesco é mais correto e de caráter
definitivo em relação ao oráculo de uma dada família, por exemplo. Da mesma forma,
os temas que chegam ao oráculo do príncipe são igualmente mais relevantes do que os
que chegam a outros oráculos, passando por ele as questões políticas semelhantes às
citadas no parágrafo anterior e decisões judiciais irrecorríveis.
Destaca-se ainda, nesse capítulo, que tal oráculo é vedado às mulheres; que uma
série de restrições alimentares envolve os que farão uso dele; que as consultas são
efetuadas fora das casas, no limite das roças, em horário matutino específico; que o
oráculo é dispendioso, assim que os mais pobres raramente o consultam e quando
chegam a consulta-lo, em geral é através de pedidos a que outros homens, mais
abastados, o façam em seu lugar; são os homens casados, chefes de família, que se
envolvem com o oráculo.

IX – Problemas Suscitados pela Consulta ao Oráculo de Veneno


Segundo Evans-Pritchard, os azande seriam dotados de pouca teoria, com uma
necessidade pequena de doutrinas, havendo mesmo dificuldade em conciliar tais
doutrinas com seu comportamento, bem como uma doutrina qualquer com as demais.
Vemos aqui que o autor está mais ocupado em analisar o comportamento zande que a
crença que professam. É dito também que os azande agem de forma experimental
mesmo com relação a suas práticas místicas.
Através dos problemas suscitados pela prática oracular, o autor nos argumenta
que o comportamento humano não é rigidamente determinado pelos costumes, havendo
espaço para se pensar a liberdade do homem diante deles, tanto no campo da ação
quanto do pensamento, mesmo que se afirme que os azande – e por extensão, a
humanidade – não possam ir além dos limites estabelecidos pela cultura em que
operam.
Alguns pontos que destaco ainda, vistos nesse capítulo: o oráculo é dotado de
mbisimo (alma): “se você pressionar um zande para que explique como o oráculo de
veneno pode ver coisas distantes, ele dirá que sua mbisimo, sua alma, as vê. Pode-se
argumentar que se o oráculo de veneno tem uma alma ele é um ser animado” (p.163); o
operador age em público; a maioria dos homens sabe operá-lo.

X – Outros Oráculos Azande

Fala-se em 4 oráculos principais:


1. Benge, ou o oráculo de veneno, do qual já foi dito anteriormente e o único
dotado de valor legal, sendo por tanto, considerado o mais preciso dos
oráculos;
2. Dakpa, ou oráculo das térmitas, embora considerado eficaz, é preterido em
relação ao benge sobretudo pela demora de sua manipulação, podendo levar
uma noite inteira para uma única pergunta, bastante utilizado, no entanto, por
conta do seu baixo custo operacional, chamado por isso, às vezes, de oráculo
de veneno dos pobres;
3. Iwa, ou oráculo de atrito, bastante utilizado pelos adivinhos, é eficaz, e,
assim como o benge, envolve uma série de tabus para seu uso, no entanto,
afirma o autor, os tabus aqui em geral não são respeitados, é utilizado
também por mulheres;
4. Mapingo, ou oráculo dos 3 gravetos, não há tabu restritivo e pode ser
livremente operado por mulheres e mesmo por crianças.
Nota-se quão disseminada é a prática oracular na vida social zande e como os
oráculos se articulam em diferentes níveis de precisão até culminar no oráculo de
veneno, dotado de valor judiciário.

XI – Magia e Drogas

A magia parece estar dividida entre uma boa magia, cujo cerne é o combate à
bruxaria, e seu polo maligno, de caráter antissocial, tratada por feitiçaria, magia
perniciosa considerada ilícita, de consequências consideradas em geral graves e
maliciosas e que se difere da bruxaria: “deve-se observar também que os Azande temem
muito mais a feitiçaria que a bruxaria, a qual, como já mencionei, desperta antes raiva
que medo. Isso se deve em parte ao fato de que os sintomas produzidos pela feitiçaria
são mais sérios”. (p. 202)
A magia pode mobilizar uma série enorme de práticas, conhecimentos e
utensílios – como uma farmacopeia e seus usos mágicos, apitos, chocalhos, pulseiras,
encantações verbais, botânica, incisões, fogo e cinzas, etc. É dito haver um evidente
princípio homeopático na magia, embora ele nem sempre prevaleça.
Embora o capítulo se estenda com exemplos e detalhes, o que creio ser mais
importante destacar é o já referido caráter duplo da magia: ela é fonte de cura, de
proteção, de predição, de afastamento do mal, e dessa forma ela é pública, operada sob
as vistas sociais, dotada de seguidores, etc., quanto é também profundamente
antissocial, praticada de forma abscondida, obscura, fonte de malefícios e criminosa,
sendo chamada de feitiçaria. Nota-se ainda que, excluída da intrigosa rede de bruxaria
dos plebeus, é à feitiçaria que a nobreza teme e é ela que parece ser posta em operação
quando se trata de ataques no interior da aristocracia. Faz-se notar que ninguém admite
ter conhecimento de feitiçaria.

XII – Uma Associação para a Prática de Magia

Aqui o autor nos descreve a existência de associações para a magia, a partir do


exemplo da associação Mani. Argumenta-se que tal modelo de confraria soa estrangeiro
e é recentemente desenvolvido entre os azande, segundo o autor, a não mais de 40 anos
desde o momento de sua pesquisa. O que me chama a atenção é uma aparente
contradição com relação ao capítulo V, “os adivinhos”, no qual o autor dá um claro
papel corporativo a tal grupo, utilizando inclusive o termo ‘confraria’, também utilizado
neste capítulo, embora aqui o autor insista com alguma ênfase um caráter anômalo dessa
instituição no conjunto da vida social zande.
A série de semelhanças com relação aos adivinhos é extensa – a necessidade de
comprar a droga, e, neste caso, o grau da confraria a ela associado, o apadrinhamento,
os encantamentos sobre as drogas que se estão cozendo, etc. –, enquanto sua diferença
parece residir, ao menos à primeira vista, no fato de que apenas o chefe da loja Mani
detém de fato o conhecimento da droga utilizada, os demais confrades compram o
direito de utilizá-la, encantá-la e de outras ações mágicas (o uso do apito, por exemplo).
Diferença destacável, porém, e talvez nisso resida a anomalia de tais associações em
relação à vida zande, é o acesso igualitário de homens e mulheres, posto que, nos afirma
o autor, “a participação de mulheres é uma ruptura revolucionária do costume de uma
sociedade em que a segregação dos sexos era rigidamente mantida”. (p. 219)
A corporação dos adivinhos é aparentemente mais pública que as confrarias, o
acesso às drogas mais amplo (à medida que todos seus membros – e não apenas chefes
de lojas – detém o conhecimento de drogas), embora também seu acesso a elas e
treinamento ritual, mais lento.
Anoto ainda, a clandestinidade de tal associação, “uma vez que o governo do
Sudão anglo-egípcio decretou a ilegalidade da confraria e passou a punir seus
membros”. (p. 212)

XIII – A Bruxaria, os Oráculos e a Magia diante da Morte

Evans-Pritchard inicia esse capítulo nos alertando da falta de coordenação da


apresentação dele sobre a magia zande, mas que é ela mesma assim não coordenada.
Diz-nos que a crença desse povo é abordada de forma atomizada – ou seja, tomada não
em seu conjunto, mas parcialmente – quando operacionalizada em cada situação. Insiste
o autor, que, no entanto, há uma profunda coerência no pensamento místico zande e que
ele jamais prescinde de lógica ou crítica.
É diante da morte, porém, “que a crença zande na bruxaria, nos oráculos e na
magia se mostra mais coerente e inteligível para nós” (p. 216), porque é diante dela que
“a bruxaria, os oráculos e a magia alcançam sua mais alta significação e relevância –
como prática e ideologia”. (p. 226)
Por fim é dito que há, diante da morte – ponto máximo da visibilidade do
pensamento e ação mágicos azande –, uma articulação profunda entre a bruxaria, o
oráculo e a magia e que, posso dizer, está completamente resumida no seguinte
parágrafo, com o qual encerro esse fichamento:
“Assim, a morte evoca a noção de bruxaria; os
oráculos são consultados para determinar o curso da
vingança; a magia é feita para executar essa vingança; os
oráculos decidem se a magia executou a vingança; depois da
tarefa cumprida, as drogas são destruídas.”

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