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Curso – Modernização, Modernidade e Modernidade nas Artes Plásticas

Aula 2: Discussão dos conceitos


Texto-base: Conceitos de Modernidade, Modernização e Modernismo

Definir o processo de modernização não constitui esforço muito grande, já que existe certa concordância sobre
sua aplicação às mudanças, mais empiricamente dedutíveis que ocorreram na sociedade ocidental (e, um pouco
mais tarde, no Oriente e nas Américas) e que se tornaram símbolo do progresso.

"Tudo que é sólido se desmancha no ar", frase de Karl Marx dando conta do esvanescimento rápido das
tradições e das mudanças contínuas na estrutura econômica, social e cultural do mundo capitalista.

Um olhar rápido sobre a história da Europa pós-Revolução Industrial deixa entrever as transformações
ocorridas no modo de produção que se torna definitivamente capitalista. Novas fontes de energia, mecanização
da produção, crescimento industrial, diversificação da produção, surgimento de novos meios de transporte
(sobretudo ferrovias), concentração populacional nas áreas urbanas, desenvolvimento da indústria de
construção civil, de novos tipos de relações de produção (patronato e operariado), de relações de poder político
são modificações visíveis e mensuráveis através de índices e são incontestáveis. Modificações tão drásticas que
geraram inúmeros desejos e insatisfações, alegrias e tristezas, conflitos e divertimentos.

Foi Nietzsche que, de maneira brilhante, definiu o processo de destruição e mudanças de estruturas antigas e
que gerava automaticamente uma nova ordem: a destruição construtiva e/ou a construção destrutiva são
aspectos de um mesmo fenômeno, a modernidade.

O advento dessas transformações teve consequências diretas na esfera da cultura. Tempo e espaço foram duas
noções que mudaram completamente com as novas tecnologias: os novos meios de transporte não só
conduziam os homens para o trabalho como os estimulavam ao lazer e os aproximavam, a eletricidade
propiciou um padrão de conforto até então desconhecido, o telefone mudou os padrões de intimidade, a vida
urbana gerou novos espaços de sociabilidade, os novos meios de comunicação de massa informavam e
politizavam as multidões, assim como as divertiam; podemos dizer que são infinitas as mudanças culturais que
caracterizaram a modernidade.

Numerosos são os exemplos de artistas de primeira linha envolvidos nos movimentos políticos dos séculos XIX
e XX, como Courbet, participante da Comuna de Paris; Picasso, membro do Partido Comunista; Oscar
Niemeyer, cooptado pelo governo de Juscelino Kubitschek, apesar de suas ligações com o Partido Comunista
Brasileiro etc.

Ela tem sido considerada até hoje um projeto político consciente voltado para a mudança contínua e o
experimentalismo de soluções novas, com claros objetivos políticos. Muitos artistas do início do século XX se
engajaram em movimentos ou partidos políticos fazendo parte efetivamente dos governos de esquerda ou de
direita em todo o mundo. Ingênuos ou cooptados pelo sistema tivessem sido eles, o fato é que seus nomes
artísticos estão associados, por desejo manifesto ou não, às diferentes políticas culturais adotadas pelos
governos, fossem eles, autoritários ou liberais.

"A modernidade é o transitório, o fugidio, o contingente; é uma metade da arte, sendo a outra o eterno e o
imutável". BAUDELAIRE, Charles. Le peintre de la vie moderne. In: Écrits sur l'art. Paris: Le livre de Poche,
1992, p. 381.

Modernidade é uma noção que se forjou desde o século XVI até sua consecução em meados do século XIX,
quando Baudelaire deu-lhe nome e a conceituou pela primeira vez. Prática social e modo de vida articulado
sobre a mudança, a inovação, mas também sobre a inquietação, a instabilidade, a mobilização contínua, a
subjetividade móvel, a tensão, a crise, a modernidade se tornou um modelo cultural, uma moral, um mito de
referência presente em todos os atos do homem. Ela implicava um pensamento utópico que acreditava que, pela
razão e pela ciência, o homem superaria todas as suas necessidades e satisfaria seus desejos, construiria uma
sociedade mais justa, livre de preconceitos e amarras, e encontraria a felicidade, libertando-se do lado sombrio
de sua própria natureza.

Vanguarda, vocabulário militar, designa aqueles que estão à frente do batalhão. Em sentido figurado, significa
estar à frente de, atitude daquele que julga poder desenvolver o papel de comando.

A modernidade suscitou em todos os níveis uma estética da ruptura, de criatividade individual, de inovação
marcada pelo fenômeno da vanguarda e pela destruição das formas tradicionais, na literatura, na música e na
arte.

Se definir modernidade já é uma empresa difícil devido a seu sentido de mudança eterna e à nossa incapacidade
de definir seus limites, falar de modernismo é penetrar num universo de intensa controvérsia.

Primeiro de tudo, porque somos tentados a vê-lo como um simples fenômeno decorrente da modernidade e
“corremos o risco de subestimar aquelas preocupações e problemas específicos das práticas e tradições da arte
que podem ter sido elementos poderosos no desenvolvimento de novas formas e estilos” (HARRISON, Charles.
Modernismo. Coleção Movimentos da Arte Moderna. São Paulo: CosacNaify, 2000, p. 11.). Uma preocupação
constante dos artistas do modernismo foi tentar liberar a obra de arte das injunções sociais em que foram
criadas querendo garantir a autonomia da criação. Fruto remanescente do Romantismo, essa liberdade almejada
pelos artistas, misturada ao anseio de subjetividade, de singularidade, de autenticidade marcou profundamente
os artistas modernos, que fizeram da noção de originalidade uma mola mestra de suas criações, ao ponto de
estas parecerem totalmente afastadas das condições em que foram criadas, deitando por terra assim a ideia de
arte como reflexo da sociedade.

Por outro lado, ao supervalorizarmos o modernismo esquecemos que ele não era a tendência mais forte do
século XX, e sim uma tendência adotada por uma minoria que lutava para conquistar um público que hesitava,
recusava e muitas vezes agredia essas obras que não se assemelhavam à realidade.

Veja o vídeo com diferentes formas de representação da mulher. Vídeo 500 anos de mulheres na arte.
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Xi_oDCheErg
Ingres, Retrato de Louise de Broglie, 1845 e Monet, Camille Monet, 1865

Duas décadas separam essas duas pinturas. Há entre elas uma grande diferença. O retrato pintado por Ingres é
extremamente naturalista. O pintor se esmerou ao máximo para tornar a pintura quase uma realidade, um
substitutivo da pessoa retratada. Em todas as partes do quadro prevalece a ilusão de realidade. Podemos sentir a
textura do tecido, sentir seu peso, perceber os traços do rosto, a suavidade da pele. O espaço do quadro é
organizado em torno da figura central feminina e não há contrastes entre partes cheias e vazias, contribuindo
isso para um equilíbrio perfeito da obra. Para evitar um campo muito claro ou escuro atrás da modelo, o pintor
usou do artifício de um espelho que reflete a personagem principal e cria a ilusão perspéctica. Toda a luz se
concentra na figura central, na modelo, e pinceladas homogêneas criam o modelado perfeito de todos os
elementos compositivos do quadro. Uma grande harmonia de cores se conjuga para realçar a figura central. Não
há excesso de luz sobre o personagem principal. A sombra se transforma no reflexo no espelho e este é a linha
de fuga do quadro. Figura e fundo são perfeitamente reconhecíveis. A modelo olha de maneira discreta para a
frente, numa ligeira diagonal, e sua postura é de uma pose buscada com grande estudo. Se quisermos, podemos
dizer que se trata de uma foto em estúdio, onde todos os fatores foram analisados, medidos e resolvidos.

No retrato de Madame Monet, a primeira grande diferença é a opção por uma pintura ao ar livre, à luz natural
do dia. A opção é também para um olhar de longe, em que a modelo é vista numa angularidade inusitada, no
alto de uma colina, e o pintor está alguns metros abaixo dela. A sensação que se tem é de que ela foi pega de
surpresa num instante de descuido ao olhar para trás. É por detrás dela que chega a intensa luz do quadro,
projetando a sombra, colorida, para a frente. Todo o quadro é composto como se estivesse ainda inacabado.
Sentem-se a fatura leve, as pinceladas rápidas e uma intenção não realista de copiar o que se percebe com o
olhar. Figura e fundo parecem se misturar, dando a sensação de haver uma bruma envolvendo o todo. Os traços
do rosto da modelo, apenas visíveis, não se distinguem perfeitamente. As cores são variadas, mas se misturam
no olhar do espectador. Longe de imitarem com perfeição o campo florido, as pinceladas apenas sugerem essa
apreensão. Apesar do ângulo da pintura, tem-se a sensação de que o fundo é atraído para a frente, não restando
entre a figura e o fundo a distância necessária, comprometendo, portanto, a linha de fuga, aumentando a
sensação de planaridade.
Características tão díspares servem para mostrar a grande diferença que existia entre a maneira clássica e a
maneira moderna – impressionista – de conceber a abordagem do tema, a relação espacial entre figura e fundo,
o uso das cores, o uso do suporte e todos os outros tantos elementos formais. Enquanto Ingres consegue dar a
sensação de acabado em sua obra, escondendo as diferentes etapas de sua confecção, Monet prima pelo instante
difuso, pelo estar fazendo e por mostrar como se constrói sua composição.

Se uma definição ligeira de arte moderna a remete ao colapso do decoro tradicional que conectava a aparência
das obras de arte à aparência do mundo natural, um estudo mais aprofundado pode nos fazer aplicar o conceito
de modernismo a uma tendência que atribui prioridade à imaginação total, que ratifica o valor da experiência
direta e vê com olhos críticos as ideias que resistem à mudança. O modernismo é, sem dúvida, um processo de
autoconsciência do artista em relação ao ato de criar, em que as relações do artista com os meios materiais e
técnicos, longe de ficarem mascaradas, se deixam mostrar.

O que ficava cada vez mais claro para os artistas modernistas eram as necessidades inerentes à arte de encontrar
soluções dentro dela mesma, em seus fatores internos e procedimentos de composição – e não mais na
representação fiel da realidade.

Rafael di Sanzio – Dama com Unicórnio, 1505 e Picasso - Retrato de Dora Maar, 1941

A negação da imitação pelo artista moderno fica patente nestas duas figuras femininas, que são totalmente
antitéticas. Ainda ligado ao real, Picasso o transforma substancialmente através de distorções forçadas, embora
se perceba seu esforço para criar uma perspectiva que separa figura e fundo. Enquanto o quadro de Rafael nos
faz passear gradualmente do primeiro para o último plano, o retrato pintado por Picasso estabelece uma parada
forçada sobre seu modelo. O corpo da Dama com unicórnio é perfeitamente reconhecível, delineado por uma
linha que estabelece a separação entre os planos. No Retrato de Dora Maar, seu corpo se confunde com o
encosto da cadeira, e a opção do artista foi de marcar a inexistência de uma perspectiva única de planos
trazendo o fundo para a frente do quadro, apesar de as linhas em diagonal sobre a parede apontarem para uma
direção oposta. A grade invisível da tela empurra o fundo para frente, criando uma força antagônica contrária à
visão em perspectiva. As cores do quadro de Picasso são contrastantes, e as de Rafael obedecem ao dogma da
harmonia naturalista das cores. Naturalista (e mesmo idealista) é a representação total do quadro de Rafael, em
que se tem uma ideia perfeita do que se quer retratar. Na obra de Picasso a representação é bastante diferente da
pessoa real, apresentando múltiplos pontos de vista sobre um mesmo plano.

Ser um artista moderno é não se submeter a regras acadêmicas de composição: na música, é desprezar os
acordes tonais; na escultura, é abandonar o modelado perfeito e dar a sensação do não acabado; na pintura, é
ignorar a perspectiva e a sensação de relevo dada pelas sombras, é optar pela construção visivelmente
bidimensional do suporte e não querer esconder o limite dele. É, enfim, ser transgressor da ordem severa das
academias, dos grandes mestres, é ter que sofrer as críticas, é amargar grandes dificuldades, mas é mais do que
tudo sentir-se livre para inovar.

Desde que, no século XIX, o sistema de mecenato e patronato das artes entrou em colapso, o artista tornou-se
um produtor independente que teve que lutar para conquistar seu público, mudar o gosto corrente, criar um
novo modo de se inserir num mercado livre em que o cliente teria, ele mesmo, que estar imbuído desse desejo
de mudança e ser receptivo à novidade. A obra de arte adquiria sua feição mais banal: a de mercadoria, apesar
de sua aura de produto especial e raro.

Lourenço de Medicis e Peggy Guggenheim

Os dois personagens exemplificam dois tipos diferentes de mecenas. Lourenço, fundador da dinastia dos
Medicis em Florença (Itália), inspirador do livro de Maquiavel, O Príncipe, apoiava as atividades culturais de
maneira não capitalista. Os benefícios que a obra de arte lhe trazia, propaganda e memória, rendiam-lhe mais
carisma e poder do que lucros financeiros. No caso do mecenato de Peggy Guggenheim, a mecenas da arte
norte-americana do século XX, sobrinha de um grande banqueiro, as obras dos artistas por ela apoiados e cujas
exposições ela patrocinava tornavam-se suas propriedades; ela podia vendê-las e ficar com o lucro obtido.

PALMA, Daniela. Do registro à sedução: os primeiros tempos da fotografia na publicidade brasileira. São
Paulo, revista eletrônica do Arquivo do Estado, 1 de abril de 2005. Disponível aqui.

Para poder superar essa passagem para um modo moderno de existência e enfrentar a concorrência de novos
meios de expressão, como a fotografia, o artista teve que fazer opção por encontrar espaços de inserção
econômica, como por exemplo trabalhar em editoras de livros como ilustrador, tornar-se ele mesmo pintor de
fotos ou aceitar a intermediação de personagens novos no mundo da arte: o crítico de arte e o marchand, que,
desde o século XIX, passeiam pelos salões anuais de exposições artísticas.

A larga difusão das apreciações estéticas pelos meios de comunicação impressos cumpriu papel crucial no rumo
tomado pelas artes plásticas, expandindo seu público potencial. A criação de museus nacionais, aliada a uma
política educacional eficaz, democratizou o conhecimento das artes e dos artistas e reforçou esse processo de
autonomia da arte e de formação de uma opinião pública favorável às inovações artísticas.
O Museu Pérgamo, em Berlim, e Liceu Nilo Peçanha, em Niterói
Verbete Crítica de arte; Itaú cultural. Disponível em: http://migre.me/TPHQ.

A crítica de arte se tornou sem dúvida uma arma poderosa na ascensão e na desgraça de muitos artistas. A arte
moderna não contou apenas com desafetos: importantes homens de letras, teóricos da arte e os próprios artistas
foram defensores implacáveis das novas propostas. Escrevendo para um público relativamente seleto, o crítico
de arte se tornou mais um esclarecedor da obra e das teorias que elas defendiam do que um simples apreciador.

Podemos citar entre eles G. Courbet, pintor e crítico do realismo; Delacroix, do Romantismo; Zola, famoso
escritor e amigo íntimo de Monet, crítico do impressionismo; Huysmann, do modernismo.

Cronologia e localização
Se uma definição exata de Modernismo é uma empresa quase impossível, haja vista a grande variedade de
posições críticas, sua situação no tempo e espaço não é muito mais fácil.

"Pintor redescoberto - O artista de Florença [Alberto Magnelli], porém, é um nome pouco conhecido no Brasil
e, há até pouco tempo, esquecido na própria Europa, que nos últimos anos vem redescobrindo sua obra, numa
profusão de exposições em galerias e museus". O Globo, Segundo Caderno, 3 de abril de 2010. Link sobre
exposição: http://migre.me/TPFL ou http://migre.me/TPGq

O caráter glamuroso de ser moderno desempenha um papel bastante importante na caracterização de certos
momentos e obras da história da arte de vários países. Os estudiosos de cada país, impulsionados pelo
reconhecimento e pela fama de certos princípios estéticos, trataram de encontrar na produção nacional, em
vários períodos, traços de modernismo para atribuir valor estético e econômico às obras de seus conterrâneos.
Assim, cada vez mais encontramos exemplos que fazem recuar os limites iniciais do movimento moderno,
procurando valorizar aspectos até então desprezados em certos artistas. Pode-se dizer que há uma síndrome da
fênix que recoloca periodicamente em voga obras e artistas de períodos anteriores ao despertar do modernismo
e que haviam sido esquecidos pela historiografia, a crítica e o público.

Porém, muitas vezes aquilo que é motivo de admiração em suas obras era exatamente o que transgredia os
princípios acadêmicos, o que, pouco tempo antes, desvalorizava toda a sua produção. A história da arte acumula
vários desses exemplos, não forçosamente tão paradigmáticos e famosos como Van Gogh, mas todos
representativos desse esforço intelectual em criar uma memória positiva dos “rejeitados” e em estabelecer
novos limites para o movimento moderno.

Ao lado do ensino oficial das artes nas academias de belas-artes, proliferava um método de ensino particular
nos ateliês de pintores famosos e que, por serem menos formais, atraíam não só os rejeitados pelo sistema
oficial, mas sobretudo aqueles que procuravam junto a artistas já reconhecidos novas possibilidades de um
aprendizado menos tradicional.

Entretanto, de maneira geral as origens do modernismo estão associadas ao movimento impressionista e à


segunda metade do século XIX. Porém, temos que ter em mente que a ruptura não foi tão abrupta quanto a
tendência revolucionária quer nos fazer crer: mesmo dentre os impressionistas, a hesitação era grande.
Formados em grande parte dentro de ateliês e escolas de pintores tradicionais, a busca de um estilo próprio e
não convencional foi povoada de incertezas, angústias, conflitos, avanços e recuos claramente visíveis em suas
obras.

Contudo, uma vez desencadeado, o processo de afirmação de novos estilos e tendências modernos não teve
mais fim e é marcado até hoje pela efemeridade, transformando-se quase numa moda muitas vezes ligeira e
necessitando de instâncias de legitimação (museus, galerias, centro culturais, exposições itinerantes) para serem
considerados arte.

Reconhecer, incentivar e criticar traços de modernismo nas artes foi uma atitude corrente e comum a todos os
países europeus, mas sem dúvida alguma coube à França, especialmente a Paris, reunir artistas, obras e escritos
sobre as diferentes linguagens artísticas, num ambiente favorável às discussões pioneiras sobre o modernismo.

Paris encarnou perfeitamente bem esse papel de capital mundial da nova cultura. Durante todo o século XIX a
capital francesa criou condições para o desenvolvimento do pensamento moderno. Mais liberal que alguns de
seus vizinhos, Paris foi um polo de atração para vários estrangeiros que ajudaram a fazer da cidade a capital
cultural da Europa, não forçosamente apenas de uma cultura refinada e da elite.

Paris havia sido palco de uma série de transformações urbanas desde meados do século XIX: “os bulevares
representam apenas uma parte do amplo sistema de planejamento urbano, que incluía mercados centrais,
pontes, esgotos, fornecimento de água, a Opéra e outros monumentos culturais e grande rede de parques”
(BERMAN, p. 146.). A reforma empreendida por Haussmann criara as novas bases econômicas, sociais e
estéticas para reunir enorme contingente de pessoas. A rua passou a ser o local onde o privado se expunha, onde
o trafegar a pé ou de carruagem fazia parte de um grande espetáculo. Eliminando os bairros pobres de áreas
centrais da cidade, a reforma urbana havia tornado a cidade um todo unificado e franqueado a todos. Todas as
classes se misturavam nos transportes urbanos, inúmeros negócios se criaram atraindo para suas vitrines pobres
e ricos, inúmeros cafés, teatros, cabarés, cafés-concerto, estádios passaram a integrar a vida e a gaîté
parisienses.

Moulin Rouge e Au Lapin Agile, 1880-90

O lazer e o prazer da vida moderna se misturavam num turbilhão de experiências novas que envolvia a todos.
Estas nem sempre ou quase nunca eram isentas de censuras morais e eram consideradas perversões, mas aceitas
quando perpetradas pelas classes abastadas e cultas: relações adúlteras, homossexualismo, drogas e outros
vícios, antes contidos pelo moralismo religioso, vieram à tona com toda a força e ganharam certa legitimidade
dentro dessa sociedade moderna, laica e avessa às tradições.
Pôster do filme Cabaret, com Liza Minnelli

Vídeo do filme Cabaret, com Liza Minnelli.

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=YE3xrfjAJfs

Sugestões de links biográficos:


Biografia de Joris-Karl Huysmans - http://pt.wikipedia.org/wiki/Joris-Karl_Huysmans

Biografia de Juscelino Kubitschek de Oliveira - http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u61.jhtm

Biografia de Oscar Niemeyer - http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u704.jhtm

Biografia de Friedrich Wilhelm Nietzsche -http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche

Biografia de Karl Marx – http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u149.jhtm

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