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INTRODUÇÃO

A finalidade maior do Direito é a promoção da harmonia social, e para isso, se


faz necessário manter-se em constante adaptação à realidade das relações sociais,
logo, o Direito encontra-se em constante evolução na esteira de se adaptar as novas
necessidades e relações da sociedade moderna.

Dentre as relações que merecem destaque, estão as relações de consumo,


que se renovam a cada dia, tornando-se cada vez mais complexas e inerentes ao
desenvolvimento nacional.

Uma das mudanças nas relações de consumo mais latentes no Brasil,


originou-se com a eclosão industrial iniciada na década de 60, quando o mercado
interno inchou significativamente, sendo necessárias a criação de medidas para
incentivar o consumo interno, facilitando a aquisição de bens tanto por aquele que
produz, quanto para o consumidor final. Não demorou para visualizarmos que seria
necessário abrir espaço para as classes mais abastadas fazerem também parte
desse mercado, o que refletiu na necessidade de se criar novos instrumentos, mais
céleres para o credor executar seu crédito em face de eventual inadimplemento, ou
seja, os direitos reais de garantia até então existentes não geravam ao credor
tranquilidade suficiente, a fim de permitir a todas as classes sociais a possibilidade
de acesso à determinados bens de consumo.

Foi nesse cenário que surgiu pela primeira vez no Brasil, com o advento da
Lei 4.728, de 14.07.65, em seu artigo 66, a figura da alienação fiduciária em
garantia.

Ora, em linhas gerais, verifica-se que a alienação fiduciária em garantia


é meramente o contrato, que quando arquivado no Registro de Títulos e
Documentos resulta no direito real da propriedade fiduciária, caracterizada por sua
natureza resolúvel, ou seja, deixa de existir a partir da implementação de
determinada condição.

Porém uma das principais preocupações na época era como recuperar esse
crédito de maneira célere, e foi exatamente para regular essa questão que nasceu
com o Decreto-Lei nº 911/69, a “Ação de Busca e Apreensão” do bem dado em
garantia no contrato de alienação fiduciária em garantia.

Aqui nasce a problemática deste trabalho. O Decreto-Lei nº 911/69, oferece


uma solução extremamente célere e atraente para a resolução do contrato de
alienação fiduciária em garantia, porém sob as duras penas de convergir com
direitos e garantias fundamentais consagrados em nossa Constituição Federal de
1988.

Princípios constitucionais que gozam de força normativa constitucional, como


o contraditório e a ampla defesa, bem como o devido processo legal, parecem estar
suprimidos em vários dispositivos constantes no Decreto-Lei nº 911/69.

O presente trabalho tem por escopo, essencialmente, analisar a


constitucionalidade da possibilidade de contestação prevista no Decreto-Lei nº
911/69, antes e depois das alterações promovidas pela Lei nº 10.931/2004.
Verificando se o direito da ampla defesa e do contraditório, previstos no inciso LV do
art. 5º da Constituição Federal de 1988 foram respeitados. Será utilizada a
metodologia de pesquisa bibliográfica (que compreenderá a consulta a livros, e a
artigos científicos disponíveis no banco de dados do Scielo e de revistas
universitárias, entre outros), onde os materiais serão analisados dedutivamente.
1. Alienação Fiduciária em Garantia
1.1. Aspectos Gerais

É bastante difícil precisar o nascimento do instituto da alienação fiduciária em


garantia, até pela limitação empírica da pesquisa. Sem pretensões de historicismo,
que segundo José Roberto Xavier (2016), é umas das patologias da pesquisa em
direito, onde comumente ocorre a tentativa de distorcer fatos da história para servir
nossos propósitos, as mais diversas obras doutrinárias nos levam a um lugar
comum: Roma.

Muzzuoli (1999) já se atentava que no Direito Romano existiam duas espécies


de fidúcia: a ‘fiducia cum amico’ e a ‘fiducia cum creditore’. Enquanto a primeira,
bastante semelhante à figura do depositário, pautava-se na confiança, ou seja, os
bens eram transferidos a um amigo, daí a denominação ‘amico’, para que este
tomasse conta, guardasse ou administrasse este bem durante determinado tempo.
Já na ‘fiducia cum creditore’, o objetivo da alienação era a garantia real do crédito,
através da transferência da propriedade.

Sem mais delongas, além dos institutos acima mencionados, muitos outros
insistem em aparecer em vastas introduções históricas como o ‘trust receipt’ e
‘chattel mortgage’, porém há de se concluir que apesar da alienação fiduciária em
garantia como se vê no ordenamento jurídico brasileiro ter sido inspirada em certa
medida por outros institutos parecidos, Venosa (2006) afirma que não se confunde
com precisão com qualquer outro, possuindo assim configuração própria.

No Brasil, a alienação fiduciária surgiu em 1965, através da Lei nº 4.728, de


14 de julho de 1965 (art. 66-B), sob a égide de alavancar o mercado consumidor,
que contava com aparatos bastante obsoletos. Essa lei foi posteriormente alterada
pelo Decreto-Lei nº 911/1969, que trouxe os procedimentos da busca e apreensão
em caso de inadimplemento, que são alvo deste trabalho.

Em síntese, a alienação fiduciária em garantia é um contrato que consiste na


transferência da propriedade de um bem ao credor para garantia de uma obrigação
do devedor, que detém a posse direta do bem na qualidade de fiduciante, e ainda,
que após a quitação (que é a condição resolúvel do negócio jurídico) há a resolução
do contrato e consequente retorno da propriedade plena sobre o bem do devedor.

“Alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico pelo qual uma


das partes adquire, em confiança, a propriedade de um bem,
obrigando-se a devolvê-la quando se verifique o acontecimento a que
se tenha subordinado tal obrigação, ou lhe seja pedida a restituição. ”
(GOMES, 2005 p. 386)

Ressalta José Carlos Moreira Alves (1979) que a propriedade fiduciária se


apresenta como garantia real e está disciplinada nos artigos 1.361 a 1.638 do
Código Civil. Sendo importante distinguir alienação fiduciária e a propriedade
fiduciária, sendo a primeira o contrato que serve de título para a resolução da
segunda.

A novidade para os credores é a possibilidade de busca e apreensão


do bem alienado e consequente venda do mesmo para liquidar a obrigação caso
essa reste inadimplida, sem a necessidade de oitiva da parte contrária. É
exatamente esta característica o tema do presente trabalho, qual seja, a
possibilidade de busca e apreensão do bem, e consequente venda do mesmo sem
ouvir o devedor. Vale ressaltar que o credor não pode ficar com o bem para si, deve
vendê-lo a fim de satisfazer seu crédito.

Frise-se que a figura do fiduciante confundia-se com a figura de depositário, o


que era um erro, já que a alienação fiduciária tem características bem particulares.
Isso permitiu por muito tempo, além da busca e apreensão do bem alienado, a
prisão do devedor inadimplente considerado depositário infiel.

Após a ratificação do Pacto San José da Costa Rica, em 1992, o Supremo


Tribunal Federal começou a entender pela ilicitude da prisão civil de depositário
infiel, e com o advento da Súmula Vinculante nº 25 da mesma Corte, “é ilícita a
prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito”
(BRASIL, Supremo Tribunal Federal. STF – Súmula Vinculante 25. Conteúdo
Jurídico, Brasília-DF: 16 dez. 2009), a questão foi pacificada.

Hoje, não há mais que se falar em prisão para depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade de depósito.
De acordo com Thais Oliveira de Moraes Pimentel (2012), a alienação fiduciária
em garantia também se mostrou mais vantajosa aos devedores em determinados
aspectos, como o fato de que em decorrência da maior credibilidade, os juros
comumente são menores.

Outro ponto é que o negócio é resolúvel, ou seja, com o pagamento da última


parcela o bem torna-se propriedade do fiduciante sem necessidade de nenhum outro
ato, operando-se a recuperação plena da propriedade com a averbação da
liquidação pelo credor junto ao cartório em que foi registrado o contrato. Caso haja
recusa, é possível propor ação de consignação em pagamento.

Consoante Deda (DEDA, 2000 pp. 12-6), “a alienação fiduciária, além de ser
negócio jurídico, é ainda contrato bilateral, oneroso, formal, comutativo, acessório,
sinalagmático, consensual, de adesão e complexo, que serve de título para
constituição da propriedade fiduciária” (apud SÁ, 2011 p. 14).

Devemos considerar também que o contrato de alienação fiduciária em garantia


é classificado como um típico contrato de adesão, pois apesar de haver liberdade de
contratar, não há, via de regra, liberdade para discutir as cláusulas e condições do
negócio.

Logo, podemos concluir que a alienação fiduciária em garantia é uma


modalidade de garantia bastante interessante para o mercado pois rompe com as
demais modalidades, já obsoletas, ao trazer uma garantia de liquidez das operações
das instituições financeiras (PELUSO, 2008).

O Ministro Gilmar Mendes no RE 466343, o mesmo em que o Ministro Cezar


Peluso comentou sobre a liquidez acima citada, nos traz algumas considerações
importantes acerca do funcionamento da alienação fiduciária em garantia:

“Efetuada a liquidação do débito garantido, a coisa alienada retorna


automaticamente ao domínio pleno do devedor, independentemente
de nova declaração de vontade. Na sua essência, a alienação
fiduciária em garantia abrange dupla declaração de vontade: uma de
alienação, pela qual a coisa passa ao domínio do adquirente fiduciário
(correspondente à mancipatio ou a in iure cessio de sua fonte
romana); outra de retorno da coisa ao domínio livre do devedor
alienante (correspondente factum fiduciae). A conditio está ínsita no
próprio contrato, qualificando a lei de ‘resolúvel’ a propriedade. A
solução da obligatio será o implemento pleno iure da condição. O
contrato é bilateral, oneroso e formal. Exige instrumento escrito que
se completa pela inscrição no Registro de Títulos e Documentos’.
Em outros termos, a alienação fiduciária é contrato em que figuram o
devedor-fiduciante, que aliena a coisa em garantia, mas permanece
com sua posse direta; e o credor-fiduciário, que adquire a propriedade
resolúvel do bem, mantido em sua posse indireta. O instituto tem
dupla finalidade: a) propiciar às instituições financeiras (fiduciário)
garantia especial, com todos os meios processuais a ela inerentes,
para a satisfação do crédito; b) conceder ao consumidor (fiduciante)
melhores condições para a aquisição de bens duráveis. Na condição
de sujeitos ativo e passivo da relação contratual, fiduciante e
fiduciário possuem obrigações recíprocas. Se o fiduciante paga a
dívida, o que importa em implemento da condição resolutiva, o
fiduciário perde a condição de proprietário e é obrigado a restituir o
domínio do bem alienado em garantia. Por outro lado, se o fiduciante
se torna inadimplente, cabe ao fiduciário – possuidor de todos os
direitos e pretensões que lhe correspondem pela condição de
proprietário, ainda que não pleno, do bem – optar por um dos
seguintes meios para garantia do crédito: a) se o devedor entrega o
bem, pode o credor-fiduciário aliená-lo a terceiros (venda
extrajudicial) e aplicar o preço da venda no pagamento do seu crédito
e das despesas decorrentes da cobrança, entregando ao devedor o
saldo porventura apurado, se houver (§ 4º do art. 1º do Decreto-Lei n°
911/69; b) pode também o credor ajuizar ação de busca e apreensão
para a retomada da posse direta do bem (art. 3º do Decreto-Lei n°
911/69); c) se o bem alienado não for encontrado ou não se achar na
posse do devedor, poderá o credor requerer a conversão do processo
de busca e apreensão em ação de depósito, na forma prevista no
Capítulo II, do Título I, do Livro IV, do Código de Processo Civil (art.
4º do Decreto-Lei n° 911/69); d) pode o credor, ainda, optar pelo
ajuizamento de ação de execução (art.5º do Decreto-Lei n° 911/69).”
(MENDES, 2008 pp. 58-60)

Há ainda que se falar sobre a necessidade de publicidade para que o


negócio tenha efeito contra terceiros, logo, ainda segundo Moreira Alves (1979) é
indispensável o registro no cartório de títulos e documentos do domicílio do devedor,
se for imóvel. Todavia, se for veículo, basta a anotação no certificado de registro
pelo órgão competente.
Com o advento da Lei nº 9.514/97, restou reconhecida a propriedade
fiduciária limitada, servindo de vínculo da obrigação principal com escopo de
garantia da dívida, que caso inadimplida reverterá em busca e apreensão e venda
em favor do credor para satisfação da obrigação.
Moreira Alves (1979) pontua, entretanto, que a propriedade fiduciária não é uma
propriedade limitada nos moldes em que ela se apresenta disciplinada, mas sim uma
nova espécie de propriedade limitada, já que, enquanto a condição resolutiva
propriamente dita é resultado da vontade entre as partes, a limitação à propriedade
fiduciária decorre da lei.

Nos tópicos a seguir iniciaremos falando os procedimentos em caso de


inadimplência e execução extrajudicial, e os desdobramentos do Decreto-Lei nº
911/69 e as alterações que sofreu com o advento da Lei nº 10.931/04.

2. Busca e Apreensão
2.1. Decreto-Lei nº 911/69

Como já vimos, um dos grandes destaques da alienação fiduciária que atraiu em


demasia o mercado financeiro foi a maior liquidez da garantia, ou seja, a maior
facilidade para recuperação do crédito.

Porém quando do seu surgimento no Brasil, através do art. 66 da Lei 4.728/65,


suscitou diversas dúvidas sobre qual ação deveria ser proposta a fim de executar o
contrato, já que o §2º do mesmo artigo que a criou não trazia de forma clara e
expressa qual ação cabível.

Somente com o advento do Decreto-Lei nº 911/69 é que foi determinada que a


ação cabível em caso de mora ou inadimplemento é a Ação de Busca e Apreensão,
e mais, que esta seria uma ação autônoma, ou seja, não haveria nenhum ato
posterior a sentença necessária para consolidar a propriedade do bem objeto do
contrato ao credor, diferentemente dos demais casos de busca e apreensão.
Antes da Lei nº 10.931/04, o artigo 3º do Decreto-Lei nº 911/69 dispunha que
“poderá o proprietário fiduciário requerer contra o devedor a busca e apreensão do
bem alienado fiduciariamente, requerimento este que será deferido liminarmente,
desde que comprovada a mora ou o inadimplemento”. (BRASIL. Decreto-lei Nº 911,
1969).

Ressalte-se que essa comprovação da mora ou do inadimplemento podia ser


feita de diversas formas, inclusive formas precárias de comprovação, o simples
protesto era tido como prova suficiente. É o que dizia o §2 do artigo 2º do Decreto-
Lei em comento: “A mora decorrerá do simples vencimento do prazo para
pagamento e poderá ser comprovada por carta registrada expedida por intermédio
de Cartório de Títulos e Documentos ou protesto do título, a critério do credor”.
(BRASIL. Decreto-lei Nº 911, 1969).

A grande diferença entre o processo cautelar comum e a ação de busca e


apreensão prevista no §6º do artigo 3º do referido decreto é que enquanto no
primeiro é necessário a verificação do periculum in mora (“perigo na demora”) e do
fumus boni iuris (“fumaça do bom direito”), na segunda, entretanto, basta a
comprovação da mora ou do inadimplemento.

Mas veja que imprescindibilidade da comprovação da mora pelo credor foi alvo
inclusive da Súmula 72 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), “a comprovação da
mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente”
(BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. STJ - Súmula 72. Conteúdo Jurídico, Brasília-
DF: 16 ago. 2007), não é de se esperar que fosse o contrário, já que a partir da
comprovação da mora ou inadimplemento dá-se liminarmente início a busca e
apreensão.

E mais, segundo Samuel Alfredo Rangel (2003), há na busca e apreensão o


direito de sequela, ou seja, o credor pode apreender inclusive se bem objeto do
contrato estiver em posse de terceiro, desde que o contrato tenha sido registrado no
órgão competente, seja no Registro de Títulos e Documentos no caso de bens
móveis no geral, seja no Registro de Imóveis, no caso de bem imóvel, seja ainda, no
Departamento de Trânsito- DETRAN, no caso de veículos automotores. O registro é
necessário pois somente com a publicidade a propriedade fiduciária torna-se
oponível (confere eficácia ao contrato) contra terceiros.
Muito bem, após a ocorrência da busca e apreensão com a redação anterior a
2004, o que acontecia era que o devedor tinha um prazo de três dias para
apresentar contestação ou, se já tivesse pago 40% do preço financiado, requerer a
purgação de mora (BRASIL. Decreto-Lei nº 911, artigo 3º, parágrafo 1º. 1969).

Esse dispositivo já era bastante interessante ao credor, já que o mesmo se vê


na posse do bem antes de qualquer manifestação do devedor, e o valor pago para
abrir a possibilidade para purgação de mora era bastante elevado, o que suscitava
debates na doutrina e jurisprudência, já uma parte considerava a possibilidade de
purgação mesmo quando a valor já pago fosse menor que 40%, e outra parte
entendia pela literalidade da lei. Porém, como veremos adiante a Lei nº 10.931/04
alterou esse disposto, e poderíamos dizer que para beneficiar ainda mais o credor.

A contestação de acordo com o §2º do artigo 3º do referido Decreto-Lei, por


sua vez, que ocorria no mesmo prazo para requerer a purgação de mora (três dias),
era limitada a alegação do pagamento do débito vencido ou o cumprimento das
obrigações contratuais. Uma das questões que este trabalho se propõem a
responder é exatamente sobre a constitucionalidade deste dispositivo frente aos
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, já que há expressa
limitação à defesa do devedor. (BRASIL. Decreto-lei Nº 911, 1969).

Porém para responder a essa e outras questões teremos antes de analisar


os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório aos quais
dedicaremos tópicos próprios, para só depois fazer um enfrentamento entre os
dispositivos.

Vamos adiante, o §3º do artigo 3º do Decreto-Lei em comento, prevê tão-


somente, como funcionará o prazo para a purgação de mora requerida
tempestivamente e o remetimento dos autos ao contador para cálculo do débito
existente. (BRASIL. Decreto-lei Nº 911, 1969).

O §4º do artigo 3º, por sua vez, prevê que não havendo purgação de mora,
independentemente de haver contestação ou não, a sentença será proferida no
prazo de 5 (cinco) dias. (BRASIL. Decreto-lei Nº 911, 1969).

Não é preciso ser muito atento para verificar a intenção por trás de todos
esses procedimentos, ora é garantir a máxima celeridade ao credor ver satisfeita a
obrigação. E isso explica, inclusive, o sucesso da alienação fiduciária em garantia
como nova modalidade de garantia real, dada a sua maior liquidez e celeridade para
consolidação da propriedade e da posse do objeto em contrato ao credor.

Já o §5º do artigo 3º, também bastante interessante, diz respeito ao efeito em


que será recebida a apelação, e mais que da sentença que cabe apelação: “[…] não
impedirá a venda extrajudicial do bem alienado fiduciariamente e consolidará a
propriedade e a posse plena e exclusiva nas mãos do proprietário fiduciário […]”.
(BRASIL. Decreto-lei Nº 911, 1969).

Ou seja, o legislador parece ter certeza do deferimento da ação, em nenhum


momento se cogitou a dificuldade em restituir o bem ao devedor em caso de
indeferimento se o credor já o tiver vendido.

2.2. Busca e Apreensão na Lei nº 10.931/04

Agora que conhecemos todos os procedimentos anteriores a Lei nº 10.931/04,


chegou a hora de conhecer as alterações promovidas por esta última e o que muda
para credor e devedor.

O artigo 56 da Lei nº 10.931, publicada em 2 de agosto de 2004, promoveu


alterações significativas no artigo 3º e seus parágrafos do Decreto-Lei nº 911/69,
vejamos a seguir a nova previsão do art. 3º e seus parágrafos:

Art. 56. O Decreto-Lei nº 911, de 1º de outubro de 1969, passa a vigorar com


as seguintes alterações:

“Art. 3º…

§1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput,


consolidar-se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem
no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repartições
competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro
de propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado,
livre do ônus da propriedade fiduciária.
§2º No prazo do §1º, o devedor fiduciante poderá pagar a
integralidade da dívida pendente, segundo valores apresentados pelo
credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído
livre de ônus.

§3º O devedor fiduciante apresentará resposta no prazo de 15


(quinze) dias da execução da liminar.

§4º A resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor tenha se


utilizado da faculdade do §2º, caso entenda ter havido pagamento a
maior e deseja restituição.

§5º Da sentença cabe apelação apenas no efeito devolutivo.

§6º Na sentença que decretar a improcedência da ação de busca e


apreensão, o juiz condenará o credor fiduciário ao pagamento de
multa, em favor do devedor fiduciante, equivalente a 50% do valor
originalmente financiado, devidamente atualizado, caso o bem já
tenha sido alienado.

§7º A multa mencionada no §6º não exclui a responsabilidade do


credor fiduciário por perdas e danos.

§8º A busca e apreensão prevista no presente artigo constitui


processo autônomo e independente de qualquer procedimento
posterior. ” (BRASIL. Lei nº 10.931, 2004).

A primeira inovação importante está no §1º, já que concedida e efetivada a


liminar de busca e apreensão e passado o prazo de cinco dias sem pagamento, é
consolidada a posse e propriedade para o credor fiduciário, ou seja, poderá desde já
ao credor vender o bem e satisfazer seu crédito. Exatamente por essa razão, não há
mais necessidade da previsão da possibilidade de vender o bem objeto de sentença
pendente de apelação pelo credor, visto que ela já pode fazer isso transcorrido o
prazo legal para o pagamento.

Essa inovação foi importante para os credores, já que muitas vezes os bens
ficavam em depósito até a sentença, o que prejudicava em certa medida a
celeridade conferida ao credor fiduciário, mas houve alterações interessantes
também ao devedor que antes não existiam, como é o caso dos parágrafos 6º e 7º
que preveem a compensação para o devedor no caso de improcedência da ação.
Ou seja, pela primeira vez, o legislador ao tratar da propriedade fiduciária levou em
consideração a proteção dos direitos do devedor.

Apesar de não ser o escopo deste trabalho, o atual §1º suscita diversos
debates doutrinários e jurisprudenciais acerca de sua constitucionalidade, visto
expressa afronta ao princípio constitucional do devido processo legal.

O §2º foi totalmente modificado, sendo que na nova disposição sequer trata
da contestação, mas tão somente, sobre a possibilidade de pagamento integral da
dívida pendente, diferentemente da previsão anterior que exigia pagamento de pelo
menos 40% do valor financiado para o devedor se utilizar da purga de mora.

A contestação na nova redação se encontra regulada nos parágrafos 3º e 4º,


que diferentemente da redação anterior não prevê mais um rol limitado para a
defesa, e ainda permite expressamente a possibilidade de resposta mesmo que o
devedor tenha optado pelo pagamento integral da dívida pendente, caso em que
poderá discutir possível restituição de valores pagos a maior.

Assim, consoante Rafael Fernandes Estevez (2007) subsiste a purga de


mora, não subsistindo apenas o requisito de pagamento mínimo de 40% do contrato.

Como podemos ver, as alterações foram significativas e caberá analisarmos


separadamente a constitucionalidade da contestação antes e após as inovações
promovidas pela Lei nº 10.931/04. Nos tópicos a seguir trataremos da ampla defesa
e do contraditório.

3. Ampla defesa e o Contraditório


3.1. Na Constituição Federal de 1988

Antes de adentrarmos a esfera da ampla defesa e do contraditório é


importante aduzir o que seriam princípios e o alcance de sua aplicação.
Miguel Reale afirma que princípios jurídicos “são enunciações normativas de
valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento
jurídico, a aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas.
São verdades fundantes de um sistema de conhecimento […]”. (REALE, 2003 p. 37)

No mesmo sentido, Plácido e Silva definem os princípios como:

“Normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como


base, como alicerce de alguma coisa. E, assim, princípios revelam o
conjunto de regras ou preceitos, que se fixaram para servir de norma
de toda ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em
qualquer operação jurídica. Desse modo, exprimem sentido.
Mostram-se a própria razão fundamental de ser das coisas jurídicas,
convertendo-se em axiomas. ” (SILVA, et al., 2001 p. 433)

Importante ressaltar também a definição trazida por Canutilho:

“Princípios são normas que exigem a realização de algo, da melhor


forma possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas.
Os princípios não proíbem, permitem ou exigem algo em termos de
tudo ou nada; impõem a optimização de um direito ou de um bem
jurídico, tendo em conta a reserva do possível, fática ou jurídica. ”
(CANOTILHO, 2003 p. 1255)

Um ponto comum ao entendimento dos doutrinadores acima elencados, é a


capacidade característica dos princípios de nortear a criação das normas. Ou seja, a
observação dos princípios deve ser o primeiro passo, a primeira reflexão do
legislativo e judiciário para se criar, aplicar, modificar ou revogar regras.

Humberto Ávila traz uma contribuição importante sobre a diferenciação entre


regras e princípios:

“As regras são normas imediatamente descritivas, primariamente


retrospectivas e com pretensão de decidibilidade e abrangência, para
cuja aplicação se exige a avaliação da correspondência, sempre
centrada na finalidade que lhes dá suporte ou nos princípios que lhes
são axiologicamente sobrejacentes, entre a construção conceitual da
descrição e a construção conceitual dos fatos. Os princípios são
normas imediatamente finalísticas, primariamente prospectivas e com
pretensão de complementariedade e de parcialidade, para cuja
aplicação se demanda uma avaliação da correlação entre o estado de
coisa a ser promovida e os efeitos decorrentes da conduta havida
como necessária à sua promoção”. (ÁVILA, 2004 p. 70)

Num primeiro momento, podemos destacar a regência dos princípios sobre as


normas, e num segundo, a necessidade de harmonização e compatibilidade destas
com os princípios.

Os princípios, portanto, aparecem como norteadores e limitadores da ação


legislativa, o que significa dizer que uma lei para ser recepcionada por nosso
ordenamento jurídico precisa ser fundada em princípios constitucionais e princípios
gerais de direito.

Os princípios constitucionais, mais especificadamente, são a ponte de


sustentação de todo o nosso atual ordenamento jurídico, já que não só norteiam a
criação de leis, como anteriormente comentado, mas também atuam como regentes
da interpretação no caso concreto, e influenciam a hermenêutica presente no
ativismo judiciário.

Segundo José Augusto Delgado:

“O processo é que assegura a efetivação dos direitos e garantias


fundamentais do cidadão, quando violados, com base nas linhas
principiológicas da Constituição. É instrumento que o estado está
obrigado a usar e representa uma prestação de garantia, através da
qual o fundamento da norma se preserva e são protegidos os direitos
essenciais do cidadão. É o único meio de se fazer com que os valores
incorporados pela Constituição, em seu contexto, sejam cumpridos,
atingindo o fim precípuo a que se propõem – o estabelecimento da
paz social. ” (ALMEIDA FILHO, et al., 2005 p. 8)

Os princípios da ampla defesa e do contraditório estão previstos no artigo 5º,


inciso LV, da Constituição Federal de 1988: “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e, aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Ora, para que haja um mínimo de segurança contra a arbitrariedade estatal e


democratização do processo é de suma importância a previsão de determinados
princípios decorrentes do devido processo legal, entre eles, e talvez os mais
importantes, o contraditório e a ampla defesa. Nessa linha, assevera Bonato:
Não há que se falar em devido processo legal sem observar esses dois
desdobramentos. O contraditório de um lado preserva a igualdade entre as partes, é
efetiva uma reação para cada ação. Enquanto a ampla defesa é o meio pelo qual
essa igualdade se sustenta, é o que permite ao réu contraditar por completo a tese
do autor.

No caso dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório,


estamos diante de institutos previsto no rol de direitos e garantias fundamentais, por
isso, ressalta Maia Neto que são “positivados como normas principiológicas de
categoria prevalente, posto que são intangíveis e autoaplicáveis”. (MAIA NETO,
2008 p. 484)

O entendimento acima exposto é consubstanciado na própria Constituição


Federal de 1988, em artigo 5º, parágrafo 1º, onde acentua que “as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais, têm aplicação imediata” (BRASIL,
Constituição Federal, 1988).

Ora, isso significa dizer que esses princípios têm natureza jurídica de norma
de eficácia plena, já que não precisam de regulamentação por outro dispositivo para
gerarem efeitos.

“As normas de eficácia plena incidem diretamente sobre os interesses


a que o constituinte quis dar expressão normativa. São de
aplicabilidade imediata, porque dotadas de todos os meios e
elementos necessários à sua executoriedade. No dizer clássico, são
autoaplicáveis. As condições gerais para essa aplicabilidade são a
existência apenas do aparato jurisdicional, o que significa: aplicam-se
só pelo fato de serem normas jurídicas, que pressupõem, no caso, a
existência do Estado e de seus órgãos. ” (SILVA, 2002 pp. 101-102)

É válido comentarmos que há uma razão para estudarmos a ampla defesa e o


contraditório no mesmo tópico, qual seja, a indissociabilidade deles, inclusive com
outro princípio, o do devido processo legal. Sobre esse ponto, aduz Vicente Paulo:

“As garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa são


indissociáveis, caminhando paralelamente no processo administrativo
ou judicial. Estão, também, intimamente ligadas ao princípio do
devido processo legal (due process of law), pois não há como se falar
em devido processo legal sem a outorga da plenitude de defesa
(direito de defesa técnica, direito à publicidade, direito à citação,
direito à produção de provas, direito de recurso, direito de
contestação, etc.). ” (PAULO, 2006 p. 157)

E aqui, cabe distinguir o contraditório da ampla defesa para fins de


questionarmos a constitucionalidade de determinados dispositivos previstos no
Decreto-lei nº 911/69, antes e depois das alterações promovidas em 2004.

Para Vicente Paulo, o que se entende por ampla defesa é “o direito que é
dado ao indivíduo de trazer ao processo, administrativo ou judicial, todos os
elementos de prova licitamente obtidos para provar a verdade, ou até mesmo de
omitir-se ou calar-se, se entender devido, para evitar autoincriminação”. (PAULO,
2006 p. 158)

Segundo Alessandra Faria:

“Por garantia de defesa deve-se entender não só a observância do


rito adequado como a cientificação do processo ao interessado, a
oportunidade para contestar a acusação, produzir prova de seu
direito, acompanhar os atos da instrução e utilizar-se dos recursos
cabíveis, lembrando que, o princípio da ampla defesa não deve ter
sua interpretação feita de forma restritiva. ” (FARIA, 2006 p. 13)

Já o contraditório, diz ele, é o “direito que o indivíduo tem de tomar


conhecimento e contraditar tudo o que é levado pela parte adversa ao processo”.
(PAULO, 2006 p. 158)

“Em razão da incidência da garantia do contraditório, é defeso ao


julgador encurtar, diminuir o direito de o litigante exteriorizar a sua
manifestação nos autos do processo, porque isso contraria o
comando emergente da norma comentada. O órgão julgador deve dar
a mais ampla possibilidade de o litigante manifestar-se.” (NERY
JUNIOR, 2013 p. 223)

Em síntese podemos dizer que enquanto o contraditório é possibilidade


garantida a parte de conhecer e rebater ou atenuar a tese da parte contrária, a
ampla defesa é o que permite que esse contraditório seja exercido de forma plena,
permitindo a utilização de todos os meios possíveis e lícitos de prova para a
comprovação de determinado fato pertinente à causa colocada à apreciação do
judiciário. (RANGEL, 2003)
3.2. No Novo Código de Processo Civil

Até agora percorremos o instituto da alienação fiduciária em garantia, o


procedimento de busca e apreensão previsto no Decreto-Lei nº 911/69, e ainda,
pelos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

Apesar de não ser o enfoque da nossa pesquisa, o Novo Código de Processo


Civil (Lei nº 13.105/2015), que entrou em vigor em 18 de março de 2016, trouxe
algumas inovações importantes, inclusive em matéria de garantia do contraditório.
Por essa razão, faremos uma breve explanação, apenas para situar o leitor no atual
contexto e dar ainda mais ênfase a essa garantia constitucional, que agora é
também princípio processual expresso.

O atual Código de Processo Civil, demonstra relação intrínseca aos preceitos


constitucionais, trazendo de forma bastante concisa aquela ideia que trabalhamos
em teoria geral dos princípios no início do tópico 3.1, e mais do que isso, refletindo
um processo civil fundado pelos dogmas do devido processo legal.

“O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os


valores e as normas fundamentais estabelecidas na Constituição da República
Federativa do Brasil, observando-se as disposições desse Código”, diz o artigo 1º do
novo Código de Processo Civil (BRASIL, Lei nº 13.105, 2015).

Num primeiro momento, cabe uma indagação prática, qual o motivo de o


legislador infraconstitucional trazer no bojo do Código de Processo Civil a
necessidade de respeito dos preceitos fundamentais que já estão expressamente
prescritos na Constituição Federal de 1988?

A resposta que nos parece pertinente, seria a possibilidade de a parte


recorrer por meio do Recurso Especial junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), e
não mais pelo Recurso Extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De qualquer forma, o princípio do contraditório está presente na plenitude do
novo código. Corrobora Jorge Luiz Reis Fernandes:

“O Novo Código de Processo Civil estimula a ampla participação das


partes, na conformação de um processo democrático, dentre as
quais, a constante dialética entre os sujeitos do processo, e com isso
evitar as chamadas decisões-surpresa, que independentemente do
clamor doutrinário e da comunidade jurídica, os juízes e tribunais do
país, inclusive os tribunais de cúpula, como o STJ e o próprio STF
contaminaram os processos com decisões defensivas e
desrespeitadoras de preceitos fundamentais da Constituição.” (O
contraditório no novo código de processo civil e a proibição da
decisão surpresa., 2015 p. 2)

O novo Código traduz em seus artigos 7º, 9° e 10°, a vontade e preocupação


do legislador infraconstitucional com a observação do contraditório pelo juiz.

“Assim é que, nos termos do art. 7º, incumbe ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório (o que mostra que o contraditório não deve ser
meramente formal, mas efetivo, substancial); o art. 9º estabelece que,
com as ressalvas do parágrafo, o contraditório deve ser prévio à
produção da decisão; e o art. 10 expressamente proíbe as “decisões-
surpresa”. (O novo CPC e o princípio do contraditório., 2015 p. 1)

Dessa forma, o princípio do contraditório passa a ter uma nova dimensão no


novo Código de Processo Civil, qual seja, a de um juiz ativo na busca de promoção
da igualdade entre as partes, de forma substancial, na busca da justiça, e evitando-
se com isso as chamadas decisões-surpresa. (O contraditório no novo código de
processo civil e a proibição da decisão surpresa., 2015).

4. O Decreto-Lei nº 911/69 e a Constituição Federal de 1988


4.1. A (In) compatibilidade da possibilidade de contestação

Agora que já estudamos os institutos da alienação fiduciária, da ação de


busca e apreensão, da ampla defesa e do contraditório, chegamos, finalmente, ao
ponto mais importante deste trabalho, qual seja, a verificação da compatibilidade ou
não, entre a previsão constitucional da ampla defesa e do contraditório, e o texto do
artigo 3º, parágrafo 2º do Decreto-Lei nº 911/69.

Em primeiro lugar, importante reiterar a preocupação constitucional em


garantir o devido processo legal, estabelencendo para isso, como bem acentua
Alfredo Rangel (2003 p. 44), “a ampla possibilidade de defesa, uma vez que o
processo, tendente a provocar manifestação judicial, deve ter como resultado um ato
pautado na apuração da verdade o tanto quanto possível”.

De outro modo, porém, o Decreto-Lei em comento foi instituído em 1969, ou


seja, antes da promulgação da Constituição Federativa do Brasil de 1988, e portanto
nasce daí a necessidade de se amoldar o instituto da busca e apreensão previsto no
Decreto-Lei supramencionado, aos preceitos constitucionais, em especial aqueles
previstos no artigo 5º, inciso LV da atual Constituição.

Diante desse cenário, resta saber se é ou não compatível com a Constituição,


a limitação de defesa prevista anteriormente à Lei 10.931/04, no parágrafo 2º do
artigo 3º do Decreto-Lei nº 911/69.

Os defensores da compatibilidade do Decreto-Lei mencionado acima, em


relação a Magna Carta, entendem que “o procedimento adotado pelo Decreto-Lei nº
911/69, como alguns outros, a exemplo de procedimentos de desapropriação e
reitegração de posse, apenas não permite a discussão mais aprofundada naquele
processo, permitindo-a, contudo, em outra ação” (PEREIRA, 2001, p. 60/61, apud
RANGEL, 2003, p. 44).

Esse entendimento era majoritário, também, na jurisprudência brasileira,


inclusive do Supremo Tribunal Federal:

“O Dec. Lei 911/69 não ofende os princípios constitucionais da igualdade, da


ampla defesa e do contraditório, ao conceder ao proprietário a faculdade de
requerer a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente (art. 3º
“caput”) e ao restringir a matéria de defesa alegável em contestação (art.
3º, §2º)”. )". Grifo nosso (RE nº 141320, Rio Grande do Sul, Rel. Minº
Octávio Galloti, j. 22/10/1996 - in THEOTONIO NEGRÃO - Código de
Processo Civil e legislação processual em vigor. 29ª ed., Ed. Saraiva, 1998, p.
777.)
Apesar disso, outra parte da doutrina e jurisprudência entendem em sentido
contrário.

Samuel Alfredo Rangel destaca que há uma diferença pontual entre


procedimentos de ações de desapropriação e reitegração de posse, do previsto no
Decreto-Lei nº 911/69,

“[…] posto que naquelas ações a discussão acerca do objeto do pleito


é permitida. Na reitegração de posse a discussão sobre a posse é
apreciada, sendo que na desapropriação nada acontece sem o prévio
pagamento da indenização, ainda que outro momento ou processo
seja destinado à apreciação da exação do valor. Nesses casos,
remete-se para outra ação as discussões adjacentes, mas o
verdadeiro objeto das ações são sim analisados judicialmente.Já na
busca e apreensão prevista no Decreto-Lei 911/69, a limitação da
alegação apenas ao pagamento do crédito ou cumprimento das
obrigações assumidas limita até a matéria objeto do próprio contrato
realizado. (RANGEL, 2003 p. 45)

Daí a problemática envolvendo a ação de busca e apreenção na alienação


fiduciária em garantia, visto que a limitação da defesa permitia apenas a alegação
de cumprimento da obrigação, ou seja, não permitia ao réu a alegação de motivo
que legitimasse o seu inadimplemento, alegações de consignação em pagamento,
ou até mesmo de ilicitude do contrato ou sobre cláusulas contratuais, etc.

Ou seja, ficava o devedor refém de uma matéria extremamente restrita em


sede de contestação.

“ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - AÇÃO DE BUSCA E


APREENSÃO - DECRETO-LEI Nº 911/69 - LIMITAÇÃO ÀS
ALEGAÇÕES NA DEFESA - CONTRADITÓRIO - AMPLA DEFESA -
INCONSTITUCIONALIDADE INEXISTENTE - RECURSO
DESPROVIDO A ação de busca e apreensão de bem alienado
fiduciariamente não comporta discussão acerca da validade de
cláusula contratual ou do montante da dívida (salvo, na segunda
hipótese, se houver pedido de purgação da mora). Por expressa
disposição de lei, "na contestação só se poderá alegar o pagamento
do débito vencido ou o cumprimento das obrigações do contrato" (DL
nº 911/69, art. 3º, § 2º). A limitação não viola os princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório (RE nº 141.320,
Minº Octávio Gallotti). EMENTA ADITIVA. VOTO VENCIDO DO
EXMO. SR. DES. CARLOS PRUDÊNCIO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. BUSCA E APREENSÃO. DECRETO-LEI Nº 911/69.
POSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO QUANTO À CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS. A discussão a respeito das cláusulas contratuais
relativas aos juros e à excessividade de alguns encargos,
quando estes se fizerem abusivos, tem cabimento no âmbito da
ação de busca e apreensão, sob pena da violação dos princípios
do contraditório e ampla defesa garantidos constitucionalmente.”
Grifo nosso. (TJ-SC - AC: 153929 SC 1997.015392-9, Relator:
Newton Trisotto, Data de Julgamento: 05/05/1998, Primeira Câmara
de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação cível nº 97.015392-9,
da Capital).

Samuel Alfredo, em sua tese acerca da incompatibilidade do procedimento de


busca e apreensão previsto no Decreto-Lei em comento e a Constituição Federal,
assevera que:

“O que se verifica no caso é a ampla possibilidade e necessidade de


produção de defesa prevista constitucionalmente por força da
importância da utilização da via judicial no Brasil, em confronto com a
necessidade de se possibilitar a rápida recuperação do crédito por
parte das instituições financeiras, tão importantes na movimentação
da economia. No entanto, a limitação do direito de defesa a ponto de
excluir da apreciação judicial fato apto a desconstituir o direito do
autor faz com que a presunção de constitucionalidade tenha de ser
afastada, sendo mais correto afirmar-se não estar o texto
infraconstitucional analisado em consonância com o texto da Magna
Carta..” (RANGEL, 2003 pp. 47-49)

Ora, no mesmo sentido de Samuel Alfredo Rangel, nos parece que havia uma
limitação de defesa na hipótese de contestação prevista no artigo 3º, parágrafo 2º,
do Decreto-Lei nº 911/69, manifestamente incompatível com os princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, anteriormente explanados.

Isto posto, cabe verificarmos como ficou a situação com o advento da Lei nº
10.931/2004, que alterou a possibilidade de constestação antes prevista no artigo 3º,
parágrafo 2º do Decreto-Lei em comento.
5. A Lei nº 10.931/2004 e a Constituição Federal de 1988
5.1. A (In) compatibilidade da possibilidade de contestação

Conforme estudamos no tópico 2.2., a Lei nº 10.931/2004, trouxe uma série


de inovações, alterando quase que na integralidade o artigo 3º do Decreto-Lei nº
911/1969.

Em relação à possibilidade de contestação, a nova redação se encontra


regulada nos parágrafos 3º e 4º, que diferentemente da redação anterior não prevê
mais um rol limitado para a defesa, e ainda permite expressamente a possibilidade
de resposta mesmo que o devedor tenha optado pelo pagamento integral da dívida
pendente, caso em que poderá discutir possível restituição de valores pagos a
maior.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO -


DECRETO-LEI 911/69 - NORMAS RECEPCIONADAS PELA CARTA
CONSTITUCIONAL DE 1988 - ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS
PELA LEI 10931/04 - AMPLIAÇÃO DO DIREITO DE DEFESA -
LOCAL DO DEPÓSITO DO VEÍCULO. - O Dec. Lei 911/69 e, em
especial, seu artigo 3º, não ofende os princípios constitucionais da
igualdade, da ampla defesa e do contraditório, ao conferir ao
proprietário fiduciário, uma vez inadimplida a obrigação e comprovada
a mora, a faculdade de requerer a busca e apreensão do bem
alienado fiduciariamente em garantia. - Com a edição da Lei nº
10931/04, na ação de busca e apreensão, além do prazo para sua
apresentação, ampliou-se a abrangência da contestação,
retirando as limitações quanto às matérias nela versadas,
garantindo-se ao devedor fiduciante o contraditório e a mais
ampla defesa. - Não pode o magistrado impedir a remoção do
veículo, objeto de busca e apreensão, para que permaneça nos lindes
da comarca, o que implicaria em limitar ao agravante o exercício da
posse e frustrar a própria liminar de busca e apreensão, que, em
substância, consiste na remoção do bem. Grifo nosso.

(TJ-MG 107010824713530011 MG 1.0701.08.247135-3/001(1),


Relator: TARCISIO MARTINS COSTA, Data de Julgamento:
03/11/2009, Data de Publicação: 09/12/2009)

Parece que, na atual redação, a possibilidade de contestação diferentemente


da previsão anterior, em nada ofende o princípio da ampla defesa e do contraditório,
abrangendo qualquer alegação de defesa que seja apta a resolver a questão da
propriedade resolúvel.

“Inobstante, o legislador, no texto atual, acertadamente foi silente


sobre as referidas restrições, possibilitando que o réu, como direito
constitucional assegurado como supracitado, possa alegar todos os
fatos que entender necessário. Ora, uma vez o réu possa se defender
alegando qualquer fato que entenda necessário e relevante, poderá,
no curso da ação de busca e apreensão, requerer a revisão dos juros
contratuais, alegando abusividade dos mesmos, dentre outras
alegações. Contudo, vale a ressalva que a matéria de defesa alegada
deve ser apta a resolver a questão da propriedade resolúvel, presente
no instituto da alienação fiduciária.” (RODRIGUES, 2006 p. 14)

De acordo com a nova previsão, é possível na mesma ação de busca e


apreensão discutir a validade de cláusulas contratuais, taxas e juros abusivos, bem
como a demanda de devolução de parcelas de financiamento eventualmente pagas
ilicitamente. (RODRIGUES, 2006)

Resolve-se portanto, a antiga discussão sobre a necessidade de entrar com


outra ação, fosse ordinária de revisão contratual ou outra, para discutir questões que
não fossem estritamente a comprovação do pagamento já efetuado.

Logo, em relação a atual possibilidade de contestação prevista nos


parágrafos 3º e 4º, do artigo 3º, do Decreto-Lei nº 911/69, com a redação dada pela
Lei nº 10.931/2004, não encontramos nenhuma incompatibilidade com os preceitos
constitucionais previstos no artigo 5º, LV, da Constituição Federal de 1988.
CONCLUSÃO

A partir do presente estudo, realizado entre fevereiro e setembro de 2016,


concluimos que a possibilidade de contraditório prevista anteriormente à lei Nº
10.931/2004, no parágrafo 2º do art. 3º do Decreto-lei nº 911/69, padecia de clara
incompatibilidade com o texto constitucional vigente desde de 1988, em especial no
que se refere ao seu artigo 5º, LV, que trata da ampla defesa e do contraditório.

Deixando-se de lado o fato de que o texto infra-constitucional invocado é


datado de 1969, ou seja, fruto de um período ditatorial, e da mesma forma sem
pretenções tendenciosas em relação a defesa de caráter governamental e
regimental expresso na Magna Carta de 1988, o que se verificou é que o poder
constituinte procurou defender o princípio do devido processo legal, com ênfase em
seus derivados da ampla defesa e contraditório.

Como dito anteriormente, para que haja um mínimo de segurança contra a


arbitrariedade estatal e democratização do processo é de suma importância a
previsão de determinados princípios limitadores da ação estatal e constituidores de
direitos para o cidadão, e daí a decorrência da ampla defesa e contraditório a partir
do devido processo legal.

Frisamos também que até os direitos e garantias fundamentais não são


absolutos, e portanto, podem sofrer certas restrições em determinadas situações. E
por essa mesma essa razão, não defendemos toda e qualquer alegação em sede de
contestação na ação de busca e apreensão, mas tão-somente, aquelas que tenham
relação intrínseca ao descumprimento do contrato realizado.

Ou seja, era necessária uma possibilidade de contraditório mais abrangente,


onde se pudesse discutir qualquer alegação referente ao objeto da ação, qual seja o
descumprimento contratual.

Ora a antiga redação do parágrafo 2º do artigo 3º do Decreto-Lei nº 911/69,


simplesmente não previa defesa alguma, dado que a única hipótese prevista a
época era a comprovação de cumprimento das obrigações e/ou pagamento do
débito.
Ou seja, estavámos diante de uma restrição de defesa em sede de
contestação extremamente limitadora e incompatível com os princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

Já no que se refere a possibilidade de contraditório atualmente prevista nos


parágrafos 3º e 4º, do artigo 3º, do Decreto-Lei nº 911/69, com a redação dada pela
Lei nº 10.931/2004, conforme já dito em tópico oportuno, não prevê mais um rol
limitado para a defesa, e mais do que isso, permite expressamente a possibilidade
de resposta mesmo que o devedor tenha optado pelo pagamento integral da dívida
pendente, caso em que poderá discutir possível restituição de valores pagos a
maior.

Logo, hoje não há mais que se falar em incompatibilidade entre a


possibilidade de contraditório prevista para a Ação de Busca e Apreensão e os
princípios constitucionais previstos no artigo 5º, LV da Magna Carta de 1988.
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