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Amo demais aqueles que amam a ilusão e a aparência; e que passam nessa vida como

bailarinos. Amo outrossim aqueles que detestam a razão e que fazem de sua loucura um
caminho. Amo aqueles que estão perdidos dentro de si e que agem de forma funambulesca,
adquirindo uma variabilidade proteica. Amo aqueles que amam o perigo e que fazem da
imprevisibilidade a sua morada. Amo aqueles que semelhante ao sol descem os subterrâneos
ínferos da carne e que fazem do gozo a sua sublimação. Amo aqueles que fazem de seu
silêncio um abismo e que absorve o monstro que habita seu imo. Amo aqueles que fazem de
sua solidão uma potência criadora e de sua loucura um arsenal bélico. Amo aqueles que
possuem a natureza da beligerância e que paz torna-se seu tédio e a guerra o motivo precípuo
de seu instinto.

Ouça tudo com profundidade, mas não acredite em nada que esteja separado de seu instinto.

A máscara da ignorância é a melhor maneira de viver a vida no grande mundo. Sempre que
possível minta sobre algo que saiba, tendo como meta a dissimulação do não-saber; é uma
maneira de evitar invejas e maledicências. Jamais mostrar sabedoria e inteligência foram são
formas de ser amado pela sociedade, mas muito ao contrário; é uma forma de ser odiado. O
conhecimento suscita raiva da plebe.

Seja abundante no ouvir, precário no falar e extravagante no silêncio.

O homem inteligente é um mundo único, enquanto a maioria dos homens são o que são
apenas em conjuminância.

Existem infinitas maneiras de perceber o mundo. Os tolos acreditam que estão com a verdade,
os sensatos são capazes de perceber as diversas maneiras e os sábios na fonte do profundo
silêncio reconhecem que nada conhecem.

Dizer que tudo é uma ilusão é apenas expressão de um cansaço da vida. O livro de Eclesiastes
expressa esse profundo cansaço de viver, sendo o olhar fatigado do sol. Esse cansaço nasce da
degenerescência de uma aristocracia acachapada em fraqueza.

É preciso aprender que os homens são simplórios. Não esperar nada deles tanto em aspectos
intelectuais, quanto em aspecto morais e tampouco esperar neles anseios espirituais. Mas
amá-los como são, em suas dimensões.

A vida em sua grande dimensão não obedece uma ordem lógica e racional. Os tolos pensam
que o mundo está circunscrito dentro da razão, mas existe uma plêiade de razões. A vida em
sua maior dimensão é incomunicável, mas experimentável.
A solidão pode nascer da fraqueza ou da força. A primeira quando nasce de uma impotência
perante a vida, a segunda quando engendra uma necessidade de conquista e expansão.

O envenenamento da vida de considera-la uma efemeridade é uma tolice a qual o artista


devesse libertar. Os prazeres da vida são necessários serem vividos e apreciados; o desejo de
vida é a mais santa AFIRMAÇÃO, o desejo de querer viver, o desejo do esquecimento mais
límpido e o espírito terno de gratidão. A pobreza de espírito está atrelada a avareza, sejamos
como um córrego que constantemente renova às suas águas. É preciso saber caminhar, mas
caminhar com liberdade, ir e vir de maneira livre e caso possível exprimir uma alegria violenta,
uma alegria que irrompa a tristeza.

As pessoas estão acostumadas à uma vida pequena, constituída de aspirações estreitas. Uma
vida que abre espaço, que produz liberdade e que se expanda como o oceano, isto não
querem. Querem apenas futilidades, incapacidade de ouvir o outro em sua completude. O
mesquinho e trivial tornam-se a regra, a exceção é duramente castigada por ser uma
singularidade. O riso, a grande vida, o viver a autoafirmação, o desejo por mulheres nuas, a
necessidade de confronto.

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