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A cidade subterrânea de Hitler


Paulo Henrique Martins 12 horas atrás

© Divulgação Cavernas do complexo, abandonado nos estertores do nazismo.

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O carro derrapava assustadoramente na neve de uma estrada deserta,


no sudoeste da Polônia. Huskies me olhavam com curiosidade por trás
de uma cerca. Eu esperava que o caminho me levasse até o complexo
subterrâneo de Osówka, quase na fronteira com a República Tcheca.
Mas estava perdido.

A estrada estreita seguia ladeira abaixo, as rodas derrapando no gelo,


como se o carro estivesse me avisando que não haveria jeito de
retornar. Então segui em frente, e acabei encontrando por sorte.

É que há pouca sinalização para quem quer visitar Osówka, aos pés
das montanhas Sowie, o cartão-postal da região. Os enigmas em
a
torno do complexo subterrâneo vêm desde a 2 Guerra, porque ele é
parte de algo bem maior, o chamado Projeto Riese (“gigantesco” em
alemão). Trata-se de uma série de grandes bunkers interconetctados
que, juntos, formariam uma verdadeira cidade debaixo da terra, com
2
35 km de área (quase dez vezes a do bairro de Copacabana, no Rio),
e capacidade para 20 mil pessoas.

O lugar abrigaria fábricas de bombas, que poderiam ser construídas lá


embaixo a salvo dos bombardeios inimigos. E também receberia o
equipamento necessário para a construção da bomba atômica nazista
– aquela que, para a sorte do planeta, Hitler não conseguiu tirar do
papel.

A construção do complexo, com seus salões e túneis de interconexão,


teve início em 1943, na Baixa Silésia, uma região da Polônia que, antes
da Guerra e durante, fazia parte da Alemanha. O encarregado do
projeto foi o arquiteto Albert Speer, amigo pessoal de Hitler e ministro
da produção de armamentos do Terceiro Reich. As obras começaram
simultaneamente em diferentes pontos das montanhas Sowie.

Há sete pontos subterrâneos conhecidos, e o complexo de Osówka é


um dos maiores. O salão principal tem 8 metros de altura e está
completamente revestido de cimento, mas ainda é amparado pelos
suportes de madeira originais usados em sua construção,
apodrecendo pela ação do tempo e da umidade no interior da
caverna.

Por ali, ficam em exibição uniformes, máscaras de gás, armas, pás,


picaretas… Tudo abandonado às pressas enquanto o exército soviético
se aproximava, no começo de 1945. Ao perceber que a guerra estava
perdida, aliás, Hitler emitiu o “decreto Nero”, ordenando a queima de
documentos do Reich. Nisso, os documentos que detalhavam os

historiadores. E o fato é que ainda há muito mistério envolvendo o


Projeto Riese.

© Divulgação Entrada de um dos sete complexos do Projeto Riese. Estima-se que apenas 10% da cidade
subterrânea tenha sido explorada até hoje.

Escravos
A construção do complexo ficou a cargo de prisioneiros judeus. Eles
vinham de Gross-Rosen, um campo de concentração próximo. A
composição das rochas das montanhas Sowie, bem dura, permitia
salões e túneis amplos. Por outro lado, dificultava o trabalho de
escavação. A expectativa de vida de um trabalhador de Osówka girava
em torno de quatro meses. Estima-se que 13 mil judeus tenham
trabalhado nas obras, e que 5 mil tenham morrido.

Em outra parte do complexo, dá para ver os carrinhos que rodavam


sobre trilhos, usados para tirar a terra e a pedra que iam sendo
escavadas. Dá para imaginar as dificuldades que esses trabalhadores
enfrentavam. O teto às vezes é baixo, comprovando a necessidade do
uso de capacete. Após quase duas horas no claustrofóbico escuro
úmido das cavernas, é inevitável sentir alívio ao avistar a luz do dia, na
saída do complexo subterrâneo. Saímos por um túnel diferente do que
entramos, um pouco mais isolado na densa floresta da região,
escorregando no gelo da trilha que levaria de volta ao estacionamento
de Osówka.

O passeio termina com a impressão de que ainda há muito a se


descobrir sobre o Projeto Riese. E há mesmo. Baseado em
correspondências de Albert Speer, historiadores estimam que apenas
10% dos túneis tenham sido descobertos até agora. Perfurar a terra
em busca de túneis ocultos sai caro – mais do que os orçamentos das
universidades interessadas em pesquisar podem dar conta. Por essas,
grande parte do trabalho de pesquisa feito hoje é obra de expedições
privadas de caça ao tesouro. São grupos que passam meses
estudando mapas antigos e a topologia do terreno da Silésia,
procurando pistas que possam indicar mais locais subterrâneos, como
saídas de dutos de ar.

© Divulgação Bonecos instalados nos túneis representam o trabalho de construção, feito por judeus
escravizados. No destaque, à esquerda, parafernália nazista abandonada nos túneis, em exposição em uma
das poucas áreas com teto e paredes cimentados. À direita, réplica de uma bomba V1, modelo que seria
fabricado no complexo.

A busca deles é por artefatos valiosos que caíram nas mãos dos
nazistas, como a “Sala de Âmbar”. Trata-se de um conjunto de paredes
de âmbar e ouro, feitas no século 18, que os nazistas roubaram de um
palácio próximo a São Petersburgo, e que nunca mais foi visto. A obra
de arte tem o valor estimado em US$ 250 milhões.

Outro tesouro que caçam por ali é uma espécie de Eldorado moderno:
o lendário “trem do ouro nazista”. Seria um trem de 150 metros
recheado de pedras preciosas, tapeçarias, obras de arte e, claro, ouro,
roubado das vítimas do Holocausto. Não há evidência alguma de que
tal trem exista. Menos ainda de que esteja oculto em túneis jamais
descobertos. Mesmo assim, não faltam expedições em busca dele. A
última aconteceu em 2016 e contou até com o apoio do governo
polonês. E deu em água.

Bunker de todos os bunkers


Outro pedaço do Projeto Riese é um complexo de túneis construídos
bem debaixo do castelo Książ, um palácio esplendoroso situado a 30
km da entrada de Osówka. Dois andares de galerias foram escavados
debaixo do castelo, a mais de 60 metros de profundidade. Durante a
guerra, o castelo Książ estava sendo reformado para se tornar a
residência de Adolf Hitler. O quarto que viria a ser do líder austríaco
teria, inclusive, um elevador com acesso direto aos túneis. Isso reforça
outra teoria sobre o propósito do Projeto Riese: o de que ele pudesse
abrigar todo o comando nazista se fosse preciso. Seria

o bunker de todos os bunkers. Pelo ritmo da construção, acredita-se


que, se a guerra durasse mais dois anos, o Projeto Riese estaria
funcionando a todo vapor, mas provavelmente as estruturas básicas
poderiam começar a ser usadas bem antes disso. Em seu livro de
memórias, o arquiteto Albert Speer diz que a preocupação do alto
comando nazista com a própria sobrevivência chegava a “níveis
insanos”, o que levava à criação de cada vez mais bunkers.

É o caso do de Obersalzberg, outro complexo subterrâneo nazista


aberto para visitação, só que perto da fronteira com a Áustria. Ele
também nunca foi usado, mas fica perto de uma residência que Hitler
ocupou de fato, pelo menos por algumas temporadas: a bela “Casa de

para o imóvel: “Ninho da Água”). “Ninho” porque está fincada no topo


do monte Khelstein. Hitler, porém, não gostava muito do lugar, por ter
medo de altura. De qualquer forma, já havia lá um bunker para ele,
dado o “insano” senso de autopreservação. Diante de tudo isso, chega
a ser irônico que Hitler tenha morrido num bunker modesto, no centro
de Berlim.

O bunker do Führer não está aberto para visitação. Ele foi destruído
pelos soviéticos e hoje, acima dele, fica o estacionamento de um
prédio de apartamentos levantado na época da Alemanha Oriental. Há
apenas uma placa nos arredores dizendo que Hitler morreu ali. Nada
do glamour misterioso do Projeto Riese, ou mesmo de Obersalzberg.
Talvez seja melhor lembrarmos do nazismo justamente assim. Não
como uma história que instiga a imaginação, mas como o que ele
realmente foi: uma época fúnebre da história da humanidade.

ONDE FICA

O complexo de bunkers do Projeto Riese está encravado na Baixa


a
Silésia, uma região da Polônia que, antes e durante a 2 Guerra, fazia
parte da Alemanha
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