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OU
ARMAZÉM LITERÁRIO.
VOJL. X V I I I .
LONDRES:
1817.
CORREIO BRAZILIENSE
DE JANEIRO, 18U.
POLÍTICA.
P R Í N C I P E
Marquez de Aguiar.
Regulamento de Ordenanças.
DAS ORDENANÇAS.
Do Recrutamento de Milicias.
REY
Titulos do Imperador
A Corte de Áustria communicou oficialmente ao ca-
binete do Rio-de-Janeiro, os titulos Imperiaes da Áustria
Ordinário e Médio: e saõ os seguintes, com as corres-
pondentes armas:
Titulo Ordinário. u Nós Francisco I, por Graça de
Deus Imperador da Áustria, Rey da Hungria e Bohemia,
da Lombardia, e Veneza, da Galicia e Lodomeria, Archi-
duque de Áustria &c. &c.
As armas correspondentes, saõ compostas do Corpo
principal, e das armas no meio deste. O corpo principal
representa a Águia Imperial Austríaca, coroada com a
Coroa Imperial. As armas do meio contém as armas
Genealogicas da Casa Imperial em tres catnpos: o da di-
reita com as armas de Habsbourg, o do meio com as da
Casa d'Áustria, e á esquerda as armas da familia do
Duque de Lorena. As sobredictas Armas estaõ guar-
rsecidas com as insígnias das Ordens Austríacas pela
maneira seguinte: pendente por ultimo a do Tozaô
d'Ouro, do lado deste a de Maria Thereza; depois destas
fica pendente no meio a de Santo Estevão, com a ordem
de Leopoldo na direita e na esquerda a Ordem da Coroa
de Ferro.
Titulo Médio. Nós Franciseo I, por Graça de Deus,
Imperador da Áustria, Rey de Jerusalém, Hungria, Bo-
hemia Lombardia e Veneza, Dalmacia, Croácia, Escla-
vonia, Galicia e Lobardia: Archiduque de Áustria, Duque
de Lorena, Saltzbourg, Carinthia, Styria, Carniola, e da
Silezia Superior e Inferior; Principe de Transilvania;
Marquez de Moravia, Conde de Habsbourg e do Tyrol,
&c. &c.
VOL. XVni. No. 104. D
26 Politica.
As armas correspondentes saõ compostas do Corpo
principal, das armas no meio deste, e de mais dez escu-
detes collocados em circuito, a uma pequena distancia
das armas do meio, uns por cima dos outros em oval. O
Corpo principal representa a águia Imperial-d'Áustria-.
As armas do meio contém as armas genealogicas da casa
Imperial em tres campos: o da direita com as armas de
Habsbourg, o do meio com as armas da casa d'Áustria, e o
da esquerda com as da familia de Lorena. As sobredic-
tas armas saõ guarnecidas com as insígnias das Ordens
Austríacas pela fôrma seguinte: fica pendente na extre-
midade a do Tosaõ d'Ouro, ao lado desta a da Ordem Mi-
litar de Maria Theresa; depois desta embaixo, e no meio
a de S. Estevão, com a da Ordem Imperial Austríaca de
Leopoldo a direita, e a da Ordem da Coroa de Ferro á
esquerda. Os escudetes ao lado estaõ dispostos desde o
colo da Águia ao longo das azas, e reunem-se embaixo:
cada um tem os seus ornatos e collécam-se da maneira se-
guinte : o primeiro á direita he das armas da Hungria
antiga e nova unidas, por baixo as armas do Reyno de
Lombardia e de Veneza; depois as do Archiducado de
Áustria; ás quaes se seguem as do Principado deTransyl-
vania e por ultimo as armas da Moravia e da Silesia: o
primeiro â esquerda he das armas de Bohemia, ao qual se
seguem inferiormente uns depois dos outros os das armas
da Galicia, de Saltzbourg, de Styria, da Corinthia e do
Tyrol.
Politica. 27
ESTADOS UNIDOS.
Considadaõs do Senado,
e da Casa dos Representantes.
Olhando para o estado actual do nosso paiz, naõ se pode
subtrahir a nossa attenção, dos effeitos que tem produzido
as estaçoens peculiares, que por toda a parte tem deteri-
orado os annuaes dons da terra, e, em alguns districtos,
ameaça escacez. E comtudo, tal he a variedade dos terrenos,
dos climas e das producçoens dentro de nossos extensos li-
mites, que o aggregado dos recursos, para a subsistência, he
mais do que sufficiente, para o aggregado das necessidades.
E em tanto quanto a economia no consumo, mais do que
usual, pode ser necessária, devemos dar graças á Providen-
cia, pelo que he ainda mais do que compensação daquella
desavantagem; isto he, a salubridade notável, que tem
distinguido o presente anno.
H e para lamentar, que se experimente certo abati-
mento em alguns ramos de nossas manufacturas, e n 'uma
parte de nossa navegação; no meio das vantagens que se
tem seguido à paz da Europa, e à dos Estados Unidos com
a Gram Bretanha; posto que dahi resultasse o geral aco-
roçoamento da industria entre nós, e mesmo a extençaõ
de nosso Commercio. Como o abatimento das Manu-
facturas resulta, em gráo essencial, do excesso das merca-
dorias importadas, o que traz comsigo mesmo limites á sua
tendência, a causa, na sua presente extenção, naÕ pôde ser
de longa duração. O Congresso*, porem, naÕ olhará para
este mal sem se lembrar de que, se se deixarem abater os
estabelicimentos de manufacturas; ou continuarem em
D2
2g Politica.
lanmiidez por longo tempo, naõ tornarão mais a reviver,
ainda depois de haverem cessado as causas; eque,nas
vicissitudes dos negócios humanos, podem occurer outra vez
situaçoens, em que a dependência de recursos estrangeiros
venha a ser um dos mais sérios embaraços.
O estado de abatimento em que se acha a nossa nave-
gação deve ser attribuido, em grande parte, á sua exclu-
são dos portos coloniaes da naçaõ, que tem comnosco as
mais extensas relaçoens commerciaes; e á operação indi-
recta daquella exclusão.
Antes da ultima convenção de Londres entre os Estados
Unidos e a Gram Bretanha, o estado relativo das leys da
navegação em ambos os paizes, em conseqüência do tracta-
do de 1794, tinham dado á navegação Britannica grande
vantagem sobre a Americana; nas communicaçoens entre
os portos Americanos e os portos Britannicos na Europa.—
A convenção de Londres igualou as leys de ambos os paizes,
relativamente a estes portos; deixando a communicaçaõ,
entre os nossos portos e os portos das colônias Britannicas,
sugeitos, como d' antes, aos respectivos regulamentos das
duas partes. Pondo agora o Governo Britannico em força
os re^nilam entos, que prohibem o commercio, entre as suas
colônias e os Estados Unidos, em navios Americanos, ao
mesmo tempo que permittem aquelle commercio em navi-
os Inglezes, perde nisso consequentemente a navegação
Americana; e esta perda se augmenta, pela vantagem que
se dá ao competidor Britannico sobre o Americano, na na-
vegação entre os nossos portos e cs portos Britannicos na
Europa, pelas torna-viagens que podem gozar uns, e que
naÕ podem gozar os outros.
A razoável regra da reciprocidade, applicada a um
ramo da communicaçaõ commercial, tem sido urgida por
nossa parte, como applicavel a ambos os ramos; porém
Politica. 21*
está averiguado que o Gabinete Inglez naõ quer entrar
em negociação alguma a este respeito; e comtudo de-
clara, que naõ julgará como prova de pouca amizade, o
adoptarem os Estados Unidos regulamentos de opposta
tendência, que sirvam de contrabalançar aquelles effeitos
de que nos queixamos. A sabedoria da Legislatura deci-
dirá do caminho, que, nestas circumstancias, nos he pre-
scripto, pela duplicada consideração das relaçoens amigá-
veis entre as duas naçoens, e os justos interesses dos Esta-
dos Unidos.
Tenho a satisfacçaõ de dizer que, geralmente, estamos
em amizade com as potências estrangeiras.
Na verdade houve uma occurrencia no Golpho México,
que, se for approvada pelo Governo Hespanhol, pode fazer
uma excepçaõ, pelo que respeita aquella potência. Se-
gundo a participação do nosso commandante da marinha
naquella estação, um dos nossos vasos públicos armados
foi atacado por uma força decididamente superior, debaixo
de um commandante Hespanhol, e a bandeira Americana,
com os officiaes e equipagem, insultados de tal maneira,
que exige prompta indemnizaçaõ. Pedio-se isto. No
entanto se mandaram para aquelle golpho uma fragata e
um vaso de guerra menor, a fim de proteger o nosso com-
mercio. Seria impróprio omittir, que o representante de
S. M. Catholica, nos Estados Unidos, sem perda de
tempo, deo as maiores seguranças de que nenhuma ordem
hostil podia ter emanado de seu Governo, e que elle estaria
prompto a prestar assim como a esperar tudo quanto a
natureza do caso, e as relaçoens amigáveis entre os dous^
paizes pudessem requerer!
A situação de nossos negócios com Argel naÕ he ainda
sabida, no momento actual. O Dey, tirando pretextos
das circumstancias, pelos quaes os Estados Unidos naõ
grt folitica.
eram responsáveis, dirigio uma carta a este Governo,
declarando, que o tractado ultimamente concluído com
elle tinha sido annullado, porque nós o tínhamos violado;
e apresentava, como alternativa, a guerra, ou a renovação
do antigo tractado, o qual estipulava, entre outras cousas,
um tributo annual. A resposta, com uma declaração ex-
plicita, que os Estados Unidos preferiam a guerra ao tri-
buto, requeria o seu reconhecimento e observância do
ultimo tractado, que annulla o tributo, e a escravidão de
nossos cidadãos. O resultado da resposta ainda se naõ
recebeo. Se elle tornar a fazer a guerra contra o nosso
commercio, fazemos estribar a sua protecçaõ nas forças
navaes, que actualmente temos no Mediteraneo.
Os nossos negócios naõ tem padecido mudança, nos
outros Estados da Barbaria.
As tribus de índios, dentro dos nossos limites, também
parecem dispostas a permanecer em paz. Tem-se com-
prado terras a algumas dellas, o que tem sido peculiar-
mente favorável aos desejos e segurança de nossos estabe-
licimentos das fronteiras, assim como aos interesses geraes
da Naçaõ. Em alguns exemplos, os titulos, posto que
naõfossem sustentados por devida prova, e que fossem dis-
putados pelas pretençoens de outros, fôram estabelecidos
fazendo-se duas compras: porque á benevola política dos
Estados Unidos preferio o augmento de despeza ao risco
de fazer uma injustiça, ou de fazer-se justiça, forçando um
povo fraco e sem instrucçaõ, por meios que exigiriam ou
emeaçaríam a eflusaÕ de sangue. Julgo-me feliz em
poder accrescentar, que a tranquillidade, que se tem resta-
belecido nas mesmas tribus entre si, assim somo entre ellas
e a nossa população, favorecerá a continuação da obra da
civilização, que tinha feito progressos de animar, entre as
mesmas tribus; e que a facilidade augmenta, para se
Politica. 31
poder extender ao terreno aquella propriedade dividida e
individual, que existe agora somente na propriedade
movei; e de estabelecer assim na cultura e melhora-
mento do chaõ, o verdadeiro fundamento para a transição
dos custumes selvagens para as artes e conforto da vida
social.
Como objecto da maior importância para a felicidade
nacional, devo outra vez tornar a recommendar ã consi-
deração do Congresso, a reorganização das milicias, debaixo
de um plano que a forme em classes, segundo os períodos
da vida mais ou menos adaptados para o serviço militar.—
A Constituição authorizou e contemplou uma milicia
effectiva; e esta he também requerida pelo espirito e
segurança de um Governo livre. A presente orga-
nização de nossa milicia he universalmente olhada como
menos effectiva do que devia s e r ; e nenhuma organização
pode ser mais bem calculada para dara-lhe a sua devida
força, do que uma classificação, que assigne a parte mais
conspicua, na defensa do paiz, aquella porçaõ de cidadãos,
cuja actividade e animo melhor os habilite para se arran-
jarem juncto aos seus estandartes. Alem da considera-
ção de que o tempo de paz he o tempo, em que se pôde
fazer esta mudança com a maior conveniência e utilidade;
accresce também agora o auxilio da experiência na guer-
ra recem-passada, em que a milicia tomou tam interes-
sante parte.
O Congresso trará á sua lembrança, de que ainda se
naõ tem dado providencias adequadas para a uniformidade
dos pezos e medidas, que também a Constituição con-
templou. A grande utilidade de um padraõ fixo em sua
natureza, e fundado na fácil regra das proporçoens deci-
maes, he sufficientemente obvia. Isso induzio o Gover-
no, em seus princípios, a dar alguns passos preparatórios
g2 Política.
para sua introducçaõ; e o complemento desta obra será
justo titulo para a gratidão do publico.
A importância, que tenho dado ao estabelicimento de
uma Universidade, dentro deste districto; em tal magni-
tude e para os objectos dignos da naçaõ Americana, me
impelle a renovar a minha recommendaçaÕ deste plano, á
favorável consideração do Congresso; e outravez convido
particularmente a sua attençaõ ao expediente de exercitar
os poderes que actualmente t e m ; e, se for necessário, recor-
rer ao modo prescripto de os ampliar, em ordem a effectuar
um systema comprehensivo de estradas, e de canaes, que
produzam o effeito de unir mais intimamente todas as
partes de nosso paiz, promovendo a sua communicaçaõ
e melhoramentos, e augmentando a participação de cada
u m nos fundos communs da prosperidade nacional.
Certos acontecimentos, que tiveram lugar, tem mos-
trado, que as providencias de nossos estatutos, na distri-
buição da justiça criminal, saõ defeituosos, tanto pelo que
respeita o lugar, como pelo que respeita ás pessoas, de-
baixo do conhecimento da authoridade nacional; pelo
que merecerá a immediata attenção da Legislatura a
reforma da ley, que abrange taes casos. Será também
uma occasiaõ favorável de indagar até que ponto se deve
requer a ingerência da Legislatura, para providenciar sobre
as penas, nos crimes designados pela Constituição, ou por
Estatutos, e para os quaes ou naõ ha penas, que lhe este-
jam annexas, ou naõ os ha com sufficiente certeza. E eu
submeti» á sabedoria do Congresso o considerar, se he ou
naõ conveniente fazer uma revista geral do Código Crimi-
nal, para o fim de mitigar, em certos casos, as penas que
nelle se adoptaram, antes das experiências e exemplos,
que justificam uma mais suave.
Tendo sido os Estados Unidos os primeiros que abo-
Politica. 33
ram, dentro da extençaõ de seus territórios, a transpor-
taçaõ dos naturaes de África para a escravidão; prohi-
bindo a introducçaõ de escravos, e castigando os seus con-
cidadãos que participassem deste trafico, naõ pôde deixar
de ser-lhes grato os progessos, que fazem os esforços con-
currentes de outras naçoens, para a geral suppressaõ de
tam grande mal. Elles devem sentir ao mesmo tempo a
maior solicitude, em dar plena efficacia a seus próprios
regulamentos. Com estas vistas parece ser necessária a
ingerência do Congresso; porque se nos tem suggerido,
que tem havido nisto violaçoens e evasoens, que se impu-
tam a indignos cidadãos, que tomam parte no trafico da
escravatura, debaixo de bandeiras estrangeiras, e em por-
tos estrangeiros; e em collusivas importaçõens de escravos
para os Estados Unidos, por via dos portos e territórios
adjacentes. E u apresento este objecto ao Congresso, na
plena confiança de sua disposição a applicar-lhe todo o
remédio, que se pôde dar por uma reforma da ley.—
Os regulamentos, que se destinavam a obviar os abusos
de um character similhante, no commercio entre os dif-
ferentes Estados, deve também fazer-se mais efficaz, para
seu humano objecto.
A esta recommendaçaõ accrescento, para consideração
do Congresso, o expediente de uma modificação no esta-
belicimento judicial, e do augmento de uma Repartição no
ramo executivo do Governo.
O primeiro se faz necessário, pelo augmento dos negó-
cios, que naturalmente fazem crescer os deveres dos Tri-
bunaes Federaes; e pela extençaõ de espaço, em que
elles tem de administrar a justiça. Parece que he che-
gado o tempo, que pede para os membros da Corte Su-
prema de Justiça, o serem aliviados das fadigas de viagens,
incompatíveis com a idade, a que uma parte de seus mem-
V O L . XVIII. No. 104. E
g4 foinica.
bros deve ter chegado, assim como também com os
estudos e preparaçoens, que saõ devidos a seus lugares e
â reputação jurídica de seu paiz. E consideraçoens igual-
mente cogentes requerem uma organização mais conve-
niente dos tribunaes subordinados, o que se pode execu-
tar sem algum augmento considerável no numero ou
despezas dos juizes.
A extençaõ e variedade dos negócios do Executivo, que
também se accumulam com os progressos de nosso paiz,
e augmento de população, faz necessária mais outra
Repartição, a quem se encarreguem deveres, que super-
abundam agora em outras Repartiçoens, e que naõ tem
sido annexas a nenhuma repartição em particular.
O decurso da experiência recommenda, como outro
melhoramento, no Estabelicimento Executivo, que se aug-
mente e se faça adequado aos seus serviços, o ordenado do
Procurador Geral; cuja residência na sede do Governo,
connexoens officiaes com elle, e manejo dos negócios
públicos pendentes ante o judicial, lhe naÕ permittem o
participar dos emolumentos de sua profissão; e, com as
vistas de sua razoável accommodaçaõ, e próprio deposito
de suas opinioens e procedimentos officiaes, se incluam
nesse ordenado os pertences usuaes de um cartório ou
secretaria publica.
Chamando a attençaõ da Legislatura para o estado
das nossas finanças, he objecto de grande satisfacçaõ o
achar, que, mesmo dentro do breve periodo, que tem de-
corrido, desde que voltou a paz, o rendimento tem exce-
dido muito além das despezas correntes do thesouro; e
que, na supposta diminuição provável de seu producto
annual para o futuro, que possam occasionar as vicissi-
tudes do commercio, ainda assim dará amplo fundo, para
a effectiva e próxima extincçaõ da divida publica. Tem-
Politica. 35
se calculado que, durante o anno de 1816, a receita
actual dos rendimentos no Erário, e exclusivo dos pro-
ductos de empréstimos, e notas do Thesouro, incluindo o
balanço no principio do anno, chegara á somma de 47
milhoens de dollars; que, durante o mesmo anno, os paga-
mentos actuaes do Thesouro, incluindo o pagamento dos
atrazados na Repartição de Guerra, assim como o paga-
mento de um excesso considerável; alem das appropria-
çoens annuaes, chegarão a somma de 38 milhoens de
dollars, e que consequentemente no fim do anno haverá
um sobreexcedente no Thesouro de cerca de 9 milhoens
de dollars.
As operaçoens do Thesouro continuam a ser obstruídas
pelas difficuldades, que resultam da condição do nosso
meio circulante; e com tudo ellas tem sido efficazes, em
certa extençaõ benéfica, na diminuição da divida publica;
e no estabelicimento do credito publico. A divida fluctu-
ante das notas do Thesouro, e os imprestimos temporários
seraõ brevemente pagos no total. O aggregado da divida
fundida, composta das dividas que se contrahíram durante
as guerras de 1776 e 1812, tem sido avaluado, relativa-
mente ao primeiro de Janeiro próximo futuro, em uma
somma, que naõ excede 110 milhoens de dollars. E o
rendimento permanente, que se ha de obter de todas as
fontes existentes, se tem avaluado em uma somma cerca
de 25 milhoens de dollars.
Neste ponto de vista geral he obvio, que só se necessita
para a prosperidade fiscal do Governo, o restabelicimento
de um meio uniforme de cambio. Os recursos e fe da
Naçaõ, patenteados no systema, que o Congresso tem
estabelecido, assegura o respeito e confiança, tanto entre
nós como no estrangeiro. As accumulaçoens locaes dos
rendimentos tem ja abilitado o Thesouro a satisfazer as
E2
OC JTOt/lm*w.
NÁPOLES.
Decreto de confirmação de privilégios aos Sicilianos.
Fernando I. pela graça de Deus Rey do Reyno das
DUas Sicilias, &c. &c. &c.
^Q Politica.
Desejando confirmar os privilégios, que fôram conce-
didos por nós, e pelos monarchas nossos predecessores aos
nossos amados Sicilianos, e reconciliar a inviolabilidade
destes privilégios com a unidade das instituiçoens politicas,
temos pela presente ley, sanccionado, e sanccionamos, o
seguinte:
Art. 1 . Todos os empregos civis e ecclesiasticos na
Sicilia, além do Estreito, seraõ, na conformidade dos ca-
pitulares dos monarchas nossos predecessores, conferidos
exclusivamente a Sicilianos, sem que os outros vassallos
de nossos Estados desta parte do Estreito tenham jamais
titulo a pretendêllos; da mesma maneira que os Sicilianos
naõ poderão ter algum direito aos empregos civis e reli-
giosos dos outros nossos dominios acima mencionados.
Pomos entre o numero dos lugares, que exclusivamente
se devem dar aos Sicilianos, o Arcepisbado de Palermo;
ainda que nosso Augusto Pay, Carlos III. reservou a
disposição para si mesmo, na Gram-Charta que outorgou
aos Sicilianos.
2. Os nossos vassallos Sicilianos alem do Estreito seraõ
admittidos a todas as grandes dignidades, do Reyno das
Duas Sicilias, na proporção da população da Ilha.
Sendo esta população uma questão concernente á de
todos os nossos dominios; a quarta parte do nosso Con-
selho de Estado será composta de Sicilianos, e as outras
tres quartas partes de vassallos dos outros nossos dominios.
A mesma proporção se observará quanto aos lugares
de Ministros e Secretários de Estado. As primeiras dig-
nidades da Corte, e os lugares de nossa representação e
agentes nas Cortes Estrangeiras.
3. Em lugar de dous Consultores Sicilianos, que se-
gundo a concessão de nosso Augusto Pay, eram membros
da antiga Juncta de Sicilia, haverá sempre no Supremo
Conselho da Chancellaria das duas Sicilias umlnumero de
Política. 41
Conselheiros Sicilianos, segundo a proporção fixa no ar-
tigo precedente.
4. Os officiaes do nosso exercito e marinha, e da nossa
Casa Real, seraõ conferidos a todos os nossos subditos, sem
distineçaõ da parte dos nossos dominios de que fôram ori-
undos.
5. O Governo de todo o Reyno das duas Sicilias
estará sempre juncto ã nossa Pessoa. Quando nós resi-
dir-mos na Sicilia, teremos por Governador em nossos
Estados, desta parte do Estreito, um Principe de nossa
Familia, ou outra personagem de distineçaõ, que nós esco-
lheremos d' entre os nossos vassallos.
Se for um Principe da familia Real, terá com sigo um
dos nossos Ministros de Estado, que se correspondera com
os Ministros e Secretários de Estado, que residirem juncto
à nossa Pessoa; e terá com sigo, outro sim, dous ou mais
Directores, para presidirem naquellas secçoens das Secre-
tarias dos Ministros e Secretários de Estado, que julgar-
mos conveniente deixar no lugar, para a administração
daquella parte dos nossos Dominios.
Se o Governador naõ for um Principe, será elle mesmo
revestido do character de Ministro Secretario de Estado,
corresponderá directamente cornos Membros e Secretários
de Estado que estiverem com nosco; e terá dous ou mais
directores para aquelle fim.
6. (Os mesmos regulamentos se extendem ao Govemo
da Sicilia, quando El Rey residir desta parte do Es-
treito.)
7. Estes Directores, em ambos os casos, seraõ esco-
lhidos promiscuamente, dentre todos os nossos vassallos,
como se determinou, relativamente á Sicilia, sobre os
antigos officios de Consultor e Conservador, que saõ sub-
stituídos pelos dictos Directores.
VOL. XVIII. No. 104. P
42 Politica.
8. Os processos judiciaes dos Sicilianos continuarão a
ser decididos, até á ultima instância, nos tribunaes Sici-
lianos. E m conseqüência estabelecer-se-ha na Sicilia
uma Corte Suprema, que será superior a todos os Tribu-
naes daquella Ilha; independente da Corte Suprema dos
nossos Estados, nesta parte do Estreito, assim como esta
será independente da Sicilia, quando nós residirmos na-
quella Ilha. A organização desta Corte será regulada
por uma ley particular.
9. A abolição dos direitos feudaes será mantida na
Sicilia, como nos outros nossos Estados desta parte do
Estreito
10. Fixaremos cada anno a parte, que deve pertencer
á Sicilia, nas despezas permanentes do Estado; e regu-
laremos a maneira de sua repartição; porem esta parte
annual nunca poderá exceder a somma de 1:847.687
onças e 20 Tari, que fixou, em 1813, o Parlamento,
como renda certa da Sicilia.—Naõ se poderá por forma
nenhuma impor maior somma, sem o consentimento do
Parlamento.
1 1 . Da dieta quota se tirará todos os annos uma somma,
que naõ será menos de 150.000 onças, a qual será appli-
cada para o pagamento da divida, que naõ tem juros, e dos
atrazados dos juros da parte que os vence, até a total ex-
tincçaõ de ambas: quando estas duas dividas estiverem ex-
tinetas, esta somma será empregada annualmente em for-
mar um fundo de amortização, para a divida Siciliana.
12. E m quanto se naõ promulgar o systema geral da
Administração Civil e Judicial do nosso Reyno das Duas
Sicilias, todos os ramos da Justiça e Administração con-
tinuarão no mesmo pé em que d'antes estavam.
Queremos e ordenamos, que a presente ley assignada
por nós, certificada pelo nosso Conselheiro, e nosso Mi-
Commercio e Artes,. 43
COMMERCIO E ARTES.
INGLATERRA.
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navio Portu-
guez ou Inglez,
\c 6s. 6p
Pernambuco salgados
Rio Grande de cavalho 123 40». Op. 8». 6|p. por ICO.
direitos pages
Chifres.. . .Rio Grande Tonelada 1201.
Pao Brazil . Pernambuco 71.10»} ' pelo cocipraácr
Pão amarello. Brazil . .
Espécie
Ouro em barra . .
Peças de 6400 reis . ;
DobroL-ns Hespanhoes por orça.
Pezos dictos
Prata em bara
Câmbios,
Rio de Janeiro ,. . . 59 Hamburgo. SS 11
Lisboa 68 Cadiz. • . ii-
Porto 58 Gibraltar. .
Paris . . . 25 30 Gênova . 441
Amsterdam. 4G
12 0 Malta. . .
Prêmios de Seguros.
Hida" 2 Guineos Vinda S2 a *\ Guineos.
Brazil
Lisboa . lf • • * 1 á H
Porto . . li a 2 . li a 1J
Madeira .... 2 a 2i li a 2
Açores .h a 3 .,
4} a
i<io dn Traia
LITERATURA E SCIENCIAS.
NOVAS PUBLICAÇOENS EM UÍGLATERRA.
PORTUGAL.
Sahioú Luz: Idea Geral dos Novos Methodos de ensi-
nar a ler, escrever e contar, ensaiados na eschola geral de
Belém, e mandados seguir nas escholas particulares do
Exercito e Marinha, por Ordem de S. M. Lisboa, 1816.
Total libras
Total libras Tornezas
Toraezas - 229:815*080
229:815-080
Como a avaliação da parte do producto das minas, que se introduz porr <
con-
trabando, he absolutamente arbitraria, naõ se deve a gente admirar de ver
como os calculistas dififerenr.
Literatura e Sciencias. 55
Ae manufacturas de luxo do mundo commerciante absor-
vem «ma parte destes metaes. Os que saõ empregados
em dourar desapparecem absolutamenste, e he o mesmo
que se fossem annihilados. Os que se empregam em fazer
galões, baixellas, jóias, e relógios, ainda que existem sem-
pre, ha pouca probabilidade de jamais se virem a converter
cm numerário: de sorte que todos estes differentes officios
consumem uma porçaõ mui considerável. Ha bom fun-
damento para crer que o ouro e a prata, que annualmente
se empregam na repartição de relojoaria somente na ci-
dade de Genebra monta pelo menos a 1:725.000 francos;
u saber, 1:050.100 para relógios de ouro, e 675.000 para
os de prata.
O numerário que anda na circulação gasta-se passando
de maõ em maõ, e deminue do pezo, como se conhece
levanda-o á moeda. Também he muifreqüenteperder-se
algum, seja por que caia no mar, ou por qualquer outro
accidente; he portanto necessário que, para se conservar
ao numerário e mesmo valor, se cunhem todos os annes
moedas novas.
Se olharmos ao mundo inteiro, naõ se pode duvidar que
todos os annos se enterrem sommas mui consideráveis de
dinheiro, e que muito se perde pelos donnos morrerem
sem revelar o segredo. Esta mania naô he conhecida nos
paizes livres, naõ se encontrava na Suissa, nem na Ingla-
terra. Adam Smith observa, em quanto a este ultimo
MISCELLANEA.
MEMÓRIA.
Dos Exteriores e pleno uzo da Soberania, que se arrogoit- o
Governo de Lisboa depois da evacuação do Reyno pelas
Tropas Francezas, para servir de additamento á Nola
( )do§ 17 do Parallelo do Governo Portuguez subse-
quente as Revoluçoens de 16 40, 4" de 1808.
CAPITULO V I I . — D o Cofre.
§ 1. Haverá, um Cofre com tres chaves de differentes
molas, das quaes uma estará na maõ do Thesoureiro, e as
outras duas nas de dous Deputados assistentes, de maneira
que jamais possa abrir-se sem que estejaõ todos presentes:
e isto mesmo nunca acontecerá sem preceder a Convoca-
ção do Provedor, expedida pelo Secretario da Meza de
sua Administração, se algum motivo extraordinário exigir
sua abertura n'outros dias além dos determinados pela
Ley para as Conferências.
§ 2. Logo que se obtenha, ou possa obter Casa própria
para estas, o Cofre será nella depositado com a maior se-
gurança, e segredo possíveis, de maneira que naõ respire
o lugar da sua ubicaçaõ, para prevenir toda a idéa de
furto, ficando ahi immovivel, e unindo-se até ao pavi-
mento com parafusos, ou outro qualquer arbítrio, que
cunduza á maior segurança.
§ 3 . No entretanto porém, que esta medida geralmente
adoptada naõ poder ser admittida, a Meza provera á sua
70 Miscellanea.
segurança da maneira, que o julgar mais conveniente, e
acertado tomando sobre isso em a primeira conferência
uma resolução definitiva, do que fará lavrar em o Livro
para isso destinado um competente Termo.
§ 4. No Cofre se guardarão a Jóia, Contribuições men-
saes, e todos ou quaesquer productos, ou rendas que ao
diante possam, ou venham a pertencer a este Monte-Pio *
para em tempo competente e nos casos, e circumstancias
da Ley serem distribuídos pelos diversos Tencionarios
delle.
Do Provedor.
§ 2. Notaremos aos Senhores Eleitores, que sendo
esta a primeira dignidade da Meza, e como a mola real
de toda ella, e este Monte-Pio dos Professores, e Mestres
assim Regios, como particulares Licenceados, etc. bus-
quem que sua eleição recaia sobre um Professor, ou
Mestre Regio na Corte, cuja probidade, e inteireza rec-
tidaõ, e actividade se inculque decididamente de seu ca-
racter reconhecido, como aquelle Membro principal, ou
cabeça, a quem está encarregado de fiscalizar sobre o
cumprimento das obrigações de todos os outros: e a
quem toca propor cm Meza todos aquelles Planos, que
possam contribuir a beneficio,e engrandecimento do Cofre,
dar todas as providencias a que seja necessário oceurrer
promptissimamente, etc.
§ 3. Ainda que se recommende muita maduração nos
votos para a Eleição do Provedor da Meza, todavia não
he porque a mereça menos a dos Deputados Ordinários, e
mais Membros da Meza, e mesmo os Extraordinários;
pois que do seu conselho devem resultar todas as Reso-
luções, e Deliberações da Meza ; e muito especialmente
sobre os votos para a Eleição de um Membro, que além
dos encargos, que nella exercita de Enfermeiro Mór, he o
Vice-Provedor da Meza nos impedimentos daquelle. A
elle toca a visita de todos os Doentes Tencionarios deste
Monte-Pio para os que residirem ao seu alcance, e o
exigir attestados, certidões, ou proceder a quaesquer
averiguações sobre a existência, estado das moléstias, etc,
dos ausentes para de tudo dar conta em Meza.
Não he ainda o lugar do segundo Deputado de menos
consideração se se attender á extençaõ das suas faculdades
como Promotor da Sociedade em geral, emprego que
VOL. XVHI. N O . 104. L
82 Miscellanea.
exige muita prudência, moderação, humanidade; assim
como um grande criteiro sobre o exame das informações,
que lhe seraÕ necessárias,
Do Thesoureiro.
§ 4. O nome só do lugar indica a importância do
sujeito, que deve exercello: a honra, o desinteresse e a
exactidaõ saõ as virtudes, que devem formar o caracter do
Thesoureiro do Cofre.
Do Procurador do Geral.
§ 5. Tudo o que for tendente a Cobranças, Residên-
cias dos Compromissarios, Pagamentos, Visitas aos Ten-
cionarios, ou informações a seu respeito, pelo que pertence
á sua legitimidade, e outros exames sobre Requerimen-
tos, que lhe possam ser commettidos pelo Provedor, per-
tence ao Procurador do Geral.
Do Secretario.
§ 6. Se he difficultoso achar um exacto Official de
Fazenda pelo melindre, e sciencia, que requer; quanto
mais o será se a estas circumstancias se lhe ajunctarem as
de um expedito Secretario, além das que requer ainda
um hábil Guarda-Livros ? Tal he a extensão da3 fa-
culdades deste importante lugar; que bem se pôde
chamar o braço direito desta Administração: e o que as
conhecer pôde bem avaliar a importância da Eleição
n'um Membro, que as desempenhe.
Dos Deputados Extrordinárias.
§ 7. Sobre os Deputados Extraordinários nada po-
demos, nem nos resta a dizer; pois que conhecidos os
lugares, que elles tem a substituir, fica evidente, que
qualidades se devem nelles requerer.
Miscellanea. 83
Des Eleitores, ou Vogaes para a Eleição.
§ 8. Sabedoria, desinteresse, prudência, e discrição
saõ os fachos, que devem conduzir aos Eleitores na es-
colha dos Membros dignos para a Meza da Adminis-
tração: nós esperamos, que o interesse particular, que
cada um tem na existência, e manutenção deste Monte-
Pio os fará nella proceder com muita madureza, e lhes
aconselhamos suppliquem aos Ceos os auxílios, que pre-
cisam para o bom accerto da Eleição.
Do Continuo.
§ 9. Temos regulado pelo §. 2. do Capitulo IX. o
modo de prover este lugar, e só nos resta advertir aqui,
que além das circumstancias apontadas por entaõ, se
deverá sempre preferir entre os Concorrentes aquelle de
quem se obtiver melhores informações de conducta, fideli-
dade, &c. sendo obrigado a prestar Fiança-Chã, e abonada
por motivo das Cobranças, que será mandado fazer pelas
residências dos Compromissarios.
Termo dApprovaçaõ.
GUERRA no RIO-DA-PRATA.
FRANÇA.
Guerra do Rio-da-Prata.
Deixamos copiadas a p. S9 tres proclamaçoens de summa im-
portância para nossos Leitores: uma do Marquez d'Alegrete,
Governador da provincia do Rio-Grande do Sul, e duas do Ten.
General Lecor, commandante em chefe do exercito que do Brazil
foi invadir o território de Monte-Video.
Sobre estas proclamaçoens, que traduzimos das gazetas lnglezas,
aonde vinham sem data, achamos na Gazeta do Rio-de-Janeiro
de 28 de Outubro, 1816, o seguinte:—" Devemos declarar, que
a proclamaçaõ, que tem gyrado nesta cidade, como feita pelo Te-
VOL. XVIII. No. 104.
106 misceuanea.
que desta vez parece que todos tem achado ser do seu dever re-
prehender o comportamento do Gabinete do Brazil: e assim
mostraremos, que supposto estes senhores tractem muito de menor
os custumes, instrucçaõ, e civilização dos povos do Brazil, no que
em muita parle tem razaõ, ainda assim ha algum natural daquelles
paizes incultos, que tem estudado as sciencias, que se aprendem
nas partes civilizadas do Mundo; e que em matérias politicas
conhece mui bem o que convém ao seu paiz; e como as olijecçoens
tem sido tantas e tam varias, quasi, como saõ aquelles escrip-
tores públicos, eseus repectivos protectores oceultos, responderemos
a todos Classificando as objeçoens.
I o . A falta de attençaõ, e até de politica para com a Inglater-
ra ; porque este Governo naõ tem sido informado doi motivos,
fins ou planos da invasão de Montevideo pelas tropas do Brazil.
2 o . Os inales a que se expõem S. M. Fidelissima, e a falta de
fé com que obra provocando Hespanha sem justo motivo.
3 ° . O temor e receio que deve ter o Brazil dos males que lhe
podem fazer os insurgentes sendo irritados com tam injusta invasão.
Ptimeira série de objecçoens; a Inglaterra.
O custume em que ha muitos annos tem estado este paiz, de
olhar para Portugal como um Estado fraco, e dependente, que em
vinte quatro horas se attravessa de uma parte a outra; tem feito
com que muita gente continuasse em considerar o Brazil do
mesmo modo. Daqui vem, que, havendo a Corte do Brazil nomeado
um Embaixador em Londres, nunca se lhe tornou o cumprimento
de para lá mandar Embaixador ou dar esse character ao Ministro
que lá tinham. E naõ basta para disculpa o dizer, que a Corte
do Brazil caio nessa por se fiar no indivíduo que aqui tinham; lie
verdade que assim he; mas ainda depois de se remover daqui esse
individuo, e continuar a Corte do Brazil a ter em Londres Ministros
Plenipotenciarios, naõ ha Ministro Inglez desta graduação, nem
ainda nomeado para o Rio-de-Janeiro. Logo, se em taes circum-
stancias o gabinete Inglez naõ tem influencia alguma no do Brazil,
nem ao metios sabe dos importantes negócios que por lá vám,
queixe-se de si, pois tracta de bagatella um paiz, que he ma"
importante do que aqui se pensa.
Miscellanea. 109
Mas, além disso, nem o Brazil tem obrigação de dar parte á
Inglaterra do que eslá obrando, ou vai a obrar com as provincias
vizinhas, nem ainda que o Governo Inglez se queira formalizar
por isso, deve o Brazil sentir alguma inquietação.
Um dos gazeteiros (e Ministerial) entra em grandes ameaças;
mas nós lhe perguntaríamos, mesmo no caso que a Inglaterra
tivesse direito de perguntar ao Brazil pelo que está fazendo nas
fronteiras do Rio-Grande, se a mesma esquadra, que, bloqueando
o porto de Lisboa, porta todo o Reyno de Portugal em conster-
nação, seria bastante para bloquear toda a costa do Brazil ?
Diz mui j*alaiitem<*iite uni desses gazeteiros, que se o Brazil,
combinado com os Estados LTnidos puzessem uma cadêa de corsá-
rios desde o cabo de S to . Agostinho até cabo dè Horne, a Inglaterra
tem assas forças marítimas para coinboiar com uma esquadra cada
um de sfiis navios, que viajasse para a índia.—Benij, e quanto
custariam essas fazendas, que occupavam uma esquadra para
comboiar cada navio 1
O que nos admira he, que fosse uma gazeta Ingleza, quem
agitasse a questão do que poderia soffrera Inglaterra, com uma con-
binaçaõ de corsários do Brazil com os dos Estados Unidos, em inter-
romper o commercio da índia: esta idea naõ se devia excitar aqui;
e tanto mais que a antiga aliiança das duas naçoens. exclue toda a
idea de ser preciso recorrer a hostilidades, no C2s> de haver dife-
rença de opininaõ entre ellas, neste objecto.
Porém vamos ao ponto principal. O Brazil tem todo o direito
de proteger suas fronteiras, e portanto tomar as medidas, que
julgar convenientes, a respeito das provincias insurreccionarias
vizinhas. Se a Inglaterra acha que he de seu interesse sab.-r do
que naquella parte distante do inundo se passa a este respeito,
tenha assas providencia para ter na Corte do Rio-de-Janeiro um
Ministro Diplomático de tal graduação e de tam boas maneiras,
que obtenha assas influencia para alcançar essas cousas; e se por
descuido, ou outro motivo, assim naõ obra, queixe-se de si, como
ja dissemos, porque ao Brazil naõ he a quem compete mandar-
lhe dar parte das medidas que Ia está adoptando ; e muito menos
110 íviisceuanea.
pedir licença para obrar o que lhe convém. A Inglaterra naõ
pede licença á Hespanha, e muito menos ao Brazil, para ir cora-
merciar com as colônias revoltadas de Buenos Ayres.
Segunda serie de objecçoens a Hespanha.
Se El Rey de Hespanha naõ tem, como prova o facto, força
bastante para reduzir á obediência as suas colônias nem as obrigar
a que se portem como devem para com os seus vizinhos no Brazil,
naõ se pode escandalizar de que o Gabinete do Rio-de-Janeiro
procure fazer-se justiça por suas maõs, atacando os chefes da insur-
reição, e tomando posse de suas fortalezas necessárias para abrigar
suas fronteiras.
Até este ponto, o comportamento de S. M. Fidelissima he dic-
tado meramente pela ley da própria conservação. Mas suppo-
nhamos que El Rey de Hespanha, naõ attendendo a estas razoens,
assenta que deve vingar por força uma pretensa injustiça; dize-
mos, que naõ tem meios para tal vingança, que S. M. Fidelissima
possa temer.
Um Gazeteiro Inglez disse, que El Rey de Hespanha atacaria
Portugal. A hypothese he impracticavel. Sabe-se, que El Rey
de Hespanha naõ tem meios para sugeitar os seus colonos; que o
exercito de Hespanha esta aarruinado; que o thesouro se acha
exhausto; que o seu exercito naõ chega a 150 mil homens; que
cem mil destes saõ necessários para guarniçoens, e manter em su-
geiçaõ os descontentes mesmo da Hespanha; e os 50 mil que
restam, mal disciplinados, mal pagos, e mal vestidos, seriam derro-
tados pelos experimentados soldados, que Portugal agora possue,
e caso ainda pudessem alcançar algumas victorias, esbarrariam
contra as linhas de Torres Novas, aonde se vio frustrado Massena,
que he um general como naõ tem Hespanha algum, e que com-
mandava tam bom exercito, como os Hespanhoes naõ podem por
nenhum principio ajunctar.
Temos logo, que nem a Inglaterra nem a Hespanha podem levar
a mal, que S.M. Fidelissima use do único meio que lhe resta, para
segurar as suas fronteiras do Brazil, que he apossar-se dos pontos
essenciaes de defeza, por meio dos quaes os chefes insurgentes lhe
estaõ fazendo muitos males, e ameaçando outros maiores; e por-
Miscellanea. 111
Melhoramentos no Brazil.
He com summo prazer que observamos pelas gazetas do Rio-
de-Janeiro, que o Thesoureiro da Sancta Casa da Misericórdia
daquella cidade publicou a sua conta da receita e despeza daquella
útil instituição. Tal he o effeito do bom exemplo ; e que ja em
outra occasiaõ dissemos que tínhamos toda a esperança de o ver
seguido, e adoptado por outras instituiçoens, que saõ ainda de
mais interesse ao publico.
Achamos também naquellas gazetas o annuncio das seguintes
obras, que naquella cidade se achavam de venda.
" Breve tractado sobre o uso e abuso das virtudes e relaçoens de
cousas sobrenaturaes, e do poder do demônio e da natureza, em
ordem a fazer illusoens.
" Historia das imaginaçoens extravagantes de Oufle, causadas
pela leitura dos livros que tractam de Mágica, Endemoninhados,
Feiticeiros, Lobishomens, Phantasmas, Almas-do-outro-mundo,
Sonhos, Pedra Philosophal, Encantamentos; &c.
" Defeza de-Cecilia Farago, accusada de Feiticeira.
" A Arte Mágica annihilada.
O simples oíFerecimento destas obras á venda publica nos mos-
tra, que no Brazil ha patriotas assas entendidos, para conhecerem
a importância de desabusar o povo; elliminando os erros com-
muns em matérias desta natureza; e que tendem a embrutecer o
espirito humano. O apparecerem os annuncios na gazeta prova
também, que S. M. está de acordo em cuidar da educação publica;
e se os seus vassallos instruídos o apoiarem nisto, devemos esperar
os mais felizes resultados.
Também nos informam da Bahia, que se tem formado ali nina
sociedade para ajunctar subscripçoens ; a fim de mandar a Lon-
dres um sugeito hábil, que aprenda o methodo novo das escholas
de Lancaster e Bell; e voltar a estabelecer no Brazil escholas no
mesmo plano. Naõ podemos deixar de dar os mais decididos
louvores aos indivíduos, que para isto tem cooperado; pois es-
tamos persuadidos que, por mais boas que sejam as intençoens
do Soberano, se elle naõ for ajudado pelos homens que podem
VOL. XVIII. N o . 1 0 4 . i'
114
-«-racetianea.
trabalhar e influir no melhoramento da instrucçaõ publica, terá
sempre oGovernoa maior difficuldade em conseguir a illuminaçaõ
dos povos, tam necessária á prosperidade publica.
He verdade que estes esforços encontrarão sempre obstáculos
nas pessoas, que tem utilidade na ignorância dos povos; e nos
homens que julgam, que só pela ignorância se pôde conservar
uma naçaõ em sugeiçaõ ao Governo. Tal gente dará sempre
interpretaçoens sinistras aos motivos dos bem intencionados, que
promov erem a instrucçaõ publica: mas nisto consiste o maior
merecimento, que he fazer face á opposiçaõ, e ter constância em
vencèlla.
Peioramentos em Portugal.
Ha muito tempo que se naõ tem publicado em Portgal um
documento, cujas conseqüências sejam mais funestas á tranquilli-
dade individual, e á prosperidade geral do Reyno, do que o Re-
gulamento d' Ordenanças, que copiamos no principio deste N°.
A accumulaçaõ, porém, de matérias, que temos a tractar, nos
obriga a differír as nossas observaçoens, a este respeito até
N ° . seguinte
Consulado Portuguez.
33, Abchurch Lane, 18, de Janeiro, 1817.
MY LORD! Tendo ajustado um lugar, em que posso ter e sus-
tentar aquelles marinheiros Portuguezes, que saõ objectos dignos
deste auxilio, até que se offereça occasiaõ, opportuna de dispor
Miscellanea. 115
ÁUSTRIA.
COMMERCIO DO B R A Z I L COM Á U S T R I A .
ESTADOS U N I D O S .
Custumamos sempre publicar os vantajosos resultados das
contas de receita e despeza do Governo dos Estados Unidos, para
que os nossos Leytores no Brazil comparem isto com o estado de
seus negócios públicos; porquanto a riqueza do Brazil, e a po-
breza dos Estados Unidos da America saõ taõ evidentes, que naõ
precisam demonstração, e assim, a prosperidade comparativa dos
recursos pecuniários dos dous Governos deve proceder unica-
mente de causas moraes, cuja indagação deve levar ao conheci-
mento do remédio.
Segundo o relatório do Ministro do Thesouro, que acompanhou
a mensagem do Presidente ao Congresso, a receita do Thesouro
em 1816 foi de 59:203.978 dollars; e tortas as despezas, no
mesmo periodo, montaram a 38:745.6.99dollars; o que deixa
um balanço a favor do Thesouro de 20:658.179 dollars; além da
somma, que existia no Thesouro, no 1° de Janeiro de 18l6.
As sommas, que se receberam nas alfândegas dos Estados Uni-
dos, desde Março 1815 até Julho 18l6"(incluídos ambos os mezes)
chega a 28:271-147 dollars, 66 centos; deixando a somma do3
direitos, naquelle periodo, sugeita á diminuição das depezas na
cobrança, que importa 25:6l 6.721 dollars e 84 centos.
Naõ deixa de ser importante o saber, em que proporçoens pa-
gou esta somma cada um dos Estados, porque isso mostra o com-
mercio e gyro em cada um delles :—he o seguinte.
Dollars centos
Nova York 9:920.188 30
Philadelphia 5:685.200 65
Boston 3:579.130 77
Baltimore 3:339.101 11
Charleston 1:047.546 73
Nova Orleans 732.083 13
8
Savannah 521.397
Norfolk 491.150 36
Miscellanea. ] 17
FRANÇA.
A inhabilidade em que se acha o Governo Francez, para pagar
a contribuição aos Alliados, o obrigou a recorrer a duas impor-
tantes medidas: uma o pedir que se diminuíssem 30.000 homens
120
* *4U iwsceuanea.
do exercito de observação j e outra, que se lhe facultasse um em-
préstimo de trezentos milhoens de francos.
Dizem agora, que a viagem repentina do Duque de Weliinglon a
Ingleterra, foi para representar a seu Govemo, que se naõ devia
por forma alguma diminuir o exercito aluado em França; e tam-
bém se assevera, que, a pezar da opinião do Duque, se diminuirão
os taes trinta mil homens; porque nessa diminuição quem mais risco
tem he o mesmo Governo Francez, que pede a diminuição.
O empréstimo naõ he feito pelo Governo Inglez, mas sim por
indivíduos; e esses nem todos saõ Inglezes; e se diz, que os con-
tractadores saõ as casas de Baring e Hope, de Londres; Parisli e
Companhia, de Hamburgo; e outra casa de Paris.
A histoira desta transacçaõ se refere em noticias quasi authen-
ticas da seguinte forma. No 1. de Dezembro do anno passado,
o Duque de Richelieu informou os Ministros de Áustria, Rússia,
Prússia, e Inglaterra de embaraço, em que se achava o thesouro,
causado por extraordinárias e imprevistas circumstancias. e entre
as principaes éra a má colheita, causada pela desfavorável estação,
e que diminuio consideravelmente os réditos públicos. Este em-
baraço tornava impossível o continuar o pagamento da contri-
buição, que até aqui se tinha feito regularmente; e éra o funda-
mento do que se pedia, que durante os mezes de Janeiro e Fevereiro
se naõ exigissem os pagamentos; que, por outra parte, a somma
da contribuição por estes mezes (cerca de 23 milhoens de Franco»)
seria paga nos seis mezes seguintes, com os outros pagamentos,
que se vencessem; sendo de esperar que o Taleigo do Ministro
em 1817, segurasse um augmento de rendimentos. Os Ministros
dos Alliados responderam que naõ podiam convir no que se lhe
pedia, sem obter instrucçoens de suas Cortes; que similhante eon-
cessaõ traria comsigo grandes difficuldades; e que, sem duvida,
uma parte considerável dos Bons que a França tinha dado, muito
tempo antes, para os pagamentos dos dictos mezes, se tinha dis-
posto, e estava em circulação, e seria impossivel recolhêllos. As
conferências porém continuaram até os 6 de Dezembro; e, pelas
indagaçoens que no emtanto se fizeram, se averiguou que dos 23
milhoens e Bons, 18 ainda naõ estavam em circulação. Ot
Miscellanea. 121
Ministros Francezes limitaram entaõ o seu petitorio a estes 18
milhoens; e os quatro Ministros das grandes potências tomaram
sobre si o participar e recommendar este requirimento ás suas
Cortes; e por uma communicnçaõ desta negociação (que foi feita
aos 16 de Dezembro) aos Ministros das Potencicas menores in-
teressadas, convidallos também a sustentar, em tanto quanto pu-
dessem, os desejos da França. Se, como se presume, está obtido
o consentimento das quatro Cortes, os Bont de Janeiro e Fevereiro,
que ainda naõ entraram em circulação, seraõ trocados por outros,
igualmente divididos entre os seis mezes seguintes. O Ministro Rus-
siano, que naõ podia receber resposta, até o 1. de Janeiro, por
causa da distanica de sua Corte, emprehendeo, no entanto, se-
guir a decisaõ das outras tres Potências.
O ter o Governo Francez podido obter tam considerável emprés-
timo de negociantes estrangeiros, se tem alegado como prova da
estabilidade dequelle Governo ; e com tudo, se o Governo Inglez
naõ garantir a divida, e os taes negociantes ultimarem o seu con-
tracto com o Governo Francez; isso, quanto a nós, nada mais
prova do que o estarem esses negociantes capacitados da estabili-
dade do Governo Francez, e o desejarem os Alliados receber as
suas contribuiçoens, seja quem for o que lhas pague. El Rey de
França tem soffrido muito da gota, e seus outros achaques velhos,
de maneira que naõ tem satdo de palácio; e esta circumstancia,
juncta á disposição bem conhecida dos Príncipes de sua Familia,
logo que possam ter ascendência no Governo, naõ serve muito de
apoiar a idea da estabilidade das cousas em França, no meio da
concussaõ dos partidos.
A constituição Franceza acaba de receber nova mudança, pelos
novos arranjamentos que se fizeram na Câmara dos Deputados.
Approvou-se a ley sobre as eleiçoens, segundo a qual os Membros
dequella Câmara seraõ eleitos naõ por eleitores escolhidos para
esse fim, segundo a Carta Constitucional, que naõ ha ainda tres
mezes lhe chamou El Rey inalterável ; mas sim por todos os ci-
dadãos, que paguem tributos na somma de 300 francos.
Outro sim apparecêo uma ordenança d' EI Rey, datada do mez
de Novembro passado, pela qual ordena a renovação dos Mem-
VOL. XVIII. No. 104. Q
122
Miscellanea.
bros da Câmara dos Deputados por um quinto cada anno, e lie a
seguinte :—
Luiz, &c &c.
„ I o Os 86 Departamentos de Reyno saõ divididos em cinco
series,
„ 2 o . Durante a sessão de 1816 se determinará por sorte a ordem
em que as cinco series seraõ chamadas a renovar os Deputados.
„ 3 o . As cinco series seraõ collocaclas segundo a sorte, e assim
numeradas .• a 1* será a primeira renovada; e as outras successiva-
mente, segundo a ordem dos números.
Novembro 27,1816. (Assignado) Luiz.
HESPANHA.
INGLATERRA.
S. A. R., o Principe Regente, abrio a sessaõ do Parlamento
aos 28 de Janeiro, com uma falia, que publicaremos no N° se-
guinte, por naõ admittir o tempo, que appareça agora, nem
trazer matéria de maior importância para nossos Leitores.
Aconteceo porém uma circumstancia importantíssima nesta
occasiaõ, e foi, que a populaça atacou a carruagem de S. A. R.
quando elle voltava do Parlamento, insultou-o, quebrou com
pedradas as vidraças da carruagem, ameaçando a guarda de ca-
vallaria, que o accompanhava, com seu séquito. O Parlamento
deliberou logo sobre este atroz crime; e votou que se apresentasse
a S. A. R. o seguinte memorial, em nome das duas Casas do Par-
lamento :
" S E N H O R ! Nós, os mais submissos e leaes vassallos de S. M.
os Lords Espirituaes e Temporaes junetos em Parlamento, pedi-
mos licença para nos approximarmos a V. A. R. e expressar-lhe
humildemente o nosso horror contra o ultragem offerecido a V. A.
R., que sentimos o mais profundo interesse e indignação, em que
se pudesse achar algum individuo, nos dominios de S. M. ca-
paz de um ataque tam atrevido e flagicioso; e para expressar os
nossos ardentes desejos, no que estamos certos que se nos unirão
os vassallos de S. M. de todas as classes, de que V. A. R. será
servido ordenar que se tomem medidas, sem perda de tempo,
para descubrir, e trazer á justiça, os fautores e auxiliadoras deste
atroz procedimento."
Nós julgamos, que esta circumstancia, postoque verdadeira-
mente de um character atrocíssimo, foi effeito de mera ebulição
momentânea na mais vil populaça, do que na Inglaterra ha
muitos exemplos; e que daqui se naõ seguirão nenhumas conse-
qüências sérias; e esta he também a opinião das pessoas mais bem
entendidas, nos negócios públicos deste paiz.
A falia de S. A- R. ao Parlamento menciona o desfalque das
rendas publicas; pelo que será interessante ao Leitor a vista da
seguinte conta do rendimento, e despeza thesouro.
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126 Miscellanea.
NÁPOLES.
POTÊNCIAS BARBARESCAS.
SUÉCIA.
VOL. X V I I I . N o . 104
CONRESPONDENCIA.
quando por evitar collisoens, se subtrahe ao seu dever, nega o seu conselho,
mostra poucafirmezanas suas rezolluçoens, e deixa ao desamparo maté-
rias graves, que pézam immediatamente na sua responsabilidade. Como
poderíamos entaõ reputar o primeiro digno de ser Cheffe de uma repartição
taõ conseqüente como a Secretaria d"Estado dos Negócios do Reyno, e ainda
mais do eminente Cargo de Regedor das Justiças, presidindo na Rellaçaõ
aonde se decide de vidas, e fazendas > Porém eu, unindo-me á opinião pu-
blica, tenho muita satisfacçaõ eiu o conhecer melhor do que aquelle infor-
mante, e de o reconhecer, e respeitar como digno Magistrado, e homem recto.
Quanto ao segundo, he a minha opinião de que elle se evadio, naô por co-
nhecer que o Negocio levava mâ direcçaõ, mas porque o Publico o naõ pode-
ria suppôr imparcial em um Negocio, em que o Meretissimo Domingos Gomes
Loureiro entrava, e do qual dizia largava nma parte da seu quinhão a seu
Irmaõ Joaõ Nogueira, Administrador Geral do mesmo Contracto na Cidade
do Porto, e actual arremattante do Consulado.
Naõ me cansarei em destruir a Analize, que fez Ratton as razoens frivo-
las ; e pouco decentes (como elle diz) do requirimento do Baraõ do Sobral;
porque todo o Mundo conhecerá, que a tal analize, be que he naõ só frivola,
e soffistica, mas até contradictoria, pois começando logo por dizer—"que
quer fazer a Real Fazenda sócia, ou, para melhor dizer, partecipante dos
lucros do Contracto"—depois diz—" que a Real Fazenda naõ fica sendo
Sócia de Contracto, mas sim senhora delle, e quem o trespassa "—Esta he
bonita ! Pois queria fazêlla Sócia, e naõ ficava sendo Sócia! ! ! Depois desta
incoherencia nada ha que dizer, mas para que o Publico naõ ignore, de que
com effeito na liquidação da parte dos lucros, que pertencessem & Fazenda
Real, sempre podia haver simulação, dificuldade, e mesmo até grande de-
mora, sempre quero lembrar, que Ratton pertendia entrar com esta parte
depois de fechado o balanço, e que este naõ podia fechar-se sem a Escriptu-
raçaõ estar regular, e para isso era precizo terem vindo aquellas contas, que
pertencem ao ramo de Macau, que pela distancia sempre seria tarde, e a
mas horas.
He precizo também desterrar a idea de que os desejos de fazer beneficio ao
Povo, tinham induzido Ratton a propor o abatimento de 6o rs em arratel,
no artigo Sabaõ. Se essas fossem as suas vistas, elle o teria proposto logo
da primeira vez, quando lançou no Contracto, porem elle naõ o fez, e até se
o Governo naõ tivesse mandado ir em Praça segunda, e terceira vez o Con-
tracto, (de que elle tauto se queixou) o Publico naõ saberia de tal proposta,
que elle conservava in mente para um caso desesperado : aprezenta-se com
effeito este caso, apparecendo em Praça em concurrencia com elle a Sociedade
do Baraõ do Sobral, e a de Joze Antonio da Fonceca, e entaõ apparecêo o
Conrespondencia. 133
zello pelo bem do povo ! Quem fez esta proposta em publico foi Joze Diogo
de Bastos, que nas rendas que tem trazido como Prebenda, Mitra, Jogadas
&c, tem obrado de maneira a naõ se fazer popular.
Deve-se porém explicar os enigmas das propostas de Ratton. Duas
couzas continhaõ ellas em apparencia : vantagem à Fazenda Real, e bene-
ficio ao Povo. Vantagem â Fazenda Real naõ era de certo o seu intuito ;
porqne se o fosse, teria desde logo offerecido os 1:440.000,000 reis aque levou
o Contracto quando se vio affirontado; mas elle naõ o fez assim, pois so-
mente offereceo 40:000-000Rs. mais, e foi subindo à porporçaõ que o foram
picando, sem que se possa allegar em contrario desta asserçaõ, o salto vo-
luntário, que deo depois, de 60:OOO.OOORs. para oitenta, que lançou de seu
motu próprio para fazer = maior interesse d Fazenda=pois isso ja foi esper-
teza. Beneficio ao povo também naõ éra, porque se o fosse téllo-hia feito no
primeiro prazo, quando aliás elle queria sustentar, que tinha arremattado o
Contracto, e que de se naõ ter confirmado tal arreinattaçaõ elle tanto se
qneixou.
E ainda bem, que assim aconteceo ! O mesmo Ratton, como zellozo
amigo dos interesses da Fazenda Real, se havia de regallar de o ver subir
mais do que aquillo em que o julgava ter arremattado i8i:OOO.oooRs., o que
de maneira nenhuma deveria promover as suas queixas, antes excitar a sua
alegria, se as expressoens das suas propostas fossem sinceras.
Assentou o tal informante, que o Governo tinha sido excessivo na sua
Portaria; em louvar, sem motivo, (segundo elle diz) o actual Caixa do
Contracto Baraõ de Quintella. O Governo o louvou, porque durante todas
as calamidades de Portugal, nunca elle, nem or seus sócios deixaram de fazer
promptos, e exactos pagamentos. Ora isto sempre he maõs digno de louvor,
do que o comportamento deJoze Diego de Bastos; a respeito de outros con-
tractos em ponto muito menor, e em circumstancias menos desvautajosas.
A opininaõ publica, sim Sr. Se Vmce. aqui estivesse quando apareceu
a primeira proposta de Diogo Ratton, em que elle pertendia que as perdas
se as houvessem (o que Deos naõ permitia, dizia elle) seriam a cargo
da Fazenda Real, em cazos extraordinários, como por exemplo, iovazaõ
de inimigos &c, se Vmce. aqui estivesse, torno a dizer ; entaõ ouviria
cousas bonitas a este respeito, e saberia o conceito em que o publico tinha
aquella Sociedade, em conseqüência de taes proposiçoens. Veria ou ouviria
quando mesmo elle propôs o abatimento do preço do Sabaõ, que esta novi-
dade em lugar de animar o povo, e o contentar, pelo contrario o irritou, e
todos unanimemente desconfiaram de tal proposta: uns diziam, que elle o
queria fazer fabricar em França, outros que éra uma Arremattaçaõ illuzoria
c que depois naõ forneceria os Estancos para commodo do Publico, e todos
134 Conrespondencia.
que ali haviam vistas sinistras, e cavillozas . Eis aqui o conceito que o pu-
blico formava daquella Sociedade, por suas offertas.
Para lhe provar mais claramente a pouca exactidaõ daquelle Correspon-
dente, basta dizer-lhe, que elle nomeia Custodio Teixeira Pinto, e Domingos
Ferreira Pinto Bastos, como Irmaõs de Joze Ferreira Pinto, quando aliás o
primeiro he Primo, e o segundo Pay do dicto Joze Ferreira Pinto. Talvez
se me diga, que esta inexactidaõ he pouco conseqüente, e eu o concedo de
muito boa vontade ; mas também quero que se me conceda, que se elle naõ
sabe exactamente esta circunstancia, e falia nella, menos saberá dos seus
teres, e haveres, visto que naõ estaõ tanto ao alcance de todos como aquella
particularidade. As notas que elle faz de = Rendeiro Abastado = Senhor
de uma Quinta insignificante = Nunca foi Negociante = &c. Saõ despro-
pósitos taõ pueris, que ainda quando aquelle Redactor, por conhecimento
próprio, naõ, tivesse corrigido o seu juizo nesta parte, nunca valleria a pena
de o contrariar; porque o Governo, e o Publico fazem justiça â capacidade
dos Sócios, que arreniatt&ram ; a pezar da assersaõ em contrario daquelle
informante.
Seria muito para dezejar, que elle agora quizesse mostrar ao Mundo, que
elle éra o exacto, e eu o mentirozo ; e eu lhe ensino a elle o verdadeiro modo
de o fazer. Diz elle, ou ao menos quer inculcar, que a Sociedade de Ratton
merecia o conceito do Governo, e do Publico; ao mesmo tempo que a de
Fonceca naõ o merecia nem a um, nem a outro. Eu digo tudo ao contra-
rio. Faça elle agora uma demonstração das forças da Sociedade de Ratton,
tirando de todas as Alfândegas Certidoens dos Direitos, que todos os Sócios
pagam cada anno, e tire outras Certidoens dos que pagam os Sócios de Fon-
ceca, e vejamos quaes avultam mais. O partido éra em seu favor; pois
sendo o Ratton, e todos o seus Sócios Commerciantes, deveriam apre-
zentar uma somma muito maior do que a de Fonceca, da qual os quatro
de Vizeu (segundo elle diz) naõ saõ Negociantes. Assim mesmo estou pelo
confronto, e creio bem que elle naõ aceita o meu conselho.
Sou De V.Mce. &c. AFEIÇOADO.
P. S, Tinha ontittido por esquicimento o tocar em um ponto bem es-
sencial, que aquelle informante tinha invertido, ou por ignorância crassa
ou por malicia eccandaloza. Diz elle, (como prova de que a Sociedade de
Fonceca naõ agradara aos Vogaes da Juncta) que Ratton tinha sido chamado,
quando ja descia as escadas, para vir assignar o seu lanço.
O facto he em si mesmo falso em toda a extensão da palavra, e a verdade
he ; que tendo-se acabado o acto de lançarem, todos saíram da Caza da
Juncta, e depois foram chamados dentro outra vez Fonceca, e Ratton, para
Conrespondencia. 135
cada um assignar o seu lanço; porque essahea pratica para subir a Con-
sulta ao Governo. O mesmo Ratton deve saber isto por experiência; pois
quando elle lançou em concorrência com o Baraõ do Sobral, também este
assignou o seu lanço, naõ obstante ser de io:OOO.OOoRs. menos do que o
daquelle. E porque naõ havia aquelle informante tirar entaõ um argu-
mento, de que isto era porque a Sociedade de Ratton naõ merecia o conceito
dos Vogaes da Juncta, e o tira agora a respeito da Sociedade de Fonceca ?
RESPOSTA A CONRESPONDENTES.
Um Inimigo dos Perversos. A matéria desta communicaçaõ he de tal impor-
tância nacional; e as accusaçoens contra individuos envolvem crimes de tam
atroz natureza, que a sua publicação se toma impossível, naõ se produzindo
mais prova do que a mera asserçaõ de uma assignatura anonyma.
CORREIO BRAZILIENSE
DE FEVEREIRO, 1817.
POLÍTICA.
Portaria.
Tendo eleito o Senado desta cidade (de que sou também
presidente) a um dos seus membros para ir felicitar e bei-
jar da sua parte e da mesma Cidade, a Real maõ do nosso
Augusto Soberano, á Corte do Rio-de-Janeiro j e tendo
também o Exelentissimo Bispo desta diocese deputado
um Ecclesiastico para o mesmo fim ; naõ sendo de forma
alguma compatível com o character publico de um Go-
vernador, representante de S. A. R., em qualquer das
suas colônias, e muito menos compatível ainda com os
verdadeiros sentimentos de fidelidade, amor e respeito de-
vido á augusta e Real pessoa do nosso amável Soberano
o deixar eu, em similhantes circumstancias, de escolher
uma pessoa digna e competente para satisfazer separada
e distinctamente da parte deste Governo deveres tam sa-
grados, em que devo também ser consequentemente o
primeiro; por todas estas razoens e outras mais, e por con-
correrem os requisitos necessários na pessoa do Sargento
Mor Bernardo Jozé de Freitas, único que teve a lembrança
de se me offerecer para um tal objecto: Hey por bem no-
mear o dicto Sargento Mor Bernardo Jozé de Freitas para
•r ao sobre-dicto fim da parte deste Governo, aos pés de
S. A. R.; e terá dita, que invejo, de beijar a Real Tnaôi
Politica. 139
pondo em exacta execução as instrucçoens, que por esta
Secretaria lhe haõ de ser expedidas; e ficando desde ja
nesta intelligencia para o seu devido e inteiro cumprimento.
Macáo, 18 de Março de 1809.
(Assignado) LUCAS JOZE D' ALVARENGA.
INGLATERRA.
Falia do S. A. R, o Principe Regente, na abertura da
sessaõ doParlamento aos 28 de faneiro de 1817,
My Lords e Gentishomens.
H e com profundo sentimento, que sou outra vez obrigado
a annunciar-vos, que naõ tem havido alteração no estado
da lamentável indisposição de S. M.
E u continuo a receber das Potências Estrangeiras as
mais fortes seguranças de sua amigável disposição para com
este paiz, e de seu serio desejo de manterá tranquillidade
geral.
As hostilidades, a que fui obrigado a recorrer, para
vingar a honra da pátria, contra o Governo d' Argel, fô-
ram seguidas pelo mais completo bom successo.
O esplendido feito da esquadra de S. M-, em conjuncçaõ
com a esquadra do Rey dos Paizes Baixos, debaixo da
galharda e hábil direcçaõ do Almirante Visconde Exmouth,
conduzio á immediata e absoluta libertação de todos os
captivos Christaõs, que entaõ se achavam dentro do terri-
tório de Argel ; e á renuncia, por seu Governo, da prac-
tica da escravidão Christaã.
E u estou persuadido, que vós apreciareis devidamente
a importância de um arranjamento taõ interessante á hu-
manidade, e que, pela maneira em que se finalizou, re-
flecte á naçaõ Britannica tam assignalada honra.
N a índia, o haver o Governo de Nepaul recusado ratifi-
car o tractado de paz, que tinha sido assignado pelos seus
Plenipotenciarios, occasionou a renovação das operaçoens
militares.
Politica. 141
Os judiciosos arranjamentos do Governador-General,
apoiados pelo valor e perseverança das forças de S. M., e
das da Companhia da índia Oriental, trouxe a campanha
a um prompto e bem succedido êxito ; e finalmente se
estabeleceo a paz, segundo os justos e honrosos termos do
tractado original.
Gentishomens da Casa dos Communs !
Tenho ordenado, que se vos apresentem os cálculos do
anno corrente.
Elles tem sido formados sobre a plena consideração de
todas as circumstancias presentes do paiz, com o anxioso
desejo de fazer todas as poupanças no nosso estabelici-
mento ,que permittirem a segurança do Império e a solida
politica.
Eu recommendo o estado da renda e despeza publica á
vossa séria attençaõ.
Sinto ver-me na necessidade de vos informar, que houve
diminuição no producto dos rendimentos do anno passado,
porém espero que isto se attribua a causas momentâneas ;
e tenho a consolação de crer, que achareis ser practicavel
o prover ao serviço publico do anno, sem fazer addiçaõ
alguma aos encargos do povo, e sem adoptar medida al-
guma que damnifíque aquelle systema, pelo qual se tem
até aqui sustendado o credito do paiz.
My Lords e Gentishomens,
Tenho a satisfacçaõ de vos informar, que os arran-
jamentos, que se fizeram na sessaõ passada do Parlamen-
to, para o fim de circular nova moeda de prata, tem sido
executados com celeridade sem exemplo.
Tenho dado ordem para que entre immediatamente em
circulação a nova moeda, e espero que esta medida pro-
duzirá consideráveis vantagens no commercio e negocio
interno do paiz.
A pennuria, conseqüente á terminação de uma guerra
142 roíuica.
de tam desusada duração, tem sido sentida, com maior ou
menor severidade, em todas as naçoens da Europa, e
consideravelmente se aggravou com o desfavorável estado
da estação.
Posto que lamento profundamente o aperto que estes
males produzem no paiz, conheço que elles saõ de tal
natureza, que naõ admittem remédio immediato; porém
ao mesmo tempo que observo, com peculiar satisfacçaõ, a
fortaleza com que se tem soffrido tantas privaçoens *. e a
activa beneficência, que se tem empregado para as miti-
gar, estou persuadido de que os grandes recursos de nossa
prosperidade nacional se naõ tem essencialmente dimi-
nuído, e entretenho a confiada esperança de que a energia
natural do paiz vencerá, em naõ distante periodo, todas as
difficuldades, em que nos achamos envolvidos.
Considerando a nossa situação interna, naõ duvido que
sentireis uma justa indignação, vendo as tentativas, que se
tem feito, para tirar partido da penúria, em que se acha
o paiz, com o fim de excitar um espirito de sediçaõ e de
violência.
E u estou mui bem convencido da lealdade e bom senso
da totalidade dos vassallos de S. M,, para que os sup-
ponha capazes de serem pervertidos pelas artes, que se
empregam em os seduzir; porém estou determinado a
naõ omittir precaução alguma para preservar a paz pu-
blica, e para frustrar os desígnios dos descontentes: e des-
canço com a maior confiança no vosso cordeal apoio e
cooperação, em manter um systema de leys e de governo
do qual temos tirado vantagens inapreciaveis, que nos tem
habilitado a concluir, com gloria sem exemplo, uma con-
tenda da qual dependiam os melhores interesses do gênero
humano, e que até aqui nós temos conhecido ser, como
reconhecem as outras naçoens, ornais perfeito queja mais
coube em sorte a povo algum.
Politica. 143
GEORGE P . R.
FRANÇA.
COLÔNIAS FRANCEZAS.
COMMERCIO E ARTES.
RÚSSIA.
LITERATURA E SCIENCIAS.
naiural a qoe elle finalmente chega, que convém mais ao Governo ser credor,
V '«wAr. Sempre o amor dos paradoxos deve ter muito poder, para
{.mor coniwtar unia proposição. Veja-se o Estado doCommerc. da Fraçc
CHI. Sccç.IIeIII.
Z 2
180 Literatnra e Sciencias.,
lhas de conveniência reciproca, saõ exactamente da mesma
natureza das trocas de mercadorias, ou de immoveis, que
algumas vezes se praticam; c portanto naÕ retardam
tanto a circulação do numerário em fazerem as suas ve-
pes, como este capital a accelera mettendo no commercio
novos valores para gyro.
Tornemos portanto á nossa distineçaõ entre o papel-
moeda e o capital immaterial*. O papel-moeda, que
comprehende os bilhetes de banco, cuja circulação he livre,
da mesma sorte que aquelles cuja circulação he forçada,
perde-se tanto em o ter guardado como se fosse dinheiro
de metal; porque guardado he um capital estéril, que
poderia render emprestando-o, ou empregando-o no com-
mercio. Por isso he que, os que tem bilhetes em seo
poder, apressam-se o mais que podem a fazellos girar, sob
pena de perderem os juros do seo capital. Estes papeis
passam por tanto de maõs em maõs, para facilitarem as
trocas, em sentido contrario, seja da mercadoria, ou do
verdadeiro capital immaterial.
Naõ ha razaõ para que o movimento do papel-moeda
seja mais lento que o do dinheiro de metal; e delle devem
resultar os mesmos effeitos que da introducçaõ de uma
nova quantidade de moedas metálicas. Por haver mais
papel nem por isso o antigo numerário terá mais valor
do que tinha antes da emissão daquelle; pois os dousdi-
nheiros entre ambos saÕ iguaes á alíquota desconhecida da
riqueza movei, que, segundo a velocidade dada, basta
(Continuar-se-ha.)
1S$
MISCELLANEA.
(Continuada de p. 68.)
INGLATERRA.
PORTUGAL.
MAPPA GERAL*
Da Receita e Despeza do Cofre do Monte Pio dos Professores, e mais Pessoas
com Empregos Públicos na Corte e Reyno, em os primeiros dez mezes da
Administração que terminaram no ultimo de Dezembro do anno próximo
pretérito, pela Meza que foi reconduzida, para intelligencia dos Interessam
dos, e noticia do Publico.
1816.
RECEITA.
DESPEZA,
ESTADO ACTUAL.
751.030
Existente em Espécie.
No Deposito publico 596.000
Apólice 100.000
Remissões 68.800
Em Cofre. . 34.355
Commissões 159.200
958.355
Totalidade.
Em Cenero 781.030
Espécie 958.350
Tencionarios 66.240
Loterias 17.300
Ordenados . 53.600
Extraordinários 63.100
1:939.625
OD 2
212 Miscellanea.
EsTAbos U N I D O S .
O Congresso dos Estados Unidos passou um acto, pelo qual pro-
hibe que em seus portos se armem navios, para andar a corso ou
coinmetter hostilidades contra alguma Potência, das que estaõ em
paz com aquelle paiz.
A razaõ politica, que se assigna a esta providencia, he a re-
presentação que tem feito o Ministro Hespanhol, contra os arma.
mentos, que nos Estados Unidos se fazem, a fiivor das colônias Hes-
panholas em insurreição.
Estas medidas publicas do Governo saõ mui decididamente contra
a inclinação dos povos; e n' um paiz de taes intsituiçoens políticas,
mui difficultoso será ao Governo levar a diante medidas, a que he
opposta a opinião publica, e o interesse naõ só dos indivíduos,
mas até da mesma naçaõ em geral.
O Governo Hespanhol conhecerá isto mesmo, mas a sua impo-
tência o fará disfarçar insultou, que naõ pode vingar ! porque naõ
pôde duvidar-se nem das muitas razoens, que induzem a esta aliiança
dos Estados Unidos com as Colônias Hespanholas, nem a impossi-
bilidade, em que se acha a Corte de Madrid, de arrostar contra os
Estados Unidos, para os obrigar a prestar-lhe attençaõ a suas re-
presentaçoens.
TRANÇA.
HESPANHA.
INGLETEERA.
NAroi-ES-
Achamos publicada, em algumas gazetas, a seguinte favorável
relação, do estado actual dos negócios públicos no Reyno de Ná-
poles, e, ainda que supponhamos nisto alguma exaggeraçaõ, he do
nosso dever publicar estas importantes noticias, que passam sem
coiitradicçao. O artigo he datado de Napoies, aos 2 de Fevereiro;
e diz assim:—-
" O nosso Governo tem formado com a Áustria a mais intima
aliiança. Se julgarmos pelas nossas relaçoens politicas, supporia-
mo*, que Fernando éra do sangneda Casa d' Áustria, em vez de ser
descendente dos Bourbons. Comparados com o resto da Europa,
naõ temos muita razaõ de nos queixar. A nossa situação financial
tem ido melhorando ha alguns tempos a esta parte. As inscripçoens
tem subido de 52 a 59 por cento, e em todos os ramos do sei viço
publico Saõ os pagamentos feitos com pnnctualidade. M. Nasetti,
o Ministro da Marinha, porém, he accusado de negligencia.—
O melhoramento de nossas finanças he attribuido a um empréstimo
de 10 milhoens de francos, e a algumas operaçoens fwaneiaes do
Miscellanea. 21D
Cavalheiro Hcdici, que tem sido bem succedidas. Os Ministros
publicarão em breve tempo um relatório sobre os rendimentos e des-
per.as do Estado. O rendimento, sem incluir o de Sicilia, chega
a 17 milbones de ducados Napolitanos. Os tributos cobram-se com
muita facilidade; e devemos isto ao systema Francez,que o presen-
te Governo, com bastante propriedade, tem continuado, visto que
nada pode ser mais desastroso para o Thesouro publico, do que a
mudança repentina, no modo de cobrar os impostos. Porém,
quando se olha para as despezas extraordinárias dos annos passados,
que chegam a sommas consideráveis, naõ pôde admirar que haja
um déficit, ainda com este rendimento, de 17 milhoens, Alem
disto Lord Bentick pôz o exercito Siciliano no mesmo dispendioso
estabelicimento do exercito Inglez, e a pouca inclinação, que tem
os Napolitanos, para o serviço militar, naõpermilte que se faça dimi-
nuirão no soldo. O numero de officiaes em serviço activo, c os que
nao saõ chamados a serviço chega a 7. 500, He bem sabido que o
maior erro dos Governos instituídos por Bonaparte éra o de empre-
gar demasiado numero de pessoas. O Governo está agora traba-
lhando para remediar este mal, com prudentes reformas em vários
ramos da Administração, o qne produzirá consideráveis poupanças
c fará practicavel a diminuição dos encargos de tributos, fie pro.
vavcl que o Governo naõ excederá este anno o máximo de despezas,
fixo pelo Parlamento de Sicilia, que foi 1:800. 000 onças. Geral-
mente convém todos, que naõ será prudente sobrecarregar aquella
illia, que o rumor comimim diz estar muito rica, porém que de facto
naõ hc assim. As grandes pretensoens da Sancta Sé fazem mui
vagarosos os progressos das negociaçoens entre Roma e Napoies.
Fsle Governo mui a propósito se oppóem á censura dos livros antes
de serem impressos, que o Papa deseja dar aos Bispos. Se se con-
cordar nesta proposição, ficará totalmente extineta a liberdade da
imprensa; porém a Corte de Napoies considera, que hc sufficiente
conceder aos Bispos o direito de expedir as suas pastoraes contra os
livros ja impressos. A Corte de Roma insiste também na prohibi-
çaõ de toda a sorte de culto, que naõ for o da Religião Catholica
Romana, Asseguram-nos que El Rey tem consentido neste ponto»
de que seremos privados da liberdade do culto religioso, no Reyno
de Napoies."
EE 2
220 Miscellanea
SUÉCIA.
WlRTEMBURG.
CONRESPONDENCIA.
PUBUCOLA.
Senhor.
Dizem os Negociantes abaixo assignados, que, estando na posse de
pifar 10 por cento de direitos pelas fazendas d'Ásia, desde o novíssimo Alvará
de 4 de Fevereiro de 1811, se lhe pedem d improviso na Caía da índia mais
222 Conrespondencia.
4 por cento de Donativo j exacçaõ que tem paralisado naõ s*5 todo o despa-
cho, e expedição desta Alfândega, mas arrefecido todas as negociaçoens, pro-
jectadas para alem do Cabo da Boa Esperança, na próxima monçaõ.
Da-se por motivo desta innovaçaõ inesperada, que o Donativo, naõ sendo
Direitos, ficou fora da taxa dos 16 do Alvará. Hé verdade, que os 4 por cento
principiaram por offerta dos Negociantes da Praça, para reedificaçaõ das
Alfândegas, e seus Armazéns; mas se depois d'acceite este Dom, e incorporado
nos próprios da Coroa, tornando-se de voluntário em necessário, conservou o
nome primitivo, nem por isso deixa de ter a indole de tributo, e de ser perce-
bido como tal.
O Alvará, alem disto, mandando no §32, que as Fazendas d'Ásia paguem só
16 por cento, naõ pode entender-se que nelles naõ incluísse o Donativo; Primo,
porque, se o quizesse excluir, o teria declarado expressamente, como era indis-
pensável em matéria de Direitos, de sua natureza restrictissima. Secundo,
porque, pagando até alli as Fazendas 32 por cento, em que era comprehendido
o Donativo dos 4 por cento, e querendo V. M. que d'alli por diante pagassem só
meios Direitos, como se collige do mesmo §, naõ pôde de nenhuma forma con-
ceber-se que dos 16 por cento, que hé a metade, ficassem excluídos os 4 de
Donativo. Esta hé a letrada Ley, e o seu espirito, que melhor se conhece
remontando âs suas cansas.
A Inglaterra, que de tempo immemorial anhelava por introduzir as manu-
facturas d*algodaõ neste Reyno, conseguio em 1810 este triumpho da sua indus-
tria. V. M. conhecendo logo, que a entrada dos tecidos Inglezes seria nm
golpe mortal ao nosso Commercio d'Oriente, porque as Fazendas, pagando,
alem de grandes fretes, 38 por cento de direitos, naõ podiam competir com as
lnglezas, que só pagam 15, houve por bem reduzillas a 16 por cento, para
aproximativãmente as nivelar. Foi o Alvará de 1811 como um correctivo do
Tractado de 1810.
Ora, se esta foi a mente do Alvará, como poderá crer-se que V. M.
abaixando a 16 os Direitos, quizesse que sobre elles se pagassem mais 4, se
assimficavaperdido todo o equilíbrio entre as mercadorias Asiáticas, e ln-
glezas ? Os Inglezes pelo Tractado podem importar em todos oi Dominios de
V. M. os productos da sua cultura, e das suas Fabricas, ou sejam da Europa, ou
das suas possessoens nas outras partes do Mundo. Quem os impedirá pois
de trazerem a Portugal, e ao Brazil as Fazendas de Bengalla, tendo o favor de
5 por cento, nos direitos d'entrada? Elles, que os carregam dobrados a toda a
importação em Navios Estrangeiros, pagariam neste caso 15 por cento, e os
Supplicantes 20, com esta differença ainda, que aquelles seriam calculados
sobre o valor dasFactnras; e estes sobre o da pauta, feita em tempo, que as
fazendas se vendiam pelo dobro do preço que hoje valem; o que faz que os
actuaes 16 por cento que pagam, saõ mais pezados que os antigos 32.
Conrespondencia. 223
Na Arithmetica das Finanças dous e dous naõ sommam quatro Naõ saõ
OB grandes direitos que avultam, saõ os freqüentes multiplicados. A expe-
riência o tem mostrado. Depois que V. M. abaixou os das mercadorias da
Ásia, tem os Supplicantes entretido neste negocio de dez a doze Navios por
anno,e estes com meios Direitos tem rendido muito mais qne dous ou tres,
que antes seguiam nesta carreira.
Este Commercio, de primeira maõ, tem naõ só provido o consumo interior
por melhor preço que o das mercadorias Europeas, mas abundado o nosso
mercado paracopiosas e pingues baldeaçoens, seu principal objecto, tem oc-
cupada a navegação mercante, sem a qual naõ pode haver Marinha Militar,.
tem deixado interesses aos Especuladores, fretes aos Proprietários dos
navios, prêmios aos Seguradores e importantes Direitos ao Estado.
Todas estas vantagens, que principiaram a diminuir depois da paz geral,
pela afluência dos Americanos em todos os portos da Europa, seraõ perdidas
de todo pelo augmento dos 4 por cento, que recahindo já sobre os 16 contados
sobre valores excessivos da Pauta, naõ podem deixar d'amortecer as nossas
negociações Asiáticas; e Lisboa, chamada pela Natureza a ser o Empório do
Commercio do Mundo, como já foi nos faustos diaa da Monarchia, acabado
este ramo de negocio, perdido para nós o do Brazil, comendo, e vestindo
do Estrangeiro, offerecerá o doloroso espectaculo da sua decadência total, se
V. M. lhe naõ acudir com sabias providencias, e novos regulamentos, aná-
logos ás nossas circumstancias actuaes.
Naõ saõ isto, Senhor, terrores pânicos; saõ effeitos infalliveis de causas
necessárias, que ha muito sentimos, e que deverá peiorar, se a tempo se lhe
naõ ministrar remédio. Naõ temos que vender, saldamos já o nosso ba-
lanço passiyo com precioso cunhado. O abatimento dos câmbios mostra o
nosso estado ruinoso, e precário.
Os Negociantes e os Artistas, saõ por assim dizer Cosmopolitas, seguem o
Commercio, e a Industria, qne, depois da Agricultura, trazem a abundância
e as riquezas, que fazem a prosperidade, e a força das Naçoens. Os Estran-
geiros, ou desertam daqui, ou já naõ vem; porque, naõ achando como d"antes
as nossas abundantes producçoês coloniaes, naõ tem em que especulem, e os
Nacionaes, por mais devotos e apegados que sejam ao paiz, todos os milagres
do seu patriotismo seraõ estéreis para elles, e para o Estado, se o Estado os
naõ ajudar, e proteger; e o melhor plano de conseguir este fim salutar, será
reformar as tarifas das Alfândegas, diminuir os Direitos das entradas, e das
baldeaçoês. Este será o único meio de continuar o Commercio d'Ásia, e
d'attrahir outra vez os effeitos do Brazil aos portos de Portugal. Hé preciso
aproveitar a nossa posição geographica,ftizerde Lisboa o entreposto, e escala
do Commercio do Mundo, e nada disto se pode obter senaõ pela modicidade
dos direitos, mais productiva que todos os systoma» restrictivos, que podiam
224 Conrespondencia.
convir ao nosso antigo regimen Colonial, mas nao ao presente, que reúne
todas as partes do vasto Império de V. M.
A abertura do Brazil a todas as nações, a sede do Throno no Rio-de-
Janeiro exigem novas Instituições da sabedoria e beneficência de V. M. Os
Supplicantes que as esperam, entretanto.
P. a V. M. seja servido mandar declarar á Casa
da índia que os 4 por cento do denominado Do-
nativo, se entendem comprehendidos, como até
aqui, nos 16 por cento do Alvará, dando interi-
namente a providencia necessária para se desem-
baraçar o expediente e despacho da mesma Casa,
ha muito tempo suspenso pela nova duvida sus-
citada.
E.R.M.
Resposta a Correspondentes.
POLÍTICA
PRÍNCIPE .
PRDÍCIPB.
Conde de Aguiar.
Rey,
Politica. 239
LISBOA.
HESPAKHA.
Anil
(.Capitania
.Rio 3s. Op
ü
6p 4 | p . por lb.
3s.
ly ecacuanha Brazil. ris. Op 3s. 6fp.
lOs. Op
SJsa Parrilha Pará 4s. Op
4s. 4p. i s . 2 | p .
Óleo de cupaiba . . . . Ss. 3p
Ss. 6p. *ls.
Tipioca. . . .Srazil 6p 8p 4p.
Curocu. ls. 8p
2s. 3p. direitos pagos pelo
comprador.
í em rolo í Livre de direitoa
Tabaco 5p. f por exportação.
' t em folha
8*p.
r 7fp-
9PÍ
8p.
Rio da Prata, pilha-í j 7p. 9Jp. por couro
LC e|p.
A 8p. >em navio Portu—.
r 7§p.
6*p.
7p. [ guez ou Ingleí.
6p.
Rió Grande . . .<* B 4p- 5p.J
lc Couro
3íp.
4s. Õp. 6s. Op.
Pernambuco, salgados 123 38s. 6p. 40s. Op. 5s. 6jp. por 10O.
l_Uio Grande, de cavallo Tonelada 1201. ") direitos pagos
Cíüírea.. . .Rio Grande 71. 81. r pelo comprador
Pio Brazil . .Pernambuco
P;.o amarello. Brazil
Espécie
Ouro em barra . £ 3 18 6 *\
Peças de 6400 reis 3 18 6 f
Dobroens Hespanhoes por obça.
Pezos dictos
Prata em barra 0 51 3
Câmbios.
Rio de Janeiro . 59 Hamburgo SS
Lisboa 57 Cadiz . . 35
Porto . 57£ Gibraltar. 31f
Paris . . . 25 40 .Gênova 44f
Amsierdiun. 12 2 Malta. 46
Prêmios de Seguros.
Brazil Hida 2 Guineos Vinda 2 a 2£ Guineos.
Iiaboa H i •» ii
P«rto U lf a li
Madeira • 1 * H a 1|
A-jOT-y
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•*» da Prata 41 4 .41
Bengala
VOL. XVIU. No. 106. uH
i
1 **A j
LITERATURA E SCIENCIAS.
(Coutinuado de p. 181.)
0 numerário, quer nos empréstimos, quer nas compras,
ta
-õ he senaõ o signal do trespasse de um valor mais
real, uma riqueza mais útil. Este valor he que he a
HH 2
244 Literatura e mciencias.
origem do capital immaterial, e sobre o qual este está
hypothecado. A riqueza movei he a possessão do fructo
do trabalho accumulado do homem, que pode sempre dar-
se em troco de um novo trabalho que se houver de mister.
E a riqueza immaterial naõ he senaõ o direito de exi<n*r
um trabalho novo, separado do fructo do trabalho pre-
cedente já dado em troco.
Todo o capital immaterial provém da entrega ou tres-
passe de uma porçaõ de riqueza material, e geralmente,
movei.* O numerário he quasi sempre o signal desta
entrega ou trespasse, mas este naõ se completa verdadei-
ramente senaõ quando o que o recebe houver empregado
o dinheiro em comprar os objectos de consumo de que
houver mister. Nunca ura homem pede dinheiro empres-
tado para guardar na gaveta. As mercadorias por que
elle o trocar saõ propriedade de quem lhe emprestar.
As que elle fizer produzir, fazendo consumir estas pri-
meiras, saõ a sua hypotheca. A massa de mercancias
permutadas e consumidas, em conseqüência deste con-
tracto, he igual à massa dos créditos; e como naÕ ha em-
prego dobrado, os detensores do movei effectivo naõ saõ
os proprietários desta parte da renda nacional e movei, que
he igual aos interesses devidos a todos os credores, De
uma parte ha uma quantidade negativa igual á quantidade
positiva que se acha da outra.
Os empréstimos contrahidos para manter um trabalho
produetivo naõ empobrecem uma naçaõ, mas também a
naõ enriquecem: he uma parte da riqueza movei, que
MISCELLANEA.
fazia tudo aquillo, para que dezejava estar authorizado pelo Sobera-
no, eque elle lhe tinha denegado. Era um dos empenhos do dicto
Desembargador poder elle pelos seus Avizos, e Decretos impor pe-
nas arbitrariamente, como se vè na Representação feita á S.A.R.
e que o mesmo Senhor refere na dieta Carta Regia de Agosto; e
tinha-se-lhe negado no § 6 essa pertendida authoridade, ordenando-
se, que o Govemo fizesse castigar os criminozos, precedendo sen-
tenças dos Juizes em Alçadas e Commissoens; guardadas as Leys do
Reyno. E era impossível, que S.A. R. decretasse outia cousa,
ou que desse ao Governo de Lisboa um poder, que destruía a Justiça,
e que sugeitava ao despotismo de vassallos as vidas, honras, e fa-
zendas dos outros vassallos, O dicto Desembargador Secretario
substituio ao verbo degradar o outra transferir, e esta, a tudo
remediado. A quem elle naõ podia por Avizos seus degradar da sua
Pátria, e arrancar do meio da sua família, e dos seos bens, para re-
motos climas, porque lhe estorvavam as mais expressas Ordens de
S. A. R., elle os tirava da sua Pátria, e das suas familias, e os en-
viava á esses remotos climas cbamando-lhes transferidos.
Dous Juris-Consultos Romanos, e muito respectaveis, tinham
ensinado a difiniçaõ, que depois seguiram os Juris-consultos de to-
das as Naçoens Civilizadas. Contra Legem faeit, qui id facit
quod lexprohibir, in fraudem vero, qui, salvis verbis legis, sen-
tentiam ejus circumvenie. L. 29. e 30. D. de Legib. E os im-
peradores Theodozio, e Valerio ensinaram também, que unna cou-
sa destas era igual à outra na L. 5- Cod. de Legib. E só deixamos
os nossos Leitores a resolver o seguinte problema, se este arbítrio
de Desembargador Secretario era mais vergonhoso pela criminosa
ousadia, qoe mostrava relativamente á Pessoa de S. A. R., se pe-
lo descrédito, que dava á literatura Portugueza, vendo-se na pra-
tica e em cousas taes, no Século 19. o uso da miserável scholas-
tica, que enredando tudo com as subtilezas de palavras, havia fei-
to a mais horrível guerra a todos os conhecimentos humanos, e os
teria ainda eufibeado se os sábios, e os Soberanos dos Séculos pas-
sados, se naõ tivessem armado tanto para a destruir. Assim mesmo
todos estes seus disvelosforaminúteis sara corrigir o rebelde enten-
Miscellanea. 263
BONAPARTE.
GENERAL.
INGLATERRA.
266 Total.
O numero das pessoas connexas com o General Bona-
parte, excluindo as de tenra idade, chegavam a nove; de •
maneira que se davam 10 garrafas de vinho por dia, para
dez pessoas: e tomando uns dias por outros se podia con-
siderar a raçaõ como sendo duas garrafas por dia para cada
pessoa adulta. Além desta quantidade de vinho, se dava
cada 15 dias 42 garrafas de cerveja, na proporção de tres
Miscellanea. 291
para cada individuo. Tendo dicto isto, esperava que tinha
convencido a Suas Senhorias, de que naõ havia o menor
fundamento para recear que se obrasse para com o Gene-
ral Bonaparte de maneira, que se approximasse de forma
alguma a severidade. As pessoas que estavam debaixo
de suas ordens se haviam portado da maneira mais inso-
jente, para com o Governador; e se Suas Senhorias se
mostrassem inclinados a dar ouvidos a todas as queixas
que elles fizessem, naÕ haveria fim a taes queixas.
Quanto ao Governador, elle naõ poderia manter a sua
authoridade, a menos que se naõ esforçasse por fazer exe-
cutar todas as disposiçoens, que as suas instrucçoens lhe
ordenavam. Se Suas Senhorias pensavam que Bona-
parte naõ devia ser detido em Sancta Hellena, então
libertassem-o; mas se pensavam que devia ser detido.
éra injusto impor ao Governador tam pezada responsabili-
dade, e ao mesmo tempo impedir-lhe que puzesse em
vigor taes medidas, que assegurassem a detenção do prisi-
oneiro, que delle se requeria.
COLÔNIAS HESPANHOLAS.
GUERRA DO RIO-DA-PRATA,
Guerra do Rio-da-Prata.
A p. 294 copiamos as noticias officiaes, que se publicaram
no Rio-de-Janeiro, e que naõ parece serem tam desfavoráveis
como as gazetas lnglezas nos tem querido representar.
Artigas, como nós sempre conjecturamos, que elle havia de
fazer, abandonou Monte-Video ea costa do Rio-da-Prata, para
ir obrar com o maior de suas forças nas margens do Urugay; e
portanto he natural, que logo que o exercito Portuguez tenha
occupado Montevideo, ou o tenha reduzido a assedio regular,
proceda o General Lecor a ajunctar-se com o General Curado,
e encontrarem assim, com o grosso do exercito Portuguez, as
forças de Artigas postadas pelas Missoens, ou no Uruguay;
dahi, se Artigas for derrotado, passará para o interior até
Santa Fé, ou cerca disso, aonde talvez seja difficil alcançallo,
mas também as suas hostilidades naõ poderão montar a mais
do que a pilhagens e roubos, que pelo despovoado daquellas
paragens tem em todos tempo sido fáceis aos salteadres, que se
disfarçam com o nome de contrabandistas.
Pela parte de Missoens, aonde se acha Artigas com as suas ma-
iores forças, tem havido algumas acçoens, de que naõ ha conta
nenhuma official publicada ; porém as noticias particulares dizem,
que o Ten- Cor. Joze de Abreu desalojara os inimigos da foz do rio
Ibicuy aos 22 de Septembro a postara as tropas Portuguezas de seu
commando em Japeja, queficaja na margem direita do Uruguay,
Refere-se também outro ataque entre as tropas Portuguezas, e as
de Artigas aos 3 de Outubro, na parte das Missoens, mas naõ se
diz o lugar nem particularidades, unicamente, que os Portu-
guezes ficaram vencedores.
Sobre isto todos os dias lemos nos Jornaes Inglezes, ainda nos
de melhor nota, noticias de rumores improváveis e contradictonos:
por exemplo em uma das gazetas da tarde veio uma noticia, que
Se dizia copiada do original Hespanhol, segundo a qual o exer-
cito do Brazil fôra derrotado por Artigas, no povo de Sancta
Maria, em Missoens, e que dali fugiram os restos destroçados
para Monte Alegre.
Miscellanea. 299
Nao podemos deixar de lamentar o estado ,em que por tam longo
tempo se tem conservado o Ministério do Brazil, unicamente nas
mtõi de duas pessoas, e agora reduzido só a uma única.
302 -Wsce.Hmi.vvt.
ESTADOS UNIDOS.
O Governo dos Estados Unidos, no seu continuado progresso
de melhoramentos, naõ tem perdido de vista o augmento da ma-
nnha de guerra, em tempo de paz, para se achar provido em
caso de necessidade: como a formiga ajuncta o seu celeiro no
veraõ, para ter abundância no tempo d'inverno. Por uma conta
official apresentada ao Congresso se mostra, que a Repartição da
VOL. XVIII No. 106. QQ
306 Jnisceuanea.
Marinha fizera os seus contractos com indivíduos, no an
1816, para o supprimento de madeira de construcçaõ; e j
madeiramento completo, de carvalho, de uma náo de 74
que deve estrar prompta até os 18 de Julho de 1818, no
que designarem os Commissarios da Marinha; outra ni
linha, que se deve completar em seis mezes; e duas fn
dentro em um anno. Ainda se naõ decidio a final o lugar
se ha de estabelecer o principal arsenal de marinha, dic
estaleiros dos Estados Unidos; porque os principaes offici:
marinha, que se consultaram a este respeito, differem em oj
O commodoro Decatur julgou que o lugar de Gosport éra <
apropriado: o Commodoro Rodgers apontou St. Mary;
Commodoro Porter decidio-se a favor de York. Estas di
opinioens foram oficialmente submettidas ao Senado, o qual
naõ fez a escolha.
Pelo relatório do Secretario do Thesouro se mostrou ao
gresso, que o valor das exportaçoens, no anno que findo
30 de Septembro de 1816, foi de 81:920.452 dollars; dos
64:781.896 dollars foram de producçoens domesticas, e o rei
fazendas estrangeiras.
Pelas ultimas noticias se sabe estar ja decidida a eleiç
Presidente dos Estados Unidos, Mr. Monroe, ficando Mr.l
kins eleito Vice Presidente, por terem o maior numero de
O Governo dos Estados Unidos estava ao ponto de mandi
Agente Oflicicial, para residir juncto ao Governo de Bi
Ayres.
O Congresso se occupava em deliberar sobre um plano,
abolir todos os tributos internos, ficando simplesmente os di
da alfândega, como bastantes para as despezas nacionaes, e
necessários para dar a preferencia nos preços aos productos
nufacturas do paiz.
HESPANHA-
A proclamaçaõ do General Elio que publicamos a p. 240, j
deixa duvida da authenticidade das noticias, que nos referi:
Miscellanea 307
ultimo levantamento em Valencia; e que teve lugar aos 17 de
Janeiro. A causa da insurreição se refere nas uoticias de Hes-
panha, ser uma de natureza temporária e pessoal, contra o General
Eüo; porém nós suspeitamos, que aquellas commoçoens tem
raízes muito mais profundas.
As cartas, escriptas pelos partidistas do Governo Hespanhol,
en que estas noticias se referem, dizem que o tumulto começara
por uma insignificante disputa, á cerca de um novo tributo, que se
impoz sobre o carvaõ. O General Elio, que naõ soffre que nin-
guém dispute as suas ordens, achou que éra necessário exercitar a
sua autliorkkde contra certas pessoas, que se chamavam deputados
do povo; e assim se ateou o incêndio, que esteve ao ponto de invol-
ver toda a capital da provincia Os insurgentes chegaram a estar
de posse de toda a cidade, durante o dia 17; o General Elio fez-se
forte no Castello, e mandou buscar soccorros de fora, e com as tro-
pas, que lhe chegaram, pôde depois socegar o tumulto. Dahi
seguio-se outra disputa, entre Elio, e os Juizes da Audiência; por
que estes naõ quizéram fazer as exeençoens peremptórias, que o
General julgou conveniente; ambas as partes recorreram à Corte
de Madrid; aonde, apenas he preciso dizêllo, o comportamento de
Elio foi mui approvado.
Em uma carta datada de Madrid aos 26 de Fevereiro achamos
algumas noticias, sobre a insurreição de Valencia; "Os negócios
de Valencia" diz a tal carta, "acham-se socegados, em conse-
qüência de haverem prendido varias pessoas, enforcado oito, e terem
fugido outras muitas. O denunciante, que aceusou Recliar, o
patriota que íoí inforcado nesta cidadf.-o anno passado, foi morto por
uma maõ desconhecida aos 18 do corrente, anniversario do dia cm
que elle fez a denuncia. Foi assassinado, e na manhaã de 19 appa-
recêo a sua cabeça espetada em um pao na praça, com a seguinte
inscripçaõ—Divida paga ao heroe Rechar e sens companheiros,
sacrificados por minha atraiçoada denuncia.—Nas provincias de
Biscaya, Santander e montanhas vizinhas, diariamente se fazem
novas prizoens, e segundo as noticias recebidas pelo ultimo correio
ja chega a mais de cem pessoas. Por todo o reyno tem o Governo
308 IU u u i w n c u .
INGLATERRA.
A p. 201 damos um extracto das deliberaçoens do Parlamento
na Casa dos Communs, que he mui importante a nossos Leitores,
porque diz respeito ás relaçoens da Corte do Rkwle-Jaiieiro com
a de Madrid, sobre o território de Monte-Video; pelo que julgamos
««weniente dizer sobre a matéria a nossa opinião, sobre isto, de-
baixo do artigo do Reyno Unido de Portugal Brazil e Algarves.
310 Miscellanea.
A falia de Conde Bathurst, que publicamos a p. 273 c
hida das deliberaçoens do Parlamento na Casa dos Pares
pareceo mui necessária; por conter a refutaçaõ official do
moria escripta por ordem de Bonaparte, que deixamos co
a p. 263.
Pela falia do Conde Bathurst se vê claramente, que o Go
Inglez concede a Bonaparte, uma somma considerável, e
ampla para mantença de um prezo de Estado. Mas ainda
assim naõ fosse, e que Bonaparte estivesse reduzido á hui
situação, em que fôra creado com a sua pobre familia, na il!
Corsega, naõ vemos que dahi se pudesse tirar motivo par
citar a compaixão da Europa.
Além daquella memória, que Lord Bathurst concedeo sei
ciai, publicaram-se em Inglaterra mais dous escriptos do m
gênero. Um he feito por Mr. Santini, que foi copeiro
cousa similhante, de Bonaparte, na ilha de Sancta Hei
outro he uma memória, que se attribue á penna do mcsmi
naparte; e contém uma espécie de justificação de sua
publica.
A obra de Santini, be uma ainplificaçaõ da Memória de
tholon, ornada de anecdotas particulares, com o que se pre
mover a sympathia da Europa a favor de Bonaparte. As li
taçoens de Santini reduzem-se a dizer, que Bonaparte naÕ
viver com o esplendor, que tinha, quando gozava dos roubos
seus exércitos faziam em toda a Europa; ora Santini naõ m
que o mundo seja obrigado a garantir aos salteadores de estr
posse pacifica de suas depredaçoens, nem os prazeres mon
neoa, que podem resultar das riquezas obtidas por similhanti
e Bonaparte naõ pôde ser olhado em outro ponto de vista,
como um chefe de levantados, que em quanto foi bem suc<
podia extorquir, por força, dos povos que opprimia, as contribui
com que se enriquecia; agora porém, que siiccutnbio de todo
que jns exige a continuação prazer es, que naõ tinha adq
senaõ commettendo crimes ?
Quanto á Memória attribuida a Bonaparte; podemos dizer
Miscellanea. 311
reduz ao principio, de asseverar, que tudo lhe éra licito, uma vez que
elle julgava ser conveniente a seus fins: assim, fallando do assas-
sinato do Duque de Enghien, diz, que aquelle individuo lhe naõ
podia fazer mal algum; e que as intrigas, cm que se occupava na
Alemanha, com certa Senhora de grande familia, eram tam bem
conhecidas, como insignificantes; mas que a morte do Duque
devia servir como penhor á França e á Europa, de que elle Bona-
parte naõ tinha a menor tençaõ de se reconciliar com a familia dos
Bourbons, negociando entregar-lhe o reyno, como fez na Inglaterra
o General Monk, com a familia dos Stuarts. Neste sentido era-
lhe conveniente corametter uma acçaõ atroz contra algum individuo
da familia dos Bourbons, e portanto decidio-se a matar o Duque de
Enghien, alias pessoa insignificante e de nenhuma sorte temível.
Esta monstruosa doutrina de Bonaparte se publica ao mundo em
sua justificação, ao mesmo tempo, que se pretende excitar a com-
paixão a seu favor, alegando que naÕ pôde gozar em Sancta Hel-
lena todos os prazeres que deseja; quando o Governo Inglez lhe
dá 12.000 libras esterlinas para sustento de sua pessoa e de seus
criados.
As desgraças de Bonaparte, porém, devem servir de exemplo
e liçaõ aos homens poderosos. Ninguém se compadece daquelle
individuo; porque elle sacrificou a felicidade das naçoens e a
liberdade do gênero humano, ao engrandecimento de sua fa-
mília. Julgou que a grandeza consistia em ganhar victorias, e
preferio o nome de sanguinário conquistador á gloriosa denomi-
nação de bemfeitor do gênero humano. As desgraças poderiam
também alcançállo, ainda portando-se elle de differente modo;
porém ao menos nesse caso lhe restaria a consoluçaõ de obter
as bençaõs, e os agradecimentos dos povos, a quem tivesse
beneficiado; quando na sua actual situação sofTre a amargura
de ver augmentada a desgraça de sua queda, pelo desprezo e
abhorrecimento de todos os homens sensatos e bons, e definha-se
em uma prizaõ, sem que os seus males excitem a commísera-
çaõde ninguém; antes ouvindo as execraçoens daquelles a quem
em outro tempo tractava com o maior desprezo.
312 Miscellanea.
A denominação de prisioneiro, de que elle se queixa, he com
efièito um pouco absurda; e quanto a nós resultou de quererem
ainda algumas naçoens, que o reconheceram Imperador, respeitar
nelle aquella dignidade: mas nesse caso naõ lhe chamassem Ge-
neral, chamassem-lhe Ex-Imperador, ou outro qualquer nome que
fosse próprio; e em vez de prisioneiro de guerra; quando se está
em paz em toda a Europa, chamassem-lhe prezo de Estado; e
como tal sobeja razaõ tem todas as naçoens da Europa e da
America, a quem elle tanto procurou inquietar, para o con-
servar em cadêas, ede maneira que naõ possa mais fazer mal a
ninguém.
Naõ podemos, porém, aqui deixar de notar, que naõ obstante
todas as precauçoens adoptadas, para impedir a communicaçaõ
com Bonaparte, elle achou meios de mandar para a Europa, e fazer
publicar aqui aquelles papeis: logo a sua prisão ou naõ tem o
rigor que se diz, ou a incommunicaçao naÕ se pôde executar
completamente. •-
A embaixada, que o Governo Inglez mandou á China dizem
que fôra mal suecedida, assignam-se varias razoens disso, e a que
mais geralmente se acredita he, qne o Imperador nao quizéra
receber o Embaixador, porque este se nao conformou com as
etiquetas e formulários da Corte de Pekin.
Temos em nossa maõ a copia do memorial, que os mandarins de
Cantaõ mandaram ao Imperador da China, quando as tropas
lnglezas desembarcaram em Macáo a titulo de proteger a cidade,
como fizeram na Madeira. Daquelle memorial he evidente, que os
Chinezes estaõ persuadidos de que a Inglaterra intenta apoderar-se
de alguns territórios do Governo Chinez; e com este temer nunca
a Corte de Pekin consentirá em relaçoens intimas com Inglaterra;
isto expUa por que Lord Amerst falhou em sua missaõ, sem ser
preciso recorrer á sua repugnância em naõ se querer conformar com
as cerimonias da Corte. Como aquelle memorial dos Mandarins de
Cantaõ se refere muito a Portugal, e explica a presente questão,
publicallo-he-mos no nosso No. seguinte, posto que a sua data
seja antiga.
Miscellanea. 313
Conta official do valor das exportaçoens da Gram Bretanha,
desde 1792 até 181ÍÍ, distinguindo o valor dos productos
e manufacturas Britannicas das que saõ estrangeiras ou
Coloniaes.
| Producçoens Mercadorias
e Coloniaes
Manufacturas e Total das
Anno» Britannica s.l Estrangeiras. Exportaçoens.
PAIZES-BAIXOS.
O Clero Catholico recusou cantar Te Deum, nas suas
pelo nascimento do filho do Principe Hereditário da Cor<
legando, que naÕ devia fazer oraçoens por Príncipes, qi
eram Catholicos. Depois manifestou o mesmo Clero a su
tençaõ de ser izento da jurisdicçaõ secular; allegando, qi
gundo os cânones, nenhum poder temporal pode ser supei
ecclesiasticos.
O Principe Episcopal de Broglie,em Gand, occupa aind
tençaõ publica, recusando obedecer á supremacia têmpora
rôa. Pouco depois de Bonaparte ser coroado Imperado
Prelado se aventurou a obrar sobre os mesmos principios.
Imperador, tam zeloso como elle de sua authoridade, deo or
Mr. d'Houdelot, o Prefeito, e a Mr. d'Estaburath, o Gen
Divisão, para metter o Bispo em prizaõ militar, e compor v
gimento dos Seminaristas, que abraçaram os principios rei:
do Prelado refractario. Esta redicula scena teve lugar apps
do na praça publica os recrutas com suas batinas, e maneja
armas como podiam; marchando e exercitando-se debaixo de
mando de cabos e sargentos da Guarda Nacional. Esta med
bitrariade Napoleaõ fez calar o Bispo, que naõ tomou a fazer
as pretençoens de independência temporal do Soberano se
gora,
RÚSSIA.
H e com summo prazer, que recordamos em nosso Perioc
melhoramentos, que se fazem em qualquer parte do Glotx
trazer os homens ao devido estado de civilisaçaõ o que sobr
temos agora a dizer, será, narrando o facto, fazer um elo;
Imperador de Rússia.
Depois de se haverem tirado os paizanos da Esthonia do
de escravidão em que se achavam, restituindo-os aos direito
originalmente pertencem a todos os homens na sociedade ei
Imperador de Rússia tomou medidas para que se fizesse o i
na Curlandia; na assemblea dos Estados, em Mittau, o Go
dor Militar da Provincia, o Marquez Palucci exprinúe a v<
Conrespondencia. 3i5
SUÉCIA
CONRESPONDENCIA.
Oiilá que um tal dia esteja próximo, o nosso coração o deseja, a nossa
fortuna o exige, e a nossa saudade o reclama! Naõ para castigo do
pérfido, mas para satisfacçaõ dos nossos ardentes votos pelo melhor dos
Monarca». Para castigo do pérfido bastaria que o Baculo do Patriarcado
wcahissenasmaSsde um Prelado sábio, recto, e orthodoxo*. elle o faria
entrar noi seus deveres: elle lhe ensinaria qual hé a verdadeira doutrinado
«wig-jlho* o verdadeiro caracter Apostólico: a verdadeira Caridade: a
320 Conrespondencia.
maneira de admoestar, e corrigir sem insultar: elle lhe agradeceria os ser-
viços espirituaes que tem feito aos fieis nas suas obras, e nos seus exemplos.
Que obras? Que exemplos! Elles obrigaram ja alguns Parochos desta Capi-
tal a prohibir que elle subisse á Cadeira da verdade nas suas Parochias; e
quando todos cheguem a conhecer os seus deveres como Pastores zellozos do
bem do seu rebanho, estou bem certo que a prohibiçaõ será geral. Como e
com que fructo pode oTar contra a soberba, o soberbo vaidozo, e insul-
tante! Contra a avareza, o avaro até d'aquillo que naõ tem como reputação de
Poeta? Contra a luxuria, o lascivo impudico, e dissoluto, que desprezando
a obrigação do próprio voto, seduz para o mesmo desprezo a sua cara
Dulcinea ? Contra a ira, o desesperado, que ao mais pequeno, ainda que
justo ataque á sua philaucia, e impostura, sáe com impropérios, calumnias,
injurias, e até alleives ? Contra a gula, o deboxado, e mais acerrimo devoto
do deos Bacho ! Contra a inveja, o invejoso do Camões, como poeta, de
Vieira, como orador, e de todos os sábios, como sábios? Contra a preguiça,
o preguiçozo de empregar o seu tempo em cousas úteis, e só cuidadozo em
infamar, e promover a discórdia ? O dever do orador hé persuadir; mas o
orador sagrado, que persuade a pratica das virtudes, deve ajunctar á força da
eloqüência a eficácia do exemplo: assim o recomenda o Divino Mestre; e
aquelle que desmente com a pratica o que busca persuadir, prejudica mais do
que aproveita.
Mas se o dia dezejado da volta do nosso Soberano ainda se demora; se o
Bacullo ainda naõ tem maõ que o reja, e o monstro continua cada vez mais
assanhado, ache elle ao menos no seu Periódico o justo castigo de seu orgulho.
Castigue-o, naõ o poupe, e creia que assim desagrava aos olhos do Mundo a
sua Pátria, que elle aos olhos do Mundo tem taõ atrozmente insultado. Assim
deseja hnm Verdadeiro.
PATRIOTA
Resposta a Conrespondentcs.
E o amigo da Verdade. O roubo no Terreiro do trigo de
Lisboa, sabemos ser verdadeiro; mas as accusaçoens ao Presi-
dente, e principalmente as outras ao Administrador, e que na»
tem connexaõ com o mencionado roubo, naõ se podem men-
cionar por authoridade anonyma; e por cuja veracidade nin-
guém nos responde.
CORREIO BRAZILIENSE
DE ABRIL, 1817,
POLÍTICA
(Assignado) Marquez de A G U I A R .
S'nr. Arcebispo Eleito d' Évora.
INGLATERRA.
N<\ 1.
Extracto de um officio de Lord Strangford, a Lord Cas-
tlereagh, datado do Rio-de-Janeiro, aos 21 de Junho
de 1814.
No. 2.
Copia de um officio do Conde Bathurst ao Embaixador
de S. M. em Lisboa.
No. 3.
Copia de Um officio de Mr. Canning ao Visconde
Castlereagh.
No. 4.
Copia de um officio de Lord Castlereagh a Mr.Canning.
Secretaria dos Negócios Estrangeiros, 11 de
Mayo de 1815.
SENHOR !—O vosso officio de 10 de Abril, offerecendo
a vossa resignação condicional da Embaixada em Lisboa,
no caso em que o Principe Regente de Portugal abando-
nasse a sua intenção de voltar para a Europa, foi posto
ante o Principe Regente.
Sua Alteza Real conhece plenamente o zelo pelo seu
serviço, que induzio a V. E x a . a emprehender ésla
missaõ; e as consideraçoens, que vos determinaram a de-
sejar resignalla.
Naõ obstante que ha algum tempo, que tem havido forte
razaõ para se suppôr, que S. A. R. tem tomado a resolução
Politica. 341
No. 5.
Extracto do um officio de Mr. Canning a Lord
Castlereagh.
Lisboa, 26 de Mayo de 1815.
Tenho de reconhecer a honra do officio de V. S.
N°. 20; e de pedir a V. S. que ponha aos pés de S. A. R.
o Principe Regente os meus humildes agradecimentoSj
pela benigna e graciosa interpretação de Sua Alteza Real,
O/Io
•* -foiuica.
tanto dos fundamentos porque eu originalmente aceitei
esta missaõ, como daquelles porque offereci a minha con-
diciomal resignação delia.
Os últimos avizos do Rio-de-Janeiro, datados unica-
mente de Março, naõ faliam (segundo me informam)
cousa nenhuma da volta do Principe Regente; e eu real-
mente creio, que nada se sabe aqui de suas intençoens.
E m resposta á outra parle do officio de V. S. naõ me
compete dizer outra couaa senaõ, que, tendo posto a mi-
nha resignação inteiramente nas maõs de V. S. naô tenho
outra anxiedade, nesta matéria, mais do que dizer, que os
meus serviços, em quanto se julgarem que saõ aqui úteis
ao Principe Regente, estaõ absolutamente á disposição
de Sua Alteza Real.
No. 6.
Extracto de um officio de Mr. Canning, a Lord
Castlereagh.
Lisboa 30 de Maio, 1815.
Em contemplação da condicional terminação da minha
missão,julgo que he do meu dever executar, como puder,
aquella parte das instrucçoens do officio de Lord Bath-
urst, de Outubro passado, que diz respeito á escala de
ordenados,-que devem ser adequados para se fixarem per-
manentemente nesta missaõ.
Fazendo isto, terei occasiaõ de refutar as perniciosas
exaggeraçoens, que acho'se tem propagado em Inglaterra,
a respeito dos meos ordenados; exaggeraçoens, e falsas
representaçoens, que V< S. me dará credito por eu as
desprezar, em tanto quanto me dizem respeito pessoal-
mente: mas que he natural, com tudo, que, tanto por meu
respeito como pelo do Governo em Inglaterra, que eu
deixe registrada a sua refutaçaõ.
Politica. 343
No. 7.
Extracto de um officio de Lord Castlereagh a
Mr. Canning.
Secretaria dos Negócios Estrangeiros,
22 de Junho, de 1815.
Estando agora o Governo de Sua Alteza Real infor-
Politica. 347
mado da determinação final do Principe Regente de Por-
tugal, de naõ se aproveitar da opportunidade, que se lhe
offereceo de voltar para os seus dominios Europeos, e t e n -
do-se differido para um periodo indefinito a applicaçaõ que
V. Ex a . foi instruído fazer á Regência de Portugal, para o
emprego de uma parte do exercito Portuguez no Conti-
nente; tenho julgado que naõ éra conveniente demorar
mais o apresentar a Sua Alteza Real a resignação, que
V. Ex a . fez de sua Missaõ em Lisboa; e consequente-
mente tenho ordem do Principe Regente para vos infor-
mar, que elle tem sido benignamente servido aceitar a
vossa resignação, e que vós estaes consequentemente em
liberdade para terminar a vossa Missaõ, quando vos for
mais agradável.
As vossas recredenciaes vos seraõ remettidas pelo pa-
quette na semana que v e m ; e entaõ vos transmittirei as
ordens de Sua Alteza Real, a respeito da pessoa a quem
deveis entregar os deveres da Missaõ, no caso em que
Mr. Casamajorse tenha retirado para aqui.
No. 8.
xx 2
348 rontica.
N°. 9.
Copia de um officio de Lord Bathurst a Mr. Canning.
Secretaria dos Negócios Estrangeiros,
12 de Septembro, 1815.
No. 10.
No. 11.
12.500
No.
No.
(Assignado) CASTLEREAGH.
No.
Extracto de um officio de Mr. Sidenham a Lord
Castlereagh.
Lisboa, 23 de Julho, 1814.
ESTADOS UNIDOS.
I L H A S IONIAS.
PRÚSSIA.
Ao Conselho de Estado.
ROMA.
(Assignado.) P I U S P . P . VIL
RÚSSIA.
COMMERCIO E ARTES
PAIZES-BAIXOS.
N,
i-^l OS Guilherme pela graça de Deus Rey dos Paizes-
Baixos, Principe de Orange, Nassau, Gram Duque de
Luxemburg, &c.
Desejando proceder á execução do que está prescripto
pelo artigo 17 da ley de 21 de Agosto, próximo passado,
relativamente aos nomes de cada medida e pezo, e as suas
multiplicaçoens e subdivisoens. Tomando em conside-
ração que as dietas medidas e pezos saõ ja conhecidas, em
todas as provincias do Sul, por nomes systematicos; e que
consequentemente a exposição destes nomes systematicos
tenderá a fazer com que os habitantes dessas provincias fiqu
em melhor informados e entendam melhor as medidas e
pezos do que se entendem pelos novos nomes. Ouvindo o
relatório do nosso Ministro dos Negócios do Interior, e o
Conselho de Estado. Achamos que os nomes abaixo
especificados eram próprios para serem adoptados e con-
firmados para as novas medidas e pezos; assim como
para as suas divisoens e múltiplos; e para serem em-
pregados na introducçaõ do novo systema; sendo os
nomes systematicos unicamente addictos no presente
decreto, para explicação.
Art. 1. Na conformidade da ley de 21 de Agosto de
1815, o nome de Eli he adoptado para a mesma unidade
de medidas de comprimento, que, segundo o artigo 6
Commercio e Artes. 375
foi descripta e conhecida debaixo do nome systematico
de Metre.
2. Os nomes das sub-divisoens do Eli saõ: —
Palm, para a décima parte (decimetre).
Duim, (polegada) para a centecima parte (decimetre).
Streep (linha) para a milésima parte (millemetre)
3. Para os múltiplos do Eli: —
Roed (vara) para dez vezes o Eli (decometre)
Mijle (milha) para mil vezes o Eli (milometre)
4. O nome de vierkante ell, para o fundamento das
medidas de superfície.
5. Para os quadrados das subdiviçoens do ell.
Vierkante palm (palmo quadrado) para o quadrado do
décimo.
Vierkante duim (polegada quadrada) para o quadrado
da centecima parte.
Vierkante streep (linha quadrada) para o quadrado da
milésima parte.
6. Para os quadrados dos múltiplos do Ell.
Vierkante Roed (vara quadrada) para o quadrado do
quádruplo do ell.
Burder, para o quadrado do decuplo do roede, ou do
ell, que he igual a dez mil ell quadrados (o systematico
hectare).
7. O termo kubicke elle, para o cubo do ell, como
fundamento de todas as medidas de capacidade em
grosso. Cstere ou metre cúbico.)
8. Para o cubo das subdivisoens do ell.
Kubicke palm, para o décimo.
Kubicke duim (polegada cúbica) para o centecimo
do ell.
Kubicke streep (linha cúbica) para o milésimo do ell.
9. O termo Wisse, para uma carga de lenha de um
ell de comprimento, um ell de altura, e um ell de largura.
376 Commercio e Artes.
10. O termo kan (canada) para a unidade da medi-
a dos líquidos: o cubo do palm (litre)
11. O termo Moatze (medida) para a décima parto
do kan (decilitre). E Vingeroed (dedal) para a centé-
sima parte (centilitre).
12. O termo Vat (casco) para o centuplo do kan
(hecto litre).
13. O termo kop (copo) para a unidade da medida
de seco, sendo o cubo de palm (litre).
14. Maatei (pequena medida) para o décimo do kop
(decilitro).
15. Schepel (alqueire) para o decuplo, e
Mudde (Moio) para o centuplo do kop (decilitre)
O nome de Zack (saco) se naõ dará a outra quanti-
dade alem de cem kops, ou o mudde.
Last, para a quantidade de tres mil kops, ou trinta
muddes.
16. O nome de Pond (libra) conforme o artigo 15,
da sobredicta ley, he dada ao pezo da quantidade de
água pura destilada, que pode, no estado de compressão,
ser contida no cubo do quadrado do palm (kilogramme).
17. Ons (conça) para a décima parte do pond.
Lood, para a centecima parte.
Wigtje, para a mililesima parte fgramme).
Korrel (graõ) para a décima milésima parte.
Este decreto será impresso na Gazeta official.
Por ordem de S. M.
(Assignado) A. L. FALCE*
Commercio e Artes. 37 7
(Assignado) J. WICKERS.
SUÉCIA.
—t^^Èíí*-
[ 379 ]
Preços Correntes dos principaes Productos do Brazil.
LONDRES, 25 de Abril, de 1817.
Quanti- _ , , Direitos.
Gêneros. Qualidade. dade. P r c S ° d e '|
fRedondo . 112 lib. õOs. Op. ÍIOS. Opr>
Assucar - A Batido 44s. Op. 47s. Op.
(jVíascavado . 37s. Op. 12 . Op. .Livre de direitos
Arroz .Brazil nenhum. Os. Op. por exportação.
Caffe . . .Rio 66s. Op. 71s. Op.
Cacao . . .Paia . . Í8s. Op. 52s. Op.-
Cebo . .Rio da Prata 57s. Op. 58s. Op. Ss. Sp. por 1121b
Pernambuco libra -a. Op. 2s. IP"!
{
IP ',
Ceará. ls. l l * p ls.
ls. l l p . ls. 7p. por lb.
Bahia. .
Algodão Maranhão ls. l l p . Is. j . y vlOO em navio
Pará . . . ls. IOp. l s lOJp 1 _ P o T* n S u e z w
Anil
Capitania
.Rio Ss. Op
J
fip. 4jp. por lb.
Ipecacuanha Brazil. 10». 6p lis. 6p. 3s. 6fp.
Salsa Partilha Pará 4s. Op 4s. 6p. l s . 2|D.
Óleo de cupaiba . . . . Ss. Op 8s, 8p. 1*. l l | p -
Tapicca. .Brazil Os. 8p IOp. 4p.
Ourocu. . . 3s. 9p 4s. Op. direitos pagos pelo
comprador.
í em rolo 3p. 4 p. > Livre de direitos
Tabaco \ em folha . , f por exportação.
CA 8Jp 8|p.Í
Rio da Prata, pilha^ B 74p, 'IP* ,
6íp.
lc Hp-
64p. I 9Jp. por couro
7Íp. Vem navio Portu-
Rio Grande
•íl
Pernambuco, salgados
6*p.
5ÍP
8
ÍP
6 | p . I goez ou Inglez.
Hp.\
Hp.J
l_Rio Grande, de cavallo Couro 4s. 6p 5s. 6p.
Chifres.. . .Rio Grande 123 40s. 6p. 5s. CJp. por 100.
Pao Brazil . .Pernambuco Tonelada 37s. 6p 1201. 1 direitos pagos
Páo amarello. Brazil 71. ' 81. r pelo comprador
Espécie
Ouro em barra . £0 0
Peças de 6400 reis
Dobroens Hespanhoes
Pezos . dictos
Prata em barra
Câmbios,
3 19
3 16
0 5
0 5
11
HJ
por onça.
R» de Janeiro . 59 Hamburgo . 85 10
Lisboa 57 Cadiz. 3.5
Porto. . 57; Gibraltar 31*
Paris , . 25 20 Gênova 44$-
Anuterdam. 11 19 Malta. 46
Prêmios de Seguros.
Brazil Hida 2 Guineos Vinda a 2Í Guineos.
Lisboa a l\
Porto a li
Madeira a 1#
Adores a 2±
Rio da Prata a 4±
Bengala a 4
3B2
[ 380 ]
LITERATURA E SCIENCIAS,
ECONOMIA P O L Í T I C A D E M H . SIMOJÍDE.
(Continuada de p. 152.)
CAPITULO VII.
(Continuar-se ha)
[ 307 J
MISCELLANEA
COLÔNIAS HESPANHOLAS.
3JE 2
404 Miscellauea.
Infant. Cav. Total.
General Zaraza, em Divisão 1.000 1.000
Dicto em varias partidas - 1.000 1.000
General Marino - - 2.500 400 2.900
Gen. Roxas - - - - - 600 600
Gen. Piar - - - - - 2.000 200 2.200
Coronel Infante - - - - 250 250
General Monagas - - - 700 700
General Cedeno - - - - 1.000 1.000
Quartel General de Barcelona 800
Artilheria - - - - 100
Total das forças de Venezuela 7.900 2.550 10.550
Divisão de Nova Granada 5.000 3.500 8.500
(Assignado) PABLO M U R I L L O .
GUERRA DO R I O - D A - P R A T A .
Rio-de-faneiro 25 de Dezembro.
O Tenente General Carlos Frederico Lecor, com-
mandante da divisão dos Voluntários Reaes d'El Rey, di-
rigio em data de 23 de Novembro ultimo, do quartel-
General do Passo-de-S. Miguel, á Seeretaria de Esta-
do dos Negosios da Guerra, a parte que lhe deo o
Marechal de Campo Sebastião Pinto de Araújo Correia,
commandante das tropas que formam Vanguarda da
sobredicta divisão, de um combate, que houve juncto a
Chafalote, com uma força inimiga de que éra chefe Fruc-
tuoso Ribeiro ; a qual parte, para satisfacçaõ do publico,
aqui se manda transcrever por inteiro.
IU m °. e Ex11»». Senhor!
E m conseqüência do officio, que recebi de V. Ex a .,
datado de 9 do corrente, e das dissposiçoens de marcha
ja communicadas a V. Ex». no meu officio de 12„ sai de
Angustura no dia 16, e vim ficar no Passo-Real-de-Cas-
tilhos, aonde principiaram a avistar-se, sobre as alturas
em direcçaõ de Chafalote, algumas espias, que observa-
Miscellanea. 427
Cavallaria da Divisão.
Tenente Coronel Joaõ Vieira de Tovar : ferido gravemente
Major Duarte de Mesquita : morto.
Capitão Miguel Pereira : ferido gravemente.
Sargento Ajudante : idem.
Sargento Picador : morto.
Officiaes inferiores : ferido gravemente 1.
Cabos anspesadas e soldados : mortos 23.
Dictos : feridos gravemente, 22.
SUÉCIA.
ALEMANHA.
ÁUSTRIA.
ESTADOS UNIDOS.
FRANÇA.
HESPANHA-
COLÔNIAS HESPANHOLAS.
Depois de tam considerável lapso de tempo, sem que tivés-
semos noticias dignas de credito, sobre a guerra civil na parte
septentrional da America Meridional, recebemos agora os do-
cumentos, que publicamos a p. 307, que nos dam uma idea
clara do estado dos negócios públicos cm Caracas, e provin-
cias vizinhas.
Da leitura e comparação daquelles documentos se vè; que o
General Bolívar e o Almirante Brion, chegaram a Margarita,
com a expedição, que tinham preparado cm S. Domingos; que
organizaram na mesma ilha de Margarita um Almirantado,
como tribunal para sentenciar as prezas quetomarem;que
formaram arsenaes cm Pompatar, e esquipáram uma flotilha;
e que o General Bolívar passou á terra firme, aonde se avistou
com os demais chefes, e tractava de ajunctar todas as forças,
que estavam dispersas, para marchar contra Caracas.
Pelas cartas interceptadas, que também publicamos ap. se
vê qual he a situação das tropas Realistas no México; e o modo
porque se portam os cidadãos dot Estados Unidos, nesta contenda.
Nada pôde dar uma idea mais clara do estado de decadência, em
qne se acha o poder Real, do qne as mesmas cortas dos officiaes
empregados uo serviço d'EI Rey contra os Insurgentes, e do Mi-
nistro Hespanhol nos Estados Unidos.
Para quem está ao facto da historia da revolução naquelle*
paizes, he claro, que, desde a dispersão do Congresso de Ca-
racas pelo terremoto, e prizaõ do General Miranda, naõ tem
havido naquella parte dos colônias de Hespanha uma epocha,
que ameace mais decisiva e prompta emancipação do poder da
Metrópole; o que será fácil conhecer-se, pela -respectiva pro-
porção de forças dos dous partidos oppostos; como se vé dos
mesmos documentos acima citados.
Miscellanea. 451
Estas circumstancias sefizeramtam palpáveis em Hespanha,
que até o mesmo Gabinete de Madrid, cego como tém estado,
vio que lhe éra preciso recorrer a meios de conciliação, visto
que naõ se podia contar com outro terremoto a seu favor, e
sem o qual as colônias de Caracas saõ irremissivelmente per-
didas.
Para isto ouviram os Ministros Hespanhoes a opinião do
Conselho de índias, o qual consultou os negociantes de Cadiz,
que se inclinaram á conciliação, contra o que votava Cevallos;
mas,removidoeste Ministro, se decidio, que se pedisse a me-
diação de Inglaterra, e nessa negociação dizem que se trabalha
agora.
Segundo o rumor, que corre era Londres, foi um Inglez.
Mr.Vaughan, quem veio encarregado por El Rey de Hespanha,
para propor a negociação ao Governo Inglez, Assevéra-se, com
bastante confidencia, que tu proposiçoens de S. M. Catholica ao
Governo Inglez, pedindo-lhe auxilio contra as colônias revolta-
das,fôramnaõ só peremptórias, mas ameaçadoras; dizendo-se,
que, se a Inglaterra naõ con viesse no que se lhe propunha, se
obteriam 05 auxílios necessários do Imperador de Rússia, a quem
Hespanha cederia por este serviço, a ilha de Minorca, que
S. M. Imperial deseja muito alcançar, para estabelecer o seu
deposito marítimo no Mediterrâneo.
Convém portanto considerar, quaes seraõ as conseqüências
deste plano da mediação Ingleza, Era primeiro lugar, quaes
saõ as vantagens, que a Hespanha pôde propor á Inglaterra,
para a induzir a entrar nesta mediação, e em segundo lugar,
quaes saõ as vantageas, que a potência medianeira pôde pro-
por aos insurgentes, para os induzir a submetterem-se quieta-
mente á Hespanha; ou que partido se pôde propor a esta para
que largue por maõ todas essas colônias, que estaõ cm estado
de revolução.
Pelo que respeita á Inglaterra, tem ella o seu commercio
franco em todas as colônias Hespanholas revoltadas, e ainda,
por via de contrabando, nas outras que estaõ sugeitas ao par-
3 i í
452 Miscellanea.
tido Realista; e que vem a ser Lima, e México; porque mes-
mo em Puerto-Rico, a pezar das prohibiçoens da Corte de
Madrid, os Governadores se tem visto obrigados a abrir os
portos ao commercio estrangeiro, para naõ morrerem de fome.
Nestes termos apenas se pôde suppôr que a Hespanha tenha
alguma vantagem que offerecer á Inglaterra, para que esta se
esforce em trazer aquellas colônias outra vez ao jugo da Hes-
panha, a menos que naõ seja o ficar pertencendo á Inglaterra
o direito exclusivo de commerciar depois com aquelles paizes.
Mas i consentirão os Estados Unidos, e ainda mesmo o Brazil,
nessa exclusão ?
Mas supponhamos, por um pouco, que a Inglaterra se em-
penhava neste plano, quando naõ fosse pelos lucros que es-
perasse, pela gloria cavalleiresca de defender a legitimidade,
em qae he tanto moda fallar. Temos ainda outro obstáculo
a vencer, que he o achar alguma vantagem, que se possa pro-
por aos Insurgentes, e que equivalha ao estado de independên-
cia em que uns se acham, e que outros esperam. Se a Ingla-
terra, como medianeira, naõ propozer aos Insurgentes algum
equivalente pela submissão á Metrópole, he claro que naõ
obrará como neutral, pois exige de uma parte a cessaõ da-
quillo que constitue a questão, sem lhe dar equivalente; e
nunca os Americanos Hespanhoes julgarão como tal, o direito
de negociar com os Inglezes somente; porque isso tem elles
agora, sem que precisem pedillo por favor a ninguém.
A Potência medianeira também naõ tem que propor á Hes-
panha, a menos que naõ seja a submissão das colônias; por-
que, na supposiçaõ de sua independência, naõ ha termos que
faça conta á Hespanha aceitar.
Se a proposição for, que a Hespanha reconheça a indepen-
dência das provincias, que tem formado j a seus Governos
Supremos, e que fique mantendo as colônias, que ainda lhe
prestam sugeiçaõ; naõ he para isso necessário mediação; pois
um decreto d'EI Rey de Hespanha pôde fazer o mesmo.
Nestes termos julgamos, que em todo o caso a mediação de
Miscellanea. 453
Inglaterra ha de ser infructifera; a menos que o Gabinete In-
glez se naõ decida a usar da força, para fazer aceitar por uma
das partes as suas proposiçoens; e entaõ temos acabada a
neutralidade, em que se funda a mediação; e a contenda to-
mará nova face.
Uma gazeta de Bermuda do 1°. de Fevereiro contém a tra-
ducçaõ do seguinte documento, publicado pelo general dos In-
dependentes, Marino.
" Tractado, entre o Governador da ilha de Trinidad, e o
General Marino, em nome dos Districtos Independentes de Ve-
nezuela :
" 1. Todos os escravos pertencentes à ilha de Trinidad,
achados nas Provincias Independentes, seraõ entregues, assim
como as suas canoas, e qualquer propriedade Ingleza, que elles
possuam.
" 2. Os vassallos de S. M. Britannica poderão fazer com-
mercio livre com as dietas provincias.
" 3. O porto de Maturin será aberto aos vasos de S. M.
Britannica.
" 4. A pescaria nas costas das Provincias Independentes
será livre aos vassallos de S. M. Britannica.
" 5. As Provincias Independentes teraõ iguaes privilégios,
pelo que respeita a propriedade de seus indivíduos, conforme
em tudo ás que concede ao General de Trinidad, no Artigo I o .
" 6. O commercio dos Independentes terá a mesma liberdade
em Trinidad, que elles concedem aos vassallos de S. M. Bri-
tannica no Artigo 2°.
" Quartel-General de Ia Guira, em 23 de Julho, de 1816,
6o anno da Independência.
Deste tractado se vê mui bem, que a Inglaterra naõ pôde ter
interesse immedíato na submissão das colônias Hespanholas á
Metrópole; porém ha outro ponto, que devemos considerar,
nesta mediação; que vem a ser a ingerência de Inglaterra
paraque S. M. Fidelissima desista da guerra, que está
fazendo contra Artigas, no território de Monte-Video. Sobre
454 Miscellanea.
isto se tom escripto bastante nos Jornaes Inglezes, cujas noticias
evidentemente lhe saõ communicadas pelos Agentes de Buenos-
Ayres; e sobre que elles raciocinam sem achar embaraço; porque
pela parte do Gabinete do Rio-de-Janeiro se naõ tem feito expli-
caçoens algumas.
E6tas gazetas lnglezas, e ainda mesmo jornaes Portuguezes,
que sabem tanto destas matérias como os Bernardos entendem de
Lagares de azeite, tem asseverado, até aqui, que a invazaõ de
Monte-Video pelas tropas do Brazil éra feita de concerto com a
Corte de Madrid: agora sairam-se com a descuberta, de que EI
Rey de Hespanha tanto se irritou com aquellas medidas do gabi-
nete do Rio-de-Janeiro, que até se hesitou em Madrid, quando as
Princezas chegaram do Brazil a Cadiz, se El Rey devia ou naõ
recusai las, e dizer-lhe que se fossem para Iisboa; e asseveram
mais, que os Ministros Hespanhoes propuzéram a seu amo, que
procurasse casar-se com uma Princeza Russiana, quebrantando o
matrimônio com a Princeza vinda do Brazil.
Os gazeteiros a que alludimos confessam, que a posse do terri-
tório de Monte-Video naõ he grande offensa á Hespanha; porque
esta ha seis annos que tem perdido aquella colônia; o mesmo
deveriam dizer de Buenos-Ayres: mas queixando-se de futuro
mostram temor de que, se a Corte do Rio-de-Janeiro for bem
suecedida naquella empreza, os Ministros do Brazil ambicionem
tomar outras terras, que lhes saõ contíguas.
O motivo que sè allega para a que o Governo Inglez se intro-
metia nisto naõ achamos que seja o amor da justiça; mas sim o
seu commercio no Rio-da-Prata, que dizem chegar a dous mi-
lhoens esterlinos por anno, empregando também annualmente mais
de sessenta vasos.
E comtudo se allega, para provar a injustiça daquella invasão;
que o Govemo de Buenos-Ayres publicou um manifesto em
Junho de 1816, aonde so diz, que alguns emigrantes descontentes
de Buenos. Ayres eram os que tinham induzido o Gabinete do Rio-
de-Janeiro a emprehender a conquista das Colônias Hespanholas
doRio-da-Prata,
Miscellanea. 455
Deixaremos os mais aranzeis, qne em vez de raciocionios saõ
declamaçoens apaixonadas; ccrmo he dizerem que o Ministro
Araújo (Conde da Barca) foi quem aconselhou a El Key a
atrevida medida de naõ aceitar a protecçaõ dos vasos Inglezes,
quefôramao Rio-de.Janeiro para o trazer para a Lisboa; liber-
íando-se assim dos ferros da Inglaterra, e dos barulhos da Europa.
Se o Conde foi quem deo tal conselho, nunca por isso a alma
lhe dôa.
O modo de intrigar com o mundo a El Rey, he accusállo, e a0
seu Gabinete do Brazil, de vistas ambiciosas e de engrandeci-
mento; asseverando-se que em todas as phases da revolução do
Rio-da-Prata; os agentes do Governo do Brazil se encontram em
toda a parte derramando as suas súanias.
Por este principio se allega, que o General Souza (hoje
Condedo líio-Pardo) fôra mandado contra Monte-Video com 4.000
homens, a petiforio dos intrigantes de Buenos-Ayres; e que o
Governo daquella cidade mandou contra elle 5.000 homens, que
o obrigaram a capitular e retirar-se; mandando depois o Gabinete
do Rio-de-Janeiro um Commissario a Buenos-Ayres, que foi o
Tenente-Coronel Rademaker, ò qual concluio uma convenç.iõ
commercial, que o Governo Independente de Buenos-Ayres rati-
ficou aos 26 de Meyo de 1812.
Nos sabemos, que isto naõ he exacto. As tropas com mandadas
pelo Conde do Rio-Pardo entraram no território de Monte-Video,
naõ procuradas pelos intrigantes de Buenos-Ayres; mas, pelo con-
trario, pedidas por Artigas e contra os de Buenos-Ayres. Retiráram-
se naõ porque fossem vencidas pelas tropas de Buenos-Ayres; ma$
porque o Conde de Linhares, que ainda entaõ éra vivo, persuadio a
El Rey, que mandasse retirar os tropas; porquanto a invasão
éra do desagrado de Lord Strangford, e do Ministro Hespanhol
então no Rio-de-Jatieiro, o Marquez de Casa Yrujo; isto tudo
apoiado pela noticia, que mandou o tal Conde do Rio-Pardo,
da difficuldade dà empreza; difficuldade, que naõ existia, e só foi
inventada nos seus officios, para fazer sobresahir os seus serviços;
como se provou pelo que depois suecedeo; pois quando lhe che-
gou a ordem para S e retirar, estava elle ja de posse de quasi todo o
456 Miscellanea.
território de Montevideo; e mui pezaroso ficou de ser obrigado
a retirar-se.
Quanto á convenção de tregoas e de commercio, concluída
pelo Tenente-Coronel Rademaker em Buenos-Ayres, em Mayo
de 1812; isso foi em conseqüência do systema,que sempre tem
aconselhado os mais -prudentes Ministros do Brazil, q o e se con-
tinue a commerciar com as Colônias de Hespanha, em quanto
possivel for; e naõ porque houvesse peleja com as tropas de
Buenos-Ayres, em 'que ficassem derrotadas as do exercito do
Brazil, commandado pelo Conde do Rio-Pardo.
Noticiaremos porém aqui mais alguns factos, que tem corrido
em Inglaterra; posto que o seu credito seja controvertido; porque
mesmo esses rumores, aqui registrados, nos devem servir para o
futuro.
Ainda que se tenham espalhado em Londres noticias de terem
os chamados insurgentes das Colônias Hespanholas tomado
navios Portuguezes, e ultimamente dous, que vinham da Bahia
para Lisboa; com tudo uma gazeta Ingleza Ministerial deo a
seguinte noticia:
" Ha um rumor de que a Corte do Brazil e os Insurgentes de
Buenos-Ayres concluíram um tractado, pelo qual estes reco-
nhecem a Soberania daquelle, com condiçoens mui vautajosas
para si. Dizem também, que Maldonado, na entrada do Rio-
da-Prata, foi cedido aos Portuguezes."
" Se esta informação for correcta, está decidido o ponto da
mediação. Quando o Governo Portuguez começou a ingerir-se
nos negócios de Buenos-Ayres, se entendeo que o Governo
Hespanhol havia solicitado a mediação das Grandes Potências
Europeas: estas (também se disse) aceitaram a mediação. O
Governo Portuguez, accrescentüram essas noticias, cónsentio
em estar pela sua decisaõ. Porém a negociação e conclusão de
um tractado com os Insurgentes parece ser absolutamente in-
compatível com toda a mediação."
Agora temos de fazer aqui uma importante observação a res-
peito da politica que deve seguir o Gabinete do Rio-de-Janeir»,
para com as Colônias Hespanholas.
Miscellanea. 457
A ingerência do Brazil na revolução de secs vizinhos; princi-
palmente por meio da força armada, deve-trazer com sigo as mais
perniciosas conseqüências.
He logo preciso considerar a medida da guerra, uo Rio-da-Prata,
e posse do território de Monte-Video, como precaução meramente
defensiva, e as hostilidades contra Artigas se devem fazer unica-
maute para repellir os ataques e purtuabaçoens daquelle turbu-
lento chefe de um partido, que naõ obedece a Governo nenhum
estabelecido.
Convém também, que estas intençoens sejam manifestadas às
colônias revoltadas; e que se lhes dê a maior garantia possível de
que a Corte do Rio-de-Janeiro deseja ficar neutral; e que portanto
as hostilidades contra Artigas nem a posse do território de Mon-
te-Video saõ medidas que tenham em visia a ingerência nos planos
dos Insurgentes.
Nós estamos certamente persuasidos, de que taes saõ as intençoens
do Gabinete do Rio-de-Janeiro; e portanto o que aqui recom-
mendamos meramente he, que essas intençoens se façam conhe-
cidas aos Insurgentes por negociaçoens convenientes e a tempo;
para prevenir as más conseqüências de uma falta de intelligencia.
Se porém nos enganamos, e a Corte do Brazil intenta metter.-
seem auxiliar EI Rey de Hespanha para a subjugaçaõ das Colô-
nias, devemos dizer abertamente o que nisso sentimos, e he; que
a independência das Colônias Hespanholas he acontecimento
inevitável; posto que circumstancias imprevistas possam retardar
mais ou menos, ou accelerar mais n'urnas partes do que n' outras
o seu complemento; e nesse caso do bom successo dos Insurgentes
se achará o Brazil com um inimigo vizinho, de natureza revolu-
cionaria, e por conseqüência o mais temível.
Oatra vez repetimos, que naõ suppómos que o Gabinete do
Rio-de-Janeiro seja guiado por estas vistas erradas; posto que
isso se lhe tenha imputado mui abertarnente; e que esses rumores
se tenham espalhado por pessoas interessadas em varo Brazil
envolvido em uma guerra com os Insurgentes, de que lhe
resulte o estrago de seu commárcio marítimo.
Y o t . XVIII. N o . 107. 3M
458 Miscellanea.
INGLATERRA.
ILHAS IONICAS.
PAIZES-BAIXOS.
PRÚSSIA.
SUESIA.
RÚSSIA,
CONRESPONDENCIA.
Carta ao Redactor, sobre os negócios públicos em Pernambuco;
Senhor Redactor!
Pernambuco 3 de Dezembro, de 1816.
Havendo mostrado a experiência, que umas vezes a malicia, e outras
a ignorância e negligencia,abafam as reclamações des Povos, dirigidas ao
Throno dos Soberanos, sentindo-se por isso uma discordância total de Ad-
Conrespondencia. 467
ministrarão dentro dos Estados do um mesmo Principe, e tendo desgraça-
damente ha annos a esta parte permittido a sorte que esta Capitania, aliás
de primeira importância, tenha sido victimas da malignidade e dobrêz das
Authoridades constituidas,que todas, parece que de acordo.só obram em op-
posiçaõ ás justas e pias intenções do mais amado do Soberanos -socorro-me
a V. M ce - em nome destes Povos, para, por meio do seu periódico,
fazer chegar ao Publico, e a quem compete, o conhecimento de alguns
factos, que a naõ serem desconhecidos por S. Majestade, teria ha muito
tempo punido os seos perversos Authores: principarei pelo mais fresco, e
que de mais perto atacou a humanidade. Fallava-se em que os pretos de alguns
estabelecimentos agricolos,na Cidade da Bahia, haviam, ou por deffeito de
educação ou pela deshumanidade dos Senhores, practicado algumas insurrei-
çoens, que apenas apareciam eram castigadas, conforme o pediam as regras
da justiça, e humanidade; murmurava com tudo a classe estúpida, tímida,
e sanguinária, da moderação do Conde dos Arcos, e até dizia, que S. Majes-
tade se desagradava muito da sua conducta a este respeito.
Bastou este sussurro, para. persuadir ao General* desta Capitania, e a
mais algum Magistrado, que a sua falta de mérito pessoal seria bem
supprida, fazendo algum serviço deste gênero, isto he, que no caso de se dar
em Pernambuco o mesmo acontecimento que na Bahia, obrariam de ma-
neira, que merececem do Ministério os louvores, que se dizia serem nega-
dos ao Conde dos Arcos. Apareceo com effeito, entre os negros Congos,
uma discordância de votos sobre a eleição annual do chamado Rey, cujo
exercicio se limita á prezidencia da festa de N. S. do Rozario sua advogada,
e com isto vozes de levante na boca da canalha- Aqui temos o General
em campo, toca a rebate, ajuncta a força militar da Praça,faz marchar a que
estava distante, apresenta um Parque d*Artilheria no adro de uma Jgreja,
innunda as ruas de escoltas, que, á capricho dos Commandantes, pren-
dem os pretos que encontram, entram nas casas de outros, e seqüestram o
que nellas acham, inclusivo moveis e dinheiro, e apparecem finalmente, no
fim de tres dias de diligencias, vinte e tantos prezos na Cadeia, sem mais
corpo de delicto que o do accidente da côr, porém que assim mesmo, saõ
remettidos ao Ouvidor para os perguntar, e devaçar do negocio. Nada
e nada se achou no fim do processo, mais que o direito que lhes assistia para
O Redactor.
3N 2
468 Conrespondencia.
pedirem reparação da injuria, perdas, e damnos a quem injustamente os
prendeo, e por isso fôram soltos, aproveitando com tudo a Real Fazenda
cinco mil cruzados.que foram achados em casa de um preto liberto,fructode
muitos annos de fadigas na sua ocupação de pescador, e que fugio aterrado
da surpreza que lhe fizeram. Deo entaõ a canalha a sua pateada no flm do
Entremez, e a gente sensata desgostou-se de uma medida, que mostrava
nada menos que o temor da parte do Governo, para uma classe miserável.
Quasi dous annos depois, o Ouvidor das Alagoas, que naõ tinha tido parte
neste Drama, sonhou com outro levante de pretos na sua comarca, funda-
mentado unicamente em um batuque de dança,que alguns faziam nas imme-
diaçoens de um Engenho de assucar, e com isto, dá reiteradas partes ao
General, pede forças &c. &c. Coincindem as vontades, e sáe desta Praça
ás nove horas da manhãa, um Marechal de campo dos Reaes Exércitos,—
Comendador da Ordem d'Aviz, e Inspector General, com o seu Ajudante
d'Ordens, caixa batente, á testa de trinta soldados, com ordem para que
de acordo com o Ouvidor, Ofiiciaes de justiça e Venturas,fizesseme a con-
tecessem.
O resultado desta mascarada, foi chegarem aqui prezos seis ou sette
pretos, agarrados cada um na sua casinha, e sem mais corpo de delicto,
que algumas fiexas, e zagaias, que se lhe acharam, armas de que usam
naquellas terras, para matarem os grandes peixes na Alagôa. Como porém
se temeo a repetição da primeira pateada, assentou-se em dar pezo ao ne-
gocio, e a despeito da inteira "Ilegalidade do processo, e da judiciosa defeza,
que fizeram os Advogados aos chamados Reos, foram condemnados a
açoites, e degredo para Fernando, e um d"entre elles, cuido que tirado á
sorte, conduzido á /orca, aonde lhe sacrificaram a vida.
No fim da Scena, em lugar de pateada, apparecêo o clamor do publico,
naõ repetindo com Bocage "Folga a justiça, e geme a natureza" mas sim;
geme a justiça, e geme a natureza" porque ja estava assas instruído do que
se havia passado, logo que se formou a Juncta de Justiça: isto he, que o
General nunca cessou de lembrar aos Ministros adjunetos, que o caso éra de
sua natureza ponderável, e carecia de castigo severo; naõ seria preciso
tanto, para que a fraqueza de uns e a ignorância de outros, obrassem con-
forme o voto do seu Presidente. O senhor de escravo, que quiz pugnar
pela inocência delle, calou-se com a promessa, que se lhe fez, de que se lhe
havia pagar, promessa aliás lizongeira, a um pobre homem*, que attendia
mais á falta do individuo, do que á justiça com que o matavam. Ultima-
mente ordenou-se ao Escrivão do processo, que naõ desse delle, nem de
qualquer dos seos apensos, certidão alguma, e o recatasse de maneira, que
DeV.Mce*
Reconhecido e obrigado.
O PATRIOTA FIEL.
I. M. I, Sr. D. S. M.
Ainda até hoje cumprir naõ pude seos preceitos, mas muito ha, que
pagar deveria Uma tal dívida; tarde he mas assim foi melhor; e
espero, que esta supposta melhoria releve minhas faltas.—Eu ja nas
minhas antecedentes disse, que o mérito litterario de J. A. de Macedo
(naõ Presbytero secular) era a figura da Ásia, que apparecêo ao
Sr. Rey D. Manoel, por elle Macedo sonhada no seo Poema original,
o Oriente; com este figurado modo de fallar entenderá, que o tal
mérito tem a existência da tal aventesma poética; fábula tudo, a naõ
ser que se queira chamar merecedor a quem copia dos outros muito ;
aquelle, que sem tom, nem som escreve; e que falia a torto, e direito.
Entendo eu por mérito litterario saber as matérias a fundo, e ter
arte para dizer sobre ellas com perspicuidade, persuasão, e gosto;
por modo, que o alheio applauzo se naõ consiga forçado, nem venha
com signais equívocos. Esta intelligencia mais bem interpretada
ficará sabendo-se o que he; he um espirito falso só dotado de
Conrespondencia. 471
mericimento pseudo-litterario.—He muito embusteiro este espíritos
feito de parecer sábio por forca. Elle procede de um feio, e arre-
negado monstrengo, que he o orgulho, e de uma infelicidade continua,
que sempre o acompanha. Ha nos loucos, que se deixaõ azir deste
vicio pestilencial, uma bússola uniforme, e qual agulha mareante lhes
marca seo Norte; outro rumo naõ sabem mais do que acreditarem,
que saõ superiores, e excedem (querendo) aquelles, que por justos,
e ganhados titulos o mundo erudito reconheceo por grandes letrados.
Nisto vaõ os orgulhozos de acordo com a canalha estúpida, que os
applaude; ella lê o que naõ entende, e desta falta de intelligencia
tiram provas para os elogiar chamando sublimada cousa o que nada
sendo he assim mesmo superior á sua comprehensaõ. Confirma-se
esta verdade facilmente. A que chamam, ou que julgaõ os ignaro»
eloqüência, ex gr. a facilidade, que alguns homens tem de fallar sós,
e por muito tempo, acompanhada de gesticulaçnens frenéticas, de uma
vóz fortíssima, extrahida com grave trabalho dos pulmoens. H e quazt
sempre assim, que se obtém o que se chama aura popular. Vias
quantos males naõ vém daqui; quantos o orgulho suggere. Nascido
sem gênio para encantar, nunca escrevas, diz Boileau a um destes. Viéstes
orgulhozo ao mundo, reüecti,que tu, e os mais saõ imperfeitissimos. Porque
muitos homens longo tempo ficam reputados pedantes, havendo obtido os
suffragios da plebe, he porque cedo, e incompetentemente começaram «
figurar com bazofia de Doutores. Quereis escrever com acerto, e louvor
decidido (prcceitava Horacio) tomai um assumpto com que possuis, sede
claro, corrente, natural, delicado, e profundo. Naõ espereis, que os
conselhos vos venham buscar,buscai-os; porque naõ querer ser aconselhado,
nem corrigido, sobre qualquer obra, isto he um pedantismo. Lisongeai as
orelhas do leitor: um estylo empeçado, áspero, monótono, férreo, e des-
agradável nao pôde fazer gostar a verdade, ou crivei o verosimil. Movei o
coração, ornai o espirito, e nutri a razaõ, porque um Espirito perfeito he
a uniaõ da razaõ e do espirito. Sabei, que grande risco correm aquelles,
que saõ dotados de uma esfera medíocre naõ melhorada por estudos regula-
res, nem de caracter dócil, e seguro; parque faltando-lhes argumentos para
o» objectos sérios de que tractam dam no jocozo, subterfugio,que por sempre
desigual, e enjoatWo muito os vitupéra, e deshonra. E que meio se pôde
achar entre a galantaria, e a insipidez ? Tal ha, que se julga, como o
Padre Braz, e fica áquem de um palhaço. Quaõ difficil he petear sobre os
mortos sem dizer mal delles, e sobre os vivos sem os offender I Com tudo
»e apparecem gracejadores sem graça, críticos sem discernimento, falladores
sem gosto, Escriptores sem methodo, satyricos sem pejo, e bazofies sem
cabedal, apparecem outros tantos loucos, que admiram aquelles.—Para
desengano de uns que tais, he que taõ sabiamente falia Clavitle; e parecer
472 Conrespondencia.
que sem mais authoridade,*aem dissertações tenho dieto quanto seria bastante
para Vm. formar conceito do mericimento litterario, de J. A. de Mtuedo
o qual (sem mistura do seo caracter moral, que he publico por muito mau)
achará exacto, uma vez, que tendo na lembrança estas sentenças dos sábios
abra uma, ou outra das muitas obras, que aquelle Rev. tem rabiscado'
ellas saõ tantas, e tamanhas, sobre tudo, e contra tudo, que basta olhar
alguma. Alli verá razõeâ-contra-razões; insipidez, e gracejo; aflirmaeaõ
e negação; critica sem ella; estylo gigante, estylo anaÕ; imaginação, e
plagiato; palavras boas, e termos péssimos; furor, e mansidão; lembrança
suar pessoal, e encomenda; altivez é lisonja-; constância, e humildade;
orgulho, e fraqueza; choradeira, e cólera; mizeria, e bazofiaj louvor, e
maldicencia; humildade, e orgulho; eterodoxía, e protestarão; amor, e
ódio; beneficência, e malfeitoria; diligencia, e ócio;filosofia,e fanatismo:
applauzo, e apúpo; lingua própria, e língua bárbara; defeza, e libello!
decoro, egrossaria: continência, e cio; desprezo, e inveja; Divindade Una;
e Politeismo; um verso soffrivel, muitos maus; fogo, e cinza; plano assim-
assim, execução má; em summa verá uma loja de Droguista; e para
melhor dizer as couzas naõ estaõ alli em confuzaõ maior. Se o Revdo.
desse a cada assumpto estylo próprio, o mesmo fizesse em quanto á lingua-
gem, variasse a dicção, guardasse os caracteres, observasse as leys, naõ
escrevesse libellos, e se portasse como Escriptor sizúdo saõ seria espelho
esta minha avaliação: fallo da notada confuzaõ em qualquer obra do Rev,
recomendo-lhe, que leia alguma, se paxon-a lhe chegar, e quando naõ
queira ter esse incômodo tnetta louvados, que decidirão por meo voto.—
Por óra he quanto sobre o ponto interrogado por Vm. se me ofleréce a
dizer-lhe nem espere de mim, que me retracte, ou appareça com os meos
toscos papeis na praça, em a qual os mais destros picadores levam ás vezes
descompostas cornadas do toiro, de que Ds. livre a Vm. e a todo o fiel
ChristaS.
Sou de Vmce. am. e Servo.
Porto 25 de Janeiro de 1817.
F...J. L.
CORREIO BRAZILIENSE,
De M A I O , 1S17.
POLÍTICA
REY
Conde de Oeiras.
VOL. XVm.No.107. 3P
482 fouucã.
INGLATERRA,
N». 1.
Extracto de um officio do Visconde Strangford ao Vis-
conde Castlereagh ; datado do Rio-de-Janeiro, aos
20 de Fevereiro de 1814; recebido aos 24 de Abril,
1814,
Naõ cumpriria com o meu dever, se naÕ recommen-
dasse encarecidamente ao Governo de S. A. R. a prompta
volta da Familia Real Portugueza para a Europa.
Os sentimentos 'pessoaes do Principe saõ certamente a
Politica. 495
favor desta medida. Comtudo, talvez algum gráo de
apprehensaÕ possa influir no espirito do mesmo Principe,
e prevenir que elle se disponha a isso com a mesma an-
xiedade, que desejariam os outros membros de sua fa-
milia; mas este sentimento facilmente se removeria; e
S. A. R. me tem dicto explicitamente; que logo que a
Gram Bretanha declarar, que a sua volta para a Europa
he necessária, elle accederá a qualquer intimaçaõ para
esse effeito.
N°. 2.
Extracto de um officio do Visconde Castlereagh ao es-
conde Strangford, datado da Secretaria dos Negócios
Estrangeioros aos 25 de Julho de 1814.
Deo a S. A. R. grande prazer o observar, que o Prin-
cipe Regente de Portugal, na data de sua carta ( * ) , de
2 de Abril passado, estava a tal ponto determinado a
voltar para os seus dominios Europeos, que esperava so-
mente noticias do resultado dos suecessos das Potências
Europeas, empenhadas na ultima campanha contra a
França.
A noticia da Capitulação de Paris, e o reestabelici-
mento das duas casas de Bourbon, nos thronos de França
e Hespanha, e a reducçaõ da França aos limites de 1792,
em virtude da paz de Paris, assignada aos 30 de Maio,
naõ pôde, como S. A. R. suppoem, deixar de decidir o
Principe Regente de Portugal a apressar os seus prepa-
rativos para sair do Brazil.
Na contemplação desta decisaõ, se tem aqui tomado ja
as medidas, para preparar uma [esquadra de navios de
S. M. para ajudar a transportar o Principe Regente de Por-
No. 3. (*)
Copia de um officio do Visconde Strangford ao Visconde
Castlereagh, datado do Rio-de-Janeiro, aos 21 de
Julho 1814: recebido cm 26 de Agosto, 1814.
Mv LORD !
Os gloriosos acontecimentos, que tem dado
paz e independência á Europa, reviveram, no espirito do
Principe do Brazil, aquelles anxiosos sentimentos de
tornar a visitar o seu paiz natal, que por algum tempo
tinham estado supprimidos.
S. A. R. me fez ultimamente a honra de expressar-me
No. 4.
Copia de uma carta do Conde Bathurst aos Lords Com-
missarios do Almirantado, datada da Secretaria dos
Negócios Estrangeiros, aos 26 de Agosto, 1814.
M Y LORDS !
Havendo as ultimas noticias do Rio-de-
Janeiro feito saber ao Governo de S. A. R., que o Prin-
cipe Regente de Portugal tinha expressado o desejo de
voltar para os seus dominios da Europa, sem demora, e
debaixo da mesma protecçaõ sob que o tinha deixado;
tenho de communicar a Vossas Senhorias as ordens do
Principe Regente, para que vós" tomeis immediatamente
M medidas, para que uma conveniente esquadra de na-
N«. 5.
Copia de um officio do Conde Bathurst ao Visconde
Strangford, datado da Secretaria dos Negócios Es-
trangeiros, aos 28 de Septembro, 1814.
M Y LORD !
Referindo-me ao officio do Visconde
Castlereagh de 25 de Julho passado, pelo qual elle in-
formava a V. S. para o pôr na presença do Principe Re-
gente de Portugal, que se nomearia uma esquadra con-
veniente de navios de guerra Britannicos, que fosse ter
ao Rio-de-Janeiro, a fim de trazer a S. A. R. para os
seus dominios Europeos, logo que o Principe Regente
desejasse voltar para Lisboa; e vendo-se pelo officio d«
V. S. de 21 de Junho, que S. A. R. deseja aproveitar-
se da primeira occasiaõ para aquelle fim, tenho a honra
de informar a V. S. que se ordenou, que partisse imme-
diatamente para este serviço, uma esquadra composta de
dous navios de linha e uma fragata.
O Contra-Almirante Sir Joaõ Beresford, que foi no-
meado para o commando desta esquadra, terá a honra
de entregar este officio a V. S. e eu tenho de expressar,
que V. S. lhe preste todo o auxilio, que poder, para qu«
elle ponha em execução os objectos de sua missaõ.
Tenho também de ordenar, que vós approveiteis esta
occasiaõ de renovar ao Principe Regente de Portugal a
Politica. 499
expressão da felicidade que considera S. A. R. em poder
contribuir para S. A. R. reassumir o seu governo pes-
soalmente em Lisboa; e do seu seu ardente desejo de
que elle lenha uma segura e breve viagem.
Sou, &c.
(Assignado) BATHURST.
N°. 6.
POTÊNCIAS A L L I A D A S .
COMMERCIO E ARTES
PORTUGAL.
Avizo.
Reflexoens.
1. O vinho, nos conhecimentos deve estar declarado
pelo numero de vazilhas, sem mencionar a medida, se
estas forem pipas, meias, ou quartos: mas se fôrem bar-
ris, que tenham mais ou menos que um quarto de pipa,
deve especificar-se além disto quantos almudes contém
um destes barris.
2. A respeito do vinagre ha o mesmo a observar.
3 . Nos conhecimentos do assucar deve estar especifi-
cado ao justo o pezo bruto, o liquido, e a tara de cada
caixa.
4 . Do azeite deve haver o pezo de cada vazilha, e naõ
a sua medida.
5. Das rolhas, basta declarar-se o pezo total dos sa-
cos, e o pezo de um delles, quando todos tiverem a mes-
ma grandeza, mas tendo differente he necessário que se
especifique quanto péza cada nm. A cortiça basta trazer
o pezo total.
6. Do sal deve mencionar-se o numero de moios, o
quanto peza um igual moio.
Commercio e Artes. 513
BRAZIL.
3 T 2
Preços Correntes dos principaes Productos do Brazil,
LONDRES, 24 de Maio, de 1817.
Gêneros. Qualdade. \ ^ j f " {Preço dei Direitos.
fRedaiondo • 119 Ub. õOs. Op. Op.
Assucar .{BatidBatido . . 44s. Op. Op.
LMasc
^Mascavado. 37s. Op Op. Livre de direi-
Arroz .Brazil nenhum. tos por expor-
Caffe . .Rio 70s. Op. 76s. tação.
Op.
Cacao .Pará . . . . 6Ss. Op. 78s.
Cebo. .Rio da Prata Op.J
55s. Op. 57s.
"Pernambuco libra ls. llfp Op. 38 2p por 1121b
Ceará. . . ls. llfp Ss. 0 r
*l ) 8s. 7p. por lb.
Bahia. . . ls. 10}p ls. llfp 100 em navio
Algodão ..« Maranhão ls. 10§p
Pára ... ls. 8§p ls! lôp! U<»tagoeiou
Minas novas ls. IOp, ls. lojfcp I n « l M -
(.Capitania ls. lljp ls. llfp
Annü . . . . .Rio 8s. Op, Ss. 6p.. 4|p. por lb.
Ipecacuanha Brazil. . . lis. Op. lis. 6p. 8.<S4p.
Salsa Parrilha Pará 8s. 9p. 4s. Op. ls. 2Íp.
Óleo de cupaiba ls. 3p. ls. 4p. ls. llfp.
Tapioca. . . .Brazil ls. Op. ls. ,* • 4 ppagos
8p. direitos '
Ouroca. . . 8s. 6p. Ss. 9p.
pelo comprador
Tabaco { em
em rolo
folha
Os. 3p. 4p. » Livre de direi-
Os.
> tos por expor-
TA 7p 8Jp ' taçaS.
Rio da Prata, pilha-J B 6§p 6fp-»
6Jp 5*p
lc
fA 6}p 7p. 9Jp. por couro
Rio Grande . . ;J B 5p -em navio Por-
5p 6p. tuguez ou In-
LC
Pernambuco, salgados 8§p 4p. glez.
LRio Grande, de cavallo 6s. 0p v
Chifres. . .Rio Grande 40s. Op. Ss. 6§p. por 100.
Pâo Brazil. .Pernambuco 1201. direitos pagos
Páo amarello Brazil. . . . 81. pelo comprado
Espécie.
Ouro em barra . .-CO 0 0
Peças de 6400 reis 4 0 0 1
Dobroens Hespanhoes 0 0 0 f
Pezos . . dictos 0 5
?" por onça.
Prata em bara 0 0
«il
0 )
Câmbios.
Rio de Janeiro 59 Hamburgo 35 0
Lisboa 58 Cadiz 85
Porto S7J Gibraltar 814
Paris 24 70 Gênova 45
Amsterdam 11 13 Malta 47*
Prêmios de Seguros
Brazil Hida 4 a 6 Guineos Vinda 4 a 8 Guineos.
Lisboa l i a 1J lf a 1*
Porto li a .li . l*a
Madeira
Açores .
2 a 2J
2 a 2}
2 a
2 a
'4
Rio da Prata 6 a 7 6 a
H
7
Bengala 4 a 5 4 a 5
[ 517 ]
LITERATURA E SCIENCIAS.
PORTUGAL.
NOTICIAS LITERÁRIAS.
Veneno do arsênico.
O professor Brande, em suas prelecçoens, na Institui-
ção Real, em Londres, explicou a difficuldade que ha em
descubrir se a morte de alguma pessoa tem sido produzida
por arsênico ou rosalgar, usando dos experimentos e
provas, que estão em practica para aquelle fim. Mostrou
Literatura e Sciencias. 519
o professor, que o precipitado amarelo, produzido pelo
arsênico em solução de nitrato de prata, se assimelha ex-
actamente ao que se obtém do ácido phosphorico, e que
ambos saõ solúveis no amoníaco. Mostrou também o
professor o effeito do sumo das cebolas na solução do
Bulphato de cobre, que produzio uma tinetura verde, que
se naõ podia distinguir da côr produzida por pequenas
quantidades de arsênico. Mr. Brande observou que, em
caso de importância, naõ se podia confiar nos signaes aci-
ma descriptos, os quaes, nas maõs de pessoas ignorantes,
inevitavelmente conduziriam a erro; e que a separação do
mesmo metal he a única prova em que se pôde confiar.
0 Professor foi levado a estas observaçoens em conse-
qüência de um processo, que aconteceo recentemente em
Cornwall, em um crime de morte por veneno, que de-
pendia, nas provas jurídicas, do exame das causas, que
occasionàram a morte da pessoa envenenada.
CAPITULO VII.
( Continuado de p. 396)
(Continuar-se-ha.)
MISCELLANEA
(Continuada de p. 263.)
PAIZES-BAIXOS.
COLÔNIAS HESPANHOLAS.
G U E R R A DO R I O - D A - P R A T A .
ILLTOO* e Exmo. S E N H O R !
Hoje chegou a noticia da retomada do Serro-Largo,
em 3 do corrente, pelas 8 horas da manhaã. Ignóram-se
as particularidades.
Pelo que respeita a nós, tendo sabido por Bombeiros 5
que Artigas tinha separado um grande corpo para se
nos oppõr, e que tinha ficado no Potrerio em Arapay,
com pouca gente, mandou S. Exa* ao Abreu, com 500
homens 100 de infanteria da Legiaõ de S. Paulo, 2 peças
de 3 da dieta, 60 dragoens, e o resto de guerrilhas; e
foi batido Artigas, no seu incomparavel Potrerio, cobrin-
do-se de gloria a infanteria da Legiaõ. Tomáram-se 1.500
cavallos, a carretilha de Artigas, muito armamento,
despojos, &c. No dia 4 de magrugada achamo-nos neste
campo do Catalão, acomettidos antes do toque da alvorada
(graças aos nossos Bombeiros) por 3.500 homens; e só
a cavallaria da Legiaõ estava acavallo e estavam alguns
dragoens e poucos milicianos acavallo. Mas tal foi a dis-
posição e bravura das tropas, especialmente da infan-
teria e artilheria da Legiaõ de S. Paulo, que o inimigo
foi completamente derrotado. Abreu des um soccorro
muito prompto aos dragoens da direita. Ficaram em
552 Miscellanea.
nosso poder 2 peças de 4, de bronze, tomadas pela in-
fanteria da Legiaõ- únicas que traziam, 5.000 cavai
los, muito armamento, caixas de guerra, 1 estandarte,
e perto de 300 prisioneiros, entre os quaos um capi-
tão, 2 tenentes, 3 alferes, e creio que 8 surgentos, &c;
muitos dos quaes tem morrido das feridas, menos os offi-
ciaes. Morvêram mais de 700 homens do inimigo, e
destes muitos officiaes; mas escapáram-se os 3 comman-
dantes (Verdum, La Torre, e Mondragon) assim como o
capitão de artilheria. Morrerem officiaes nossos, Rosário
da infanteria da Legiaõ; Prestes, e Corte Real dos dra-
goens ; o secretario do mesmo corpo; e alguns inferiores
nossos de distineçaõ, como o meu furriel Moura da caval-
laria, que escapou tres vezes da morte em Carumbe, e que
foi entaõ feito furriel. H e indizivel a gloria que teve
neste dia a Legiaõ de S. Paulo, aonde todas as tres armas
se distinguiram.
A Senhoras Marqueza e minha muleer estiveram em
muito perigo; a ellas a Legiaõ lhes valeo, e tem muitos
presentes de balas, planqueta &c. que lhes caíram aos
pés. Naõ remetto o meu diário, e muitas cartas, por
achar menos favorável a occasiaõ.
Acampamento do Catalão 7 de Janeiro de 1817.
REVOLUÇÃO NO BRAZIL.
12 de Abril.
PORTUGAL,
Revolução no Brazil.
Ha nove annos, que temos continuado a tarefa de escrever sobre
os negócios públicos do Brazil, mas nunca tivemos atè agora de
annonciar uma novidade de tal magnitude, relativa aquelle paiz,
como a que deixamos copiada acima a p. 552. Por hora naõ he
isto mais do que uma noticia particular, e talvez exaggerada;
porém naõ temos a menor duvida de que he verdade ter arrebentado
em Pernambuco uma insurreição, com as vistas de mudar a forma
de Governo; e com symptomas da mais importante natureza.
Quanto as causas do descontentamento do povo, os nossos Leitores,
qué se lembrarem do que temos dicto, sobre a necessidade de
mudar a forma de administração do Brazil, naõ acharão difficuldade
Miscellanea 557
em explicar a origem da tremenda revolução, que acaba de des-
envolver-se em Pernambuco; porque he moralmente impossível
que um paiz como o Brazil> crescendo todos os dias em gente, e
em civilização; ao ponto de constituir ja uma grande naçaõ, possa
soffrer a continuação do systema de governo militar, e das insti-
tuiçoens coloniaes, que se estabeleceram quando as suas povoaçoens
eram meros presídios, ou dispersas plantaçoens d' algudaõ.
Com as escaças noticias, que por hora temos, apenas podemos
fazer uma idea clara do estado da revolução; porém estando
tam bem informados, como estamos, do espirito publico daquelle
paiz, podemos conjecturar de algum modo os resultados; e em
nossa conjectura julgamos do nosso dever explicar os nossos senti-
mentos com franqueza, e expor aos que governam o remédio, que,
em nossa opinião, lhe pode applicar o Governo.
£1 Rey, como naturalmente acontece a quasi todos os Prin-
cipes, naõ tem quem lhe falle a verdade; e assim naõ temos duvida
que esta revolução de Pernambuco lhe será representada como
mera ebulição do momento, como obra de uns poucos de homens
inquietos e intrigantes, e como procedimento tumultuario, que a
força de alguns regimentos, para ali mandados, aquietará em
poucos dias; e que se for necessário mais forças, a Inglaterra lhe
prestará suas esquadras, e as Potências Alliadas da Europa lhe
enviarão tropas, com que possa subjugar os rebeldes em pouco
tempo. Tudo isto porém naõ he verdade.
A commoçaõ do Brazil hc motivada por um descontentamento
geral, e naõ por machinaçoens de alguns indivíduos; porque naõ
ha no Brazil indivíduos de influencia bastante para regularem a
opinião publica. O descontentamento, que, pelas noticias que nos
chegam de nossos correspondentes em toda a parte do Brazil, he
mui geral, tem por causa a forma de administração militar, e por
conseqüência dcspotica, que nunca põem em execução as ordens do
Governo, sem causar oppressaõ aos povos; principalmente no
recrutamento das tropas, e na cobrança dos direitos.
Qualquer governador, por mais insignificante que seja a sua gra-
duação, tem, no Brazil, o direito de mandar pre der a quem lhe
parecer, e pelo tempo que quizer, sem dar a razaõ de seu feito, e
558 Miscellanea.
quando manda soltar o individuo assim prezo, he este obrigado a ir
ter com o governador, e dar-lhe os agradecimentos pela soltura, e
ouvir a reprehensaõ, que o tal governador lhe apraz dar-lhe, e com
os termos que lhe vem á cabeça.
Ninguém nos negará, que esta he a forma de Governo e de Ad-
ministração por que actualmente se rego o Brazil; isto he um facto
tam notório como lamentável. Agora perguntamos ao Leitor cândido
i se naõ he isto causa mais que sufficiente para fazer com que todos
os habitantes do Brazil, sensatos, e espirituosos, abhorreçam o seu
Governo ?
Repetimos outra vez, porque o ponto he da maior importância,
0 descontentamento he geral, e generalissimo, porque as sua
causas abrangem a todos; logo o remédio único seria atalhar as
suas causas, mudando a forma da Administração, como mil vezes
temos recommendado, e o aUestam as paginas de nosso Periódico.
Mas a Corte do Rio-de-Janeiro, se julgarmos pelo modo por
que está obrando em todas as cousas; naõ ha de pensar assim : e
naõ temos a menor duvida, de que o Governo mandará ajunctar
todas as tropas que puder, e até mandará ir outras de Portugal,
e tentará com essas forças subjugar os rebeldes.
Suppunhamos, qu« a revolução naõ he tam geral ainda como
se diz, e se limita somente a Pernambuco. Ali naõ achou o
Governo o menor apoio; porque os insurgentes naõ encontraram
opposiçaõ, e até as mesmas tropas se lhes uniram. Suppunhamos
mais, que, naõ obstante o naõ ter o Governo ali partidistas, as
tropas que mandar a Pernambuco, tomam a cidade, prendem os
cabeças e degolam duzentas ou trezentas pessoas ,; como remedêa
isso o descontentamento geral, provindo das causasque apontamos •
Pelo contrario, as familias, os parentes, os amigos e os partidistas
desses executados voltarão o seu descontentamento em ódio ao
Governo, fugirão para o sertaõ, d'onde faraõ incursoens, e perpe-
tuamente incominodaraõ o Governo, o qual para os conter devera
sustentar ali muitas tropas, e para pagar a estas imporá novos
tributos, e com elles crescerá a oppressaõ, e o descontentamento;
assim a recuperação de Pernambuco, e a execução de alguns dos
revoltosos naõ será outra cousa mais do que a declaração de
Miscellanea. 559
guerra do Governo contra o Povo; cujas conseqüências, seja qual
for o resultado, naõ podem deixar de enfraquecer o mesmo Governo,
e chegará talvez ao ponto de arruinallo de todo, nomeio mesmo
da momentânea victoria qae suppómos.
Agora, quanto aos soccorros das Potências Estrangeiras, se os
Alliados se intromettem a querer dar a ley á America, assim como
a estaõ dando á Europa, provocarão com isso os Estados Unidos
a fazer causa commum com os insurgentes das Américas Hespa-
nholas, e do Brazil, e a idea de irem os exércitos da Europa
conquistar toda a America, se os seus habitantes se quizerem real-
mente defender, he demasiado absurda, para a podermos admittir;
alem de que, no estado actual do espirito publico na Europa, assas
tem os exércitos dos Alliados com que se occapem em suas casas.
Nestes termos devemos dizer, ootravez, que El Rey nao tem
outro meie de fazer parar a insurrecçaõ no Brazil, senaõ prestar-se
a fazer as mudanças na administração; que saõ essencialmente
necessárias; porque a sugeiçaõ e os castigos de quaesquer indiví-
duos, augmeutaraõo fogo em vez de o destruir; e he regra geral
qne era quanto se naõ accudir á causa, nunca se atalhará o effeito.
A perplexidade do Gabinete do Rio-de-Janeiro deve a este mo-
mento ser extrema; porque alem de ser obrigado a abandonar a
guerra no Rio-da-Prata; o retirar dali as tropas expõem a Capi-
niado Rio-Grande ás incursoens de Artigos; e se os povos da-
quella capitania estiverem da mesma opinião dos de Pernambuco,
poderão ligar-se com os revolucionários Hespanhoes com o melhor
prospecto de conseguirem a independência, no caso de naõ deixar
•li o Govemo algumas tropos.
Por outra parte os Governadores de Portugal recusaram aberta-
mente pagar as letras que sobre o Erário de Lisboa sacou o do Rio-
de-Janeiro ; e quando ali chegarem as letras protestadas, o des-
crédito do Governo será tal, que para obter fundos se verá na
neoessidode de recorrer a contribuiçoens forçadas.
He nestes casos, que os Governos podem conhecer demonstrati-
vamente quam importante lhes he o gozar de bom nome, e ter
credito pare com o publico.
O remédio que naturalmente procurará a Coite do Rio-de-
560 Miscellanea.
Janeiro, no meio de tantas difficuldades, será a protecçaõ Ingleza.
pela qual fará os custumados obséquios de tractados. Dizem que
ja aira de Inglaterra para o Brazil uma esquadra.
Quanto melhor fôra a EIRey ter oapoiodeseos mesmos subditos.
Guerra do Rio-da-Prafa.
A p. 555, copiamos ainda uma noticia official sobre o exercito
do Brazil ua campanha de Monte-Video. He de data antiga, mas
convém deixálla registrada, como illustrativa da historia do tempo.
As noticias, que se seguem a. p. 549, mostram que o General
Lecor, tomando posse de Monte-Video, segurou tam mal as suas
communicaçoens, que as partidas de Artigas lhe entraram pela reta-
guarda e fôram atacar as visinhanças da villa do Rio-Grande,
achando-se o Marquez de Alegrete para outro ponto, da parte
das Missoens, também com a retaguarda descuberta. Se assim he
que pretendem continuar a campanha, quanto mais depressa se
deixarem disso melhor.
O Governo de Buenos AyreS mandou retirar para o interior
os Portuguezes, que ali se achavam residindo, e até o mesmo
Agente de Negócios da Corte do Rio-de-Janeiro teve ordem de ir
para Luxan. O General Lecor continuou porém as suas decla-
raçoens, de preservar a paz e amizade com Buenos Ayres. Se
naõ fosse a estúpida proclamaçaõ do General Lecor, em querer
characterizar as seus inimigos de meros salteadores, e tiactallos
ainda peior que taes. vingando-se era suas familias inocentes, naõ
se teria o Governo de Buenos Ayres resolvido a adoptar aquellas
medidas contra os Portuguezes, como se vê mui claramente da
proclamaçaõ do General Lecor, e resposta do Supremo Director
de Buenos Ayres, que publicamos a p. 545.
Daqui em diante o que teremos que copiar, se he verdade o ttr
arrebentado ja a revolução em Pernambuco na extençaõ indicada,
será a retirada das tropas do Brazil, e a entrada dos insurgentes.
Taes saõ as conseqüências do systema actual de Governo no Brazil
ÁUSTRIA.
ESTADOS UNIDOS.
O Congresso Americano acaba de tomar em consideração, uma
importante medida, para augmentar a sua navegação, imitando a
ley da Inglaterra, que se intitula " Navigation Act." Podem
recapitular-se as providencias dos Estados Unidos, a este respeito,
no seguinte:—
1. Naõ se importarão fazendas para os Estados Unidos, senaõ
em navios, cuja propriedade seja de cidadãos daquelles Estados,
ou de paizes aonde essas fazendas tenham sido plantadas, produ-
zidas ou manufacturadas.
2. No caso de contravenção do artigo precedente, seraõ con-
fiscados o navio e sua carga.
8 Os prêmios e concessoens, que se fazem agora aos barcos de
pescaria, só toraõ lugar, sendo os officiaes de taes barcos, e tres
quartas partes de sua equipagem cidadãos dos Estados Unidos.
4. O commercio costeiro fica absolutamente limitado aos na-
vios e marinheiros do paiz.
5. Impôem-se um direito de tonelada em todos as vasos, ainda
os pertencente» aos Estados Unidos; que entrarem em am porto
d« qualquer districto, vindo de algum porto em outro districto.
Isto, porém, com varias excepçoens.
568 Miscellanea.
6. Impõem-se um direito de tonelada aos navios Americanos,
que vierem de portos estrangeiros, a menos que duas terças ar-
tes da equipagem sejam cidadãos dos Estados Unidos.
O Acto de Navegação da Inglaterra, pelo qual se prohibio
aos navios estrangeiros trazerem aos portos Inglezes outra carga,
que naõ fosse originaria de seus respectivos paizes, foi uma me-
dida adoptada durante o governo de Cromwell, para impedir aos
Hollandezes o seu commercio de transporte, com o que muito
íloreciam; e a este regulamento deve a Inglaterra os principios
de sua prosperidade no commercio marítimo.
Imitando este exemplo, esperam os Americanos promover tam-
bém a sua navegação nacional; e além disto satisfazem á queixa
da Inglaterra, de que seus marinheiros acham sempre azylo nos
vasos dos Estados Unidos.
He claro, que o grande numero de marinheiros Inglezes, que
se acha desoecupado, depois da reducçaõ de sua marinha de guer-
ra, naõ pôde achar emprego actualmente, na marinha mercante
da Inglaterra. Esta consideração faz naturalmente lembrar a op-
portunidade, que se offerece agora, de mandar recolher os ma-
rinheiros Portuguezes, que se acham no serviço estrangeiro: mas
quando dizemos mandar recolher naõ entendemos por isto que
se expéssa uma ley penal, constrangindo-os a voltar; porém sim
que se adoptem taes regulamentos, e se evitem as prizoens para
bordo dos navios de guerra, de maneira que os marinheiros naõ
achem conveniência em fugir para as naçoens estranhas.
HESPAMBA-
Colônias Hespanholas.
A p. —, copiamos o officio do General das tropas de Buenos
Ayres San Martin, ao Supremo Director, no Governo, em que se
annuncia a derrota do Exercito Realista, e a tomada da Capital
do Chili, e de toda aquella provincia; como que fica o passo
aberto para a conquista do Peru,
Miscellanea. 571
O officio do General San Martin esta escripto com summa miu-
deza, e as disposiçoens que refere fazem honra aquelle official,
que mostra nisso mais conhecimentos militares do que talvez
se esperasse.
A conquista do Chili deo novos alentos ao Governo de Buenos-
Ayres, que assim tem aberto o commercio com o interior do paiz.
Józe Miguel Carrera,um natural do Chili, que dantes havia tomado
grande parte na revolução de seu paiz, cliegou ao Rio-da-Prata,
abordo um navio dos Estados Unidos de força considerável. O
Governo, porem, de Buenos Ayres, sabendo que Carrera naõ éra
popular uo Chili, favoreceo a nomeação do General 0'Higgins
para supremo Director do Chili. e tomou para seu serviço os vasos
armados, que trouxera Carrera.
Esta victoria do General San Martin poz nas maõs dos insur-
gentes uma extençaõ de costa, no mar Pacifico, de mais de 200 a
milhas, e pôde dizer-se que naõ tem agora Fernando VII um só
porto que reconheça o seu dominio, em toda a extençaõ das costas
da America, desde o Rio-da-Prata até o cabo d'Horne e desde o
mesmo cabo, voltando ao mar Pacifico, até o Peru.
INGLATERRA.
POTENIAS ALLIAnAS.
POTÊNCIAS BARBARESCAS.
RÚSSIA.
CONRESPONDENCIA.
Carta ao Redactor, sobre o o procedimento do Bispo d? Elvas; em um caso
de recurso a Coroa.
POLÍTICA
\7
L i U El Rey faço saber aos que este Alvará com força
de Ley virem, que tendo o Senhor Rey D. Joaõ IV, de
gloriosa memória, determinado; pela sua carta de doaçaõ
de 27 de Outubro de 1645, que os principes primogênitos
da coroa de Portugal tivessem o titulo de Principe do
Brazil, para o possuírem em titulo somente, e chama-
rem-se dali em diante Principes do Brazil e Duques de
Bragança; e reconhecendo eu que este titulo de Principe
doBrazil tornou-se incompatível, depois da carta de ley de
16 de Dezembro, de 1815, pela qual fui servido elevar o
Estado do Brazil á dignidade de Reyno, unindo-o aos de
Portugal e dos Algarves: e querendo que o Principe
D. Pedro, meu muito amado e prezado fiiho primogênito^
e todos os mais príncipes, que fôrem primogênitos desta
coroa, gozem de um titulo ainda mais pre-eminente; e que
VOL. X V m , N o . 109. 4 E
686 Política.
REY
Conde da Barca.
No. 1.
Mappa da distribuição das Pagadorias onde haõ de receber
os seus Vencimentos os diversos Corpos do Exercito.
a 1
Barcarena ' | Veteranos
Beirolas
Infanteira
Belém • f i Cavalleiria
Veteranos naTorre de S.Vin
í 19 Infanteria
Cascaes 3 Veteranos
Feitoria 1 Artilheria
4
" >
13 > Infanteria
LISBOA - 161 '1 Cavallaria
Lisboa •< 1 Guarda Real da Policia
1 Artífices Engenheiros
| Deposito dlmantería noCaste
Monte Pio
Reformados
a
Peniche ' 6. Veteranos
7 Infanteria
Setúbal j 4. a .
Sines . . . 1 5 . a l Veteranos
.Torre de S.Juliaõ | 7. a J
Politica. 597
/Taro 2 | Artilheria
l.a
FARO -í Lagos > Veteranos
2. a
2
' Tavira > Infanteria
14
JEv Cavallaria
Deposito d'Evora
VIÇOSA "l Jei
Jer 3. a Veteranos
Villa Viçosa 2 Cavallaria
Castello Branco 11 Cavallaria
CASTEL
Castello de Vide 8 Infanteria
DE VIDE
Partalegre 1 Caçadores
23 | Infanteria
Almeida
.' > Veteranos
GUARDA, I Guarda 7 J Caçadores
i Monsanto 6* > Veteranos
Penamacor 4
Trancoso > Caçado
8
-» l.a
í Abrantes > 2. a > Veteranes
J 20 ~1
TORRES 1 Leiria | 22 Mnfanteria
NOVAS < c
1 Santarém
í 10 J
\ 10 1 Cavallaria
m Thomar 2 Caçadores
l Torres Novas 1
7 1 Cavallaria
1
-
Aveiro í 10 Caçadores
(. 4.a 1
Buarcos l.a
Castello de S. JoaÕ da Foz 2. a /*• Veteranos
Castello de Mato sinhos 3. a )
OPORT J Feira . 11
> Caçadores
Penafiel 6
Porto Si 4
> Infanteria
í .. •
Artilheria
L l(. 1 Corpo da Policia
Lamego . . 5
Í S. Pedro do Sul
Villa Real
Vizeu.
9
3
11
} Caçadores
Infanteria
598 Politica.
24 I Infanteria
BRAGAN- 3 Bragança
CA
-*
)
v. Miranda
{ 12
2.a
I Cavallaria
)• Veteranos
S.a '
g > Cavallaria
CHAVES •< Chaves
v { 12 Infanteria
l.a I Veteranos
^Braga . 15
i Guimarães 1 3 • Infanteria
i Lindoso . i 4.a Veteranos
PONTE ., 1 Ponte de Lima i 12 Caçadores
21 Infanteria
DE LIMA \ Valença
i ã.a
9
Veteranos
Infanteria
Vianna
^ Villa do Conde
{ 2.a r
Veteranos
l.af
1
No. 2.
Mappa das Épocas em que ha de fazer-se a Revista dos
Officiaes Reformados, e Officiaes sem Emprego, e das
Pessoas que recebem Monte Pio, Pensões etc.
Ponto on-
de ha de
fazer-se Classes Revistadas
a Revista
;.i g e « i
' m. *— "3 **"
I Janeiro !a s"S S Í
U A
LISBOA*/ Abril S «*8 S-O S
J Julho • « fl 5 «* ""
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II w"*õeS m
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Janeiro 1 8 e 5 p e a s o a 3 q u e recebem Monte Pio, Pensões e\c.
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Janeiro l i 7 ee s\officiaes
8 Reformados, e Officiaes sem Emprego
l I 2 e 4 I /P Officiaes
essoas
O í"íi "3UC *"e<'ebem MeoOfficiaes
Reformados,
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Pio-sem
Pensões etc.
Emprego
ELVAS -t* Abrü
i Julho
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_ j Pessoas que recebem Monte Pio, Pensões etc
Politica. 599
Ç Janeiro 2 e 3*\
VILLA 3 ih,ii -, Idem.
VIÇOSA j A X Í \•1 e 2 V
C Outubro J
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CAST.
DE Abril V Idem.
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Outubro 'i 2 e 4 J
Officiaes Reformados, e Officiaes semEmprego
í Janeiro <
GUAR- J A b r U * 3 e 5 Pessoas que recebem Monte Pio, Pensões etc.
DA J Julho 1 * e 8 (Officiaes Reformados, e Officiaes sem Emprego
f Outubro ' 3 e 4 * P e s s o a 3 1 u e recebem Monte Pio, Pensões etc.
í Janeiro
TORES J . . . .
{ 32 ee 54 Pessoas
Officiaes Reformados, e Officiaes sem Emprego.
que recebem Monte Pio, Pensões etc.
C Outubro
}2 e 4 } Pessoas que recebem Monte Pio, Pensões etc.
1 e 8 f Officiaes Reformados, e Officiaes sem Emprego
{•Janeiro 8 e 9--j
BRA- 1 . . ., Officiaes Reformados, e Officiaes sem Emprego,
Pessoas que recebem Monte Pio, Pensões etc.
(. Outubro
{"Janeiro í e 3*1
CHA-
-< Abril . > Idem
VES
J Julho U H
L Outubro * )
OBSERVAÇÃO.
Quando sueceder que os dias destinados para a Revista em Abril, venham a
eahir em quinta feira de Endoenças, sexta feira deftixaõ ou Domingo de Páscoa,
mudar-se-haõ as Revistas para os dias que proximamente se lhes seguirem.
600 Politica.
LISBOA.
REVOLUÇÃO NO BRAZIL.
Ordem do dia do Capitão General de Pernambuco.
Quartel General do Recife, 4 de Março 1817.
O Ill m o . E x m ° . General, constando-lhe no dia pri-
meiro do corrente, que nesta Villa, entre os nascidos em
Portugal e os nascidos no Brazil ha presentemente alguns
partidos, fomentados talvez por homens malvados, com a
louca esperança de tirarem alguma vantagem das des-
graças alheias, sem se lembrarem, de que todos somos
Politica 601
Portuguezes, todos vassallos do mesmo Soberano, todos
concidadãos do mesmo Reyno Unido, e que nesta feliz
uniaõ, igualando e ligando com os mesmos laços sociaes
os de um e outro continente, so deve dividir e separar
aos que fomentam tam perniciosas rivalidades. Dese-
jando S. Ex a . que sentimentos e ideas tam erradas, e tam
fôra de tempo, naõ contaminem a tropa, manda recom-
mendar aos senhores officiaes, e a todos os que tem a
honra de servir debaixo das bandeiras de Sua Majestade
Fidelissima, que, guardando a subordinação estabelecida
pelas leys militares, vivam entre si na melhor harmonia
c amizade, naõ tractem nem tenham sociedades com estes
homens impestados, que pretendem enganallos com falsas
suggestoens; e que se persuadam, sem a menor excitaçaõ,
que o lugar, em que cada um nasce, naõ lhe dá mereci-
mento algum; sendo o amor e fidelidade ao Soberano, o
patriotismo, e observância das leys, o exacto cumprimento
do que devem a Deus e a si mesmos e aos outros, os
talentos e os conhecimentos, as nobres qualidades, que
distinguem os homens; embora nascessem elles na E u -
ropa, ou na America, na África ou na Ásia. Ordena
outro sim, que esta se dê por copia, e seja lida nas com-
panhias, até que fiquem todos inteirados das verdades, que
nella se contém.
(Assignado) CAETANO P I N T O D E MIRANDA MONTENEGRO.
Ajudante d' ordens.
Ia.
D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos; do
Conselho de S. M. El Rey nosso Senhor; Gentilho-
mem da Câmara de S. A. R. o Principe Real do Reyno
Unido de Portugal, Brazil e Algarves; Gram-Cruz da
Ordem de S. Bento de Aviz; Marechal de Campo dos
Reaes Exércitos; Commandante em Chefe do Real Corpo
Politica. 619
de Artilheiros, guarda costas do Principe D. P e d r o ; e
Capitão da Companhia de Voluntários; Governador e
Capitaõ-General da Capitania da Bahia, &c. &c. &c.
Pernambucanos honrados, que detestaes os crimes de
vossos indignos patriotas! Por familias fugidas ao poder
insupportavel dos rebeldes consta,que o theatro aonde bri-
lhara a fidelidade de Fernando Vieira, Camarão, Henrique
Dias, e outros, cujos nomes a historia tem escripto na
mesma linha dos heroes, está mudado em covil de mons-
tros, infiéis, e revoltados!! E porque vossos fingidos
chefes até vos mentiram, quando commettêram a horrenda
perfídia de desacreditar os habitantes desta capitania, de
que tenho a honra de ser o Governador, e o amigo, de
meu primeiro dever he assegurar-vos, que a divisa dos
Bahianos he " Fidelidade ao mais querido dos Reys,"
eque cada soldado da Bahia será um Scipiaõao vosso lado,
assim que tiver ordem para vingar a affronta perpetrada
contra o Soberano, que em seu coração adoram, cuja maÕ
sempre liberal e bem fazeja tiveram a honra de beijar em
seu paiz natal, primeiro que os outros vassallos do Brazil,
ede quem todos temos recebido tantas provas de genero-
sidade e amor. Bahia 21 de Março, de 1817.
2 a.
D. Marcos, &c.
Pernambucanos Leaes a El Rey nosso Senhor,
(cujo numero ja sei que he, como todos esperávamos, mui
consideravel)outra vez he meu sacratissimo dever espalhar
entre vós verdades, que atraiçoadamente vos escondem
esses chefes ridículos, que tam ternamente vos abraçam.
Temem-vos, e tem razaõ; porque os Pernambucanos fieis
4 12
620 Politica.
fôram sempre temidos; e por isso, em quanto vos conside-
ram justamente espaventados com o horroroso aconteci-
mento, pertendem com aleivosia a mais execranda apro-
veitar esse momento de aterrar-vos com ameaças da pro-
tecçaõ do Governo dos Estados Unidos, e outras naçoens.
A facilidade, com que todos os homens, em taes circum-
stancias, podemos ser fascinados, obriga-me a gritar-vos,
que aquelle Governo tem dado muitas provas de perspicá-
cia, ante o mundo todo, para que seja licito suspeitar, que
ha de proteger o mais vil dos crimes, perpetrado por meia
dúzia de bandidos, que nasceram na escuridade e indigen-
cia, d5onde naõ viraõ mais de sair, senaõ por força dos de-
lictos, que acabam de commetter; e porque neste escripto
naÕ tem lugar outros argumentos fortíssimos de politica, eu
vos asseguro debaixo de minha palavra de honra, que os
Estados Unidos, e todas as mais naçoens do Universo,
desprezam o patriota Martins e seus infames collegas,
quanto elles saõ desprezíveis; e de certo naõ empregarão
os seus soldados em favorecer seus horrososos crimes: os
meus soldados, sim, esses he que brevemente ahi iraõ;
porque assim he necessário, para que os Patriotas Gover-
nadores Provisórios expiem, como todos os famosos chefes
de revoluçoens, seus enormes delictos. Bahia 29 de
Março, 1817.
(Assignado) CONDE DOS ARCOS.
3 a.
D . Marcos, &c.
Habitantes de Pernambuco! Marcham para a
Commarca das Alagoas bandeiras Portuguezas, e soldados
Bahianos, para as içar em toda a extençaõ dessa Capitania.
Todo o habitante de Pernambuco, que os naõ seguir rapi-
damente, e marchar juncto dellas será fuzilado.
Politica. 621
As forças navaes, óra á vista; e em bloqueio do porto,
tem ordem para arrazar a cidade, e passar tudo á espada,
se immediatamente naõ fôrem instauradas as leys de S. M.
El Rey nosso Senhor.
Nenhuma negociação será attendida, sem que preceda
como preliminar a entrega dos chefes da revolta, ou a cer-
teza da sua morte; ficando na intelligencia de que a todo9
j,e licito atirar-lhes â espingarda como a lobos. Bahia,
29 de Março 1817.
(Assignado) CONDE DOS ARCOS.
INGLATERRA.
Relatório do Committé de segredo, na Casa dos Lords,
sobre os distúrbios no paiz.
Pelos Lords commissarios, nomeados para tomar em
consideração os diversos papeis sellàdos em um saco, e
entregues por ordem de S. A. R. o Principe Regente,
e relatar á Casa; e a quem fôram commettidos vários
outros papeis sellàdos em um saco também etregue por
ordem de S. A. R.
Ordenaram que se relatasse ;
Que o Committé se ajunctou, e procedeo ao exame dos
papeis, que lhe fôram commettidos.
He do seu penoso dever o relatar, que estes papeis naõ
dàm senaõ muitas provas da continuada existência de uma
conspiração de traição, para destruir o nosso governo e
constituição estabelecida, e para subverter a ordem exi-
stente da Sociedade.
As tentativas dos conspirados tem na verdade sido até
aqui frustradas, pelos activos esforços do Governo, e
particularmente dos Magistrados, em differentes partes
do paiz, tanto na execução das leys geraes, providenciadas
622
para a mantença da tranquillidade publica, como dos poderes
especiaes, recentemente dados pelo Parlamento para
aquelle fim; porém a informação contida nos papeis re-
feridos ao Committé, naõ deixam duvida, no espirito dos
Commissarios, de que ainda se continuam activamente
os mesmos perversos e desesperados desígnios. A infor-
mação, donde elles deduziram esta penosa conclusão, parece
que foi colligida de varias fontes, muitas vezes descon-
nexas, e ignorantes umas das outras: porém he uniforme
no seu resultado geral, e corroborada por uma notável
correspondência em muitas circumstancias peculiares.
Esta informação deve ser considerada como fundada,
em muitas de suas partes, sobre as deposiçoens, e com-
municaçoens de pessoas, as quaes ou saõ ellas mesmas
mais ou menos implicadas nestas transacçoens criminosas,
ou entraram apparentemente nellas, porém com as vistas
de obter informação, e de a communicar aos magistrados,
ou ao Secretario d' Estado.
O testemunho de pessoas de ambas estas descripçoens,
deve sempre ser, em algum gráo, duvidoso; e os vossos
Commissarios tem visto razoens para temer, que a lin-
guagem e comportamento de algum dos últimos, podem,
em alguns exemplos, ter tido o effeito de animar os de
signios, para cuja descuberta somente elles deviam ser
instrumentos. E com tudo, depois de fazerem todos os
descontos devidos a estas circumstancias, conforme o seu
melhor juizo, os Commissarios estaõ plenamente persua-
didos, de que o seguinte he uma correcta, e naõ exag-
gerada exposição do resulatdo da informação, que se apre-
sentou ao seu exame.
Os papeis se referem quasi exclusivamente aos prin-
cipaes districtos fabricantes, em alguns dos condados
médios e septentrionaes da Inglaterra: e ainda que os
descontentes nas provincias parece que ainda olham para
Política. 623
a metrópole, com esperança de auxilio e direcçaõ, he nas
partes das provincias, acima referidas, que parece se tem
imitado os mais recentes projectos de insurreição.
O Committé julga que he do seu dever o notar aqui,
que aindaque em muitos destes districtos as causas par-
ticulares de penúria tenham sem duvida operado para
expor os espíritos das classes trabalhadoras da commu-
nidade a irritação e perversão, comtudo os Commissarios
estaõ persuadidos de que, pela maior parte, se deve isto
considerar antes como instrumento doque como causa
de descontentamento. Em alguns dos lugares, aonde
tem existido estas practicas, crem os Commissarios que
a falta de emprego tem sido menos sentida do que em
outras partes do Reyno: ao mesmo tempo que, em
outros lugares, aonde o aperto tem sido talvez menos
oneroso, se tem certamente soffrido com um espirito de
paciência, e boa ordem, que naõ pôde deixar de louvar-
se altamente. E o vosso Commité não pôde omiltir a
expressão de sua opinião, que tem sido principalmente
pelos meios apontados pelo vosso Committé passado, e
pela mui extensa circulação de publicaçoens sediciosas
e blasphemas, e pelo effeito de discursos inflammatorios,
continuadamente repetidos, que este espirito se tem prin-
cipalmente excitado e difíundido. Por estes meios, a af-
feiçaõ ao nosso Governo e Constituição, e o respeito às
leys, religião, e moral, se tem gradualmente enfraque-
cido, entre aquelles, cuja situação mais os expunha a esta
destructiva influencia; e he assim que os seus espíritos
se tem preparado para adoptar desígnios e medidas, não
menos destructivos de seus próprios interesses e felicidade,
do que dos de todas as outras classes dos vassallos de S. M.
Depois da epocha do reiatorio passado, Manchester, e
suas vizinhanças (em tanto quanto o vosso Committé tem
visto) tem sido os únicos lugares, aonde se tem convo-
624
ROMA.
VURTEMBERG.
COMMERCIO E ARTES
BLOQUEIO D E PERNAMBUCO.
Farol em Malaga.
Pre<
Gêneros. Qualidade. fade. r ° de ti Direitos.
("Redondo 112 lib. . 50s. Op 60s. Op.**]
Assucar .«^ Batido . . 44s. Op. 17s. Op.
^Mascavado . . 37s. Op. 42s. Op. Livre de direi-
Arroz .Brazil 38s. Op. 40s. Op. t o s por expor-
Caffe. .Rio 75s. 6p. 80s. Op. tai-ao.
Cacao .Para . . . 46s. Op. 50s Op. J
Cebo . .Rio d a Prata . . . 54s. Op. 55s. Op. 3s2p por 1121b.
("Pernambuco . libra . . . 2s. Op. 2s. 1
P*-,
1 Ceará. ls. l l i p 2s. Op. 8s. 7p. por lb.
J Bahia . , . . l s . l l p . ls. l l * p 100 em navio
Algodão .< Maranhão l s . l l p ls. llíp
1 Pará (.Portuguez ou
l s . IOp ls. 10èp Inglez.
1 Minas novas. ls. IOp. l s . 10èp
^Capitania nenhum.
Annil .Rio - 44p. por lb.
Ipecacuanha . Brazil. lOs. 6p. l i s . Op. 3.6£p.
Salsa Parrilha P a r á Ss. Op. Ss. 2p. ls. 2ip.
Óleo de cupaiba . . . 3s. 3p. 3s. 6p. l s . l l | p .
Tapioca. .Brazil Os. 6p. Os. 8p. 4 p.
Ourocu. 2s. Op. 2s. 6p. direitos pagos
pelo comprador
nenhum. ^ Livre de direi-
Tabaco . V{ eTm Ãfolha
? *. > tos por expor-
A
r Rio da Prata, pilha<r B 8íp
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Pernambuco, salgados • . ... 3*P 5Jp glez.
_Rio Grande, d e cavallo Couro 4s. 6p. 6s . 3p.J
Chifres. . .Rio Grande 12 3 5s. 6f p. por 100.
P á o Brazil . .Pernambuco Tonelada! 1401. > direitos pagos
Páo amarello Brazil. 81. j pelo comprado
1 1
Espécie.
Ouro em barra £0 0 0")
Peças de 6400 reis 0 0 0 f
Dobroens Hespanhoes 0 0 0 > por onça.
Pezos . dictos 0 0 0 y
Prata em barra 0 5 2 J
Cambio».
Rio de Janeiro 59 Hamburgo 35 5
Lisboa 58 Cadiz 35 0
Porto 57* Gibraltar 31i
Paris 25 Gênova 45*
Amsterdam 11 16 Malta 47è
Prêmios de Seguros
Brazil Hida 40 a 2 Guineos Vinda 35 a 40 Guineos.
Lisboa 20 a 25 25 a 0
Porto 25 a 30 30 a 0
Madeira 40 a 0 40 a 0
Açores 40 a 2 2 a 21
[ 641 ]
LITERATURA E SCIENCIAS.
PORTUGAL.
Saio á l u z ; Armazém interessante, ou collecçaõ de
novellas, e noticias interessantes, tres folhetos com tres
estampas üluminadas: preço 48o. reis.
ECONOMIA P O L Í T I C A D E SIMONDE.
(Continuado de p. 526)
(4) Podemos dar por exemplo destes balanços desfavoráveis, que to-
davia na5 deixam de enriquecer uma naçaõ, o commercio que fazem os
Europeos com as ilhas da America. Ve-se da exposição de Lord SheffieM,
que calculou de 10 em 10 annos as importaçoem de Inglaterra para todas as
suas colônias, desde o principio do século 18. que o commercio para as
índias Occidentaes uns annos pelos outros constava de .—
2,943,955 lb. st. Importadas em Inglaterra; c
1,279,572, dietas exportadas de Inglaterra.
Ao momento da Revolução recebia a França das suas colônias da America
181,600,000 de libras tornezas em gêneros, a saber: —
Emassucre, e Café - 134*000.000
Algodão - - 26:000.000
índigo, roçou, e outras drogas da tia-tiuraria 11*600.000
Cacao, gingibre, &c. 10:000:000
Total 181:600.000
A mesma época exportava para as suas colônias 78 milhoens de mercadorias
a saber:—
Em gêneros manufacturados, fabricados, &c. 42:447:0CO
Comestíveis, farinha,legumes carnes-salgadas, e queijos - 19:611:000
Vinhos, e aguasardentes 7:285:000
Madeiras, metaes, &c. 6:513:000
Varias íaendas - 2:057:300
Total 77:913:000
(Dicionaire de Ia Geographie Commereiale, de Fouchet.)
As colônias Septentrionaea, pelo contrario, o Canadá, e os Estados Unidos
importam cada anno muitas mais mercadorias Europeas do que exportam
das suas; éra portanto a sua balança com a Europa desfavorável para elles
e todavia bem se sabe que a sua riqueza augmenta com utna rapidez extra-
ordinária.
Literatura e Sciencias. 645
(Continuar-se-ha.)
MISCELLANEA
CONSPIRAÇÃO EM LISBOA.
Revolução de Pernambuco.
A anxiedade, que sentimos, ao momento em que publicamos o
nosso N°. passado, tendo acabado de receber as noticias vagas e
indeterminadas, sobre o levantamento de Pernambuco; se tem em
grande parte diminuído; por termos podido de algum modo aves
riguar a extençaõ do mal; com os numerosos documentos, que nos
chegaram á maõ, depois da nossa ultima publicação. E sabemos
que a insurreição se limita a Pernambuco, Paraiba, e Rio Grande
do orle.
Este successo em Pernambuco, he de muito maior importância
em suas conseqüências, do que na sua actual extençaõ; e por isso
julgamos mui conveniente publicar juncto tudo quanto tem tran-
spirado a este respeito; porque assim daremos a nossos Leitores
672 Miscellanea.
Conspiração em Portugal.
Mal esperávamos, quando mencionamos a revolução de Per-
nambuco no nosso N°. passado, que ja neste havíamos de ter de
registrar outro facto, quasi «imilhantc, que he a conspiração des-
cuberta em Lisboa, pela forma que referimos a p. 668.
Segundo o custume, de naõ se attender nunca em Portugal á
opinião publica, nem se permittir que circulem livremente a
novidades do dia, olhamos para as gazetas lnglezas, para podar-
mos saber o que se está passando em Portugal, e ali esperam
todos, com anxiedade, o paquete de Inglaterra, para poderem
ter alguma intelligencia do que se está passando em sua casa.
O papel, que transcrevemos a p. 668; copkdo das gazetas
Ingleza9, traz com sigo os signaes de official; pois refere particu-
laridades, que só o Governo podia saber; e com tudo pedimos
licença para duvidar da extençaõ das vistas dos conspirados.
Lembrados estarão os nossos Leitores, de que, quando suecedeo
a celebre Septembrizaida de Lisboa, se espalharam rumores, que
inculcavam uma conspiração da mais atroz natureza, para entregar
o paiz aos inimigos; disseram que se acharam, em casa de alguns
dos conspirados, uniformes, armamentos, &c, &c.; e com tudo naõ
somente se naõ provou qite alguma destas occusaooens fosse ver-
dadeira ; mas até os Governadores do Reyno nunca se attreveram
a mandar processar nenhum dos accusados, prova indubitavel de
que estavam innocentes, e de que o Governo se envergonhava de
deixar apparecer á luz dodia, os miseráveis fundamentos,ou talves
os nenhuns fundamento com que perseguio (e ainda naõ acabou
de perseguir) aquelles indivíduos.
Naõ sabendo pois as circumstancias do caso actual em Lisboa,
seria temeridade arriscar uma opinião sobre a innocencia ou crime
Miscellanea. 681
dos accusados; mas, vistos os procedimentos anteriores dos Go-
vernadores do Reyno, julgamo-nos com direito de suspender
nosso juizo; até que os primeiros procedimentos da tal Governo,
tenham por si outra authoridade de maior pezo em nosso espirito,
doque a dos authores da Septembrizaida.
E com tudo, notamos na publicação a p. 66S; em que se
refere a tal conjuração, urna circumstancia digna de reparo. Di-
zem que um dos objectos dos Conjurados éra assassinar o Ma-
rechal Lord Beresford, e desembaraçar-se dos mais officiaes In-
glezes, mandando-os para Inglaterra.
Se os motivos de descontentamento na tropa, de que os con-
jurados se valeram, ou haviam de valer, para a execução de seus
planos, eram o ódio contra Inglezes, ou a inveja pelos postos, que
elles occüpam no Exercito Portuguez; naõ pôde haver maior con-
tradicçaõ do que nomear, como se diz que nomearam, officiaes
Inglezes, para governar a torre de S. JuliaÕ, e guardar os sup-
postos cabeças da conspiração ; pois este facto nao podia deixar
de augmentar a causa do descontentamento, se he que esse des
contentamento se fundava no supposto ódio aos Inglezes.
He possivel que o Tenente General Freire, e outros officiaes
Portuguezes tenham alguma inimizade pessoal, contra Lord Be-
resford ; porém quando isto se eleva á classe de crimes de con-
spiração, e mais patranhas, que se publicaram em Inglaterra, he
preciso naõ çrêr de leve.
Por outra parte, se, em vez de uma conspiração, o negocio se
involve em ideas de revolução ; entaõ naõ he possivel, que pare
somente nos officiaes Portuguezes, que saõ rivaes ou zelosos de
outros officiaes Inglezes. Neste caso os Governadores de Portu-
gal deveriam tomar outras medidas; e satisfazer o publico com
alguma informação sobre a matéria.
Se os nossos Leitores quizerem ter o trabalho de olhar para a
p. 295 do volume II. deste periódico, ali acharão um Decreto
dos Governadores de Portugal, pelo qual se estabeleceo que
fosse crime de inconfidência o fallar mal de qualquer empregado
Inglez. Estes factos naõ podem deixar de irritar o orgulho na-
cional; esse orgulho he necessário que exista para haver patrio-
VOL. XVIII. No. 109. 4R
682 Miscellanea.
ÁUSTRIA.
HESPANHA.
Circula ja, em publico, o novo plano de finanças que o Go-
verno Hespanhol se propõem adoptar. Por elle se vê que
as despezas do anno corrente seraõ de 8:219.736 libras ester-
linas, e a receita se calcula em 5.971.263: deixando um déficit
de 2:248.473 libras esterlinas, ou 17:978.781 cruzados.
Para occurrer a este excesso se propõem o Ministro a deitar
fora do serviço todos os supranumerarios, em todas as repar.
tiçoens: a impor uma contribuição diretca em toda a espécie
de propriedade civil e eclesiástica, sem excepçaõ; e além disto
um subsidio directo sobre o clero, que durará por seis annos.
Para este fim obteve El Rey uma bulla do Papa; com o que se
acalmarão as consciências, posto que naõ sabemos se as vontade.
se sugeitaraõ da mesma forma.
El Rey, em um decreto de 12 Junho, pinta o estado do Reyno
na situação mais deplorável, confessando," que as tropas expe-
rimentam as mais afflictivas necessidades; que se acham desti-
Miscellanea. 683
tuidas de tudo quanto he conforto, e os quartéis estaõ caindo
em ruínas: que os cidadãos soffrem muito, com a obrigação em
que se acham de dar quartéis aos soldados, e de transportar a
sua bagagem; que em muitos lugares se põem em força arbi-
trariamente enormes exacçoens, que a marinha está destituída
de tudo, que as perturbaçoens na America privam a metrópole
dos seus mais efficazes recursos: que os magistrados e officiaes
públicos passam mezes e annos sem receber os seus mesquinhos
salários, e que he precisa toda a sua virtude e fortaleza, para
ver que as suas familias succumbem debaixo do pezo da miséria.
Bella consolação dá o Senhor Ministro Garay, nesta pintura,
que acabamos de copiar, aos povos de Hespanha, para os in-
duzir a amar um Governo, que assim se conduz.
COLÔNIAS H E S P A N H O L A S .
FKANÇA.
Os levantamentos parciaes, que tem havido, e tem todos sido
supprimidos, parece terem por causa immediata a penúria de
mantimentos, que se observa naquelle paiz. Em Lyon, com effe-
ito se achou, que havia uma conspiração arranjada, a qual, dizem
as gazetas Francezas, fôra frustrada pela vigilância da Policia-
mas naõ se declara nem a sua extençaõ nem o seu objecto.
As ordens do dia, que se publicaram em Lyon, aos 9 de Julho-
com uma proclamaçaõ do Mayoral da cidade, saõ compostas de
declamaçoens vagas contra os conspiradores, e rigorosos castigos
que se lhes iraporaõ, e da bondade do Governo. Nada dos factos
se pôde colher destes documentos, e por isso naõ julgamos neces-
sário trasladállos para a nossa collecçaõ.
O Ministério Francez teve uma pequena mundança, havendo
E l Rey nomeado para Ministro da Marinha o General Gou-
vion St. Cyr.
INGLATERRA.
A emigração da Inglaterra para a America continua sem inter
missaõ. O navio John, cap. Binnington, e o Trafalgar, cap*
Welburn,se despacharam na alfândega de Hull, no principio de
Jnnho, para Quebec, fretados principalmente por pessoas, que
emigravam de Yorkshire, e Lincolnshire, com as vistas de se
estabelecerem nas provincias lnglezas da America Septentrional,
O numero de passageiros por estes navios, chega a 130.560
homens, mulheres e crianças se tinham feito á vela de Hull
para a America, em nove navios, que saíram na presente estação
O Relatório de Committé de segredo na Casa dos Lords, que
Miscellanea. ggg
publicamos a p . 621, ao mesmo tempo que mostra a continuação
da inquietação em alguns condados da Inglaterra, prova tam-
bém, que as pessoas connexas com isso saõ tom insignificantes,
que naõ ha ninguém que se assuste com temor de perturbaçoens
serias, e ainda que os Ministros recommendassem ao Parlamento
a continuação da suspençaõ do seu Habeas Corpus; julgamos
que isto he mais uma precaução ex abudanti, do que uma
medida dictada pela absoluta necessidade.
"WTJRTEMBERG.
A Assemblea dos Estados regeitou a final o projecto de consti-
tuição, que El Rey lhe apresentara, em um ultimatum, em que
declarou, que ou os Estados haviam de aceitar a constituição que
lhe propunha, ou que naõ teriam nenhuma.
0 procedimento da Assemblea, nesta occasiaõ, deixamos referido
a p. 632, e logo os rescriptos de S. M., por que dissolve a Assem-
blea, e dá as razoens de assim ter obrado.
Quando, na sessaõ de 2, a maioridade resolveo contra a aceita-
ção da Constituição; o Baraõ D' Ou declarou, que naõ somente
protestava contra a resolução, mas que apresentaria o protesto a
El Rey, com uma petição, para que S. M. naõ pertnittisse que o
povo soffresse com tal resolução, e que concedesse a Constituição a
todos os membros que tinham votos pessoaes; e aos representantes
da minoridade, assim como das cidades e bailios, que accedêram
aos desejos da minoridade. Os membros, que possuem votos pes-
soaes, e 22 representantes, que assignâram esta petição e protesto,
saíram entaõ da salla com o BaraõD' Ou ; porém voltando alguns
minutos depois, pediram, que o seu protesto se ajunctasse ao me-
morial, que se havia de fazer em conseqüência da resolução da
maioridade. Muitos membros se declararam contra esta proposi-
ção, mas desejavam que o negocio fosse decidido pelo committé
nomeado para minutar o memorial. A minoridade deixou entaõ a
salla, e foi apresentar o seu protesto e petição a El R e y ; o qual
lhes fez a seguinte falia.
" Os sentimentos, que tendes agora expressado saõ tanto mais
686 Miscellanea.
agradáveis, quanto a segurança delles me he offerecida a tempo, em
que a maioridade da vossa Assemblea tem obstinadamente recusado
adoptar uma constituição, que eu considero como a mais bem cal-
culada para segurar o bem do Reyno. O partido, que por dous
annos tem prevenido, por suas occultas e culpaveis intrigas, o
estabelicimento de uma boa constituição; e que emprega todos os
meios para executar projectos dictados pela ambição e interesse,
tem alcançado na vossa Assemblea, e trabalha a todo o risco para
empecer á felicidade publica; porém naõ o alcançará. A Pro-
videncia, chamando-me a este critico momento para o governo
deste Reyno, me tem dado ao mesmo tempo sufficiente firmeza
para confundir os planos e desígnios de meus inimigos. Eucom-
hiunicarei ao povo immediatamente os direitos e liberdades, que
lhes tenho assegurado, no meu projecto de constituição, e tomarei
em consideração todos os desejos fundados na justiça."
" O meu primeiro cuidado será introduzir um systema de im-
postos, fundado sobre principios de equidade; aliviar, ou supprimir
sendo possivel, todos os tributos onerosos. Carregarei ao thesouro
do Estado as dividas dos novos paizes, que ainda se naõ tinham
posto a cargo do thesouro pelo acto de annexaçaõ. Trabalharei
por extirpar inteiramente os abusos, que existem nos direitos dos
escribas; (sorte de copistas públicos) que saõ um dos flagelos do
paiz, com as vistas de prevenir para o futuro a nociva influencia de
uma protecçaõ, que he dirigida pelo interesse e pelo orgulho."
" Dimindi, pois, naquellas partes do paiz para onde ides, o co-
nhecimentodas boas resoluçoens,que vos tenho agora communicado;
dizei a todos os meus vassallos, que naõ ha entre elles mais zeloso
amigo de sua pátria do que sou eu ; e que me sugeitarei a qualquer
sacrifício, que possa assegurar a sua verdadeira felicidade. Faci-
litai a execução das minhas medidas, combinando-vos com fran-
queza e firmeza em apoio de meu governo; a força da verdade e
da justiça he tal, que a influencia do egoísmo, e o espirito do
partido ou de interesse naõ lhe podem resistir por longo tempo."
" Todos os meus dezejòs saõ pela minha pátria, e a minha mais
viva gratidão se mostrará para com os seus verdadeiros repre-
sentantes."
[ 687 ]
CONRESPONDENCIA.
Defesa do Rdo. Deaõ de Angra Joze Maria de Bittancourt Vazconcel-
lot e Lemos, por um seu Amigo para lhe servir de bem no Rio de-
Janeiro.
1.
Metter duas Seculares para Freiras no Convento de S. Joaõ, menores
de 12 annos, sem Licença Regia, nem Breve Apostólico, que dispensasse
a falta de idade.
2.
Obrigar o Convento a sustentar, e vestir estas Seculares.
688 Conrepondencia.
3.
Que queixando-se as Freiras a Sua Majestade, pela Juncta do Melhoramento,
destes excessos, mandou a Juncta ouvir o Rdo. e naõ lhe quiz res-
ponder.
4.
Mandar depois a Juncta em Nome de Sua Majestade, que puzeses
fora do Convento as Seculares, naõ cumprio a Ordem.
5.
Que he culpavel do excesso que as Freiras cometteram, de expulsarem
do Convento as Seculares por isso que elle naõ cumprio a Ordem.
6.
Negar os Recursos, que as Freiras delle interpunham.
7.
Violentar as Freiras com ameaças de castigos fortes, uso de forcas
militares, para ellas deixarem tornar a entrar as Seculares, sem Licença
Regia, que naõ obstante terem estado no Convento 2 annos, naõ tinhaõ
obtido.
8.
Naõ attender á Reprezentaçaõ das Freiras, de que as Seculares naõ
deviam estar no Convento sem serem habilitadas, e que ellas chegando
a conhecer a indignidade dellas, naõ podiaõ com ellas viver por pertur-
barem o Socego Religiozo, com que se tinhaõ pervenido, negando-lhes
os Votos: elle naõ attendeo a justíssima Reprezentaçaõ.
9.
Que a falta de Cumprimento da Ordem de Sua Majestade, e o des prezo
á Suplica das Freiras, e a Supitaçaõ dos Recursos deo cauza a que ellas
as tornassem a expulsar.
10.
Que quebrou as portas do Convento com um machado, e com as suas
próprias maõs, para metter dentro do Convento as Seculares, porque as
Freiras naõ lhas quizeraõ abrir, levando com sigo o machado para este fim,
e acompanhado d'alguns Soldados.
11.
Que assim metteo no Convento as Seculares, e que entrou dentro delle
cahindo em censura Canonica,
12.
Que este extraordinário procedimeeto, violentou as Freiras, pelo medo
que conceberão delle, á arrombarem o sobrado de uma Caza, e fugirem para
Conrespondencia. 689
a Igreja, aonde se foram achar postas em Oraçaõ, parcipitandosse de uma
grande, altura com perigo de vida.
13.
Que depois d'ísto, entrando ellas para o Convento mesmo sem sahirem
á rua, ,elle tomou a entrar no Convento, e as prendeo, e suspendeo dos
Cargos que exerciam.
14.
Que de prevenção cometteo o exesso do arrombamento do Convento
e proctícou violências, porque pedio o auxilio militar ao Capitão General,
e uzou delle, mandando carregar as espingardas de pólvora, e baila, tocan-
do-ee rebate para se ajuntarem os Soldados, e por ter levado o machado
em sua companhia.
Naõ foi o Rdo. Deaõ quem commetteo estes suppostos erros, foy o
Prelado Ordinário das Freiras de S. Joaõ; naõ foi este, foy a Instituidora
do Convento, quando chamou para Prelado substituto aquelle que
occupasse esta Dignidade, ignorando que podia haver algum Deaõ, que
naõ pudesse bem mover o pezo deste Governo : naõ foi elle, foi sim o
Cabido * porque sabendo que a Bulla que approva o Deaõ para Prelado das
Freiras naõ tem Beneplácito de Sua Majestade, naõ devendo consentir
que se lhe separe esta parte de Jurisdicçaõ na Vacância da Sé, ficando
assim culpado o Cabido, e muito mais se he verdade, que este Rdo. Deaõ
percebe Patrimônio, e exercita as Prebondas sem o competente Breve
Pontifício: mas he verdade que o Rdo. no exercicio de suas Dignidades
se conduz virtuosamente, e que para Prelado de Freiras he taõ benemérito
que seodo-o como já disse, do Convento da Conceição, nada se diz, a este
respeito, podendo-se concluir, que mesmo que tivesse cotnettido algum
erro no Governo do de S. Joaõ: foram as Freiras, que o promoveram.
Nega-se que tudo quanto a este respeito fez fosse erro, e muito menos
crime, porquanto.
1.
Se deo a Licença para a entrada das Seculares, quem sabe se elle
ignorava ser preciza a Licença de Sua Majestade, e a dispensa de idade,
he verdade, que fez mal, em declarar no Despacho, que as Seculares apre-
zentariam Licença Regia á chegada de duas embarcaçoens infalivelmente,,
sem se lembrar, que esta condicçaõ mostrava a insubordinação ás Regias
Ordens.
2.
Obrigou o Convento a sustentallas, e vestillas, mas naõ obrigou ás Freiras
a isto, nem lhes deminiuio o que o Convento lhes dá, em retorno dos dotes
que deram para elle as sustentar, e vestir, Elias appelaram delle,a sen-
tença he que ha de decider se elle errou.
VOL. XVIII, No. 109. 4s
690 vonresponaencia.
3.
Reprezentaram as Freiras á Juncta do Melhoramento, que elle tràha
mettido no Convento impropriamente as Seculares, e a Juncta mandou
ouvillo, elle naõ respondeo; pode ser que naõ tivesse tempo, porque como
Deaõ he obrigado a effectiva assistência da Sé, como tal Prezidente do Ca-
bido, que a este tempo tinha muito a tractar, e sendo Prelado dos dous Con-
ventos, he evidente naÕ poder satisfazer a tudo, com promptidaõ.
4
Mandou a mesma Juncta segunda ordem, e nesta que elle puzesse for»
do Convento as Seculares, encarregando ao Corregedor a intimaçaõ da
Ordem, e que elle Deaõ respondesse a ella: naÕ a cumprio, nem respondeo
á Juncta, mas respondeo ao officio do Corregedor, e fez-lhe ver, que a
Juncta naõ tinha aquelle poder e que elle Corregedor procedeo mal em fazer
o que ella lhe encarregava perturbando o exercicio do sen poder. Obrar
cada um como intende naõ he erro.
5
As Freiras naõ tem authoridade para obrigarem alguém a cumprir os seus
deveres, e se o Deaõ desobedeceo á Juncta mandando em Nome de Sua
Majestade, he o castigo d'isto porem ellas fora do Convento as Seculares)
A Ordem foi para o Deaõ, e naõ para as Freiras: com qne autoridade cum-
prem ellas, o que he mandado fazer a outro! Accusaõ d'isto o Deaõ, e eu
accuso as Freiras.
6
Os Recursos, que negou ás Freiras foi por se persuadir, que ellas naõ
podiam conseguir, que as suas ordens fossem emendadas com prejuizo do
Seu poder, e sendo Prelado dellas naÕ devia consentir fizessem despezas
inúteis
7
Se as Freiras, naõ puzessem fôra a primeira vez as Seculares, também o
Deaõ as naõ mandava entrar Segunda vez, mesmo contra a ordem da Juneta
e mesmo depois, qtie se tinham passado dous annos desde aprimeira entrada'
sem ellas poderem obter a Licença Regia, que o Deaõ exigia; mas
podendo elle dispensar esta da primeira vez, também o podia fazer da segunda,
8
Naõ he ás Freiras, que pertence fazer habilitar qualquer Secular para
entrar no Convento, a ellas só compete dar os votos, negando-os quando
tiverem motivo, negaraõ-nos a estas, pensando, que com isto evitavam, que
ellas entrassem, enganaram-se, porque mandando o Deaõ que entrem, nada
mais he precizo, as habilitaçoens saõ precizas quando os Prelados naõ saõ
Deoens.
Conrespondencia. 691
9
Puzeraõ outra vez as Freiras fora as Seculares porque o Deaõ o naõ fez,
mandando-o Sua Majestade, elle fez o que entendeo,e as Freiras fizeram o que
elle naõ queria fazer, mas como saíram do Convento; naõ se pode dizer
que a Ordem naõ se cumprio.
10
He verdade, que o Deaõ arrombou cora um machado em suas maõs as
portas do Convento, e que foi fazer isto com deliberada vontade, indo
acompanhado de alguns Soldados, mas isto naõ foi para fazer malefício as
Freiras, em quem naõ bateo com o machado, foi para que no cazo, que ellas
duvidassem abrir as portas para as Suculares, que ali também tinha em sua
companhia, entrarem, elle as abrio, e ellas naõ podiaõ entrar com ellas
inteiras, e fechadas.
11
Quando elle arrombou as portas, e metteo dentro as Seculares naÕ vio
Freira alguma a quem as en tragasse, nem aquém decretasse as suas ordens,
era de extrema necessidade á vista das urgentes circumstancias falar a alguma
das Preladas, e por isto foi-lhe indispensável entrar no Convento, até ver
onde as incontrava, isto occazionou o tal rompimento da Clauzura, e naõ
foi desprezo ao impedimento sem extrema necessidade.
12
O Deaõ espedaçou duas portas da Clauzura com um machado, e porque
ellas eram mais fracas do que o machado, e porque lhas naõ abriram, quando
elle mandava, e por isto querem, que elle seja a causa próxima d'as Freiras
fazerem um rombo em o sobrado de uma Caza, e taõ bem com um machado
e fugirem por elle para a Igreja: por ventura mandou-as elle fazer o rombo
e fugir, ou este permeditado, e pervenido excesso delle, que moveo
aquelle das Freiras lhe pode ser culpavel, quando elle como PreladoJpodia
considerar-se até com poder de demolir o Convento.
13
He verdade, que entrou segunda vez no Convento para prender as dez
Freirasque com medo fugiram para a Igreja, aonde elle as foi encontrar em
Actos de Contricçaõ diante do Senhor Sacramentado, pensando que o Deaõ
as mattava, e donde voltaram para o Convento; mas elle queria prendellas,
no numero dellas estavam as Preladas, e Madres d"Ordem, naõ havia quem
efectuasse a prizaõ, era muito precizo prendellas, e que elle escolhesse as
prizões, como se diz escolheo as peiores, isto naõ se podia fazer sem esta
segunda entrada, que naõ he offensiva senaõ ás Freiras porqueficarampre-
zas por sette mezes.
4 s2
692 Conrespondencia.
14
Naõ foi com prevenção que cometteo o excesso do arrombamento, foi sim
com um machado movido por elle á sua vontade, e naõ sem incomodo de
sua pessoa, o que naõ quereria ter se naõ fosse a extrema necessidade em
que as Freiras o p u z e r a m : era necessário quebrar aquellas portas, elle
podia mandar quebrallas, fazello elle he o mesmo : naõ se prevenio com o
machado, porque o naõ comprou, e sim o pedio emprestado, na duvida de lhe
ser, ou naõ percizo. Cercou o Convento de tropas, foi para as Freiras naõ
fugirem .* mandou carregar as armas de pólvora e baila, foi para que no cazo
que as Freiras lhe quizessem fazer offensa elle se poder desanfrontar, e naõ
o accusaõ d*elle offender com ellas, mandando fazer fogo algum, e as Freiras
tendo abusado á cega obediência que elle dellas exigia, talvez, com o temor
das armas viessem a reconhecer os seus deveres para com um Prelado taõ
virtuozo, sábio, e que tantos benefícios lhes fazia: elle pedio os Soldados,
deram-lhos, e com ordem para executar as suas ordens, que menos podia
elle fazer com elles do que fez.
Parece ficar provado, que cahindo sobre o Deaõ o pezo de Prelado das
Freiras de Saõ Joaõ, elle o moveo muito á sua vontade. Também parece
que os suppostos erros, que pensaõ elle commetteo, as Freiras he que deram
cauza a elles, e quando por isso as castigou, nunca teve em vista errar, con-
cluindo serem calumniozas as mais aceusaçoês.
Talvez que os accusadores estejam na regra de Horacio,
Notandi sunt tibi mores.
Nada concorre tanto para o modo d'obrar como a educação; e tal qual se
nos dá forma nossos gênios, e taõ differentes, uns saõ dóceis outros ásperos,
activos.orgulhozos, encontrando-se em famillias inteiras; os orgulhozos obram
com precipitação, a adquirem com isto um habito, que practicando de outra
maneira, se perssuadem prejudicar até a Nobreza de suas Famílias, este de-
feito he da educação e naõ da pessoa, que nunca como tal o pode julgar,
antes pelo contrario louva como virtudes se vê alguma accaõ destemperada,
em pessoa que bem poximamente lhe pertença, publica, ou particularmente
nestes naÕtemlogar. Notandi sunt tibi mores.
He a natureza quem qualifica o homem, as qualidades d'esta naõ se po-
dem mostrar senaõ com os procedecisentos, estes naõ podem ser iguaes
em todos, entaõ. Notandi sunt tibi mores.
Traga-se á memória Tullio filho de Marcos, e o filho de Cícero : sabemos,
que este foi mandado para Atenhas aonde concorriam pessoas das Naçoens
mais polidas para o exemplificar com os filhos d'estas, para assim o trazer
a sensibilidade, e o entregou ao cuidado de Cratippas o maior Philosopho
daquella idade recomendando-lhe que no cazo de que os Livros escriptos
até entaõ naõ fossem sufficientes para a sua educação, elle compuzesse
outros de propósito para sou filho, e naõ obstante isto, ficou sempre o
mesmo, e Tullio sem tanto cuidado he um sábio daquella idade
Conrespondencia. 693
O Deaõ foi por seu Pay destinado para frade, mandado assim para
Coimbra, para ser um sábio Frade, naõ o admittio a Universidade pelo de-
feito das primeiras Escolas, entaõ desfradou-se, mas ficando clérigo, se
anatureza delle naõ he própria para Ecclesiastico, para que, Notandi sunt.
Tem mostrado o Deaõ ser emprehendedor, e de natureza ambiçioza a re-
prezentar de grande, e por isto tem merecido a Dignidade que exerce: se
alguma variedade na ordem da vida tem tido, está na regra de Tull. ad He-
rennium. Diflicile est plurimum virtutena revereri, qui semper secunda
fortuna fit usus.
Diz o mesmo Tull. que as conveniências da vida saõ cada um aproveitar-
se das vantagnes, que se lhe offressem, se o Deaõ faz isto segue o pensar de
sábio.
He por sua conveniência própria que elle embarcou agora de Capelão
para a Bahia, sendo um Deaõ, para dali hir ao Rio-de-Janeiro cuidar de
suas conveniências, e naõ para se defender d'erros que comettesse, como
Prelado das Freiras de Saõ Joaõ; nem mesmo accusallas, e essas justiffi-
caçoens a que elle tem recorrido, naõ obstante parecer se destinam para
uma ou outra couza d'estas, também pode ser, que sejam para as remetter
aos Autores dos Periódicos para o justifficarem.
Querenda pecunia premium,
Virtus post numos. Horac.
Hoc scripsi non otiiabundantia, sed amoris erga te Tull Epist.
Resposta.
O modo porque as noticias, a que alude esta carta, chegaram a Londres
foi explieado no N°. passado a p. 562; aonde se disse, que o navio, que
as trouxe a Lisboa naõ entrou em Pernambuco. Redactor.
[ 695 ]
INDEX.
DO VOLUME X III.
N°. 104.
POLÍTICA.
COMMERCIO E ARTES.
Rússia. Regulamentos commerciaes na Finlândia 43
Inglaterra. Importaçoens de algudaõ 44
Preços correntes em Londres 60
LITERATURA E SCIENCIAS.
Novas publicaçoens em Inglaterra 51
Portugal 53
Economia Politica de Simonde 53
MISCELLANEA.
Memória dos Exteriores da Soberania, &c. 63
Compromisso do Monte Pio Literário de Lisboa 89
696
No. 105.
POLÍTICA.
COMMERCIO E ARTES.
Sobre o Commercio do Reyno Unido 155
Rússia. Ordem sobre os conhecimentos de carga 168
Preços correntes em I>ondrcs 170
LITERATURA E SCIENCIAS.
Novas publicaçoens em Inglaterra 171
Economia Politica de Simonde 173
MISCELLANEA.
Memória dos Exteriores da Soberania 182
Inglaterra. Relatório do Committee de Segredo 189
Portugal. Receita e despeza do Monte Pio Literário 802
Reflexoens sobre as novidades deste mez.
Reyno Unido dt Portugal.
Guerra do Rio-da-Prata 204
Embaixador Inglez para o Brazil 210
Monte Pio Literário de Lisboa 211
Estados Unidos 212
França 212
Hespanha 215
Inglaterra 216
Nápoles 218
Suécia 220
Wurtemberg 220
Conrespondencia.
Carta ao Redactor sobre o commercio de Lisboa 221
Requirimento apresentado aos Governadores do Reyno 221
N ° . 106.
POLÍTICA.
Reyno Unido de Portugal, Brazil e Algarves.
De*c-*eto de renovação da Ordem da Torre e Espada , » 225
Vot. XVIII. No. 109. 4T
698 Index.
Alvará ampliando o decreto acima Pi 234
Alvará alterando as insígnias da Ordem 235
Alvará creando commarca a Ilha de Joanes 236
Edictal do Senado de Lisboa, sobre a escacez do paõ 239
Segundo edictal revogando o primeiro 239
Hespanha. Proclamaçaõ do General Elio 240
COMMERCIO
Preços correntes em Londres 241
LITERATURA E SCIENCIAS.
Novas publicaçoens em Inglaterra 242
Economia Politica de Simonde 243
MISCELLANEA.
Memória dos Exteriores da Soberania
Carta do Conde Montholon, sobre o tractamento de Bonaparte em
Sancta Helena 263
Inglaterra. Falia do Conde Bathurst s obre Bonaparte 273
Colônias Hespanholas. Extracto dos debates no Parlamento Britannico 291
Guerra do Rio-da-Prata. Ordem do dia, no Quartel General de
S. Thereza, 12 de Sept. 1816 294
Officio do Marechal Corrêa; 13 de Sept. 1816 295
Ditto ditto 28 de Sept 1816 296
No 107.
POLÍTICA.
COMMERCIO.
Paizes-Baixos. Decreto sobre a nomenclatura dos pezos 374
Avizo sobre os direitos de certos navios estrangeiros 377
Suécia. Prohibiçaõ de importar vários artigos 377
Preços correntes em Londres 379
LITERATURA E SCIENCIAS.
Novas publicaçoens em Inglaterra 380
Extracto do Conservador Imparcial, Sancta Aliiança 383
Essai sur le quatre grandes questions politiques 388
Economia Politica de Simonde 391
MISCELLANEA.
Colônias Hespanholas. Relação de seu estado em Caracas 397
407
Proclamaçaõ do General Bolivar
408
Do. — do Almirante Biron
4T2
700 Index.
Buletim do Exercito Libertador, No. 1. p. 410
Carta do Gen. Morillo ao Secretario de Estado em Madrid 412
Carta do Embaixador Hespanhol nos Estados Unidos 419
Do. — Do. 420
Guerra do Rio-da-Prata. Gazeta do Rio de Janeiro 18 de Dez. 438
Proclamaçaõ do Marechal Corrêa, em Monte Video 432
Do — do General Lecor em Monte Video: 20 de Janeiro 434
Suécia. Noticia da Conspiração contra o Principe da Coroa 435
Conrespondencia.
Carta sobre Pernambuco 466
47
Do. sobre Joze Asostinho 0
No. 108.
POLÍTICA.
COMMERCIO E ARTES.
Portugal. Edictal da Juncta do Commercio em Lisboa, sobre as
sedas estrangeiras 509
Do. — Do. sobre o Commercio de Rússia 510
Avizo na Gazeta, sobre as sedas estrangeiras 511
Reflexoens do Cônsul em Petersburgo, sobre o Commercio da Rússia 51°
Brazil. Minas de ferro no Cuiabá 51-
Preços correntes em Londres 516
LITERATURA E SCIENCIAS.
Novas publicaçoens em Inglaterra 517
Portugal 517
Noticias Literárias. Veneno do arsênico 518
Novo methodo de produzir gelo 519
Economia política de Simonde 520
MISCELLANEA.
Conrespondencia.
N o 109.
POLÍTICA.
COMMERCIO E ARTES
LITERATURA E SCIENCIAS
MISCELLANIA.
Conrespondencia.