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Manuel José de Arriaga Brum da Silveira

Nasceu em 8 de Julho de 1840, na cidade da Horta, filho de Sebastião de Arriaga e de D. Maria


Antónia Pardal Ramos Caldeira de Arriaga, ambos descendentes de famílias nobres açorianas.
Casou com D. Lucrécia de Brito Berredo Furtado de Melo, neta do comandante da polícia do Porto e
partidário das forças liberais à data da revolução de 1820, de quem teve seis filhos, dois rapazes e quatro
raparigas. Faleceu em 5 de Março de 1917, com 77 anos de idade.

ACTIVIDADE PROFISSIONAL

Na Universidade de Coimbra, onde se formou em Leis, cedo manifestou simpatia pelas ideias
republicanas, o que provocou um conflito insanável com o pai, que o deserdou e lhe deixou de custear os
estudos. Para sobreviver e pagar a Faculdade, teve então de dar aulas de Inglês no liceu.
Em 1866, concorreu a leitor da décima cadeira da Escola Politécnica e da cadeira de História do
Curso Superior de Letras. Não conseguindo a nomeação para qualquer delas, teve de continuar, agora em
Lisboa, a leccionar a mesma disciplina de Inglês. Dez anos depois, em 26 de Agosto de 1876, já faz parte da
Comissão para a Reforma da Instrução Secundária. Simultaneamente, vai cimentando a sua posição como
advogado, tornando-se um notável casuísta graças à sua honestidade e saber. Entre as várias causas
defendidas destaca-se, em 1890, a defesa de António José de Almeida, após este ter escrito no jornal
académico O Ultimatum, o artigo "Bragança, o último", contra o rei D. Carlos.
Na sequência dos acontecimentos de 5 de Outubro de 1910, e para serenar os ânimos agitados dos
estudantes da Universidade de Coimbra, é nomeado reitor daquela Universidade, tomando posse em 17 de
Outubro de 1910.

PERCURSO POLÍTICO

Filiado no Partido Republicano, foi eleito por quatro vezes deputado pelo círculo da Madeira. Em
1890, foi preso em consequência das manifestações patrióticas de 11 de Fevereiro, relativas ao Ultimato
Inglês.
Em 1891, aquando da revolta de 31 de Janeiro, já fazia parte do directório daquele Partido, em
conjunto com Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro, Teófilo Braga e Francisco Homem Cristo.
Nos últimos anos da monarquia, sofre um certo apagamento, dado que o movimento republicano
tinha chegado, entretanto, à conclusão que a substituição do regime monárquico não seria levada a cabo
por uma forma pacífica. Os republicanos doutrinários são, então, substituídos pelos homens de acção que
irão fazer a ligação à Maçonaria e à Carbonária.
Depois da proclamação do regime republicano foi então chamado a desempenhar as funções de
Procurador da República.

ACTIVIDADE PÓS PRESIDENCIAL

Manuel de Arriaga não conseguiu recuperar deste desaire, morrendo amargurado dois anos depois,
em 5 de Março de 1917. Foi substituído pelo Dr. Teófilo Braga.

OBRAS PRINCIPAIS

Distinguiu-se principalmente como advogado e orador. Alguns dos discursos políticos ficaram
célebres, nomeadamente "O Partido Republicano e o Congresso", pronunciado no Clube Henriques Nogueira
em 11 de Dezembro de 1887, "A Questão da Lunda", na Câmara dos Deputados em 1891,
"Descaracterização da Nacionalidade Portuguesa no regime monárquico", em 1892, na mesma Câmara,
"Começo de liquidação final", "A irresponsabilidade do poder executivo no regime monárquico liberal", e
tantos outros. Contos Sagrados, Irradiações e Harmonia Social, constituem exemplos da sua obra como
filósofo e poeta.
A experiência como Presidente da República é-nos contada na sua última obra, escrita após a
experiência presidencial, intitulada Na Primeira Presidência da República Portuguesa.

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