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1 EVOLUÇÃO INDUSTRIAL DA EXPLORAÇÃO DO MINÉRIO DE GIPSITA

1.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS

Vimos na história da humanidade, que as necessidades primárias do ser


humano sempre estiveram associadas ao uso de recursos naturais, dessa maneira
com o passar do tempo sofreu saltos evolutivos. Tais evoluções segundo Araújo
(2000), baseado em Rodrigues (1989) e Passet (1979), pode-se chamar de ruptura
os saltos qualitativos dados pela sociedade humana ao longo da história, que
descobrindo e dominando os minerais e as máquinas, evoluíram não somente no
que se refere à utilização dos recursos naturais, mas também socialmente,
culturalmente e economicamente.
Em razão de tais necessidades humanas, podemos ver que não seria
diferente no trato aos assuntos pertinentes a Engenharia e Arquitetura, ou melhor,
na Construção Civil. Percebemos, através de alguns registros arqueológicos,
registrados também nos livros de história, que desde o princípio dos tempos o
homem procurou a melhor maneira de empregar materiais que fossem extraídos da
natureza e utilizar de forma inteligente, para que pudesse realizar os projetos com o
mais fino acabamento que fosse possível. Rocha (2007), faz menção a descobertas
arqueológicas, tornando evidente que o emprego do gesso remonta ao 8º milênio
a.C (ruínas na Síria e na Turquia), as argamassas em gesso e cal serviram de
suporte em arfresco e decorativos, na realização de pisos e mesmo a fabricação de
recipientes.
Como temos antecedentes históricos que nos remetem a Europa como
influenciadora de uma cultura disseminada por boa parte do mundo, é importante
verificar que o uso do gesso na construção civil europeia popularizou-se a partir do
século XVIII. Vale ressaltar, que a fabricação do gesso era empírica e rudimentar,
porém, Lavoisier, em 1768, presenteou a Academia de Ciências Francesa, com o
primeiro estudo científico dos fenômenos, que são base da preparação do gesso. Já
a partir do século XX, temos um panorama diferente, a evolução industrial trouxe um
novo conceito para a fabricação do gesso, com a melhoria tecnológica, a indústria
do gesso gera um formato inovador para o mercado de trabalho, o qual passa a
empregar o uso do gesso de forma mais eficiente.

1.2 GIPSITA

A gipsita é um mineral produzido em vários lugares do mundo, que quando


industrializado origina o produto mais conhecido comercialmente como gesso. De
acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral, DNPM, 2012,
são produzidos mais de 148 (cento e quarenta e oito) milhões de toneladas por ano
de gipsita bruta no mundo, sendo mais de três milhões de toneladas produzidas no
Brasil. A utilização desse mineral no país ainda é pequeno se comparado ao
consumo nos países desenvolvidos. Com a oferta de produtos tecnologicamente
certificados a população acaba verificando as vantagens de utilizar o gesso na
construção e dessa maneira o produto acaba se difundido para esse fim.
As reservas brasileiras do minério de gipsita estão concentradas nas regiões
norte, nordeste e centro oeste do país. Segundo o Ministério de Minas e Energia,
somos o 16º produtor mundial, mas essa produção supre basicamente o consumo
interno. Os produtores principais de gipsita são os estados de Pernambuco, Ceará,
Maranhão, Tocantins, Bahia e algumas regiões do semiárido nordestino, com
escassas oportunidades de negócios, e até nas regiões amazônica e centro oeste,
estimulando polos econômicos em vários interiores do país. A mineração neste
ambiente onde o mineral ocorre sob forma de horizonte descontínuo, chegando a
possuir espessura de cerca de 30m em alguns lugares, teve inicio em 1960. (DNPM,
1994).
Daremos ênfase nas reservas contidas no estado de Pernambuco, mais
precisamente nas situadas na bacia sedimentar do Araripe, que segundo (Linhales,
2004), esta é a reserva brasileira de gesso que apresenta melhor condição de
aproveitamento econômico. Essas minas estão concentradas nas mãos de poucos
grupos empresariais. A região recebeu o nome de Polo Gesseiro do Araripe, que em
virtude dos empresários do sudeste do país ter interesse na produção do produto,
por necessitarem de uma demanda maior, passaram a investir na calcinação da
gipsita utilizando fornos das casas de farinha de mandioca.
De acordo com as informações do (SINDUGESSO, 2004), o Polo gesseiro
do Araripe é um arranjo produto local de base mineral, e liderado pelo sindicato da
Indústria do gesso, envolve mineradoras, que fazem a explotação do minério, e em
torno de 153 unidades de calcinação que transformam a gipsita em gesso, e mais
443 unidades de pré-moldados, que preparam artefatos de gesso. Essa atividade
sendo difundida na região promoveu a vinda de empresas que deram suporte e
assessoramento para distribuição do gesso, empresas de construção civil, máquinas
e ferramentas, explosivos, transportadoras, oficinas mecânicas, metalúrgicas,
indústrias químicas, embalagens e centros de tecnologia. Vindo a incidir a questão
da certificação na série 9001 em algumas empresas.

1.3 POLO GESSEIRO DO ARARIPE

O Polo Gesseiro do Araripe está localizado no estado de Pernambuco, a 700


quilômetros da capital, Recife, integrando os municípios de Araripina, Bodocó,
Ouricuri, Trindade e Ipubi, possuindo reservas abundantes de gipsita na região
conhecida como Sertão do Araripe, sendo responsável por 85% da produção
brasileira conforme (Sumário Mineral, DNPM/PE 2006), sendo consideradas as de
minério de melhor qualidade no mundo e apresentam excelentes condições de
mineração (LUZ e LINS et al., 2005).
Notavelmente o advento da globalização alavancou um interesse em uma
variedade de produtos derivados da gipsita, que antes eram desconhecidos até
mesmo pelos produtores nacionais, dessa maneira podemos verificar que a
participação das empresas no mercado internacional teve um papel importante para
elevar a produção, percebemos que o SEBRAE, contribuiu para o crescimento,
desenvolvendo um programa gerencial orientado para obtenção de resultados.
(DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2005)
A produção do gesso nessa região se concentra nos tipos de gesso de
fundição (tipo A) e os de revestimento manual (tipo B), que são produzidos no Brasil
sem adição de aditivos químicos (BALTAR et al. 2004). O que distingue os tipos A e
B é o tempo de pega, quando misturado com a água completará seu ciclo de
endurecimento, isso é controlado através do processo de calcinação, que é
justamente a forma como será realizado a transformação da gipsita em gesso,
lembrando que a gipsita é a matéria prima em seu estado bruto, e o produto que é o
gesso. Através desses tipos de gessos são produzidos diferentes produtos:
1. Gesso de fundição que será utilizados em pré-moldados, como gesso ou
gesso simplesmente, ou placas de gesso acartonados;
2. Placas para rebaixamento de teto;
3. Blocos para paredes divisórias;
4. Gesso para isolamento térmico e acústico;
5. Gesso para portas corta fogo;
6. Gesso para revestimento de paredes e tetos;
7. Gesso cola, para rejunte de pré-moldados em gesso;

O gesso é utilizado em outras aplicações mais nobres, como confecção de


cerâmica, na indústria de vidro, com carga mineral, para fabricação de papel,
plásticos adesivos, tintas, na indústria farmacêutica, decoração, pedagogia (giz para
o quadro), ortopédico com adição de produtos químicos, na odontologia, para
confecção de moldes, modelos e bandagens de alta resistência, lembrando que
também é usado na indústria de cimento.

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