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1
Evandro Guimarães de Sousa
Publicação: Jun-2005
1
Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Professor
do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia –
Pesquisador do Centro de Reabilitação Pulmonar da UNIFESP/Lar Escola São Francisco.
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grávidas não asmáticas. Os mecanismos postulados para explicar este risco estão
relacionados com:
• hipóxia e outras situações que ocorrem devido a asma mal controlada, tais como,
hipocapnia, alcalose, hipertensão arterial e desidratação, que reduzem o fluxo
sanguíneo na placenta.
• Uso de determinados medicamentos, especialmente teofilina e corticosteróides via oral,
apesar de não constituir um aspecto relevante de risco.
• Outros fatores não diretamente associados à doença ou ao tratamento.
Dados obtidos de diversos trabalhos indicam que um adequado controle da asma durante a
gestação associa-se a um resultado favorável, tanto para a mãe quanto para o feto.
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11 - O exame radiológico de tórax pode ser solicitado durante a gravidez?
O exame radiológico do tórax pode ser solicitado quando existe suspeita de outra doença
associada à asma como pneumonia, pneumotórax, derrame pleural, etc. Os riscos para o feto
são pequenos, desde que a dose cumulativa de radiação ionizante durante a gestação não
ultrapasse 5 rad. Nenhum dos exames radiológicos mais utilizados em pneumologia ultrapassa
este limite. O radiograma de tórax em duas posições, realizado durante a gestação, expõe o
feto a 0,00007 rad e a tomografia computadorizada dos pulmões a menos de 0,100 rad.
a a
Entretanto, esses exames devem ser evitados entre a 10 e 17 semana de gestação devido ao
maior risco do desenvolvimento de malformação no sistema nervoso fetal. Raramente, a
exposição da grávida à radiação pode ocasionar um discreto aumento na incidência da
leucemia na infância e de mutações genéticas afetando futuras gerações. Recomenda-se,
durante a realização destes exames, o uso de proteção abdominal de chumbo na gestante
para resguardar o feto, com especial atenção para o primeiro trimestre da gravidez.
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15 - O que deve ser observado durante as consultas da gestante asmática?
Durante essas consultas deve-se verificar a freqüência e a intensidade dos sintomas
apresentados, pois mulheres portadoras de asma de intensidade moderada ou grave
apresentam maiores chances de complicações para a mãe e para o feto.
Exames para a avaliação pulmonar são importantes e devem ser solicitados sempre que
necessário. A ultra-sonografia deve ser pedida para a verificação do desenvolvimento fetal. A
simples contagem diária dos movimentos fetais pela mãe pode servir como marcador da
vitalidade fetal, alertando para a necessidade da utilização de outros métodos quando for
percebida a diminuição destes movimentos.
16 - Como poderá ser feito o controle dos fatores que contribuem para a exacerbação da
asma?
Devem ser identificados, evitados ou controlados todos os fatores alérgicos ou irritantes das
vias aéreas que possam agravar os sintomas da asma. Um programa adequado deve ser
estabelecido, orientando a paciente a reduzir ou eliminar a exposição à poeira, ao mofo e à
fumaça do tabaco. Uma recomendação especial é necessária, no sentido de evitar o contato
com animais domésticos e uso de inseticida para o controle de insetos no domicílio.
Alguns trabalhos têm indicado uma maior possibilidade da gestante adquirir infecções virais e
bacterianas do que a não-grávida, portanto situações que possam provocar o contágio devem
ser evitadas.
Os beta-bloqueadores estão entre as medicações usadas para o controle da hipertensão
arterial na gestação, o que deve ser evitado nas grávidas portadoras de asma.
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Tabela 2. Classificação de medicamentos usados na gravidez segundo o FDA (1998)
Risco baseado em pesquisas com animais ou
Categoria obtido por informações do ocorrido em Interpretação
humanos
Estudos controlados em mulheres não
demonstraram risco para o feto durante o Não existe risco para uso em
A
primeiro trimestre da gestação, sem evidências seres humanos.
de riscos nos outros trimestres.
Estudos em animais não indicaram risco para o
feto; porém não há estudos controlados em
seres humanos. Ou
Não há evidência de risco em
B Estudos em animais demonstraram efeito
humanos.
adverso para o feto; entretanto, trabalhos
adequados em grávidas não revelaram risco
para o feto.
Trabalhos em animais revelam efeitos adversos
para o feto; porém, não existem estudos
adequados em humanos.
C O risco não pode ser excluído.
Ou
Não há pesquisa em reprodução animal ou
estudos adequados em humanos.
Existem evidências de risco para o feto humano, Significa que, apesar dos
mas os benefícios do uso da medicação em riscos, o medicamento pode
D
gestantes podem ser aceito de acordo com a ser utilizado em situações de
gravidade da situação. extrema gravidade.
Estudos em animais ou em humanos
demonstraram a evidência de anomalias ou
Não deve ser utilizado durante
X efeitos adversos para o feto. O uso do
a gestação.
medicamento em grávidas supera qualquer
benefício.
De acordo com o FDA, apenas 0,7% de medicamentos para o uso em gestantes estão
incluídos na categoria de risco A e a grande maioria encontra-se relacionada nas categorias B
ou C. Cerca de 66% dos medicamentos utilizados durante a gestação estão classificados na
categoria C.
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Tabela 3. Medicamentos utilizados no tratamento da asma e a respectiva categoria de
risco estabelecido pelo FDA para uso em grávidas (1998)
Classe Medicamentos Categorias de risco
beta2 agonistas Salbutamol C
Terbutalina B
Salmeterol C
Formoterol C
Anticolinérgicos Ipatrópio B
Xantinas Teofilina C
Cromonas Cromoglicato B
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24 - É seguro prescrever corticosteróides por via oral para grávidas?
O uso de corticosteróides por via oral durante o primeiro trimestre da gravidez, já foi
relacionado com o aumento do número de casos de lábio leporino e de fenda palatina, com um
risco estimado de 0,3% casos para os recém-nascidos cujas mães receberam essa medicação,
comparado com 0,1% naqueles cujas mães não utilizaram. Porém, em outras publicações mais
recentes não foram identificadas significativas correlações entre malformações congênitas e
uso deste medicamento por via oral. Já foram relatados casos de aumento da incidência de
pré-eclâmpsia, prematuridade e recém-nascidos de baixo peso com a utilização oral de
corticosteróides.
Outros estudos, relacionados com o uso dessa medicação evidenciaram um maior risco de
intolerância à glicose, piora de diabetes gestacional, desencadeamento de manifestações
psiquiátricas e episódios de hipertensão arterial. Às vezes, torna-se muito difícil separar os
efeitos provocados pelo corticosteróides na mãe ou no feto, daqueles ocasionados pela asma
mal controlada ou de grave intensidade.
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Quando a paciente fez uso de corticosteróide oral por longos períodos, deve ser utilizada esta
medicação por via sistêmica, no sentido de prevenir a insuficiência da supra-renal. É
recomendado o uso de hidrocortisona, na dose de 100 mg EV a cada 6 ou 8 horas.
Ocitocina é considerado o medicamento de escolha para a indução e controle da hemorragia
pós-parto. Porém, não devem ser usados análogos da prostaglandina F2, da metilergonovina
ou ergonovina, devido ao risco de provocarem broncoespasmo na paciente. A morfina e a
meperidina também não devem ser utilizadas, pois induzem a liberação de histamina.
provocando broncoconstricção em asmáticos. Em alguns casos, os antiinflamatórios não
hormonais são usados para o alivio da dor, após uma cesariana. O médico, antes de
prescrevê-lo, deve investigar se a asmática não é alérgica a este medicamento ou a outro
analgésico.
38 - Leitura recomendada
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