CONSELHO FISCAL
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CONSELHO CONSULTIVO
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Guimarães (subcoord.)
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Revisora: Sandra Pássaro
Secretária da Revista: Tupiara Machareth
Quadrimestral
ISSN 0101-4366
Ind.: T. 1 (1839) – n. 399 (1998) em ano 159, n. 400. – Ind.: n. 401 (1998) – 449 (2010) em n. 450
(2011)
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Aproveitem!
Lucia Maria Bastos P. Neves
Diretora da Revista
Tempos de Constituição: Perspectivas e paradoxos
da Lei Orgânica da Revolução Republicana de 1817
15
I – DOSSIÊ
DOSSIER
Introdução
Sua crítica a 1817, como se vê, releva nosso ponto de partida. Lei
Orgânica e Constituição não eram sinônimos.
10 – Segundo Mario Dogliani, as “Leis Fundamentais” são integradas por ordenanças
referentes à forma de governo e de sucessão da coroa bem como por convenções entre
governantes que regulam os modos de governo e impõem limites à autoridade soberana.
Cf. DOGLIANI, Mario. Introduzione al diritto costituzionale. Bologna: Il Mulino, 1994,
pp. 161-163.
11 – Cf. MOHNHAUPT, Heinz & GRIMM, Dieter. Costituzione. Trad. Simona Rossi.
Roma: Carocci, 2008, pp. 55 e ss e pp. 111 e ss; SEELAENDER, Airton Cerqueira Leite.
Notas sobre a constituição do direito público na idade moderna: a doutrina das leis funda-
mentais. Revista Sequência: n. 53, dez. 2006, pp. 197-232.
12 – Cf. VEIGA, Gláucio. História das ideias da Faculdade de Direito do Recife. Vol. I.
Recife: Universitária, 1980, p. 281.
13 – Nos dicionários da época (Bluteau, Antonio de Moraes e Silva Pinto), pode-se
encontrar a palavra “constituição”, cujo sentido genérico era o de “estatuto”, “lei fun-
damental” com sentidos próximos a “lei”, “orgânico” e “corpo”. Sobre o tema, ver:
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico.
Vol. 2. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728, p. 486 e p. 455
e p. 557 e ss; PINTO, Luiz Maria da Silva. Diccionario da lingua brasileira. Ouro Preto:
Typographia de Silva, 1832, pp. 283 e ss; SILVA, Antonio Moraes. Diccionario da lingua
portuguesa. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813, p. 316 e p. 297. Sobre a semântica dos
conceitos “lei fundamental” e “constituição”, ver em especial: MOHNHAUPT, Heinz &
GRIMM, Dieter. Op. cit. pp. 55 e ss. Poderíamos ainda destacar, na esteira de Nelson Sal-
danha, tendo em vista a semântica de “leis do rei e leis do reino”, que ambos os conceitos
visavam à “fixação de um cerne inviolável no cerne do Estado, em sua base normativa”.
Cf. SALDANHA, Nelson Nogueira. Formação da teoria constitucional. Rio de Janeiro:
Forense, 2000, pp. 33-37.
Nelson Saldanha14, por sua vez, destacou que “Lei Fundamental” ad-
quiriu sentido relativamente próximo à noção de “Constituição”, uma vez
que aquele conceito teria permitido a transição, através da Idade Média,
da “ideia essencial” da “submissão da ação estatal a uma norma positiva
que deve vincular a existência mesma dos poderes e garantir a subsistên-
cia de previsões e certezas para o convívio com o poder”.
16 – Cf. QUINTAS, Amaro. A Revolução de 1817. In: Amaro Quintas: o historiador da
liberdade. 3. ed. Recife: CEPE, 2011, pp. 85-118. O historiador pernambucano, a propó-
sito, afirmou: “A guerra holandesa provocou o desabrochar do espírito nacional. O Arraial
do Bom Jesus vai ser ‘o berço da nacionalidade brasileira’. Na capitania acostumada,
desde o primeiro donatário, a uma vida autônoma, a luta contra o flamengo desperta-lhe
a ideia, embora velada, de emancipação. A sua expulsão definitiva, obra exclusiva dos
pernambucanos, aguça-lhe ainda mais este sentimento” (Idem, p. 156).
17 – Essa identidade pernambucana, forjada ao longo de conflitos nos séculos, faria re-
pousar a paz interna da Capitania num fino e instável equilíbrio, que terminou rompido
por uma série de fatores, que, como se verá, teriam implicado a quebra dos “pactos” entre
a administração portuguesa e a Capitania, precipitando a eclosão da Revolução de 1817.
18 – Cf. ZAGREBELSKY, Gustavo. Storia e costituzione. In: Intorno alla Legge. Tori-
no: Einaudi, 2009, pp. 189 e ss.
Também sobre ele pesou a culpa por não haver resistido ao agrava-
mento do ônus fiscal. Especificamente, em relação ao novo tributo criado
pela corte, destinado a custear a iluminação pública do Rio, e segundo
Evaldo Cabral de Mello29 “o símbolo da expoliação fiscal aos olhos da
gente da terra”. Atribuíam a ele, ainda, a crescente intervenção nos negó-
cios e na administração da Capitania de Pernambuco30, desde a mudança
ao Brasil de Dom João, em 1808.
até que fosse promulgada a Constituição ocorreu em outras regiões, a exemplo do México.
Cf. MIRROW, M. C. Latins American Constitutions: the Constitution of Cadiz and its
legacy in Spanish America. New York: Cambridge University Press, 2015, pp. 145-200.
28 – Cf. TAVARES, Francisco Muniz. Op. cit., p. 23.
29 – Cf. MELLO, Evaldo Cabral de. A outra independência (o federalismo pernambu-
cano de 1817 a 1824). São Paulo: Editora 34, 2004, p. 30.
30 – Cf. LEITE, Glacyra Lazzari. Pernambuco 1817: estrutura e comportamentos so-
ciais. Recife: Massangana, 1988, pp. 133-145.
dar pelo pronome “vós” e pelo apelativo “patriota”. Havia alguma seme-
lhança com o ato dos franceses que, no esforço consciente de destruir o
contínuo da história, criaram novo calendário e, ao final do primeiro dia
de luta, dispararam contra os relógios de várias torres em Paris, tentando
a refundação de uma “nova era”, de um “novo tempo”, conforme nos
ensina Walter Benjamin em sua 15ª Tese sobre o conceito de história39.
39 – Cf. BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: O Anjo da História. 2. ed.
Trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2013, pp. 15-16.
40 – Cf. DOCUMENTOS HISTÓRICOS. A Revolução de 1817. Vol. CI..., pp. 129-130
e p. 136.
41 – Sobre o tema, ver: SILVA, Leonardo Dantas. A bandeira de Pernambuco. In: A Re-
pública em Pernambuco. Recife: FUNDAJ/Massangana, 1990, pp. 31-52.
47 – Cf. SILVA, Luiz Geraldo. Igualdade, liberdade e modernidade política: escravos,
afrodescendentes livres e libertos e a Revolução de 1817. In: SIQUEIRA, Antônio Jorge;
WEINSTEIN, Flávio Teixeira & REZENDE, Antônio Paulo (Orgs.). 1817 e Outros En-
saios. Recife: CEPE, 2017, pp. 189-224.
48 – Cf. TAVARES, Francisco Muniz. Op. cit., p. CCV.
49 – Cf. RODRIGUES, José Honório. Explicação. In: DOCUMENTOS HISTÓRICOS.
Revolução de 1817. Vol. CIII. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1954, pp. V-VI.
50 – Cf. TAVARES, Francisco Muniz. Op. cit., p. CCV.
53 – Cf. DOCUMENTOS HISTÓRICOS. A Revolução de 1817. Vol. CIV..., pp. 16-23.
54 – O art. 28 da Lei Orgânica de 1817 previa: “O presente govêrno e suas formas du-
rarão sòmente enquanto se não ultimar a Constituição do Estado. E como pode suceder
o que não é de esperar, e Deus não permita que o Govêrno para conservar o poder de
que se acha apossado frustre a justa expectação do povo, não se achando convocada a
Assembléia Constituinte dentro de um ano da data dêste ou não se achando concluída a
Constituição no espaço de três anos, fica cessado de fato o dito Govêrno, e entra o povo
no exercício da soberania para o delegar a quem melhor cumpra os fins da sua delegação.”
55 – Cf. LEÃO, Nilzardo Carneiro. Revolução Republicana (XVI). Folha de Pernambu-
co: Seção Artigos, edição de 16 de junho de 2016.
56 – Cf. CANTARELLI, Margarida. Raízes do constitucionalismo moderno na Lei Or-
gânica. Palestra proferida no “Seminário Revolução Pernambucana de 1817”, realizado
nos dias 5 e 6 de abril de 2017, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), no
Estado do Rio de Janeiro.
Só não tinha o nome. E por que a “Lei Orgânica” não tinha o nome
“Constituição”? O que há em um nome? Em nossa visão, há dois pontos
conexos que impediram de denominar “Constituição” a “Lei Orgânica”,
o que foi apontado por Muniz Tavares como “erro” dos líderes da Revo-
lução.
57 – Cf. DOCUMENTOS HISTÓRICOS. A Revolução de 1817. Vol. CIV..., pp. 95-96.
Tavares58, mas que, no entanto, não foi suficiente para demovê-lo do juízo
refratário à solução da “Lei Orgânica” como “erro” dos líderes de 1817:
O novo Governo de Pernambuco logo que foi nomeado, estava na
rigorosa obrigação de publicar hum regulamento provisório, que mar-
casse o modo das eleições, e de ajuntamento dos eleitos com indicação
do respectivo lugar, convidando as outras Provincias a concorrerem
contemporaneamente com os membros correspondentes á sua popu-
lação.
Conclusão
Ao longo do presente artigo, nosso objetivo consistiu em examinar
os limites e as possibilidades da Revolução Republicana de 1817, em Per-
nambuco, a partir da dicotomia histórico-conceitual entre “Lei Orgânica”
e “Constituição”, cuja acepção se distingue em duas tradições específicas,
a da “constituição-ordem” e “constituição-norma”.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Maria de Betânia Corrêa de (Org.). ABCdário da Revolução
Pernambucana de 1817. Recife: CEPE, 2017.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: O Anjo da História. 2. ed.
Trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
BREWER-CARÍAS, Allan R. Sobre el inicio del constitucionalismo en América
hispana en 1811, antes de la sanción de la Constitución de Cádiz de 1812.
Pensamiento Constitucional: n. 17, 2012, pp. 45-78.
CABRAL, Flavio José Gomes. Os homens, as ideias, os escritos e os projetos
políticos no Norte da América portuguesa oitocentista. Revista Brasileira de
História & Ciências Sociais: vol. 7, n. 14, dezembro de 2015, pp. 267-289.
___. Independências: os Estados Unidos e a República de Pernambuco de 1817.
Locus: Revista de História, v. 23, n. 1, 2017, pp. 149-165.
CONTINENTINO, Marcelo Casseb. A Revolução Republicana de 1817: em
busca de uma cultura constitucional brasileira. Revista Jurídica da UFERSA: v.
1, n. 2, ago./dez. 2017, pp. 57-67.
62 – Cf. CONTINENTINO, Marcelo Casseb. A Revolução Republicana de 1817: em
busca de uma cultura constitucional brasileira. Revista Jurídica da UFERSA: v. 1, n. 2,
ago./dez. 2017, pp. 57-67.
Fontes
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Brasil – Pernambuco, cx. 278, doc.
18736 (post. 1817, março 4) [AHU_ACL_CU_015, Cx. 278, D. 18736].
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico,
architectonico. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-
1728.
CANECA, Frei. Crítica da constituição outorgada (1824). In: Ensaios Políticos.
Rio de Janeiro: Documentário, 1976, pp. 67-75.
___. Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (Org. Evaldo Cabral de Mello). São
Paulo: Editora 34, 2001.
43
3 – POCOCK, John Greville Agard. Virtues, rights and manners: a model for historians
of political thought. In: POCOCK, John Greville Agard, Virtue, Commerce, and History,
Cambridge: CUP, 2002, p. 37ss.
9 – MELO, Evaldo Cabral de. Um imenso Portugal. História e historiografia. São Pau-
lo: Editora 34: 2002, p. 172.
10 – Manifesto do patriota vigário-geral Bernardo Luís Ferreira Portugal. In: Documen-
tos Históricos, CI, pp. 12-13.
18 – “O Código [Napoleão] fala ao coração dos proprietários, é sobretudo a lei tutela-
dora e tranquilizadora da classe dos proprietários, de um pequeno mundo dominado pelo
“ter” e que sonha em investir as próprias poupanças em aquisições fundiárias...”; Paolo
Grossi. Mitologias jurídicas da modernidade. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p.
130.
19 – Proclamação de 7 de março de 1817. In: PEREIRA DA COSTA, Francisco Augus-
to, op. cit., vol. VII, pp. 385-386.
20 – Idem, vol. VII, p. 389.
21 – WEHLING, Arno, As dificuldades de um Império luso-brasileiro. Silvestre Pinhei-
ro Ferreira. Brasília: Senado Federal, 2012, p. 15.
22 – PEREIRA DA COSTA, Francisco Augusto. Op. cit., vol. V II, p. 392.
Claro está que no século XVIII o quadro muda: muda pela ótica do
Estado, com a centralização absolutista; muda pela ótica da sociedade,
quando a concepção de um indivíduo diluído na vida comunitária – no
caso, da societas christianae – é gradualmente substituída no Iluminismo
pelo individualismo moderno, que concebe o indivíduo como detentor de
direitos subjetivos contra o Estado.
34 – Idem, p. 325.
35 – VIEIRA, Antonio. Sermoens do P. Antonio Vieira, da Companhia de Jesu, Prega-
dor de Sua Alteza, Lisboa: João da Costa, 1679 ss (respectivamente vol. VII, p. 358; vol.
I, p. 319 e vol. XIV, p. 129).
36 – PEREIRA DA COSTA, F. A. Op. cit., vol. VII, p. 385.
37 – BERLIN, Isaiah. Dois conceitos de liberdade. In: Isaiah Berlin, Quatro ensaios
sobre a liberdade. Brasília: UNB, 1981, p. 136ss.
38 – WEHLING, Arno. O conceito jurídico de povo no Antigo Regime – o caso luso-
-brasileiro. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, n. 421, out.-dez. 2003,
p. 39ss.
39 – PEREIRA DA COSTA, Francisco Augusto. Op. cit., pp. 458-459.
40 – TAVARES, Francisco Muniz. História da Revolução de Pernambuco de 1817. Re-
cife: Cepe, 2017, p. 237.
41 – WEHLING, Arno e WEHLING, Maria José, Direito e Justiça no Brasil colonial –
o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, 1751-1808. Rio de Janeiro: Renovar, 2004, p.
249ss.
42 – PEREIRA DA COSTA, F. A. Op. cit., p. 396.
43 – Documentos Históricos, vol. CI, p. 27 e 39.
44 – Idem, vol. CI, p. 27.
45 – Idem, vol. CI, p. 35.
que “cada cidadão” (sic) da Bahia seria “leal soldado de El-Rei”; em ou-
tra dava ordem para fuzilar a quem se negasse a pegar em armas contra
os rebeldes46.
49 – PEREIRA DA COSTA, Francisco Augusto. Op. cit., vol. VII, p. 386.
65
4 – Cf. LYRA, Maria de Lourdes Viana. Centralisation, sistème fiscal et autonomie pro-
vinciale dan´s l`empire brésilien: la province de Pernambuco 1808-1832. Université de
Paris X – Nanterre, 1985 (Tese doctorat – mimio); MELLO, Evaldo Cabral de. A outra
Independência: o federalismo pernambucano de 1817 a 1824. São Paulo: Ed. 34, 2004
5 – Cf. Revista do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano. 1883, p.60
Uma visão mais precisa sobre esse cenário descortinado pode ser
avaliada por meio dos dados demonstrados abaixo, no quadro 1, revelan-
do que: entre 1796 e 1816, enquanto o valor das exportações do algodão,
pelo porto do Recife, subiu de 37% para 83%, no mesmo período, o valor
das exportações do açúcar declinou vertiginosamente, de 54% para 15%7.
Isso, ao lado de um fator relevante: enquanto a produção do açúcar em
Pernambuco continuou comercialmente ligada a Portugal e atada à arcai-
ca estrutura colonial, absorvendo cerca de 35% do valor da exportação,
contra 7% com a Inglaterra, a produção do algodão se desenvolveu sob
influência direta da liberdade de comércio adotada pela Inglaterra, absor-
vendo cerca de 60% do valor das exportações, contra 1,5% com Portugal.
Quadro 1
6 – Cf. KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. 2ª ed. Recife: Sec. Educ. e
Cult. – Pe. 1978.
7 – Cf. LYRA, Maria de Lourdes Viana. Centralisation, sistème. Op. cit. p.106; MELLO,
Evaldo Cabral de. “Aproximação a alguns temas da história de Pernambuco”. R. IAHGP.
Vol. 48, 1976, pp.171-184.
8 – Cf. LYRA, Maria de Lourdes Viana. Centralisation, sistème. Op. cit. p.106.
9 – Cf. PEREIRA DA COSTA, F.A. Anais Pernambucanos. 2ª Ed. Recife: Sec. Tur.
Cult. Gov. Pe. 1983. Vol. 7, p. 374; LYRA, Mari de Lourdes Viana. Centralisation, sistè-
me. Op. cit.
10 – Idem, Ibidem.
praças por três noites, sendo o nome da Praça do Polé no Recife mudado
para Praça da União, e ali edificadas:
Duas figuras, da Lusitânia e do Brasil, dando-se as mãos, e apertando
os vínculos indissolúveis com a benéfica e alta sabedoria de Sua Ma-
jestade que uniu seus reinos do antigo e novo mundo16.
17 – Cf. FERREIRA, Silvestre Pinheiro. Proposta autografada sobre o regresso da Corte
para Portugal e providências convenientes para evitar a revolução e tomar a iniciativa na
reforma política. Documentos para a História da Independência. Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro, pp. 129-134.
18 – Idem. Ibidem, p.132
19 – Cf. COSTA, Hipólito José. Correio Brasiliense ou Armazém Literário. São Paulo,
SP: Imprensa Oficial do Estado; Brasília, DF: Correio Brasiliense, 2001 “Edição fac-
-similar”. Vol. XVI, pp. 187-190.
O que não foi feito. Talvez por faltar ao monarca a necessária força
política para executar a medida, ou mesmo em razão da prática usual de
postergar até o limite as decisões de Estado. Isso resultou na desastrosa
indefinição sobre a real condição das unidades administrativas do novo
Reino, ora referidas como capitanias ora províncias na documentação da
época, mesmo permanecendo todas sob o comando de capitães-generais,
indicando a continuidade da prática administrativa, segundo os ditames
do Ancien Régime, caracterizada pela subordinação das instâncias do po-
der local aos governos militares, nomeados pelo rei absolutista. O que,
sem dúvida, constituiu uma das razões mais forte da reação de 1817, ao
modelo de autonomia adquirido pelo Brasil em 1808 e legitimado em
1815. – quando a população das capitanias distantes da Corte do Rio de
Janeiro passaram de fato se sentir completamente alijada das perspectivas
promissoras da condição de Reino que estava sendo usufruída pela área
sede de poder – o Rio de Janeiro e capitanias circunvizinhas –, e começa-
ram a protestar contra a permanência do status quo.
O impacto da Revolução
Nesse sentido, cabe anotar que a indignação e a consequente revolta
liderada pelos pernambucanos contra as diretrizes do Reino Unido luso-
-brasileiro representava um fortíssimo abalo à orientação política refor-
mista comandada pelos ilustrados, e em prol da unidade luso-brasílica,
posta em prática desde finais do século XVIII. Política que fora traçada
justamente traçada para fortalecer a monarquia portuguesa e, sobretudo,
preservar o mundo lusitano do horror da “abominável revolução” – que
havia rebentado no mundo luso, com a Revolução eclodida em Pernam-
buco, causando também grande preocupação aos monarquistas em geral,
esperançosos de que a consolidação de um Estado monárquico no Novo
Mundo resultasse no fortalecimento dessa forma de governo na Europa,
onde se encontrava bastante enfraquecida desde a Revolução Francesa
de 178921. Esse é um aspecto ainda pouco explorado, mas necessário à
149; e da mesma autora: “O Brasil como Reino Unido a Portugal: Um modelo de eman-
cipação colonial”. R. IHGB, 2016. Op. cit., pp. 149-172.
22 – CF. MUNIZ TAVARES, Francisco. História da Revolução Pernambucana em
1817. Op. cit., pp. 333-341.
30 – CF. LUCCOCK, John. Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil
tomadas durante uma residência de dez anos nesse país, de 1808 a 1818. Belo Horizonte:
Ed. Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975.
35 – Cf. COSTA. F.A. Pereira da. Anais Pernambucanos. Op. cit., vol. VII, p. 478.
36 – Cf. MONTEIRO, Tobias. História do Império: a elaboração da Independência.
Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. USP. 1981. Tomo 1, pp. 204-209.
A memória da Revolução
Apenas em 1840, seria publicado no Recife, o primeiro relato sobre
o acontecimento revolucionário de 1817, sob o título História da Revolu-
ção de Pernambuco em 1817, escrito pelo padre Francisco Muniz Tava-
res, um dos patriotas participantes da revolução republicana que perma-
necera encarcerado por quatro anos em Salvador. Declarando no Prefácio
que escrevera com o propósito de “narrar o que vi, e o que pessoas de
suma probidade referir-me-ão”, ciente de que “A História é a experiência
das nações, é a conselheira mais sábia dos reis (e) aquele que bem a es-
creve, presta mui relevante serviço; desejava prestá-lo; eis a razão desta
obra”38. E, por ter dela participado, afirmava que, apesar da curta duração:
A Revolução de Pernambuco em 1817, se bem que muito pouco du-
rasse, fará sempre época nos anais do Brasil; tempo virá talvez, em
que o dia 6 de março será para todos os brasileiros um dia de festa
nacional.
Asseverando em seguida:
Não foi só a divergência das províncias brasileiras que malogrou os
nobres esforços dos pernambucanos; foram também vários erros da-
queles, que se puseram a sua frente. Tais erros são do domínio da
39 – Idem. Ibidem.
40 – Cf. VARNHAGEN, F. A. Op. cit. Tomo V, p.149 Cf. Op. cit., p. 149.
41 – Idem. Ibidem.
42 – Idem. Ibidem, p. 165.
43 – Cf. LYRA, Maria de Lourdes Viana. Brasília, a longa história de um projeto de
capital. Série Ciências na Missão Cruls. Vol. 1. Org. Pedro Jorge de Castro. Brasília:
Animatógrafo, 2010.
44 – Cf. LYRA, Maria de Lourdes Viana. Centralisation, sistème fiscal ... e O Império
em Construção ... Op. cit.
45 – Cf. PEREIRA DA SILVA, J. M. História da Fundação do Império brasileiro. Rio
de Janeiro: Garnier Ed. 1864-1868.
47 – Cf. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tomo 82. 1917. Ata da
Sessão. p. 617.
48 – Idem. Ibidem.
49 – Idem. Ibidem, p. 624.
Vale ainda anotar que, além da Sessão Solene promovida pelo IHGB,
aconteceram cerimônias cívicas comemorativas na cidade do Recife e o
Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano promoveu uma nova
edição do livro de Muniz Tavares. Nela incluiu outro texto introdutório e
95
10 – Cf. SOUZA, George Félix Cabral de. Apresentação. In: Francisco Muniz TAVA-
RES. História da revolução de Pernambuco em 1817 [1840]. 5ª ed. Recife: Cepe, 2017,
pp. 5-33. E também VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História geral do Brasil. Rio
de Janeiro: E. e H. Laemmert / Madrid: Imprensa de J. del Rio, 1854-7, 2 v., como SILVA,
João Manuel Pereira da. História da fundação do Império do Brasil. Rio de Janeiro: B.
L. Garnier, 1864-8, 7 v.
11 – LIMA, Manuel de Oliveira. Dom João VI no Brasil [1908]. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Topbooks, 2006.
12 – Ver, por exemplo, LEITE, Glacyra Lazzari. Pernambuco, 1817. Recife: Massan-
gana, 1988; SIQUEIRA, Antônio Jorge de. Os padres e a teologia da Ilustração: Per-
nambuco 1817 [1981]. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009; e RIBEIRO Jr., José.
Colonização e monopólio no Nordeste brasileiro. São Paulo: Hucitec, 1976.
13 – Trata-se de MOTA, Carlos Guilherme. Nordeste 1817. São Paulo: Perspectiva,
1972. Mais recentes, os trabalhos de ANDRADE, Breno Gontijo. Brevíssima biografia do
governador José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque. Temporalidades – Re-
17 – Informação de uma estudante, Carolina Lucena Rosa, à qual mais uma vez agrade-
ço, revelou-me que o ouvidor da Paraíba também enviou a Lisboa carta em que manifes-
tava sua concordância com o resultado da devassa. Veja-se LISBOA. Arquivo Histórico
Ultramarino. Carta do ouvidor-geral da Paraíba, Gregório José da Silva Coutinho de 20
jul. 1801. Caixa 37, doc. 2692, documento disponível no Projeto Resgate na página da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
18 – MARTINS, Joaquim Dias. Os mártires pernambucanos vítimas da liberdade nas
duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817. Pernambuco: Tip. de F. C. de Lemos e Silva,
24 – Comparar com a análise que MOTA, Nordeste 1817, cit., p. 132ss, faz do episódio
25 – TAVARES. História da revolução ..., cit., p. 210.
26 – Não obstante, MOTA, Nordeste 1817, cit., pp. 20 e 49, refere-se ao Seminário de
maneira perfunctória.
27 – CASTRO, Miguel Joaquim de Almeida e. Oração acadêmica que na abertura do
Seminário Episcopal de Olinda recitou o reverendo padre ..., natural da cidade do Natal do
Rio Grande do Norte, professor de retórica do mesmo Seminário, ano de 1800. Revista do
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Recife, v. 35, 1937-1938,
pp. 172-189, p. 181.
2016, p. 51ss.
32 – GAUCHET, Marcel. Un monde désenchanté? Paris: Les Éditions de l’Atelier / Édi-
tions Ouvriéres, 2004, p. 183. Ver também, do mesmo autor, La condition historique.
Paris: Gallimard, 2005.
33 – A documentação por enquanto reunida sobre o padre Portugal está indicada nos dois
artigos mencionados acima, nota 2, em parceria com David Higgs.
Por isso,
o fiel vassalo, a mil e mil léguas distante do Real Trono, conhece cheio
de amor e gratidão que a sua fortuna, o seu estado e a sua vida não são
objetos indiferentes na balança do vigilante Ministro. Levantado, ou
para melhor dizer ressucitado por V. Exª., tenho todo o direito de me
julgar criatura sua [...].46
115
redação do livro fora iniciada por Muniz Tavares em 1832, após uma
longa temporada em Roma, onde desempenhou funções na legação diplo-
mática brasileira junto à Santa Sé. O Império do Brasil enfrentava tempos
agitados. O ensaio de descentralização realizado nos primeiros anos do
período regencial abriu brechas para uma série de convulsões políticas e
sociais de norte a sul do país.
Mas não ficou nisso. Escolas foram batizadas com os nomes dos
mártires de 1817, os correios lançaram selo postal alusivo à efeméride e
uma exposição de flores e frutos foi realizada. Apesar da conhecida repul-
sa de Mario Melo ao futebol, organizou-se um campeonato com equipes
dos estados nortistas e promoveu-se a articulação com outros institutos
históricos estaduais para a realização de atos comemorativos. Por iniciati-
va do Arqueológico, a bandeira revolucionária de 1817, com uma peque-
na alteração, foi oficializada pelo governo do estado como símbolo maior
de Pernambuco, sendo hoje talvez a mais querida e cultuada bandeira
estadual no país.
131
De L’ Esprit des Lois (O Espírito das Leis), eram lidos e discutidos não
somente na França, mas, também, em outros países.
2 – “Pedreiros livres; membros de uma sociedade secreta, espalhada por todo o globo, e
que se supõe ter principiado por uma associação de arquitetos de diversas nações, na idade
média, outros pretendem que teve origem na construção do templo de Salomão”; SILVA,
Antônio de Moraes. Diccionário da Língua Portugueza. Lisboa: Typ. de Antonio José da
Rocha, 1858. 6ª ed.
nada cegamente como tal, disse que em tempo assaz remoto fora ins-
tituída com o louvável fim de confraternizar os homens, e excitá-los à
prática das virtudes morais: concedendo aos seus membros plena ga-
rantia de pensar, oferecendo mútua comunicação de ideias, e socorros,
facilitando a correspondência por todos os lugares, e exigindo invio-
lável segredo do seu procedimento, a concessão do projeto, que ali é
julgado vantajoso, prossegue com perseverança o seu curso. Nenhuma
instituição apresentando melhores vantagens ao trabalho da regene-
ração nacional, aqueles mações principalmente em 1809 a organizar
cada um na cidade de seu domicílio várias lojas, e erigiu o Grande
oriente, ou Governo Supremo da Sociedade, na Bahia, residência do
maior número dos sócios que tenham sido iniciados, e elevados aos
altos graus na Europa7.
A República de 1817
Dos quartéis às ruas, foi apenas questão de minutos...
O nativismo pernambucano
Em todos os movimentos emancipacionistas, originários de Per-
nambuco, o que se vislumbra é o orgulho nativista dos Restauradores de
1654. Uma mesma ideologia, a de que os antepassados pernambucanos
conquistaram esta terra aos holandeses e que a doaram a El-Rei de Portu-
gal debaixo de certas condições, se repete ao longo de todas as revoluções
e vem explicar o ideal republicano da gente de Pernambuco. Esse com-
portamento é uma constante em quase todos os movimentos revolucioná-
rios e é, como bem observou Evaldo Cabral de Mello, “uma espécie de
doutrina das relações entre a Capitania e a Coroa”.
10 – “No dia 8 confirmou o governo no mesmo caráter de secretário, que exercia, a José
Mairinck da Silva Ferrão, e reconhecendo que o expediente seria muito, nomeou, para
melhor ordem dos trabalhos, um outro secretário, que foi o padre Miguel Joaquim de Al-
meida e Castro; e criou um Conselho de Estado, para auxiliar o governo em suas delibera-
ções, para o qual foram nomeados os seguintes patriotas: desembargador Antônio Carlos
Ribeiro de Andrade Machado e Silva, doutor Antônio de Morais Silva, doutor José Pereira
Caldas, deão doutor Bernardo Luís Ferreira Portugal e o comerciante Gervásio Pires Fer-
reira” (Pereira da Costa ob. cit., vol. VII, p. 382) “O Conselho Consultivo organizado pela
junta governativa constituía um verdadeiro senado, um senado, bem entendido, como o
ideado por Bolívar nas suas várias constituições, congregando o escol da inteligência, da
ilustração e do prestígio”[...], Oliveira Lima notas LIV (54) e seguintes (ob. cit.).
11 – MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro Veio. Rio: Nova Fronteira, 1986. p. 124; 2. ed.
Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.
12 – MELLO, José Antônio Gonsalves de. (Org.). O Diario de Pernambuco e a História
Social do Nordeste. Recife: Diario de Pernambuco, 1975. 2 v.; MELLO, Evaldo Cabral
de. O Norte Agrário e o Império 1871-1889. Rio: Topbooks, 1999. 299 p.
Até o mandacaru
que dá a vitalícia banana
a todos que do Sul
olham-no do alto da mandância.
Aquela horizontal
é enganosa, está só nos mapas:
149
Vila do Recife de Pernambuco. Esboço de autoria de L.F. Tollenare. Manuscrito da B. S. Genevieve. Paris,
França.
Plano do Porto e Praça de Pernambuco datado de 1808. Arquivo Geral do Exército Rio de Janeiro.
Superposição em mesma escala do mapa de José Fernandes Portugal e a Unibase do Recife. JLMM.
A Vila do Recife, a voo de pássaro em reconstituição desde as imagens conhecidas dos lugares. JLMM
O palco dos acontecimentos. Cenários numerados com as edificações e lugares da Revolução. JLMM.
Gravura de Frederico Salathé sob desenho de João Steinmann. A fonte aquarelada é de autoria de R. Schmidt. A
pintura original, de R. Schmidt, encontra-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Pátio do Palácio Velho, este o antigo e extinto Colégio da Companhia de Jesus do Recife. Demolido no
século XX, quando da Revolução Republicana, o pátio era fechado diante da margem do Rio Capibaribe.
Ponte do Recife – Arco de Santo Antônio – Casa de Câmara e Cadeia e Casa da Oração dos IIIº Franciscanos.
Gravura de Salathé. Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.
Convento dos franciscanos e Campo do Erário Régio. Este estava na oportunidade alagado. O Erário Régio estava
oculto por um prédio do bairro do Recife. Não existia nenhum cais construído.
Junção das duas imagens e confronto com a do artista Frans Post. JLMM
Frans Post. Gravura Mauritiopolis. In BARLEUS, Gaspar, História dos feitos... Amsterdam 1647.
1. Pátio do Paraíso. 2. –3. Campo e lugar do Erário Régio. 4. Casa da Câmara e cadeia. 5. Palácio Velho ou Colé-
gio da Companhia de Jesus. 6. Ponte do Recife. 7. Forte das Cinco Pontas.
165
Ânimos de colonização
As semelhanças de ideias e convicções filosóficas acentuaram-se en-
tre bolivarianos e pernambucanos em virtude da proximidade geográfica
do continente sul-americano. No entanto, deve ser levada em conta tam-
bém a simultaneidade temporal de implantação dos laços coloniais segui-
dos por espanhóis e portugueses, ambos herdeiros de tradições ibéricas
com fortes lastros irmanados nas suas Histórias.
Com o passar dos séculos, esses povos terminaram por mostrar dife-
renças profundas na forma de administrar suas colônias e, sobretudo, em
relação aos foros e às concessões consolidados em seus regramentos ju-
rídicos, sempre excessivamente rígidos em relação aos colonizados, quer
nativos, quer criollos, quer africanos trazidos à América como escravos,
quer indígenas, quer mulatos ou mestiços oriundos das inevitáveis mes-
clas raciais.
la, País Basco, Catalunha, Galícia, Andaluzia, etc., são comunidades que
atualmente lutam, – algumas delas com armas nas mãos – pela indepen-
dência.
Muito cedo no Brasil essa tradição forjou uma clara resistência na-
tivista provada por ocasião das invasões de franceses e holandeses. Per-
nambuco, desde 1645, teve, sozinho, de reunir suas forças e lutar contra o
invasor, encontrando em João Fernandes Vieira, André Vidal de Negrei-
ros, Henrique Dias e Felipe Camarão as lideranças que levaram a cabo
uma insurreição de cunho nacionalista. Há documentos que provam ter
Vieira usado pela primeira vez a palavra Pátria para simbolizar aquela fir-
me posição de defesa do território brasileiro. Depois, em 1710, na Guerra
dos Mascates, Bernardo Vieira de Melo defendeu a instauração de uma
república no estilo veneziano e no decorrer do século XIX ocorreram inú-
meros acontecimentos revolucionários, inclusive, o de que hoje tratamos
aqui: a revolução republicana de 1817, em Pernambuco.
A tradição histórica da formação brasileira, portanto, confirma uma
situação diferente em relação à colonização espanhola.
A propósito adverte Bomfim:
[...] o que já era diferença essencial na Ibéria, teremos mostrado que
tais diferenças, por divergentes, se acentuaram e se acentuam de mais
em mais. No primeiro momento, elas se manifestaram bem nitida-
mente na forma de relações com os naturais, no modo de exploração
da terra, nas reações contra o estrangeiro e no tom da vida política7.
Ideias e pronunciamentos
Em 15 de dezembro de 1812, Simón Bolívar lançou o Manifesto de
Cartagena, o primeiro e mais importante pronunciamento que justificava
os pontos fundamentais de sua luta revolucionária. Entre outros argumen-
tos, dizia:
Eu sou, granadinos, um filho da infeliz Caracas, escapado prodigio-
samente do meio de suas ruínas físicas e políticas, que, sempre fiel ao
sistema liberal e justo que proclamou minha pátria, vem seguir aqui os
estandartes da independência, que tão gloriosamente tremulam nestes
Estados. Permiti-me que, animado de um zelo patriótico, me atreva a
dirigir-me a vós, para indicar-vos ligeiramente as causas que conduzi-
ram a Venezuela à destruição, esperando que as terríveis e exemplares
lições que deu aquela extinta república persuadam a América a me-
lhorar os procedimentos, de modo que corrijam os vícios de unidade,
solidez e energia que se notam em seus governos”8.
7 – Ibidem, p. 339.
8 – Cf. SILVIO JULIO, op. cit., p. 248.
Ideias iluministas
Vale acrescentar que as lições e os ensinamentos recebidos por pa-
dres e demais intelectuais formados pelo centro educacional fundado pelo
bispo Dom Azeredo Coutinho no alvorecer do século XIX – o Seminário
de Olinda – também concorreram para fomentar a propagação de ideias
libertárias e de Independência. Em Olinda, além dessas notícias das ações
revolucionárias bolivarianas, chegavam, então, novidades bibliográficas
acessíveis aos seminaristas.
18 – VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. São Paulo: Edições
Melhoramentos / MEC, Tomo V, 1975, p. 149; Cf. também AGUIAR, Cláudio. Franklin
Távora e o seu tempo. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2a. edição, 2005,
pp. 379 e s.
Essa lacuna, apontada por Nabuco, bem maior no seu tempo do que
nos dias atuais, ainda continua notada (e notável) entre a maioria dos
historiadores brasileiros. No que diz respeito ao reconhecimento do papel
vivido pelos pernambucanos na chamada Revolução de 1817 e também
na Confederação do Equador de 1824, na qual aparece com destaque a
figura do mártir e herói Frei Caneca20. Ora, se hoje nossa geração pouco
tem se interessado pelo tema, que dizer da geração de pernambucanos
que viveu no mesmo tempo em que o grande Libertador Simón Bolívar
atuava e revolucionava os povos dos Andes?
Os pernambucanos e a República
A liberdade, a igualdade e a fraternidade, sem dúvida, foram prin-
cípios que concorreram para chamar à luta figuras como Domingos José
Martins, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, Domingos Teotônio Jor-
ge, Antonio Carlos de Andrada e Silva (irmão de José Bonifácio, o Pa-
triarca da Independência), Frei Miguelinho, José Inácio Ribeiro de Abreu
e Lima, alcunhado de “Padre Roma” (pai de Abreu e Lima, conhecido
como “General de Bolívar”21), Padre João Ribeiro Pessoa de Melo Mon-
tenegro, e tantos outros. A independência que eles almejavam não era
apenas uma declaração formal lida por algum representante da Coroa bra-
sileira. Ao contrário. Desejavam suprimir radicalmente a Monarquia e,
em seu lugar, implantar a República, como, efetivamente, conseguiram,
porém, somente durante 74 dias. O preâmbulo da chamada Lei Orgânica
da Revolução de 1817 proclamava a condição republicana: “O Gover-
19 – NABUCO, Joaquim. Balmaceda. São Paulo: Companhia Editora Nacional. Rio de
Janeiro : Civilização Brasileira. 1940, p. VII, Prefácio.
20 – CANECA, Frei Joaquim do Amor Divino. Obras Políticas e Literárias. Recife:
Edição fac-símile da Assembleia Legislativa de Pernambuco, 1972.
21 – CHACON, Vamireh. Abreu e Lima – General de Bolívar. Recife: Companhia Edi-
tora de Pernambuco / CEPE, 2007.) Cf. também AGUIAR, 2005, op. cit., p. 205.
tantos impostos. Entre os vários fatos geradores havia um até para ma-
nutenção de iluminação pública do Rio de Janeiro, enquanto o Recife
praticamente permanecia no escuro.
Conclusão
Em conclusão, podemos afirmar que a Revolução de 1817, em Per-
nambuco, proclamou a independência e instituiu a República, desenca-
deando, portanto, um processo semelhante ao defendido pelos revolu-
cionários bolivarianos contra a monarquia espanhola. Ainda que existam
profundas diferenças entre a formação social e política dos portugueses
e dos espanhóis, os princípios e os métodos empregados na luta naquela
quadra do século XIX terminaram parecidos.
Referências bibliográficas
AGUIAR, Cláudio. Franklin Távora e o seu tempo. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Letras, 2a. edição, 2005.
ANDRADE, Manuel Correia de. A Revolução Pernambucana de 1817. São
Paulo: Editora Ática, 1995.
185
Mais adiante não pôde ir Cruz Cabugá porque, depois de seu encon-
tro com o secretário Richard Rush, em 16 de junho, qualquer próximo
passo “diplomático” teria de aguardar o retorno do presidente Monroe a
Washington. Monroe só retornaria muito depois do dia 14 de julho, dia
em que chegou aos Estados Unidos a notícia do fim da Revolução.
Também para nossa derrisão, tudo aquilo que aqueles homens signi-
ficaram e criaram para a História do Brasil tem sido esquartejado e pendu-
rado nos postes dos desvios das histórias regionais nestes duzentos anos.
Espero que esta modesta celebração que esbocei aqui, dos duzentos anos
da diplomacia brasileira, fundada pelo Governo Provisório do Brasil de
1817 e muito bem conduzida por nosso primeiro embaixador, o mulato
pernambucano Antônio Gonçalves da Cruz Cabugá, possa contribuir para
que este Seminário inicie a reposição dos acontecimentos de 1817 na li-
nha mestra da condução de nossa história nacional, onde é o seu lugar.
197
Não poderia discorrer aqui sobre a República de 1817 sem antes falar
sobre as origens remotas desse movimento. Pernambuco no século XVIII
passou por uma grave recessão econômica que alguns autores chegaram a
chamar de nossa Idade Média. Isto em grande parte devido às guerras da
Restauração e dos Mascates. Sabemos que, quando da invasão das tropas
da Companhia das Índias Ocidentais, hoje conhecida por Guerra Holan-
desa, os grandes proprietários de engenhos de açúcar emigraram para a
Bahia, ficando suas plantações improdutivas, embora muitas tenham sido
confiscadas e vendidas a flamengos. No início do século XVIII, por con-
ta da elevação do povoado do Recife a vila, rebentou em 1710 a guerra
dos Mascates. Esta era a denominação dos comerciantes do Recife, em
sua maioria portugueses. Já os membros da aristocracia da terra ou como
diria o historiador Evaldo Cabral de Mello açucarocracia, eram conheci-
1 – Sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
dos por Mazombos e residiam em Olinda, capital. Esta guerra foi a base
de toda a dicotomia entre comerciantes, donos do dinheiro e uma elite,
dona dos cargos do governo. No século XVIII, ao verificarmos os grandes
proprietários de terra, com engenhos produtores de açúcar (este que era a
base da nossa economia), a maioria era arrivista. Poucos originários dos
pioneiros do século das capitanias hereditárias. Começando por Pernam-
buco, cuja posse e domínio foi confiscada pelo Governo português aos
legítimos donatários, seus engenhos, ou seja, suas fábricas de açúcar, que
não ficaram de fogo morto e a monte, após a Restauração e a guerra dos
Mascates, mudaram, simplesmente, de mãos. Adquiridos pelos grandes
comerciantes denominados grosso trato, tornaram eles proprietários de
glebas produtoras de açúcar.
Quero aqui deixar bem claro que a Revolução de 1817 foi proclama-
da para que houvesse um rompimento com o sistema de governo e não
pura e simplesmente uma separação entre o norte e o sul do país. Haja
vista que aderiram ao movimento revolucionário, além de Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, neste infelizmente só durou
dois dias. Lembro ainda que se não fossem as arbitrariedades do Conde
dos Arcos, a Bahia teria aderido, pois lá, a maçonaria era muito forte e a
classe comercial também. Aliás, insinuaram Pereira da Silva e sobretudo
Varnhagen que era um movimento separatista. Não o foi. Era sim contra
o sistema de governo e a tirania real. Os religiosos nos conventos e no Se-
minário detinham o conhecimento humanista, pois a imprensa era proibi-
da e a importação de livros também. Excetuavam-se aqueles com biogra-
fias de santos e a coleção de Ordens Reais. Quem fosse encontrado com
livros proibidos, particularmente contendo escritos políticos, resumindo,
com as “nefastas ideias francesas”, era processado. Já os comerciantes de
grosso trato que formavam a burguesia, embora sem o conhecimento e a
cultura do clero, a convivência com eles e a maçonaria facilitavam entro-
samento político, pois quase todos eles eram maçons.
Creio que tão pouca adesão não aconteceu no Rio Grande do Norte
e na Paraíba. No primeiro, o senhor do engenho Cunhaú e proprietário
de grandes glebas de terra, André de Albuquerque Maranhão, aderiu e
infelizmente preso e ferido, morreu à míngua sem nenhuma assistência.
Na Paraíba duas figuras se sobressaíram: Manuel Florentino Carneiro da
Cunha e o padre Felipe Rodrigues Campello. O primeiro, proprietário do
engenho Abreus, imenso latifúndio, e o segundo, pernambucano, vigário
da Vila Nova da Rainha, hoje Campina Grande. Este cumpriu pena na
Bahia e ao ser solto foi eleito deputado às Cortes de Lisboa.
gamos à conclusão que ela foi eclodida pela então burguesia comercial, a
qual, quase em sua totalidade, era constituída por franco-maçons, com a
imensa colaboração dos religiosos, donos do conhecimento mais avança-
do e moderno para a época.
Esse arraigado estamento de que “ser senhor de engenho era ser ser-
vido” provocou nova aquisição de terras pelos comerciantes. No final de
sua vida, Gervásio Pires Ferreira, em 1826, adquiriu dois engenhos em
Jaboatão: Caxito e Bulhões, como uma maneira de nobilitar-se.
207
Foi esta riqueza que permitiu a expulsão dos franceses de São Luís
em 1615 pelas tropas terrestres, vindas de Pernambuco, comandadas pelo
Albuquerque daí em diante legando aos seus descendentes o nome Albu-
querque Maranhão. Muito significativa é a senha “Açúcar” das rebeliões
levando às finais vitórias das batalhas dos Guararapes contra a ocupação
holandesa em 1646 e 1648.
O Conde dos Arcos acreditava neste projeto, por isso era contra a
independência com república no Brasil em 1817.
217
II – ARTIGOS E ENSAIOS
ARTICLES AND ESSAYS
Notas introdutórias
Os reflexos das tendências artísticas do Barroco e do Rococó, inci-
dentes na então Capitania de Minas Gerais, durante o século XVIII, foram
frutos de processos econômicos que promoveram profundas modifica-
ções urbanas e sociais, ocasionadas pela expansão da atividade minerado-
ra que fomentou a circulação de renda e de pessoas na região, substratos
1 – Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Estado de Minas Gerais.
Professor de História Crítica da Arte e do Design.
13 – Ibid., p. 61.
14 – Ibid., loc. cit.
15 – COSTA, Lucio. Antônio Francisco Lisboa: o Aleijadinho. In.: Museu de Arte Mo-
derna do Rio de Janeiro. Aleijadinho. Rio de Janeiro,1978, pp. 5-9.
16 – Obra traduzida para a língua portuguesa em 1983 (Cf. BAZIN, 1983).
17 – BAZIN, Germain. Op. cit, p. 350.
18 – Id., 1971, p. 299.
19 – Id., 1983, v. 1, p. 350.
20 – BAZIN, Germain. 1963.
21 – Livro esse que, por sua vez, foi publicado em língua portuguesa no ano de 1971. Cf:
BAZIN, Germain. O Aleijadinho e a escultura barroca no Brasil. Rio de Janeiro: 1971.
22 – BAZIN, Germain. 1971, p. 115.
38 – Arquivo Público Mineiro. Seção Colonial. Delegacia Fiscal. Códice1075, fls. 104,
104v e 105.
39 – PEDROSA, Aziz José de Oliveira. José Coelho de Noronha: artes e ofício nas Mi-
nas Gerais do século XVIII. 2012. 303 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Arquitetura
e Urbanismo. Belo Horizonte: UFMG, 2012.
40 – COSTA, 1978a, p. 7.
41 – PEDROSA, Aziz José de Oliveira. A produção da talha joanina na capitania de
Minas Gerais: retábulos, entalhadores e oficinas. 2016. 591f. Tese (Doutorado) – Escola
de Arquitetura. Belo Horizonte: UFMG, 2016.
42 – PEDROSA, Aziz José de Oliveira. 2012, p. 77.
43 – Ibid., p. 123.
44 – Ibid., p. 163.
45 – PEDROSA, Aziz José de Oliveira. 2016, p. 370.
46 – Cf. PEDROSA, 2016.
47 – MATEUS, Adalberto Andrade. Santa Luzia: atos de proteção – bens culturais tom-
bados. Santa Luzia: Edição do Autor, 2016. p. 29.
52 – MARTINS, Judith. Dicionário de artistas e artífices dos séculos XVIII e XIX em
Minas Gerais. Rio de Janeiro: Publicações da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artísti-
co Nacional, 1974. n. 27, 2 v., p. 369.
53 – Pagamentos referentes à conclusão do serviço foram quitados entre 1807 e 1808
(MARTINS, Judith. 1974, p. 368).
54 – MARTINS, Judith. op. cit., p. 370.
55 – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE, 1951, p. 64.
56 – COSTA, Lygia Martins Costa. Inovação de Antônio Francisco Lisboa na estrutura-
ção arquitetônica dos retábulos. In: Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, Rio de Janeiro, n.18, pp. 223-236, 1978b, p. 224.
57 – Ibid., p. 225.
58 – Ibid., loc. cit.
59 – Ibid., loc. cit.
60 – OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. O Rococó religioso no Brasil e seus an-
tecedentes europeus. São Paulo: Cosac e Naify, 2003, p. 259.
—
Identificadas essas questões iniciais, é propício debater a atribuição
emendada por Lucio Costa68 de que o retábulo de Nossa Senhora da Con-
ceição foi confeccionado a partir de traça concebida pelo Aleijadinho,
desenho esse que, certamente, subsidiou o de São Francisco de Paula.
Pontua-se que a análise formal dessas duas peças segue próxima, sendo
incontestável que foram orientadas por um projeto base, visto que de-
68 – COSTA, Lucio, op. cit., p. 7.
69 – MENEZES, Ivo Porto de. José Coelho de Noronha e Francisco Vieira Servas. In:
CONGRESSO DO BARROCO NO BRASIL, II. Ouro Preto: 1989.
70 – GUTIERREZ, Angela; RAMOS, Adriano. Francisco Vieira Servas e o ofício da
escultura na capitania das minas do ouro. Belo Horizonte: Instituto Cultural Flávio Gu-
tierrez, 2002. p. 96.
Considerações finais
A historiografia da arte luso-brasileira considerou a participação do
Aleijadinho na produção de alguns retábulos da Matriz de Nossa Senho-
ra do Bom Sucesso, sem, no entanto, interpor análises que permitissem
compreender qual pode ter sido a real contribuição do artista para a efeti-
vação desses serviços. Tais reflexões sugeriram, também, que sua ativida-
de desabrochou em oficina instalada no interior da igreja, que Lucio Cos-
ta85 sinalizou se tratar de uma empreitada arrematada por José Coelho de
Noronha, no momento em que ele se dedicava à fatura do retábulo-mor.
da estética dessas peças não ilustram relações com outros modelos que
contaram com a intervenção do Noronha86, suscetíveis de reiterar que ele
possa ter se envolvido na materialização dessas obras, quer na execução,
quer na coordenação dos trabalhos que, de um modo ou outro, absorve-
riam suas preferências artísticas. Considere-se, ainda, que esses exem-
plares apresentam plástica que acusa a assimilação de feições estéticas
vigentes no Rococó, que na talha mineira despontou na década de 1760.
Assim, essas e outras indicações inviabilizam pensar que o entalhador
poderia ter se envolvido na oficina que arrematou a fatura de todos os
retábulos da Matriz de Caeté.
De todo modo, é lícito afirmar que uma traça inicial permitiu a edi-
ficação de três peças retabulares na Matriz de Caeté: o retábulo de São
Francisco de Paula, de Nossa Senhora da Conceição e de São Miguel que,
apesar de relacionados uns aos outros, são assinalados pela permanência
de distinções, principalmente escultóricas, que esclarecem a existência de
entalhadores diferentes, colaborando na fatura desses objetos.
Por fim, assinala-se que a contribuição expedida neste texto foi fun-
damentada na necessidade de se debater a colaboração do Aleijadinho
na confecção de retábulos na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom
Sucesso, que sempre figurou nas publicações que privilegiaram a prodi-
giosa carreira artística do artista, mas que não se dedicaram a examinar
as atribuições deferidas em prol de se localizar respostas concisas sobre
o tema. Assim, instituem-se elementos que podem aguçar o pensamento
de outros pesquisadores que tenham como interesse o estudo da talha se-
tecentista em Minas Gerais, principalmente a partir das exímias obras de
Antônio Francisco Lisboa.
Referências bibliográficas
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO – APM. Seção Colonial. Delegacia Fiscal.
Códice1075.
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os dias 26 de abril e 26 maio de 1978).
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estruturação arquitetônica dos retábulos. Revista do Serviço do Patrimônio
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VASCONCELLOS, Sylvio de; LEMOS, Celina Borges. Sylvio de Vasconcellos:
arquitetura, arte e cidade: textos reunidos. Belo Horizonte: BDMG Cultural,
2004.
253
4 – Essa linha de pesquisa produz o site “A Casa Senhorial: Anatomia dos Interiores”
que, desde 2012, reúne pesquisadores portugueses e brasileiros, desenvolvendo estudos
inéditos sobre os interiores das casas nobres nas duas capitais do império português, Lis-
boa e Rio de Janeiro, com destaque para seus aspectos decorativos, como estuques, pin-
turas murais, azulejaria, etc. Segundo metodologia própria, o projeto apresenta hoje 25
residências portuguesas e 18 brasileiras, com informações sobre seus exteriores e interio-
res, com divisão por categorias (azulejaria, estuques, pintura decorativa etc.), e introduz a
região de Goa, Índia, como nova área de abrangência.
5 – CARITA, Hélder. A casa senhorial em Portugal – Modelos, Tipologias, Programas
Interiores e Equipamento. Alfragide: Leya, 2015, p.16.
6 – Para a realização desse artigo, as autoras agradecem a colaboração, em Portugal, dos
pesquisadores Eduarda Moreira Silva, Eduardo Oliveira e Hélder Carita, do Arquivo Dis-
trital de Braga/Universidade do Minho, e, em especial, ao pesquisador Abel Rodrigues,
por seu generoso compartilhamento de ideias e informações.
7 – A comitiva era formada pela família real, membros da nobreza, ocupantes dos altos
Fig.1 – Vista do Passeio Público. “Panorama da cidade feito de Santa Teresa”, 1834, H. Schmidt.
Coleção Maria Cecília e Paulo Fontainha Geyer/Museu Imperial/Ibram.
Fig. 2 – “Plan of the city of Rio de Janeiro, Brazil”, 1866, Edward Gotto, Biblioteca Nacional,
com o terreno ocupado pela casa do Conde da Barca assinalado em amarelo.
Fig. 3 – Antônio de Araújo Azevedo por Giuseppe Troni, Museu Nacional de Arte Antiga.
Apud BANDEIRA, Júlio e LAGO, Pedro Corrêa do, p. 38.
19 – Sobre a biblioteca do conde, ver SILVA, Maria Beatriz Nizza da. 1977 e PINHEI-
RO, Andréa de Souza e MUNIZ, Luciana. 2012.
20 – Sobre sua estada na Alemanha, ver Memórias da Real Academia de Ciências de
Lisboa. pp. XXVIII-XXX.
21 – Laura Junot, esposa do General, depois Duquesa de Abrantes, foi embaixatriz da
França em Lisboa de 1805 a 1806, escreveu copiosas memórias sobre o período napoleô-
nico. Cf. ABRANTES, Duquesa. p. 68.
22 – D. João VI formou gabinetes reduzidos com três ministros para seis pastas, sob a li-
derança de um deles. Os quatro primeiros anos pertencem ao Conde de Linhares (Rodrigo
de Souza Coutinho, 1755-1812); os dois anos seguintes são do Conde das Galvêas (João
de Almeida de Melo e Castro, 1756-1814) que acumulou três ministérios, entre eles o de
Estado e Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, até sua morte em 1814, quando
foi substituído por Antônio de Araújo de Azevedo.
Fig. 5 – Detalhe do “Panorama da cidade de Rio de Janeiro”, 1854, Philippe Benoist: Biblioteca Nacional.
34 – Araújo ocupara-se com a tradução das Odes, de Horácio, ainda que nunca as tenha
publicado, em função das críticas que o trabalho merecera de seu amigo, o poeta Felinto
Elísio (Francisco Manoel do Nascimento). Também traduziu algumas poesias de Thomas
Gray, como a The Progress of Poesy: A Pindaric Ode e a Ode de Dryden para o Dia de
Santa Cecília, in Memórias da Real Academia de Ciências de Lisboa, pp. XXXIV-XXXV.
35 – RODRIGUES, Abel Leandro de Freitas. 2007, p. 167.
36 – A entidade foi depois convertida na Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
Cf. BRUM, José Zeferino de Menezes. 1877, p. 16.
50 – Luís Joaquim dos Santos Marrocos foi bibliotecário da Real Biblioteca e oficial
maior da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino. Em copiosa correspondência en-
viada a sua família em Lisboa, dava notícias da Corte no Rio de Janeiro, fornecendo im-
portante testemunho sobre a vida social, econômica e política na então capital do império
português. Carta de 23 de maio de 1815. CARTAS de Luís Joaquim dos Santos Marrocos,
1939.
51 – Gazeta do Rio de Janeiro, nº 38, 13 de maio de 1815.
52 – O recibo discrimina 4 mesas toscas, um espelho, um armário, mesa de jantar, 2
camas e uma mesa de jantar.
53 – Relação dos escravos, trastes e importe das benfeitorias da chácara que tinha arren-
dado senhor Gustavo Kieckhoefer e hoje pertencente ao Exmo. Senhor António de Araújo
de Azevedo. [1 pp.] Nova Cota: B-47 (83).
54 – Requerimento do Conselheiro João Antônio de Araújo Azevedo dirigido a S.M.,
solicitando remuneração pelos serviços prestados pelo seu irmão, Conde da Barca. Apud
RODRIGUES, Abel Leandro de Freitas. 2007, pp. 295-299.
55 – Testamento de Antônio de Araújo de Azevedo, Conde da Barca, apud RODRI-
GUES, Abel Leandro de Freitas. 2007, pp.292-294.
56 – A propriedade rural do Conde da Barca aparece nas referências como situada na rua
Catumbi, ou em Mataporcos, ou no Engenho Velho. O certo é que o caminho de Matapor-
cos corresponde à atual Rua Frei Caneca, e o arraial de Mataporcos ao bairro do Estácio;
daí se tomava o caminho do Engenho Velho, pelo qual se chegava efetivamente à chácara
do Bom Retiro. A propriedade ficava na freguesia de São Francisco Xavier do Engenho
Velho, onde foram registrados os batismos realizados no oratório da chácara.
57 – Poeta, crítico e tradutor, Darci Damasceno foi por mais de 30 anos funcionário da
Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
58 – Isabel Leonor da Mota Leite e Araújo (1812-1859) era filha de sargento-mor José
Caetano de Araújo Vieira e dona Micaela Josefina de Araújo Vieira, tradicional família do
Engenho Velho. Foi a segunda esposa de João Vieira de Carvalho (1781-1847), o Marquês
de Lajes, militar e político, com quem teria um único filho, José Vieira de Carvalho. Ela
havia nascido na chácara do Engenho Velho, onde se casou e batizou seu filho no antigo
oratório da família. Sua propriedade tinha como vizinho seu irmão, Luiz da Motta Leite
(1817-1861).
59 – Diário do Rio de Janeiro n.º 204, 22 de julho 1824, p.3.
Fig. 9 – Recomposição das vistas de Ender a partir de mapa do morro da condessa de Lajes,
apud WAGNER, Robert; BANDEIRA, Júlio.
A casa principal tinha 109 palmos de frente por 130 palmos de fun-
do71, com colunas, pilares e frontais de tijolo. Esta técnica era comum
na cidade durante o século XVIII, sendo substituída pela pedra e cal nas
obras urbanas já no início do século XIX, e persistindo por mais tempo
nas construções suburbanas e rurais. A fachada tinha sete portas e duas
janelas de peitoril, “com uma varanda reentrante revestida de tijolo de
Hamburgo; tendo cinco colunas com três escadas de cantaria que dão
entrada para a mesma”72.
72 – Inventário da Marquesa de Lajes, ANRJ, 3ª vara do Juízo Municipal, ZW, Nº 773,
Caixa 2762, 1861.
73 – Idem.
A casa do Passeio, a sua “casa nobre”, seria o local das atividades so-
ciais e políticas, de expressão da dimensão pública de Araújo de Azevedo.
Cosmopolita que frequentara a elite política, científica e literária de várias
cidades europeias, de espírito curioso e sensível, ainda que sem grandes
fortunas, Antônio vai personalizar seus espaços de moradia, investindo
para qualificá-los e adaptá-los aos seus diversos propósitos de homem de
engenho e arte. Ocupou e adquiriu uma ampla propriedade urbana, em
frente ao maior jardim da cidade, promoveu obras, importou e instalou
equipamentos, organizou e decorou os principais cômodos com estuques
Referências bibliográficas
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Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2008.
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BRUM, José Zeferino de Menezes. “Do Conde da Barca, de seus escritos e
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Inventário post mortem da Marquesa de Lajes. Fundo CODES - 3ª vara do Juízo
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Gazeta do Rio de Janeiro – Disponível em <http://objdigital.bn.br/acervo_
digital/div_periodicos/gazeta_rj/gazeta.htm> Apurado em 01.01.2015.
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Diário do Rio de Janeiro. Disponível em <http://memoria.bn.br/DocReader/
DocReader.aspx?bib=094170_01> Apurado em 01.0.2015.
281
III – COMUNICAÇÕES
NOTIFICATIONS
segurança em um contexto periférico onde os universal right values are subject to the constant
valores universais do direito estão submetidos risk of chaos and factionalism that foster
às circunstancias de constante risco de desor- political disputes on the continent
dem e facciosismo que animam as disputas polí-
ticas do continente.
Palavras-chave: Realismo; Idealismo; Rela- Keywords: Realism; Idealism; Foreign affairs;
ções Internacionais; Estado Nacional. National State.
5 – CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial; Te-
atro de Sombras: a política imperial. 2ª edição revista. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
Relume-Dumará, 1996.
Isso não significa que seu pensamento a respeito não possa ser re-
constituído por outros documentos. É o que aqui se fará.
por todos os vizinhos. Para piorar, Rosas tinha uma política expansionista
que, caso bem-sucedida, anexaria estes dois últimos países e poria fim ao
frágil equilíbrio da região. Em todos esses países, predominaria um tipo
de política personalista e desinstitucionalizada que oscilava entre a tira-
nia, quando ela estava em repouso, e a anarquia, quando em movimento.
Era com essa cultura política definida como anárquica que os estadis-
tas saquaremas se viam às voltas para produzir uma política externa ade-
quada aos interesses brasileiros no âmbito sul-americano. Uruguai acre-
ditava que o problema da monopolização da coerção pelo Estado só podia
ser resolvido em cada país se seus estadistas levassem em conta a cultura
política neles predominante. E, aqui, havia uma distinção clara entre os
países de matriz latina e aqueles de matriz anglo-saxã. Se uma monarquia
democratizada ou a própria república, aliadas à descentralização política,
podiam funcionar nestes últimos, elas eram desaconselháveis nos primei-
ros, cujas sociedades se caracterizavam pelo precário grau de consenso
social e o elevado potencial desagregador da sua cultura política. Nelas,
a falta de vertebração da sociedade política convertia todos os ensaios de
autogoverno e liberalismo franco em anarquia, caudilhagem e opressão
oligárquica. Somente um governo centralizado, descomprometido com
as facções e com o localismo, de que a França apresentava o modelo,
poderia garantir a ordem pública e a efetividade da Constituição33. No
âmbito da política interna, pleiteando o parlamentarismo puro e a descen-
tralização política, os luzias exprimiam, para Uruguai, as virtualidades
anárquicas da cultura latina: quando estavam na oposição, recorriam ao
golpe de Estado, à rebelião e ao separatismo; quando estavam no poder,
tentavam se
consolidar e perpetuar, acastelando-se nas assembleias provinciais,
nas capitais das províncias, reunindo em suas mãos o feixe das rédeas
que haviam de conservar na dependência e dirigir os mais pequenos
negócios dos municípios34.
33 – URUGUAI, Paulino José Soares de Sousa, Visconde de. Ensaio sobre o Direito
Administrativo. Rio de Janeiro: Ministério da Justiça, 1960, pp. 12 e 385.
34 – URUGUAI, Visconde do. Estudos práticos sobre a administração das províncias
do Brasil. Primeira parte: Ato Adicional. Tomo I. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional,
1865, p. 208.
35 – Apud SOUSA, José Antônio Soares de. A vida do Visconde do Uruguai. Rio de
Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1944, p. 318.
36 – ANAIS do Senado Imperial. Sessão de 27 de julho de 1850.
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São Paulo: Duas Cidades, 1978.
Arquivos:
AACB – Anais da Assembleia Constituinte Brasileira.
ASI – Anais do Senado Imperial.
ACD – Anais da Câmara dos Deputados.
297
Introdução
Ao realizar pesquisa no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro –
IHGB, sobre a evolução industrial no Sul de Minas Gerais nos anos finais
do Império e nas décadas iniciais da República, especialmente nos muni-
cípios de Itajubá e Santa Rita do Sapucaí, tive acesso a originais de pro-
jetos privados enviados ao governo imperial, que tinham como objetivo
obter concessões de ferrovias, navegação fluvial e colonização/imigração
no Sudeste brasileiro.
2 – GODOY, Joaquim Floriano de. Projecto de Lei para Creação da Província do Rio
Sapucahy. Rio de Janeiro: Typ. Universal de Laemmert & C., 1888, 261p.
3 – Informações adicionais sobre a biografia do senador Joaquim Floriano de Go-
doy podem ser obtidas no site: https://www.geni.com/people/Joaquim-Floriano-de
God%C3%B3i/6000000028263551598
5 – GODOY, Joaquim Floriano de. Projecto de Lei para Creação da Província do Rio
Sapucahy. Rio de Janeiro: Typ. Universal de Laemmert & C., 1888, p.14.
6 – GODOY, Joaquim Floriano de. Op. cit., pp. 33-36.
que ficava cada vez mais incapaz de concorrer com as regiões cafeiculto-
ras novas de Ribeirão Preto e Campinas.
[...] A (região) do Norte tem sua saída para Ubatuba, e ao Centro para
Santos e a do Sul para Iguape. A política centralizadora da Capital
da Província tem, porém, esquecido a formação natural das coisas e
adotado medidas artificiais que forçam violentamente as duas regiões
do Sul e do Norte (de São Paulo) a serem tributárias a Santos, isto com
enorme gravame do seu desenvolvimento agrícola e comercial7.
7 – Ibidem, p. 215.
8 – Ibidem, p. 105.
9 – GODOY, Joaquim Floriano de. Op. cit., p. 214.
ra, não é perder tempo; é urgente, mesmo aos trambolhões fazer aqui-
lo que já devia estar feito com longa antecedência. O grande e verda-
deiro mal de nosso país está no governo dos legistas, no reinado dos
legistas, no reinado exclusivo das letras; e, para cúmulo de desgraças,
o povo ignorante não percebe a diferença entre as letras e as ciências.
Diz-se que o nosso país é essencialmente agrícola, e não temos esco-
las de agricultura! Só tínhamos a cultura do café [...]. Abalado o Rei
Café, a mais medonha perspectiva de um inevitável naufrágio finan-
ceiro se nos antolha. Só agora, se começa a perceber que uma cultura
exclusiva é um imenso perigo social [...]. É minha convicção que só
e só a diversidade culturas e principalmente da vinha pode-nos dar a
imigração em massa com capitais, fazendo cessar o expediente atual10.
12 – Ibidem, p. 193.
Conclusão
A análise do projeto de criação da Província do Rio Sapucaí, de au-
toria do Senador do Império, Joaquim Floriano de Godoy, nos permite
compreender aspectos do ambiente institucional e econômico da década
de 1880. De sua leitura, podemos ainda inferir que alguns dos problemas
nele assinalados, de algum modo, estão ainda presentes na vida socioeco-
nômica brasileira, principalmente em relação ao pacto federativo.
Referências bibliográficas
GODOY, Joaquim Floriano de. Projecto de Lei para Creação da Província do Rio
Sapucahy. Rio de Janeiro: Typ. Universal de Laemmert & C., 1888, 261p.
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GODOY, Joaquim Floriano de. Biografia. https://www.geni.com/people/Joa-
quim-Floriano-de God%C3%B3i/6000000028263551598. Acesso em 03 mai.
2017.
311
IV – DOCUMENTOS
DOCUMENTS
1 – Doutora, com estágio na Scuola Normale Superiore di Pisa (SNS), e mestre em His-
tória do Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Possui pós-graduação em
Direitos Fundamentais pela Universidade de Burgos da Espanha e em Teoria do Direito e
Direito Constitucional pela Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst).
Professora universitária da Faculdade Dom Bosco e atualmente licenciada para estágio
pós-doutoral com bolsa da Capes.
2 – Doutoranda em Direito na Universidade Federal do Paraná. Mestre em Direito pela
mesma Universidade. Possui graduação em Direito pelo Centro Universitário Curitiba
(2005) e em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (2011). Bolsista Capes.
3 – Possui Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e é pro-
fessor do curso de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
Federal do Paraná. É membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e do Instituto
Brasileiro de História do Direito.
1. Apresentação
A transcrição desse documento foi elaborada a partir de um trabalho
desenvolvido no Fundo denominado Poder Judiciário Estadual deposita-
do no Departamento Estadual de Arquivo do Público do Estado do Para-
ná, que abarca o período de 1697 a 1980, com 111,72 metros lineares de
documentos textuais acondicionados em 798 caixas-arquivo, totalizando
aproximadamente 13 mil processos4.
para haver chuva; outros lançam joeira, outros dão a comer bolo para saberem parte de
algum furto, outros tem mandrágoras em suas casas, com intenção que por elas haverão
graça com senhores ou ganho em coisas que tratarem; outros passam água por cabeça
de cão, para conseguir algum proveito. E porque tais abusões não devemos consentir,
defendemos que pessoa alguma não faça as ditas coisas, nem cada uma delas; e qualquer
que a fizer, se for peão, seja publicamente açoitado com baraço e pregão pela vila, e mais
pague dois mil-réis para quem o acusar. E se for escudeiro e daí para cima, seja degredado
para África por dois anos; e sendo mulher da mesma qualidade, seja degredada três anos
para Castro-Marim, e mais paguem quatro mil reis para quem os acusar.”. E estas mesmas
penas haverá qualquer pessoa que disser alguma coisa do que está por vir, dando a enten-
der que lhe foi revelado por Deus ou por algum santo, ou em visão ou em sonho, ou por
qualquer outra maneira. Porém, isto não haverá lugar nas pessoas que, por astronomia,
disserem alguma coisa segundo seu juízo e regra da dita ciência.
Juiz, que declara o Réu suspeito do delito, que faz o objeto da Devassa, ou
da Querela contra ele dada, e o põe no número dos culpados14.”
testemunha foi nominado como “índio que veio do Rio São Francisco por
nome Alexandre Pereira”. Nos demais autos judiciais existentes até 1750,
os indígenas figuram como administrados, sendo as expressões gentio da
terra, gentio do cabelo corredio ou ainda carijó utilizadas como sinôni-
mos desta condição jurídica. Neste processo, o escrivão fez questão de
enfatizar a expressão “índio” e “índia”, distinguindo-os cuidadosamente,
por exemplo, da “parda por nome Florência escrava de Sebastião Luiz de
Andrade”, que depois especificou melhor como a “administrada Florên-
cia”, bem como novamente distinguiu a condição de “Bernardo escravo
do denunciante”. É muito provável que o termo índio/índia estivesse sen-
do empregado para indicar a condição jurídica de liberdade, concorrendo
ainda para esta interpretação o fato de se tratar de uma índia casada com
outro índio, estado civil muito raro entre os administrados.15
2. Documento
Autos da Ouvidoria Geral da Comarca de Paranaguá.
1735. BR PRAPPR PB 045 Pc 163.5, Cx.5. Departamento
de Arquivo Público do Paraná (DEAP).17
16 – ARAUJO, Danielle Regina Wobeto de. Um “Cartório de feiticeiras”: direito e fei-
tiçaria na Vila de Curitiba (1750-1777). 2016. 297 f. Tese (Doutorado) - Universidade
Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito.
Defesa: Curitiba, 05/09/2016, p. 183.
17 – A transcrição do documento foi elaborada adotando os seguintes critérios: a or-
tografia foi atualizada, mantendo-se a gramática e pontuação originais; o símbolo “[?]”
indica a presença no texto de uma palavra ininteligível; uma palavra entre colchetes acom-
Ano de 1735
Paranaguá
[f.1].
V.
Ouvidoria Geral
O Escrivão: Junqueiro
Feitiçaria
N. 14
Com dois apensos e uma petição dos Réus apensa [?] por despacho
certificado ser a mesma que havia feito os ditos feitiços e ter tirado parte deles
para que provando-se o dito fato ser castigada rigorosamente para exemplo dos
mais feiticeiros termos em que [f.2]
Pede a Vosmecê lhe faça mercê mandar tomar sua denúncia e se lhe inquira suas
testemunhas para que depondo ser assim como se espera ser a dita suplicada con-
denada nas penas que [por este?] caso merecer para exemplo dos mais feiticeiros.
E. R. M.18
Jurando se lhe tome sua denunciação. Paranaguá de agosto 15 de 1735. Paranaguá
de Agosto, 15 de 1735. Lobato
Assentada
Aos dezesseis dias do mês de agosto de mil setecentos e trinta e cinco anos nes-
ta vila de Paranaguá [f.3v] em pousada do Doutor Ouvidor Geral Manoel dos
Santos Lobato onde eu escrivão ao diante nomeado fui vindo para o efeito de se
tado ele testemunha pelo referimento que nele fez a testemunha antecedente;
disse que passa na verdade o referido, tanto assim que ele testemunha deitou as
ditas coisas que se acharão na cova que eram umas penas de passarinho, e uns
bichos e formigas, e uma coisa de cumprimento de um dedo que parecia a cor
da dita coisa, verde, e amarelo que ele testemunha não conheceu o que era, e a
deitou em uma fogueira e as queimou e mais não disse. [f.5] Disse nada do cos-
tume e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro
escrivão que o escrevi.
Lobato. Sebastião Luiz de Andrade.
3. ª Testemunha
Valentim Cordeiro Matoso, morador em Biguaçu, que vive de sua lavoura de
mandioca, de idade que disse ser de trinta e nove anos pouco mais ou menos
testemunha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prome-
teu dizer verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele
testemunha pelo auto de devassa que lhe foi dito e lido e declarado. Disse que
sabe pelo ver e presenciar que a denunciada Maria do gentio da terra dissera que
ela tinha feito uns feitiços com uns carvões, à mulher do denunciante, e que o
fogo ou calor que sentia no peito era disso procedido e que ela desmancharia os
ditos feitiços, e com efeito ouvira ele testemunha dizer ao denunciante e a um
Alexandre que por sobrenome não [?] que foram em companhia da denunciada
a um [f. 5v] rancho aonde esta assistia que lhe virão fazer uma cova, e dela tirar
uns carvões; porém pouca melhora resultou a mulher do denunciante e que ao
dito Alexandre ouvira dizer que em alguma bebida, ô [ou] comida lhe tinha feito
outros feitiços e também ouvira dizer a algumas pessoas de Imbiguaçu e mais vi-
zinhos destes sítios que a denunciada e seu marido havia má presunção deles em
feitiçaria, o que também ouviu dizer a Manoel da Costa Bairros e mais não disse
nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez
Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. Vallentim Cordeiro Matoso.
4.ª testemunha
Theodorio Coutinho, morador em Imbiguaçu, que vive de seu ofício de pedreiro,
de idade que disse ser de vinte e cinco anos pouco mais ou menos testemunha
jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer ver-
dade do que soubesse e perguntado lhe fosse. [f. 6] E perguntado a ele testemu-
nha pelo auto de devassa disse que sabe pelo ouvir dizer a seu irmão Vallentim
Cordeiro Matoso que a denunciada fizera uns feitiços à mulher do denunciante
para esta estar mal, e enferma, e que fora com uns carvões, e depois se achara
Assentada
E logo em dito dia mês e ano acima declarado foram inquiridas as testemunhas
adiante nomeadas de que seus ditos e idades e costumes são os que adiante se
seguem de que mandou fazer este termo de assentada, eu Manoel Gonçalvez
Junqueiro escrivão que o escrevi.
5. ª testemunha
Ignácio Luiz Teixeira, morador em Bicuhy termo desta vila, de idade que disse
ser de vinte e cinco anos pouco mais ou menos. que vive de sua lavoura de man-
dioca. Testemunha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e
prometeu dizer verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a
ele testemunha pelo auto de devassa que lhe foi lido [f. 7] e declarado, disse que
sabe por ouvir dizer a Domingos Pereira Freire testemunha já perguntada nesta
devassa que a denunciada era feiticeira, e que faria malefícios e que seu marido
Veríssimo da Silva também era feiticeiro, e mais não disse nem do costume e as-
sinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão
que o escrevi.
Lobato. De Ignácio ┼ Luiz Teixeira.
6. ª Testemunha
Manoel Luiz de Andrade, morador em Bicuhy termo desta vila, que vive de sua
lavoura de mandioca, de idade que disse ser de vinte e cinco anos pouco mais ou
menos. Testemunha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e
prometeu dizer verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a
ele testemunha pelo auto de devassa que lhe foi lido e declarado. Disse que sabe
por ouvir dizer ao denunciante que ele fora em companhia da denunciada ao sítio
desta, e aí fazendo ela uma cova tirara uns carvões com os quais dizia que tinha
feito uns feitiços à Mulher do dito denunciante, e sabe ele testemunha [f.7v] pelo
ver que depois que se tiraram os ditos carvões da cova se achara com melhoras a
mulher do dito denunciante, e outrossim sabe ele testemunha pelo ouvir dizer a
Domingos Pereira Freire testemunha já perguntada nesta devassa que o Marido
da denunciada também era feiticeiro e que fizera uns feitiços em uma cova de
mandioca, e mais não disse nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor
Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. M. L. de Andrade
7. ª testemunha
Sebastião Luiz, morador em Bicuhy termo desta vila que vive de sua lavoura de
mandioca, de idade que disse ser de dezenove anos pouco mais ou menos teste-
munha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu di-
zer verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemu-
nha pelo auto de devassa que lhe foi lido e declarado disse nada, e que somente
sabe pelo ver [f.8] que em uma cova de mandioca se tirara uns bichinhos, e umas
penas de passarinhos, e outras mais coisas, e que ouvira dizer a Domingos Perei-
ra Freire que eram uns feitiços que o Marido da denunciada tinha feito para com
eles maltratar uma pessoa que com efeito ele testemunha viu estar bem enferma
a dita negra e que depois de se acharem os ditos feiticeiros viu ele testemunha
a dita preta com melhoras, e mais não disse nem do costume e assinou com ele
Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. De Sebastião ┼ Luiz.
Assentada
Aos dezessete dias do mês de Agosto de mil setecentos e trinta e cinco anos nesta
vila de Paranaguá em pousadas do Doutor Ouvidor Geral aonde eu escrivão ao
diante nomeado fui vindo e sendo aí com ele para efeito de se inquirirem mais
testemunhas nesta devassa que seus nomes ditos e idades e costumes são o que
ao diante se seguem de que tudo lhe mandou ele Doutor Ouvidor Geral fazer o
presente termo de assentada [f.8v] eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que
o escrevi.
8. ª Testemunha
Salvador da Sylva, morador em Bicuhy, vive de seu ofício de carpinteiro, e de
sua lavoura, de idade de quarenta e cinco anos pouco mais ou menos testemu-
nha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer
verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha
pelo auto de devassa que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir dizer
comumente aos moradores do distrito onde ele testemunha é morador que a de-
nunciada era feiticeira e que fizera malefícios à mulher do denunciante Manoel
Gonçalvez Carreira e a uma parda por nome Florência escrava de Sebastião Luiz
de Andrade e que ouvira dizer a Felliz de Siqueira e mais pessoas que não se lem-
bra de seus nomes que suspeitando-se que a dita escrava estava doente e foram
a uma cova aonde acharam uma porta [poça?ponta?] de sangue atravessada com
uns espinhos e mais não disse nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor
Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro [f.9] escrivão que o escrevi.
Lobato. Salvador da Silva.
9. ª Testemunha
João da Fonçequa Ribeiro, morador em Bicuhy que vive de sua lavoura, de idade
de trinta anos pouco mais ou menos testemunha jurada aos Santos Evangelhos
em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade do que soubesse e pergun-
tado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto de devassa que lhe foi
lido e declarado; Disse que sabe por ouvir dizer a várias pessoas e ao denunciante
que a denunciada era feiticeira e que tinha enfeitiçado a sua mulher, e mais não
disse nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gon-
çalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. De João ┼ Fonçequa Ribeiro.
10. ª Testemunha
Paschoal Carneiro, morador em Bicuhy que vive de sua lavoura, de idade que
disse ser de vinte e três anos pouco mais ou menos testemunha jurada aos Santos
Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu [f.9v] dizer verdade do que
soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto de
devassa que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe por ouvir dizer a várias pes-
soas do sítio donde ele testemunha assiste que a denunciada era feiticeira porém
que não sabe nem ouvir dizer a qualidade de seus Malefícios, e mais não disse
nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez
Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. Pascoal Caniro.
11. ª Testemunha
Felliz de Siqueira morador em Bicuhy, que vive de sua lavoura de mandioca,
de idade que disse ser de quarenta e cinco anos pouco mais ou menos testemu-
nha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer
verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha
pelo auto de devassa retro que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo
ouvir dizer a mesma [f.10] denunciada perguntando-lhe o denunciante porque
razão não desmanchava os feitiços que tinha feito a sua mulher, ela respondera
que já os tinha desmanchado entre partes em que os tinha feito no seu rancho, e
que disse ao cirurgião que os desmanchasse, e que ele testemunha ouvira dizer a
Francisco Rodriguez que já é falecido, que a denunciada fizera uns feitiços a uma
escrava de Sebastião Luiz, e que o dito Francisco Rodrigues fora achar os ditos
feitiços e que constavam de um pouco de sangue coalhado ou fígado ou bofe de
algum animal atravessado em uns espinhos, e que queimando-se os ditos feitiços
logo a dita escrava se achara com melhora e mais não disse; e perguntado pelo
ferimento que nele testemunha fizera Salvador da Silva; disse passar na verdade
o dito ferimento pela razão sobredita, em o seu depoimento, e mais não disse
nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez
Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. De Felliz ┼ de Siqueira.
12.ª Testemunha
[f.10v] Manoel de Siqueira, morador em Bicuhy, que vive de sua lavoura de
mandioca, de idade que disse ser de quatorze anos pouco mais ou menos tes-
temunha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu
dizer verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele teste-
munha pelo auto de devassa retro que lhe foi lido e declarado; Disse ele testemu-
nha que ouvira dizer a várias pessoas na paragem onde assiste que a denunciada
era feiticeira, porém que não sabe a quem o ouviu dizer; digo porém que não sabe
nem ouviu dizer os modos de seus malefícios, e mais não disse nem do costume
e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escri-
vão que o escrevi.
Lobato. De Manoel ┼ de Siqueira.
13.ª testemunha
João Dias de Arzão, morador em Bicuhy, que vive de sua lavoura de mandioca,
de idade que disse ser de vinte e nove anos pouco mais ou menos testemunha
jurada aos [f.11] Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer
verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha
pelo auto de devassa retro que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir
dizer de pouco tempo a esta parte que a denunciada era feiticeira, porém que não
sabe, nem ouviu dizer, o modo com que a dita denunciada fazia o malefício, e
que ouvira dizer a várias pessoas onde ele denunciado assiste o que tem referido
em seu depoimento, mas que ele não lembra a quais pessoas o ouviu dizer, e mais
não disse nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel
Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. João Dias de Arzão.
14.ª testemunha
Alexandre Pereira morador nesta comarca na paragem chamada São [19] distrito
de Curitiba, e presente nesta vila que vive de fazer curas de várias ervas e cascas
de paus e raízes tudo desta américa por saber as virtudes delas; [f.11v] de idade
que disser ser de 60 anos pouco mais ou menos, testemunha jurada aos Santos
Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade do que soubes-
se e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto de devassa
retro que lhe foi lido e declarado; Disse pela voz de seu intérprete por não saber
falar a língua portuguesa mais que tão somente a língua da terra que indo ele
testemunha, e o denunciante, e denunciada a paragem onde esta assiste ela fizera
uma cova logo atrás da porta, e da dita cova tiraram uns carvões, e com eles dis-
sera tinha feito malefícios à mulher do denunciante, e que este perguntando-lhe
porque razão tinha feito o dito malefício e se o fizera mais algum, ela perante
ele testemunha disse que não tinha feito mais nenhuns e que as dores e calor que
sentia no peito a mulher do denunciante era causado do fogo procedido dos ditos
carvões, e mais não disse nem do costume e se assinou com seu intérprete que
é Bernardo escravo do [f.12] denunciante, e com ele Doutor Ouvidor Geral, eu
Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. De Alexandre ┼ Pereira. De ┼ Bernardo, escravo do denunciante intér-
prete da testemunha.
15.ª testemunha
Francisco Matozo Coutinho, morador em Biguaçu Mirim, que vive de sua lavou-
ra, de idade que disse ser de setenta e dois anos pouco mais ou menos testemunha
jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer ver-
dade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo
auto de devassa que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir dizer a
vizinhança que Veríssimo da Silva fizera uns feitiços a uma mulher parda escrava
de Sebastião Luiz, e que os ditos malefícios, vira fazer Domingos Pereira, e mais
não disse nem do costume e assinou com ele Doutor Ouvidor [f.12v] Geral, eu
Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. Francisco Matoso
16.ª testemunha
Domingos Luiz morador de Imbiguaçu, que vive de sua lavoura de mandioca, de
idade de trinta anos pouco mais ou menos testemunha jurada aos Santos Evan-
gelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade do que soubesse e
perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto de devassa que
lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir dizer em casa do denunciante
que a mulher deste se achava enferma por causa de feitiços que lhe fizera a de-
nunciada, e que só ouvira dizer a Domingos Pereira que andando este procurando
uma galinha que lhe servira para o ato, vira estar Veríssimo da Silva marido da
denunciada pondo uns pauzinhos a roda de uma cova; e que depois fora a dita
cova, e nelas achara uns olhos de peixe e uns bichinhos, e penas de passarinhos,
e outras coisas; e mais não disse nem do costume e assinou com ele Doutor Ou-
vidor Geral, eu Manoel [f.13] Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. De ┼ Domingos Luiz
Assentada
Aos dezenove dias do mês de agosto de mil setecentos e trinta e cinco anos nesta
Vila de Paranaguá, em pousadas do Doutor Ouvidor Geral Manoel dos Santos
Lobato, onde eu escrivão fui vindo e sendo aí sendo aí com ele para efeito de se
prosseguir com as testemunhas nesta devassa que seus ditos e costumes e idades
são os que adiante se seguem de que mandou fazer o presente termo de assenta-
da, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
17.ª testemunha
Manoel da Cruz, morador em Bicuhy termo desta Vila, que vive de sua lavoura,
de idade que disse ser de quarente anos pouco mais ou menos testemunha jurada
aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade
do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo
auto de devassa que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir dizer a
Assentada [f.15]
Aos vinte dias do mês de agosto de mil setecentos e trinta e cinco anos nesta dita
Vila, em pousadas do Doutor Ouvidor Geral Manoel dos Santos Lobato, onde
eu escrivão fui vindo e sendo aí sendo aí com ele para efeito de se inquirirem as
testemunhas nesta devassa que seus ditos e costumes e idades são os que adiante
se seguem de que mandou fazer o presente termo de assentada, eu Manoel Gon-
çalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
21.ª testemunha
Francisco da Silva Freire, morador desta Vila, que vive de sua lavoura de man-
dioca, de idade que disse ser de trinta e oito anos pouco mais ou menos testemu-
nha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer
verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha
pelo auto de devassa retro que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir
dizer a Manoel Gonçalves Carreira, e a sua mulher e mais família de casa, e ou-
tros vizinhos do sítio de Bicuhy que a denunciada fizera alguns feitiços com al-
guns carvões e que a dita denunciada assim tinha confessado e também sabe pelo
ouvir [f.15v] dizer vulgarmente no dito sítio referido que o marido da denunciada
fizera uns feitiços a uma negra de Sebastião Luiz os quais logo se desmancharam,
e sarara a dita negra, e mais não disse, e do costume disse ser sobrinho carnal
da mulher do denunciante, e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel
Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. Francisco da Silva Fr.
22.ª testemunha
Joanna de Siqueira Dias, moradora do sítio de Bicuhy que vive de sua lavoura
de mandioca, de idade de quarenta anos pouco mais ou menos testemunha jurada
aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade do
que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto
de devassa retro que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir dizer a
denunciada, perguntando-lhe ela testemunha porque razão fizera uns feitiços a
mulher do denunciante com uns [f.16] carvões o que era vulgar no dito sítio, a
dita denunciada lhe respondera que era para matar a dita mulher do denunciante,
e que também sabe pelo ouvir dizer a Domingos Pereira testemunha já pergunta-
da nesta devassa que o marido da denunciada fizera uns feitiços a uma negra do
Sebastião Luiz a qual estivera doente e que se achara com melhoras depois que
se desmancharam os ditos feitiços, e mais não disse; e declara ela testemunha ser
mulher casada com Manoel da Cruz, e mais não disse e do costume disse nada, e
por ela testemunha não saber escrever assinou ele Doutor Ouvidor Geral com seu
nome inteiro, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Manoel dos Santos Lobato.
23.ª testemunha
Florência Luiz mulher solteira mulher solteira natural e moradora no Bairro de
Bicuhy, e assiste em casa de Sebastião Luiz de Andrade, de sua administração, de
idade que disse ser de vinte e cinco anos pouco mais ou menos testemunha jurada
aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade
do que soubesse e perguntado lhe fosse. [f.16v] E perguntado a ele testemunha
pelo auto de devassa retro que lhe foi lido e declarado; Disse que somente vira a
denunciada atrás da sua porta abrir uma covazinha e dela tirar uns carvões, e que
ouvira dizer a mesma denunciada que com eles queria fazer mal ao Marido, digo
com eles fazer mal ao denunciante, e depois variara dizendo que com os ditos
carvões queria fizera mal a mulher do dito denunciante, e outrossim sabe pelo
ver que a mulher do dito denunciante se acha a tempos muito doente, e não pode
andar, e anda de gatinhas, e sempre gritando, e que outrossim ouviu dizer ao ma-
rido da dita denunciada que fosse ela testemunha dizer a sua mulher que negasse
sempre se por lá aparecesse alguma justiça, o ter feito o malefício, e outrossim
sabe ela testemunha por ouvir dizer a Domingos Pereira testemunha já pergun-
tada nesta devassa que o marido da denunciada fizera uns feitiços em uma cova
de mandioca, e como ela testemunha se achava enferma e suspeitando ser o seu
achaque [f.17] algum malefício pedira ao dito Domingos Pereira lhe ensinasse o
sítio onde estava a dita cova e com efeito fora ela testemunha e o dito Domingos
Pereira, e cavando acharam um pouco de terra dura, vermelha, e azul, e nela pe-
nas de passarinhos todas brancas e muitos bichos grandinhos, e outros mais pe-
queninos, e também uma coisa denegrida que mostrava ser tripa, o que tudo ela
testemunha desmanchou, e levou a Sebastião Luiz seu senhor administrador os
quais queimou e lançando-os no fogo excetuando uns bichinhos grandes que lhe
fugiram, e depois deste sucesso referido se achou ela testemunha com melhora; e
mais não disse, e nem do costume, e por ser mulher e não saber ler nem escrever
assinou ele Doutor Ouvidor Geral com seu nome inteiro, eu Manoel Gonçalvez
Junqueiro escrivão que o escrevi.
Manoel dos Santos Lobato.
24.ª testemunha
Antonio Francisco morador em Bicuhy que vive e assiste por feitor do denun-
ciante de idade que disse ser de [f.17v] quarenta e seis anos de idade que disse ser
de vinte e cinco anos pouco mais ou menos testemunha jurada aos Santos Evan-
gelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade do que soubesse e
perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto de devassa retro
que lhe foi lido e declarado; Disse que testemunha que sabe pelo ouvir dizer ao
mesmo denunciante que este fora em companhia da denunciada e também um
seu escravo por nome Bernardo, e um índio que veio do Rio São Francisco20
por nome Alexandre Pereira testemunha já perguntada nesta devassa e que todas
virão fazer a dita denunciada uma cova atrás da porta onde ela assistia em sua
casa, e dela tirar uns carvões, com os quais disseram os sobreditos tinha dita
denunciada feito mal a mulher do dito denunciante, e sabe ele testemunha pelo
ver que a mulher do dito denunciante está doente e enferma há tempos e que não
pode dar passada, e sempre em gritos, e de poucos dias a esta parte, tem passa-
do terrivelmente e mais não disse e nem do costume, e assinou com ele Doutor
Ouvidor Geral [f.18], eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. De Antonio ┼ Francisco
25.ª testemunha
Tome Pacheco Abreu, morador desta Vila, que vive de sua agência, e de solicitar
causas de idade que disse ser de cinquenta e dois anos pouco mais ou menos tes-
20 – Pode se referir ao Rio São Francisco que nasce em Santos Dumont no Município de
Cascavel e deságua no Rio Paraná, com 72,1Km de extensão ou, o que é mais provável, à
atual cidade de São Francisco do Sul localizada em Santa Catarina que já se chamou Vila
de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco, fundada em 3 de dezembro de 1641
pelo mesmo Capitão Povoador da Vila de Paranaguá, Gabriel Lara. Aquela Vila pertenceu
à Ouvidoria de Paranaguá até 1731.
temunha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu
dizer verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele tes-
temunha pelo auto de devassa que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo
ouvir dizer a várias pessoas que a denunciada era feiticeira porquanto tinha feito
uns malefícios com uns carvões que se achavam em uma cova junto a uma porta
das casas em que assistia a dita denunciada, e também ouvira dizer que os ditos
feitiços eram para com eles fazer mal à mulher do denunciante; dissera que não
só os ditos carvões fizera, mas também outros que dentro em um saquinho e que
mais [f.18v] sabia em que parte o tinha posto, e escondido, cujos feitiços eram a
fim de matar a mulher do denunciante a qual vulgarmente ouvira ele testemunha
dizer que estava doente, e mais não disse e nem do costume, e assinou com ele
Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. Tome Pac.o Abreu
26.ª testemunha
Izabel da Silva viúva do Capitão Antonio Estevez Freire, moradora desta vila
que vive de suas lavouras, de idade que disse ser de cinquenta e quatro anos
pouco mais ou menos testemunha jurada aos Santos Evangelhos em que pôs sua
mão direita e prometeu dizer verdade do que soubesse e perguntado lhe fosse. E
perguntado a ele testemunha pelo auto de devassa que lhe foi lido e declarado;
Disse que sabe pelo ouvir dizer a mesma denunciada perguntando ela testemunha
porque razão fizera aquele malefício a sua irmã com aqueles carvões que se acha-
ram ela dita [f.19] denunciada lhe respondera que era para ter aqueles calores que
padece assim de dia como de noite e em toda a hora, e que desse Graças a Deus
em não ser pior, e que a razão que tivera para aquele malefício fora a tentação
do Demônio, e que outrossim ouvira ela testemunha a mesma denunciada que
ela lhe daria remédio para que no termo de quatro dias se achasse de todo livre
da moléstia que tinha, e com efeito dissera a um índio por nome Alexandre que
fosse buscar certa casca de uma árvore que com efeito trazendo-a a deu a dita
denunciada, e esta dela mandou fazer um cozimento e ordenou que bebesse a dita
mulher do denunciante que logo havia de sentir melhoras, porém ela testemunha
não vira melhoras nenhumas, em sua irmão mulher do dito denunciante, antes
vira que depois que tomou o dito cozimento se achara pior com grandes destem-
peramentos da natureza obrados; e outrossim sabe ela testemunha por ouvir dizer
a outras pessoas, e principalmente, a uma [f.19v] administrada de Sebastião Luiz
por nome Florência que já jurou nesta devassa que o marido da denunciada Ve-
ríssimo da Silva lhe fizera uns feitiços que por ela dita Florência os desmanchar
se via livre dos ditos malefícios, e se achava boa, e mais não disse, e do costume
disse ser cunhada do denunciante e por ela testemunha ser mulher e não saber
ler, nem escrever assinou ele Doutor Ouvidor Geral com seu nome inteiro, eu
Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Manoel dos Santos Lobato.
Assentada
Aos vinte e dois dias do mês de agosto de mil setecentos e trinta e cinco anos Vila
de Paranaguá, em pousadas do Doutor Ouvidor Geral Manoel dos Santos Lobato,
onde eu escrivão fui vindo e sendo aí sendo aí com ele para efeito de se prosse-
guir com as testemunhas nesta devassa que seus ditos e costumes e idades são os
que adiante se seguem de que mandou fazer o presente termo de assentada, eu
Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
27.ª testemunha
[f20] Manoel da Costa Bairros, morador desta vila que vive de sua lavoura, de
idade que disse ser de trinta e cinco anos pouco mais ou menos testemunha jura-
da aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade
do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto
de devassa que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe pelo ouvir dizer ao mes-
mo denunciante, que a denunciada confessara ter feito uns feitiços a sua mulher
com uns carvões os quais achara o dito denunciante e a mesma denunciada em
uma porta das casas em que a dita morava, e que outrossim ouvira dizer a Ber-
nardo escravo do dito denunciante que o dia de ontem ou anteontem se acharam
outros feitiços em um saquinho que constavam de dois olhinhos, e duas unhas de
gente, e um pedacinho de osso de canela de perna de gente e que isto se achara
em um galinheiro de galinhas junto de um pau a pique do dito galinheiro, o que
demonstrava ser já antigo e o saquinho ser de serafina21 e já roto22 em razão de
ser úmida a parte onde estava o dito saquinho; e que outrossim se acharam outros
[f.20v] feitiços em outro saquinho em cima de um coice23 de uma porta da entra-
da da casa da gente do denunciante o qual constava de uma pouca de terra com
seu capim fresco ainda em que mostrava não ser de muitos dias ali posta, e que
a conheciam ser a dita terra de algum cemitério, o que ele testemunha ouvira ao
dito Bernardo; e que outrossim sabe por ouvir dizer a Sebastião Luis testemunha
já perguntada nesta devassa que Veríssimo da Silva marido da denunciada fizera
uns feitiços a uma administrada sua por nome Florência a qual viu ele testemu-
referimento que nele fez a testemunha Sebastião Luiz de Andrade, e disse que
não está lembrado do dito referimento, porém que não havia dúvida acharem-se
os ditos carvões que se refere no dito depoimento, e mais não disse [f.23v] e as-
sinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão
que o escrevi.
Lobato. De João┼. Escravo do denunciante.
30.ª testemunha
Pedro Rodriguez, morador nesta Vila de Paranaguá, que vive de sua lavoura, de
idade que disse ser de quarenta e dois anos pouco mais ou menos testemunha ju-
rada aos Santos Evangelhos em que pôs sua mão direita e prometeu dizer verdade
do que soubesse e perguntado lhe fosse. E perguntado a ele testemunha pelo auto
de devassa que lhe foi lido e declarado; Disse que sabe por ouvir dizer no sítio
de Imbiguaçu indo lá algumas vezes ao dito sítio por ser lá fazenda sua, a várias
pessoas de cujos nomes senão lembra que a denunciada era feiticeira, e que ela
ou dito seu marido Veríssimo da Silva tinham enfeitiçado uma administrada de
Sebastião Luiz de Andrade e mais não disse, e perguntado pelo referimento que
nele fez a testemunha João Nunes Gomes, disse passar na verdade [f.24] em ra-
zão dele testemunha também [ter] ouvido em dito sítio a varias pessoas como se
refere em seu depoimento, e mais não disse, nem do costume, e assinou com ele
Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Lobato. Pedro Ro.z
Ventura escravo do denunciante, de idade que disse ser de cinquenta anos pouco
mais ou menos, a quem o Doutor Ouvidor Geral deu o juramento dos Santos
Evangelhos em que pôs sua mão direita para que debaixo dele declarasse a ver-
dade sobre o referimento que nele fez a testemunha João Nunes Gomes, disse
que não se lembrava de ter dito dizer a denunciada o que no depoimento se refere
e que suposto ele ouvira com outras mais pessoas escravos do dito denunciante
seu senhor dizer que se acharam uns carvões e depois se acharam uns ossos de
gente, e [?] que ele não sabe o que disso resultara por não conversar com a dita
denunciada, e mais não disse [f.24v] e assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, e
assinou com ele Doutor Ouvidor Geral, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escri-
vão que o escrevi.
Lobato. De Ventura┼. Escravo do denunciante.
Termo de encerramento
Aos vinte e três dias do mês de agosto de mil setecentos e trinta e cinco anos
nesta vila de Paranaguá em pousadas do Doutor Ouvidor Geral Manoel dos San-
tos Lobato, e sendo inquiridas as trinta testemunhas nesta devassa, e as referidas
como dela consta fiz estes autos de devassa conclusos ao dito Ministro para de-
terminar como parecer justiça de que tudo fiz o presente termo de encerramento,
e conclusão e eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão da Ouvidoria Geral que
o escrevi.
Conclusos ao Doutor Ouvidor Geral em 23 de Agosto de 1735 anos.
Desse-se em culpa aos pronunciados o que acresce pelos [?] das testemunhas
nesta? devassa perguntadas. Paranaguá de Agosto 23 de 1735.
Lobato.
Aos vinte e três dias do mês de agosto de mil setecentos e trinta e cinco anos
nesta vila de Paranaguá me foi entregue estes autos de devassa retro pelo Doutor
Ouvidor Geral Manoel dos Santos Lobato com a sua pronunciação em que man-
dou se cumprisse e guardasse como nela se contém de que tudo fiz o presente
termo de entrega, eu Manoel Gonçalvez Junqueiro escrivão que o escrevi.
Autuaç. – 80
Mand.o de ts. e As. – 230
Conclus.– 016
Deferimento. – 056
Raz. – 870
Ao meirinho24 – 480 - de [somar?] algumas testemunhas
Ao escrivão – 2400 – pelo trabalho que mais teve
Conta – 072 – a conta do contador – grátis
4204
24 – Antigo oficial de justiça. Cargo português.
O escrivão Junqueiro.
—
Referências bibliográficas
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e feitiçaria na Vila de Curitiba (1750-1777). 2016. 297 f. Tese (Doutorado) –
Universidade Federal do Paraná, Programa de Pós-Graduação em Direito.
BETHENCOURT, Francisco. Imaginário da magia. São Paulo: Companhia das
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BRIGHENTE, Liliam Ferraresi. Entre a liberdade e a administração particular:
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CALAINHO, Daniela. Metrópole das mandigas: Religiosidade negra e inquisi-
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MASSUCHETTO, Vanessa Caroline. Os autos de livramento crime e a Vila de
Curitiba: apontamentos sobre a cultura jurídica criminal (1777-1800). 2016.
343
V – RESENHAS
REVIEW ESSAYS
2 – Cf. GUEDES, Roberto. “Senhoras pretas forras, seus escravos negros, seus forros
mulatos e parentes sem qualidades de cor: uma história de racismo ou de escravidão?”.
In: DEMETRIO, Denise Vieira, SANTIROCCHI, Ítalo Domingos e GUEDES, Roberto
(org.). Doze capítulos sobre escravizar gente e governar escravos: Brasil e Angola – sé-
culos XVII-XIX. Rio de Janeiro: Mauad X, 2017, pp. 31-33, 43-45.
que essas noções não eram usadas de maneira linear ou uniforme em to-
dos os contextos abordados, lembrando a polissemia de diversas palavras
importantes no léxico da escravidão. Nesse sentido, são interessantes as
anotações de Éva Sebestyén sobre as categorias de escravos que o idioma
ovimbundu distinguia, como háfuka (escravo de penhor), em oposição ao
pika ou dongo (escravo de compra), cujos respectivos estatutos jurídicos
e perspectivas de vida no sobado de Bié eram bastante diferenciados, ou
ainda sobre as distintas formas de fuga reconhecidas, como vatira, tom-
bika ou kilombo. Seguem caminho semelhante as observações de Silva-
na Godoy acerca dos ambíguos significados de termos como alforria ou
liberdade nos testamentos da São Paulo seiscentista. Da mesma forma,
Guedes propõe interessantíssima discussão acerca do uso das “qualidades
de cor” como negro, preto, mulato, pardo ou branco – qualificações que,
muitas vezes, podiam ser aplicadas ao mesmo indivíduo em momentos, e
principalmente, em circunstâncias distintas4.
5 – Cf. MACHADO, Ana Paula Souza Rodrigues. Testemunhos da mente: elites e seus
escravos em testamentos (Fundo da Baía do Rio de Janeiro, 1790-1830); SOARES,
Márcio de Souza. Angolas e crioulos na planície açucareira dos Campos de Goytaca-
zes (1698-1830); BEZERRA, Nielson Bezerra e PEIXOTO, Moisés. Gracia Maria da
Conceição Magalhães e Rosa Maria da Silva: os testamentos como documentos autobio-
gráficos de africanos na diáspora; DEMETRIO, Denise Vieira. Artur de Sá e Meneses:
governador e senhor de escravos. Rio de Janeiro, século XVII. In: DEMETRIO, Denise
Vieira, SANTIROCCHI, Italo Domingos e GUEDES, Roberto. (org.), op. cit., pp. 51-108,
125-172.
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