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PLANIFICAÇÃO E PROGRAMAÇÃO DE OBRAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

1. NOÇÃO DE PLANEAMENTO
O planeamento de obras de construção civil é uma das actividades que compõem a actividade mais
genérica normalmente designada por preparação e controlo de obras de construção civil. Planear
obras é realizar um “plano” de actividades e indexá-las ao calendário. No fundo, é decompor a
obra em “tarefas” ou “actividades” elementares e definir para cada uma, datas de início e fim e
folgas de realização. Do planeamento resulta ainda muita informação marginal que adiante
enumeraremos.

Não faz sentido planear sem controlar. Controlar o planeamento da obra é retirar da obra em curso
informação (balizamentos) que permita actualizar sucessivamente os planos em vigor e fornecer
informação útil para o futuro desenvolvimento dos trabalhos.

2. DADOS-BASE

Os dados de base a determinar em qualquer planeamento são os seguintes:


• Listagem de tarefas
• Duração das tarefas
• Encadeamento das tarefas
Mão-de-obra necessária
• Para cada tarefa {.Equipamento necessário; .Custos ou facturação associados}

3. COMO OBTER OS DADOS-BASE


3.1. Listagem de tarefas
A listagem de tarefas é a decomposição da obra em “actividades” elementares. A listagem de
tarefas faz-se a vários níveis segundo uma estrutura piramidal em que o número de actividades vai
sucessivamente crescendo e a unidade de duração diminuindo.

Usualmente consideramos os seguintes níveis:


Nível 1 – programa global: unidade mês
Nível 2 – Planeamento ao nível das artes: unidade semana
Nível 3 – Planeamento de pormenor: unidade dia
Nível 4- Planeamento específico – detalhe

A listagem de tarefas é feita com base no orçamento de obra mas não é necessariamente
coincidente com este. Deverá ser mais simples e agrupar todas as tarefas organicamente
semelhantes ou que sejam realizadas ao mesmo tempo. A individualização excessiva complica o
plano de trabalhos.

3.2.Encadeamento de tarefas
Todas as tarefas têm entre si um qualquer tipo de ligação. A ligação mais corrente e perceptível é a
ligação física (associada à impossibilidade física) mas podem existir outros tipos de ligação tais
como:
• Segurança;
• Programáticas;
• Meios (financeiros, mão-de-obra, equipamentos).

3.3. Duração das tarefas

O pessoal que realiza tarefas de Construção Civil e Obras Públicas organiza-se normalmente em
equipas de oficiais e serventes. O cálculo da duração das tarefas é normalmente realizado a partir
dos rendimentos da equipa quando se programam equipas.

Em certos casos a programação é feita com base em rendimentos de oficiais e a serventia é no final
estimada em função do número de oficiais programados para a obra. Apresentam-se em seguida
fórmulas que permitem calcular as durações das tarefas em diversas situações.

• Duração para 1 equipa

D1 = Q x Req (horas)
D1 – duração para 1 equipa
Q – quantidade associada à tarefa (medições)
Req – rendimento da equipa que realiza a tarefa

Duração para 1 oficial (Eng responsável da obra, ou de específica componente da obra)


D’1 = Q x rof (horas)
D’1 – duração para 1 oficial
rof – rendimento do oficial na realização da tarefa

A situação de D’1 aplica-se em trabalhos em que só os oficiais trabalham ou sempre que se usam
técnicas de programação em que só se contabilizam os oficiais estimando os serventes por uma
fracção do número total de oficiais (feito no final da programação e para o total da obra).

4. RESULTADOS A OBTER DO PLANEAMENTO

Seja qual for a técnica de planeamento utilizada os resultados a obter do planeamento são os
seguintes:
• Datas e margens características das tarefas;
• Tarefas não críticas;
• Gráfico facturação-tempo (cronograma financeiro);
• Gráficos recurso-tempo;
• Gráficos custos-tempo.
5. TAREFAS CRÍTICAS
Tarefas críticas são todas as tarefas que têm margem total zero.

6. DATAS E MARGENS CARACTERÍSTICAS DAS TAREFAS

7. CRONOGRAMA FINANCEIRO

Definido o plano de trabalhos, escolhidas as datas características das tarefas e definido o plano a
adoptar “fixando” as datas a considerar para cada tarefa, resulta univocamente um diagrama
facturação/tempo.
Em qualquer plano de trabalhos haverá sempre três tipos de problemas a resolver:
· DADOS-BASE
· CRITÉRIOS E METODOLOGIAS A USAR
· TÉCNICAS DE PLANEAMENTO

8. TÉCNICAS DE PLANEAMENTO

Vamos definir “técnica de planeamento” como todo o procedimento sistematizado que se destine a
realizar o plano de trabalhos de uma obra tendo presentes determinados critérios de optimização.
O planeamento de empreendimentos é um assunto que desde sempre tem merecido o interesse dos
engenheiros e economistas. Em termos teóricos tem sido abordado como um assunto específico
associado à Investigação Operacional.

A abordagem que vamos fazer é mais directa tendo em vista o planeamento de obras de construção
civil que têm uma especificidade própria. As técnicas de planeamento que vamos referir são:
• Gráfico de barras;
• CPM;
• PERT;
• CPM – Custos.

8.1.GRÁFICO DE BARRAS

Técnica de abordagem directa do problema. Começamos por fazer a listagem de tarefas e o cálculo
das durações.
O encadeamento é determinado à medida que se vai construindo o gráfico.

Os critérios de optimização podem ser os mais diversos. Nunca se chega a soluções controláveis em
termos de serem boas ou más; apenas se obtêm soluções possíveis. Não temos datas características
de tarefas nem margens. O caminho crítico não é evidente. O encadeamento também não é em
muitos casos evidente. Tem a enorme vantagem de ser de fácil leitura e utilização em obra.

8.2.CPM – MÉTODO DO CAMINHO CRÍTICO

CPM – Crítical Path Method

Características
• Usado para planeamento de durações e o seu respectivo controlo;
• Exige a definição de uma tabela de encadeamento (só admite relações fim-início);
• As tarefas são representadas por um grafo (a rede CPM);
• Os dados são os usuais (listagem, encadeamento, duração e recursos);

Os elementos a obter são:


• Rede CPM (traçado e cálculo);
• Caminho crítico;
• Datas e margens características das tarefas;
• Diagramas de recursos;
• Gráfico de barras associado;
• A duração das tarefas é a duração programada e é determinada para um dado plano.

A rede CPM pode ser representada de duas formas:


• Tarefas nos nós;
• Acontecimentos nos nós.

Para cada uma destas duas situações existem convenções gráficas próprias.

8.3.LINHAS DE EQUILÍBRIO
Técnica de programação que consiste em representar as tarefas por uma linha num gráfico como a
figura abaixo. É pouco usado em programação mas é muito útil para controlo dado que dá uma
visão gráfica dos ritmos da obra (o declive associado a cada tarefa é uma medida do seu ritmo de
execução).

Normalmente representam-se as DIMC e DFMC das tarefas mas qualquer critério é naturalmente
possível (ver exemplo resolvido). A abordagem na programação é directa e normalmente só usada
em trabalhos com grande repetição e ao nível do programa global ou de nível II (meses ou
semanas).

8.4.CPM – CUSTOS

Técnica de programação usada normalmente só ao nível de programas globais e que pretende


optimizar em simultâneo o custo de uma obra e a respectiva duração. Parte do princípio que a
duração das tarefas depende da tecnologia adoptada e que o seu custo varia na razão inversa da
sua duração de acordo com uma determinada curva teórica.

É no fundo um problema de programação linear; para a sua resolução existem muitos algoritmos
mas optaremos pela abordagem directa (encurtamentos).

8.5.PERT

Técnica de planeamento que trata a duração das tarefas como uma variável aleatória. A principal
diferença para o CPM é o facto de por as tarefas serem variáveis aleatórios fornecer informação
probabilística (às durações da obra associam-se probabilidades de ocorrência). O PERT é usado
apenas em grandes projectos (NASA, navios ou submarinos nucleares,...). Projectos de que haja
pouca informação ou experiência.
Análises a fazer numa rede PERT
• Duração associada a uma dada probabilidade;
• Probabilidade associada a uma dada duração da obra;
• Probabilidade de caminhos paralelos se tornarem críticos.

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