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Circuitos LC acoplados

capacitivamente

João Pedro de Azevedo Calçada


Laboratório de física

Índice

Introdução ..................................................................................................................................... 2
Objetivos ....................................................................................................................................... 2
Introdução teórica......................................................................................................................... 3
Modos normais de oscilação ..................................................................................................... 4
Execução experimental ................................................................................................................. 6
Parte 1: Modos normais ............................................................................................................ 6
Parte 2: Combinação de modos normais .................................................................................. 6
Resultados experimentais e análise .............................................................................................. 7
1 ª Parte: Modos normais ......................................................................................................... 7
2ª parte: Combinação de modos normais ................................................................................ 8
Conclusão ...................................................................................................................................... 9
Referências .................................................................................................................................. 10

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Laboratório de física

Introdução

Ora, estes circuitos compostos por bobines e condensadores, apresentam um


comportamento oscilante e tem muitas aplicações, por exemplo em instrumentos de receção e
emissão de sinais, um deles é o rádio. Também iremos perceber, que, estes circuitos têm muitas
semelhanças aos pêndulos acoplados.

Assim, o que vamos analisar é, então, perceber o comportamento destes circuitos face
à variação de frequência.

Objetivos

Portanto, este trabalho tem como objetivos:

 Perceber com melhor detalhe o funcionamento de circuitos LC acoplados


capacitivamente.
 Estudo das frequências de ressonância destes circuitos.
 Aprimorar o manuseio de instrumentos de laboratório.
 Compreender melhor o funcionamento das bobines e condensadores.

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Introdução teórica

Uma malha LC simples constitui um circuito oscilante, cuja frequência de ressonância é


ω = 1/√LC (rad s−1). Isto porque, há uma troca periódica entre energia elétrica acumulada na
capacidade C e energia magnética acumulada na indutância L.

Analisemos agora, o que acontece ao introduzir-se acoplamento de energia entre dois


desses circuitos oscilantes. Na figura seguinte estão presentes um circuito LC simples e um
circuito LC acoplado capacitivamente.

Figura 1 – Circuito LC simples e Circuito LC acoplado capacitivamente.

Ora no caso do circuito LC acoplado presente na imagem a introdução da capacidade


C12, partilhada pelas duas malhas, influencia a oscilação.

Podemos, assim, escrever as seguintes equações referentes ao circuito LC acoplado:

Malha da esquerda: 𝐿 =𝜀 = − ; 𝜀 – Força eletromotriz através da indutância L1

Malha da direita: 𝐿 =𝜀 = − ; 𝜀 - Força eletromotriz através da indutância L2

Assim, derivando relativamente ao tempo, vem:

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Laboratório de física

𝑑 𝐼 1 𝑑𝑄 1 𝑑𝑄
𝐿 = −
𝑑𝑡 𝐶 𝑑𝑡 𝐶 𝑑𝑡
𝑑 𝐼 1 𝑑𝑄 1 𝑑𝑄
𝐿 = −
𝑑𝑡 𝐶 𝑑𝑡 𝐶 𝑑𝑡
Usando o princípio da conservação da carga, teremos que:

𝑑 𝐼 𝐼 (𝐼 𝐼 )
𝐿 =− + (1)
𝑑𝑡 𝐶 𝐶

𝑑 𝐼 (𝐼 𝐼 ) 𝐼
𝐿 =− − (2)
𝑑𝑡 𝐶 𝐶
Obtém-se assim, um sistema de equações acopladas, devido aos termos em que aparece
C12. Portanto, a oscilação da malha 1 depende da oscilação da malha 2, e vice-versa.

Modos normais de oscilação

Supondo, L1 = L2 = L, e C1 = C2 = C (osciladores acoplados idênticos). Obtemos a partir


das equações (1) e (2):

𝑑 𝐼 +𝐼
(1) + (2) ⟨=⟩ 𝐿 (𝐼 + 𝐼 ) = − (3)
𝑑𝑡 𝐶
𝑑 1 2
(1) − (2) ⟨=⟩ 𝐿 (𝐼 − 𝐼 ) = − + (𝐼 − 𝐼 ) (4)
𝑑𝑡 𝐶 𝐶

A solução de (3), na variável I+ = I1 + I2, para a condição inicial 𝐼 (0) = 𝐼 +𝐼 =𝐼 é:

𝐼 (𝑡) = 𝐼 cos 𝑤 𝑡
Onde:
1
𝑤 =
√𝐶𝐿
A solução para (4), com condição inicial 𝐼 (0) = 𝐼 −𝐼 =𝐼 é:

𝐼 (𝑡) = 𝐼 cos 𝑤 𝑡
Com:
1 1 2
𝑤 = +
𝐿 𝐶 𝐶

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Se a oscilação se iniciar com 𝐼 = 𝐼 , 𝐼 𝑒 𝐼 oscilam com igual amplitude e frequência


ω+; se a oscilação se iniciar com 𝐼 = −𝐼 , I1 e I2 oscilam ainda com igual amplitude, mas
com frequência ω−, superior a ω+. Estes dois tipos de oscilação denominam-se modos normais
do sistema de osciladores acoplados.

Todos os outros modos podem ser obtidos como uma soma dos modos normais.

Por exemplo, se 𝐼 = 0, obtemos:


1
𝐼 = 𝐼 (cos 𝑤 𝑡 + cos 𝑤 𝑡) = 𝐼 cos(𝛥𝑤𝑡) cos(𝑤 𝑡)
2
1
𝐼 = 𝐼 (cos 𝑤 𝑡 − cos 𝑤 𝑡) = 𝐼 sin(𝛥𝑤𝑡) sin( 𝑤 𝑡)
2

Com

𝑤 −𝑤
𝛥𝑤 =
2
𝑤 +𝑤
𝑤=
2

Note-se, finalmente, que estes sistemas eletromagnéticos têm os seus equivalentes


mecânicos (tais como pêndulos acoplados).

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Execução experimental

Parte 1: Modos normais

Na execução do trabalho começamos por montar um circuito, como o esquematizado


na figura 2, com L1 = L2 = L, C1 = C2 = C e Rs = 50 Ω (resistência interna da fonte de sinal Vs).
Mantendo as bobinas bem separadas (para evitar acoplamento magnético mútuo).

Figura 2 – Esquema do circuito montado para a experiência.

De seguida fomos variando a frequência do sinal sinusoidal do gerador até atingirmos


ambas as ressonâncias (ω+ = 2πf+ e ω− = 2πf−), observando os respetivos máximos da
amplitude do sinal no osciloscópio e medimos essas frequências.

Parte 2: Combinação de modos normais

Para a segunda parte, montamos um circuito com o mesmo esquema, mas, com
diferentes valores de condensadores. Montado o circuito repetimos o procedimento da
primeira parte.

De seguida comutamos o gerador de sinal para uma forma de onda retangular de baixa
frequência.

Procuramos uma figura estável no osciloscópio e determinamos os períodos de


oscilação e da sua envolvente (Tosc, Tenv).

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Resultados experimentais e análise

1 ª Parte: Modos normais

Para a primeira parte, os valores experimentais dos componentes do circuito foram os


seguintes:

C1 = 1,037 µF; C2 = 1,064 µF; C12= 1,0 nF; L1=26,33mH; L2=27,65 mH; R0=46,4 Ω

Com estes dados os valores teóricos das frequências dos modos normais são os seguintes:

1
𝑤 = = 5,94 ∗ 10 𝑟𝑎𝑑/𝑠
√𝐶𝐿

1 1 2
𝑤 = + = 2,72 ∗ 10 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝐿 𝐶 𝐶

Experimentalmente obteve-se:

Ressonância f(Hz) 𝒘𝒆𝒙𝒑 (rad/s) ∆𝒘𝒆𝒙𝒑 (rad/s) Φ(º) Erro(%)


𝑤 9,54E+02 6,00E+03 6 2,40 1
𝑤 3,70E+04 2,32E+05 568 156 14,8
Tabela1- Resultados obtidos experimentalmente

No primeiro modo, a frequência de ressonância (W+) apresenta um valor muito próximo


do valor teórico, com um erro de 1%, tendo também uma diferença de fase muito pequena
como era de esperar, ainda assim, seria de esperar um erro mínimo pois o que foi idealizado
teoricamente é impossível experimentalmente, onde existe a impedância associada aos
elementos do circuito e também o equilíbrio do circuito nunca é perfeito pois os condensadores
e as bobines têm sempre caraterísticas diferentes. No entanto, para o segundo modo, a
frequência obtida experimentalmente é muito discrepante da esperada teoricamente, sendo o
erro de 14,8%, ora, algo neste modo que também está diferente do esperado teoricamente é a
fase, este erro aparece devido aos mesmos motivos do primeiro modo, no entanto aqui a
influência é maior. Uma maneira de pensarmos neste caso é recorrendo ao caso dos pêndulos
acoplados, se colocássemos um pêndulo com uma massa diferente, a frequência do modo em
que afastávamos os dois pêndulos na mesma direção à mesma distância, seria a mesma se
tivéssemos dois pêndulos iguais, no entanto se os afastássemos em sentidos opostos (segundo
modo) já seria diferente, sendo que, os pêndulos oscilariam de maneira diferente (o sistema não
estaria em ressonância).

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No entanto estes resultados mostram, como era esperado, que a frequência do primeiro
modo normal é muito menor que a segunda, isto acontece, pois, no primeiro modo não há
passagem de carga pelo condensador C12. A frequência é a mesma que para os osciladores não
acoplados. No segundo modo há passagem de carga por C12 sendo essa frequência
correspondente ao momento em que a carga é máxima.

2ª parte: Combinação de modos normais

Para a segunda parte, os valores experimentais dos componentes do circuito foram os


seguintes:

C1 = 1,000 nF; C2 = 0,986 nF; C12= 6,73 nF; L1=26,33mH; L2=27,65 mH; R0=46,4 Ω

Novamente, calculamos os valores teóricos esperados para estes componentes e


chegámos aos valores:

𝑤 −𝑤
𝑤 (𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) = = 1,35 ∗ 10 𝑟𝑎𝑑/𝑠1
2
𝑤 +𝑤
𝑤 (𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜) = = 2,07 ∗ 10 𝑟𝑎𝑑/𝑠
2

Ressonância T(s) 𝒘𝒆𝒙𝒑 (rad/s) ∆𝒘𝒆𝒙𝒑 (rad/s) Erro(%)


𝑤 3,60E-05 1,75E+05 34 15,5
𝑤 5,88E-04 1,00E+04 527 20,7
Tabela 2 – Resultados experimentais para a 2ª parte.

Novamente os valores obtidos experimentalmente, são muito diferentes dos deduzidos


teoricamente. As razões para isto são as mesmas que para a primeira parte, a impedância
presente no circuito e também os componentes nunca estão perfeitamente equilibrados
havendo sempre algumas diferenças entre as caraterísticas das bobines e dos condensadores
que se queriam iguais. No entanto, é possível perceber que a frequência da onda envolvente é
menor que a da onda osciladora.

Podemos interpretar esta situação em termos de energia. Quando a amplitude da onda


osciladora é máxima, a energia está toda está no oscilador 1. Devido ao acoplamento, é
transferida energia, gradualmente, do oscilador 1 para o oscilador 2, até toda a energia estar
armazenada no oscilador 2. A frequência à qual a energia é transferida de um para o outro
oscilador é ( ω+ − ω−).

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Para este caso temos: 𝑤 = 1,93 ∗ 10 𝑟𝑎𝑑/𝑠 e 𝑤 = 2,20 ∗ 10 𝑟𝑎𝑑/𝑠

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Conclusão

Com esta experiência, ficamos a perceber o funcionamento e as propriedades de


circuitos LC acoplados e também as possíveis aplicações destes circuitos.

Assim, foi-nos possível estudar os modos normais destes circuitos essenciais na melhor
compreensão dos mesmos, pudemos perceber o que afeta estes modos e que informações eles
nos dão. Também nos foi possível modular um sinal em amplitude e perceber como controlar
esta modulação usando um destes circuitos, este processo é utilizado por exemplo pelo rádio
para transmissão de sinais. No entanto os valores teóricos foram sempre muito diferentes dos
esperados experimentalmente, isto porque, este tipo de circuitos tem que ter uma calibragem
muito minuciosa.

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Referências

José Machado da Silva; José Brochado Oliveira; José Monteiro Moreira – Ondas e meios
contínuos – U.PORTO EDIÇÕES, 2017.

Adriano J.C. Moreira - Técnicas de modulação - Fevereiro de 1999

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