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Acústica de salas

Propósito da sala e parâmetros


• É importante definir para que serve a sala:
• Música?
• Concerto?
• Estúdio?
• Palavra?
• Teatro?
• Para música quere-se, em geral, tempos de reverberação maiores do
que aqueles adequados à palavra.
• Problema mais complexo: tamanho, forma.
• Objectivo: máximo de energia sonora, sem perda de inteligibilidade.
Abordagens teóricas
• Teoria ondulatória: dimensões da sala da ordem de poucos comprimentos
de onda. Ressonâncias do espaço têm importância.
• Teoria geométrica: comprimentos de onda muito pequenos quando
comparados com as dimensões da sala. Ondas sonoras como raios radiados
da fonte sonora como linhas rectas que se reflectem nas superfícies.
• Teoria estatística: número de raios directos e reflectidos é muito grande
então transitamos da análise geométrica para a análise estatística do
campo sonoro.
• Teoria psicoacústica: dado que a audição humana é binaural, foi proposto
um parâmetro para a determinação da qualidade acústica de uma sala: o
coeficiente de intercorrelação binaural (interaural cross-correlation
coefficient — IACC)
Resposta de uma sala
• É o comportamento acústico: como é que ela responde ao ser estimulada
por ondas acústicas — resultado dos fenómenos físicos de propagação.
• A resposta é característica de uma sala para uma posição bem definida da
fonte sonora e do receptor.
• A resposta influencia a composição e a audição. Locais como catedrais, em
que os tempos de reverberação são muito longos, ‘impõem’ execuções
lentas, caso contrário os sons misturam-se num amálgama sonora.
• Para os ouvintes, a posição na sala pode originar diferenças substanciais na
percepção auditiva.
• Os músicos, em geral, gostam de alguma reverberação no palco, por isso é
necessário haver superfícies e estruturas difusoras. Além do mais, têm que
se ouvir entre si, especialmente as cordas.
Resposta em frequência medida em duas
posições diferentes. Fonte sonora no canto.
Posição 1 do microfone Posição 2 do microfone

Variação é devida aos modos acústicos: consoante a posição do microfone,


variam os modos que ele ‘ouve’.
Absorção do ar
• Significativa sobretudo nas altas frequências (acima de 2kHz).
• Pode ter um peso de cerca de 20-25% da absorção total.
• Efeito considerável em salas grandes. Pode ser ignorado em salas
pequenas.
• Depende da humidade: mais húmido, menos absorvente. Esta
dependência relaciona-se com a audiência em grandes salas. O ar
exalado contém vapor de água.
Difusão sonora
• Modelo idealizado em que se dá a reflexão numa superfície irregular,
sendo a direcção da dispersão das ondas reflectidas independente do
ângulo de incidência. É um caso específico de reflexão (veja-se a
reflexão em superfícies convexas).
• Difusão ideal significa que o tempo de reverberação é igual em todos
os pontos da sala.
• Difusores podem ser utilizados para melhorar a qualidade acústica de
uma sala: eliminar ecos, melhorar a qualidade da reverberação.
Difusores de Schroeder
• Tipo de reflector acústico em que
um plano é modificado por um
conjunto de reentrâncias paralelas,
cuja profundidade varia de acordo
com uma sequência matemática.
• Essas sequências (maximum-length
sequences) podem produzir ruído
pseudo-aleatório. O espectro FFT é
basicamente plano e isso relaciona-
se com coeficientes e ângulos de
reflexão.
• Habitualmente concebidos para
produzir difusão sonora numa
gama específica de frequências.
Difusores de Schroeder
• Na figura de cima (14-1) vemos uma
placa de metal experimental com
sequência de reentrâncias de larguras
matematicamente definidas
(maximum-length sequence).
• Na figura de baixo (14-2):
• A: profundidade das reentrâncias = λ/4.
Difusão favorável.
• B: profundidade das reentrâncias = λ/2. O
mesmo se cobrirmos apenas uma das
reentrâncias. Difusão quase especular
pura.
• Também conhecidos por reflection
phase grating diffusers.
QRD – quadraDc residue diffuser
• Profundidade máxima da reentrância relaciona-se com o maior
comprimento de onda a difundir/espalhar
• comprimentos de onda muito grandes, essencialmente, não ‘vêm’ a reentrância.
• A largura das reentrâncias é cerca de metade do comprimento de onda
mais pequeno a difundir/espalhar.
• Tem que haver uma separação entre as reentrâncias (ou wells/poços)
• A estrutura destes difusores é calculada de acordo com uma fórmula que
utiliza um número primo e o residual da diferença de um número inteiro ao
quadrado.
• Well depth proportionality factor = n2 modulo p
• Para o valor n = 5 e p = 11, calculamos 52 = 25. Depois subtraímos 11 várias
vezes a 25. 25 – (2 x 11) = 3.
QRD – um exemplo
Modos acústicos
λ/2
Duas paredes paralelas

Deslocamento
• Como se se tratasse de um tubo fechado- Distância
fechado.
• Um modo acústico existe em espaços
limitados e resulta da interferência das
ondas que se propagam num sentido com
as ondas resultantes das reflexões em
sentido contrário. Estando em fase, há
ressonância: onda estacionária.
• Nos limites não há possibilidade de
deslocamento das partículas: nodo de
deslocamento. Corresponde a um ventre
de pressão.
• Quando o percurso de uma onda for
múltiplo de meio comprimento de onda,
formam-se ondas estacionárias.
Frequências dos modos

x – comprimento; y – largura; z - altura


Tipos de modos
axial (2,0,0)

• Axiais (duas paredes): (1,0,0),


(0,2,0) e (0,0,1). Duas das
componentes são nulas.
• Tangenciais (quatro paredes):
(1,1,0), (2,0,1) e (0,1,3). Uma
componente é nula.
• Oblíquos (seis paredes): (1,4,2),
(2,1,1), (1,1,1). Nenhuma
componente é nula.
Modos tangenciais
Modos e dimensões da sala
• Em salas grandes os modos acús_cos de baixa frequência não são
percep`veis (infra-sons). Têm densidade modal rela_vamente alta, excepto
a frequências muito graves.
• Salas pequenas — estúdios por exemplo — eles estão presentes e têm que
ser eliminados porque reforçam muito certas frequências (coloração).
• Dado que as frequências dos primeiros modos axiais estão espaçadas, eles
podem ser eliminados com correção acús_ca específica.
• Dado que o número de modos cresce exponencialmente com a
frequência, a par_r da frequência crí_ca a sala deixa de acentuar certas
frequências.
• Salas cúbicas são de evitar! Os modos coincidem.
• Em geral, acima de 300 Hz os modos estão muito próximos, havendo
pouca coloração.
Tamanho acústico de uma sala
𝑅𝑇"# Frequência de Schroeder
• Grande: fc está abaixo do som mais 𝑓! = 2000
𝑉 ou frequência crí-ca
grave gerado na sala. Dominada
pelo tempo de reverberação. RT60 – tempo de reverberação
• Exemplos: salas de concerto, V – volume da sala em m3
catedrais, grandes estúdios.
• Pequena: fc está dentro da gama Limite inferior da frequência crítica, MFP ≈ λ ≈ 2L:
de frequências gerada na sala. 3 𝑐 4𝑉
Dominada pelo comportamento 𝑓$%&' =
2 𝑀𝐹𝑃
𝑀𝐹𝑃 =
𝑆
modal.
• Exemplos: divisões da casa, como c – velocidade do som
quartos, sala de estar, casa de banho. S – área da superfície do espaço
• Quanto maior a sala, menor a sua
frequência crítica. MFP – percurso livre médio que o som percorre
entre reflexões sucessivas

fcrit excita pelo 3 modos, então podemos usar eq.


de Schroeder
(acústica geométrica: raios sonoros)

(campo difuso)
Freq. crítica

(modal: ondas estacionárias)


freq. primeiro
modo axial
comprimento = 5 m
largura = 3 m
altura = 3 m
comprimento = 30 m
largura = 20 m
altura = 10 m
Campos sonoros
Campo livre / free field

• Duplicando a distância (r),


𝑊 diminuímos para I/4 (área é quatro
𝐼=
4𝜋𝑟 ( vezes maior).
• Triplicando a distância, diminui para
I/9.
𝑘 • Diminuindo a distância para metade,
𝑃=
𝑟 quadruplicamos a intensidade.
• Quando usamos dB (ou seja,
logaritmos), o valor de SPL diminui
em 6 dB, a cada aumento da
distância para o dobro.
impossibilidade de considerar a fonte pontual

Campos sonoros em salas lei do inverso do quadrado da distância


campo difuso / diffuse field

8
Som num espaço fechado

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